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UNIVERSIDADE DO ALGARVE

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA

CURSO BIETÁPICO EM ENGENHARIA CIVIL


2º ciclo – Regime Diurno/Nocturno
Disciplina de COMPLEMENTOS DE MATEMÁTICA
Ano lectivo de 2007/2008 - 1º Semestre

Limites e continuidade.

ln(1 − x)
1. Considere a função f : D f ⊆ 2
→ definida por f ( x, y ) = .
ln(1 − y )
1.1) Calcule e represente graficamente o domínio de f ( x, y ) .

1.2) Represente graficamente o domínio de f ( x, y ) e classifique-o topologicamente.

1.3) Calcule, caso exista, lim f ( x, y ) sendo S = {( x, y ) ∈ 2


: y = x} .
( x , y ) →(1,1)
( x , y )∈S

1.4) Calcule, caso exista, lim f ( x, y ) sendo T = {( x, y ) ∈ 2


: y = 2 x − x2 } .
( x , y ) →(1,1)
( x , y )∈T

1.5) Conclua sobre a existência do limite lim f ( x, y ) .


( x , y ) →(1,1)

2. Prove utilizando a definição que lim (−4 x + 2 y 2 ) = −6 .


( x , y ) → (2,1)

3. Calcule os domínios e os limites, caso existam, das seguintes funções nos pontos indicados:

x2 − y2 x + 2y
3.1) f ( x, y ) = , (0,0) . 3.2) f ( x, y ) = , (0,0) .
x2 + y2 3x − y

x2 y x2 y
3.3) f ( x, y ) = , (0,0) . 3.4) f ( x, y ) = , (0,0) .
x4 + y2 x2 + y2

x2 y2 2x 3 − y 3
3.5) f ( x, y ) = , (0,0) . 3.6) f ( x, y ) = , (0,0) .
x 2 y 2 + ( x − y) 2 x2 + y2
xy 1
3.7) f ( x, y ) = , (0,0) . 3.8) f ( x, y ) = y sen , (0,0) .
x +y
2 2 x

y4 x
3.9) f ( x, y ) = , (1, 0) . 3.10) f ( x, y ) = ( x 2 + y 2 ) arctg , (0,0) .
( x − 1)2 + y 4 y

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Limites e continuidade

2
4. Estude a continuidade das seguintes funções em . Caso não sejam contínuas verificar se
podem ser prolongadas por continuidade.

3x + y sen( x + y )
4.1) f ( x, y ) = . 4.2) f ( x, y ) = .
x − 4y ( x + y)

1 1
4.3) f ( x, y ) = . 4.4) f ( x, y ) = ( x 2 + y 2 ) sen .
9− x − y2 2
x + y2
2

( x + 2)( y − 1) 2
y 5 cos3 x + x 3sen 2 y , ( x, y ) ≠ (−2,1)
4.5) f ( x, y ) = . 4.6) f ( x, y ) = ( x + 2)2 + ( y − 1)2 .
x4 + y4 + 2 x2 y2
0 , (x, y ) = (−2,1)

xy x
, ( x, y ) ≠ (0, 0) ln(1 − x), x < 1 e y ≠ 2
4.7) f ( x, y ) = x +y
2 2
. 4.8) f ( x, y ) = 2 − y .
1 , (x, y ) = (0, 0) 2x + y
2 3
, outros (x, y ) ∈ 2

x2 + y2 , se x + y > 0 x 3 + xy 2 − 2 , se x 2 + y 2 > 2
4.9) f ( x, y ) = . 4.9) f ( x, y ) = .
x+ y , se x + y ≤ 0 sen( x 2 + y 2 − 2) , se x 2 + y 2 ≤ 2

1
, x 2 + y 2 ≠ e 2 e ( x, y ) ≠ (0, 0)
4.10) f ( x, y ) = 2 − ln( x + y )
2 2
.
0 , x 2 + y 2 = e2 e ( x, y ) = (0, 0)

x + y2
, x 2 + y 2 < 4 e ( x, y ) ≠ (0, 0)
x +y2 2

4.11) f ( x, y ) = ex
2
+ y2 −4
, x2 + y 2 ≥ 4 .

e , ( x, y ) = (0, 0)

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Limites e continuidade

Limites - resumo teórico

A definição de limite para funções reais de variável vectorial é análoga à definição de limite para
f.r.v.r.. E tem a ver com o estudo do comportamento da função na vizinhança de um ponto.

Comecemos por recordar a definição de ponto de acumulação.

Definição1: Um ponto a diz-se ponto de acumulação do conjunto X sse qualquer bola aberta de
centro em a contiver pelo menos um ponto de X distinto de a, ou seja,

a é ponto de acumulação de X ⇔ ∀r >0 Br (a ) ∩ ( X \ {a}) ≠ ∅ . (1.1)

O conjunto de todos os pontos de acumulação de X, chama-se derivado de X e representa-se por X´.

2
Exemplo1: Consideremos o conjunto X ( x, y ) :x 2 (4, 0) . Qualquer ponto

a (a1 , a2 ) , com a1 2 é um ponto de acumulação de X, embora não pertença a X. O ponto

b (4, 0) pertence a X, mas não é ponto de acumulação deste conjunto já que, por exemplo,

B1 (4, 0) X .#

Este exemplo mostra que o facto de um ponto a ser ponto de acumulação de um conjunto X é
independente do facto de ele pertencer ou não a X. O que importa é que, tão perto de a quanto se
queira, se possam encontrar pontos de X distintos de a.

Na disciplina de complementos de matemática apenas estudamos limites de funções com duas


variáveis, ou seja, para n = 2 .

Definição2: Seja f : Df ⊆ 2
→ e ( a, b) ∈ 2
um ponto de acumulação de D f , então
lim f ( x, y ) = l sse
( x , y ) →( a ,b )

∀δ >0 ∃ε (δ ) >0 : ( x, y ) ∈ D f \ {(a, b)} ( x, y ) − ( a , b) < ε f ( x, y ) − l < δ

onde ( x, y ) − (a, b) = ( x − a ) 2 + ( y − b)2 .

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Limites e continuidade
Observe-se que, o ponto (a, b) ∈ n
deve ser não exterior a D f , (a, b) pode ou não pertencer a D f

mas deve pertencer à aderência de D f para ser um ponto de acumulação, pois tem de se garantir

que qualquer bola aberta de centro em (a, b) intersecta D f .

Isto significa, que os valores de f ( x, y ) estão tão próximos de l quanto se queira ( f ( x, y ) − l < δ )

desde que ( x, y ) ≠ (a, b) esteja suficientemente perto de (a, b) (se ( x, y ) − (a, b) < ε para um valor

adequado de δ ). Esta definição pode ser interpretada através do seguinte esquema.

2
y
l +δ
ε
(a, b) x l
( x, y ) f ( x, y )
l −δ

Os valores de f ( x, y ) estão tão próximos de l quanto se queira ( f ( x, y ) − l < δ ) desde que a

distância de ( x, y ) ≠ ( a, b) a (a, b) seja suficientemente pequena, mas diferente de zero (se

0 < ( x − a ) 2 + ( y − b) 2 < ε para um valor adequado de δ ).

Através desta definição prova-se que o limite, se existir, é único, isto é, caso o limite exista, é
independente da trajectória descrita pelo ponto ( x, y ) na sua aproximação a (a, b) . Quando
( x, y ) → (a, b) ao longo de uma trajectória, diz-se que se trata de um limite direccional. Se existe
lim f ( x, y ) então todos os limites direccionais são iguais. Basta que dois limites direccionais
( x , y ) → ( a ,b )

sejam diferentes para que não exista limite. Contudo, o facto de vários limites direccionais serem
iguais não garante a existência do limite da função (pode sempre haver uma trajectória para a qual o
limite não seja igual ou não exista).

A existência do limite deve ser provada por definição. Neste tipo de problemas, um procedimento

será majorar f ( x, y ) − l até se obter uma expressão em ( x, y ) − (a, b) = ( x − a)2 + ( y − b)2 . Claro

que para diferentes majorações podem obter-se diferentes expressões para ε (δ ) .


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Limites e continuidade

Algumas desigualdade úteis:

(x + y2 ) , n ∈
n n
• x 2 ≤ x 2 + y 2 donde x ≤ x 2 + y 2 e x ≤ 2
;

• y 2 ≤ x 2 + y 2 donde y ≤ x 2 + y 2 ;

• xy ≤ x 2 + y 2 ;

• x+ y ≤ x + y ;

• x− y ≤ x+ y ≤ x + y ;

• kx 2 + y 2 ≤ k ( x 2 + y 2 ) , k ∈ +
0 ;

• sin x ≤ 1 e cos x ≤ 1 ;

• sin x ≤ x e cos x ≤ x ;
2 2 2 2
• sin x ≤ x ≤ x e cos x ≤ x ;

π
• arctan x < .
2

Um processo bastante útil no cálculo de limites, em particular, quando estes não existem, são os
chamados limites iterados. Supondo

lim f ( x ) = lim f ( x1 , x2 ,..., xn ) = l ,


x →a ( x1 , x2 ,..., xn ) →( a1 , a2 ,..., an )

admite-se que as n variáveis x1 , x2 ,..., xn convergem simultaneamente para a1 , a2 ,..., an . Pode

admitir-se que primeiro se faz tender x1 para a1 depois x2 → a2 , …, finalmente, xn → an , obtendo-


se, assim, um limite escalonado ou iterado, que se representa por

lim lim ... lim f ( x1 , x2 ,..., xn ) .


x1 → a1 x2 → a2 xn → an

No caso de se ter n variáveis, os limites iterados são em número de n ! . Se existe lim f ( x ) e


x →a

existem os n ! limites iterados então todos têm o mesmo valor. Claro que a existência de dois
limites iterados iguais não implica a existência do limite, mas a existência de dois limites iterados
distintos implica a não existência de limite no ponto considerado.

Em particular para n = 2 , existem dois limites iterados, lim lim f ( x, y ) e lim lim f ( x, y ) .
x → a y →b y →b x → a

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Limites e continuidade

As propriedades dos limites de f.r.v.r. continuam válidas para funções reais de variável vectorial.
Apresentam-se aqui algumas sem demonstração.

Proposição1: Sejam f, g e h funções D ⊆ n


→ , e seja a um ponto de acumulação de D. Então,
são válidas as seguintes propriedades:

(1) lim f ( x ) = l ⇔ lim f ( x ) − l = 0 ;


x →a x →a

(2) (Lei do enquadramento) Se lim h( x ) = l , lim g ( x ) = l e existe uma vizinhança Br (a ) tal que
x →a x →a

h( x ) ≤ f ( x ) ≤ g ( x ) para todo x ∈ Br (a ) ∩ D então lim f ( x ) = l ;


x →a

(3) Se lim f ( x ) = 0 e existem M > 0 e uma vizinhança Br (a ) tal que g ( x ) ≤ M para todo
x →a

x ∈ Br (a ) ∩ D , então lim f ( x ) g ( x ) = 0 ;
x →a

(4) Se existe r > 0 e g ( x ) tais que: f ( x ) − l ≤ g ( x ) para todo o x ∈ Br (a ) ∩ D f e lim g ( x ) = l ,


x →a

então lim f ( x ) = l ;
x →a

(5) Se lim f ( x ) = l1 ∈ , lim g ( x ) = l2 ∈ e α ,β ∈ , então


x →a x →a

(i) lim α f ( x ) = α l1 ;
x →a

(ii) lim(α f ( x ) ± β g ( x )) = α l1 ± β l2 ;
x →a

(iii) lim( f ( x ) g ( x )) = l1l2 ;


x →a

f ( x ) l1
(iv) lim = , (l2 ≠ 0) .
x →a g ( x ) l2

Algumas das propriedades, apresentadas na proposição1 permitem determinar limites de funções de


várias variáveis sem recorrer à definição.

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Limites e continuidade

Limites - possível resolução dos exercícios

ln(1 − x)
1. Considere a função f : D → definida por f ( x, y ) = .
ln(1 − y )

1.1) Calcule e represente graficamente o domínio de f ( x, y ) .


Resolução: O domínio da função é

D f = {( x, y ) ∈ 2
:1 − x > 0 1 − y > 0 ln(1 − y ) ≠ 0} =
= {( x, y ) ∈ 2
: x < 1 y < 1 1 − y ≠ 1} =
= {( x, y ) ∈ 2
: x < 1 y < 1 y ≠ 0} .

1.2) Represente graficamente o domínio de f ( x, y ) e classifique-o topologicamente.


Resolução: A representação gráfica de D f é

(Atenção: Complete o gráfico!)

Topologicamente, D f , pode ser classificado da seguinte maneira:

int(D f ) = {( x, y ) ∈ 2
: x < 1 y < 1 y ≠ 0} = D f , D f é um conjunto aberto;

front(D f ) = {( x, y ) ∈ 2
: x = 1 y = 1 y = 0} ;

ad(D f ) = int (D f ) front(D f ) = {( x, y ) ∈ 2


: x ≤ 1 y ≤ 1} ≠ D f ; D f não é um conjunto fechado;

D ′f = {( x, y ) ∈ 2
: x ≤1 y ≤ 1} = ad( D f ) ;
2
D f , não é um conjunto limitado pois não existe uma bola de que o contenha;

D f , não é um conjunto compacto uma vez que não é fechado nem limitado.
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Limites e continuidade

1.3) Calcule, caso exista, lim f ( x, y ) , sendo S = {( x, y ) ∈ 2


: y = x} .
( x , y ) →(1,1)
( x , y )∈S

Resolução:
ln(1 − x) ln(1 − x)
lim f ( x, y ) = lim = lim = 1.
( x , y ) →(1,1)
( x , y )∈S
( x , y ) →(1,1)
y= x
ln(1 − y ) x →1 ln(1 − x)

1.4) Calcule, caso exista, lim f ( x, y ) , sendo T = {( x, y ) ∈ 2


: y = 2 x − x2 } .
( x , y ) →(1,1)
( x , y )∈T

Resolução:
∞ 1
ln(1 − x) ln(1 − x) ∞
1
lim f ( x, y ) = lim = lim = lim x − 1 = .
( x , y ) →(1,1) ( x , y ) → (1,1) ln(1 − y ) x →1 ln(1 − 2 x + x ) R .C . x →1
2
2 2
( x , y )∈T y=2 x− x2
x −1

1.5) Conclua sobre a existência de lim f ( x, y ) .


( x , y ) → (1,1)

Resolução: Como o valor do limite é diferente para trajectórias diferentes conclui-se que não existe
lim f ( x, y ) .
( x , y ) → (1,1)

2. Prove utilizando a definição que lim (−4 x + 2 y 2 ) = −6 .


( x , y ) → (2,1)

Resolução: Temos que provar que


∀δ >0 ∃ε (δ ) >0 : ( x, y ) ∈ 2
\ {(2,1)} ( x, y ) − (2,1) < ε −4 x + 2 y 2 + 6 < δ ,

com ( x, y ) − (2,1) = ( x − 2)2 + ( y − 1)2 .

Como ( x − 2) 2 ≤ ( x − 2) 2 + ( y − 1) 2 então x − 2 ≤ ( x − 2) 2 + ( y − 1)2 , donde

( x − 2)2 + ( y − 1) 2 < ε x − 2 < ε ⇔ −ε < x − 2 < ε ⇔ −ε + 2 < x < ε + 2 ⇔


⇔ −4 ( ε + 2 ) < −4 x < −4 ( ε − 2 ) ⇔ −4ε − 8 < −4 x < −4ε + 8

e como ( y − 1) 2 ≤ ( x − 2) 2 + ( y − 1) 2 então y − 1 ≤ ( x − 2)2 + ( y − 1)2 , vem

( x − 2)2 + ( y − 1)2 < ε y − 1 < ε ⇔ −ε < y − 1 < ε ⇔ −ε + 1 < y < ε + 1 ⇔


⇔ 2 ( −ε + 1) < 2 y 2 < 2 ( ε + 1)
2 2

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Limites e continuidade
sendo 0 < ε ≤ 1 então ε ≤ ε . Das desigualdades apresentadas em cima vem
2

−4ε − 8 + 2 ( −ε + 1) + 6 < −4 x + 2 y 2 + 6 < 4ε − 8 + 2 ( ε + 1) + 6


2 2

2ε 2 − 8ε < −4 x + 2 y 2 + 6 < 2ε 2 + 8ε
*
− 2ε − 8ε < −4 x + 2 y 2 + 6 < 2ε + 8ε
− 10ε < −4 x + 2 y 2 + 6 < 10ε

isto é,
−4 x + 2 y 2 + 6 < 10ε
fazendo
δ
ε = min 1,
10
vem
−4 x + 2 y 2 + 6 < δ .

Obs (*).: De
2ε 2 − 8ε < −4 x + 2 y 2 + 6 < 2ε 2 + 8ε

vem,

−4 x + 2 y 2 + 6 > 2ε 2 − 8ε −4 x + 2 y 2 + 6 < 2ε 2 + 8ε ,

sendo ε 2 ≤ ε , então −ε ≤ ε 2 e −4 x + 2 y 2 + 6 > −2ε − 8ε , por outro lado, se ε 2 ≤ ε , então


−4 x + 2 y 2 + 6 < 2ε + 8ε .

3. Calcule os domínios e os limites, caso existam, das seguintes funções nos pontos indicados:
x2 − y2
3.1) f ( x, y ) = , (0,0) .
x2 + y2
Resolução: O domínio da função é

D f = {( x, y ) ∈ 2
: x 2 + y 2 ≠ 0} = 2
\ {(0, 0)} .

Para o cálculo do limite


x2 − y2 0
lim f ( x, y ) = lim = ,
( x , y ) →(0,0) ( x , y ) →(0,0) x 2 + y 2 0

obtendo-se indeterminação que deve levantada, consideram-se dois processos:

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Limites e continuidade

1º Processo: Investigar a existência do limite através do cálculo dos limites iterados

?
lim lim f ( x, y ) = lim lim f ( x, y ) ,
x →0 y →0 y → 0 x →0

se os limites iterados existirem e forem diferentes, pode concluir-se que o limite não existe. Se
forem iguais apenas se pode concluir que, se o limite existir, terá o valor dos limites iterados. Neste
caso, calcula-se o limite ao longo de outra trajectória (e assim por diante), se houver indicações de
que o limite existe aplica-se, por exemplo, a definição, para se provar a sua existência. Assim,

x2 − y 2 x2 x2 − y 2 − y2
lim lim = lim =1 e lim lim = lim = −1 .
x → 0 y →0 x 2 + y 2 x →0 x 2 y →0 x →0 x 2 + y 2 y →0 y 2

Como os limites iterados existem e são diferentes pode concluir-se que não existe

x2 − y2
lim .
( x , y )→( 0 , 0 ) x 2 + y 2

2º Processo: Investigar a existência do limite através do cálculo de limites direccionais. Para existir
o limite, este deve ser independente da trajectória. De entre as possíveis trajectórias que passam no
ponto (0, 0) , calcule-se os limites ao longo da família de rectas, concorrentes, de equação y = mx
(onde m é o declive das rectas).
A restrição de f ( x, y ) às rectas y = mx é

x 2 − (mx) 2 1 − m 2
f ( x, mx) = = ,
x 2 + (mx) 2 1 + m 2
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1 − m 2 1 − m2
lim f ( x, y ) = lim f ( x, mx) = lim = .
( x , y ) →(0,0) x →0 x →0 1 + m 2 1 + m2
y = mx

Como o limite depende do declive das rectas (m), isto é, depende da trajectória, conclui-se que o
limite não existe.

3
Obs.: m = 1 lim f ( x, y ) = 0 ; m = 2 lim f ( x, y ) = − .
( x , y ) →( 0, 0 ) ( x , y )→( 0 ,0 ) 5

Obs.: Neste exemplo, bastava ter utilizado um dos processo para se concluir quanto à não
existência do limite.

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x + 2y
3.2) f ( x, y ) = , (0,0) .
3x − y

Resolução: O domínio da função é

D f = {( x, y ) ∈ 2
: 3 x − y ≠ 0} = {( x, y ) ∈ 2
: y ≠ 3 x} ,

por outro lado, a fronteira do domínio é

front( D f ) = {( x, y ) ∈ 2
: y = 3 x} .

Pretende-se calcular
x + 2y 0
lim = .
( x , y ) →(0,0) 3x − y 0

Este é um exemplo em que uma observação directa da função permite concluir que os limites
iterados existem e são diferentes, logo também por este processo se conclui que o não existe limite.
Com efeito
x + 2y x 1 x + 2y 2y
lim lim = lim = e lim lim = lim = −2 .
x → 0 y →0 3x − y x → 0 3x 3 y → 0 x → 0 3x − y y → 0 −y

Por outro lado, o limite ao longo das rectas que passam em (0,0) , da forma y = mx , é:

x + 2y x + 2mx 1 + 2m
lim = lim = , (m ≠ 3) .
( x , y ) →(0,0) 3 x − y x →0 3 x − mx 3− m
y = mx

Como o limite depende de m, conclui-se pela não existência do mesmo. Repare-se que para
qualquer outro ponto pertencente à recta de equação y = 3 x (m = 3) , diferente de (0,0) , do tipo
( x0 , y0 ) ≡ ( x0 ,3x0 ) ,

x + 2y x + 2 y x0 + 6 x0
lim = lim = =∞.
( x , y ) →( x0 , y0 ) 3 x − y ( x , y ) →( x0 ,3 x0 ) 3 x − y 3 x0 − 3 x0

Conclui-se que não existe lim f ( x, y ) quando ( x0 , y0 ) ∈ front( D f ) .


( x , y ) →( x0 , y0 )

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Limites e continuidade

x2 y
3.3) f ( x, y ) = , (0,0) .
x4 + y2
Resolução: O domínio da função é
Df = 2
\ {(0, 0)} .

Neste caso quando se calculam os limites iterados relativamente ao limite

x2 y 0
lim = ,
( x , y ) →(0,0) x 4 + y 2 0

apenas se pode concluir que se o limite existe é zero, uma vez que,

x2 y 0 0
lim lim = lim 4 = lim 4 = lim 0 = 0
x → 0 y →0 x +y
4 2 x → 0 x +0 x → 0 x x →0

e
x2 y
lim lim = 0.
y →0 x →0 x4 + y2

Não sendo o cálculo dos limites iterados conclusivo relativamente à existência do limite, passemos
ao cálculo dos limites direccionais. O limite ao longo das rectas que passam em (0,0) , de equação
y = mx , é

x2 y x 2 mx xm
lim = lim 4 = lim 2 =0.
( x , y ) →(0,0) x 4 + y 2 x →0 x + m 2 x 2 x →0 x + m 2
y = mx

Como este limite não depende de m e tem um valor igual ao dos limites iterados, pode existir, ou
não, limite, mas se existir à indicações de que o seu valor é zero. Da relação entre x e y na função,
calcule-se o limite ao longo da família de parábolas que passam no ponto (0,0) , de equação

y = mx 2 ,

x2 y mx 4 m
lim = lim = .
( x , y ) →(0,0) x + y
4 2 x →0 x + m x
4 2 4
1 + m 2
y = mx 2

x2 y
Como o limite ao longo das parábolas depende de m, conclui-se que não existe lim .
( x , y ) →(0,0) x 4 + y 2

x2 y 2
Obs.: Bastava ter considerado, por exemplo, m = 2 , vindo lim = ≠ 0 , diferente do
( x , y ) →(0,0) x + y
4 2
5
y =2 x2

limite ao longo das rectas, para se ter concluído que o limite não existe.

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x2 y
3.4) f ( x, y ) = , (0,0) .
x2 + y2
Resolução: O domínio da função é
Df = 2
\ {(0, 0)} .
Pretende-se calcular o limite

x2 y 0
lim = .
( x , y ) →(0,0) x + y
2 2
0

Prova-se que os limites iterados, os limites ao longo das rectas e das parábolas que passam na
origem são zero, logo, se existir limite o seu valor é igual a zero. Tente-se provar por definição, para
isso há que provar que

∀δ >0 ∃ε (δ ) >0 : ( x, y ) ∈ D f \{(0, 0)} ( x, y ) − (0, 0) < ε f ( x, y ) − 0 < δ ,

isto é, tem que se provar que sendo δ > 0 existe outro nº positivo ε (que depende de δ ) tal que

x2 y
para 0 < ( x − 0) 2 + ( y − 0) 2 < ε se tem −0 <δ .
x2 + y 2

É válida a seguinte majoração, uma vez que x 2 ≤ x 2 + y 2 e y ≤ x 2 + y 2 ,

x2 y x2 y ( x2 + y2 ) x2 + y 2
= 2 ≤ = x2 + y2 < ε ≤ δ .
x2 + y 2 x +y 2
x +y
2 2

Sendo x2 + y2 a distância de ( x, y ) a (0, 0) , para se ter, por exemplo,

x2 y
| f ( x, y ) − l |= − 0 < 0, 001 , basta requerer que ( x, y ) esteja a uma distância 0,001 de (0, 0) .
x2 + y2

Mais em geral, para qualquer número positivo ε ≤ δ , por muito pequeno que seja, tem-se a garantia

x2 y
que < δ , desde que ( x, y ) se encontre a uma distância máxima δ de (0, 0) . O que
x2 + y2

significa dizer que a diferença | f ( x, y ) − 0 | pode ser tão pequena quanto se queira.

x2 y
Basta, portanto, considerar ε ≤ δ para que se garantir que x2 + y2 < ε <δ .
x2 + y2

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Limites e continuidade

x2 y
Em particular, é suficiente que ε = δ para que ∀ δ > 0 ∃ε =δ : x 2 + y 2 < ε = δ <δ ,
x2 + y2
isto é, que
x2 y
lim =0.
( x , y ) →( 0, 0 ) x 2 + y 2

x2 y2
3.5) f ( x, y ) = 2 2 , (0,0) .
x y + ( x − y )2
Resolução: O domínio da função é
D f = {( x, y ) ∈ 2
: x 2 y 2 + ( x − y ) 2 ≠ 0} = 2
\ {(0, 0)} .

Para o cálculo do limite


x2 y 2 0
lim = ,
( x , y ) →(0,0) x y + ( x − y )
2 2 2
0
os limites iterados são
x2 y 2 0
lim lim = lim 2 = 0
x → 0 y →0 x y + ( x − y)
2 2 2 x →0 x

e
x2 y2 0
lim lim = lim 2 = 0 ,
y →0 x →0 x y + ( x − y)
2 2 2 y → 0 y

ou seja, se o limite existir o seu valor é zero. Como o limite ao longo da recta y = x ,

x2 y 2 x4
lim = lim =1 ≠ 0
( x , y ) →(0,0) x 2 y 2 + ( x − y ) 2 x →0 x 4 + ( x − x ) 2
y=x

pode concluir-se que não existe o limite da função no ponto considerado.

2 x3 − y 3
3.6) f ( x, y ) = , (0,0) .
x2 + y2
Resolução: O domínio da função é
Df = 2
\ {(0, 0)}

Para o cálculo do limite


2 x3 − y 3 0
lim = ,
( x , y ) → (0,0) x 2 + y 2 0
os limites segundo diferentes trajectórias e os limites iterados sugerem que o valor deste limite é
zero.

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Limites e continuidade

Aplicando a definição, deve provar-se que

2 x3 − y 3
∀δ >0 ∃ε (δ )>0 : ( x, y ) ∈ D f \{(0, 0)} x2 + y2 < ε <δ .
x2 + y2

Como

2 x3 − y 3
=
2 x3 − y 3 2 x 3 + y 3 2 x x 2 + y y 2 2 x x 2 + y y 2
≤ 2 = ≤ ≤ 2( x + y ) ≤
( )
x2 + y 2 x2 + y 2 x + y2 x2 + y 2 x2 + y 2
≤ 4 x 2 + y 2 < 4ε ,

δ δ
basta, portanto, considerar ε ≤ , ou, em particular, ε = , para garantir que
4 4

δ 2 x3 − y 3
x2 + y2 < ε = <δ ,
4 x2 + y2

ou seja, que
2x 3 − y 3
lim = 0.
( x , y ) →( 0, 0 ) x 2 + y 2

xy
3.7) f ( x, y ) = , (0,0) .
x + y2
2

Resolução: O domínio da função é


Df = 2
\ {(0, 0)} .

Utilizando a definição para se calcular o limite

xy 0
lim = ,
( x , y ) →(0,0)
x +y
2 2 0

xy
basta considerar ε = δ , para se concluir que lim = 0.
( x , y )→( 0, 0 )
x2 + y2

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Limites e continuidade
1
3.8) f ( x, y ) = y sen , (0,0) .
x
Resolução: O domínio da função é
D f = {( x, y ) ∈ 2
: x ≠ 0}

Para se calcular o limite


1
lim y sen ,
( x , y ) → (0,0) x
comece-se pelos limites iterados
1
lim lim y sen =0,
x → 0 y →0 x
uma vez que a função seno é limitada e o produto de um infinitésimo por uma função limitada é um
infinitésimo, contudo
1
lim lim y sen , não existe,
y → 0 x →0 x

1 1
uma vez, que não existe lim y sen = lim y sen t , fazendo t = .
x→0 x t →∞ x

Pelos limites iterados nada se pode concluir. O limite desta função ao longo das rectas que passam
no ponto (0,0) é
1 1
lim y sen = lim mx sen = 0 ,
( x , y ) →(0,0)
y = mx
x x → 0 x

o produto de um infinitésimo por um função limitada é um infinitésimo. Para se utilizar a definição,


há que provar que
1
∀δ >0 ∃ε (δ ) >0 : ( x, y ) ∈ D f \{(0, 0)} x2 + y2 < ε ysen <δ .
x
Como
1 1
y sen = y sen ≤ y ≤ x2 + y 2 < ε ,
x x 1
sen ≤1
x

1
considerando ε ≤ δ garante-se que lim y sen =0.
( x , y ) →( 0, 0 ) x

Obs.: Este exemplo mostra que apesar de um dos limites iterados não existir, o limite da função
existe. Os limites iterados devem existir para que se possam tirar conclusões.

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Limites e continuidade
4
y
3.9) f ( x, y ) = , (1, 0) .
( x − 1)2 + y 4
Resolução: O domínio da função é
D f = {( x, y ) ∈ 2
: ( x, y ) ≠ (1, 0)}

Para o cálculo do limite


y4 0
lim = ,
( x , y ) →(1,0) ( x − 1) + y
2 4
0
os limites iterados são
y4
lim lim =0,
x →1 y →0 ( x − 1) 2 + y 4

e
y4
lim lim =1.
y →0 x →1 ( x − 1) 2 + y 4

y4
Como os limites iterados são diferentes conclui-se que não existe lim .
( x , y ) →(1,0) ( x − 1) 2 + y 4

Caso não se tivessem calculado primeiro os limites iterados, poder-se-ia ter calculado o limite ao
longo da família de rectas que passa no ponto (1, 0) , T = {( x, y ) ∈ 2
: y = m( x − 1)} ,

y4 y4 m 4 ( x − 1)4
lim = lim = lim =
( x , y ) →(1,0) ( x − 1) 2 + y 4 x →1 ( x − 1) 2 + y 4 x →1 ( x − 1) 2 + m 4 ( x − 1) 4
( x , y )∈T y = m ( x −1)

m 4 ( x − 1)2
= lim = 0,
x →1 1 + m 4 ( x − 1) 2

logo se o limite existir é zero. Como o limite sobre S = ( x, y ) ∈ { 2


: y = m x −1 , }
y4 y4 m 4 ( x − 1) 2
lim = lim = lim =
( x , y ) →(1,0) ( x − 1) 2 + y 4 x →1 ( x − 1) 2 + y 4 x →1 ( x − 1) 2 + m 4 ( x − 1) 2
( x , y )∈S y = m x −1

m4
= ,
1 + m4

y4
depende de m , não existe lim .
( x , y ) →(1,0) ( x − 1) 2 + y 4

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Limites e continuidade
x
3.10) f ( x, y ) = ( x 2 + y 2 ) arctg , (0,0) .
y
Resolução: O domínio da função é
D f = {( x, y ) ∈ 2
: y ≠ 0}

Para o cálculo do limite


x
lim
( x , y ) →(0,0)
(x 2
+ y 2 ) arctg
y
.

Comece-se por calcular os limites iterados

x x x
lim lim ( x 2 + y 2 ) arctg = lim lim x 2 arctg + lim y 2 arctg =
x → 0 y →0 y x → 0 y → 0 y y → 0 y
x π
= lim x 2 lim arctg + 0 = lim x 2 = 0,
x→0 y →0 y 2 x→0
Cálculo auxiliar

x π 1
• lim arctg = lim arctg(tx) = , fazendo a mudança de variável t = , quando y → 0 ,
y →0 y t →+∞ 2 y
t → 0;
x
• lim y 2 arctg = 0 , a função arco-tangente é limitada, o produto de um infinitésimo por
y →0 y
uma função limitada é um infinitésimo.

e
x
lim lim ( x 2 + y 2 ) arctg = 0,
y →0 x →0 y
uma vez que, arctg0 = 0 .

Uma vez que os limites iterados existem e são iguais a zero, se o limite da função existir será zero.

Considerando a família de circunferências que passam em (0, 0) , da forma x 2 + ( y − a )2 = a 2 ,


C (0, a ) e r = a , resolvendo em ordem a x, vem

x 2 + ( y − a ) 2 = a 2 ⇔ x = ± 2ay − y 2
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Limites e continuidade

tomando, por exemplo, o limite segundo a semicircunferência de equação x = − 2ay − y 2 , vem

x
( ) − 2ay − y 2
2
lim
( x , y ) →(0,0)
( x2 + y 2 ) arctg = lim
y y →0
− 2ay − y 2 + y 2 arctg
y
=
x =− 2 ay − y 2

2a − y
= − lim 2ay arctg = 0.
y →0 y

O produto de um infinitésimo por uma função limitada é um infinitésimo.

Obs.: A função arco-tangente é uma função impar arctg(− x) = −arctg( x ) .

Através dos limites calculados, se o limite existir o seu valor é zero. Utilizando a definição deve
provar-se que

x
∀δ >0 ∃ε (δ ) >0 : ( x, y ) ∈ D f \ {(0, 0)} x2 + y2 < ε ( x 2 + y 2 ) arctan <δ .
y
Como

x x π
( x 2 + y 2 ) arctan = ( x 2 + y 2 ) arctan < ( x2 + y 2 ) =
y y arctan
x π
< 2
y 2

π 2δ 2δ
= ( x2 + y2 ) <δ (x2 + y2 ) < x2 + y2 <
2 π π
2δ x
basta considerar ε ≤
π
, para se provar que lim
( x , y ) →(0,0)
(x 2
+ y 2 ) arctan
y
= 0.

x
Obs.: Pela proposição 1 ponto 3 do resumo teórico lim
( x , y ) →(0,0)
(x 2
+ y 2 ) arctg
y
=0.

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Limites e continuidade

Continuidade – resumo teórico

Ao contrário da noção de limite, que está ligada ao estudo do comportamento de uma função na
vizinhança de um ponto sem ter em conta o que acontece no próprio ponto, a noção de continuidade
relaciona o comportamento de uma função perto de um ponto com o valor que ela toma nesse
ponto.

n
O conceito de continuidade pode ser generalizado a funções definidas em . Como apenas se
pode visualizar o gráfico de funções com n ≤ 2 , no âmbito da disciplina de complementos de
2
matemática, interessa a seguinte definição para funções definidas em , cujos gráficos são
superfícies.

Definição3: Seja f : D f ⊂ 2
→ . A função f ( x, y ) , diz-se contínua no ponto ( a, b) ∈ D f

quando ∀δ >0 ∃ε (δ ) >0 : ( x, y ) ∈ D f \ {(a, b)} ( x, y ) - ( a , b ) < ε f ( x, y ) − f (a, b) < δ . Sendo (a, b)

um ponto de acumulação da função, esta é contínua no ponto (a, b) sse ∃ lim f ( x, y ) = f ( a , b ) .


( x , y ) → ( a ,b )

Graficamente, a continuidade de uma função num determinado ponto significa que o gráfico da
função nesse ponto não apresenta qualquer “salto”.

Uma função f : D f ⊆ n
→ é contínua sse for contínua em todos os pontos do seu domínio D f .

Se a condição de continuidade não se verificar num certo ponto (a, b) , então este será um ponto de
descontinuidade.
• A descontinuidade é não essencial, removível ou prolongável se existir lim f ( x, y ) .
( x , y ) → ( a ,b )

Chama-se, portanto, prolongamento por continuidade de f ao ponto (a, b) , à função f * que


coincide com f nos pontos onde esta já estava definida e que no ponto a toma o valor
f * ( a, b) = lim f ( x, y ) :
( x , y ) → ( a ,b )

f ( x, y ) ,( x, y ) ∈ D f
f * ( x, y ) = .
lim f ( x , y ) , ( x, y ) = ( a , b )
( x , y ) → ( a ,b )

Neste caso, também, se diz que a função é prolongável por continuidade no ponto (a, b) .
Note-se que, embora (a, b) ∉ D f , como é exigido que exista lim f ( x, y ) , o ponto (a, b)
( x , y ) → ( a ,b )

terá que ser um ponto de acumulação do domínio, para que faça sentido calcular o limite
nesse ponto.
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Limites e continuidade

• Caso não exista lim f ( x, y ) , a descontinuidade é não removível e a função não poderá
( x , y ) → ( a ,b )

ser prolongada por continuidade

Uma função f : D f ⊂ n
→ diz-se descontínua num ponto (a, b) sse não for contínua nem

prolongável por continuidade a esse ponto.

Definição4: Uma função f : n


→ da forma f ( x1 , x2 ,..., xn ) = α x1i1 x2i2 ...xnin , onde α é um escalar

e i1 , i2 ,..., in são números inteiros não negativos, é chamado um monómio. Uma função que
representa a soma de monómios é um polinómio.

Proposição2: Uma função polinomial f : n


→ é contínua em todo o ponto a ∈ n
.

g ( x)
Definição5: Se g e h forem ambas funções polinomiais, à função f ( x ) = dá-se o nome de
h( x )
função racional.

Proposição3: Uma função racional f : D f ⊂ n


→ é contínua em todos os pontos do seu

domínio.

Proposição4: Supondo as funções f : n


→ e g: n
→ contínuas em a. Então as funções
f ( x)
definidas por, f ( x ) ± g ( x ) , f ( x ) g ( x ) , , ( g (a ) ≠ 0) e α f ( x ) ( α ∈ ), são contínuas em a.
g ( x)

Tal como acontece no caso de f.r.v.r, a composta de duas funções contínuas, quando tal composição
é possível, é ainda uma função contínua.

Teorema1: Seja f : D f ⊂ n
→ contínua no ponto a ∈ D f e g : Dg ⊂ → contínua em

y0 = f (a ) ∈ Dg , então a função composta gof ( x ) = g [ f ( x ) ] é contínua no ponto a.

Pode ainda, estabelecer-se a seguinte relação entre limite e composição de funções.

Teorema 2: Sejam f : D f ⊂ n
→ , g : Dg ⊂ → e f ( D f ) ⊂ Dg . Se lim f ( x ) = l e g for
x →a

contínua no ponto l, então lim gof ( x ) = lim g [ f ( x ) ] = g (l ) .


x →a x →a

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Limites e continuidade

Continuidade - possível resolução dos exercícios

2
4. Estude a continuidade das seguintes funções em . Caso não sejam contínuas, verifique se
podem ser prolongadas por continuidade.

3x + y
4.1) f ( x, y ) = .
x − 4y

Resolução: O domínio de f ( x, y ) é D f = {( x, y ) ∈ 2
: x − 4 y ≠ 0} = {( x, y ) ∈ 2
: x ≠ 4 y} , e a sua

fronteira
front( D f ) = {( x, y ) ∈ 2
: x = 4 y} = A .

A função é contínua no seu domínio por ser uma função racional. Como, D f ≠ 2
, a função não é
2
contínua em .

A função poderá ser prolongada por continuidade aos pontos da fronteira do domínio da função
(pontos de acumulação), ou seja, a 2
, se existir lim f ( x, y ) = f ( x0 , y0 ) , onde ( x0 , y0 ) ∈ A é
( x , y ) →( x0 , y0 )
( x0 , y0 )∈A

x x
um ponto genérico da recta de equação y = , isto é, qualquer ponto do tipo ( x0 , y0 ) = x0 , 0 .
4 4

i) Para ( x0 , y0 ) = (0, 0)

3x + y 0
lim = .
( x , y ) →(0,0) x − 4 y 0
Os limites iterados são
3x + y
lim lim =3
x →0 y →0 x − 4 y

e
3x + y
lim lim = −4 ,
y →0 x→0 x − 4y

como os limites iterados são diferentes conclui-se que o limite da função não existe na origem.
Repare-se que
3x + y 3 x + mx 3 + m 1
lim = lim = , m≠ .
( x , y ) →(0,0)
y = mx
x − 4y x → 0 x − 4mx 1 − 4m 4

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Limites e continuidade

x0 1
ii) Para ( x0 , y0 ) = x0 , ≠ (0, 0) , repare-se que m = ,
4 4

x0
3 x0 +
3x + y 3x + y 4 =∞,
lim = lim =
( x , y ) →( x0 , y0 ) x − 4 y
( x , y ) → x0 , 0 ) x − 4 y x0
x
4 x0 − 4
4

e, portanto, o limite da função não existe para estes ponto.

x0
Por i) e ii), conclui-se que não existe o limite da função para qualquer ponto ( x0 , y0 ) = x0 , ,e
4
consequentemente, esta não pode ser prolongada por continuidade, a estes pontos, e assim, a função
2
não pode ser prolongada de modo contínuo a .

3x + y
, x - 4y ≠ 0
Obs: Caso se tenha f ( x, y ) = x − 4 y
*
,
0 , ( x, y ) = (0, 0)

D f * = {( x, y ) ∈ 2
: x ≠ 4 y} ∪ {(0, 0)} .

• Para x − 4 y ≠ 0 a função é contínua uma vez que esta definida por uma função racional cujo

domínio é D = {( x, y ) ∈ 2
: x − 4 y ≠ 0} , ou seja, o denominador não se anula.

• Para ( x, y ) = (0,0) a função é contínua se lim f ( x, y ) = f (0,0) = 0 . Como foi visto não
( x , y ) →( 0 , 0 )

3x + y
existe lim , logo, a função não é contínua na origem, ou seja, não é contínua em
( x , y ) →( 0 , 0 ) x − 4 y

todo o seu domínio. Para além disso, a origem é um ponto de descontinuidade não removível,
3x + y
por não existir lim , podendo concluir-se que a função não é prolongável por
( x , y ) →( 0, 0 ) x − 4y
2
continuidade à origem, nem a .

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Limites e continuidade
sen( x + y )
4.2) f ( x, y ) = .
x+ y
Resolução: O domínio da função é
D f = {( x, y ) ∈ 2
: y ≠ − x} ,

e
front( D f ) = {( x, y ) ∈ 2
: y = − x} = A .

No seu domínio a função é contínua, pois é o quociente de duas funções contínuas (o denominador
não se anula). O numerador é a composta de duas funções contínuas g (t ) = sen t e h( x, y ) = x + y , e

o denominador é uma função polinomial. A função não é contínua em 2


, uma vez, que D f ≠ 2
.

2
Para que a função possa ser prolongada por continuidade a deve existir
lim f ( x, y ) = f ( x0 , y0 ) , onde ( x0 , y0 ) é um ponto genérico que pertença à recta de equação
( x , y ) → ( x0 , y0 )
( x0 , y0 )∈A

y = − x , ou seja, qualquer ponto do tipo ( x0 , y0 ) = ( x0 , − x0 ) .

i) Para ( x0 , y0 ) = (0, 0) , pretende-se calcular

sen( x + y ) 0
lim = ,
( x , y ) →(0,0) x+ y 0

para isso utiliza-se o teorema 2 do resumo teórico.

Seja h : 2
→ definida por h( x, y ) = x + y , tem-se lim ( x + y ) = 0 = l , que é contínua no
( x , y ) →(0,0)

ponto (0, 0) ∈ 2
e g : Dg ⊂ → definida por

sen t
, t≠0
g (t ) = t
1 , t=0

sen t
contínua em h(0, 0) = 0 ∈ Dg , pois lim = 1 = g (0) , então
t →0 t
sen(x + y )
lim goh( x, y ) = lim = g (0) = 1 .
( x , y ) →(0,0) ( x , y ) →(0,0) x+ y

Existindo este limite a função pode ser prolongada por continuidade à origem.

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Limites e continuidade

ii) Para ( x0 , y0 ) = ( x0 , − x0 ) ≠ (0, 0) .

sen(x + y ) sen(x + y )
lim = lim = 1 (porquê?).
( x , y ) →( x0 , y0 ) x+ y ( x , y ) →( x0 , − x0 ) x+ y

Por i) e ii) conclui-se que o limite pedido existe para qualquer ponto da recta y = − x , nestes termos,
2
a função pode ser prolongada por continuidade a estes pontos, e a . Esse prolongamento é dado
pela função
sen( x + y )
, x+ y ≠0
f ( x, y ) =
*
x+ y ,
1 , x+ y =0

2
que é contínua em todos os pontos de (o seu domínio).

1
4.3) f ( x, y ) = .
9 − x2 − y2
Resolução: O domínio da função é
D f = {( x, y ) ∈ 2
: x 2 + y 2 ≠ 9} ,

e
front( D f ) = {( x, y ) ∈ 2
: x 2 + y 2 = 9} = A

Por ser uma função racional, é contínua no seu domínio, ou seja, em todos os pontos do plano com
excepção dos pontos sobre a circunferência de equação x 2 + y 2 = 9 (a fronteira do domínio). A

função não é contínua em 2


, uma vez, que D f ≠ 2
.

A função não pode ser prolongada por continuidade aos pontos ( x0 , y0 ) ∈ A , uma vez que

1 1 1
lim = lim = = ∞.
9 − x 2 − y 2 ( x , y ) →( x0 ,± ) 9− x − y
( )
( x , y ) →( x0 , y0 ) 2 2 2
9 − x02
9 − x02 − ± 9 − x02

2
Conclui-se que a função não é contínua nem prolongável por continuidade a .

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Limites e continuidade
1
4.4) f ( x, y ) = ( x 2 + y 2 ) sen .
x + y2
2

Resolução: O domínio da função é


Df = 2
\ {(0, 0)} .

Para ( x, y ) ≠ (0,0) a função é contínua, pois é o produto de duas funções contínuas. A função não é

contínua em 2
, uma vez, que D f ≠ 2
.

A função pode ser prolongada por continuidade em ( x, y ) = (0, 0) , uma vez que,

1 1
lim (x 2
+ y 2 ) sen =
x =t cosθ
lim
+
t 2sen = 0 .
t
( x , y ) →(0,0)
x2 + y 2 y = t senθ
t →0

Sendo sen x uma função limitada, o produto de um infinitésimo por uma função limitada é um

infinitésimo. Para se provar por definição que o limite é zero, basta fazer ε = δ . Assim a função

1
(x 2
+ y 2 ) sen , ( x, y ) ≠ (0, 0)
f ( x, y ) =
*
x + y2
2
,
0 , ( x, y ) = (0, 0)

2
é o prolongamento por continuidade de f ( x, y ) a .

1
Obs.: Pela proposição 1 ponto 3 do resumo teórico lim (x 2
+ y 2 ) sen = 0.
( x , y ) →(0,0)
x2 + y 2

y 5 cos3 x + x 3sen 2 y
4.5) f ( x, y ) = .
x4 + y4 + 2 x2 y2

Resolução: O domínio da função é


Df = 2
\ {(0, 0)} .

A função é contínua no seu domínio, pois é o quociente de duas funções contínuas e o denominador
não se anula. A função não é contínua em 2
, uma vez, que D f ≠ 2
.

2
Como a função não é contínua em , vamos estudar a continuidade na origem para verificar se
2
pode ser prolongada por continuidade a esse ponto e, consequentemente, a .

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Limites e continuidade

Os limites iterados são


y 5 cos3 x + x3sen 2 y y 5 cos3 x + x3sen 2 y
lim lim = 0 e lim lim = 0.
x →0 y →0 x4 + y 4 + 2 x2 y 2 y →0 x→0 x4 + y 4 + 2 x2 y 2
Por definição

y 5 cos3 x + x 3sen 2 y
∀δ >0 ∃ε (δ ) >0 : ( x, y ) ∈ D f \{(0, 0)} x2 + y2 < ε <δ
x4 + y4 + 2 x2 y 2

y 5 cos3 x + x 3sen 2 y y 5 cos3 x + x3sen 2 y y 5 cos3 x + x 3sen 2 y y 5 cos3 x + x 3sen 2 y


= = ≤ =
x4 + y 4 + 2x2 y 2 x4 + y 4 + 2 x2 y 2 ( x 2 + y 2 )2 ( x 2 + y 2 )2
y 5 cos3 x + x 3 sen 2 y ( x 2 + y 2 )5 cos3 x + ( x 2 + y 2 )3 sen 2 y
= ≤ ≤
( x 2 + y 2 )2 ( x 2 + y 2 )2
2
( x 2 + y 2 )5 + ( x 2 + y 2 )3 sen 2 y ( x 2 + y 2 )5 + ( x 2 + y 2 ) 3 y
≤ ≤ ≤
( x2 + y 2 )2 ( x 2 + y 2 )2
( x 2 + y 2 )5 + ( x 2 + y 2 )3 ( x 2 + y 2 ) 2 2 ( x 2 + y 2 )5
≤ = =
( x 2 + y 2 )2 ( x 2 + y 2 )2
5 1 4
1
2( x 2 + y 2 ) 2 2( x 2 + y 2 ) 2 ( x 2 + y 2 ) 2
= 2 = = 2( x + y ) = 2 x 2 + y 2 < 2ε ,
2 2 2

(x + y ) 2 2
(x + y )
2 2 2

δ
ou seja, basta considerar ε = , para se garantir que
2

δ y 5 cos3 x + x3sen 2 y
x2 + y2 < ε = <δ ,
2 x4 + y 4 + 2 x2 y 2
concluindo-se que,
y 5 cos3 x + x3sen 2 y
lim = 0.
( x , y ) →(0,0) x4 + y 4 + 2 x2 y 2

Existindo este limite, fazendo f (0, 0) = lim f ( x, y ) = 0 , a função será prolongável por
( x , y ) → (0,0)

2
continuidade à origem, e, consequentemente a .

O prolongamento de f ( x, y ) à origem é a função

y 5 cos3 x + x 3sen 2 y
, ( x, y ) ≠ (0, 0)
f * ( x, y ) = x4 + y4 + 2 x2 y 2
0 , ( x, y ) = (0, 0)

2
que é contínua em (o seu domínio).

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Limites e continuidade

xy
, ( x, y ) ≠ (0, 0)
4.6) f ( x, y ) = x + y2
2
.
1 , ( x, y ) = (0, 0)
Resolução: Neste exemplo, temos uma função definida por ramos.

Quanto ao domínio:
xy
1) No primeiro ramo, f ( x, y ) = , cujo domínio é 2
\ {(0, 0)} ;
x +y
2 2

2) No segundo ramo, f ( x, y ) = 1 para ( x, y ) = (0, 0) .

Por 1) e 2), conclui-se que D f = 2


.

Quanto à continuidade:

• Para ( x, y ) ≠ (0,0) a função é contínua uma vez que esta definida por uma função racional

cujo domínio é 2
\ {(0, 0)} .

xy
• Para ( x, y ) = (0,0) , prova-se (exercício 3.7)) que lim = 0 ≠ f (0,0) = 1 , logo,
( x , y ) →( 0 , 0 )
x + y2
2

2
a função não é contínua na origem, portanto não é contínua no seu domínio (em ).

A função é contínua em 2
\ {(0, 0)} .

Quanto ao prolongamento por continuidade da função à origem (ponto de descontinuidade): Como


xy
existe lim = 0 (exercício 3g) a descontinuidade é removível, e a função é prolongável
( x , y ) →(0,0)
x2 + y2
xy
por continuidade à origem, basta considerar f (0, 0) = lim = 0 . A função
( x , y ) →(0,0)
x + y2
2

xy
, ( x, y ) ≠ (0, 0)
f ( x, y ) =
*
x2 + y2
0 , ( x, y ) = (0, 0)
é o prolongamento por continuidade da função à origem. Esta função é contínua em todo o seu
2
domínio, ou seja, em .

Conclusão: A função é contínua em 2


\ {(0, 0)} , mas, pode ser prolongada por continuidade a
2
, sendo esse prolongamento dado por f * ( x, y ) .

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Limites e continuidade
( x + 2)( y − 1) 2
, (x, y ) ≠ (−2,1)
4.7) f ( x, y ) = ( x + 2)2 + ( y − 1)2 .
0 , (x, y ) = (−2,1)

Resolução: Por raciocínio análogo ao do exercício anterior conclui-se que D f = 2


.

Quanto à continuidade:

• Para ( x, y ) ≠ (−2,1) , a função é contínua, pois esta definida por uma função racional cujo

domínio é precisamente 2
\ {(−2,1)} .

• Para ( x, y ) = (−2,1) , a função é contínua sse lim f ( x, y ) = f (−2,1) = 0 . Fazendo uma


( x , y ) →( −2 ,1)

translação dos eixos, isto é, considerando t = x + 2, x → −2 t →0 e w = y −1,


y →1 w → 0 , vem

( x + 2)( y − 1) 2 tw 2
lim = lim = 0 (exercício 3.4)).
( x , y ) →( −2 ,1) ( x + 2) 2 + ( y − 1) 2 ( t , w )→( 0, 0 ) t 2 + w 2

Equivalentemente, para o cálculo deste limite, poder-se-ia ter calculado o limite sobre a família
de rectas que passa no ponto (−2,1) , com equação y − 1 = m( x + 2) .

Conclusão: Como lim f ( x, y ) = f (−2,1) = 0 a função é contínua em todo o seu domínio, ou


( x , y ) →( −2 ,1)

2
seja, em .

x
ln(1 − x), x < 1 e y ≠ 2
4.8) f ( x, y ) = 2 − y .
2x + y2 3
, outros (x, y ) ∈ 2

Resolução: A função está definida por ramos, e em cada ramo por uma função. Para se estudar a
continuidade desta função, deve investigar-se a continuidade nos dois ramos e sobre os pontos que
verificam as condições que os separam, ou seja, sobre os conjuntos

A = {( x, y ) ∈ 2
: x =1 }

B = {( x, y ) ∈ 2
: x <1 e y = 2 } .

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Limites e continuidade
Quanto ao domínio:
x
1) No primeiro ramo, f ( x, y ) = ln(1 − x ) cujo domínio é D = {( x, y ) ∈ 2
: x < 1 e y ≠ 2} .
2− y

2) No segundo ramo f ( x, y ) = 2 x 2 + y 3 cujo domínio é 2


.

Por 1) e 2) conclui-se que o domínio da função é D f = 2


.

Quanto à continuidade:

• No primeiro ramo, a função contínua por ser o produto de duas funções contínuas em D.

• No segundo ramo, a função é contínua por ser uma função polinomial (contínua em 2
).
• Em A, para pontos do tipo ( x0 , y0 ) = (1, y0 ) , ( y0 ≠ 2 ), a função não é contínua, uma vez que

x
lim ln(1 − x) = −∞ ( y0 ≠ 2 ).
( x , y ) →(1, y0 ) 2 − y

• Em B, para pontos do tipo ( x0 , y0 ) = ( x0 , 2) , ( x0 ≠ 1 ) a função não é contínua, uma vez que

x
lim ln(1 − x) = ∞ ( x0 ≠ 1 ).
( x , y ) →( x0 ,2) 2− y

Conclusão: A função é contínua em 2


\ {( x, y ) ∈ 2
: x = 1 ou (x < 1 e y = 2)} , não pode ser
2
prolongada por continuidade a ,

x2 + y2 , se x + y > 0
4.9) f ( x, y ) = .
x+ y , se x + y ≤ 0

2
Resolução: Analogamente ao exercício anterior conclui-se que o domínio da função é .

Também neste exemplo, para se estudar a continuidade da função deve investigar-se a continuidade
nos dois ramos e sobre os pontos que verificam a condição que os separa, ou seja, sobre a recta de
equação x + y = 0 .

• No primeiro ramo, a função é definida por x 2 + y 2 que é uma função contínua no seu

domínio, 2
, em particular, para todo o par ( x, y ) que verifica a condição x + y > 0 .

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Limites e continuidade
• No segundo ramo, a função é definida por x + y , contínua em 2
, em particular, contínua
para todo o par ( x, y ) que verifica a condição x + y ≤ 0 .

• Para se estudar a continuidade da função sobre a recta de equação y = − x , ou seja, para os

pontos do tipo ( x0 , y0 ) = ( x0 , − x0 ) , considerem-se os conjuntos

A = {( x, y ) ∈ 2
: x + y > 0} ,

B = {( x, y ) ∈ 2
: x + y < 0}
e
C = {( x, y ) ∈ 2
: x + y = 0} .
A função é contínua em C sse

lim f ( x, y ) = lim f ( x, y ) = f ( x0 , y0 ) ,
( x , y ) →( x0 , y0 ) ( x , y ) → ( x0 , y0 )
( x , y )∈A ( x , y )∈B

ou seja,

lim x2 + y2 = lim ( x + y ) = f ( x0 , y0 ) = 0 .
( x , y ) →( x0 , y0 ) ( x , y ) →( x0 , y0 )

Como

lim x2 + y2 = lim x 2 + y 2 = x02 + (− x0 )2 = 2 x02


( x , y ) →( x0 , y0 ) ( x , y ) →( x0 , − x0 )

e
lim ( x + y) = lim ( x + y ) = x0 − x0 = 0 ,
( x , y ) →( x0 , y0 ) ( x , y ) → ( x0 , − x0 )

sobre os pontos da recta de equação y = − x , a função é contínua apenas nos pontos que
verifiquem a igualdade

2 x02 = 0 ,

ou seja, para x0 = 0 , isto é, para o ponto ( x0 , y0 ) = ( x0 , − x0 ) = (0, 0) .

Conclusão: A função é contínua no seu domínio com excepção dos pontos sobre a recta x + y = 0
exceptuando a origem, isto é
∀( x, y ) ∈ 2
\ {( x0 , − x0 )} {(0, 0)} .
2
A função não é prolongável por continuidade a .
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Limites e continuidade

x3 + xy 2 − 2 , se x 2 + y 2 > 2
4.10) f ( x, y ) = .
sen( x 2 + y 2 − 2) , se x 2 + y 2 ≤ 2

Resolução: Quanto ao domínio:

1) No primeiro ramo, quando ( x, y ) verifica a condição x 2 + y 2 > 2 , f ( x, y ) = x 3 + xy 2 − 2 .

Repare-se que f ( x, y ) = x 3 + xy 2 − 2 , não está definida para todo o par ( x, y ) que verifica

a condição x 2 + y 2 > 2 , por exemplo, não está definida para o ponto (−2, 0) . O domínio

deste ramo é {( x, y ) ∈ 2
: x 3 + xy 2 − 2 ≥ 0} .

2) No segundo ramo, f ( x, y ) = sen( x 2 + y 2 − 2) cujo domínio é 2


, em particular, está

definida para os pontos do círculo de equação x 2 + y 2 ≤ 2 .

Por 1) e 2), conclui-se que o domínio da função é

D f = {( x, y ) ∈ 2
: x3 + xy 2 ≥ 2} {( x, y) ∈ 2
: x 2 + y 2 ≤ 2} =
2 − x3
= ( x, y ) ∈ 2
: y2 ≥
x
{( x, y) ∈ 2
: x 2 + y 2 ≤ 2}

Graficamente,

-4 -2 0 2 4

-2

-4
(Atenção: Complete o gráfico)
Os pontos de intersecção das curvas x3 + xy 2 = 2 e x 2 + y 2 = 2 , são (1,1) e (1, −1) . Podem ser
obtidos através da resolução do sistema
x3 + xy 2 = 2 x( x 2 + y 2 ) = 2 x =1
⇔ ⇔ .
x +y =2
2 2
x +y =2
2 2
y = ±1

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Limites e continuidade

Quanto à continuidade. Deve investigar-se a continuidade nos dois ramos e sobre os pontos que
verificam a condição que os separa, ou seja, sobre os pontos da circunferência de equação
x2 + y 2 = 2 .

• No primeiro ramo, a função é definida por x 3 + xy 2 − 2 que é uma função contínua no seu
domínio.

• No segundo ramo, a função é definida por sen( x 2 + y 2 − 2) , que é a composta de duas funções

contínuas, g (t ) = sen t , em , e h( x, y ) = x 2 + y 2 − 2 , em 2
, portanto, contínua para todo o

par ( x, y ) que verifica a condição x 2 + y 2 ≤ 2 .

• Sobre a circunferência de equação x 2 + y 2 = 2 , ou seja, para os pontos do tipo

( )
( x0 , y0 ) = x0 , ± 2 − x02 , a função será contínua sse

lim x 3 + xy 2 − 2 = lim sen( x 2 + y 2 − 2) = f ( x0 , y0 ) = 0 .


( x , y ) →( x0 , y0 ) ( x , y ) → ( x0 , y0 )

Como

lim x 3 + xy 2 − 2 = lim x( x 2 + y 2 ) − 2 = x0 ( x02 + y02 ) − 2 = 2 x0 − 2


( x , y ) →( x0 , y0 ) ( x , y ) →( x0 , y0 ) x02 + y02 = 2

e
lim sen( x 2 + y 2 − 2) = sen( x02 + y02 − 2) 2 =2 sen0 = 0 ,
( x , y ) →( x0 , y0 ) x0 + y0 = 2

sobre a circunferência a função será contínua apenas nos pontos que verifiquem a igualdade

2 x0 − 2 = 0 ,

ou seja, para x0 = 1 y0 = ±1 , isto é, para os pontos (1, −1) e (1,1) . Que são precisamente os
pontos de intersecção das condições que representam os domínios dos dois ramos da função.

Conclusão: A função é contínua no seu domínio com excepção dos pontos sobre a circunferência
x 2 + y 2 = 2 que não sejam os pontos (1, −1) e (1,1) . Isto é, a função é contínua em

( D \ {( x , ±
f 0 2 − x02 ) }) {(1, −1), (1,1)} .
2
A função não pode ser prolongada por continuidade a .
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Limites e continuidade

Obs.: Tendo em conta o domínio da função, estudar a continuidade de f ( x, y ) seria equivalente a


estudar a continuidade de

x3 + xy 2 − 2 , se x3 + xy 2 > 2
g ( x, y ) = .
sen( x 2 + y 2 − 2) , se x 2 + y 2 ≤ 2

Isto é, deveríamos estudar a continuidade nos dois ramos (onde a função é contínua) e sobre os
pontos de intersecção dos domínios dos dois ramos, ou seja, nos pontos (1, −1) e (1,1) , provando-se
que a função é contínua neste pontos. Intuitivamente, basta ter em conta o gráfico do domínio de
f ( x, y ) .

1
, x 2 + y 2 ≠ e 2 e ( x, y ) ≠ (0, 0)
4.11) f ( x, y ) = 2 − ln( x + y )
2 2
.
0 , x 2 + y 2 = e2 e ( x, y ) = (0, 0)

Resolução: O domínio da função é D f = 2


. Para se estudar a continuidade da função considerem-

se os seguintes conjuntos
A = {( x, y ) ∈ 2
: x 2 + y 2 ≠ e 2 e x 2 + y 2 ≠ 0} ,

B = {( x, y ) ∈ 2
: x 2 + y 2 = 0} = {(0, 0)} ,
e
C = {( x, y ) ∈ 2
: x 2 + y 2 = e2 } .

1
• Para ( x, y ) ∈ A a função é contínua, uma vez que é o domínio de f ( x, y ) = .
2 − ln( x 2 + y 2 )

1
• Para ( x, y ) ∈ B , a função é contínua uma vez que lim = 0 = f (0, 0) .
( x , y ) →(0,0) 2 − ln( x 2 + y 2 )

• Para ( x, y ) ∈ C , a função não é contínua uma vez que


1 1 1 1
lim = lim = = =∞,
e 2 − x02 ) 2 − ln( x + y )
( ) 2 − ln e
2 2 2
( x , y ) →( x0 , ± ( x , y ) → ( x0 , ± e 2 − x02 )
2
0
2 − ln x02 + ± e 2 − x02

como o limite não existe a função não pode ser prolongada por continuidade aos pontos de C.

Conclusão: A função é contínua em 2


\ {( x, y ) ∈ 2
: x 2 + y 2 = e 2 } . Não pode ser prolongada por
2
continuidade a .

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Limites e continuidade
x+ y 2
, x 2 + y 2 < 4 e ( x, y ) ≠ (0, 0)
x +y2 2

4.12) f ( x, y ) = ex
2
+ y2 −4
, x2 + y 2 ≥ 4 .

e , ( x, y ) = (0, 0)

Resolução: O domínio da função é D f = 2


.

Para se estudar a continuidade da função deve investigar-se a continuidade nos seus ramos e sobre
os pontos que verificam as condições que os separam. Para isso considerem-se os conjuntos

A = {( x, y ) ∈ 2
: x 2 + y 2 < 4 ( x, y ) ≠ (0, 0)} ,

B = {( x, y ) ∈ 2
: x 2 + y 2 > 4} ,

C = {( x, y ) ∈ 2
: ( x, y ) = (0, 0)} ,

e
D = {( x, y ) ∈ 2
: x 2 + y 2 = 4} .

• Para ( x, y ) ∈ A , f ( x, y ) é contínua pois esta definida por uma função racional (o denominador
não se anula).
• Para ( x, y ) ∈ B , f ( x, y ) é contínua pois é a composta de duas funções contínuas g (t ) = et e

h ( x, y ) = x 2 + y 2 − 4 , g [ h ( x, y ) ] = g x 2 + y 2 − 4 = e x
2
+ y2 −4
.

x + y2
• Para ( x, y ) ∈ C , a função é contínua sse lim = e = f (0, 0) .
( x , y ) →(0,0)
x2 + y2

x + y2 my 2 + y 2 m +1
lim = lim = lim =∞,
( x , y ) →(0,0)
x = my 2
x +y2 2 y →0
m y +y
2 4 2 y →0
y m2 y 2 + 1

como limite não existe a função não é contínua na origem, nem pode ser prolongada por
continuidade a este ponto.
• Para ( x, y ) ∈ D , os pontos estão sobre a circunferência de equação x 2 + y 2 = 4 , ou seja, são do

tipo ( x0 , y0 ) = ( x0 , ± 4 − x02 ) . A função será continua sse

lim f ( x, y ) = lim f ( x, y ) = f ( x0 , y0 ) .
( x , y ) →( x0 , y0 ) ( x , y ) →( x0 , y0 )
( x , y )∈A ( x , y )∈B

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Limites e continuidade

Por um lado,

( )
2

x + y2 x0 + ± 4 − x02 − x02 + x0 + 4 − x02 + x0 + 4


lim f ( x, y ) = lim = = = ,
x2 + y2
( ) 4 2
( x , y ) →( x0 , y0 ) ( x , y ) → ( x0 , ± 4 − x02 ) 2
( x , y )∈A
x02 + ± 4 − x02

por outro

( ) −4 = 1 ,
2
x02 + ± 4 − x02
x2 + y 2 − 4
lim f ( x, y ) = lim e =e
( x , y ) →( x0 , y0 ) ( x , y ) → ( x0 , ± 4 − x02 )
( x , y )∈B

e,

( ) −4 = 1 =
2
x02 + ± 4 − x02
f ( x0 , y0 ) = f ( x0 , ± 4 − x ) = e 2
0 lim f ( x, y ) .
( x , y ) → ( x0 , y0 )
( x , y )∈B

Assim, f ( x, y ) é contínua, em D, para os pontos que verificam

− x02 + x0 + 4
lim f ( x, y ) = lim f ( x, y ) ⇔ = 1,
( x , y ) →( x0 , x0 )
( x , y )∈A
( x , y ) →( x0 , x0 )
( x , y )∈B
2

ou seja, x0 = 2 y0 = 0 ou x0 = −1 y0 = ± 3 . Assim, em D a função é descontínua excepto

nos pontos (2, 0) e (−1, ± 3) .

Conclusão: A função f ( x, y ) é contínua em

( 2
\ {( x, y ) ∈ 2
: x 2 + y 2 = 4 ou x = y = 0} ∪ (2, 0), (−1, ± 3) . ) { }
2
Não é prolongável por continuidade a .

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