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Decisão Monocrática
RAFAEL AVILEZ MARQUES, recorrente neste recurso ordinário em habeas corpus, estaria
sofrendo coação ilegal em seu direito à locomoção, em face de acórdão prolatado pelo Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro, que não conheceu do writ originário (HC n. 0045565-94.2014.8.19.0000).
Depreende-se dos autos que o recorrente foi preso preventivamente, em 21⁄6⁄2014, e posteriormente
denunciado, pela suposta prática dos delitos descritos no art. 129, § 9º, no 147 e no 163, parágrafo
único, inciso I, na forma do art. 69, todos do Código Penal.
Irresignada com o cárcere, a defesa manejou prévio mandamus perante a Corte de origem, que deixou
de conhecê-lo, haja vista a deficiência de instrução daquele feito.
Nas razões deste recurso, sustenta o recorrente, resumidamente, o não preenchimento dos requisitos
para a imposição da medida extrema elencados no art. 312 do Código de Processo Penal e a falta de
fundamentação concreta do decreto prisional.
Aduz, outrossim, excesso de prazo para o término da instrução criminal, permanecendo o réu preso por
mais tempo do que determina a lei, por pura inércia do Poder Público.
Pleiteia, assim, seja dado "provimento ao presente recurso, com a anulação, cassação e revogação da
douta e respeitável decisão de decretação e manutenção da prisão provisória do imputado, paciente e
recorrente na primeira instância e mantida no segundo grau de jurisdição ou com a justa substituição
ou aplicação de outra medida legal cautelar aflitiva diversa da prisão, assegurado o direito de aguardar
o desate da ação penal em liberdade" (fl. 81).
Parecer do Ministério Público Federal, às fls. 104-108, opinando pelo conhecimento parcial deste feito
e, nesta parte, por seu desprovimento.
Decido.
Constato que o recorrente busca, nesta Corte, seja relaxa sua prisão.
Contudo, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro não conheceu o habeas corpus originário, ao
argumento de que "a inicial não se fez acompanhar de todas as peças necessárias a real e integral
compreensão da situação deduzida, sobretudo a cópia do título da prisão (decisão que converteu a
prisão em flagrante em preventiva), inviabilizando, nessa perspectiva, o conhecimento sobre o teor do
procedimento encampado no âmbito do MM. Juízo a quo, bem como da exata extensão da imputação
jurídico-factual e da precisa condição envergada pelo Paciente." (fl. 14)
Assim, exsurge que a controvérsia deduzida neste recurso ordinário em habeas corpus – que diz
respeito ao preenchimento dos pressupostos da prisão – não foi previamente analisada pela Corte a
quo, evidenciando-se, assim, a ausência de 'causa julgada' a justificar a inauguração da competência do
Superior Tribunal de Justiça.
Não pode esta Corte Superior, portanto, conhecer diretamente da matéria, sob pena de inadmissível
supressão de instância.
Ilustrativamente:
[...] Não havendo manifestação por parte do Tribunal de origem quanto a questão suscitada na
exordial, não pode o tema ser examinado diretamente por esta Corte, sob pena de se incorrer em
indevida supressão de instância. ( HC 194.641⁄SP , Rel. Ministra LAURITA VAZ , 5ªT., DJe de
28⁄2⁄2013 )
À vista do exposto, com fundamento nos artigos 38 da Lei n. 8.038⁄1990 e 34, XVIII, do RISTJ, nego
seguimento a este recurso ordinário em habeas corpus.
Publique-se. Intimem-se.