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ebook gratis: 7 motivos para não morar em Viena

Eu sou uma loucamente apaixonada por Viena e quem lê meus textos identifica isso
rapidinho. Quando escrevi 10 razões para morar em Viena não imaginava que teria tantas
pessoas me escrevendo para saber informações daqui, especialmente depois que a cidade
foi qualificada por 6 anos consecutivos como a melhor cidade do mundo para se viver.

Viena é, sim, uma cidade que parece um conto de fadas. Quem vem passar férias na capital
da Áustria se encanta com tudo, mas morar aqui também tem seus aspectos negativos.

E olha que eu tive e tenho um mega suporte do meu marido que é austríaco. Isso contribuiu
com mais de 80% para facilitar minha adaptação na cidade. Mas isso não acontece com
todo mundo – tenho várias amigas que vieram na mesma situação, mas odeiam Viena.

Eu sei que a cidade não faz parte do roteiro de muitas pessoas que pretendem morar fora
do Brasil, mas caso você queira conhecer um pouquinho, vou te contar o outro lado da
moeda.

Leia também: Tudo que você precisa saber para morar na Áustria

1. Clima – Acho que o número um no ranking das reclamações por aqui é sem dúvida o frio.
O inverno dura cerca de seis meses, de novembro a abril. E estou falando de frio mesmo,
aquele que dói no osso. A meia estação dura cerca de quatro meses. Ou seja, de verão são
só dois meses e com direito a dias chuvosos, o que significa que se chover a temperatura cai
consideravelmente.

Viena é uma cidade onde venta muito e isso a deixa mais fria e muito cinzenta, o que traz
sempre aquela depressão de inverno. Eu tenho isso e posso te garantir que é terrível. E o
pior… Percebo que quanto mais tempo a gente morar por aqui, em vez de melhorar parece
que piora, pois vamos ficando saturados de termos poucos dias de calor. Se quiser mais
sobre o inverno, acesse esse link.

Se você for uma pessoa que ama o calor e o sol, certamente o seu lugar não é aqui. E se
você acha que gosta de frio, não se iluda, o frio daqui é insuportável. Tenho uma amiga que

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ao chegar em Viena sempre mencionou amar o frio. Depois da primeira temporada de
inverno, mudou rapidinho de ideia. Frio é lindo em foto.

2. Língua – Na Áustria se fala alemão. A língua é muito difícil, especialmente para quem
nunca teve contato anterior com o idioma. É um processo bem frustrante e eu cheguei até a
chorar durante o aprendizado.

Primeiro porque tinha pressa e a língua não se aprende em 4 meses.

Segundo porque a sensação de incapacidade é enorme, principalmente nos primeiros 6


meses e continua por alguns anos.

Terceiro e o pior de tudo é que você tem a sensação de que praticamente o que você
aprendeu na escola não serve para quase nada. Afinal os austríacos se comunicam em
dialeto, que quase chega a ser uma outra língua. Há inclusive uma piadinha que diz assim:
“eu falo 9 línguas estrangeiras, todas elas em alemão austríaco”. Ou seja, a piada nada mais
é que um retrato da realidade, onde cada estado possui um dialeto.

Não conheço ninguém que não tenha passado por essas etapas. Você até consegue
sobreviver por um tempo com inglês por aqui, mas é imprescindível aprender o alemão. Isso
facilita a vida de qualquer um, pois tudo está escrito em alemão. O dia a dia é em alemão:
as informações nas estações de metrô, os produtos no supermercado, as placas na rua etc.
Inclusive os filmes nos cinemas são dublados. Até para ir ao hospital é melhor que você
converse com o médico em alemão do que em inglês.

Para conviver com austríacos, isso é essencial. As pessoas até conversam com você em
inglês para ser gentis, mas depois elas voltam a conversar entre elas em alemão e você fica
meio que isolado. É natural que isso aconteça.

3. Mau humor e grosseria – Austríaco é meio mal-humorado, especialmente em Viena. Por


aqui há uma cultura de jammerei que nada mais é do que reclamar de tudo e de todos o
tempo todo. Mas nem tudo está perdido. Existem dois tipos de vienense: aquele que é
super brincalhão e aquele que é super grosso e reclamão. Tudo isso você só descobre
depois que aprende a língua.

Fora isso, tem muitos, especialmente os estrangeiros, que são meio brutos. E há uma tática
interessante: se você é gentil com alguém e recebe uma resposta de forma grosseira, o jeito
é ser grosseiro que a pessoa passa a ser gentil com você. É triste falar isso, mas essa é uma

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realidade por aqui.

4. Preconceito – Nunca sofri nenhum tipo de preconceito, mas conheço algumas pessoas
que já passaram por isso – especialmente mulheres morenas ou negras. E é verdade porque
já presenciei uma cena. A filha de um amigo meu tinha oito anos e reagiu de uma forma
constrangedora quando viu uma amiga minha. Ela ficou extremamente nervosa e chamando
pela mãe falando, “mamãe, mamãe, ela é negra!”. Daí eu cuidadosamente expliquei para
ela que existem várias raças e etc.

Esse foi um episódio para ilustrar que existem centenas de outros casos cometidos por
adultos. Além do preconceito racial existe o preconceito social e cultural. Estrangeiros
especialmente do leste europeu e da Turquia são bem discriminados por aqui. Existem
ainda outros tipos de preconceito de forma velada.

5. Atendimento médico – O sistema de saúde é bom, mas o atendimento é ruim. Os


médicos por aqui não gostam de te informar exatamente o que você tem. Eles se
incomodam quando começamos a questionar. Além disso, existe um procedimento bem
estranho. Por exemplo, você vai ao ginecologista, faz o exame de rotina e volta para casa
com a seguinte informação: se o seu exame acusar alguma infecção a gente te liga. Esquisito
né? Além disso, a maioria dos médicos se enquadra na categoria descrita no ponto três.

6. Poupança – Não venha com a ideia de construir um patrimônio ou fazer dinheiro


rapidamente, como a gente sempre ouve falar de casos bem sucedidos nos Estados Unidos.
Aqui se vive bem, mas os custos são elevados e os impostos são altos, o que consome
bastante seu salário bruto. Ah! Na Áustria, quando se fala de salário se menciona sempre o
valor bruto, nunca o liquido que é em torno de 35 a 50 por cento inferior ao salário bruto.

7. Distância da família – Se você for muito apegado à sua família certamente sofrerá em
terras estrangeiras. As famílias austríacas são bem diferentes. Pelo menos nas que eu
conheço há uma certa reserva em termos de envolvimento. Há muita cerimônia entre os
integrantes das família. Tios e amigos não interferem na educação e formação das crianças.
Eu no inicio achei muito estranho, mas depois me acostumei. Confesso que sinto saudade
dos abraços calorosos e divertidos dos familiares.

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