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Memória Social

Uma Metodologia que conta Histórias de Vida


e o Desenvolvimento Local
Memória Social
Uma Metodologia que conta Histórias de Vida
e o Desenvolvimento Local

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Lopez, Immaculada
Memória social: uma metodologia que conta histórias de vida e o desenvolvimento local/
Immaculada Lopez. -- 1. ed. -- São Paulo: Museu da Pessoa: Senac São Paulo, 2008. São Paulo – 2008
Bibliografia. 1ª edição
ISBN 978-85-60505-06-7

1. Desenvolviemnto comunitário 2. Histórias de vida 3. Liderança comunitária 4. Projetos


Memória Social 5. Projetos sociais I. Título.

08-01666 CDD-361.25

Índices para catálogo sistemático:


1. Histórias de vida e desenvolvimento local: Projetos sociais: Bem-estar social 361.25
ÍNDICE

Apresentação............................................................6 Movimento 4: Organizar as histórias ........................... 53


Para quê? ............................................................................................. 54
Um mapa de histórias ..................................................8 Passo 1: Classificar................................................................................. 55
Passo 2: Processar conteúdo ...................................................................... 60
Produção de textos ................................................................................ 61
Movimento 1: Minha história, nossa história ................ 13
Digitalizar imagens .................................................................................. 64
Aprendendo com o menino Guilherme Augusto ................................................ 14 Passo 3: Preservar ................................................................................... 64
Minhas memórias: linha do tempo individual ................................................... 18
Construir linha do tempo coletiva ................................................................ 22
Movimento 5: Socializar as histórias .......................... 67
Socializar as histórias ............................................................................... 68
Movimento 2: Refletir sobre o fazer histórico ................29
Pensar nos produtos................................................................................. 69
Firmando princípios.................................................................................. 30
Edição de conteúdo ................................................................................ 74
Etapas essenciais ................................................................................... 32
Para além dos produtos ........................................................................... 75

Movimento 3: Contar e ouvir histórias ......................... 35 Movimento 6: Idéias viram projetos ..............................76
Roda de histórias .................................................................................... 36
Construção coletiva ................................................................................. 78
Descoberta da entrevista .......................................................................... 36
Criar sentido .........................................................................................80
Entrevistado e entrevistador ...................................................................... 38
Plano de ação ........................................................................................ 82
Roteiro da entrevista ............................................................................... 40
Registro da entrevista ............................................................................. 45
A primeira entrevista................................................................................ 46
Programa Redes Sociais ............................................94
Em busca de mais histórias ........................................................................ 48
Trabalho com as fotos ............................................................................. 50 Créditos e agradecimentos ....................................... 100
Apresentação
Aliar a valorização das histórias de vida ao desenvolvimento Formação de lideranças
local. Esse foi o desafio assumido pelo Senac São Paulo e O ponto de partida do Projeto Memória Social foi a formação de 20 lideranças
pelo Museu da Pessoa no início de 2007. Na soma de suas das Redes Sociais fomentadas pelo Senac São Paulo, em dez diferentes localidades
experiências, as duas instituições criaram uma parceria inédita paulistas. Metade do grupo foi composto por lideranças comunitárias e a outra
para a formação de lideranças comunitárias na metodologia metade por integrantes da equipe do Senac atuantes na articulação local.
de histórias de vida, no propósito de que possam construir, Ao longo de seis meses, o grupo participou de encontros presenciais na capital
organizar e socializar suas histórias. Assim surgiu o Projeto paulista, organizados pela equipe de formação do Museu da Pessoa, bem como de
Memória Social. acompanhamento on-line. Ao conhecer e vivenciar a metodologia de construção,
Dedicado a proporcionar o desenvolvimento de pessoas e organização e socialização de histórias, as lideranças puderam vislumbrar o
organizações para a sociedade do conhecimento, o Senac São potencial da memória como aliado do desenvolvimento local.
Paulo vem procurando representar, para as comunidades ou Juntos, refletiram sobre conceitos ligados à memória e à história,
cidades onde atua, um efetivo ponto de encontro, informação experimentaram a prática da entrevista, bem como pensaram no desenvolvimento
e atualização sobre o mundo do trabalho, além de seu de produtos. Para fechar o ciclo da formação, o grupo recebeu incentivo
comprometimento com o desenvolvimento local. Com essa e orientação para elaborar planos de trabalho e iniciar projetos nas suas
ação, tem provocado interferências e levado contribuições comunidades. Todos os exemplos e comentários presentes nas páginas a seguir
positivas para a vida das instituições de toda natureza, seja resultam dessa vivência.
da sociedade civil, da iniciativa privada, seja dos órgãos
Esta publicação reúne conceitos e ferramentas metodológicas desenvolvidas
públicos, na superação dos inúmeros desafios que a sociedade
pelo Museu da Pessoa – vivenciadas e enriquecidas pelos participantes do
contemporânea coloca para os diversos agentes.
Projeto Memória Social. Originou-se, assim, um conteúdo inédito. Desejamos
O Museu da Pessoa, por sua vez, tem como missão contribuir que ele seja inspirador a novos grupos e lideranças, no intuito de que sejam
para tornar a história de cada pessoa valorizada pela sociedade. produtores, guardiões e difusores da sua própria história.
Visa um mundo mais justo e democrático, baseado na história
de pessoas de todos os segmentos da sociedade. Desde 1992,
Museu da Pessoa
dedica-se a desenvolver e disseminar uma metodologia de
registro, preservação e socialização de histórias de vida. Senac São Paulo
Busca também articular e fortalecer diferentes iniciativas
de valorização da história das pessoas no Brasil, bem como
em seus três núcleos no exterior – em Portugal, nos Estados
Unidos e no Canadá.
– MEMÓRIA SOCIAL

– APRESENTAÇÃO
6 7
Um mapa de histórias Redes – São Paulo

Votuporanga
O ser humano aprende e se desenvolve ao longo da sua vida Barretos
inteira e podemos dizer que “as diversas aprendizagens que ele S. J. do Rio Preto
Catanduva Ribeirão Preto
realiza se potencializam quando são socialmente compartilhadas Araçatuba
Jaboticabal
na procura de solucionar um problema comum”. S. J. da
Araraquara Boa Vista
Ao compartilhar, cada pessoa encontra no outro, de forma Presidente Prudente São Carlos
Marília Itirapina
geral, apoio, companhia, segurança e outros tipos de ajuda. Bauru Jaú Rio Claro Campos
Cada um de nós faz o mesmo em maior ou menor grau e assim Águas de São Pedro Limeira do Jordão
Piracicaba Guaratinguetá
vamos construindo relações, vínculos e, por conseqüência, as Botucatu
Jundiaí Taubaté
nossas redes pessoais. Osasco S. J. dos Campos
Sorocaba SÃO PAULO
Carapicuíba
Redes – Grande São Paulo

Freguesia do Ó/Brasilândia

Desenvolvimento local
Penha
Lapa Itaquera

Bela Vista
Vila Prudente
Quando fomentamos encontros entre pessoas que têm muitas redes
pessoais, estamos reunindo milhares de histórias. E, quando nos
Jabaquara
propomos a trabalhar em rede, estamos multiplicando as conexões,
Campo Grande
ampliando a possibilidade de potencializar toda a riqueza construída nas
Desenvolvimento local relações ao longo da vida. Não é possível parar esse movimento porque
não é possível viver só. E, se fosse possível, não poderíamos afirmar que
haveria desenvolvimento nessa condição.
Então, desenvolvimento é algo que somente pode ocorrer com relações.
Se tentarmos formar um mapa das pessoas com as Por isso é dinâmico e se movimenta e é permanente. Se permanente,
quais interagimos, podemos incluir a família, os amigos, a então, somente pode ser sustentável. Mas, se é sustentável, algo o suporta.
comunidade, as relações profissionais, acadêmicas, além Esse algo novamente são as pessoas que se relacionam e compartilham

– UM MAPA DE HISTÓRIAS
das relações virtuais por internet, que nos dão inúmeras soluções e criam inovações e geram riqueza. Quando direcionada para o
– MEMÓRIA SOCIAL

possibilidades de conexão. Ainda podemos tipificar essas benefício das próprias pessoas e para o cuidado com o meio ambiente e os
relações: algumas são íntimas, outras de menor compromisso recursos naturais de que dispomos, alimenta o ciclo do desenvolvimento.
e outras mais distantes. Todas essas relações e esses vínculos Então, se o desenvolvimento é das pessoas e da sociedade que elas criam,
formam o mapa das relações sociais de cada um. somente pode ser humano e social.
8 9
Nossa proposta, ao fomentar redes, ao desenvolver
metodologias a partir da comunidade, a partir do local, é a
Um pouco de história
de contribuir com esse desenvolvimento humano e social. “O Senac tem um trabalho de determinada localidade, um bairro, uma cidade para
Entendemos que esse processo pode potencializar-se ainda responsabilidade social já de 30 anos. No que eles possam pensar projetos de interesse comum.
mais se pudermos registrar os milhares de histórias e início, o trabalho consistia em o Senac ir Vamos atrás das pessoas e fazemos a proposta,
experiências do passado e do presente, de cada instante, de para as comunidades carentes oferecer cursos perguntamos se elas não querem trabalhar juntas
cada evento, de cada foto, de cada olhar. gratuitamente. A instituição entendia que as para pensar um projeto de interesse daquela
pessoas que não podiam pagar poderiam ser comunidade. As experiências pelo interior de São
Ao investirmos numa metodologia que possibilita todo
beneficiadas com alguns cursos. Mas havia Paulo têm sido fantásticas. Atualmente eu faço
esse registro, queremos saber mais da história – a nossa
a reflexão: o Senac oferece os cursos, mas não parte de uma equipe que coordena 33 projetos em
própria, a de cada um e a de todos. Acreditamos que histórias sabemos se as pessoas que recebem a informação todo o interior de São Paulo e aqui na cidade de
de processos de desenvolvimento contribuirão muito para as entram no mercado de trabalho. São Paulo.
novas vidas e para as novas redes que irão se formando. E começamos a identificar outra necessidade Para que a gente constrói esse tipo de encontro?
Temos, entretanto, um desafio muito grande pela frente. na comunidade: as lideranças comunitárias, Para que as localidades tomem para si a
Como disseminar pelas comunidades, pelas redes sociais os que geralmente estavam ligadas a alguma responsabilidade e a reflexão de que elas podem
ensinamentos ou orientações deste livro? Como efetivamente, organização não-governamental, demandavam fazer. E que não dependem de quem está fora. A
ao praticar o registro de histórias de vida, podemos contribuir capacitação para fazer melhor os trabalhos localidade pode fazer alguma coisa por si mesma.
para uma vida melhor e para um melhor convívio social? na comunidade. Isso nos fez pensar que, se É uma proposta política. A idéia da rede é a de
oferecêssemos curso para essas lideranças, se que a gente pode fortalecer um tecido social, a
Ainda não temos uma resposta completa, mas, desde o
elas trabalhassem de uma forma mais equipada, gente pode integrar os setores de forma que as
início, acreditamos como seria rico poder (re)conhecer as
mais profissional, poderiam atender melhor a sua pessoas decidam aquilo que elas desejam nas suas
variadas trajetórias de vida e sentir as emoções do evento,
comunidade. Isso acontece em 97, 98. E a gente localidades e que não esperem a política pública
da foto, do olhar, do bairro, da vila, da vida. E como o
vai avaliando que o trabalho pode ser diferente. para que isso aconteça.
desenvolvimento somente pode ser humano e social e as
As organizações não-governamentais Eu me considero uma pessoa privilegiada de
emoções também, o convite é para que juntemos todas as
precisavam de um investimento para que estar à frente de um projeto que faz uma diferença
emoções possíveis e façamos da vida uma grande história.
pudessem crescer, se profissionalizar. Careciam concreta na vida das pessoas, do ponto de vista
A mais linda história da vida, a vida. de um processo de aprendizagem de como humano, social e econômico. Eu vejo acontecer com
elaborar projetos, pensar a captação de recursos esse trabalho a transformação das pessoas. Pessoas
Jorge Duarte etc. E foi isso que o Senac começou a fazer com que não participavam da vida comunitária e agora
Gerência de Desenvolvimento as organizações sociais. A conseqüência dessa participam; que não falavam por timidez ou por
Senac São Paulo capacitação fez a gente ver que podíamos fazer insegurança e agora falam; pessoas que achavam
mais do que oferecer cursos. Podíamos promover que não tinham muito com que contribuir e que
uma convivência entre as organizações sociais, agora já descobriram que o que elas sabem é útil para
entre elas e o poder público e também aproximar

– UM POUCO DE HISTÓRIA
aquela comunidade avançar.”
a iniciativa privada do trabalho social. Então
– MEMÓRIA SOCIAL

acabamos promovendo o encontro dos três setores Lourdes Alves de Souza


nessas localidades. Isso fez nascer o Programa Gerência de Desenvolvimento
Rede Social, que é convidar os três setores de uma Senac São Paulo

10 11
Movimento 1:
Minha história, nossa história
Com a leitura dessa história, começou o primeiro
Aprendendo com o menino
encontro do Projeto Memória Social, desenvolvido
Guilherme Augusto em parceria pelo Senac São Paulo e pelo Museu da
– O que é uma memória? – perguntou Guilherme Augusto. Ele vivia fazendo perguntas. Pessoa. A fim de valorizar, preservar e socializar
a história das comunidades – contada por elas
– É algo de que você se lembre – respondeu o pai.
mesmas –, o projeto reuniu, ao longo de seis meses,
Mas Guilherme Augusto queria saber mais; então ele procurou a Sra. Silvano, que 20 multiplicadores das Redes Sociais apoiadas pelo
tocava piano. Senac São Paulo em dez diferentes localidades do
Estado de São Paulo. Juntos, puderam conhecer e
– O que é uma memória? – perguntou. vivenciar a metodologia desenvolvida pelo Museu da
– Algo quente, meu filho, algo quente. Pessoa (leia apresentação do projeto na pág. 6).
O ponto de partida foi refletir em grupo sobre
Ele procurou o Sr. Cervantes, que lhe contava histórias arrepiantes.
qual o lugar das memórias e das histórias na vida de
– O que é uma memória? – perguntou. cada pessoa e da sociedade em geral. O personagem
– Algo bem antigo, meu caro, algo bem antigo. Guilherme Augusto ajudou com a indagação: o que
é uma memória? “Eu fiquei com vontade de bater
Ele procurou o Sr. Valdemar, que adorava remar. palmas, essa história é linda. A gente sempre relembra
– O que é uma memória? – perguntou. as nossas histórias misturadas com as outras”, logo
expressou a integrante do grupo Lourdes Alves de
– Algo que o faz chorar, meu menino, algo que o faz chorar.
Souza, da Rede Social de São Paulo.
Ele procurou o Sra. Mandala, que andava com uma bengala.
– O que é uma memória? – perguntou.
– Algo que o faz rir, meu querido, algo que o faz rir.
Ele procurou o Sr. Possante, que tinha uma voz de gigante.
– O que é uma memória? – perguntou.
– Algo que vale ouro, meu jovem, algo que vale ouro.

– MINHA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA


– MEMÓRIA SOCIAL

Trecho do livro Guilherme Augusto Araújo Fernandes,


de Mem Fox, com ilustrações de Julie Vivas.
Tradução de Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque-Book, 1995.

14 15
Com funciona a memória? Para que serve? Onde está
guardada? Cecília Tavares, também de São Paulo, observou
que “a memória pode estar presente em várias formas: em objetos, Glossário
músicas, palavras”. “E ela não é estática”, arrematou Adilson de
Toledo Souza, da Rede Social de Águas de São Pedro. “O dia em O que é memória?
que Guilherme Augusto for idoso, vai precisar de alguém para lhe dar A memória pressupõe registro – ainda que tal registro seja realizado
um objeto para ele se lembrar.” em nosso próprio corpo. Ela é, por excelência, seletiva. Reúne as
Realmente, a História nunca está pronta, nem é absoluta. experiências, os saberes, as sensações, as emoções, os sentimentos que,
O fazer histórico é um processo permanente, vivo, que diz por um motivo ou outro, escolhemos para guardar.
respeito a todos. É impossível imaginar a vida sem História. “A memória é essencial a um grupo porque está atrelada à construção de sua
Sem ela, as pessoas não saberiam quem são, nem para onde identidade. Ela é o resultado de um trabalho de organização e de seleção
vão. Mais do que lembrar o que foi vivido, a narrativa histórica do que é importante para o sentimento de unidade, de continuidade e de
transmite valores e visões de mundo e ajuda a compreender o experiência, isto é, de identidade.”
que se vive hoje e o futuro que se deseja. ( ALBERTI, 2005, pág. 167)
Na verdade, existem muitas maneiras de entender o que é
História. Como em toda forma de conhecimento, a definição O que é História?
desse conceito é também histórica, isto é, depende da época, da Toda história é sempre uma narrativa organizada por alguém em
ideologia e dos objetivos de quem define. Mas sempre inclui a determinado tempo e implica uma seleção. Essa construção ocorre,
produção de uma narrativa. De fato, o que fica da História são invariavelmente, no presente, por um ou mais autores.
sempre narrativas, sejam elas produzidas por atores presentes
“Uma história é uma narração, verdadeira ou falsa, com base na ‘realidade
ou passados.
histórica’ ou puramente imaginária – pode ser uma narração histórica ou
Mas o poder de narrar, registrar e definir o que faz parte uma fábula.” (LE GOFF, 1996, pág. 18)
da História tem ficado concentrado em poucas pessoas e
instituições. Muitas vezes, estabelece-se uma narrativa
oficial, que passa a ser a única preservada e repetida nos livros
didáticos, no cinema, na literatura, na mídia.
“O exercício da linha do tempo trouxe à tona muitos sentimentos, como o
Na superação desse padrão, no entanto, cada grupo pode orgulho que tenho de meus pais, sempre lutadores e honestos; a alegria de poder
tornar-se produtor, guardião e difusor de sua própria história. entrar na escola; o pulsar do meu coração no meu namoro com Luiz, hoje meu
E essa narrativa histórica apresenta um potencial valioso no esposo. Recordar como foi bom o nosso namoro deu até vontade de namorá-lo

– MINHA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA


desenvolvimento social. novamente! A expectativa, a alegria da gravidez de meus dois filhos, a carinha
deles quando bebês. A emoção da construção da nossa casa... Enfim, ao
fazer a linha do tempo de minha história, é como se os sentimentos há muito
– MEMÓRIA SOCIAL

adormecidos re-acordassem e me impulsionassem a continuar a escrevê-la com


maior cuidado e dedicação.”
Neuda Maria de Souza Martins, Rede Social Limeira

16 17
EM AÇÃO
Entre outras maneiras, a atividade de construção da linha do tempo
pode ser organizada da seguinte forma:
Minhas memórias:
linha do tempo individual
1. Distribuir, entre os participantes do 4. Em seguida, pedir que, em grupos de três
Ser autor da história da sua vida, da de seu grupo, papel, canetas coloridas e imagens a quatro, os participantes compartilhem
(podem ser de revistas, jornais e xerox de suas cronologias.
grupo, instituição ou comunidade significa fotografias antigas). Também podem ser
5. Pedir ao grupo que levante pontos comuns
perceber que as experiências podem ser narradas e usadas fotos próprias, trazidas de casa.
e distintos entre as linhas apresentadas.
registradas por seus protagonistas. Nesse sentido, 2. Pedir para que cada pessoa faça a linha do
6. Solicitar a uma pessoa por grupo que
nada melhor do que entrar em contato, então, com tempo de sua história a partir de um grupo
apresente as diferenças e identidades
de questões, com a possibilidade de usar
sua própria trajetória. pontuadas pelo grupo.
as cores, as imagens e os desenhos para
A construção de uma cronologia estimula as ilustrar a produção. 7. Cada cronologia produzida pode ser
entendida como um novo “documento”,
pessoas a organizar sua própria história. Ela 3. Lançar algumas questões que podem
que merece ser preservado como fonte
permite que cada uma visualize a sua trajetória estimular a reflexão para a construção da
da história do grupo. Portanto, vale
linha do tempo:
como um todo, ao mesmo tempo em que se vê a pena identificá-lo, imaginando que
Quais os principais marcos de sua vida? outras pessoas poderão consultá-lo.
diante do desafio de fazer escolhas e selecionar o
Por que são marcos?
que quer contar e registrar.
Quais as pessoas significativas?
Nesse sentido, cada participante do Projeto
Quais as escolhas?
Memória Social foi convidado a construir uma Quais valores nortearam
linha do tempo individual revelando os marcos, as as escolhas?
rupturas, as escolhas e as pessoas significativas no Quais valores são permanentes?
desenrolar de sua vida, desde que nasceu. Quais se transformaram?

Como suporte para compor sua linha do tempo, Quais as rupturas?


Por que são rupturas?
cada um recebeu uma pasta de cartolina, canetas
coloridas, cópias de fotos, papéis e recortes
variados. Ao observar as composições que foram
surgindo, percebe-se que a linha do tempo nem
sempre é uma linha – pode ter curvas, dar voltas, Em seguida, todos socializaram com o grupo sua produção. Puderam ouvir novos

– MINHA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA


se transformar nos mais variados desenhos. relatos e começar a perceber conexões entre os contextos e as trajetórias das histórias.
Cristina Prado Rodrigues, de Águas de São Pedro, Identificar traços comuns, bem como as diferenças e os contrastes nas
por exemplo, surpreendeu com a riqueza e a poesia cronologias pessoais do grupo, é uma estratégia para criar vínculos e, ao mesmo
– MEMÓRIA SOCIAL

dos detalhes com que reconstituiu a sua trajetória tempo, permitir uma reflexão sobre de que maneira as memórias de cada um são
(págs. 20 e 21). individuais e coletivas. Afinal, fazem parte de um contexto histórico comum.

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Minhas Memórias
Linha do tempo individual elaborada por Cristina Prado Rodrigues

Primeira viagem sozinha


Mudança da minha pelo Brasil. Consigo uma
Ingresso no mãe e da minha passagem grátis para
Nasci em Olímpia/ primário. Ensinava irmã para São Paulo Fortaleza e vou até Salvador,
SP, graças a uma alunos da 4ª série (meu pai permanece pelo litoral.
lagartixa. De acordo a ler. Revolução em Olímpia).
Já sabia ler e Ingresso na Faculdade
com os cálculos de Militar. Morte do Minha prima Silvia
escrever. Lia de História (USP) –
minha mãe, eu devo meu avô Alberto. mora conosco no
jornal e o Tesouro Brasil Trabalho na incompleto.
ter nascido – com o Tucuruvi.
da Juventude. campeão companhia aérea
susto – aos sete,
Ingressei no jardim da Copa do Cruzeiro do Sul
oito meses.
da infância. Mundo. (três meses).
Formatura.

9/10/1956 9/10/1961 1962 1963 1964 1969 1970 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1980 1981 1983

Namoro com Casamento


Com sete Nivaldo e
anos. Morte Ida para São Paulo com Luiz
noivado. Henrique (pai
Meu aniversário de do Kennedy. sozinha para fazer o
Ingresso na 5ª série. do meu filho).
cinco anos. Primeiro 2º colegial. Moro com Ingresso na
Primeira colocada Término do Vou morar no
evento organizado minha avó Maria, Faculdade
no exame. Viagem noivado e início Brooklin,
por mim.
m. M
m. Meu
eu aavô
eu vôô meus tios Carlos, de Turismo.
a Paraty. Descida do trabalho no na Rua
Alberto Pr
Prado
P rad ttocou
do to oco
cou
cou Toninho e Marina e Primeiro
do homem na Lua. São Paulo Hilton. Baetinga.
o “Parabéns
béén vvocê”
ns a vo ocêê” minha prima Fátima, namorado
Primeira menstruação.
no violino.
noo. no Jardim São Paulo. (Bacurau).
Primeiro

– MINHA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA


emprego na
Transeuropa
Turismo
– MEMÓRIA SOCIAL

(três meses).

20 21
EM AÇÃO
A seqüência a seguir pode ser
usada como base para organizar a
atividade de construção da linha do
tempo coletiva:

1. Formar grupos de três a cinco


participantes.
2. Distribuir aos grupos 20 tarjetas
em cartolinas coloridas. Cada cor
corresponde a um eixo temático.
Normalmente, três eixos temáticos
são suficientes: história do grupo,
Atividade de construção da linha do tempo coletiva contexto histórico e um terceiro
eixo, que pode ser a entrada de
cada um na organização.
3. Pedir que o grupo discuta e preencha
as cartolinas (uma cor para cada
eixo), respondendo:
Construir linha do tempo coletiva • Quais são os marcos? Por que
são marcos?
Da linha individual, pode-se partir para a construção da linha A construção da linha do tempo coletiva
• Quais as principais conquistas?
do tempo coletiva. Para os participantes do Projeto Memória permite articular diferentes visões Por que são conquistas?
Social, o tema proposto para a nova atividade foi a trajetória das sobre acontecimentos, permanências e • Quais as pessoas significativas?
Redes Sociais – a história em comum vivida por todos. Reunidos mudanças vividas por todos, às vezes de
• Quais os valores permanentes e os
em subgrupos, eles definiram os marcos dessa trajetória em três formas muito diferentes. Também revela que mudaram? Por que são valores?
eixos temáticos: a) história da Rede; b) história do contexto geral; como cada um contribui para essa história. • Quais as rupturas? Por que são
c) história pessoal. A surpresa costuma ser grande: o quanto já rupturas?
Após eleger os marcos mais relevantes, cada subgrupo foi realizado e como tudo está ligado! 4. Em seguida, colar os papéis
anotou as datas e as descrições dos eventos em tarjetas e Além de gerar coesão entre o grupo, é produzidos numa parede,
obedecendo à ordem cronológica, e
afixou num mural montado na parede da sala. De frente para uma maneira democrática de estabelecer abrir a discussão pedindo aos grupos
o painel completo, o grupo discutiu e elegeu os marcos mais os parâmetros do que é entendido como que apresentem seus dados.
significativos para todos. patrimônio. 5. Após a apresentação de cada grupo,

– MINHA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA


um jogo pode alimentar bastante
a discussão. Sugira ao grupo ficar
apenas com dez marcos ao todo.
O grupo deve discutir e decidir
– MEMÓRIA SOCIAL

o que fica. É possível aglutinar


tarjetas, redefinir conteúdos, mas o
importante é a conversa a respeito.

22 23
Linha do tempo coletiva elaborada pelo grupo
Trajetória das Redes Sociais

Contexto Brasil e Mundo Criação da Ação da


Início da década de Cidadania Contra a
90 – fortalecimento das Fome, a Miséria e Pela
organizações do terceiro Vida – modelo de ação
setor. Percepção coletiva social que envolveu A metodologia de Redes
Início da luta pela da necessidade de Cáritas, CNBB, OAB, Sociais permitiu maior
Início do Governo
abertura política profissionalização desse CUT e Inesc. exercício do processo
José Sarney – democrático, respeito à
do país – recessão setor e entendimento Resultado da Início do Programa de
Criação da Lei de diversidade, liberdade de
econômica / dele como um setor Constituição de Articulação de Redes Sociais do
Incentivo à Cultura. expressão e oportunidade de
fortalecimento dos econômico importante. 1998, assistência Senac. Experiência inicial no
sindicatos. Senac inaugura o Fórum social sai do modelo encontro entre os interessados
bairro do Jd. São Luís, zona sul
Permanente do Terceiro assistencialista e na mudança social.
1985 Eleições da cidade de São Paulo. Início
Setor, acolhendo uma passa a ser política de de um diálogo na comunidade
diretas.
1978 demanda identificada por direito – política de entre os setores público e
meio de debates entre assistência social. privado e as organizações 2000
1989 especialistas em gestão sociais, visando à realização de
das organizações sociais e projetos de interesse comum.
gestores sociais atuantes. 1992 Início do
1993 desenvolvimento
1997 e quebra da
economia,
Impeachment de
1984 1990 empobrecimento
Fernando Collor de
da classe produtiva
Mello, LBA envolvida
FHC e e desemprego.
Movimento em escândalos de
Início do Governo privatização Terceiro setor
Diretas Já – corrupção – conceito
das estatais. evidente.
movimentos por
Collor: redução
de filantropia tem 1998
direitos sociais.
do papel do
conotação negativa. 1995
estado, abertura
1988 Confisco das
da economia, Construção coletiva de novos
1964 poupanças, recessão
Políticas neoliberais
eliminação valores e princípios de organização
econômica, abertura
dos controles no primeiro mandato social, a partir da prática do diálogo
Aprovação da nova da economia.
Golpe Militar, burocráticos de Fernando Henrique como forma de comunicação,
Constituição e, apesar
milagre econômico, da política Cardoso – constituição tomada de decisão pelo consenso,
dos princípios de
abuso de poder econômica. do Programa estabelecimento de relações de

– MINHA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA


descentralização e
pelos militares, Desemprego Comunidade Solidária. confiança e intenso processo
expansão dos direitos
reação da Igreja, e foco no de troca de informações,
de cidadania política,
CNBB cria uma rede assistencialismo experiências e compartilhamento
faltou participação
de apoio ao cidadão. nos governos. de conhecimentos como forma de
popular.
empoderamento dos participantes.
– MEMÓRIA SOCIAL

Constituição Federal
assinala os direitos
básicos.

24 25
Linha do tempo coletiva elaborada pelo grupo
Trajetória das Redes Sociais

Contexto Brasil e Mundo Ampliação do número de Redes


Sociais no interior de São
Paulo e, conseqüentemente,
potencialização do diálogo
intersetorial entre os setores
público e privado e as
Cresce a idéia de
organizações sociais.
comunidade, os interesses
Lançamento do Programa
individuais são acrescidos do
Formatos Brasil, curso de
interesse coletivo. A prática
capacitação para gestores sociais
e o discurso evidenciam Senac oferece o curso
Ampliação das em ferramentas de gestão e Projeto piloto de indução ao
uma mudança no forma de de Capacitação em
experiências de animação de Redes Sociais. desenvolvimento local a partir
pensar e fazer em prol da Ferramentas de Gestão
organização em Rede das Redes Sociais de Itaquera,
coletividade. para as organizações sociais Início do intercâmbio
Social na cidade Programa de Desenvolvimento Rio Claro e Catanduva.
de São Paulo. O de diversas localidades. A entre as Redes Sociais de
Local do Senac – nova metodologia
Fórum Permanente partir disso, várias Redes Limeira, Votuporanga e
para induzir o desenvolvimento Seminário Redes e
do Terceiro Setor, 2003 Sociais foram formadas.
local a partir das Redes Sociais. Desenvolvimento – evento de
Catanduva – lideranças
realizado mensalmente Realização do Seminário de são capacitadas
Lançamento do Fórum do Terceiro grande porte, realizado pelo
na sede do Senac (Rua Redes, Alianças e Parcerias, para desenvolver o
Setor nas cidades do Interior Senac São Paulo em parceria
Dr. Vila Nova), ganha em Águas de São Pedro. processo de governança
de São Paulo. com a ABDL para disseminar
maior importância Constituição Início das Redes Sociais comunitária.
conceitos e socializar
e passa a receber os do Programa Votuporanga e Rio Claro. experiências de trabalho
participantes das Fome Zero, Realização de Fóruns do da instituição e de outras que
redes existentes nas com foco nas Terceiro Setor nas cidades 2005 atuam no setor. 2007
macrorregiões de ações de geração de Votuporanga, Catanduva
São Paulo. de trabalho e e Presidente Prudente. Rede Social de Catanduva inicia
2001 renda. Denúncias de o trabalho de Desenvolvimento
Organizações sociais
mensalão no Local no bairro do Pachá e
responsáveis são esperança
governo Lula. amplia as possibilidades de
Atentado de de avanço social e de
11 de setembro.
2002 2004 participação comunitária.
desenvolvimento
econômico, social e político.
PAC – Programa de
Lula é eleito como modelo de aspiração Início da participação do Aceleração do Crescimento.
para mudança social. Início do governo poder público nas Redes Melhoria do poder aquisitivo

– MINHA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA


Lula – expectativa. Reflexões de valores a Sociais – exemplo Rede das classes D e E.
partir do governo Lula. Social Catanduva (2004) 2006
Programa Fome Zero. e Rede Social Jabaquara
Proliferação das organizações sociais em (2005).
busca das soluções desenvolvimentistas. Reeleição de Luiz Inácio
– MEMÓRIA SOCIAL

Guerra do Iraque. Lula da Silva.

26 27
Movimento 2:
Refletir sobre o fazer histórico
Firmando princípios
A partir da vivência de construção das linhas do tempo, o • Toda história tem valor. “A minha história é diferente
grupo pode retomar os conceitos de memória individual e A história de cada pessoa ou da dos outros, mas também
coletiva, bem como refletir sobre a dinâmica de construção grupo é única, tem valor e merece de certo modo se assemelha à
da história. ser preservada e conhecida. Não história de muitas mulheres
A valorização das histórias de vida das pessoas – contadas por há histórias melhores ou piores, como eu. De algum modo,
elas mesmas, registradas e socializadas pelos próprios grupos, nem mais ou menos importantes. eu gostaria que a minha
comunidades e instituições – traduz uma forma de entender o • O uso das narrativas históricas história pudesse também ser
que é, como se faz e para que serve a história: faz parte do cotidiano. A história a história de outras pessoas.
produzida merece ser preservada Acho que é isso que me motiva: contar minha
• A História é uma narrativa. Não há uma única História já para as futuras gerações, mas só própria história, mas também trazer a história
pronta. Ela é sempre narrada, contada por alguém. É um de uma cultura, de uma etnia.”
é preservado o que tem sentido
processo vivo, permanente. Por mais que fale do passado, a
social. Integrado ao dia-a-dia Lourdes Alves de Souza,
História é feita no presente e, de acordo com a percepção do
presente, de forma acessível Rede Social São Paulo
grupo, ela pode mudar.
e útil, o registro e o uso das
• A História é feita pelas pessoas. Toda pessoa é personagem e histórias se perpetuam.
autor da História. De um lado, ela faz parte e se relaciona com Tão importante quanto contar uma história é fazer com que
os acontecimentos e rumos coletivos. De outro, participa da seja ouvida e usada.
autoria desse registro. Como titular de sua trajetória de vida, • O que é produzido socialmente deve ser apropriado pela
toda pessoa tem o direito de decidir o que quer contar sobre sociedade. A história de cada um diz respeito à história de toda
sua experiência, bem como de qual forma e para quem quer a sociedade. Deve-se garantir o acesso público e o amplo uso
transmiti-la. das narrativas históricas.

A possibilidade de democratizar as fontes e os autores da “Garantir o retorno para a comunidade, fortalecer a autoria é
História despertou muitos comentários por parte do grupo: muito importante”, comentou o grupo.
“É uma mudança de paradigma.” “As outras pessoas poderem • A articulação das histórias contribui para uma nova memória
registrar suas histórias, o foco do registro também muda.” social. Articuladas, as narrativas produzidas por diferentes
Em especial, despontou a oportunidade de enriquecer a indivíduos, grupos e instituições tecem uma nova memória
história dos movimentos sociais. “Há uma dimensão política. social, plural e democrática.

– REFLETIR SOBRE O FAZER HISTÓRICO


Hoje, esse conhecimento do fazer social não é feito pelos atores do “É a idéia de rede, de mosaico”, sintetizou um dos participantes.
movimento social.” “Geralmente é uma visão de quem vem de fora e, “Vários projetos de memória contribuem para formar uma grande
mesmo quando se fala, é do ponto de vista das pessoas importantes rede, que reflete os processos sociais em que vivemos.”
– MEMÓRIA SOCIAL

dos movimentos sociais.” “É importante ter o olhar de quem é de


dentro do movimento; cria-se um vínculo.”

30 31
Etapas essenciais
A partir desses princípios, a realização de um projeto 2. Organizar história – Para que os conteúdos registrados e coletados na primeira etapa
de memória pode ser entendida em três etapas essenciais: possam ser utilizados pelo próprio grupo ou por outros públicos, é necessário organizar
construir, organizar e socializar história. Não são etapas a história produzida. Acima de tudo, esta etapa permite que o usuário acesse e relacione
estanques ou sucessivas. Na verdade, acontecem em paralelo e esses conteúdos e estabeleça novas conexões entre eles. Possui três fases principais:
se entrelaçam continuamente. classificar, processar e preservar.

1. Construir história – O grupo é estimulado a produzir 3. Socializar história – O ciclo só se completa quando o conteúdo produzido é
narrativas, coletar documentos, fotos, objetos e identificar socializado. Toda história pressupõe troca – as narrativas só existem à medida que, além
espaços e construções que considere parte de sua história. de narradas, sejam também escutadas e interpretadas por alguém. Essa socialização
Da história individual à história coletiva, o grupo pode usar pode acontecer em diferentes níveis: do próprio grupo envolvido ao público mundial
diferentes ferramentas (entrevistas, rodas de histórias, linhas da internet. É nessa teia que as narrativas se conectam, abrindo novas possibilidades de
do tempo, seleção e coleta de objetos, fotografias) para produzir interação social.
registros que se tornam fontes e referências de sua história.

CONSTRUIR, ORGANIZAR E SOCIALIZAR HISTÓRIA


Glossário

O que é memória individual?


TODOS
Cada pessoa carrega dentro de si suas vivências, impressões, Sociedade em geral
acompanhadas de suas aprendizagens. Não guarda tudo, pois
a memória é sempre seletiva. Vale ressaltar que os critérios Articular, fazer parte
do que é significativo ou não resultam do espaço e do tempo da História da sociedade

em que se vive. A história de cada um contém a história de NÓS


Coletivo do projeto
um tempo, dos grupos a que pertence e das pessoas com
quem se relaciona. Construir, organizar e
socializar nossa história

– REFLETIR SOBRE O FAZER HISTÓRICO


O que é memória coletiva? EU
Cada pessoa
É o conjunto de registros eleitos pelo grupo como do projeto
significativos, que estabelece sua identidade, seu jeito de ser
Construir, organizar e
e viver o mundo e decorre dos seus parâmetros históricos e
– MEMÓRIA SOCIAL

socializar minha história


culturais. A possibilidade de compartilhar dessa memória é
que dá a cada um o senso de pertencimento. Trata-se de uma
relação criativa e dinâmica entre o indivíduo e o grupo.

32 33
Movimento 3:
Contar e ouvir histórias
Roda de histórias
“A história que eu
Para começar a “Construir História”, é necessário provocar Busca-se transformar a entrevista tenho para contar é
e registrar narrativas. Com esse propósito, e a linha do tempo num momento solene, até mesmo pparte de mim mesma.
como cenário, foi proposto que o grupo do Projeto Memória sublime, em que a pessoa possa Eu desenvolvia
Social compartilhasse suas experiências. Organizou-se, assim, se religar a sua memória e contar um projeto junto
uma roda de histórias. sua história, com ajuda de um à associação de
A roda é um espaço quase mágico, em que os olhares se entrevistador atento e respeitoso. moradores do meu
encontram, o silêncio é respeitado e o poder da palavra gira É como puxar o fio da memória e bairro, como dona-
entre todos. Nesse sentido, os participantes do projeto foram deixar que a narrativa flua. de-casa, como mãe, como esposa, mas
não tinha nenhuma formação técnica.
convidados a formar uma roda e pensar: Como cada um se insere Costuma-se dizer que, para uma
Quando eu cheguei, no primeiro dia, as
nessa trama? Algum episódio o/a marca de maneira especial? boa entrevista, pode bastar uma
pessoas começaram a se apresentar: ‘eu sou
Que história gostaria de contar? Entre outras histórias, Neuda e primeira pergunta. A partir de
socióloga’, ‘sou psicóloga’, ‘sou economista’
Alexandra relataram sua experiência no trabalho comunitário e então, é saber ouvir uma história
e foram falando, falando, falando...Eu me
na Rede Social (veja o box na página ao lado). que muitas vezes está simplesmente
apresentei e fiquei me perguntando: mas o
guardada, pronta para ser contada.
que é que eu tô fazendo aqui.
Cabe ao entrevistador auxiliar a
No segundo dia, vieram os termos: ‘otimizar’
Descoberta da entrevista pessoa a organizar as lembranças
e não sei o quê. E eu corri na biblioteca,
que vêm à tona em uma narrativa
peguei o dicionário e fui procurar todas
Após a vivência da roda de histórias, o grupo passou a própria. Tão importante quanto o
aquelas palavras. Porque, enquanto
descobrir outra maneira valiosa de provocar a narrativa de uma conteúdo narrado é seu ritmo e o
elas falavam, eu ia anotando lá no meu
pessoa: a entrevista de história de vida. jeito de contar.
caderninho. Depois, eu fui tomando
Tanto o papel de entrevistado como o de entrevistador foi consciência de que realmente era o lugar em
vivenciado e refletido pelos participantes. Em trios, todos que eu deveria estar, porque eu não tinha
realizaram o exercício, revezando-se nessa posição, sempre teoria, mas eu tinha prática. Então, a Rede
com a participação de um observador, que registrou as suas Social, para mim, veio trazer aquilo que era
impressões. Em seguida, os grupos apresentaram sua síntese, primordial, que é a formação.”
analisando o surpreendente processo da entrevista. Neuda Maria de Souza Martins,
A entrevista é uma prática de interação entre dois lados: Rede Social Limeira
quem conta e quem pergunta/ouve. Ao contrário de um Glossário
“interrogatório” ou “questionário”, o que se busca é criar

– CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS


um momento de troca e diálogo entre as duas partes, sendo O que é história de vida?
– MEMÓRIA SOCIAL

que o assunto da conversa é a história de vida de uma delas. Podemos definir história de vida como a narrativa construída a partir
Pode-se dizer que a entrevista é um produto em co-autoria do do que cada um guarda seletivamente em sua memória. Ela corresponde
entrevistado e do entrevistador. a como organizamos e traduzimos para o outro parte daquilo que
vivemos e conhecemos.
36 37
Entrevistado e entrevistador
Cada entrevistado não é entendido como uma mera fonte de • Sabedoria – O entrevistador nunca deve julgar o entrevistado. Exigir atitudes,
“informações” sobre o assunto, mas, sim, como uma pessoa discutir opiniões ou cobrar verdade e precisão histórica. O objetivo da entrevista é
que de alguma maneira vivenciou um pedaço daquela história. registrar a experiência pessoal que o entrevistado tem dos acontecimentos e não uma
Nesse sentido, sua narrativa de vida é, em si mesma, a principal verdade absoluta.
fonte que se quer coletar. É muito importante que o grupo sinta
curiosidade e respeito pelo entrevistado. • Humildade – O diálogo é baseado no entrevistado. O entrevistador não deve
pressupor que o entrevistado possui os mesmos valores e conceitos que ele.
O entrevistado é o autor principal da narrativa. É ele quem
deve determinar o ritmo, o estilo e o conteúdo da sua história.
• Emoção – O papel do entrevistador é estimular e auxiliar o entrevistado na construção
No entanto, o sucesso da entrevista depende muito do
da história que ele quer contar. O entrevistador não é um psicólogo. Não deve procurar
entrevistador. É importante refletir em grupo a respeito de
subentendidos, não ditos. Mas certamente a emoção faz parte.
alguns pontos sobre o papel e a postura do entrevistador:
• Ritmo próprio – Cuidado para não interromper a linha de raciocínio do entrevistado,
• Autoria – A entrevista surge da interação entre entrevistado mesmo que pareça que ele esteja saindo fora do tema. Apenas interferir quando for
e entrevistador. Cabe ao entrevistador um papel ativo na
realmente necessário, seja para retomar o fio da meada, seja para ajudá-lo a seguir.
produção da narrativa.
• Atitude – O corpo, os olhos, os movimentos fazem parte do diálogo e influenciam
• Respeito – A entrevista é um momento solene, até mesmo a construção da narrativa. É necessário estar atento. Cuidado em não demonstrar
sagrado, no qual o entrevistado está eternizando sua história impaciência ou desinteresse, olhando o relógio, bocejando.
e o entrevistador participa da construção de um documento
histórico. É importante preparar um ambiente acolhedor para • Foco – O entrevistador deve priorizar a narrativa, as histórias. Não deve deixar o
garantir que o entrevistado se sinta tranqüilo e, acima de tudo, entrevistado perder-se em comentários e opiniões genéricas.
ouvir com atenção a sua história. Quando o entrevistado é
idoso, há a tendência a infantilizá-lo, e é muito importante que • Organização – Todo material e equipamento necessário para a realização da
não se caia nessa tentação. entrevista deve ser ordenado e testado antes dela.

• Receptividade – O roteiro é apenas um estímulo.


É necessário estar totalmente disponível. Ser curioso, escutar
com atenção. As melhores perguntas surgem da própria
história que está sendo contada. Se o entrevistado falar sem

– CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS


perguntas, pode seguir sem interrupção.
“Nunca pensei que ia ficar tão emocionada em ouvir a história de alguém.
Você passa a ver a pessoa de outra maneira, suas forças e possibilidades.”
– MEMÓRIA SOCIAL

Lourdes Alves de Souza, Rede Social São Paulo

38 39
Roteiro da entrevista EM AÇÃO
Cabe ao entrevistador ajudar o entrevistado na construção de O roteiro não deve ser entendido Construção do roteiro
sua narrativa, fazendo perguntas, estimulando seu relato. como um questionário rígido, mas
É importante, portanto, ele se preparar para esse momento, e a como um guia para “puxar o fio da 1. Para começar – Começar com
elaboração de um roteiro da entrevista ajuda bastante. memória” do entrevistado. O desafio é perguntas fáceis de responder, como
nome, local e data de nascimento.
construir uma seqüência de perguntas Além de contextualizar a pessoa,
que ajude a pessoa a encadear seus essas perguntas têm a função
pensamentos e organizar a narrativa de “esquentar” a entrevista. É
como um começo delicado de um
à sua maneira. O tipo e a ordem das relacionamento, e nada como
perguntas – estejam ou não previstas perguntas simples e objetivas para
Perguntas que ajudam: no roteiro – tendem a definir o tipo de deixar o entrevistado à vontade
e ajudá-lo a mergulhar em suas
• Descritivas - Recuperam detalhes envolventes. história que será contada. memórias.
Exemplo: descreva como era a casa de sua infância. Após um exercício de entrevista
2. Encadeamento – A ordem cronológica
entre eles, os participantes do costuma ser um bom fio condutor
• De movimento - Ajudam a continuar sua história. da conversa, mas não é o único. Vale
Projeto Memória Social discutiram a
Exemplo: o que você fez depois que saiu de casa? observar se a comunidade ou grupo
realização da primeira entrevista do
tem outra lógica de organização
• Avaliativas - Provocam momentos de reflexão e projeto e definiram o nome de Jorge de suas histórias. Se for adotado o
avaliação. Exemplo: como foi chegar à cidade grande? Carlos Silveira Duarte, da Gerência critério cronológico, o roteiro pode
ser organizado em três grandes blocos
de Desenvolvimento. Elaboraram,
de perguntas:
então, o roteiro de perguntas para o
Introdução – Origem da pessoa, pais,
Perguntas que atrapalham: convidado (págs. 42 e 43). avós, infância.
• Genéricas - Estimulam respostas genéricas (“boa” ou Desenvolvimento – Fases da sua
“muito difícil”), sem histórias. Exemplo: como foi sua trajetória, incluindo, se for o caso, o
tema específico do projeto.
infância?
Finalização – Conclusão da história,
• Puramente informativas - Podem desconcertar o relação com o presente e o futuro.
entrevistado e interromper sua narrativa. Exemplo:
3. Número de perguntas – O roteiro não
qual era o nome da praça? (Se importante, tal dado precisa ser extenso nem exaurir
deve ser pesquisado antes ou depois da entrevista.) todos os temas, pois é apenas uma
base para a entrevista. Um bom
• Com pressupostos - Propiciam respostas meramente exercício é começar construindo

– CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS


opinativas. Exemplo: o que você acha da situação atual dez perguntas (três de início,
quatro de desenvolvimento e três de
do Brasil? finalização) e depois subdividir cada
– MEMÓRIA SOCIAL

• Com julgamento de valor - Atendem apenas a uma em sub-blocos temáticos.

hipóteses e anseios do entrevistador. Exemplo: você


não acha que deveria ter feito algo?

40 41
Roteiro de entrevista
Elaborado pelo grupo para a primeira entrevista do projeto.

Introdução/infância Atuação profissional


• Nome, local e data de nascimento. • Com que idade começou a trabalhar?
• Qual a origem da sua família? Fale um pouco sobre ela. • Qual o seu primeiro emprego?
• Descreva os fatos marcantes da sua infância. • Quais profissões já exerceu?
• Fale da experiência internacional.
Imigração • Quando e como você chegou ao Senac?
• Como se deu a sua vinda para o Brasil? Por que o Brasil? • Descreva como se desenvolveu sua carreira no Senac.
• Onde foi morar quando chegou ao Brasil? • Qual seu cargo e sua função no Senac atualmente?
• Quais os laços de família que mantém no Brasil e quais
ficaram?
Rede Social
• Quando chegou, como foi essa sensação de ser • Como iniciou sua atuação na área social?
estrangeiro?
• Qual o fato marcante?
• Ainda se sente estrangeiro? Por quê?
• Qual a sua visão sobre desenvolvimento local?
• Como construiu as relações sociais no Brasil? (amigos,
colegas de escola) • Quais as influências/inovações/novos conhecimentos que você trouxe para a sua
gerência?
• Fale sobre o trabalho da Rede Social nas comunidades.
Adolescência
• Como se dá a participação dos movimentos sociais na gestão pública?
• Você passou sua juventude na mesma cidade? Descreva
um pouco esse período. • Como vê a questão dos movimentos sociais no mundo? Qual a perspectiva?
• Quais as suas atividades nessa época? • Qual é a visão de futuro para a Rede em dez anos e além? Qual a expectativa?
• Que tipo de adolescente você era?
• Participou de algum movimento político nessa época? Finalização

– CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS


• O que você queria ser quando crescer? • Como articula vida pessoal e trabalho?
– MEMÓRIA SOCIAL

• Qual a sua formação? • Qual o sonho hoje?


• Que emoções sentiu durante a entrevista? Como foi participar desta entrevista?

42 43
EM AÇÃO
Registro da entrevista
Gravação em vídeo Certamente, o momento
Equipamento – Uma câmera de vídeo, um tripé de câmera, um
da entrevista por si só pode
par de microfones, um kit básico de luz e um fundo fotográfico. ser muito significativo para
Câmeras – Vale tentar os modelos digitais, sobretudo DVCam. os envolvidos. Entretanto,
Enquadramento padrão – É o chamado plano americano, que para “construir história”,
registra o depoente de maneira semelhante a uma fotografia é essencial o registro do
3x4. Sem movimentos significativos de câmera, salvo em depoimento. Apenas assim
ocasiões nas quais o entrevistado se movimenta a ponto de
comprometer o enquadramento. a narrativa produzida
poderá se manter no tempo
Iluminação básica – O objetivo é homogeneidade e baixo
contraste. e ser acessada pelos outros.
A forma de garantir o
Gravação em áudio registro integral da fala do
Entrevista realizada com
Equipamento – Um gravador (de preferência digital), dois entrevistado é a gravação em
Jorge de Paula Ribeiro Filho
microfones de lapela com fio (recomendado) ou um “microfone áudio ou vídeo.
de mão”. em 26 de junho de 2007,
A entrevista pode ser realizada por duas em Votuporanga. Jorge
Gravadores – Os gravadores digitais são de pequeno porte, com
pessoas: uma assume a interlocução direta
melhor qualidade de registro, sem o risco de deterioração das é voluntário na Aprevo
fitas cassete. Eles registram, na memória do equipamento, o com o entrevistado e a outra observa. Com uma – associação de apoio
áudio num arquivo digital, que depois é salvo no computador e visão do todo, esta última percebe os “ganchos”
reproduzido em CD. aos pacientes que fazem
perdidos e ajuda a complementar. Uma hemodiálise. A entrevista foi
Microfone – No caso de microfones de lapela, um deve ser entrevista de história de vida dura, no mínimo,
colocado no entrevistador e o outro no entrevistado. Microfones feita por Daniela Marin e Ana
de lapela devem ser presos às roupas a cerca de 20 cm da boca, uma hora e meia, mas pode também ter mais de Cristina Fernandes, da Rede
sempre longe de colares ou gravatas. No caso de “microfone de dez horas de duração (em várias sessões). Social de Votuporanga.
mão”, é necessário acoplá-lo a um pedestal montado o mais
perto possível do entrevistador, já que é menos sensível. Cuidados especiais podem ser tomados
para retribuir ao entrevistado seu presente:
uma cópia da entrevista, o convite para que
Dicas
ele participe do resultado final do projeto,
Vários podem ser os ambientes para a realização da entrevista.
Mas, preferencialmente, devem ser locais silenciosos, sem um certificado, uma carta de agradecimento
outros estímulos. etc. Além do reconhecimento por sua
Avisar o entrevistado que, sempre que quiser, poderá ser feito participação, todos esses cuidados constituem

– CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS


um intervalo. No entanto, é importante que a entrevista não seja estratégias para que o entrevistado se
interrompida pelos entrevistadores ou pela equipe de gravação.
conscientize da importância de sua história e
– MEMÓRIA SOCIAL

É importante que todos desliguem celulares, pagers, e que dos desdobramentos que ela pode ter ao ser
peçam a familiares ou pessoas do entorno que não interrompam
a entrevista. integrada às histórias de sua comunidade e da
sociedade como um todo.

44 45
A primeira entrevista
“Da minha infância, uma
coisa legal que me lembro é do “Os entrevistados foram escolhidos pela riqueza que poderiam trazer ao projeto.
futebol, não tanto pelo futebol A comunidade contribui muito na busca da moradora mais antiga.”
em si, mas pelo que significava Maria Cristina Degli Esposti, Rede Social Rio Claro
o time de futebol no bairro. A
diretoria era formada pelos
próprios pais, e era uma festa!
No domingo, as famílias
iam participar, torcer... O
bairro era uma família. Todo
mundo se conhecia, era uma
O que contribuiu:
comunidade.” • “A tranqüilidade do entrevistador permitiu que o entrevistado ficasse à vontade.”
“Outra coisa que me
marcou muito é que aos 11 anos tive um professor • “Em nenhum momento o conteúdo foi manipulado.”
chamado Nestor. Fomos para uma escola nova, só que
nessa escola as carteiras ficaram soltas... E o professor
• “O entrevistado ouviu atentamente.”
começou a conversar com os alunos, que a gente • “O roteiro foi sendo alterado de acordo com o conteúdo que ia aparecendo.”
poderia fazer esse trabalho se conseguisse a madeira...
E ali eu aprendi a furar madeira, a pregar um prego, a • “Refazer a pergunta para voltar no foco.”
fazer uma conexão. Foi uma aprendizagem do querer
fazer, construir, trabalhar em grupo.” • “O local é muito importante.”
Estes dois pequenos trechos sobre a infância • “Postura de acolhimento, empatia e interesse.”
de Jorge Duarte fazem parte da primeira
entrevista realizada pelos integrantes do projeto.
Por quase duas horas, puderam conhecer e O que não contribuiu:
registrar sua trajetória.
Como parte do aprendizado, a entrevista foi
• “Atenção no tempo podou um pouco a entrevista.”
realizada por uma dupla indicada pelo grupo, • “A presença de outras pessoas durante a entrevista pode prejudicar a naturalidade
com a observação dos demais. Na seqüência,

– CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS


das respostas.”
todos conversaram sobre a postura dos
entrevistadores e a qualidade das perguntas e • “Barulho no ambiente.”
– MEMÓRIA SOCIAL

puderam identificar o que contribuiu ou não


para a fluência da entrevista.
• “O fato de um dos entrevistadores mascar chiclete durante a entrevista.”

46 47
Em busca de mais histórias
EM AÇÃO
Depois da entrevista de estréia, o grupo se organizou em Para chegar às pessoas que podem
duplas segundo a localidade. Cada dupla se propôs, então, Escolha dos entrevistados
contribuir para a história que se
a realizar uma nova entrevista, já na sua comunidade, na deseja registrar, vale a pena definir O roteiro a seguir pode orientar a
perspectiva de iniciar um projeto local. Para tanto, foi escolha dos entrevistados:
critérios e organizar um quadro de
necessário discutir quem entrevistar. Definidos os nomes, entrevistados. O levantamento das Definir critérios – O grupo deve buscar
os critérios que podem garantir a
as duplas partiram para as entrevistas, adaptando o roteiro pessoas pode ser realizado de forma profundidade e a diversidade de
para cada convidado. empírica, freqüentando encontros, assuntos e enfoques desejados.
circulando pela comunidade ou Sendo a história uma narrativa e os
entrevistados autores dessa narrativa,
pedindo indicações. Em geral, quanto mais diversos, mais rico será o
levantam-se muito mais nomes resultado.
do que o número de pessoas que Mapear nomes – Definidos os critérios,
serão efetivamente entrevistadas, uma primeira lista de nomes pode
ser produzida a partir da leitura de
garantindo oportunidade de reflexão material já existente sobre o tema,
e escolha por parte da equipe. bem como da sugestão das pessoas do
grupo. Também vale lançar a pergunta
Organizar e sistematizar essas
para a instituição ou comunidade em
opções, entretanto, não significa geral: quem você conhece que pode
que a narrativa de um é melhor ou nos ajudar a contar essa história?
mais verdadeira do que a de outro. Contato inicial – Uma pré-conversa
O quadro de entrevistados tem com o potencial entrevistado permite
que a equipe confirme as informações
como premissa a idéia de que cada da indicação, bem como apresente
pessoa selecionada traz, em sua o projeto à pessoa e saiba se ela
história de vida, uma perspectiva deseja compartilhar sua história.
Cabe exclusivamente a ela aceitar
sobre o conjunto de histórias que se ou não o convite. Nesse momento,
quer levantar. a equipe também pode avaliar se a
pessoa precisa de alguma atenção
especial por conta da idade ou alguma
deficiência.
Pesquisa preparatória – Uma pesquisa
“A entrevista do Professor foi uma opção do Cícero,
preliminar em jornais, livros ou na
justificada pela sua simplicidade e pelo seu significado na internet pode ajudar a equipe a

– CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS


comunidade. O Professor, como é conhecido o Sr. Clinger, compreender melhor o contexto dos
entrevistados: seus costumes, sua
é participativo, conselheiro, um filósofo do povo.”
época, suas características culturais.
– MEMÓRIA SOCIAL

Maria Lúcia Alves, Rede Social Também facilita a elaboração


São José do Rio Preto das perguntas e a condução do
depoimento.

48 49
Trabalho com as fotos
EM AÇÃO
Além da narrativa, as fotos, os documentos e objetos pessoais
também são valiosos portadores da memória. Não se trata Confira como o trabalho com o acervo pessoal pode ser facilitado:
somente de ilustrar a entrevista, mas sim de complementá- Pedir ao entrevistado que selecione fotos, objetos e documentos
la e enriquecê-la. Dessa maneira, em torno do entrevistado, significativos da sua trajetória de vida. O convite para a entrevista
costuma ser um bom momento para esse pedido.
forma-se um acervo, muitas vezes inédito e de grande riqueza.
Estimular o entrevistado a contar as histórias ligadas ao seu acervo.
É necessário reservar tempo e criar ambiente para levantar e
registrar esses relatos. Essa conversa pode ser antes ou depois da
entrevista ou até mesmo em outra ocasião agendada.
Registrar o relato sobre as fotos e os documentos. Ele pode ser
“Registro da primeira saída do nosso anotado pelo entrevistador ou até mesmo gravado em áudio ou vídeo.
filho, Iuri, ao quintal para tomar sol, na O entrevistado também pode ser convidado a escrever sobre ele.

primeira semana em casa. A foto foi tirada Identificar e processar esse conteúdo como parte do acervo do
projeto. Assim, as fotos, os documentos e objetos poderão ser
na cidade de São Paulo, em outubro de 1990, consultados, além de serem rica matéria-prima para elaboração
pelo meu marido, Luiz Henrique.” de produtos.
Cristina Prado Rodrigues,
da Rede Social Águas de São Pedro

“Eu tinha cinco anos, minha irmã


Glossário
três e meu irmão sete. Todas as férias,
O que é acervo pessoal?
íamos para Peruíbe. Lembro-me que
A lista não é fechada. Ao contrário: pode ser toda foto,
eram os momentos mais gostosos em
documento, ilustração ou objeto que o entrevistado
família. Meu avô comprou a casa lá em
preserve como parte da sua história. A escolha do que é ou
1958. Nessa época, a luz era com gerador
não significativo para ilustrar sua trajetória sempre é do
e as ruas eram de areia... Todos os dias,
próprio entrevistado. Entretanto, ele pode ser incentivado
íamos à praia e, até a adolescência,
a considerar imagens, documentos ou objetos menos

– CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS


crescemos por lá. Tudo de bom.”
convencionais como parte de seu acervo. Tanto quanto uma
Cecília Tavares, da Rede Social São Paulo
medalha, uma simples mala de viagem ou brinquedo podem
– MEMÓRIA SOCIAL

fazer parte do acervo. O mesmo acontece com um passaporte


ou um bilhete de despedida, um retrato de formatura ou a
foto da mãe cozinhando.

50 51
Movimento 4:
Organizar as histórias
Para quê? Passo 1: Classificar EM AÇÃO
Após “Construir História”, ganha ênfase a fase do “Organizar Classificar é essencialmente separar e
Procedimentos iniciais
História”. Isso significa, essencialmente, pensar no outro, identificar o material coletado segundo
A seguir, algumas práticas de
permitindo que a história permaneça no tempo. Para que algumas categorias preestabelecidas pelo
organização do conteúdo:
possa ser socializada, é necessário que seja disponibilizada e grupo. O objetivo principal é possibilitar
Identificação – É muito mais
preservada de forma organizada. Mas organizar não corresponde ao próprio grupo, assim como a outros prático e seguro identificar
a dispor o acervo em prateleiras ou armazenar em armários. potenciais usuários, o acesso ao material. minimamente cada foto, documento
É, fundamentalmente, criar instrumentos que permitam a e objeto no momento em que
Existem inúmeras formas de definir é coletado. Da mesma forma,
localização, o uso e o crescimento ordenado do acervo, inclusive as categorias de classificação, como, cada fita ou CD gravado devem
de maneira virtual. por exemplo: tipo de material (papel, ser etiquetados imediatamente.
Antes da entrevista, vale a pena
Podemos dividir o aprendizado do “Organizar História” em vídeo, áudio, fotografia, objeto etc.), gravar um pequeno cabeçalho
três etapas principais: classificar, processar e preservar. procedência (museu da cidade, casa informando nome completo do
de fulano de tal, biblioteca, rua etc.), entrevistado, entrevistadores, data
e local do registro. Incorporada à
tema (trabalho, mulheres, festas etc.), gravação, essa claquete permite a
tipo de pesquisa (depoimentos, acervos identificação imediata dessa nova
pessoais, acervos públicos), entre fonte histórica.
Glossário outras. Pode-se criar classificações Recibo de empréstimo – Todo material
emprestado por um entrevistado ou
amplas ou extremamente detalhadas. O
instituição necessita de atenção
O que é acervo? fundamental é que as categorias sejam redobrada. Um pequeno recibo
Acervo é um conjunto de documentos de diferentes compreensíveis e combinadas entre de empréstimo listando os itens
suportes e formatos, destinados a pesquisa, consulta, emprestados, data de empréstimo
todos do grupo. É importante também
e devolução ajuda a evitar mal-
ou simplesmente guarda. Reunidos e organizados, eles que o sistema classificatório esteja entendidos.
constituem um acervo, que pode se manter em constante explicado para o público, permitindo que Cessão de direitos – A história de
construção. o material seja consultado. cada pessoa, grupo ou instituição
diz respeito à história de toda a
Uma ferramenta bastante eficaz
O que é a licença Creative Commons? sociedade. Dessa forma, vale garantir
para organizar classificações é a criação que um conteúdo socialmente
Criada em 2001, por uma iniciativa de Lawrence produzido seja socialmente
de fichas e etiquetas. Com campos de
Lessig, professor da Universidade de Stanford, a licença apropriado. É essencial que os
informação padronizados, elas permitem
de Creative Commons (www.creativecommons.org. autores da narrativa (o entrevistado
coletar e registrar, de maneira organizada, ou o titular de uma foto, por
br) permite uma utilização mais ampla de conteúdos exemplo) autorizem a reprodução e
informações sobre o conteúdo. Números,
da internet, mas sem infringir as leis de proteção o uso da sua imagem, voz ou texto,

– ORGANIZAR AS HISTÓRIAS
códigos, nomes servem para classificações. É
à propriedade intelectual. No Brasil, a instituição bem como sejam esclarecidos quanto
uma prática que faz parte do nosso dia-a-dia. ao destino do material. Há diferentes
– MEMÓRIA SOCIAL

responsável por adaptar a Creative Commons à realidade modelos de cessão de direitos. O


O exemplo mais simples é um endereço, que
do país é a Fundação Getúlio Vargas, por meio do CTS exemplo da página 57 foi elaborado
inclui “categorias” como cidade, rua, número,
(Centro de Tecnologia e Sociedade) da Escola de Direito em consonância com o conceito da
bloco e apartamento (se for o caso) e CEP. Creative Commons.
(http://www.direitorio.fgv.br/cts/).
54 55
A classificação pode ser feita sobre cada um dos materiais Autorização de uso de imagem, som de voz, nome e
coletados (uma fotografia, por exemplo) ou sobre um agrupamento
dados biográficos em obras de preservação histórica
de materiais (um conjunto de fotografias). Quando o material possui
uma classificação integrada, isto é, quando cada uma das categorias se Eu, abaixo assinado e identificado, autorizo o uso de minha imagem, som da minha voz, nome e dados
relaciona com as outras, o resultado é uma base de dados que permite biográficos por mim revelados em depoimento pessoal concedido e, além de todo e qualquer material
que o material seja consultado sob várias perspectivas. Atualmente entre fotos e documentos por mim apresentados, para compor obras diversas de preservação histórica
existem, no ambiente virtual, inúmeras bases de dados. que venham a ser planejadas, criadas e/ou produzidas pelo Instituto Museu da Pessoa.net , com sede à
Rua Natingui, 1.100, São Paulo-SP, CEP 05443-020, inscrito no CGC/MF sob o nº 05.210.186/0001-27,
sejam essas destinadas à divulgação ao público em geral e/ou para formação de acervo histórico.
A presente autorização abrange os usos acima indicados tanto em mídia impressa (livros, catálogos,
revista, jornal, entre outros) como também em mídia eletrônica (videoteipes, filmes para televisão
Fichas de identificação aberta e/ou fechada, inclusive canais de mídia pela internet, cinema, documentários para cinema,
O uso de fichas é uma ferramenta bastante eficaz para organizar televisão e outros espaços de exibição, programas para rádio e podcast, entre outros), internet, VHS
classificações de conteúdo. Podem ser criados diferentes tipos de (“home video”), DVD (“digital video disc”), suportes de computação gráfica em geral e/ou divulgação
científica de pesquisas e relatórios para arquivamento e formação de acervo histórico, sem qualquer
ficha, dependendo do conteúdo levantado no projeto. Exemplos:
ônus ao INSTITUTO MUSEU DA PESSOA.NET ou terceiros por essa expressamente autorizados,
Ficha de cadastro – Organiza dados objetivos sobre o entrevistado que poderão utilizá-los em todo e qualquer projeto e/ou obra de natureza sociocultural voltada à
que não necessariamente são respondidos durante a entrevista. preservação da memória histórica, em todo o território nacional e no exterior.
As obras que utilizarem as imagens, sons, nomes e dados biográficos objetos da presente Autorização
Fichas de foto, documento e objeto – Organizam informações
poderão ser disponibilizadas, a exclusivo critério do INSTITUTO MUSEU DA PESSOA.NET, através da
sobre fotos, documentos e objetos do entrevistado. O preenchimento licença Creative Commons Atribuição – Uso Não-Comercial – Compartilhamento pela mesma licença
dessas fichas é uma boa oportunidade de provocar e registrar 2.5 Brasil, ficando certo que o presente documento autoriza essa forma de licenciamento.
episódios valiosos da história de uma pessoa ou instituição. Por esta ser a expressão da minha vontade declaro que autorizo o uso acima descrito sem que nada
haja a ser reclamado a título de direitos conexos a minha imagem ou som de voz, ou a qualquer outro, e
Em geral, as fichas possuem dois tipos de informação: assino a presente autorização.
Sobre conteúdo – O que é, quem, quando, onde. Pode haver dois
grupos de informação: as essenciais para todo tipo de projeto e as
complementares, que variam de acordo com o escopo e o perfil da _________________________, ___ de __________________ de ____________
iniciativa. Numa ficha cadastral, por exemplo, nome, sexo, data
e local de nascimento da pessoa são dados essenciais. Se for um ___________________________________________
projeto sobre imigrantes, passa a ser importante também o nome Assinatura
dos pais, seu local de nascimento e a data de chegada ao país.
Sobre coleta – Qual o suporte da gravação, informações técnicas Nome:
e dados sobre o momento da entrevista (diário de campo, Endereço:
observações). No caso da entrevista, por exemplo, vale saber o tipo
– MEMÓRIA SOCIAL

Cidade: Telefone para contato:


de registro (áudio ou vídeo), o nome dos entrevistadores, a data e RG nº: CPF nº:
o local da entrevista e, se possível, observações sobre o contexto Nome do representante legal (se menor):
no qual ela aconteceu.

56
Ficha de fotografia Exemplo de ficha de documento
Modelo usado pelo grupo no Projeto Memória Social Modelo usado pelo grupo no Projeto Memória Social

CÓDIGO DEPOENTE: CÓDIGO DEPOENTE:

ACERVO DE: Elizabeth Maria Kuhnen ACERVO DE: Adilson de Toledo Souza

CÓDIGO ARQUIVO DIGITAL: LOCAL DO ARQUIVO DIGITAL: CÓDIGO ARQUIVO DIGITAL: LOCAL DO ARQUIVO DIGITAL:
Adilson – 2
INDEXADOR: CIDADE/UF/PAÍS – DATA
Apicultura Itapecerica da Serra – SP – Brasil – 1995 INDEXADOR: CIDADE/UF/PAÍS – DATA
EVENTO: FOTÓGRAFO: São Paulo, Brasil - 27/3/1959
Oficina de Educação Ambiental Desconhecido
EVENTO: FOTÓGRAFO:
NOME DOS PERSONAGENS (da esquerda para direita): Aniversário de um ano Desconhecido
Alunos da oficina e Beth Kuhnen. Ao fundo, um educador e a diretora Marisa.
NOME DOS PERSONAGENS:
HISTÓRICO: Adilson de Toledo Souza
Beth conheceu Marisa (diretora do sítio Colina Verde, em Itapecerica da Serra) numa visita ao sítio, quando
conversaram muito sobre meio ambiente e apicultura. Desse encontro surgiu a idéia de realizar oficinas de HISTÓRICO:
educação ambiental para crianças, com foco na vida das abelhas, como forma de disseminar a organização Cartão comemorativo do primeiro ano de vida (27/3/1959).
social das abelhas e incutir valores no processo educativo. A proposta foi realizar a oficina de forma lúdica e
incluir jogos e brincadeiras numa grande colméia, que foi construída especialmente para esse trabalho. OBSERVAÇÕES:
Este tipo de cartão de aniversário era uma prática muito comum na época e tinha por objetivo, além de
OBSERVAÇÕES:
enaltecer o acontecimento, registrar a presença das pessoas no respectivo evento.
Os fantoches, favos e a colméia foram construídos com a orientação de uma designer amiga da Marisa.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO:
LEGENDA DA FOTO:
Beth no sítio Colina Verde, em oficina vivencial de apicultura para crianças – 1995. ( ) Bom ( ) Manchado ( ) Rasgado ( ) Riscado ( X ) Amarelado ( ) Com Fungos

ESTADO DE CONSERVAÇÃO: CORES: LOCALIZAÇÃO DO ORIGINAL:


( X ) BOM ( ) MANCHADO ( ) RASGADO ( ) RISCADO ( ) AMARELADO ( ) COM FUNGOS ( X ) P&B ( ) Cor ( ) Colorizado

CORES: LOCALIZAÇÃO DO ORIGINAL: RESOLUÇÃO DIGITAL (DPI):


( ) P&B ( X ) COR ( ) COLORIZADO ( ) 72 ( ) 150 ( X ) 300

RESOLUÇÃO DIGITAL (DPI): FORMATO DIGITAL:


FORMATO DIGITAL:
( ) 72 ( ) 150 ( X ) 300 ( ) CDR ( X ) JPG ( ) TIF
( ) CDR ( X ) JPG ( ) TIF ( ) GIF ( ) BMP
( ) GIF ( ) BMP

TRAJETÓRIA DA FOTOGRAFIA: TRAJETÓRIA DA FOTOGRAFIA

MARCAS DO FOTÓGRAFO: MARCAS DO FOTÓGRAFO

PESQUISADOR: DATA: PESQUISADOR: LOCAL E DATA:


Beth Kuhnen 5/10/2007 Adilson de Toledo Souza Águas de São Pedro, 24/9/2007
Passo 2: Processar conteúdo EM AÇÃO
Processamento pode ser traduzido como a preparação
Produzir sinopse – Sinopse é uma síntese, Atribuir palavras-chave – A palavra-chave,
do material coletado para consultas e usos variados. um resumo sobre o que o entrevistado geralmente, não é uma palavra dita
O conteúdo produzido pelo projeto precisa ser agrupado e falou no decorrer da entrevista. Seu literalmente pelo entrevistado, mas que
sistematizado para ser localizado e usado com agilidade. objetivo é informar ao usuário quais os condensa o teor do que ele contou. Por
principais temas presentes na narrativa. exemplo, ele pode não ter dito em nenhum
Um conjunto bruto de 200 horas de depoimento, por Há diferentes formatos de sinopse: pode momento a palavra “moradia”, mas ter
exemplo, dificilmente será escutado ou consultado por ser um texto curto (máximo de dez linhas) dedicado parte da sua entrevista a contar
alguém se esse acesso não for facilitado. ou uma seqüência de tópicos. O mais sobre a conquista da casa própria. A atribuição
prático é que seja elaborada pelo próprio das palavras-chave (pode ser mais de uma
A dimensão do processamento varia muito de acordo com entrevistador no final da entrevista, por entrevista) pode ser feita pelo próprio
o tempo e os recursos de cada grupo e vai desde a transcrição desde que ele tenha participado de entrevistador a partir da lista elaborada e
discussão em grupo a respeito do objetivo discutida em grupo. Costuma ser uma lista
e a edição completa do material até a digitalização de todas as
e do padrão da sinopse. controlada, pré-definida a partir do universo
imagens coletadas. Essa etapa é bastante árdua e requisita uma temático das entrevistas e do foco do projeto.
certa especialização. Tecnicamente, processar significa ampliar
os suportes, com a produção de textos, e construir metadados.
Os metadados podem contribuir muito. Pode-se trabalhar Produção de textos
com sinopses e palavras-chave. A atribuição de palavras-
Fonte histórica inédita, as entrevistas gravadas podem ser transformadas em texto
chave ajuda, inclusive, a relacionar diferentes conteúdos,
para garantir seu maior alcance e uso. Na versão escrita, uma entrevista pode ser
articulando as narrativas. Ela pode ser feita no processamento
mais facilmente aproveitada em diferentes atividades e produtos, como pesquisas
das entrevistas (transcritas ou não), bem como das imagens,
escolares, reportagens jornalísticas, material educativo, exposições culturais, livros,
áudios ou vídeos.
entre tantos outros.

Há pelo menos três tipos de texto que podem ser produzidos:

Transcrição total ou parcial – Transcrever significa passar o conteúdo oral para texto
escrito. Cada pergunta e resposta é redigida a partir da escuta paciente da gravação. Nesse
Glossário processo, devem ser resolvidas dúvidas em relação a nomes citados, grafia de palavras
etc. É um trabalho árduo e requer disponibilidade de tempo e dedicação. Há sempre a
alternativa de contratar profissionais ou buscar parceria com voluntários preparados. Na
O que é base de dados?
transcrição parcial, são transcritos apenas trechos previamente selecionados no áudio ou
Uma base de dados é um software que permite armazenar,
no vídeo. A escolha pode ser em função de um produto ou uma atividade, bem como de um
organizar e relacionar grandes quantidades de informação.

– ORGANIZAR AS HISTÓRIAS
tema de maior interesse do grupo.
Texto em primeira pessoa – A partir da escuta atenta à gravação, uma pessoa ou
– MEMÓRIA SOCIAL

O que são metadados?


De forma geral, é a informação sobre a informação. No caso de um grupo produz um texto com a fala do entrevistado.
acervo de histórias, podemos dizer que não é o conteúdo da história Texto em terceira pessoa – A partir da escuta atenta à gravação, uma pessoa ou grupo
em si, mas sim as informações sobre o registro da história. produz um texto relatando o que ouviu, podendo incluir informações de contexto.
60 61
No Projeto Memória Social, foram apresentadas as diferentes
Orientações para transcrição
possibilidades de textos a serem produzidos com a entrevista.
A partir do registro do depoimento, os participantes puderam Integridade – A transcrição é um documento histórico e, como tal, deve preservar,
transcrever toda a gravação, elaborar um texto na terceira pessoa ao máximo, a fala do entrevistado. No entanto, é necessário que haja, no mínimo,
ou ainda combinar esse texto com alguns trechos transcritos. uma revisão ortográfica.

Oralidade – No texto transcrito, a oralidade da narrativa deve ser valorizada.


Exemplo de produção 1 Manter as onomatopéias, os vícios de linguagem, os neologismos ou até mesmo as
Texto em terceira pessoa concordâncias verbais inadequadas é uma maneira de preservar o ritmo e o jeito
“O entrevistado contou suas experiências com as folias-de-reis, que de contar do entrevistado, tornando a leitura da história mais interessante.
sempre exerceram fascínio em sua vida. Sempre foi contramestre de folias- Grafia das palavras – Em princípio, a grafia das palavras deve ser corrigida.
de-reis. Hoje canta com outros mestres, mas tem vontade de reestruturar um É fundamental conferir a grafia dos nomes próprios. Consulte dicionários,
grupo para retomar as atividades. Contou sobre a sua alegria de participar guias de cidades, enciclopédias, internet, bem como o próprio entrevistado.
das “chegadas”, que são as festas de folias-de-reis. Durante a entrevista,
Geraldino mostrou uma das máscaras utilizadas durante as festividades, Pontuação – A pontuação da transcrição deve respeitar o ritmo da fala do
além de cantar algumas das músicas apresentadas nas folias.” entrevistado, mas não pode agredir as regras básicas da língua formal.
As pequenas demoras, recorrentes na fala, devem ser ignoradas.
Trecho de texto produzido por Heveraldo Galvão e Claudomiro
Utilize reticências para hesitações efetivas, situações de ironia, para sugerir
de Almeida, da Rede Social Catanduva, sobre entrevista realizada
continuação de assunto ou em outras situações previstas na gramática.
com Geraldino de Oliveira Ramos.
Indique quando ocorrer uma pausa longa durante a entrevista da seguinte
maneira: (PAUSA).
Exemplo de produção 2
Transcrição em primeira pessoa Trechos inaudíveis – Procure resolver os trechos de difícil compreensão, seja
pela qualidade do som, seja pela complexidade de determinadas palavras.
“Eu queria ir ao forró e pai não deixou. Então resolvi sair sem
Quando um determinado trecho for inaudível ou incompreensível, deve ser
ordem. Saí correndo na roça, me escondendo do meu pai que corria
indicado com um traço do tamanho aproximado do trecho em questão: _________.
atrás de mim. Achei uma moita, me escondi e
sentei em cima de um formigueiro. Enquanto Dúvida de compreensão – Quando houver dúvida sobre determinada palavra
meu pai gritava por meu nome, eu fiquei ou frase, coloque-a entre parênteses juntamente com uma interrogação. Não
quietinha e agüentei as formigas me picando. arrisque a grafia de nomes próprios. Toda vez que aparecer a mesma palavra
Quando percebi que meu pai foi embora, tirei use sempre a mesma grafia. No final do texto, liste as palavras que provocam
as formigas e, apesar da dor, fui ao baile e dúvidas para facilitar a correção pelos pesquisadores.
dancei a noite toda.”

– ORGANIZAR AS HISTÓRIAS
Emoção – Quando houver choro, riso ou outra demonstração de emoção durante
Trecho transcrito da entrevista de Rita Maria de Lima Silva, a entrevista, identifique com observação entre parênteses. Ex.: (riso).
– MEMÓRIA SOCIAL

realizada por Edson Alexandre Locatelli e Maria Cristiana Degli


Esposti, da Rede Social Rio Claro. Padronização – É importante adotar um padrão para a grafia de palavras
estrangeiras, números, siglas, entre outros. Há diferentes manuais de redação
que podem ser seguidos.
62 63
Digitalizar imagens EM AÇÃO
Para além da gravação e do texto da entrevista, podem fazer parte
Confira a seguir algumas dicas para a digitalização
do acervo do projeto fotos, documentos, desenhos coletados e/ou
produzidos durante o projeto. Neste caso, vale digitalizar as imagens. 1. Resolução – Dependendo 2. Formato – As imagens 3. Processamento de
da finalidade, a imagem digitalizadas em 300 imagens – Para
Além de permitir que os originais sejam devolvidos aos titulares, a pode ser digitalizada ou 600 DPI ficam processar imagens
digitalização ajuda a preservar o conteúdo e disponibilizá-lo para com mais ou menos no formato, não em alta resolução,
inserção em banco de dados, bem como para uso em sites, livros, qualidade: compactado, TIFF é necessário um
(= tagged image file computador com
exposições, entre outros produtos. • 72 DPI para impressão
format). As imagens capacidade de
em impressora caseira
digitalizadas em 100 processamento superior
ou publicação em sites
Passo 3: Preservar DPI são salvas no a 1 GHz e com memória
ou envio por e-mail.
formato TIFF primeiro RAM mínima de 256 Mb.
Preservar é criar condições para que o acervo resista ao tempo e • 300 DPI para e, depois de otimizadas
impressão gráfica e retocadas, passam
possa ser usado no presente e no futuro. O primeiro passo efetivo para
(livros, calendários, para o formato PNG
a preservação é a formação de atitudes preservacionistas, desencadear a folhetos). (= portable network
compreensão dos objetivos da preservação no fazer cotidiano das pessoas. graphics). Para
• 600 DPI para
disponibilizar na
A preservação é, portanto, um processo de reflexão para uma ação impressão em grandes
internet, as fotos
formatos (faixas,
e não somente a aplicação de técnicas em determinados acervos. deverão ser salvas no
cartazes, painéis).
Esforços são concentrados na busca da sensibilização e na formação de formato JPEG (= joint
photographic experts
conservadores, na própria população, a partir de suas aptidões e atitudes. group).

Glossário Cuidados técnicos


• Armazenagem de acervo físico – A área reservada para preservação de documentos deve
ser: livre de insetos e roedores; com controle de luz natural; sem grandes alterações de
O que é digitalização? temperatura; segura e livre de umidade e danos causados pela água. Todo documento
É o processo pelo qual um arquivo em papel (como um documento, ou foto guardada deve estar livre de cola, fitas adesivas, clipes de aço, grampos ou
foto ou desenho) é transformado em um arquivo digital. Dessa qualquer ferragem que possa danificá-lo.
forma, ele pode ser armazenado na memória de um computador, • Armazenagem de acervo digital – Para armazenar uma grande quantidade de fotos em
alta resolução, é necessária uma grande capacidade de memória no computador. Para não
disquete ou CD, transmitido por e-mail ou ainda usado em
ocupar espaço em disco do computador, bem como permitir o deslocamento do material,
processos gráficos digitais. O equipamento básico para a convém armazenar as imagens em CD ou DVD. Vale sempre fazer cópia de reserva.
digitalização é um scanner e um computador. • Cuidados na higienização – A remoção da sujeira superficial (que está solta sobre o
documento) é realizada através de pincéis, flanela macia, cotonetes e aspirador. Cada

– ORGANIZAR AS HISTÓRIAS
tipo de material merece uma atenção específica.
O que é DPI?
– MEMÓRIA SOCIAL

Abreviatura de dots per inch (pontos por polegada), indica a resolução


das imagens. Quanto maior o número de pontos, maior será a
resolução e maior terá que ser a capacidade de processamento e
armazenagem do computador.
64 65
Movimento 5:
Socializar as histórias
Socializar as hitórias Pensar nos produtos
Para fechar o ciclo do fazer histórico, é Não por acaso, quando se pensa num projeto de memória, logo se imagina um livro
necessário socializar as histórias registradas e ou uma linda exposição. A elaboração de produtos é uma maneira bastante eficiente de
organizadas. Essa reflexão foi o novo passo dado difundir e preservar o conteúdo produzido. Como produto cultural, o trabalho passa a ter
pelos participantes do Projeto Memória Social. uma existência social que transcende o grupo.
Socializar significa tornar o acervo produzido Ao mesmo tempo, pensar num produto tende a ser uma boa estratégia para organizar
disponível para o público, divulgar a iniciativa, e motivar o trabalho do grupo. É um marco concreto de valorização da sua história, bem
difundir o conteúdo e, sobretudo, incorporar os como de sua experiência no projeto. Cumpre o papel importante de gerar “resultados”
processos de registro e preservação da memória visíveis, ajudando a fechar ciclos e dar novo impulso ao trabalho.
nas práticas cotidianas da instituição e da As possibilidades de produtos são ilimitadas. Seja qual for a escolha, é essencial que
comunidade. seja discutida e planejada pelo grupo, garantindo seu sentido e resultado.
Tornar as histórias narradas conhecidas e
valorizadas pela sociedade é uma estratégia Livro
fundamental, que contribui para o
Existem muitas maneiras de fazer uma publicação: desde
desenvolvimento social baseado no respeito e na
livros artesanais que envolvam os participantes do grupo
compreensão das múltiplas experiências e visões
até livros realizados por editores, revisores e designers
de mundo das pessoas e dos grupos que compõem a
profissionais. Mas de qualquer forma, a concepção
sociedade de hoje.
(incluindo definição de público, formato, estilo visual,
A socialização da história pode acontecer em linguagem) e a condução do produto precisa ser realizada
diferentes níveis – do grupo envolvido ao público pelo grupo, pois é ele quem melhor conhece os objetivos e
mundial da internet –, que devem ser discutidos propósitos do projeto.
pelo grupo em coerência com o propósito do
projeto. Para quem se quer contar a história? O que
se quer promover em quem está ouvindo? EM AÇÃO
De qualquer forma, para começar, é importante Perguntas norteadoras para definir os produtos
socializar o conteúdo do projeto junto ao próprio
Público-alvo – Para quem queremos Recursos – Quais recursos financeiros,
entrevistado. Com certeza, ele irá gostar de contar a história? Qual o perfil? Qual a técnicos, materiais necessários? Quais
receber uma cópia do vídeo ou áudio com sua linguagem adequada? Quais os meios deles estão presentes no grupo? Quais as
entrevista e do texto transcrito. Certamente para alcançá-lo? Qual a quantidade? alternativas de viabilização?
guardará com satisfação um exemplar dos Conteúdo – Qual tipo de conteúdo Tempo – Que prazo temos para elaborar

– SOCIALIZAR AS HISTÓRIAS
temos? Produzimos uma bela coleção de o produto? Qual a complexidade e a
produtos, bem como gostará de ser convidado
desenhos? Há material em áudio? Vídeo? experiência necessária?
para os eventos do projeto.
– MEMÓRIA SOCIAL

Objetivos – O que queremos promover? Processo – Qual o processo necessário para


Quais os meios mais apropriados? elaboração e lançamento do produto?

68 69
No geral, a originalidade Vídeo – Assim como um livro, editar um vídeo é escolher conteúdos e organizá-los de
e a consistência de um livro maneira a contar uma história interessante para o público. Mais uma vez, ao trabalhar
dependem de três ingredientes as entrevistas de história de vida, é preciso respeitar a narrativa do entrevistado,
que devem ser bem sem alterar o significado de seu discurso ou criar um novo personagem no vídeo.
amadurecidos: É importante manter a essência do que é dito pela pessoa, inclusive sua forma de
• Conceito gerador – Qual expressão, bem como valorizar os trechos mais interessantes e únicos do depoimento.
história se quer contar e como. Procedimentos parecidos são usados na edição de áudio.
É o fio condutor da narrativa. Produtos em áudio – São várias possibilidades: programas de rádio ou web-rádio, CDs
Exemplo: a história dos educativos, intervenções em shows, instalações em exposições. Da mesma forma que
trabalhadores pode ser contada um produto em texto ou vídeo, um produto em áudio precisa, antes de tudo, ser pensado
a partir da história da sua luta sindical, em função do público, dos recursos e dos objetivos do projeto. O próximo passo é fazer
pela história de suas profissões ou outras abordagens. um roteiro, prevendo conteúdos, organização e duração. Uma etapa-chave é a edição das
• Projeto editorial – Corresponde à planta de um prédio: como entrevistas de histórias de vida. O espírito é o mesmo que o do texto ou do vídeo.
a construção vai se estruturar, como o espaço vai ser distribuído
e ocupado. Diz respeito à organização do conteúdo e à relação
entre texto, imagens, títulos, legendas, gráficos etc. Exemplo: EM AÇÃO
os capítulos podem seguir as fases cronológicas de uma história Procedimento básico para vídeo
ou pode ser dedicado cada um a um personagem.
1. A edição é feita no computador, por meio 5. Com todas as imagens organizadas no
• Projeto gráfico – É a dimensão visual do projeto editorial. de programas específicos. Para começar, computador, o editor deve lançá-las
é necessário digitalizar as imagens. na time-line (linha do tempo), que é a
Deve facilitar a leitura e valorizar o conteúdo. Traduz o estilo interface do software de edição em que
2. Aconselha-se que o editor faça a
escolhido pelo grupo (mais ousado, sóbrio ou informal), as imagens são colocadas em ordem e
decupagem do material gravado. Ou
equilibrando texto, imagem e outros elementos. podem ser incluídos efeitos (de imagens,
seja, assista a tudo o que foi gravado
de transição, de som), trilha sonora etc.
e vá anotando as características das
Para completar a vivência da formação do Projeto Memória imagens e dos sons, como formatos dos 6. Na time-line, o editor constrói o vídeo,
Social, foi proposta, então, a confecção de um produto coletivo. planos, qualidades dos enquadramentos, decidindo quais planos, com qual
A idéia era consolidar a produção dos encontros numa criação assuntos gravados e a minutagem da fita. duração, qual será a ordem, como serão
feitos os cortes. Os programas de edição
compartilhada. Com os textos 3. Com as anotações da decupagem, não é
possuem ferramentas específicas: uma
necessário capturar para o computador
editados a partir das entrevistas, para “cortar” as imagens; outra para
tudo o que foi gravado: basta selecionar
os participantes decidiram inserir fusões; outra para “empurrar” as
os trechos que, segundo o roteiro,
imagens etc. As possibilidades são quase
fazer um livro artesanal. poderão ser usados no vídeo final.
infinitas.
Logo definiram a estrutura: 4. Esses trechos são salvos numa pasta do
7. Com o material pronto, o editor precisa

– SOCIALIZAR AS HISTÓRIAS
apresentação e prefácio; computador e organizados em blocos para
retirá-lo do computador, gravando-o
evitar confusão no trabalho.
dedicatória; índice; capítulos novamente em uma fita. Para tanto, é
– MEMÓRIA SOCIAL

feito o processo inverso ao de captura.


(cada capítulo é a história
Depois dessa etapa, o vídeo está pronto
de uma pessoa); créditos e para ser assistido.
agradecimentos.

70 71
EM AÇÃO

Orientações para produção em áudio


1. A manipulação de qualquer arquivo de • Quando se precisa utilizar o áudio
áudio depende do formato original de de gravações feitas em vídeo, é
captação: necessário digitalizar o trecho
desejado. Na seqüência, usando o
• Caso a gravação tenha ocorrido por
mesmo software de edição, deve-se
meio de gravadores digitais, a primeira
exportar apenas o áudio gerando um
providência é capturar o arquivo
arquivo Wave.
para o computador e, na seqüência,
transformá-lo em algum formato • Se a gravação for realizada em
padrão, como o Wave. Em alguns aparelhos de MD, há a necessidade de
casos, o próprio gravador já grava copiar o material para CD, viabilizando,
neste formato, ou mesmo em MP3, o assim, a inserção do arquivo no
que agiliza o processo. computador.
“Realizamos um filme chamado Um lugar chamado Santo
• Se a gravação for feita diretamente 2. Digitalizado, o arquivo deve ser aberto
Antônio. Ele foi editado através de uma poesia de cordel, de em CD, basta copiar o arquivo original em um programa específico de edição
autoria do Cícero, objetivando mostrar a população simples para o computador. É possível, de áudio. Além de selecionar e ordenar
ainda, transformar esse material em trechos, o programa permite melhorar
do bairro e, ao mesmo tempo, sua força e a importância
MP3, caso a intenção seja lançar o a qualidade da gravação, aumentando
da cultura nordestina. O bairro Jardim Santo Antônio arquivo na internet, por exemplo. a intensidade sonora de determinadas
caracteriza-se por uma população essencialmente imigrante, Esse processo é feito por softwares falas ou minimizando certos ruídos,
específicos. por exemplo. Vale ressaltar que essas
principalmente de nordestinos.
melhorias são limitadas.
Nós acompanhamos todo o processo de produção do filme
e pudemos constatar que a equipe de produção, composta
de alunos e professores da Unip, foi muito participativa e
criativa, demonstrando sensibilidade para a causa social. Eles
souberam captar exatamente a alma do bairro.
Foi muito gratificante o resultado. Apresentamos o filme
no 9º Fórum Permanente do Terceiro Setor, cujo tema era
a apresentação dos talentos do Santo Antônio. Todos os
Glossário
personagens do filme participaram e o auditório do Senac foi
O que é web-rádio?
pequeno para tanta gente.
Web-rádio é uma estação semelhante a uma rádio FM, mas que é
A repercussão do filme foi positiva, os moradores se sentiram difundida na internet graças à tecnologia do streaming. Para ouvir,

– SOCIALIZAR AS HISTÓRIAS
valorizados e já estão começando a sentir que algo muito bom basta ter um computador com acesso à internet, acessar a página da
está acontecendo naquele lugar.” web-rádio e ouvir os programas. Exemplo: http://estudiolivre.org
– MEMÓRIA SOCIAL

Maria Lúcia Alves,


Rede Social São José do Rio Preto

72 73
Edição de conteúdo Para além dos produtos
A elaboração de produtos passa pela escolha e pela Realização de eventos – Outro caminho de “Socializar História” é organizar eventos que
articulação de conteúdos. Um vídeo, por exemplo, promovam vivências sobre a memória, bem como divulguem as histórias registradas.
não poderá exibir a íntegra de todas as entrevistas Alguns exemplos: Festival de Histórias, Rap Sua História, Contação de Histórias. Por
gravadas. Uma exposição, por sua vez, resulta da outro lado, as fontes históricas produzidas pelo projeto podem se firmar como fontes
seleção e organização de imagens, textos e objetos. O de pesquisa para o público interno ou externo. Cada vez que um novo folder, relatório,
mesmo acontece na hora de fazer um livro. Entra em reportagem ou publicação for elaborada, as histórias terão presença garantida.
cena o processo de edição: definir os conteúdos do
produto e organizá-los de forma coerente e atrativa Espaços de memória – Reafirmando a construção da memória como um processo
para o público que se deseja alcançar. permanente, inserido no cotidiano, um espaço – ou espaços – de memória pode ser
organizado como local de referência para preservação e disponibilização do acervo produzido
Vale ressaltar que se pode optar por uma edição
na íntegra, da memória do processo do próprio projeto, bem como de continuidade e
com mais ou com menos interferências, mas
articulação da iniciativa.
sempre haverá a marca e a responsabilidade do
editor, que tem como missão trazer as histórias Práticas do cotidiano – A prática da entrevista, da linha do tempo, da roda de histórias ou
para que os leitores percebam e se emocionem com do trabalho com fotos pode se tornar uma ferramenta poderosa para o grupo enriquecer,
as falas dos entrevistados. expandir, aprofundar sua atuação. A percepção de que cada um é autor da história individual
Algumas posturas podem ser acordadas com e coletiva, e de que ouvir a história do outro ajuda a compreender e a intervir melhor na
antecedência em relação, por exemplo, aos cacoetes realidade, pode se tornar um aprendizado inspirador de novas posturas e práticas na escola,
de linguagem, correções gramaticais, inversões de sindicato, empresa ou qualquer outra instituição ou comunidade.
fala. De qualquer forma, convém manter a oralidade,
o tom coloquial e o ritmo da narrativa, valorizando
o estilo da pessoa. Em nenhum caso, no entanto, EM AÇÃO
devem ser criados novos conteúdos, incluindo
Dicas para edição
“falas” na narrativa do entrevistado.
1. Cacoetes de linguagem – Se 3. Inversões – Na fala, muitas vezes
prestarmos atenção na fala, não estruturamos a frase de forma
iremos perceber que muitas vezes direta, pois falamos o que nos ocorre
exageramos nos tá, né, hein, primeiro e só depois completamos. No
então, viu. No texto escrito, essas texto, essa inversão pode confundir o
repetições ficam cansativas. Os leitor e deve ser reordenada.
excessos devem ser eliminados sem
4. Correção gramatical – Os erros
prejudicar a narrativa.
gramaticais, principalmente os de

– SOCIALIZAR AS HISTÓRIAS
2. Pontuação – Mesmo que o entrevistado concordância verbal, devem ser
fale por períodos muito longos, sem revistos na edição. No entanto,
pausas, no texto é importante ter pode-se optar por preservar modos
– MEMÓRIA SOCIAL

pontuação correta para ajudar na peculiares da fala regional quando o


leitura do depoimento. entrevistado é um imigrante,
por exemplo.

74 75
Movimento 6:
Idéias viram projetos
Construção coletiva Nossa memória
Saberes, experiências,
Lideranças em suas redes e comunidades, os integrantes do
valores e sensações
Projeto Memória Social receberam o desafio de levar o trabalho
selecionados e guardados
com as histórias de vida para as suas localidades. Ainda em grupo,
pelo grupo.
puderam criar e transformar suas idéias em planos de trabalho.
Quanto mais coletiva é a construção do projeto, envolvendo
diferentes pessoas do grupo, maior é a possibilidade do projeto
tornar-se uma prática permanente na organização ou comunidade. 3. Fontes de história 1. Sentidos de memória
Para tal, precisa-se identificar qual a demanda inicial que o Onde está nossa memória? Por que queremos registrar?
grupo apresenta. Por que o grupo quer registrar sua história? Qual será o material coletado O que mobiliza o grupo para
Ainda que não necessariamente explícito, existe sempre um e consultado? Quais pessoas promover uma iniciativa
sentido que move aquele grupo. Qual é o sentido da memória para serão entrevistadas? de memória?
este grupo? É importante explicitá-lo e aprofundá-lo. Outras
perguntas aparecem na seqüência: quais são os objetivos, as etapas
e os resultados esperados do projeto?
Ao conceber e estruturar o projeto, uma palavra é obrigatória:
sustentabilidade. É importante definir objetivos, atividades,
Autor/Autores
recursos e resultados a cada ciclo do projeto, para que a iniciativa
ganhe consistência e não termine interrompida ou esquecida. O grupo
É fundamental também organizar as atividades no tempo e no
espaço e dividir o projeto em etapas.
Tão importante quanto criar ações simples, viáveis no curto
prazo, é construir uma visão de futuro, com ações estratégicas de
longo prazo, que permitam de fato colaborar com o processo de
2. Objetivos 4. Públicos
desenvolvimento social.
Para que queremos construir Para quem queremos contar
essa história? Quais são os nossa história? Quais são os
Dica objetivos do grupo? públicos aos quais se destina
O mapeamento das iniciativas de memória já essa iniciativa?
existentes é uma etapa importante de construção do
projeto. Além de permitir a troca de informações

– IDÉIAS VIRAM PROJETOS


e experiências, a parceria com outros projetos
Nossa história/produtos
– MEMÓRIA SOCIAL

evita que sejam repetidos os mesmos esforços,


Narrativa produzida pelo grupo
potencializando os resultados.
a partir da sua memória.

78 79
Criar sentido Construção das diretrizes
O trabalho de elaboração dos projetos locais começou Alguns exemplos do diagrama preenchido por cada subgrupo
com a apresentação do Diagrama da Memória (veja pág. 79),
dialogando-se sobre os diferentes aspectos que orientam um
projeto de memória. MEMÓRIA SENTIDOS
OBJETIVOS FONTES PÚBLICO PRODUTO
COLETIVA DA MEMÓRIA
Divididos por localidade, os participantes discutiram as
diretrizes de ação a partir dos itens propostos. Organizaram CIDADES/ Que memória Por que quero Para quê? Com quê/ Para quem? O quê?
suas idéias usando o esquema do diagrama e apresentaram a REDES registrar? registrar essa quem?
memória?
proposta para o grupo.
Para construir projetos que façam sentido nas instituições, SÃO PAULO – Como eram Investigar esses Analisar e Pessoas antigas Moradores e Vídeo e evento
as moradias, aspectos e sua promover da localidade; trabalhadores – narrativa
JABAQUARA
comunidades ou grupos, é importante discutir o escopo, as E ITAQUERA os serviços mudança no uma reflexão: pesquisas do local. em texto na
oferecidos, a decorrer do como o passado históricas – terceira pessoa
intenções e o sentido do projeto com o grupo envolvido. Que
questão do lixo e tempo. influencia o jornais, livros, e trechos
história o grupo quer contar? Uma série de elementos influi na da água. presente e de internet. transcritos.
que forma pode-
articulação de uma narrativa histórica. se usar esses
Podemos revelar esses elementos por uma seqüência conhecimentos
para transformar
de perguntas: Por quê? Para quê? Quem participa? O que a realidade?
produzir? Para quem? As respostas irão nortear o trabalho
dos autores do projeto e acabar definindo o tipo de narrativa LIMEIRA Memória Registro Valorização da Fotos, Sociedade em Livro,
do Bairro – histórico. comunidade. entrevistas geral. exposição
histórica e os produtos que resultarão da iniciativa. Cada uma loteamento. Contexto (moradores), de fotos e
dessas questões traduz uma escolha. O conjunto das respostas Crescimento. político- imobiliária, filme.
Desenvolvimento. econômico- prefeitura.
estabelece as diretrizes do projeto. social.

PRESIDENTE Memória da Socializar Divulgar a Rede Linha do Comunidade Livro e vídeo.


EM AÇÃO PRUDENTE Rede Social informações; Social; tempo; de Presidente
de Presidente registro das divulgar, Rede Social – Prudente;
Construir diagrama Prudente. memórias fomentar e organizações Senac;
pessoais; contribuir para o que a compõem. imprensa.
Veja como a atividade pode ser facilitada: identidade; desenvolvimento Entrevistas com
formar capital local; atores: Luiz
1. Trabalhar com o grupo o que 4. Dividir os participantes em social; divulgar o Senac. Carlos, Kátia,
ele entende por memória pequenos grupos e, em uma fortalecimento Rita, Eunice,
e história, quais são as tabela, sugerir que discutam dos vínculos. Angélica, Roseli
demandas, os objetivos, as e respondam a cada um dos N., Heloísa.
fontes e os públicos do projeto. itens.
2. Exemplificar como cada 5. Cada grupo apresenta suas
uma dessas opções gera um conclusões para os demais.

– IDÉIAS VIRAM PROJETOS


impacto no projeto.
6. O grupo analisa, critica e
– MEMÓRIA SOCIAL

3. Sistematizar esses exemplos verifica a coerência e a


em um diagrama. eficácia nas opções.
7. Chegar, então, a uma síntese
e definir o escopo inicial do
projeto.
80 81
Plano de ação Projeto Rede Social Itaquera – Capital
Após a apresentação Elaborado por Elizabeth Maria Kuhnen, mediadora da Rede Social
das diretrizes, os grupos EM AÇÃO
elaboraram planos de ação para Perguntas Apresentação
construção e desenvolvimento norteadoras para A Rede Social de Itaquera e região, composta por 24 organizações, entre elas
dos projetos de memória em elaboração do plano organizações sociais, públicas e privadas, já realizou oito projetos.No ano de 2007,
suas localidades. Os planos Quem participa direciona seus projetos para o desenvolvimento local. Como proponente desse
foram então apresentados da construção/
implementação do
projeto, pretende produzir um vídeo e um livro sobre a memória da ocupação do
para a equipe de formação,
projeto? bairro Conjunto José Bonifácio, nos aspectos de moradia, cultura, serviços básicos
que comentou e fez sugestões
Qual a duração e as oferecidos e questões de meio ambiente, como coleta de lixo e uso da água.
para a implementação das etapas?
propostas (veja exemplos nas
Quais os recursos Justificativa
páginas seguintes). De volta às existentes e Porque queremos investigar informações sobre os aspectos do bairro e sua
comunidades, começaram a dar necessários?
mudança no decorrer do tempo, para contextualizar no presente a visão de passado,
vida aos projetos e descobrir o Quais os possíveis
parceiros?
como forma de buscar uma reorientação mais sistêmica.
valor e o potencial da memória
no desenvolvimento local.
Objetivos
Criar ferramentas de reflexão e análise da visão de passado para serem usadas no
processo de desenvolvimento local do Conjunto José Bonifácio.
Produzir um vídeo e 500 exemplares de um livro, que serão usados para promover
uma reflexão de como o passado influencia o presente e de que forma podemos usar
esses conhecimentos para transformar a visão de futuro (o sonho) em realidade.
“A elaboração do Memorial Social do Bairro Guanabara está
sendo um exercício de interrogação, investigação, lembranças Fontes de pesquisa
e recordações. A informação coletada nos Entrevistas com pessoas mais velhas, líderes de destaque e moradores do Conjunto
remete ao pertencimento dessa história. José Bonifácio.
A forma de encarar, rever a própria Realizar pesquisas históricas em jornais, livros e internet.
história nos faz acreditar que podemos e
fazemos parte dela, que será conhecida
Públicos
por todos a nossa volta. E o mais
Destinado aos próprios moradores, trabalhadores do local e todos os atores locais
fascinante é que poderá despertar o
interessados em participar do processo do Plano de Ação Local.

– IDÉIAS VIRAM PROJETOS


sonho na alma das pessoas.”
– MEMÓRIA SOCIAL

Maria Cristina Degli Esposti, Produtos


Rede Social Rio Claro Livro, vídeo e evento.

82 83
Etapas e atividades Cronograma das etapas

1 – Preparação e pesquisa Julho Agosto


Etapas
Pesquisa no site Museu da Pessoa (Magdalena, Deusdete e X). Preparação e pesquisa
Apresentação do projeto para a rede. Entrevistas e histórias
Edição e produção
Oficina da metodologia de registro do Museu da Pessoa.
Entrega do acervo
Buscar parceiros na rede e na localidade .
Levantar e selecionar os entrevistados . Recursos necessários
Elaborar roteiro de entrevista. Recursos Humanos
Organizar a roda de histórias. Filmadora
9 fitas de vídeo
2 – Realização das entrevistas e roda de história Papelaria
Agendar e realizar oito entrevistas. Parceria para gráfica
Divulgar e agendar roda de história. Parceria para filmagem e edição do vídeo

3 – Edição e produção Custo dos produtos


Transcrição das entrevistas e da roda de histórias. Edição e produção do vídeo – entre R$ 600,00 e R$ 1.500,00
Edição e produção do vídeo. Editoração do livro (40 págs.) – R$ 2.400,00
Edição e produção do livro. Impressão (500 livros) – depende do formato: entre R$ 2.200,00 e R$ 2.960,00
Realização do evento. Evento – entre R$ 1.500,00 e R$ 6.000,00

4 – Organização de acervo Parceiros do projeto


Levantar locais que já possuem acervo. Participantes da Rede Social de Itaquera e Região.
Definir um local para destinar o novo acervo.
Entregar o acervo. Responsáveis
Preparação e pesquisa Beth, Neuza e outros participantes da rede interessados
Entrevistas e histórias Beth, Neuza e outros participantes da rede interessados
Edição e produção Parceiros

– IDÉIAS VIRAM PROJETOS


Organização de acervo Rede Social
– MEMÓRIA SOCIAL

84 85
Projeto Rede Social Águas de São Pedro Atividades da etapa 1:
Elaborado por Adilson de Toledo Souza, Cristina Prado Rodrigues e a) formação do grupo de trabalho (27/6/07);
Stella Maria Gonçalves Crescenti, mediadores da Rede Social b) elaboração do projeto;
c) identificação de parcerias/patrocínios;
Objetivo d) necessidade de legislação específica municipal e aprovação;
Criar um espaço que reúna e divulgue toda a memória da e) captação de recursos;
cidade de Águas de São Pedro, desde a sua criação até o dia f) implantação.
de hoje, e que mantenha atualizados os registros históricos
da estância.
Etapa 2 – Subproduto: entrevistas – memória social
Objetivo: registrar a memória social dos moradores de Águas de São Pedro, através da
Justificativa
narrativa oral (metodologia do Museu da Pessoa).
Águas de São Pedro – cidade planejada.
Atividades da etapa 2:
Construção da cidade.
a) identificar as pessoas a serem entrevistadas:
Modelo de urbanismo.
– prioridade 1 – moradores antigos (mínimo de 5 pessoas);
– prioridade 2 – pessoas que trabalharam na construção da cidade
Quem participa?
(mínimo de 10 pessoas);
Grupo de trabalho a ser definido em reunião no dia 27/6/07,
sob a coordenação de Stella Crescenti, com o apoio da – prioridade 3 – moradores atuais (mínimo de 5 pessoas);
Comissão de Desenvolvimento Local. – prioridade 4 – pessoas da Rede Social (mínimo de 10 pessoas);
– prioridade 5 – colaboradores externos (mínimo de 2 pessoas) – estudiosos
Qual a duração? E as etapas? e pesquisadores.
O projeto terá a duração aproximada de 3 (três) anos e será Total estimado = 32 pessoas
composto pelas seguintes etapas:
Total de entrevistas até setembro/2007 (fechamento do curso) = 8 entrevistas
b) realizar as entrevistas;
c) transcrever as entrevistas;
Etapa 1 – Elaboração do Projeto do Memorial (parte física)
d) elaborar biografia e sinopse da entrevista;
Objetivo: elaborar o projeto do Memorial de Águas de São
e) gravar em CD-ROM.
Pedro, na forma de um espaço físico que resgate, conserve,
atualize e divulgue a história e a memória local.

– IDÉIAS VIRAM PROJETOS


– MEMÓRIA SOCIAL

86 87
Etapa 3 – CD itinerante Etapa 6 – Portal de internet
Objetivo: socializar as entrevistas da etapa 2 junto à população Objetivo: criar um site na internet para registro e divulgação da história de Águas de São
local, através da circulação de um CD. Pedro, através do Memorial.
Atividades da etapa 3: Atividades da etapa 6:
a) montar o CD a cada entrevista prevista na etapa 2 realizada; a) definir o conteúdo do portal;
b) identificar as pessoas interessadas em receber o CD; b) identificar material disponível para o site;
c) definir o tempo de permanência do CD com cada pessoa; c) elaborar o portal (layout);
d) iniciar o processo de distribuição e controle. d) realizar o lançamento do portal;
e) manutenção contínua do portal.
Etapa 4 – Folder histórico
Objetivo: criar um folder com a história da cidade, com os
Etapa 7 – Livro “Memória Social de Águas de São Pedro”
respectivos atrativos histórico-turísticos.
Objetivo: socializar a memória social de Águas de São Pedro através de um livro.
Atividades da etapa 4:
Atividades da etapa 7:
a) definir o conteúdo e layout do folder;
a) definir concepção editorial;
b) elaborar o projeto e “boneco” do folder;
b) definir a concepção gráfica;
c) identificar parceiros/patrocinadores e captar recursos;
c) editar os textos e as imagens;
d) distribuição do folder e controle para novas tiragens.
d) revisar textos;
e) detalhar design;
Etapa 5 – Ecomuseu
f) imprimir;
Objetivo: criar um museu ao ar livre, composto pelos atrativos
históricos da cidade, na forma de um roteiro turístico. g) realizar evento de lançamento;
h) distribuir.
Atividades da etapa 5:
a) definir o roteiro histórico-ambiental;
b) pesquisar os dados de cada local que compõe o roteiro; Quais os recursos?
Etapa 1: Projeto Memorial
c) diagnosticar a situação atual de cada local em termos de
conservação, acessibilidade, higiene etc.; • terreno;
d) definir a forma de operacionalização do roteiro (a pé, • construção;
meio de transporte); • projeto arquitetônico;
e) formar monitores para o guiamento dos grupos/pessoas; • montagem;

– IDÉIAS VIRAM PROJETOS


f) realizar pré-testes com o Ecomuseu; • equipamentos e materiais;
• funcionários.
– MEMÓRIA SOCIAL

g) divulgar o Ecomuseu;
h) operacionalizar o Ecomuseu;
i) acompanhamento e avaliação – contínuos.

88 89
Etapa 2 – Entrevistas Etapa 7 – Livro “Memória Social”
• filmadora; • computador;
• local; • material de escritório;
• edição de imagens; • impressão;
• transcrição; • evento de lançamento;
• material de escritório (pastas, canetas, papéis, impressão); • distribuição.
• fitas de vídeo;
• CD-ROMs;
• computador. Possíveis parceiros
• Petrobras
Etapa 3 – CD itinerante • Bauducco
• gravação de CD; • Comércio local
• edição de CD;
• Viação Piracicabana
• telefone para contatos;
• pessoa para distribuição. • Esalq/USP
• USP São Carlos
Etapa 4 – Folder • Oscips Águas para Todos e Água Viva
• designer gráfico; • Acasp
• gráfica – impressão; • Editora Senac
• pessoa para distribuição.
• Rede Social
• Ministério da Cultura
Etapa 5 – Ecomuseu
• treinamento para monitores; • Secretaria de Estado da Cultura
• material de escritório; • Secretaria Municipal da Educação
• meio de transporte – convênio/parceria. • Secretaria de Estado da Educação
• Prefeitura Municipal e órgãos públicos
Etapa 6 – Portal • Empresários que tenham ligação com a cidade (Ex.: Adriane Galisteu)
• web designer;
• Alunos do Senac e das redes municipal e estadual de ensino

– IDÉIAS VIRAM PROJETOS


• compra do domínio;
– MEMÓRIA SOCIAL

• computador para gerenciamento e manutenção;


• evento de lançamento;
• pessoa para manutenção.

90 91
Projeto Rede Social Votuporanga Projeto de registro da memória da Rede Social
Elaborado por Daniela Marin, mediadora da Rede Social Presidente Prudente
Elaborado por Claudia Venério Garcia Dias, mediadora da Rede Social
Quem participa
Faremos um evento para apresentação do diagnóstico Por que registrar
participativo, a história do bairro e das pessoas, utilizando: Socializar a informação.
Registrar as memórias pessoais.
A) Entrevistas
Identidade.
1 pessoa da Rede Social – D. Neusa
Formar capital social.
3 pessoas da comunidade – Rosemeire, Fortalecimento dos vínculos.
Maria Otília e Aparecida
2 pessoas da Comissão de Desenvolvimento Local – Objetivos
Ana e Jorge Divulgar, fomentar e contribuir para o desenvolvimento social.

1 pessoa do Senac – Davi Divulgar o Senac.

Fontes
Obs.: As entrevistas estão prontas, falta transcrever e elaborar a
Linha do tempo.
narrativa em terceira pessoa.
– Rede Social, com as organizações que a compõem.
B) Faremos um livro contando as histórias de vida das – Entrevistas com os atores.
pessoas acima e do bairro: Daniela e Ana
Público: para quem?
C) Linha do tempo: fotos. Comunidade de Presidente Prudente.
Senac.
Duração – Etapas Imprensa local.
Entrevistas: 13/7 – Ok, Daniela e Ana.
Narrativa / produtos
Transcrição e edição: 30/8 – Ester – Jornalista.
Livro.
Fotos: parceria com o curso de Jornalismo da Unifev – agosto.
Vídeo.
Realização do evento: setembro ou outubro – Rede Social,
Varal de história.
Unifev (parceria com o curso de Serviço Social, que realizou
as entrevista nas casas – Fofa – do bairro). Metodologia
Construção com os participantes, através de capacitação, em que será utilizado o Guia
Recursos de Formação do Museu da Pessoa.

– IDÉIAS VIRAM PROJETOS


Máquinas fotográficas, cartolinas coloridas, filmadora. Recursos: câmera, vídeo, fotos, papel, apostilas.
– MEMÓRIA SOCIAL

Cronograma: julho a dezembro.


Possíveis parceiros
Rede Social, Senac e Unifev. Autores: Rede Social de Presidente Prudente.
Responsável: Claudia Venério Garcia Dias, mediadora da Rede Social.
92 93
Programa Redes Sociais
Pensar global e agir local. É nessa organizações para a melhoria de vida em torno de ações e projetos que compromissos estabelecidos em projetos
dinâmica que as organizações e a e do convívio das comunidades onde o melhorassem a vida de todos. Surgiu, implementados. Essa prática passou
sociedade atuam. A globalização Senac atua. assim, a Rede Social – uma comunidade a criar vínculos muito fortes entre as
mudou o cenário econômico mundial, O desenvolvimento local torna-se uma de projetos. pessoas e organizações participantes
mas não somente ele. As relações tendência mundial, praticada também Já são mais de 35 grupos consolidados e favoreceu a construção de planos de
também mudaram. A tecnologia da no Brasil por todas as esferas de governo, em diversas cidades do Estado de desenvolvimento locais.
informação encurtou distâncias, com seja municipal, seja estadual ou federal. São Paulo, que somam mais de 700 Para impulsionar esse processo,
isso facilita o acesso à informação e Essas instâncias governamentais têm organizações e geram em torno de 100 capacitamos lideranças de bairros,
possibilita a aproximação entre pessoas e poder legítimo sobre seus territórios, projetos anualmente. Contam com que por sua vez se articulam com seus
organizações que têm interesses comuns. mas vale destacar que a localidade é recursos da própria comunidade e com vizinhos e criam uma governança local. A
Esse processo de ver o mundo, sob o espaço onde há capacidade de criar uma forte mobilização de voluntários. partir de então debatem e definem uma
alguns aspectos, como algo único e global relações e impulsionar estratégias para Para sustentar esse processo, nossa visão de futuro: como desejam que o local
trouxe preocupações e, poderíamos pôr em prática as idéias da própria metodologia busca que os grupos se que habitam seja ou esteja nos próximos
dizer, até receios à sociedade quanto ao comunidade. É aqui que buscamos orientem sempre por objetivos comuns, dez anos. Depois identificam os recursos
seu destino e à influência positiva ou potencializar as habilidades, os que busquem resultados nas suas comunitários, talentos, equipamentos e
negativa que essa força mundial poderia conhecimentos e as experiências para ações e fundamentalmente que gerem oportunidades e ainda as necessidades
causar no seu local. que as pessoas de uma localidade possam e mantenham relações de confiança. que deverão ser tratadas. Chega o
Por outro lado, diante dessa aparente “aproveitar oportunidades, satisfazer Em outras palavras, incentivamos que momento de definir prioridades e o
ameaça, as localidades e os territórios necessidades, resolver problemas e possam praticar o diálogo, debater e plano que conduzirá ao futuro desejado.
passam a buscar cada vez mais alianças melhorar sua qualidade de vida e o construir com o outro estratégias, ações As organizações da sociedade civil
para enfrentar desafios e a reconhecer convívio social”. e projetos que beneficiem a própria têm hoje um papel fundamental no
e potencializar os valores e talentos Até o ano 2000, concentrávamos comunidade. processo de desenvolvimento. Nelas,
humanos, sua cultura e a capacidade de nossos investimentos na educação Com o tempo, fomos percebendo há entusiasmo e capital humano. São
gerar riqueza a partir da sua realidade. profissional e ofertávamos cursos e que quanto mais as pessoas de um também as responsáveis por gerar capital
Nesse cenário, o Senac São Paulo programas para pessoas de comunidades local se articulavam em torno de social à medida que vão realizando
começa a desenvolver, ainda no final economicamente desfavorecidas. Mas objetivos comuns, mais elas se parcerias com os demais setores.
dos anos 90, o Programa Rede Social, então passamos a perceber a importância desenvolviam. Começamos, então, a Os resultados até aqui nos mostram
que reúne pessoas e organizações em de capacitar os gestores e educadores motivar as organizações sociais para o quanto a comunidade tem capacidade
torno de projetos que melhoram a vida dessas comunidades para que eles que procurassem parcerias com o setor de produzir, otimizar recursos,
das comunidades. A partir de 2005, pudessem gerir melhor seus projetos público e o empresarial, com a intenção potencializar resultados e transformar

– PROGRAMA REDES SOCIAIS


evolui para o desenvolvimento de e mobilizassem recursos para a sua de ampliar seu escopo de atuação. Nosso a vida das pessoas e da sociedade.
estratégias e metodologias que induzem sustentabilidade. Como as organizações papel passou a ser o de articulação e Tudo isso nos motiva a investir nessas
– MEMÓRIA SOCIAL

ao desenvolvimento local, por meio de trabalhavam de forma muito isolada, mediação democrática desse processo, a capacidades comunitárias e a seguir
ações socioeducacionais que capacitam, começamos a fomentar encontros a fim fim de garantir a participação igualitária trilhando o permanente processo do
integram e mobilizam pessoas e de construir compromissos comuns dos componentes e transformar os desenvolvimento.

94 95
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JEUDY, Henri. Memórias do social. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1990. SIMPSON, Olga Rodrigues de Moraes (org.). Os desafios contemporâneos da história oral. Campinas: CMU/

– IDÉIAS VIRAM PROJETOS


KERRIOU, Miriam Arroyo de. El museo y los problemas conceptuales de patrimonio Unicamp, 1997.
e cultura... Texto apresentado no Congresso Brasileiro sobre Patrimônio Histórico e
– MEMÓRIA SOCIAL

SLIM, Hugo; THOMPSON, Paul (orgs.). Listening for a change; oral testimony and development. London: Panos
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Dirección de Museología – Departamento de Museos Comunitarios, 1989,
mimeografado.

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TONKIN, Elizabeth. Narrating our pasts: the social construction of oral history.
Sites
Cambridge: Cambridge University Press, 1992.
VANSINA, J. Oral tradition as history. Madison: University of Wisconsin Press,
Ao desenvolver um projeto de memória, vale conhecer e se aproximar de outras iniciativas em realização no Brasil
1985. [Edição modificada de Oral tradition - a study in historical methodology,
e até mesmo em outros países. Confira alguns exemplos:
publicado em 1965.]
VEYNE, Paul. Como se escreve a história. Lisboa: edições 70, 1983.
Associação Cultural Cachuêra! – www.cachuera.org.br
VIDIGAL, L. Os testemunhos orais na escola – História oral e projectos pedagógicos.
Associação Pró-Casa do Pinhal – www.fazendapinhal.com.br
Lisboa: Edições Asa, 1996.
Centro de Pesquisa e Documentação da Faculdade Getúlio Vargas – www.cpdoc.fgv.br/historal
WIGGINTON, Eliot (ed.). The foxfire book. New York: Doubladay, 1972.
Center for Digital Storytelling – www.storycenter.org
Sobre outros temas relacionados Favela Tem Memória – www.favelatemmemoria.com.br
DE PAULO, Antonio (ed.).Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento. Instituto Fazendo História – www.fazendohistoria.org.br
Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil, 2004. Histórias da Nossa Terra – www.historiasdanossaterra.com.br
FREIRE, Paulo. Pedagogia da tolerância. São Paulo: Editora Unesp, 2004. Índios On Line – www.indiosonline.org.br
NOLETO, Marlova Jovchelovitch. Parcerias e alianças estratégicas: uma abordagem Centro de Memória do Jongo da Serrinha – www.jongodaserrinha.org.br
prática, 2ª ed. São Paulo: Global, 2004. Laboratório de Educação Patrimonial (Laboep) da UFF – www.uff.br
PENA, Jacques de Oliveira; MELLO, Clailton José. “Tecnologia social: a Laboratório de História Oral (Laho) da Unicamp – www.unicamp.br/suarq/cmu/laho
experiência da Fundação Banco do Brasil na disseminação e reaplicação de soluções
Memoria Abierta – www.memoriaabierta.org.ar
sociais efetivas”. In: Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de
Janeiro: Fundação Banco do Brasil, 2004. Memória Viva – www.memoria.com.br
TENÓRIO, Guilherme Fernando (org.). Administração de projetos comunitários. São Memórias do Comércio na Cidade do Rio de Janeiro – www.sescrj.com.br
Paulo: Edições Loyola, 1995. Memórias do Comércio no Estado de São Paulo – www.sescsp.org.br
____________ (org.). Avaliação de projetos comunitários. São Paulo: Edições Loyola, Memórias e Histórias – www.memoriasehistorias.com.br
1995. Museu Clube da Esquina – http://www.museuclubedaesquina.org.br
____________ (org.). Elaboração de projetos comunitários. São Paulo: Edições Loyola, Museu da Maré – www.ceasm.org.br
1995.
Museu da Pessoa.Net – www.museudapessoa.net
Museu Sacaca do Desenvolvimento Sustentável – www.amapa.gov.br
Filmes Museu Vivo do Fandango – www.museuvivodofandango.com.br
A PESSOA é para o que nasce. Direção de Roberto Berliner. Brasil: TV Zero, 1998. Núcleo de Estudos em História Oral (Neho) da FFLCH/USP – www.fflch.usp.br/dh/neho
AMNÉSIA. Direção de Christopher Nolan. EUA: Newmarket Capital Group / Programa Coisas Boas da Terra – www.educarede.org.br
Summit Entertainment, 2001.
Associação Grãos de Luz e Griô – www.graosgrio.hpg.ig.com.br
BLADE Runner, o caçador de andróides. Direção de Ridley Scott. Estados Unidos:
Projeto Manuelzão – http://www.manuelzao.ufmg.br
Warner Bros., 1982.
Terra Paulista – www.terrapaulista.org.br
EDIFÍCIO Master. Direção de Eduardo Coutinho. Brasil: Videofilmes, 2002.
Tesouros do Brasil – www.tesourosdobrasil.org.br
NARRADORES de Javé. Direção de Eliane Caffe. Brasil: Riofilme, 2003.
Fundação Genésio Miranda Lins – www.fgml.itajai.sc.gov.br
O FIO da memória. Direção de Eduardo Coutinho. Brasil: Funarj, 1991.
O VINGADOR do Futuro. Direção de Paul Verhoeven. EUA: Flashstar, 1990.

Brasil Memória em Rede – www.bmr.org.br


– MEMÓRIA SOCIAL

É uma iniciativa que visa constituir uma rede nacional, de instituições e pessoas, com foco em ações para
potencializar o uso da memória como ferramenta de desenvolvimento social e cultural do país.
Mantém grupos de trabalho, bem como um ambiente virtual interativo.

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Créditos e agradecimentos

Senac São Paulo

Conselho Regional do Senac São Paulo Representantes no Conselho Nacional Equipe


Presidente Abram Szajman Carlos Alberto Lopes da Silva
Efetivos Cecília Maria Tavares
Efetivos Abram Szajman Edison Ubirajara Pires de Toledo
Akira Kido Marcio Olívio Fernandes da Costa Jorge Carlos Silveira Duarte
Alberto Weberman Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues Lourdes Alves de Souza
Argemiro de Barros Araújo Marcia Ferreira Gomes
Arlette Cângero de Paula Campos Suplentes Roberta Lotti de Souza Lima
Elisete Berchiol da Silva Iwai Dario Miguel Pedro
Garabed Kenchian Edson Gaglianone
Haroldo Silveira Piccina Felícia Aparecida de Souza Areias
José Camargo Hernandes Redes Sociais
José Carlos Buchala Moreira Diretor Regional
José Domingues Vinhal Luiz Francisco de Assis Salgado Participantes da formação
Luiz Antonio de Medeiros Neto Adilson de Toledo Souza – Rede Social de Águas de São Pedro
Pedro Zidoi Sdoia Superintendente Administrativo Alexandra Joana Zorzin Nicolau – Limeira
Rubens Torres Medrano Darcio Sayad Maia Ana Cristina Cardana Fernandes – Votuporanga
Ruy Pedro de Moraes Nazarian Antônio Cícero Ferreira Araújo – São José do Rio Preto
Wilson Hiroshi Tanaka Superintendente de Operações Cecília Maria Barros Tavares – São Paulo
Lucila Mara Sbrana Sciotti Claudia Venério Garcia Dias – Presidente Prudente
Suplentes Claudomiro de Almeida – Catanduva
Antonio Henrique Medeiros Duarte Superintendente Universitário e de Cristina Prado Rodrigues – Águas de São Pedro
Arnaldo Augusto Ciquielo Borges Desenvolvimento Daniela Marin – Votuporanga
Atílio Carlos Daneze Luiz Carlos Dourado Edson Alexandre Locatelli – Rio Claro
Frednes Correa Leite Elizabeth Kuhnen – Jabaquara
Gener Silva Realização Heveraldo Galvão – Catanduva
George Assad Chahade Gerência de Comunicação e Lourdes Alves de Souza – São Paulo
José Antonio Scomparin Relações Institucionais Maria Cristina Degli Esposti – Rio Claro
Lucíola Rodrigues Jaime Gerência de Desenvolvimento Maria Lucia Alves – São José do Rio Preto
Ludgero Migliavacca Neuda Maria de Souza Martins – Limeira
Luiz Armando Lippel Braga Gerentes Neusa Cardoso dos Santos – Itaquera (Capital)
Mariza Medeiros Scaranci Otavio Fernando Genta Cordioli Simone Oliveira Castro Gonzáles – Jabaquara (Capital)
Michel Jorge Saad Ana Paula Agostini Leal El Khouri Stella Maria Gonçalves Crescenti – Águas de São Pedro
Oswaldo Bandini
Roberto Arutim
Museu da Pessoa Agradecemos nominalmente aos participantes e colaboradores que
nos auxiliaram na concretização deste trabalho, fruto de uma ação
Execução do Projeto lúcida, criativa e responsável.
Museu da Pessoa

Direção Adilson Toledo – Águas de São Pedro


Karen Worcman Alexandra Joana Zorzin Nicolau – Senac Limeira
José Santos Matos
Ana Cristina Cardana Fernandes – Votuporanga
Márcia Ruiz
Antônio Cícero Ferreira Araújo – São José do Rio Preto
Programa de Formação Cecília Maria Barros Tavares – Senac São Paulo
Sônia Helena Dória London Claudia Venério Garcia Dias – Senac Presidente Prudente
Claudomiro de Almeida – Catanduva
Formadoras
Cristina Prado Rodrigues – Senac Águas de São Pedro
Cláudia Leonor
Márcia Trezza Daniela Marin – Senac Votuporanga
Edson Alexandre Locatelli – Rio Claro
Produção Elizabeth Maria Kuhnen – Senac São Paulo
Tereza Ruiz Heveraldo Galvão – Senac Catanduva
Lourdes Alves de Souza – Senac São Paulo
Textos
Immaculada Lopez Maria Cristina Degli Esposti – Senac Rio Claro
Maria Lucia Alves – Senac São José do Rio Preto
Revisão Neuda Maria de Souza Martins – Limeira
Sílvia Balderama Neusa Cardoso dos Santos – Itaquera (Capital)
Simone Oliveira Castro Gonzáles – Jabaquara (Capital)
Ilustrações
Laís Dias Stella Maria Gonçalves Crescenti – Águas de São Pedro
Claudia Leonor – Museu da Pessoa
Projeto Gráfico Márcia Trezza – Museu da Pessoa
GFK Comunicação

Impressão
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Imagens (fotos e documentos)


Todas as imagens pertencem ao acervo institucional do
Senac São Paulo e aos acervos pessoais dos entrevistados.
Realização
Museu da Pessoa
Senac São Paulo

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