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Armas On­Line

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Metralhadoras e Submetralhadoras na I e II
Grandes Guerras

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Este  artigo  visa  a  complementação  de  dois  outros  anteriores,  que  cobriram  a  utilização  das  armas
longas e das armas curtas nas I e II Grandes Guerras. Aqui, pretende‑se agora abordar a utilização
das  metralhadoras  leves  e  pesadas,  bem  como  das  submetralhadoras.  Não  se  pretende  descrever
todas  as  armas  utilizadas  por  um  determinado  país,  o  que  demandaria  um  artigo  longo  demais;  a
intenção é enumerar a principal ou as principais armas, dentre aquelas que foram mais utilizadas em
toda a duração dos conflitos e os modelos com maior penetração nas tropas. Também deixaremos de
abranger armamento de alguns países que, apesar de terem feito parte desses conflitos, não tiveram o
mesmo  grau  de  participação  e  importância  histórica.  Algumas  das  armas  aqui  descritas  possuem
artigos específicos no nosso site. Nesses casos, o leitor opcionalmente será endereçado à eles através
de links.

A idéia e a necessidade de se desenvolver uma arma que fosse relativamente portátil e que pudesse
disparar grande quantidade de munição em grande velocidade sempre exigiu muito da imaginação
de projetistas e inventores. Armas que disparavam projéteis, todos ao mesmo tempo, já existiam até
nos primórdios do século XVIII. Normalmente eram projetos que possuíam diversos canos dispostos
ou horizontalmente, como os tubos de uma “flauta de Pan”, ou então soldados juntos, formando um
arco. Na prática, no entanto, não eram eficientes. Disparando todos as cargas de uma só vez atingiam
somente alvos muito próximos; não era adequada, por exemplo, a um tiro do tipo “varredura” sobre
uma  tropa.  Além,  disso,  antes  do  advento  do  cartucho  metálico,  a  recarga  de  todos  esses  canos  era
demorada e trabalhosa.
Acima, um “Organ Gun”, por volta do século XIV

A primeira e mais famosa arma de relativa eficiência em disparar tiros em sequência foi uma criação
do  britânico  James  Puckle,  em  1718.  Porém,  o  calibre  usado  estava  mais  para  um  “canhão”  do  que
para uma arma portátil. Com um tambor contendo várias câmaras e um cano de 32mm de diâmetro,
foi empregada fixa em amuradas de navios, mas nunca obteve muito sucesso e aceitação. Ao girar a
alavanca, cada câmara era alinhada com o cano e em seguida disparava, e assim sucessivamente até
se finalizarem as câmaras carregadas.

Um desenho da época, ilustrando uma Puckle Gun montada em uma praia, utilizada muitas vezes para repelir
ataques e desembarque de tropas navais

A  primeira  arma  realmente  eficaz  e  transportável  através  de  um  campo  de  batalha,  que  podia
disparar diversos tiros em um determinado espaço de tempo, foi uma invenção do norte‑americano
Richard  Jordan  Gatling,  que  projetou  a  arma  em  1861  e  patenteou  sua  invenção  em  1862.  Foi  a
primeira vez que se oferecia a possibilidade de um sistema de alimentação mecânico dos cartuchos, a
primeira vez que se oferecia a possibilidade de um sistema de alimentação mecânico dos cartuchos, a
possibilidade  de  se  usar  carregadores  já  previamente  municiados  e  de  troca  rápida,  e  um  bom
controle sobre a área alvo e a velocidade dos disparos. Apesar de necessitar ser acionada pela ação
mecânica  de  uma  manivela,  e  não  pela  ação  de  recuo  ou  dos  gases  resultantes  da  deflagração  dos
cartuchos, pode‑se afirmar que a Gatling merece ser a primeira arma desse tipo a receber o nome de
metralhadora.

Um dos documentos referentes à patente de Gatling, datado de 1865

A  arma  de  Gatling  utilizava,  a  princípio,  seis  canos  dispostos  de  forma  circular,  apesar  de  que
posteriormente foram produzidos exemplares com até dez canos. A montagem dos canos era feita de
forma  que  pudessem  girar  em  torno  de  um  eixo,  e  montados  em  um  mecanismo  contido  em  uma
caixa,  que  abrigava  o  sistema  de  disparo  e  um  sistema  de  engrenagens  para  girar  o  conjunto.  Na
parte lateral direita e posterior da arma, situava‑se uma grande manivela, que fazia funcionar todo
esse sistema. Cada um desses canos tinha o seu próprio mecanismo de disparo. A grande vantagem
de  se  utilizar  vários  canos  permitia  que  se  minimizasse  o  problema  do  aquecimento,  um  problema
tão  comum  posteriormente,  nas  metralhadoras  posteriores.  A  Gatling  não  possuía  um  gatilho;  o
próprio giro da manivela alinhava o cano na posição correta, um cartucho era introduzido no cano e
o disparo era efetuado, tudo automaticamente.
Acima, a versão mais popular e utilizada da Gatling pelo Exército dos Estados Unidos, com 10 canos.

Embora nos primeiros exemplares se utilizava sistema de ignição por percussão e depois cartuchos
de papel, foi com a introdução do cartucho metálico que a arma passou a ser realmente eficiente. Em
1881  a  arma  foi  adaptada  para  utilizar  o  potente  cartucho  .45‑70,  adotado  pelo  Exército  Americano
em  seus  fuzis  Springfield  “Trap‑Door”  de  1873.  Com  isso,  a  tropa  utilizava  o  mesmo  cartucho  nos
dois  tipos  de  arma.  Com  o  advento  de  um  carregador  de  duas  fileiras,  montado  verticalmente  em
cima  da  arma  e  que  alimentava  por  gravidade,  era  possível  já  ir  municiando  uma  das  fileiras
enquanto  a  arma  disparava  utilizando  a  outra  fileira.  Com  isso,  mantinha‑se  um  fogo  sustentável.
Com uma guarnição de quatro homens bem treinados, podia‑se atingir uma cadência de quase 400
tiros por minuto. Para sua época, era uma arma de infantaria realmente revolucionária.

Até antes da I Guerra, a invenção de Gatling fez muito sucesso, não só em seu país de origem, como
ocorreu  nos  anos  finais  da  Guerra  Civil  e  posteriormente  na  Guerra  Hispano‑Americana.  Fora  dos
Estados  Unidos,  a  Gatling  foi  bastante  utilizada,  como  na  guerra  entre  Peru  e  Chile  de  1879,  na
Rebelião  dos  Boxers  na  China  e  na  Guerra  das  Filipinas,  dentre  outros  conflitos.  O  Brasil  adquiriu
algumas  metralhadoras  Gatling,  em  1873.  Depois  disso,  em  1889,  o  Exército  Brasileiro  adquire
também  alguns  exemplares  da  Palmcran췽�‑Nordenfeldt,  uma  “metralhadora”  manual,  que  usava  o
sistema  de  vários  canos  paralelos,  disparando  simultaneamente  e  municiados  por  um  carregador
vertical. O funcionamento era feito por uma alavanca lateral, cujo movimento para frente e para traz
possibilitava o municiamento, o disparo e a extração dos cartuchos.
A Palmcran췽�‑Nordenfeldt de 5 canos, utilizada no conflito da Revolução Federalista de 1893, no Paraná

O autor, em 1974, em visita ao Museu da Cidade, no Rio de Janeiro, e uma das metralhadoras Gatling,
adquiridas pelo Império Brasileiro a partir de 1872. Atualmente essa peça se encontra desaparecida, o que bem
demonstra como o Brasil faz pouco caso com nossos acervos históricos. 

Porém, seria uma invenção de um outro norte‑americano que iria, realmente, mudar o cenário dessas
Porém, seria uma invenção de um outro norte‑americano que iria, realmente, mudar o cenário dessas
armas  de  tiro  rápido.  Hiram  Stevens  Maxim,  nascido  em  1840  na  localidade  de  Sangerville,  nos
Estados Unidos, mudou‑se aos 38 anos para a Inglaterra, onde requereu cidadania britânica. Em 1881
iniciou seus trabalhos em um projeto de uma metralhadora realmente automática, ou seja, que não
necessitaria  de  auxílio  humano  em  seu  mecanismo,  para  que  funcionasse.  Em  1884  apresentou  seu
trabalho à uma comissão britânica de armamentos, para que fosse avaliada.

Após  exaustivos  testes,  em  1888  o  Império  Britânico  adota  a  arma  de  Maxim.  Sua  empresa,  no
entanto, também a comercializava para outros países, como o Império Austro‑Húngaro, o Germânico,
a Itália, a Rússia e a Suíça. Ironicamente, mal sabia Maxim que, em um futuro próximo, alguns desses
seus clientes tornar‑se‑iam parte do bloco da Tríplice Aliança, dos chamados Impérios Centrais, e que
esses usariam a sua invenção contra a própria Inglaterra, durante a I Grande Guerra.

A variante sobre rodas da metralhadora Maxim, uma das mais utilizadas na I Guerra

O  desenho  de  Maxim  era  revolucionário;  empregava  a  força  de  expansão  dos  gases,  durante  a
deflagração  do  cartucho,  para  operar  a  arma  na  função  de  extração  do  cartucho  vazio,  recuo  da
culatra, avanço da fita de alimentação, retorno da culatra à posição de tiro e novamente, a deflagração
do  cartucho,  enquanto  de  mantivesse  pressionado  o  gatilho.  Esse  projeto  serviu  de  inspiração  para
diversos  outros,  que  eram  cópias  quase  idênticas  ou  não,  produzidos  em  diversos  países;  e  claro,
serviu  também  de  base  para  o  desenvolvimento  e  o  conceito  da  metralhadora  moderna.  O  mais
importante de tudo é que esse tipo de arma iria, principalmente, revolucionar as táticas de guerra, de
uma forma que os exércitos ainda nem imaginavam.
Acima, uma das versões mais comuns da metralhadora Maxim, montada em um tripé, uma alternativa um
pouco mais prática que a versão sobre rodas, que era muito comum na I Guerra

ALEMANHA

Na I Guerra, o Império Germânico e seus aliados estavam bem confortáveis em termos de armamento
de infantaria, detalhe que aliás, se repetiu na II Guerra. Os alemães sempre foram beneficiados com
exímios projetistas, tão bons quanto os que os Estados Unidos produziram.

A principal metralhadora pesada utilizada pelos alemães era, justamente, a inventada por Maxim, a
qual  eles  denominavam  de  MG‑08  (Machinengewehr  1908).  A  Alemanha  foi,  aliás,  o  primeiro  país
estrangeiro  a  adquirir  essas  metralhadoras.  Após  uma  produção  feita  sob  licença,  executada  pela
Ludwig  Loewe  de  Berlim,  passou‑se  a  fabricá‑la  na  D.W.M.  (o  mesmo  fabricante  das  pistolas
Parabellum) e posteriormente na Koniglishe Gewehr und Munitionsfabrik, o arsenal de Spandau.

O modelo 1908 trazia algumas modificações sobre o desenho original. Como todas as metralhadoras
baseadas  no  projeto  de  Maxim,  a  MG‑08  era  grande,  pesada,  alimentada  por  uma  cinta  de  lona
reforçada com cordonéis de aço, onde os projéteis eram encaixados; a cinta percorria a arma do lado
direito  para  o  esquerdo.  Era  tracionada  pelo  mecanismo  interno,  que  funcionava  com  a  ação  dos
gases resultantes da deflagração dos cartuchos. Esse mecanismo era engenhoso: após a colocação da
cinta,  o  ferrolho  da  arma  era  acionado  pela  primeira  vez,  pelo  atirador,  puxando‑o  para  traz.  Esse
movimento extraía o primeiro cartucho da cinta e o colocava em posição de alinhamento à câmara.
Com o retorno do ferrolho, o cartucho era inserido na câmara e a culatra era trancada, pronta para o
disparo.

Após acionar o gatilho, a ação do recuo gerado pelos gases durante o disparo liberava a culatra para
Após acionar o gatilho, a ação do recuo gerado pelos gases durante o disparo liberava a culatra para
abrir; o ferrolho trazia consigo o estojo deflagrado, expulsava‑o pela janela de ejeção, arrastava a cinta
de  cartuchos  em  mais  uma  posição,  extraía  um  cartucho  novo,  introduzia‑o  no  cano,  trancava  a
culatra  e  o  processo  se  repetia,  enquanto  o  gatilho  era  pressionado.  O  sistema  era,  portanto,  de
ferrolho fechado, ou seja, sempre ficava um cartucho na câmara, pronto para o disparo. No caso das
MG‑08,  isso  não  era  tanto  um  problema,  principalmente  por  ser  refrigerada  à  água.  Raramente
ocorria uma ignição espontânea em virtude do calor excessivo do cano.

Metralhadora alemã MG‑08

O  sistema  de  refrigeração  à  água  tinha  suas  vantagens,  mas  também  gerava  problemas.  O  cano  da
arma  atravessava  um  grande  tubo  oco,  como  pode  se  ver  na  foto  acima.  Esse  tubo  era  completado
com água antes da utilização, através de bujões rosqueados, um para entrada e outro para saída de
água,  através  de  mangueiras.  Acompanhava  a  arma  dois  ou  tres  latões,  cheios  de  água  fria,  para
servirem  de  suporte  ao  tiro.  Na  guarnição  que  servia  de  apoio  à  arma  havia  um  soldado  só  para
tomar  conta  desse  detalhe,  e  fazer  a  troca  da  água,  através  de  mangueiras  rosqueadas  ao  cano,
quando  fosse  necessário.  Apesar  desse  trabalho  todo,  o  sistema  permitia  tiro  contínuo  sem
necessidade de se trocar de canos frequentemente.

A versão MG08/15, mais leve que a MG08

A  cadência  de  fogo  das  MG‑08  era  em  torno  de  500  disparos  por  minuto.  As  cintas  de  munição
A  cadência  de  fogo  das  MG‑08  era  em  torno  de  500  disparos  por  minuto.  As  cintas  de  munição
utilizavam  250  cartuchos  e  um  municiador  treinado  colocava  uma  cinta  municiada  na  arma  com
grande velocidade, assim que a anterior tivesse sido totalmente utilizada. O cartucho empregado nas
metralhadoras  MG‑08  era  o  7,92mmX57S,  o  famoso  8mm  Mauser,  o  mesmo  utilizado  nos  fuzis  e
carabinas  utilizados  pelo  Exército  Alemão.  O  peso  da  arma  era  de  26Kg,  adicionando  mais  4Kg
quando carregada com água; com o suporte completo, o peso total era de cerca de 38Kg.

Ainda  em  relação  às  metralhadoras  baseadas  na  Maxim,  em  1915  foi  idealizada  uma  versão  mais
leve, se é que ainda se poderia empregar esse adjetivo. A MG08/15 era uma MG08 contando com um
bipé  de  aço,  montado  por  debaixo  da  camisa  de  água  do  cano.  Um  sistema  de  punho‑pistola  foi
implementado,  com  um  gatilho  de  acionamento,  e  na  parte  posterior  fixou‑se  uma  coronha  de
madeira. O peso da arma foi reduzido para 18Kg  com mais 3Kg. do peso da água, o que realmente já
era uma grande diferença.

Além  das  metralhadoras  baseadas  na  Maxim,  a  Alemanha  ainda  utilizou  durante  a  I  Guerra  as
metralhadoras  Bergmann  modelo  MG‑15.  Elas  eram  baseadas  numa  versão  anterior  de  1902,  uma
idealização  do  engenheiro  Louis  Schmeisser,  associado  ao  fabricante  Theodor  Bergmann.  A  MG‑02
era uma arma bem similar às Maxim, e também refrigerada à água. Era mecanicamente mais simples,
mas provou ser menos durável e suas peças quebravam mais. Por essa razão, o Exército Alemão não
se interessou muito por elas.

A Bergmann‑Schmeisser MG‑02

Porém, a MG‑15 era um conceito totalmente novo, pois empregava um cano de fácil substituição, que
era  montado  por  dentro  de  uma  camisa  de  refrigeração  perfurada,  feita  de  aço.  Para  manter  a
compatibilidade  no  campo  de  batalha,  a  MG‑15  podia  ser  montada  no  mesmo  suporte  das  MG‑08,
bem  como  trabalhava  com  a  mesma  cinta  de  lona.  Entretanto,  foi  desenvolvido  para  a  MG15  uma
nova  cinta  do  tipo  desintegrável,  feita  somente  de  anéis  avulsos  de  aço.  Com  a  extração  de  cada
cartucho, os elos se desprendiam da cinta. A cadência de tiro da MG15 era de cerca de 550 disparos
por  minuto;  seu  peso  total  era  13Kg  sem  o  bipé  e  as  cintas  de  munição  comportavam  duzentos
cartuchos. Pode‑se dizer que a MG15 foi o ponto de partida para quase toda a totalidade de modelos
de metralhadoras leves da atualidade.
Metralhadora Bergmann MG‑15, também em calibre 7,92mmX57S

Após  o  término  da  I  Guerra  e  a  derrota  da  Alemanha  e  de  seus  aliados,  foi  assinado  o  Tratado  de
Versailles onde os países aliados procuraram, de várias maneiras, limitar o poderio bélico do Reich
Alemão,  dali  em  diante.  Inúmeras  sanções  foram  estabelecidas  e  no  âmbito  de  armas  de  fogo,  os
derrotados  sofreram  muitas  restrições  no  que  de  referiam  ao  tipo  de  armamento  que  seria  ou  não
permitida a produção. Diga‑se de passagem que, principalmente após a subida do Partido Nazista ao
poder, em 1933, praticamente nada foi realmente respeitado dentro daquele tratado.

Sendo  assim,  nos  idos  de  1930,  a  Rheinmetall,  na  localidade  de  Sömmerda,  iniciou  a  produção  da
metralhadora  leve  MG30,  projeto  em  grande  parte  baseado  no  sistema  da  metralhadora  anti‑aérea
MG15. Nessa época, pré‑nazismo, o Reichswehr não permitiu que se prosseguisse com o projeto na
Alemanha, devido ao tratado. Dessa forma, a Rheinmetall licenciou a Solothurn, na Suíça, e a Steyr‑
Daimler‑Puch na Áustria, que prosseguiram com os trabalhos.

A metralhadora leve MG30, produzida na Suíça e na Áustria

A MG30 era simplesmente revolucionária como metralhadora. Era leve, podia ser transportada por
um só homem, refrigerada à ar e trabalhava com um carregador tipo caixa para 30 cartuchos calibre
7,92mmX57,  o  padrão  adotado  pela  Alemanha  para  seus  fuzis  Mauser,  podia  disparar  de  forma
intermitente ou contínua e seu ciclo de fogo chegava aos 800 disparos por minuto.

Posteriormente,  por  volta  de  1934  o  projetista  Heinrich  Vollmer,  na  época  trabalhando  na  Mauser
Werke,  executou  algumas  melhorias  no  projeto,  melhorando  o  sistema  de  trancamento  da  culatra  e
alterando  o  sistema  de  alimentação  para  poder  trabalhar  com  cintas  de  munição  ao  invés  de
carregadores  tipo  caixa.  O  sistema  de  tecla  de  gatilho  com  dois  ressaltos  permitia  que,  só  com  a

mudança  da  posição  do  dedo  para  cima  ou  para  baixo  da  tecla,  podia‑se  selecionar  entre  fogo
mudança  da  posição  do  dedo  para  cima  ou  para  baixo  da  tecla,  podia‑se  selecionar  entre  fogo
automático e semi‑automático. Nascia a MG‑34, um projeto ainda melhor que a MG‑30, com cadência
de fogo entre 800 a 900 tiros por minuto. Mais uma vez a Alemanha usou, como campo de testes para
essa arma, o cenário da Guerra Civil Espanhola.

A metralhadora leve MG‑34, nessa foto utilizando o magazine tipo tambor, de 50 ou 75 cartuchos, o que
permitia a sua utilização com o atirador em movimento

A grande cadência de tiro tornava essa arma temida pelos soldados inimigos. Por outro lado, haviam
alguns  impecilhos.  Para  se  manter  um  poder  de  fogo  contínuo,  Vollmer  idealizou  um  sistema  de
cinta de alimentação que podia ser montada uma na outra, durante a operação, com rapidez. Outro
problema  era  o  aquecimento  do  cano,  apesar  da  camisa  externa  perfurada.  Com  o  excessivo
aquecimento, o cano tinha que ser substituído de tempos em tempos, em pleno campo de batalha, até
que esfriasse e era então, remontado à arma. O sistema de troca de canos era muito simples, com um
sistema de encaixe e travas de segurança e qualquer soldado treinado executava o trabalho em menos
de um minuto, sem prejuízo das atividades em campo.

No  início  da  II  Guerra,  a  Alemanha  dispunha,  com  a  MG34,  da  mais  moderna,  rápida,  versátil  e
portátil metralhadora em uso por qualquer um dos países beligerantes. Uma posição de combatentes,
mantida  com  uma  MG34,  espalhava  um  terror  à  sua  volta  e  provocavam  inúmeras  baixas  com
facilidade.  A  MG34  trabalhava  com  o  sistema  de  culatra  aberta,  ou  seja,  na  interrupção  dos  tiros  o
ferrolho permanecia aberto, facilitando a refrigeração, e sem perigo de um cartucho auto‑detonar no
interior da câmara.
Soldados alemães na frente ocidental, equipados com a MG‑34

A MG‑34 pesava cerca de 12Kg sem o tripé; com ele atingia 19Kg. As versões que possuíam um bipé
frontal eram as mais comuns e versáteis. O comprimento total era de 1,21m. A produção em massa se
iniciou em 1935 e durou até o fim da guerra, em 1945, com cerca de 600.000 armas produzidas. Em
1941 o projeto sofreu algumas alterações, e a versão MG34/41 começou a ser empregada nas tropas,
oferecendo  quase  1.200  disparos  por  minuto  de  cadência  de  tiro.  Porém,  a  MG‑34  não  era  perfeita.
Apesar de que haviam problemas crônicos no funcionamento, principalmente quando submetidas ao
uso em ambientes com muita areia e poeira, a maior desvantagem estava justamente no projeto em si;
mecanismo complicado, que exigia usinagem precisa e materiais caros, complexidade de manufatura
e intercambiabilidade de peças, mais custo de fabricação elevado.

O sistema de gatilho de duas posições, para disparos intermitentes (E‑Eine) e contínuos (D‑Dauer).
Soldados alemães na frente russa, equipados com a MG‑34 montada em um tripé. Um deles porta o fuzil semi‑
automático G43.

A metralhadora MG‑34, apesar de que tenha sido substituída aos poucos pela MG‑42, mais barata e
mais fácil de se produzir, fez muito sucesso após a II Guerra, sendo adotada e utilizada por diversos
países (Portugal, China, Espanha, Arábia Saudita, Turquia, etc.) e eventos bélicos como  na segunda
Guerra Sino‑Japonesa, Guerra Civil Chinesa, Vietnam, guerras e revoltas nas colônias portuguesas da
África, dentre outras.

O  projeto  de  uma  arma  substituta  à  MG‑34  começou  já  no  início  da  Guerra,  em  1939.  As  empresas
que  atenderam  ao  pedido  da  Comissão  Alemã  foram  a  Metall  und  Lackierwarenfabrik  Johannes
Grossfuss AG, a  Rheinmetall da cidade de Sömmerda, e a Stübgen, da localidade de Erfurt. Desses
projetos,  o  que  melhor  provou  ser  eficaz  e  eficiente  foi  a  da  Grossfuss,  ironicamente  uma  empresa
que,  ao  contrário  das  outras  duas,  não  tinha  tradição  nem  experiência  no  fabrico  de  armamento.
Porém,  era  especializada  no  processo  de  estamparia,  que  era  justamente  onde  residia  o  foco  da
redução de custos de manufatura. O lider desse projeto foi o Dr. Werner Grunow.

A  arma  resultante  dessa  empreitada  era  bem  similar  na  aparência,  à  MG34,  o  que  aliás  foi  uma
decisão  deliberada,  uma  vez  que  causaria  menos  impacto  na  tropa,  já  habituada  com  a  operação
daquelas armas. Para simplificar, só havia agora  a opção de utilização de cintas de munição, e não
mais de carregadores de tambor, caros e sensíveis às más condições de uso, com uma só exceção, a de
uma variante de 50 cartuchos.
Um dos primeiros modelos da MG‑42, produzida pela Metall und Lackierwarenfabrik Johannes Grossfuss AG

O mecanismo interno não tinha mais quase nada de herança das MG‑34. O complicado ferrolho foi
modificado e simplificado, utilizando‑se pela primeira vez em uma arma automática um sistema de
roletes  laterais,  que  agiriam  como  elementos  de  trancamento  quando  o  ferrolho  se  fechasse.  O
sistema era tão eficiente que a cadência de tiro atingia a estonteantes 1200 disparos por minuto, tendo
chegado  em  testes  executados  à  1500  tiros.  Da  MG34  herdou  um  melhorado  sistema  de  troca  de
canos, ainda mais simples e fácil de ser executado.
Na fotografia de cima, o ferrolho da MG42 onde se pode notar os roletes laterais, de travamento da culatra.
Embaixo, desenho esquemático do funcionamento do sistema, da empresa Grossfuss AG. 

Testes de campo comprovaram que a arma era bem menos suscetível à travamentos em virtude da
presença  de  areia,  e  lama.  A  produção  iniciou‑se  em  1942  e  estima‑se  em  400.ooo  unidades
produzidas,  com  contratos  firmados  com  a  Mauser  Werke  e  a  Gustloff  Werke,  além  das  Johannes
Grossfuss AG. A MG‑42 foi, aos poucos, ocupando o espaço das MG‑34 nos campos de batalha, e tal
como acontecia com sua antecessora, espalhava uma certa apreensão e temor por onde era avistada.
Sua impressionante cadência de 1200 tiros por minuto gerava um som inconfundível, que quase todo
soldado aliado aprendeu a ouvir e respeitar.
A metralhadora leve MG‑42, que se tornou um padrão desse tipo de arma, não só na II Guerra como depois dela,
inspirando inúmeros projetos e cópias feitas em outros países.

O  Exército  Americano  chegou  a  criar  alguns  filmes  para  serem  exibidos  à  tropa,  para  auxiliar  os
soldados,  psicologicamente,  a  enfrentarem  o  trauma.  Os  apelidos  dados  à  ela  pelos  americanos
descreviam  o  que  parecia  ser  o  som  de  um  tecido  rasgando,  ou  até  mesmo  de  uma  serra  elétrica
(The  Hitler’s  Buzzsaw).  Apesar  dessa  velocidade,  soldados  bem  treinados  adquiriram  prática  para
economizarem  munição  e  minimizarem  o  aquecimento  dos  canos;  uma  prática  denominada  de
bursting  fire,  pequenas  e  pausadas  rajadas  curtas.  O  seu  desenho  privilegiava  o  uso  de  luvas,  uma
lição  que  os  aliados  só  aprenderem  com  o  tempo.  O  peso  da  arma  chegava  perto  dos  12Kg  e  seu
comprimento total era de 1,22m.

A dura lição que os americanos tiveram que aprender era que a doutrina militar americana era a de
privilegiar os fuzileiros, deixando para a metralhadora o papel de suporte. Para os alemães, isso era
exatamente o inverso: a metralhadora atuava no papel principal e os fuzileiros davam o suporte. Isso
significava que os alemães empregavam muito mais metralhadoras em relação ao mesmo número de
soldados na tropa, das forças aliadas.

A MG42 era, sem sombra de dúvida, uma arma muito além de seu tempo. O projeto é tão bom e tão
inovador  que  inspirou  a  construção  de  armas  similares,  baseadas  em  seu  conceito,  em  dezenas  de
países.  Até  mesmo  a  recente  metralhadora  americana  M‑60  possui  mecanismos  baseados  nos
conceitos da MG‑42. A Rheinmetall MG3 e suas variações é, até hoje, a metralhadora leve padrão das
forças  da  Alemanha,  Grécia,  Canadá,  Itália  e  Austrália.  O  Brasil  importou  um  grande  lote  dessas
armas,  apesar  de  que  a  dotação  em  maior  escala  ainda  é  das  FN  MAG,  ela  mesma  possuindo
mecanismo de disparo baseado na MG42.
Acima a metralhadora leve MG‑3 da Rheinmetall, básicamente uma MG‑42 com algumas alterações,
principalmente do ritmo de fogo, baixado para cerca de 800 a 900 disparos por minuto.

Era  costume  do  Exército  Alemão  adotar  as  armas  curtas  produzidas  nos  países  ocupados,  a  fim  de
facilitar  operações  de  produção  e  distribuição.  Isso  ocorreu  com  as  metralhadoras  ZB‑24  e  ZB‑26,
produzidas  na  Tcheco‑Eslováquia,  que  passaram  também  a  ser  utilizadas,  complementando  as  MG
no teatro de operações. Os alemães as denominaram respectivamente de MG‑24 e MG‑26.

A  nomenclatura  mais  comum  usada  nessa  arma  é  LK  vz.  26  (“LK”  significando  “lehký  kulomet”,
metralhadora  leve;  “vz.”  vem  da  palavra  “vzor”,  Modelo  na  língua  Checa).  Porém,  ZB  vz.  26  é
incorreto, pois “ZB‑26” é uma designação do fabricante (Československá zbrojovka v Brně), enquanto
que “vzor 26” ou “vz. 26” é uma designação da arma em si.

Essas duas armas, bem similares entre si, foram desenvolvidas a partir da década de 20 pela empresa
Ceska Zbrojovka (CZ), da localidade de Brno, e baseadas em um projeto dos irmãos Vaclav (Vatslau) e
Emmanuel Holek. Era um desenho bem avançado para a época, de boa portabilidade, refrigerada à
ar e utilizando um carregador para 30 cartuchos inserido na parte superior da arma. Possuía recurso
de  tiro  automático  ou  semi‑automático.  Apesar  de  vários  problemas  enfrentados  no  início,  a  arma
entrou em produção em 1926 e foi adotada pelas forças armadas do país em 1928.
Metralhadora leve ZB26, produzida na Tcheco‑Eslováquia e adotada pelos alemães como MG‑26

O desenho dessa arma também fez muito sucesso; era confiável, simples de fabricar e seu cano era
trocado com muita facilidade. O projeto era bom o bastante para se tornar alvo de inúmeras cópias.
Talvez  a  mais  principal  delas  seja,  sem  dúvida,  a  metralhadora  britânica  BREN,  idealizada  durante
alguns  anos  que  precederam  a  II  Guerra,  por  técnicos  inglêses,  da  qual  falaremos  em  detalhe  mais
adiante.

No  âmbito  das  submetralhadoras,  já  durante  a  I  Guerra,  em  1915,  uma  comissão  especial  alemã
destinada  a  avaliar  e  testar  armas  militares  decidiu  partir  para  o  desenvolvimento  de  uma  arma
voltada para o combate a curta distância, como nas batalhas em trincheiras. A tentativa de se fazer
modificações  em  armas  curtas  já  existentes,  como  certas  modificações  projetadas  para  as  pistolas
Parabellum e a Mauser C96 , falharam. Armas como essas não conseguiriam manter um fogo preciso
em  modo  automático,  devido  à  sua  própria  concepção,  tamanho  e  peso  muito  reduzido.  Com  a
exigência  de  se  criar  uma  arma  totalmente  nova,  Hugo  Schmeisser,  na  época  trabalhando  com
Theoror Bergmann e outros  técnicos, desenharam o que seria a Maschinenpistole 18, ou MP‑18, que
atendia aos requisitos da comissão: velocidade alta de disparo e controlabilidade no tiro automático.
Entretanto, a produção serial só foi iniciada em 1918, já no final da Guerra.

A submetralhadora Bergmann MP18 em calibre 9mm Parabellum

Pode‑se dizer que a MP18 tenha sido a primeira submetralhadora a ser produzida no mundo. Apesar
de  que  em  1915  o  projeto  italiano  da  Villar‑Perosa  possa  até,  por  alguns  autores,  ter  tido  esse
privilégio, a bem da verdade a VP estava mais para uma metralhadora leve, bem longe do conceito
de real portabilidade da MP‑18.

Apesar  de  entrar  no  cenário  final  da  guerra,  ainda  assim  cerca  de  10.000  MP18  foram  destinadas  à
algumas unidades combatentes alemãs. Após a Guerra, com as limitações impostas pelo Tratado de
Versailles,  a  produção  da  MP18  foi  proibida.  Entretanto,  de  forma  dissimulada  a  Bergmann

continuou com a produção da arma e ela se provou excelente quando equipou algumas unidades de
continuou com a produção da arma e ela se provou excelente quando equipou algumas unidades de
polícias urbanas na Alemanha, bem como posteriormente utilizada na Guerra do Chaco e na Guerra
Civil Espanhola.

A  arma  sofreu  algumas  modificações  e  melhoramentos  nos  anos  seguintes,  e  versões  foram
produzidas  utilizando  carregadores  do  tipo  tambor  (drum  magazines),  com  50  cartuchos,  ou  o
tradicional carregador de montagem horizontal para 20 ou 32 cartuchos. Os calibres mais utilizados
foram o 9mm Luger e o 7,63mm Mauser. A cadência de fogo era de 550 tiros por minuto. O cano era
encamisado  por  um  tubo  perfurado,  para  a  devida  refrigeração.  Nos  anos  que  precederam  a  II
Guerra,  a  MP18  sofreu  evoluções  bem  como  gerou  outros  projetos,  como  a  MP28  e  MP32,  também
 criadas por Schmeisser.

Bergmann‑Schmeisser MP28

Basicamente  o  conceito  dessas  sub‑metralhadoras  era  o  que  até  hoje  é  bastante  comum,  ou  seja,
trabalhavam  com  o  ferrolho  aberto,  sem  travas  de  culatra  (blowback)  e  um  sistema  de  mola
recuperadora enclausurada em um tubo telescópico, uma solução engenhosa que serve de guia para
que  a  mola,  razoavelmente  longa,  não  se  deforme  com  os  constantes  movimentos  de  compressão  e
expansão.

No ano de 1924, o empresário Bertold Geipel fundou a ERMA, Erfurt Machinen, e a partir de 1928,
contratou  Heinrich  Volmmer,  que  passou  a  fazer  parte  da  equipe  de  engenheiros  e  projetistas  da
empresa. Na Erma, Vollmer desenvolveu um projeto baseado na MP28, denominado de EMP (Erma
Maschinen Pistole), que gerou posteriormente três variações importantes: A primeira, dotada de mira
tangencial, em 1935, cano longo com camisa perfurada e encaixe para baioneta, que foi vendida para
a  Iugoslávia.  A  segunda  variante  possuía  pequenas  alterações,  principalmente  na  coronha  e  a
terceira, que foi a mais vendida e mais usada na Espanha, incorporava pela primeira vez uma trava
de segurança.

Todos  esses  projetos,  entretanto,  utilizava  o  mecanismo  desenvolvido  por  Vollmer.  A  EMP
possuía carregadores para 20 ou 32 cartuchos, calibre 9mm Parabellum, posicionado na parte frontal
e  à  esquerda  da  arma,  em  posição    de  90º  em  relação  à  empunhadura.  Pesava  cerca  de  4,200Kg.  e
tinha uma cadência de tiro de 350 a 450 disparos por minuto. Não possuía opção para tiro único.
Acima, a Erma Maschinen Pistole, desenvolvida por Volmer em 1935

Finalmente,  em  1938,  a  menos  de  um  ano  da  invasão  da  vizinha  Polônia,  fato  que  desencadearia  o
maior  conflito  armado  da  História,  uma  mudança  de  conceitos  no  Alto  Comando  Alemão  fez  com
que  seus  chefes  entrassem  em  contato  com  Geipel  solicitando  com  urgência  o  desenvolvimento  e
fabricação  de  uma  arma  automática  que  suprisse  as  necessidades  principalmente  de  tropas
motorizadas e de paraquedistas. Foi realmente providencial a atitude de Vollmer de ter continuado
com seu projeto, pois a Erma tinha, agora, condições de, em tempo recorde, suprir essa exigência do
Alto Comando. Para esta nova arma, a Erma designou a nomenclatura de MP‑38, ou Machinen‑Pistole
Modell 1938. 
Armas Online dispõe aqui (h�ps://armasonline.org/armas‑on‑line/as‑submetralhadoras‑erma/) de um
artigo  bastante  completo  a  respeito  da  MP38  e  da  posterior  MP40,  duas  submetralhadoras  que
estavam, sem sombra de dúvida, dentre as melhores utilizadas naquele teatro de operações.

A submetralhadora Erma MP‑38
A  Mp‑38  foi,  sem  sombra  de  dúvida,  uma  espécie  de  “mãe”  de  quase  todas  as  sub‑metralhadoras
A  Mp‑38  foi,  sem  sombra  de  dúvida,  uma  espécie  de  “mãe”  de  quase  todas  as  sub‑metralhadoras
desenvolvidas desde então, revolucionando o conceito de fabricação em massa, de custo baixo e de
soluções  práticas  e  eficientes,  principalmente  pela  substituição  de  madeira  por  resinas  plásticas  e  o
uso  de  uma  coronha  metálica  dobrável,  que  deixava  a  arma  muito  mais  prática  e  menor  para  uso
geral,  podendo  até  mesmo  ser  disparada  com  uma  só  mão  por  um  soldado  paraquedista  treinado,
mesmo estando ainda em processo de “aterrizagem”, tal como a praticidade de uma autêntica pistola
metralhadora.

Seu sistema era de ferrolho aberto e com a mola embutida em um tubo telescópico, tal como a EMP; a
armação  era  de  chapa  estampada  e  a  estrutura  da  empunhadura  em  alumínio;  as  placas  de
empunhadura  e  fustes  eram  em  plástico.  A  arma  possuía  ainda  uma  peça  em  plástico,  com
articulação bem abaixo do cano, que uma vez escamoteada, servia como um apoio, uma espécie de
monopé útil para manter a arma apoiada em janelas de veículos, por exemplo.

Cabe aqui uma explanação que gera muita confusão quando se fala das MP‑38. Elas são, muitas vezes
e equivocadamente chamadas de “Schmeisser”, palavra que se refere ao nome do ilustre projetista de
armas  alemão,  Hugo  Schmeisser,  já  citado  anteriormente  e  criador  dos  modelos  da  Bergmann.  Isso
deve ter sido atribuido em virtude de que Schmeisser foi gerente‑geral da indústria Haenel, empresa
que  durante  a  sua  gestão  produziu  várias  unidades  da  MP‑38.  Mesmo  quando  a  MP‑38  foi
substituída  pela  MP‑40,  não  só  a  Haenel  continuou  sua  fabricação  como  Schmeisser,  agora  sim,
efetuou modificações na arma e criou a MP‑41, que abordaremos em seguida.

A  Mp‑38  possuía  um  carregador  posicionado  na  parte  frontal,  alinhado  com  a  empunhadura,  com
capacidade para 32 cartuchos calibre 9mm Parabellum (9×19), com uma cadência de tiro entre 500 a
550  disparos  por  minuto,  pesando  a  arma  desmuniciada  cerca  de  3,700Kg.  Não  possuía  seletor  de
tiro.
Acima, uma vista explodida da MP‑38
Um  dos  problemas  que  mais  afetava  a  MP‑38  e  igualmente  em  quase  todas  as  armas  similares,  é  a
questão  da  segurança.  Como  essas  armas  trabalham  com  o  ferrolho  aberto,  e  eles  possuem
geralmente  suas  alavancas  de  armar  proeminentes,  existe  uma  grande  possibilidade  de  disparos
acidentais em quedas ou batidas fortes. Esse problema foi resolvido de forma bem simples, até. Uma
pequena reentrância criada no final do rasgo por onde corre a alavanca do ferrolho servia para que
esta alavanca ali fosse encaixada e evitasse o seu retorno acidental para a posição de disparo.
Dois  anos  mais  tarde,  surgiu  uma  necessidade  que  em  muito  lembra  o  mesmo  problema  ocorrido
com as metralhadoras MG34 e MG42: a simplificação de produção e a redução dos custos. Desta feita,
a  ERMA  apresentou  o  projeto  denominado  de  MP‑40,  que  de  certa  forma  atendia  as  exigências  do
Alto Comando.
Acima, a MP‑40 em calibre 9mmX19 Parabellum

Neste  modelo  o  principal  foco  foi  facilitar  ainda  mais  o  processo  de  produção  e  reduzir  custos.  A
armação passou a ser feita de chapa estampada em duas partes e soldada à ponto. O material plástico
utilizado no fuste foi substituído por um tipo de resina fenólica que era mais resistente ao calor e à
impactos. Outra importante mudança foi a utilização de aço com mais baixo teor de carbono, o que
facilitava em muito os processos de usinagens.

ITÁLIA

A Itália, antes da eclosão da I Guerra, fazia parte da Tríplice Aliança, e mesmo assim não declarou
guerra aos aliados em 1914. A bem da verdade, a Itália mantinha historicamente uma animosidade
com o Império Austro‑Húngaro, desde o Congresso de Viena de 1815, após as Guerras Napoleônicas.
A  diplomacia  aliada  cortejava  e  mantinha  um  relacionamento  amigável  com  a  Itália,  sabendo  das
tendências nacionalistas e expansionistas de grande parte da elite militar. Dessa feita, com êxito, os
aliados  assinaram  com  o  país  o  Tratado  de  Londres  em  1915,  o  que  desobrigava  a  Itália  de  seus
compromissos com a Tríplice Aliança.

Uma das primeiras metralhadoras utilizadas pela Itália na I Guerra foi a Perino modelo 1908. Ela foi
desenvolvida  a  partir  de  1901  pelo  engenheiro  Giuseppe  Perino,  que  era  um  militar  técnico  em
artilharia. Ao que tudo indica, o projeto de Perino foi o primeiro desenho originalmente italiano de
uma metralhadora. Era uma arma refrigerada à água, com alguns conceitos baseados na Maxim. Era
grande, pesada, com mais de 27Kg somente a arma, sem o tripé. Necessitava de uma guarnição de 3 a
4  homens  para  operá‑la.  Uma  solução  interessante  era  a  utilização  de  um  reservatório  de  água
contendo  uma  bomba  movida  à  manivela,  através  da  qual  se  fazia  a  água  circular  por  dentro  da
camisa de refrigeração da arma e retornar ao reservatório. Mais tarde, mesmo com a introdução da
Fiat Revelli e das metralhadoras Maxim, a Perino ainda conviveu algum tempo junto às tropas.
Metralhadora Perino M1908 em fotografia de demonstração.

A partir de 1910, o projetista Abiel Revelli decidiu modificar a metralhadora Perino, já nessa altura
considerada obsoleta para uso como arma de dotação padrão no Exército Italiano.  Mais uma vez a
metralhadora  Maxim  serviu  como  base  em  diversas  soluções,  uma  vez  que  era  um  desenho  já
provado  e  testado  por  inúmeros  países.  O  primeiro  protótipo  de  Revelli  foi  recusado  e  a  Maxim  se
manteve  como  a  arma  padrão  em  uso.  No  entanto,  em  1913,  Revelli  executou  uma  série  de
modificações no seu projeto original e após novos testes, a arma foi aprovada.

O  problema  de  se  treinar  soldados  em  dois  tipos  de  armas  fez  com  que,  mais  uma  vez,  o  Exército
protelasse  a  encomenda  de  armas  de  Revelli.  No  entanto,  para  sua  sorte,  uma  encomenda  de  920
metralhadoras Maxim feita pelo governo anteriormente, sofreu atraso na entrega e em 1914, o Estado‑
Maior Italiano reavalia a arma de Revelli pela terceira vez. Dessa feita, decidem encomendar cerca de
50.000  peças  para  equipar  diversas  unidades  do  Exército,  sendo  que  por  volta  de  10.000  foram
produzidas  pela  empresa  automotiva  FIAT  e  o  restante,  cerca  de  40.000,  pela  Societá  Metallurgica
Bresciana.
Metralhadora Fiat‑Revelli modelo 1914, em calibre 6,5mmX52

Em 1915, a arma foi distribuída para unidades de cavalaria e infantaria. Testada no campo de batalha,
mesmo  em  condições  climáticas  extremas  e  de  grande  estresse  operacional,  a  arma  se  mostrou
robusta, apesar da mecânica rústica mas com balística adequada. O calibre era o 6,5mmX52 utilizado
no fuzil Carcano. A cadência de tiro era baixa, de no máximo 600 por minuto, mas não deixava de ser
o padrão para armas daquele tipo. O sistema de carregamento era feito através de uma caixa metálica
acoplada ao lado da arma, com capacidade de 50 cartuchos.

Por  outro  lado,  era  uma  arma  extremamente  pesada  (22  Kg  quando  carregada  com  água),
especialmente  por  causa  do  sistema  de  resfriamento  de  água.  Além  disso,  Revelli  inventou  um
sistema  de  alimentação  que  era  equipado  com  uma  pequena  bomba  de  óleo,  que  lubrificava  cada
curso  do  ferrolho  antes  de  seu  fechamento.  Com  o  tempo  percebeu‑se  que  a  arma  era  sujeita  a
emperramentos constantes, uma vez que o óleo, combinado com a poeira que entrava no mecanismo,
criava uma pasta granulada, abrasiva, que ia bloqueando o próprio mecanismo.

Mesmo  assim,  a  Revelli  se  tornou  a  metralhadora  mais  extensivamente  utilizada  pelo  Exército
Italiano, mesmo após a Guerra, participando de outros conflitos armados, como na Líbia e na Etiópia.
Mesmo  dispondo  da  Revelli,  algumas  unidades  do  Exército  Italiano  foram  equipados,  em  menor
escala,  com  as  metralhadoras  americanas  Colt‑Browning  de  1895,  as  Hotchkiss  1914  e  a  Lewis,  das
quais falaremos adiante.

Em 1930, a empresa Società Italiana Ernesto Breda per Costruzioni Meccaniche projetou, a pedido do
governo  italiano,  uma  metralhadora  leve,  que  acabaria  por  se  tornar  a  arma  automática  portátil
padrão do Exército Italiano na II Guerra. A metralhadora Breda trabalhava com um carregador tipo
clipe  metálico,  para  20  cartuchos.  O  sistema  de  funcionamento  era  o  de  culatra  destrancada
(blowback),  o  que  além  de  causar  trancos  violentos  ainda  ocasionava  problemas  de  extração  de
cartuchos. Para piorar mais a situação, e nos parece que os engenheiros italianos não aprenderam a
lição herdada das Revelli, incorporaram na Breda a tal bomba de óleo, com a intenção de melhorar o
funcionamento da arma no que se refere à extração dos cartuchos. Novamente, o tiro saiu pela culatra
pois o óleo, misturado à areia e pó, tornava‑se uma massa pastosa que emperrava o ferrolho da arma.
Os únicos locais onde esse sistema se deu bem foi na região dos Balcãs e na campanha russa, devido
ao clima frio.
Uma metralhadora leve Breda 1930, exposta em um museu de armas canadense.

Em um sistema de culatra fechada em uma arma refrigerada à ar, como era o caso, a frequência de
disparos  não  intencionais  era  grande.  Devido  ao  calor  na  câmara,  os  cartuchos  auto‑detonavam.
Houveram diversos relatos de mortes e ferimentos causados à própria guarnição que operava a arma,
que passou a ser considerada não confiável.

Já  durante  a  guerra,  houve  uma  tentativa  de  se  adaptar  as  Breda  M1930  para  utilizarem  o  novo
cartucho de fuzil da infantaria, o 7,35mm, mais eficiente e moderno que o arcaico 6,5mm Carcano. No
entanto, os planos para isso praticamente não saíram do papel. A Breda 1930 foi também utilizada em
larga  escala  montada  em  veículos  blindados,  como  tanques  e  carros  blindados.  Em  uso  regular,
normalmente havia cerca de 24 peças por batalhão, cerca de uma para cada patrulha; porém, com o
passar dos anos, essa relação acabou sendo dobrada.
Acima, os dois lados de uma arma realmente problemática, a metralhadora leve Breda 1930

Apesar  de  ter  um  desenho  até  que  avançado  para  a  época,  a  Breda  nunca  foi  considerada  pelos
entendidos como uma arma militar de qualidade. A cadência de fogo era baixa para uma arma desse
tipo,  atingindo  500  tiros  por  minuto.  O  carregador  do  tipo  clipe  metálico  era  de  muito  baixa
capacidade,  e  o  remuniciamento  era  complicado  e  lento.  Para  se  ter  ideia  da  importância  dessa
operação,  cada  soldado  italiano  recebia  treinamento  no  recarregamento  das  Breda,  mesmo  que
durante  toda  a  campanha  nunca  tivesse  sequer  tocado  nessa  arma.  A  troca  de  canos,  condição
imprescindível  para  o  êxito  de  uma  metralhadora  leve  refrigerada  à  ar,  era  um  tormento  de  ser
executado em campo de batalha.

Pouco  antes  da  guerra,  em  1937,  a  empresa  Breda  também  lançou  uma  metralhadora  pesada,  no
calibre 8mmX59 Breda, com a intenção maior de utilização em veículos blindados e utilização anti‑
aérea,  e  com  bem  melhor  potência  balística  que  o  obsoleto  cartucho  6,5mm.  Apesar  de  que  seu
projeto  mecânico  é  similar  aos  das  metralhadoras  Hotchkiss,  utilizando  um  sistema  de  clipe
horizontal, o que não se entende é porque os projetistas optaram por fazer a arma retirar o cartucho
do carregador durante o disparo, o que é normal, mas recolocá‑lo de volta no carregador ao invés de
descartá‑lo,  o  que  é  contra‑producente  pois  retarda  o  ciclo  de  disparos.  Além  disso,  arma  também
sofria  de  diversos  problemas  herdados  do  projeto  original  da  1930.  Mesmo  assim,  foi  adotada  pelo
Exército Português e ficou em serviço na Itália até meados de 1960.
Metralhadora pesada Breda Mod. 1937 com caixa de alguns acessórios e mira anti‑aérea

Em  resumo,  com  qualquer  uma  das  armas  produzidas,  a  Breda  infelizmente  colaborou  um  pouco
mais  para  que  a  Itália  entrasse  para  o  rol  dos  países  mais  mal  equipados,  em  termos  de  armas
portáteis, em ambas as Grandes Guerras; uma grande ironia, pois vai de encontro a um país com uma
tradição de armeria de primeira linha, fabricante das melhores espingardas de tiro e caça do mundo,
e porque não dizer, da pistola Bere�a, que hoje é a arma padrão de nada menos do que o Exército
Americano.

Na  I  Guerra  a  Itália  praticamente  não  utilizou  a  sub‑metralhadora,  mas  isso  não  era  um
comportamento próprio só daquele país. O conceito das batalhas na I Guerra era totalmente diferente
do que ocorria na II Guerra, por exemplo. Quase nenhum país beligerante tinha, nessa época, algum
interesse nesse tipo de armamento.

Mesmo  assim,  muitos  autores  costumam  afirmar  que  justamente  uma  arma  de  idealização  italiana
tenha  sido  a  primeira  submetralhadora  utilizada  em  combate.  Trata‑se  da  Villar‑Perosa  M1915.  A
responsável  pelo  projeto  e  a  produção  dessas  armas  foi  a  Officini  de  Villar  Perosa.  Orginalmente,  o
projeto  foi  idealizado  para  que  a  arma  fosse  operada  pelos  tripulantes  ou  observadores  de  aviões
militares.  No  entanto,  a  ideia  de  torná‑la  portátil  era  parte  importante  desse  plano.  O  cartucho
empregado  era  o  anêmico  9mm  Glisenti,  utilizado  nas  pistolas  Glisenti  adotadas  pelo  Exército.
Portanto,  tratava‑se  mesmo  de  uma  submetralhadora,  as  quais,  segundo  especialistas,  só  merecem
essa  denominação  por  esse  motivo,  ou  seja,  o  conceito  de  uma  pistola  metralhadora  utilizando
cartuchos de pistola semi‑automática.

A  Villar‑Perosa  era  como  se  fossem  duas  armas  em  uma.  Possuía  não  somente  dois  canos;  os
mecanismos que os disparavam eram independentes, bem como os carregadores, o que na realidade
é  como  se  fossem  duas  armas  acopladas  uma  à  outra.  O  sistema  permitia  uma  cadência  de  tiro
exagerada, algo em torno de 1500 disparos por minuto, o que era completamente inútil, visto que os

carregadores comportavam 25 munições cada um. Desnecessário dizer que na prática, utilizada em
carregadores comportavam 25 munições cada um. Desnecessário dizer que na prática, utilizada em
aviões,  o  alcance  era  pífio  e  totalmente  ineficiente,  mesmo  levando‑se  em  conta  o  tipo  de  aviões
naquela época.

Um dos modelos da Villar‑Perosa, montada em um suporte para uso em veículos

Por  esse  motivo,  a  Villar  Perosa  começou  a  ser  distribuída  para  tropas  terrestres,  de  forma  que  em
1916, praticamente cada batalhão de infantaria do Exército Italiano, possuía uma ou duas delas. Com
o seu baixo peso, comprimento reduzido e elevada cadência de tiro, podia ser utilizada facilmente no
assalto a trincheiras. No entanto, o Exército Italiano considerou‑a inicialmente uma arma de defesa,
equipando cada uma das Villar Perosa com um escudo blindado e uma elevada guarnição composta
por 14 militares. Mais tarde, a Infantaria aprendeu, aos poucos, a utilizá‑la como arma de assalto. A
opção  “portátil”  pesava  cerca  de  6,5Kg.,  com  53cm  de  comprimento  e  dois  carregadores  de  25
cartuchos cada.
Outra variação da Villar‑Perosa, numa opção realmente portátil

A  maioria  das  Villar  Perosa  ainda  existentes  no  final  de  1918,  foram  desmontadas,  sendo  os  seus
componentes  utilizados  para  a  criação  da  Bere�a  M18,  com  um  único  cano  e  uma  coronha  de
madeira. Esta nova arma era uma verdadeira pistola‑metralhadora no sentido moderno do termo. O
engenheiro Tullio Marengoni foi o responsável pelo projeto, nessa época chefe de projetos da Pietro
Bere�a, uma das mais famosas fabricantes de armas esportivas de alta qualidade no mundo, e a mais
antiga fábrica de armas ainda em atividade.

A  ideia  era  aproveitar  o  mecanismo  da  Villar‑Perosa  e  apenas  rearranjar  a  peça  de  forma  mais
conveniente  para  uso  portátil.  Apesar  de  que  o  título  da  primeira  sub‑metralhadora  do  mundo
pertencer à Villar Perosa, pode‑se considerar a Bere�a M18 como sendo a primeira arma em serviço a

ser  projetada  especificamente  para  essa  função,  dado  que  sua  antecessora  consistia  apenas  numa
ser  projetada  especificamente  para  essa  função,  dado  que  sua  antecessora  consistia  apenas  numa
adaptação de uma metralhadora destinada a uso em aeronaves.

As  modificações  implementadas  nas  Villar  Perosa  que  resultaram  na  Bere�a  M18,  consistiram  na
instalação de um novo mecanismo de gatilho, baseado no das espingardas italianas, na adaptação de
uma coronha de madeira com um entalhe de ejeção na parte inferior e na instalação de uma baioneta
dobrável,  semelhante  às  que  estavam  em  uso  nas  carabinas  Carcano.  O  resultado  foi  uma  arma
prática e manejável, mas mantendo em grande parte, o mecanismo idêntico.

A  Bere�a  M18  começou  a  ser  atribuída  às  unidades  de  Arditi  (Comandos)  do  Exército  Italiano,  no
início de 1918, tornando‑se a primeira sub‑metralhadora a entrar em serviço no mundo, antecedendo
em algumas semanas até a famosa MP18 alemã. A Bere�a M18 manteve‑se em serviço até à Segunda
Guerra Mundial, sendo, além disso, utilizada na Guerra Civil Espanhola e na campanha da Abissínia.
O carregador comportava 25 cartuchos, o calibre ainda era o 9mm Glisenti, padrão das armas curtas
italianas; seu peso era de 3,300Kg e a cadência de tiro em torno de 900 disparos por minuto.

Pouco  antes  da  II  Guerra,  em  1935,  o  projetista  chefe  da  Bere�a,  Tullio  Marengoni,  começou  a
trabalhar  no  projeto  da  Mosche�o  Automatico  Bere�a  Modello  1938,  como  uma  alternativa  à  então
obsoleta  M1918.  Sua  arma  foi  adotada  oficialmente  em  1938  pelo  Real  Exército  Italiano.  A  Bere�a
1938  era  uma  excelente  arma,  ganhando  prestígio  e  fama  por  ter  sido  uma  das  mais  efetivas  e
confiáveis  submetralhadoras  usadas  na  II  Guerra.  Entretanto,  devido  à  uma  série  de  dificuldades
geradas pela guerra, só em 1943 que a produção desse modelo atingiu níveis satisfatórios.

A submetralhadora Bere�a M1938

A  Bere�a  1938  é  reconhecida  pela  excelência  dos  materiais,  a  usinagem  de  suas  peças  e  de  seu
A  Bere�a  1938  é  reconhecida  pela  excelência  dos  materiais,  a  usinagem  de  suas  peças  e  de  seu
acabamento.  O  calibre  agora  era  o  bem  mais  eficiente  9mmX19  Parabellum,  o  calibre  adotado  pela
Alemanha  durante  a  introdução  das  pistolas  Luger  em  1908.  O  ciclo  de  fogo  era  de  600  tiro  por
minuto, uma taxa bem confortável e aceitável para armas desse tipo. O carregador podia ser de 10 a
40  cartuchos  de  capacidade.  Manteve‑se  ainda,  durante  algum  tempo  e  em  algumas  versões,  uma
baioneta  dobrável,  oriunda  das  carabinas  Carcano.  O  sistema  de  disparo  era  sem  trancamento
(blowback) de ferrolho aberto, o que na verdade era quase uma unanimidade nas armas desse tipo,
em  vários  países  do  mundo.  Seu  peso  ficava  em  torno  de  4,200  Kg,  um  pouco  elevado  para  uma
submetralhadora.

Acima, a M1938/44, uma das variantes posteriores, mais leve, sem a camisa perfurada, e com a eliminação da
opção de tiro seletivo

  O  sistema  de  disparo  era  feito  através  de  duas  teclas  de  gatilho,  o  da  frente  destinado  à  tiro
individual e o de trás, para tiro automático. Um dos problemas encontrados durante o transcurso da
guerra  foi  o  da  produção  mais  simplificada  e  mais  barata.  Marengoni  trabalhou  sobre  o  projeto
durante os anos da guerra, e mais de cinco versões diferentes foram produzidas, ora visando alguma
solicitação  especial  do  Exército  e  ora  visando  simplificação  do  processo  de  manufatura.  Uma  das
primeiras  coisas  a  serem  eliminadas  foi  a  baioneta.  A  camisa  perfurada  do  cano,  apesar  de  ser  boa
proteção às mãos do atirador, mostrou‑se um luxo desnecessário. Algumas versões tiveram o tiro um
a um eliminado e em outras foi incorporada uma trava de segurança.

Marengoni faleceu logo após a guerra e o projeto ficou sob responsabilidade de Domenico Salza, que
continuou  trabalhando  na  arma  até  o  designado  Modelo  5,  que  foi  introduzido  tanto  no  Exército
como  nas  forças  policiais  italianas.  Do  Modelo  5  vieram  as  armas  Modelo  12,  de  1959,  armas  bem
mais  compactas  e  modernas,  que  posteriormente  foram  adotadas  por  inúmeros  países  pertencentes
ao  bloco  da  NATO,  como  foi  o  caso  do  Brasil. A  Bere�a  M12  também  foi  exportada  para  diversos
países da Europa, África e Ásia, onde equipa Forças Armadas e de Segurança. É fabricada sob licença
no  Brasil,  pela  Taurus  (MT12)  e  também  na  Indonésia.  A  Taurus  MT12  é  a  pistola‑metralhadora
padrão  da  Força  Aérea  Brasileira  e  das  Polícias  Militares  Brasileiras,  como  também  da  Polícia  de
Segurança Pública em Portugal.
Submetralhadora Bere�a M12, ou aqui no Brasil conhecida também como MT12 (Taurus) e adotada pelo
Exército Brasileiro sob denominação de Metralhadora 9 M972.

INGLATERRA

Após  a  mudança  de  Hiram  Maxim  para  a  Inglaterra,  a  fundação  da  sua  empresa,  The  Maxim  Gun
Company,  foi  majoritariamente  financiada  por  Albert  Vickers,  filho  do  industrial  do  aço  Edward
Vickers. Albert Vickers tornou‑se então o presidente da companhia. Mais tarde, a companhia juntou‑
se à sua concorrente Nordenfelt e assim transformou‑se na Maxim‑Nordenfelt.

Em  1888,  a  arma  foi  apresentada  para  uma  comissão  do  Exército  Britânico  e  aprovada,  passando  a
equipar  diversas  unidades  militares  tanto  na  própria  ilha  como  nas  colônias.  Finalmente,  essa
companhia  foi  absorvida  pelo  empresa‑mãe  Vickers.  Sob  essa  nova  direção,  veio  como  herança  os
projetos da metralhadora Maxim‑Vickers, cujo desenho foi continuamente aperfeiçoado, originando a
Metralhadora Vickers, adotada pelo Exército Britânico em 1912.
A metralhadora britânica Vickers Mod. 1912 Mk I‑ vários melhoramentos foram implementados sobre o projeto
de Maxim

A  Vickers  foi  a  metralhadora  pesada  utilizada  em  larga  escala  na  I  Guerra,  pelos  britânicos.  O
cartucho  empregado  era  o  .303  British,  o  calibre  padrão  dos  fuzis  SMLE.  A  cinta  de  munições
comportava 250 cartuchos; a cadência de tiro era de 450 e o peso sem tripé de 18k. Com a adição de
água  para  refrigeração,  seu  peso  subia  para  22  Kg,  aproximadamente.  Tal  como  as  Maxim  e  suas
derivadas, a Vickers Mk I e suas variantes posteriores, era uma arma muito confiável, resistente e de
grande  durabilidade.  Podia  manter  fogo  contínuo  por  muito  tempo,  sem  problemas  de
funcionamento.

Adicionalmente,  mesmo  antes  da  entrada  dos  Estados  Unidos  na  guerra  em  1917,  acordos  de
colaboração entre os dois países permitiram aos Estados Unidos fornecerem equipamento militar em
grande  escala.  Para  suprir  as  necessidades  do  Exército  Britânico  na  área  de  armas  portáteis,  como
fuzís  e  metralhadoras,  dois  modelos  de  metralhadoras  foram  incorporados  às  tropas:  a  Browning
Mod. 1917 e a metralhadora Lewis Mod. 1914. Sobre a Browning 1917 falarmos no capítulo referente
às armas norte‑americanas, pois ela foi a metralhadora padrão do Exército dos USA nas duas grandes
guerras.

A  Lewis,  apesar  de  ser  um  projeto  norte‑americano,  foi  bem  mais  utilizada  pelos  britânicos,  que  a
A  Lewis,  apesar  de  ser  um  projeto  norte‑americano,  foi  bem  mais  utilizada  pelos  britânicos,  que  a
adotaram  no  curso  da  I  Guerra.  A  Lewis  foi  um  projeto  idealizado  pelo  Coronel  do  Exército
Americano  Isaac  Newton  Lewis,  em  1911,  baseado  em  idéias  anteriormente  criadas  por  Samuel
Maclean.  Lewis  tinha  algumas  desavenças  pessoais  com  o  chefe  do  departamento  de  ordenança
americano,  o  Gen.  William  Crozer,  e  por  esse  motivo,  a  Lewis  acabou  sendo  rejeitada  pelo
departamento e a arma não foi aceita pelo Governo Norte‑Americano.

Então,  Lewis  deixou  os  Estados  Unidos  em  1913  e  mudou‑se  para  a  Bélgica,  onde  fundou  a  Armes
Automatique Lewis, na cidade de Liège, importante comunidade belga com muita tradição e atividade
armeira naquele país. Com essa empresa iniciou conversações com antigas amizades que tinha com a
BSA, a British Small Arms, uma tradicional fabricante britânica de motocicletas e armas.

Soldado britânico defendendo sua trincheira com a metralhadora Lewis, na I Guerra Mundial

Após  os  contatos,  Lewis  produziu  uma  quantidade  pequena  de  exemplares  de  sua  metralhadora  a
serem  enviadas  à  Inglaterra,  em  calibre  .303  British,  o  padrão  daquele  país  e  o  mesmo  usado  nas
Vickers.  A  BSA  gostou  do  projeto  e  adquiriu  uma  licença  para  fabricação  local  da  arma,  em  1914,
propiciando  ao  Coronel  Lewis  um  significante  reembolso  em  forma  de  royalties.    Na  iminência  da
invasão  alemã  na  Bélgica,  Lewis  mudou‑se  com  sua  fábrica  para  a  Inglaterra.  A  própria  Bélgica
utilizou a metralhadora durante a invasão germânica, mas em pouca quantidade.

A arma foi oficialmente adotada em 1915 com a designação típica britânica de “Gun, Lewis .303‑cal.”.
No esforço de guerra, entretanto, a empresa norte‑americana Savage Arms conseguiu um contrato de
fornecimento aos britânicos de uma grande quantidade de metralhadoras.

A  Lewis  era  uma  metralhadora  operada  a  gás,  com  uma  tomada  de  coleta  de  gás  na  posição
A  Lewis  era  uma  metralhadora  operada  a  gás,  com  uma  tomada  de  coleta  de  gás  na  posição
intermediária  do  cano,  que  impulsionava  uma  trava  do  ferrolho  na  culatra,  para  destrancá‑la.  Era
confiável, tanto que fez muito sucesso utilizada em aviões durante a I Guerra, inclusive em aviões da
Força Aérea Americana, onde ela havia sido recusada pelo Exército, anteriormente.

Metralhadora leve Lewis

Um dos detalhes que mais chama a atenção na Lewis, e que a torna uma silhueta inconfundível, é o
enorme  tubo  oco  que  envolve  o  cano  e  o  carregador  tipo  tambor,  instalado  na  posição  horizontal,
montado  sobre  a  culatra  da  arma.  Esse  carregador  era  inusitado  em  sua  concepção,  pois  a  maioria
dos  carregadores  de  tambor  utilizados  em  metralhadoras  possuem  os  seus  cartuchos  dispostos  de
maneira paralela. Na Lewis, os cartuchos eram posicionados de forma axial, apontados para o centro
do tambor.

Outro detalhe era a protuberância semi‑circular que se nota bem em frente ao guarda‑mato, que é um
alojamento  para  a  mola  recuperadora.  Também,  inusitadamente,  ao  invés  de  se  utilizar  uma  mola
espiral  para  esse  serviço,  que  é  padrão  em  quase  todas  as  armas  automáticas,  a  Lewis  usava  uma
grande mola em formato de caracol, similar ao sistema utilizado em cordas de relógio.
Acima, o interessante sistema do carregador da metralhadora Lewis

A capacidade dos carregadores era de 47 a 92 cartuchos. A cadência de tiro era de 500 a 600 disparos
por minuto, com peso em torno de 13Kg. O grande tubo oco era feito de alumínio e o cano situava‑se
centralizado  dentro  desse  tubo.  Segundo  Lewis,  o  tubo  oco  agia  como  um  sistema  de  refrigeração
forçada, pois a própria expansão dos gases gerada pela saída dos projéteis pela boca do cano, causava
a  troca  gradual  do  ar  quente  por  ar  frio.  Há  algumas  controvérsias  sobre  a  real  eficiência  desse
sistema,  uma  vez  que  muitas  unidades  britânicas  costumavam  retirar  o  tubo  e  o  funcionamento  e
resfriamento da arma não eram prejudicados.

Apesar de que a Lewis e a Vickers permaneceram em uso mesmo na II Guerra, o que corrobora para
a  fama  dos  ingleses  de  serem  conservadores  ao  extremo,  outra  arma  automática  viria  a  fazer  parte
integrante  dessa  equipe  e  que  se  tornaria  a  artista  principal  do  evento,  pelas  suas  qualidades  e
portabilidade.

Após  o  término  da  I  Guerra,  já  em  1922  o  Small  Arms  Commi�ee  of  the  British  Army  promoveu
alguns  testes  comparativos  utilizando  metralhadoras  leves  de  diversas  nacionalidades,  com  a
intenção  de  substituir  a  metralhadora  Lewis  pelo  que  agora  se  chamaria  de  fuzil‑metralhador,  um
conceito  de  arma  automática  de  infantaria  bem  mais  moderno  e  prático.  Após  os  diversos
procedimentos,  a  escolha  estava  recaindo  sobre  o  norte‑americano  BAR,  o  fuzil  metralhador
Browning M1917, do qual falamos em um nosso artigo específico. No entanto, problemas financeiros
falaram mais alto, e devido à enorme quantidade de metralhadoras Lewis ainda existente, resolveu‑
se postergar qualquer decisão.

Em 1930, o Governo Britânico resolveu reativar os testes. Nessa época, as armas que participavam da
contenda  eram  o  SIG  Neuhausen,  a  Vickers‑Berthier  e  a  ZB‑27,  produzida  na  Tchecoslováquia,  a
dinamarquesa  Madsen  e  novamente  o  Fuzil  Automático  Browning.  De  acordo  com  o  resultado  dos
testes,  em  1935,  o  Governo  resolve  adotar  o  fuzil‑metralhador  ZB‑27  (Zbrojovka‑Brno),  então
produzido  na  cidade  de  Brno,  na  Tchecoslováquia.  A  intenção  era  substituir  duas  armas,  a
metralhadora Vickers e as metralhadoras Lewis, por uma só, de bem melhor portabilidade.
A metralhadora leve ZB‑26, antecessorra da ZB‑27 que serviria de base para o BREN

O  desenho  foi  levemente  modificado,  bem  como  algumas  alterações  mecânicas,  a  pedido  dos
britânicos, e prontamente atendidos pela empresa tcheca. A arma assumiu então a denominação de
ZB‑33.  Uma  das  mais  importantes  mudanças  foi  o  carregador,  alterado  de  retilíneo  para  curvo,  em
virtude do cartucho .303 britânico possuir aro (rimmed). Além disso, a alça de mira foi graduada até
50  jardas  e  não  mais    em  2.000  como  antes;  as  ranhuras  de  refrigeração  do  cano  foram  eliminadas;
alavanca  de  armar  foi  redesenhada;  o  ejetor  foi  melhorado.  Novos  testes  executados  em  1934
incluíram o disparo de 150.000 cartuchos somente na avaliação mecânica e cerca de 50.000 para testes
de precisão.

Desta maneira, a nova denominação ZGB‑34 foi empregada e um contrato de produção sob licença
foi  assinado,  para  se  produzir  a  arma  na  Inglaterra.  Daí  por  diante  passou  a  ser  designado  como
Bren‑Gun,  uma  fusão  das  primeiras  letras  das  palavras  Brno  e  Enfield,  respectivamente  as  duas
cidades onde ele será produzido de ora em diante. Os maiores produtores britânicos do BREN, fora o
Arsenal de Enfield, foram a BSA (British Small Arms) e a Austin Motor Works.

O fuzil metralhador Bren, extensivamente utilizado pela Grã‑Bretanha na II Guerra

Tratava‑se  de  uma  arma  operada  a  gás,  alimentada  por  carregador  para  30  cartuchos,  de  encaixe
Tratava‑se  de  uma  arma  operada  a  gás,  alimentada  por  carregador  para  30  cartuchos,  de  encaixe
superior,  de  desenho  convencional  e  simples.  Muito  eficiente,  foi  amplamente  usada  pelo  exército
britânico  na  Segunda  Guerra  Mundial  junto  com  o  fuzil  Lee‑Enfield  .303  e  a  sub‑metralhadora
Sten. Seu cano era de troca rápida e muito fácil, e seu sistema quase a prova de falhas, faziam da Bren
Gun  uma  excelente  arma,  tanto  para  ser  usada  como  fuzil  automático  ou  para  ser  usada  como
metralhadora  leve.  Além  disso,  seu  mecanismo  podia  ser  ajustado  pelo  atirador  para  controlar  a
cadência de tiro. Talvez o seu único ponto falho tenha sido justamente a conversão para o obsoleto
cartucho  britânico,  bem  inferior  balisticamente  que  o  7,92mmX57  Mauser  para  o  qual  havia  sido
projetado. Seu peso era em média em torno de 10Kg, e a cadência de tiro entre 500 a 600 por minuto.
Durante  a  guerra,  diversas  alterações  foram  sendo  implementadas,  inclusive  visando  a  redução  de
peso, que chegou a ficar em torno de 8,5Kg. nas últimas versões.

No que tange às submetralhadoras, durante a II Guerra, pode‑se dizer que a Inglaterra lançou mão
somente  de  duas  armas:  a  Lanchester  e  a  Sten,  pelo  menos  as  mais  utilizadas  em  larga  escala.  Os
Estados  Unidos  já  haviam  oferecido  do  Governo  Britânico,  antes  da  II  Guerra,  o  fornecimento  de
submetralhadoras Thompson, ideia que na época foi arquivada.

Já durante a II Guerra, após a fatídica retirada de Dunquerque, os militares britânicos repensaram na
sua  posição  anterior  de  que  “não  apreciavam  armas  usadas  por  gangsters,  nas  mãos  de  seus
soldados”,  e  solicitaram  com  urgência  à  Auto  Ordnance,  fabricante  das  Thompson  nos  USA,  o
fornecimento de sub‑metralhadoras, na maior quantidade que poderiam produzir. Desde 1930 a Auto
Ordenance  estava  passando  por  conturbados  problemas  financeiros,  e  essa  encomenda  foi  uma
dádiva dos céus. Mesmo assim, não tinham capacidade produtiva para tal demanda. Dessa forma, ela
sub‑contratou outra grande fabricantes de armas nos Estados Unidos, a Savage Arms Co., de Utica,
NY.  Esse  contrato  permaneceu  até  que  o  Governo  Americano  assumiu  a  responsabilidade  de
fornecimento  de  armas  ao  Império  Britânico  em  1941,  com  o  advento  da  chamada  Lease  Lend.  A
Savage  e  a  Auto  Ordnance  continuaram  fornecendo  as  Thompson,  agora  sob  contrato  norte‑
americano.  Sobre  as  submetralhadoras  Thompson  falaremos  mais  adiante,  no  capítulo  referente  às
armas utilizadas pelos Estados Unidos.

A  Lanchester  foi  idealizada  por  volta  de  1941  e  era  baseada  na  MP‑28  de  Schmeisser.  O  autor  do
projeto era George H. Lanchester  e foi produzida inicialmente pela Sterling Engineering Co., entre
1941  e  1945.  Essa  arma  teve  duas  versões,  a  Mk.1  e  a  Mk.1*  (Mark  1,  estrela).  Essa  última  era  uma
simplificação  da Mark 1, onde foi eliminado o seletor de tiro automático ou individual. Dessa forma,
ela  só  disparava  em  modo  de  fogo  automático.  A  maior  parte  das  Lanchesters  foi  distribuída  à
Marinha Britânica.

Sub‑Metralhadora britânica Lanchester MK 1

Tal como a sua base MP‑28, era uma arma que trabalhava no sistema de ferrolho sem trancamento; os
carregadores  eram  montados  do  lado  esquerdo  e  serviam  como  empunhadura.  O  cartucho
empregado  era  o  alemão  9mmX19  Parabellum,  carregadores  com  capacidade  para  50  cartuchos  e

cadência de fogo em torno de 600 tiros por minuto. Era equipada com uma coronha de madeira, na
cadência de fogo em torno de 600 tiros por minuto. Era equipada com uma coronha de madeira, na
verdade uma adaptação que permitia utilizar sobras de coronhas do fuzil SMLE desativados.

Mas  a  fama  da  submetralhadora  mais  utilizada  pelas  forças  britânicas  iria  recair  sobre  uma  outra
arma,  tosca,  feia,  mal  acabada,  com  aparência  de  arma  feita  em  oficina  de  “fundo  de  quintal”.  No
entanto, seu sucesso e aceitação são inquestionáveis. Trata‑se da submetralhadora Sten, desenvolvida
por volta de 1941, rapidamente adotada e distribuída às tropas, alcançando a cifra de quase 4 milhões
de armas produzidas. Seu nome é um acrônimo do nome de seus projetistas, R. V. Shepard and H.
J. Turpin e da fábrica que produziu inicialmente, o arsenal inglês de Enfield. Durante a guerra, além
de  Enfield,  a  Sten  foi  produzida  por  famosos  fabricantes  de  armas  britânicos  como  a  BSA  Ltd  e  a
Royal Ordnance Arsenal. bem como no Long Branch Arsenal, no Canada.

Acima, a STEN Mark I

A    STEN,  cujo  nome  oficial  era  “9mm  STEN  Machine  Carbine,  Mark  I”  era  uma  submetralhadora  de
culatra  destrancada,  blowback,  sistema  de  ferrolho  aberto.  O  gatilho  permitia  tiros  individuais  ou
automáticos,  mediante  um  seletor  de  ajuste.  O  carregador  era  montado  do  lado  esquerdo  da  arma,
com capacidade padrão de 32 cartuchos. A coronha era do tipo “esqueleto”, feita com tubos de aço e
era dobrável.
Quadro com 4 versões mais comuns da submetralhadora Sten, algumas delas empregando madeira para a
coronha e punho‑pistola. 

Acima, a Sten equipada com silenciador

A  versão  MK  II,  da  qual  foram  feitas  2  milhões,  era  um  pouco  menor  que  a  MK  I,  com  cano  mais
curto. O encaixe para o carregador era móvel, e podia girar em 90º mas só para efeito de facilidade no
transporte, em grandes quantidades. Em campo, eles tinham que estar na posição correta. Isso gerou
alguns  problemas  de  mal  funcionamento,  pois  esse  sistema  não  era  muito  durável.  A  mola  do
carregador também foi, muitas vezes, causas de problemas de mal funcionamento da arma junto às
tropas.  Algumas  Sten  foram  produzidas  com  uma  espécie  de  silenciador  acoplado  ao  cano.  No
entanto,  a  efetividade  desses  silenciadores  era  baixa,  pois  grande  parte  do  ruído  era  gerado  pelo
mecanismo  da  culatra.  Instruções  que  acompanhavam  esse  modelo  insistiam  para  que  fosse  mais
usada no modo semi‑automático, onde a durabilidade do silenciador era estendida.

Mas  o  projeto  não  era  perfeito;  problemas  ocorreram  com  frequência,  o  mais  comum  deles  eram
disparos  acidentais  durante    a  queda  da  arma  ao  chão.  De  certa  forma  foi  uma  decisão  acertada
quanto  ao  carregador  ser  baseado  no  da  MP‑38  alemã.  Isso  traria  certas  vantagens  nos  campos  de
batalha,  pois  carregadores  portados  por  soldados  alemães  abatidos  podiam  ser  aproveitados.  Mas
essa atitude trouxe como herança os mesmos problemas que haviam nos carregadores das MP‑38 e
40.

Naquela  arma  o  carregador  era  bifilar,  ou  seja,  haviam  duas  carreiras  de  munição  intercaladas,  de
Naquela  arma  o  carregador  era  bifilar,  ou  seja,  haviam  duas  carreiras  de  munição  intercaladas,  de
forma que o carregador poderia ser mais curto mas de grande capacidade. No topo do carregador, tal
como  ocorre  hoje  nas  pistolas  semi‑automáticas  que  utilizam  o  sistema  bifilar,  há  um
estrangulamento  de  forma  que  somente  um  cartucho  seja  oferecido  para  uso,  de  cada  vez.  Nas
submetralhadoras  Thompson,  por  exemplo,  esse  problema  não  ocorria  pois  cada  “coluna”  de
cartuchos era usada de forma alternativa, uma de cada vez, similar ao carregador das pistolas Mauser
C96.  No  caso  da  Sten,  os  “lábios”  de  retenção  do  cartucho  eram  submetidos  à  grande  esforço  e
prematuro desgaste. Além do que, o ângulo de saída tinha que ser de 8º de forma precisa, e isso ia se
alterando com o tempo.

Acima, a diferença entre dois carregadores bifilares. À esquerda o chamado “double‑row/double‑feed” (dupla
coluna, alimentação dupla) e à direita “double‑row/single‑feed” (dupla coluna, alimentação única). As
americanas Thompson utilizavam o carregador como da foto à esquerda, e as Sten e as MP’s alemãs, o da
direita. 

Carregadores que falhavam na alimentação tinham que ser retirados da arma, normalmente batidos
contra o joelho ou sola da bota, na tentativa de realinhar as colunas e depois ser introduzido na arma
novamente.

O  peso  médio  da  Sten  era  de  3,3  Kg;  o  calibre  era  o  9mm  Parabellum,  o  mesmo  utilizado  pela
Alemanha nas pistolas Parabellum, Walther P‑38 e nas submetralhadoras MP‑38 e MP‑40 e a cadência
de tiro ficava em torno de 500 por minuto.
Acima, um SS‑Obergruppenfuhrer (General der Arm) examinando uma MP3008

O projeto da Sten foi tão bem sucedido que nos últimos anos da guerra chegou a incomodar até os
especialistas  alemães.  Em  1944,  por  ordem  do  Alto  Comando,  a  Mauser  começou  a  produzir  uma
cópia  da  Sten  MK  II  para  ser  usada  principalmente  em  missões  clandestinas  e  de  sabotagem.  A
chamada Gerät  Neuminster  era  uma  cópia  exata  da  Sten,  exibindo  até  as  marcas  de  prova  iguais  às
britânicas.

Além disso, desenvolveu‑se a MP3008, uma outra cópia desenvolvida como medida de emergência,
pela  Mauser  em  1945.  Destinou‑se  a  equipar  as  Forças  Populares  de  Defesa  Territorial  (Volkssturm),
recebendo  o  apelido  de  Volksmachinenpistole  (pistola‑metralhadora  do  povo).  No  entanto,  optou‑se
por  utilizar  o  carregador  posicionado  verticalmente,  como  nas  MP‑38  e  40,  e  não  horizontalmente
como na Sten.

Após  a  guerra,  a  Sten  continuou  sendo  utilizada  em  diversos  outros  conflitos  bélicos,    como  na
Segunda Guerra Sino‑Japonesa, Guerra Civil Chinesa, na Revolução da Indonésia, Guerra da Coréia,
na crise do canal de Suez e em vários outros.

FRANÇA

Durante  a  I  Guerra,  a  França  tinha  em  mãos  um  projeto  de  um  fuzil‑metralhador  que  poderia  ser
utilizado como metralhadora leve. Tratava‑se do C.S.R.G., iniciais que significam Chauchat, Suterre,
Ribeyrolle et Gladiator, adotado que foi em 1908. Os tres primeiros nomes são os dos seus projetistas
e  o  último,  do  fabricante  da  arma,  Établissements  des  Cycles  “Clément‑Gladiator”,  um  fabricante
e  o  último,  do  fabricante  da  arma,  Établissements  des  Cycles  “Clément‑Gladiator”,  um  fabricante
francês de bicicletas.

Apesar de sua aparência estranha, era bem  revolucionário em sua concepção, tanto que fez enorme
sucesso  militar  no  cenário  da  I  Guerra,  chegando  até  a  ser  utilizado  pelas  forças  norte‑americanas,
adaptado  para  o  calibre  .30‑06  Springfield,    ao  invés  do  padrão  8mm  X  50R,  cartucho  que
era utilizado pela França em seus fuzis de repetição Bertier e Lebel. Essa arma, apesar de que, pelos
conceitos atuais, acredito eu ser um fuzil semi‑automático com tiro seletivo, na época era chamado de
metralhadora leve; mas pela sua inovação e criatividade, resolvi citá‑lo aqui também como referência.

O Fuzil “Metralhador” Leve de projeto francês: C.S.R.G. – Chauchat, Suterre, Ribeyrolle et Gladiator, em
calibre 8X50R. O carregador em forma de meia‑lua era resultado do fato dos cartuchos 8X50R possuírem  um
acentuado formato cônico e serem dotados de aro (rimmed).

Era,  a  bem  da  verdade,  uma  monstruosidade  com  1,14  metro  de  comprimento  e  9Kg  de  peso.  O
modelo mais comum possuía um carregador em forma de meia lua, muito trabalhoso de municiar e
capacidade para 16 cartuchos. O carregador meia‑lua possuía enormes janelas laterais, desenvolvidas
para  que  o  atirador  pudesse  acompanhar  melhor  a  capacidade  de  cartuchos  restantes.  Entretanto,
lama, areia e cascalhos eram o que as trincheiras mais ofereciam de pior aos soldados e às suas armas,
e  esses  carregadores  se  entupiam  com  isso.  Além  do  mais,  eram  frágeis  e  entortavam  facilmente
quando derrubados ao chão. A cadência de tiro era baixa, chegando perto dos 300 por minuto.

Em termos de metralhadoras pesadas, a opção mais comum em uso na I Guerra eram as Hotchkiss
modelo  1909  e  a  posterior  1914.  Essas  armas  foram  produzidas  baseadas  em  um  projeto  do  Barão
Adolf Odkolek von Ujezda, de Viena. A empresa Hotchkiss, fundada em 1860 pelo norte‑americano
Benjamim B. Hotchkiss adquiriu as patentes de Odkilek em 1893, mas o fundador Hotchkiss já havia
falecido nessa época.

Dois  engenheiros  da  empresa,  Laurence  Vincent  Benét  (1863–1948),  com  a  ajuda  de  Henri  Albert
Mercié  fizeram  inúmeros  melhoramentos  no  projeto  original  e  o  testaram  em  1895.  O  Exército
Francês testou e adquiriu a arma em 1897. O modelo 1909, descendente direta e aperfeiçoada da 1897
era uma metralhadora leve, também conhecida como Hotchkiss Mark I e M1909 Benét–Mercié.

Os  Estados  Unidos  adotaram  essa  arma  em  1909,  sob    a  denominação  de  “Benét–Mercié  Machine
Rifle, Caliber .30 U. S. Model of 1909”, e disparava o cartucho padrão de fuzil .30‑06 Springfield. O
histórico dessa arma nos Estados Unidos não foi dos melhores, infelizmente, como descrevemos no
artigo sobre o Browning Automatic Rifle. A arma era operada à gas, refrigerada à ar, com um peso
por  volta  de  12  Kg.  Inicialmente  era  alimentada  por  um  carregador  tipo  lâmina  para  30  cartuchos,
uma das causas maiores de emperramentos da arma quando não eram municiados de forma correta.
Mais tarde desenvolveu‑se a opção de alimentação por cinta flexível. A cadência era de 400 tiros por
minuto.
A metralhadora Hotchkiss Benét‑Mercié de 1909

Em  1914,  a  empresa  Hotchkiss  lançou  a  metralhadora  pesada  M1914,  utilizando  o  cartucho  padrão
francês  8mmX60  Lebel,  que  era  baseada  no  modelo  1909  e  nas  idéias  do  capitão  austríaco  Barão
Odkolek.    A  partir  de  1917,  a  Hotchkiss  M1914  passou  a  ser  a  metralhadora  padrão  do  Exército
Francês, substituindo a bem menos confiável rival, a St. Etiènne M 1907. A M1914 era tremendamente
robusta, confiável, tanto que permaneceu em serviço até meados de 1940, já durante a II Guerra. Mais
de 100.000 armas foram produzidas, contando com as exportadas para diversos países, como Brasil,
Japão e México.

Esquema de funcionamento da alimentação da M1914
Esquema de funcionamento da alimentação da M1914

A M1914 era uma metralhadora operada à gás, refrigerada à ar, funcionando no sistema de culatra
aberta,  como  são  hoje  a  maioria  das  metralhadoras  modernas.  Sua  característica  marcante  são  os
grandes  anéis  forjados  junto  ao  cano  para  exercerem  função  dissipadora  de  calor.  Pesava  cerca  de
24Kg, possuía um tripé de apoio e trabalhava com os mesmos carregadores de lâmina, de operação
horizontal, usados na M1909. O calibre era o 8mmX50 Lebel, padrão do Exército Francês.

Metralhadora Hotchkiss M1914

A M1914 possuía um regulador da tomada de gases no cano que permitia que a cadência pudesse ser
regulada, apesar de que a máxima se situava em torno de 450 tiros por minuto. Durante a I Guerra,
em 1916, a linha de frente dos franceses ainda estava equipada com a St. Etiènne 1907, que era a arma
padrão do Exército. Entretanto, os problemas eram tantos que o alto comando convenceu o General
Pétain  para  que  ordenasse  a  substituição  delas  pelas  Hotchkiss  M1914,  o  que  acabou  sendo  feito  a
partir de 1917.
A Hotchkiss M1914 com o carregador “flexível” para 250 cartuchos

O projeto mecânico da M1914 era muito bom: a arma possuía somente 32 peças (sem contar o tripé),
utilizava  somente  4  molas  helicoidais  e  pouquíssimos  pinos  e  parafusos.  Todas  as  peças  foram
desenhadas  de  forma  a  não  permitir  a  montagem  da  arma  de  forma  equivocada.  Apesar  de  que  a
arma podia ser municiada rapidamente, o carregador comportava somente 24 cartuchos, mas como
eles  eram  ejetados  automaticamente  ao  disparar  o  ultimo  cartucho,  e  o  ferrolho  ficava  aberto,  era
muito rápido colocar outro carregador e reiniciar a atividade. Havia também a solução de se emendar
um carregador à outro, duplicando ou triplicando a autonomia, mas algum operador tinha que ficar
sustentando‑o na arma durante os disparos, para que fosse alimentado corretamente.

A troca do cano era recomendada a cada 1.000 disparos. Mais tarde surgiu a opção de um carregador
de lâmina maior, que tinha uma certa flexibilidade, mas que necessitava de um ajudante para facilitar
a passagem dele através da arma. A cadência de tiro era em torno de 450 por minuto, mas podia ser
regulada para menos. A maior reclamação sobre a M1914 era o peso, que com o tripé podia chegar a
quase 50 Kg.
Combatentes franceses entrincheirados com uma M1914 na I Guerra Mundial

O  Brasil  utilizou  a  Hotchkiss  M1914,  que  participou  ativamente  de  conflitos  como  a  Revolução
Constitucionalista  de  1932.  Os  combatentes  paulistas,  quando  a  ouviam  disparar,  a  apelidavam  de
“pica‑pau” devido ao ruído característico de sua baixa cadência de tiro.

Como já dissemos anteriormente, a metralhadora anterior à Hotchkiss 1914 de uso regular nas Forças
Francesas  era  a  St.  Etiènne  Modele  1907.  Apesar  de  também  utilizar  o  cartucho  padrão  francês
8mmX50R,  não  tinha  semelhança  nenhuma  com  os  modelos  da  Hotchkiss,  a  não  ser  pelas
características  similares  de  refrigeração  à  ar  e  operação  à  gas.  Operava  por  um  sistema  meio
complicado  e  sujeito  à  falhas,  derivado  da  metralhadora  francesa  Puteaux  de  1905,  que  havia  sido
considerada arma comprovadamente insatisfatória. Um intrincado sistema de pinhão e cremalheira  e
muitas  peças  pequenas  eram  fonte  constante  de  problemas.  Mesmo  assim,  os  projetistas  da
Manufacture D’Armes de Saint Etiènne promoveram uma série de melhorias e aperfeiçoamentos.
Acima, a metralhadora St. Etiènne Modèle 1907

A  M1907  era  uma  tentativa  deliberada  de  desenvolver  uma  metralhadora  de  infantaria  que  seria
mecanicamente  diferente  da  Hotchkiss  Mle  1900,  que  era  um  projeto  de  metralhadora  patenteado.
Mas a idéia de se basear o projeto na metralhadora Puteaux não foi acertada. Essa arma utilizava um
sistema denominado de “blow‑forward“, onde se inverteu o princípio convencional; ao invés do pistão
ser  impulsionado  para  traz  para  destrancar  a  culatra,  ele  é  empurrado  para  a  frente.  Como  ele
conectado a um sistema de pinhão e cremalheira, esse movimento faz com que uma engrenagem gire
meia volta e através de um came, destranque o ferrolho.
Vista parcial do mecanismo interno da St. Etiènne M1907: no momento do disparo, a saída dos gases, através de
um orifício no cano, empurra um pistão para a frente; ele é ligado à peça (d) que por sua vez puxa a cremalheira
(a)  para  a  frente,  fazendo  a  engrenagem  (b)  girar  no  sentido  anti‑horário.  Neste  movimento,  o  came  da
engrenagem arrasta a peça (c) para trás e libera o ferrolho.

A arma foi incorporada ao Exército em 1907 e participou de diversos combates durante a I Guerra,
mas sempre gerando reclamações da tropa. Cerca de 40.000 peças foram produzidas. Seu peso era em
torno de 25Kg. sem o tripé. O ciclo de fogo podia ser regulado desde 80 até 650 disparos por minuto,
o  que  era  uma  opção  interessante.  Os  clipes  eram  do  tipo  Hotchkiss  de  25  cartuchos  calibre  8X50
Lebel ou uma opção mais longa de 250, também igual ao usado na M1914, somente introduzido em
1916.  Entretanto,  a  partir  de  1917  ela  começou  a  ser  gradativamente  substituída  pela  muito  mais
confiável  Hotchkiss  de  1914.  Com  isso,  passaram  a  ser  enviadas  para  as  linhas  de  retaguarda  e
algumas delas foram até fornecidas à algumas tropas italianas.

O confiável e eficiente Browning Automatic Rifle, fornecido à França pelos Estados Unidos no esforço de guerra
O confiável e eficiente Browning Automatic Rifle, fornecido à França pelos Estados Unidos no esforço de guerra

Durante a II Guerra, a  metralhadora Hotchkiss M1914 se manteve na ativa na maior parte das zonas
de  combate,  embora  o  Exército  contasse  com  as  bem  mais  escassas  Darne  e  Reibel,  muito  pouco
utilizadas  na  guerra.  Finalmente,  no  campo  das  metralhadoras  leves,  foi  importante  a  presença  da
Hotchkiss M1922. Pesando  8,5Kg  e com  um  carregador  tipo  caixa  para 20 cartuchos, era uma arma
eficiente  e  de  boa  portabilidade.  O  calibre  ainda  era  o  velho  8X50R  Lebel.  Um  pouco  mais  tarde  a
M1922  foi  oferecida  no  mais  moderno  calibre  7,5mmX54.  O  sistema  era  bem  convencional,
refrigerada à ar, operação à gás com tomada na parte mediana do cano e trabalhando com o método
de ferrolho aberto. O carregador era inserido por cima, na vertical, e os cartuchos caíam ao solo por
uma abertura inferior.

Metralhadora leve Hotchkiss M1922

Havia  a  opção  da  M1922  utilizar  carregamento  por  clipes  metálicos,  mas  as  armas  não  eram
compatíveis  com  os  dois  carregadores  simultaneamente.  No  entanto,  o  modelo  que  utilizava  o
carregador tipo caixa era muito mais confiável e por isso, o preferido pelas tropas. O envio de alguns
milhares  de  fuzis  automáticos  Browning,  o  BAR  M1918,  efetuado  pelos  Estados  Unidos  em  muto
ajudou as tropas francesas a disporem de uma arma automática de maior portabilidade.

O Exército Francês praticamente não utilizou submetralhadoras durante a I Guerra. Mesmo durante a
II Guerra, a presença desse tipo de arma nas mãos da infantaria francesa era tremendamente escassa.

Submetralhadora MAS Modèle 38 em calibre 7,65mm “Longo”

O  desenvolvimento  de  submetralhadoras  francesas  iniciou  por  volta  de  1930,  envolvendo  diversos
arsenais  e  fabricantes  de  armas  daquele  país.  Em  1935,  a  Manufacture  d’Armes  de  Saint‑Etienne
apresentou  um  projeto  denominado  de  SE‑MAS  35,  que  pouco  mais  tarde,  em  1938,  acabou  sendo
adotado pelo governo francês. A produção da então MAS‑38 iniciou‑se em 1939, mas muito poucas
entraram  em  serviço  antes  da  invasão  alemã  de  1940.  De  qualquer  forma,  houve  também  a
entraram  em  serviço  antes  da  invasão  alemã  de  1940.  De  qualquer  forma,  houve  também  a
colaboração dos Estados Unidos no suprimento de algumas submetralhadoras Thompson, bem como
o fornecimento de submetralhadoras STEN efetuado pela Inglaterra.

De um modo geral a Mas‑38 não era perfeita, mas era aceitável. Mecanicamente era confiável mas seu
cartucho  7,65X20,  também  conhecido  como  7,65mm  Longo,  era  inadequado  para  uso  militar.  O
sistema  era  bem  comum,  tipo  blowback,  trabalhando  com  ferrolho  aberto.  Pesava  2,800Kg  e  o
carregador  comportava  32  munições.  A  cadência  de  tiro  era  de  600  por  minuto.  O  seu  desenho  era
estranho,  devido  à  má  impressão  causada  pelo  desalinhamento  entre  o  ferrolho  e  o  cano.  Essa
solução de se manter um leve ângulo de inclinação entre o cano e ferrolho reduziria, em tese, o recuo
da arma, devido a uma fricção maior no ferrolho. O tubo extensor do ferrolho e sua mola penetravam
, em parte, para dentro da coronha.

ESTADOS UNIDOS

Desde  1887  que  o  Exército  dos  Estados  Unidos  tinha  grande  interesse  nas  metralhadoras  Maxim.
Dois anos depois algumas variações da arma foram testadas exaustivamente. Finalmente em 1904 o
exército adota a metralhadora, denominado‑a de Maxim Machine Gun, Caliber .30, Model 1904. Esse
cartucho era então o .30‑03 Springfield, o antecessor do .30‑06 que viria a se tornar o cartucho padrão
norte  ‑americano  para  as  duas  Guerras  Mundiais.  As  primeiras  Maxim  foram  produzidas  pela
Vickers, na Inglaterra. Localmente, foi escolhida a Colt´s Manufacturing Company para produzí‑las.
Como a Colt só começou a produção em 1908, suas armas já eram no calibre .30‑06.

Quando os Estados Unidos ingressou em operação na I Guerra, as Maxim foram designadas somente
para  fins  de  treinamento;  nunca  participaram  na  linha  de  combate.  Uma  das  metralhadoras  que
participaram do conflito foi a Benét‑Mercié de 1909, da qual falamos acima, no capítulo referente às
armas francesas. No entanto, a terrível experiência anterior nos campos de batalha, durante a guerra
contra o México, haviam marcado de forma indelével e traumatizante a história dessa metralhadora.

O  primeiro  desenho  de  uma  metralhadora  automática  realmente  norte‑americano  surgiu  em  1895
com a Colt‑Browning. Essa arma havia sido desenvolvida por Browning entre 1891 e 1895. Tão logo
começou a ser testada, ganhou o infame apelido de “potato‑digger“, ou cavadora de batatas, devido ao
estranhíssimo sistema de coleta de gases que utilizava uma alavanca debaixo da arma, que durante os
disparos, articulava‑se para fora da arma, de uma maneira realmente perigosa. Era refrigerada à ar,
alimentada por cinta de munições e inicialmente calibrada para o cartucho .30‑40 Krag, adotado pelo
Exército naquela época. A cadência de tiro era em torno de 400 por minuto.

 
A metralhadora Colt‑Browning M1905

Um dos maiores inconvenientes dessa arma era o fato de não poder ser utilizada muito rente ao solo,
devido à tal alavanca que articulava embaixo da arma e que precisava de um certo espaço, sob pena
de literalmente cavar o solo abaixo dela. Portanto, o ideal era que a arma ficasse montada sobre um
tripé.  Apesar  de  que  era  funcional  e  razoavelmente  confiável,  estava  longe  de  ser  a  metralhadora
ideal que o Exército Americano sonhava ter. Felizmente essa tragédia estava com os dias contados,
novamente graças à colaboração do gênio americano John Moses Browning.

Em 1917, uma metralhadora pesada apresentada por Browning para testes do Exército, que por sinal
era  um  projeto  dele  desde  1901,  foi  aprovada  com  louvor.  Nada  menos  que  20.000  disparos  foram
efetuados sem nenhum problema mecânico de enguiço ou quebra de peças. A partir desse ano, perto
de  40.000  armas  foram  produzidas  e  entregues  ao  Exército  antes  do  armistício,  mas  muito  poucas
chegaram  aos  campos  de  batalha  na  França.  A  Browning  1917  era  uma  metralhadora  refrigerada  à
água, pesando cerca de 47Kg completa (com tripé, munição e carregada com água), com cadência de
tiro  de  450  por  minuto  na  versão  M1917  a  de  600  na  versão  M1917A1.  A  alimentação  era  feita  por
cinta de lona para 250 cartuchos, calibre .30‑06 Springfield. A guarnição de uma M1917 era de quatro
homens: um atirador, um municiador, carregador de água e de munição.
Acima a metralhadora Browning M1917 em cal. 30‑06 Springfield, completa com tripé e reservatório de água. 
Acima, um “raio‑X” da M1917 (clique para ampliar)

Após  a  guerra,  a  Browning  M1917  se  tornou  a  arma  padrão  desse  tipo  no  Exército.  A  cavalaria
solicitou um modelo mais leve, capaz de maior poder de fogo sustentado. Através dessa solicitação
Browning  projetou  uma  variação  da  M1917  com  a  mesmo  mecanismo,  porém  utilizando  um  cano
mais  curto  e  com  uma  camisa  de  aço  perfurada  para  a  refrigeração  à  ar.  O  tripé  também  foi
reprojetado para um modelo bem mais leve e de maior portabilidade, sem os complexos mecanismos
de elevação e ajustes laterais.  Nascia então a M1919, que serviria de base para diversas variações que
surgiriam ao longo dos anos e se tornaria a metralhadora padrão norte‑americana.
Metralhadora Browning M1919

A Browning M1919 era refrigerada à ar, municiada com cinta de lona de 250 cartuchos, com peso em
torno de 14Kg sem o tripé. A cadência de fogo era de 400 a 600 tiros por minuto, e trabalhava com
método de curto recuo do cano, para efetuar o destrancamento, e sistema de ferrolho aberto.

Por  volta  de  1940,  o  Exército  iniciou  uma  série  de  testes  em  diversos  projetos  de  metralhadoras,  a
maioria deles baseado nos desenhos de Browning, como as do Arsenal de Springfield, Rock Island e
outras  de  projetos  originais  como  a  Sedgley  e  Ruger,  operadas  à  gas.  Nenhuma  delas  realmente
convenceu os técnicos, de modo que o Exército acabou por adotar uma pouco modificada versão da
M1919A4, usando um tripé tipo M2, visando uma arma de peso e porte médio para equipar as tropas
americanas  através  da  II  Guerra.   Apesar  de  suas  inúmeras  vantagens  e  alta  confiabilidade,  um  de
seus pontos fracos era o fato do cano não ser facilmente trocado. Ele era rosqueado na caixa, e após a
remontagem,  era  necessário  um  ajuste  da  folga  existente  entre  o  cartucho  e  o  ferrolho,  pois  isso
causaria falhas na percussão do cartucho.

Browning M1919A4, a versão padrão em uso na II Guerra
Browning M1919A4, a versão padrão em uso na II Guerra

A versatilidade do sistema empregado na M1919 deu margem à inúmeras variações e modificações,
sendo  que  cada  uma  delas  eram  destinadas  à  diferentes  atividades,  como  o  uso  em  vários  tipos  de
carros de combate, montadas dentro ou fora dos veículos, usando suportes que permitiam o giro em
360º,  bem  como  em  aviões,  com  várias  opções  de  montagem,  algumas  delas  utilizando  um  sistema
elétrico para disparo remoto do gatilho.

A Browning M1919A4 com sistema de disparo por gatilhos operados pelos dedos polegares. 

A versão M1919A6 foi uma das tentativas de se transformar a M1919 em uma metralhadora “leve”, o
que  realmente  não  ocorreu  na  prática.  Mesmo  assim,  a  idéia  era  equipá‑la  com  uma  coronha  de
madeira e um bipé frontal ao invés de um pesado tripé. Uma alça de transporte também foi agregada
à camisa do cano para facilitar o transporte.

Acima, a M1919A6, uma metralhadora mais “light”

A M1919A6 não era realmente indicada para fogo sustentado, pois ainda necessitava de uma ajuda
de um municiador. Porém, em um combate onde o avanço da tropa era rápido, tirá‑la de sua posição
e levá‑la para outro local de forma rápida, era bem mais fácil. Mesmo assim, seu peso atingia 16Kg e
ainda era uma arma desajeitada quando se comparava às MG34 e Mg42 alemãs.

Como arma automática de suporte à tropa, além da Browning M1918 e M1919, o Fuzil Metralhador
Browning  teve  um  papel  muito  importante,  principalmente  pela  sua  grande  versatilidade  e  melhor
portabilidade.  Não  tinha,  evidentemente,  o  poder  de  gogo  sustentável  como  nas  metralhadoras.  O
BAR, como era chamado, tem aqui em nosso site um capítulo dedicado à ele.
Acima, o Fuzil Automático Browning, em calibre .30‑06, uma arma de apoio muito importante na infantaria. 

A  opção  de  uma  metralhadora  mais  pesada,  com  calibre  bem  mais  potente    e  com  melhores
pretensões  para  emprego  anti‑aéreo  ficou  a  cargo  de  uma  arma  que  se  tornaria  uma  verdadeira
estrela, que aliás brilha até hoje em campos de batalha como Iraque, Afeganistão e muitos outros. É a
metralhadora  pesada  Browning  M2,  em  calibre  .50  BMG.  O  seu  projeto  se  baseia  em  conceitos
mecânicos muito semelhantes aos da metralhadora Browning M1919 de calibre .30‑06.

Foto comparativa dos cartuchos empregados pelos USA desde a II Guerra: .50BMG, .30‑06 Springfield,
7,62X51 NATO (baseado no .308 Winchester) e 5,56X45 NATO (baseado no .223 Remington)

Durante a I Guerra, o general comandante da Força Expedicionária Americana, John J. Pershing havia
solicitado o desenvolvimento de uma arma automática de maior potência que as metralhadoras .30.
 O Coronel John Henry Parker havia comandado uma escola militar na França e havia observado a
eficiência  da  metralhadora  de  11mm  com  munição  incendiária  que  se  utilizava  em  caráter
experimental.  Baseado  nos  estudos  de  Parker,  Pershing  estabeleceu  que  a  nova  arma  deveria

trabalhar com um  cartucho  de  calibre  de  pelo  menos  meia  polegada,  ou .50″. A velocidade deveria
trabalhar com um  cartucho  de  calibre  de  pelo  menos  meia  polegada,  ou .50″. A velocidade deveria
atingir por volta de 2.700 pés por segundo. A intenção era produzir uma arma muito versátil, para
uso contra infantaria, veículos semi‑blindados, fortificações leves e aeronaves em baixa altitude.

Os diversos tipos de munição empregados até os dias de hoje nas metralhadoras M2

Por volta de 1917, John Browning iniciou os estudos para redesenhar a metralhadora .30‑06 M1917,
para utilizar um cartucho maior. A Winchester Arms Co. se encarregou de projetar o cartucho, que
seria  proporcionalmente  um  cartucho  .30‑06  aumentado.  Em  15  de  outubro  de  1918  as  primeiras
armas  produzidas  começaram  a  passar  pelos  testes.  A  cadência  de  tiro  estava  por  volta  de  500  por
minuto  e  o  projétil  atingia  a  velocidade  de  2.300  pés  por  segundo.  No  entanto,  a  arma  era  muito
pesada, difícil de controlar e ainda não muito eficaz contra blindagens leves.

John Browning testando um dos primeiros protótipos da metralhadora .50, com refrigeração à água

Depois  de  um  esforço  conjunto  de  John  Browning  e  de  Fred  Moore,  o  resultado  foi  a  versão
refrigerada  à  água  M1921.  Outra  versão  com  cano  mais  leve  foi  idealizada  para  uso  em  aviões  e
outra,  com  cano  mais  pesado,  para  uso  em  terra.  No  entanto,  em  1926,  morre  John  Browning  e  a

partir daí o projeto fica na mãos do Dr. Samuel. H. Green, que projetou uma armação que podia ser
partir daí o projeto fica na mãos do Dr. Samuel. H. Green, que projetou uma armação que podia ser
convertida  em  até  sete  tipos  diferentes  de  munição,  para  diferentes  empregos.  Em  1933  a  Colt
Firearms produziu diversos protótipos contando com suporte técnico da Marinha.

Metralhadora Browning .50BMG M2HB com o tripé padrão para uso em alvos terrestres. Essa versão era a
mais utilizada quando montada em torres ou suportes sobre veículos blindados, como tanques e carros meia‑
lagarta. 

A  variação  da  M2  refrigerada  à  ar  recebeu  um  cano  mais  grosso  e  pesado,  o  que  de  certa  forma
compensava a perda do elemento de refrigeração, e deixando a arma mais leve e menor. O modelo
M2HB, de Heavy‑Barrel, tornou‑se então a metralhadora padrão, base para outras variantes. A M2Hb
pesava 38 Kg. sem o suporte, contra os 55Kg da versão refrigerada à água. Um sistema de troca fácil e
rápida para o cano foi implementado, chamado de QCB (Quick Change Barrel).
Metralhadora M2 refrigerada à água com suporte tipo torre para uso anti‑aéreo (Museu da 11ª Brigada de
Infantaria de Campinas, SP)

Soldados americanos em operação na Sicília, com a M2 em montagem anti‑aérea
Soldados americanos em operação na Sicília, com a M2 em montagem anti‑aérea

O  sistema  de  disparo  da  M2  era  efetuado  por  curto  recuo  do  conjunto  cano  e  ferrolho  solidários,  e
com a culatra fechada. A cinta de munição era de aros de metal e se desintegrava durante o uso. Cada
cartucho  fazia  a  união  com  os  demais,  através  desses  aros.  Dessa  forma,  podia‑se  montar  cintas  de
munição com qualquer quantidade de cartuchos. O sistema de ferrolho fechado da M2 facilitou em
muito  a  instalação  dela  nos  aviões  Curtiss  P‑40,  um  dos  caças  mais  utilizados  pela  Força  Aérea
Americana, sendo que a arma tinha que ser sincronizada com as pás da hélice, pois os disparos eram
feitos através das pás. As M2 podiam ser facilmente adaptadas para receberem as cintas de munição
de ambos os lados da arma, o que facilitava sua operação e instalação dentro de tanques ou de aviões.

Diferentes versões para uso da Marinha e Aeronáutica, na II Guerra

Acima a M2 na versão de uso anti‑aéreo e embaixo uma seccionada, para estudos e treinamento técnico

O ciclo de fogo médio das M2 era de 450 a 500 disparos por minuto, sendo que os modelos de uso em
aviões eram calibradas para 750 a 850 por minuto. O alcance efetivo do cartucho .50BMG era de 1.800
metros,  com  alcance  máximo  em  torno  de  6.000  metros,  mais  que  o  dobro  conseguido  pelas
metralhadoras  Browning  .30  M1919.  Durante  a  II  Guerra,  o  tipo  de  cartucho  mais  empregado  foi  o
metralhadoras  Browning  .30  M1919.  Durante  a  II  Guerra,  o  tipo  de  cartucho  mais  empregado  foi  o
denominado  AP  (armor‑piercing)  e  o  API  (armor‑piercing  incendiary),  bem  como  a  APIT  (armor‑
piercing incendiary tracer), essa última traçante.

Resumidamente, a M2 podia ser utilizada como arma de suporte à infantaria, tiro anti‑aéreo de terra
ou  de  embarcações,  arma  de  apoio  e  defesa  em  carros  blindados,  arma  de  apoio  e  defesa  em
embarcações de pequeno porte, arma de apoio em embarcações de grande porte, arma de ataque em
aeronaves como no Mustang P‑51, Curtiss P‑40, Thunderbolt P‑47, etc.

Soldado americano na Normandia, com a M2HB em um suporte de dupla finalidade; tiro anti‑aéreo e anti‑
pessoal. 

Durante a II Guerra, da mesma forma que os americanos odiavam a presença de uma MG‑34 ou MG‑
42, os alemães também não se sentiam à vontade com a M2. Os danos causados pelo potente cartucho
.50BMG  eram  muito  comuns  em  veículos  de  blindagem  leve,  principalmente  na  rodagem  e  nos
motores,  que  frequentemente  eram  quebrados    pelos  disparos.  O  grande  alcance  efetivo  das  M2
também  era  um  problema  para  eles,  pois  os  atiradores  americanos  podiam,  muitas  vezes,  estar  a
centenas de metros de distância e alvejar companhias e batalhões alemães inteiros.

A  M2  ainda  é  a  principal  metralhadora  pesada  da  OTAN,  e  tem  sido  utilizada  por  muitos  outros
países. A M2 está em uso mais tempo que qualquer outra arma no arsenal dos Estados Unidos, com
exceção  da  pistola  Colt  M1911  .45  ACP,  aliás  também  desenhada  por  John  Browning.  A  M2  é
fabricada hoje nos Estados Unidos pela General Dynamics e U.S. Ordnance para uso do governo dos
Estados  Unidos,  e  para  os  aliados  americanos  através  das  vendas  via  Foreign  Military  Sales.  A
empresa  belga  FN  Herstal  também  produz  a  M2  desde  a  década  de  1930.  Nenhuma  outra
metralhadora teve produção e vida ativa tão longa como a M2, até os dias de hoje.

No que se refere às submetralhadoras, os Estados Unidos passaram a pensar na utilização militar de
uma  submetralhadora  durante  o  período  de  paz,  de  1918  a  1939.  A  sub‑metralhadora  Thompson
nasceu  em  1919,  da  mente  criativa  de  um  grupo  de  projetistas  norte‑americanos:  o  General  John  T.
Thompson,  que  acabou  perpetuando  seu  nome  à  arma,  John  Bell  Blish  e  Thomas  Ryan  que  juntos,
fundaram a Auto Ordnance Corporation, no ano de 1916, em Nova York. Credita‑se também a outros
tres  engenheiros  a  participação  no  desenvolvimento  do  projeto:  Theodore  H.  Eickhoff,  Oscar  V.

Payne,  and  George  E.  Goll. Apesar  de  que  há  controvérsias  sobre  John  Thompson  ter  sido  ou  não,
Payne,  and  George  E.  Goll. Apesar  de  que  há  controvérsias  sobre  John  Thompson  ter  sido  ou  não,
somente  ele,  o  projetista  da  arma,  o  fato  é  que  foi  ele,  provavelmente,  o  criador  do    termo  “sub‑
machine gun“, até então nunca utilizado em uma arma de fogo.

O modelo 1919, denominada de Thompson Nº 1, com seu sistema de carregamento híbrido por magazine tipo
box e por uma cinta de projéteis.

Em  1920,  a  Auto  Ordnance  resolve  demonstrar  seu  produto  para  o  Exército  Americano,  em  Camp
Perry, um campo de treinamento situado às margens do Lago Erie, em Ohio. Surpreendentemente o
resultado  dos  testes  foi  mais  do  que  satisfatório  deixando  o  pessoal  técnico  do  Exército  muito
animado.  Como  a  Auto  Ordnance  não  tinha  alta  capacidade  de  produção,  ela  sub‑contratou  a  Colt
Firearms para a produção de 15.000 dos agora chamados modelos 1921.
Thompson modelo 1921 com magazine “box” montado, tambor para 50 cartuchos e a alça de mira da Lyman

O  modelo  1921  que  chegou  a  ser  fornecido  em  pequena  escala  ao  Exército  sofreu  algumas
modificações,  várias  delas  exigências  do  Depto.  de  Ordenança,  tais  como  a  troca  do  punho‑pistola
dianteiro  por  um  fuste  horizontal  de  madeira,  anéis  para  a  montagem  de  uma  bandoleira,  encaixe
dianteiro para uma baioneta de 16″ de comprimento (a mesma do fuzil Springfield 1903) e até uma
opção  estranha:  um  silenciador  desenvolvido  pelo  famoso  projetista  de  metralhadoras  pesadas,  Sir
Hiram Maxim, norte‑americano de nascimento e posteriormente tornando‑se cidadão britânico.

Bem mais tarde, em 1928, o Governo dos Estados Unidos, através do Departamento da Marinha, faz
um  pedido  em  pequena  quantidade  de  sub‑metralhadoras,  para  uso  em  caráter  experimental  pelos
Fuzileiros Navais em missão na Nicarágua. Este foi a primeira demonstração real da Thompson em
combate, após os testes feitos em Camp Perry.

Pouco  antes  da  eclosão  da  II  Guerra,  o  Governo  Francês  foi  o  primeiro  a  fazer  um  pedido  de
fornecimento dessas armas, e em 1939 encomendou 3.750 Thompson modelo 1928. Porém, durante a
II Guerra, após a fatídica retirada de Dunquerque, os militares britânicos repensaram na sua posição
anterior  de  que  “não  apreciavam  armas  usadas  por  gangsters,  nas  mãos  de  seus  soldados”,  e
solicitaram  com  urgência  à  Auto  Ordnance  o  fornecimento  de  sub‑metralhadoras,  na  maior
quantidade que poderiam produzir.

Desde 1930, sempre passando por conturbados problemas financeiros, a Auto Ordnance já estava sob
as mãos de Russell Maguire, homem visionário mas que já antecipava os tempos difíceis que viriam
em breve, mas com boas perspectivas no ramo de armamento militar. Russell fez um convite à Colt
para participar de um incremento na produção das Thompson mas recebeu uma posição negativa .

Assim, após a encomenda do Governo Britânico, a empresa sub‑contratou outra grande fabricantes
de armas nos Estados Unidos, a Savage Arms Co., de Utica, NY. Esse contrato permaneceu até que o
Governo Americano assumiu a responsabilidade de fornecimento de armas ao Império Britânico em
1941, com o advento da chamada Lease Lend. A Savage e a Auto Ordnance continuaram fornecendo
as Thompson, agora sob contrato norte‑americano.
Submetralhadora Auto‑Ordnance Thompson 1928A1 – (coleção particular)

O  modelo  M1,  baseado  na  1928A2,  foi  planejado  especificamente  para  a  produção  em  tempo  de
guerra  e  suprir  a  alta  demanda  do  Exército  Norte  Americano,  agora  às  voltas  com  a  guerra  no
Pacífico.  Neste  tipo  de  cenário,  as  sub‑metralhadoras  iriam  se  afirmar  como  armas  ideais  para  o
combate  corpo  a  corpo  e  no  ambiente  da  selva,  onde  o  alcance  da  munição  utilizada  não  era  uma
necessidade.

O modelo M1, com alavanca de ferrolho movida da parte de cima para a lateral direita, simplificação da alça de
mira, eliminação do compensador Cu�s, coronha fixa, dentre outras simplificações

Na M1 eliminou‑se a peça retardadora projetada por Blish, o que derrubou uma antiga crença de que
as Thompson não poderiam funcionar bem sem ela. Outra simplificação de processo foi a eliminação
do rasgo de encaixe existente na armação para a montagem dos carregadores de tambor. Doravante,
somente carregadores retilíneos de 20 e 30 cartuchos seriam montados na arma. Em 1942, um modelo
que foi muito pouco fabricado chegou a incorporar um percussor móvel ao invés do tradicionalmente
fixo dos modelos anteriores, na tentativa de baixar ainda mais a cadência de tiro. Foi denominada de
modelo 42M1 .
A Thompson M1A1, o modelo mais difundido em uso pelo Exército Americano na II Guerra

O  modelo  final  das  Thompson  foi  o  M1A1,  com  mínimas  alterações  em  relação  à  antecessora,  que
atingiu uma produção de 515.000 armas, antes de começar a ser gradualmente substituída pela sub‑
metralhadora  M3,  a  conhecida  “Grease  Gun”.  O  Armas  Online  tem  em  seu  acervo  um  artigo
específico sobre a submetralhadora Thompson, que poderá ser acessado aqui.

Durante a II Guerra, desde 1941, levando‑se em conta o desempenho das Thompson nos cenários de
guerra  principalmente  do  Pacífico,  já  estava  bem  claro  na  mente  dos  responsáveis  técnicos  pelo
armamento  americano  de  que  a  Thompson,  como  submetralhadora,  era  muito  grande,  desajeitada,
pesada  e  ainda  dispendiosa  para  produção  em  massa.  Urgia  o  desenvolvimento  de  uma  substituta
para ela, mais curta, mais leve e principalmente barata de se produzir, a exemplo do que os britânicos
estavam fazendo com as Sten. Além disso, o desempenho das alemãs MP‑38 e 40 também era muito
elogiado pelos analistas militares.

O  Departamento  de  Ordenança  traçou  as  diretrizes  do  projeto,  e  uma  das  premissas  da  nova  arma
era  a  que  deveria  continuar  a  ser  usado  o  cartucho  .45ACP,  para  manter  a  compatibilidade  com  a
Thompson e as pistolas Colt 1911. Outra norma é de que a arma deveria ser totalmente de metal, sem
partes  de  madeira  ou  borracha.  A  opção  de  disparo  deveria  ser  de  semi  ou  totalmente  automático,
um  ferrolho  pesado  que  não  deixasse  a  cadência  de  tiro  superar  os  500  por  minuto,  dentre  outras
exigências.

Os primeiros protótipos receberam a denominação de T15; George Hyde, da General Motors Inland
Division era o responsável pelo desenho da arma enquanto Frederick Sampson, chefe de engenharia
da Inland Division se incumbiu de preparar e organizar o ferramental. Logo depois a equipe decidiu
pela não permanência do sistema duplo de disparo, a opção de se usar somente fogo automático foi o
que prevaleceu.
Submetralhadora M3

Desenvolveu‑se também um kit para utilizar cartuchos 9mm Parabellum, com simples troca do cano
e  carregador,  projeto  esse  que  levou  o  nome  de  T20.  Durante  testes,  mais  de  5.000  tiros  foram
disparados por um dos modelos sem nenhum incidente. A T20 foi então formalmente aprovada pela
Ordenança  do  Exército  e  recebeu  o  batismo  de  U.S.  Submachine  Gun,  Caliber  .45,  M3.  Com  sua
construção  baseada  em  peças  estampadas,  soldadas  e  rebitadas,  o  custo  de  fabricação  era  muito
baixo,  o  que  tornava  simplesmente  a  arma  descartável  assim  que  qualquer  problema  mais  sério
ocorresse.  A  utilização  em  massa  das  M3  iniciou‑se  em  1944,  devido  à  problemas  de  atraso  na
produção.  Pela  sua  aparência  que  lembrava  as  engraxadeiras  mecânicas  da  época,  logo  recebeu  o
apelido de “Grease‑Gun” pelos soldados.

Submetralhadora M3A1
Submetralhadora M3A1

Em dezembro de 1944, respondendo à inúmeros pedidos de melhoramentos em seu desenho básico,
uma  versão  ainda  mais  simplificada  da  M3  foi  fornecida  ao  Exército,  denominada  de  M3A1.
Entretanto,  somente  15.500  armas  foram  produzidas  antes  do  término  da  II  Guerra.  O  total  da
produção  em  período  de  guerra  atingiu  600.000  armas.  Mesmo  assim,  não  foi    levada  a  cabo  a
substituição de quase a totalidade das Thompsons, como pretendia o Estado Maior.

Desenho esquemático do interior da M3

Basicamente a M3 é uma arma de culatra destrancada, disparando com o sistema de ferrolho aberto.
O  ferrolho  trabalhava  com  duas  molas  recuperadoras,  uma  de  cada  lado,  encaixadas  em  ranhuras
fresadas  no  corpo  do  ferrolho.  A  sensibilidade  da  arma  contra  areia,  poeira,  lama  e  umidade  era
muito boa, o que a tornava bem confiável em diversas situações. A armação era feita de duas metades
de chapa de aço estampada; somente ferrolho e cano eram forjados.

A alavanca de armar ficava do lado direito da arma, de grande tamanho e boa empunhadura. Não
havia nenhum sistema de segurança, a não ser um método bem simples de barrar o curso do ferrolho
através de uma tampa articulada que cobria a janela de ejeção. Essa tampa também evitava a entrada
de  areia  ou  lama  no  interior  da  arma.  A  coronha  era  uma  armação  de  tubo  de  aço  que  corria
paralelamente à arma, como num sistema telescópico. As M3A1, simpliicações da M3, não possuíam
mais  a  alavanca  externa  de  armar;  nesse  caso,  o  ferrolho  possuía  na  sua  parte  exposta  na  janela  de
ejeção  um  grande  orifício  onde  se  inseria  o  dedo  indicador  para  puxá‑lo  para  trás.  O  cano  era  de
substituição fácil, montado encaixado na armação e fixo por uma grande bucha rosqueada.
A M3A1, versão mais simples da M3; note a ausência da alavanca de armar, substituída por orifício no
ferrolho. 

No entanto, devido à pouca espessura das chapas empregadas, principalmente nas quedas da arma
ao chão, essa tampa amassava e deixava de ter utilidade, chegando às vezes a não permitir o uso da
arma.  Muitos  soldados  a  arrancavam  e  a  descartavam  durante  o  uso.  O  carregador  era  para  30
cartuchos mas, ao contrário dos utilizados nas Thompson, era de sistema de dupla coluna mas com
estrangulamento superior para alimentação simples.
Soldado americano mantendo um prisioneiro com sua M3, na Bretanha, em 1944

Diversos problemas ocorreram por esse motivo, gerando muitas reclamações. A arma pesava cerca de
3,700Kg  desmuniciada,  450  disparos  por  minuto  em  média,  alcance  efetivo  de  100  metros.  De
maneira geral, apesar de alguns problemas típicos de qualquer arma automática. a M3 foi bem aceita
e sem dúvida, transformou‑se em uma boa substituta para as grandalhonas e pesadas Thompson.

Após  a  II  Guerra,  continuou  em  serviço  na  Guerra  da  Coréia,  Vietnã,  nos  conflitos  da  Guerra  do
Após  a  II  Guerra,  continuou  em  serviço  na  Guerra  da  Coréia,  Vietnã,  nos  conflitos  da  Guerra  do
Golfo,  além  de  ter  sido  adotada  e  copiada  por  diversos  países  como  Argentina,  China,  Colômbia,
Equador, Grécia, Marrocos, dentre outros. Saiu de serviço nos Estados Unidos em 1992.

JAPÃO

Desde os últimos anos do século XIX que o Japão havia se envolvido em diversos conflitos bélicos,
dentre eles os mais importantes a Guerra Sino‑Japonesa e a Guerra contra a Rússia. A partir de 1886
os  militares  japoneses  voltaram  seus  olhares  para  o  modelo  militar  alemão  e  prussiano  como  base
para  a  sua  reformar  militar.  Consultores  alemães  estiveram  trabalhando  no  Japão  desde  1885
 para implementarem novas medidas, como a reorganização da estrutura de comando do exército em
divisões  e  regimentos,  o  reforço  da  logística  do  exército,  transportes  e  estruturas  e  a  criação  de
artilharia e regimentos de engenharia com comandos independentes.

Na década de 1890, o Japão tinha à sua disposição um moderno, profissional e treinado exército de
estilo  ocidental,  que  foi  relativamente  bem  equipado.  Seus  oficiais  haviam  estudado  no  exterior  e
foram bem educados em tática e estratégia. Até o início da guerra Sino‑Japonesa, o Exército Imperial
Japonês tinha em campo uma força total de 120.000 homens em dois exércitos e cinco divisões.

A  partir  do  século  XX,  essa  modernização  incluiu  a  adoção  de  novos  equipamentos,  dentre  eles,  a
importação  de  metralhadoras  Hotchkiss  modelo  1900,  similares  às  que  o  Exército  Francês  adotou
antes e durante a II Guerra e da qual falamos anteriormente.

Posteriormente,  em  1914,  baseando‑se  nos  sistemas  utilizados  pela  Hotchkiss,  desenvolveu‑se  a
metralhadora Tipo 3, sob licença da Hothkiss, mas utilizando o cartucho japonês 6,5X50mm Arisaka.
Era uma arma pesada, com cerca de 55 Kg, com cadência de fogo de 450 tiros por minuto, refrigerada
à  ar,  e  operada  à  gas.  O  general  japones  Kijiro  Nambu,  que  tornar‑se‑ia  um  prolífero  projetista  de
armas, implementou uma série de melhoramentos e modificações no projeto original.

Metralhadora pesada Tipo 3

O  cano  da  Tipo  3  era  ranhurado  em  sua  parte  anterior,  com  a  finalidade  de  refrigeração.  Sua
desmontagem para troca necessitava de ferramentas especiais e não era muito fácil de ser substituído
em combate. A parte traseira do cano era enclausurada em uma pesada camisa de refrigeração toda

aletada  externamente,  e  que  era  permanentemente  parte  da  estrutura  da  arma,  sendo  inclusive
aletada  externamente,  e  que  era  permanentemente  parte  da  estrutura  da  arma,  sendo  inclusive
utilizada para a montagem do apoio do tripé.

Em  1932,  o  Exército  Imperial  Japones  resolveu  substituir  o  obsoleto  e  relativamente  pouco  potente
cartucho  6,5mm  pelo  mais  moderno    7.7x58SR  (Tipo  92)  e  também  uma  nova  metralhadora  para
utilizar  esse  cartucho,  na  verdade  baseado  no  .303  britânico,  dotado  de  semi‑aro.  A  nova  munição
melhorou  em  muito  a  eficiência  mas  causou  um  problema  logístico  pelo  fato  do  Exército  ter  que
manter utilizar dois cartuchos diferentes, um para os fuzís e outro, para a nova metralhadora. A Tipo
92 foi a metralhadora padrão do Exército Japonês durante a II Guerra.

Metralhadora Tipo 92 em calibre 7,75X58SR (Semi‑Rimmed)

A  alimentação  da  Tipo  92  era  feita  por  uma  fita  semi‑rígida  de  metal,  para  250  cartuchos,  que
infelizmente só funcionava no sentido do lado esquerdo da arma para o lado direito. Havia também
um peculiar sistema de lubrificação para facilitar a extração dos cartuchos baseado em uma pequena
bomba  injetora,  muito  similar  às  utilizadas  nas  metralhadoras  italianas  Breda  e  Revelli.  A  baixa
cadência  de  fogo,  em  torno  de  450  tiros  por  minuto,  fez  com  que  a  Tipo  92  recebesse  o  apelido  de
woodpecker (pica‑pau) pelos soldados americanos.

No âmbito das metralhadoras leves, no conflito da Mandchúria em 1936 o Japão teve a oportunidade
de ver em ação algumas metralhadoras checas ZB‑26 utilizadas pelos chineses. Mediante a captura de
alguns exemplares, o Arsenal Militar de Kokura testou em 1936, a ZB‑26 e desenvolveu a partir dela,
a metralhadora leve Tipo 96. A partir daí cerca de 40.000 armas foram produzidas por aquele arsenal.
Apesar do desenho do mecanismo interno ser bem diferente da original ZB‑26, ela realmente lembra
aquela arma, inclusive adotando o mesmo sistema de carregador instalado por cima e o sistema de
bipé. Posteriormente foi adotada a Tipo 97, maciçamente utilizada nos tanques japoneses, essa sim,
uma cópia licenciada da ZB‑26.
Metralhadora leve Tipo 96, baseada parcialmente no projeto da metralhadora checo‑eslovaca ZB‑26

Posteriormente,  diversas  implementações  foram  feitas  nos  projetos  da  Tipo  96,  lideradas  pelo  Gen.
Kijiro Nambu, culminando com a Tipo 99, bastante similar à 96, porém eliminando‑se o problemático
sistema  de  lubrificação  dos  cartuchos  bem  como  substanciais  melhoramentos  no  sistema  de  troca
rápida dos canos. A Tipo 99 pesava somente 11 Kg, também operada à gás como suas antecessoras,
com ciclo de fogo de 700 tiros por minuto. Mais de 50.000 armas Tipo 99 foram produzidas e ela foi
muito bem aceita no teatro de operações no Pacífico. Sem tirar os méritos do Gen. Nambu, a Tipo 99,
apesar de não ter sido um projeto genuinamente japonês, era uma das melhores metralhadoras leves
utilizadas na II Guerra.

Metralhadora leve Tipo 99, em calibre 7,7X58mmSR
Metralhadora leve Tipo 99, em calibre 7,7X58mmSR

No que se refere às sub‑metralhadoras, a China havia utilizado as submetralhadoras Bergmann MP18
no conflito contra a invasão japonesa. Os japoneses já tinham certa familiaridade com essa arma, pois
haviam  importado  da  fabricante  suíça  SIG  vários  exemplares  da  SIG1920,  uma  MP18  produzida
naquele  país  sob  licença.  Baseado  no  projeto  da  Mp18,  mais  uma  vez  entra  em  cena  o  General
Nambu,  que  desenvolve  alguns  protótipos  para  testes  do  Exército  Japonês  em  1939.  Após  sucesso
nessa fase, a arma foi oficialmente adotada em 1940 e denominada de Tipo 100, pois o ano de 1940
equivalia ao ano 2600 do calendário japonês.

Submetralhadora japonêsa Tipo 100 calibre 8mmX22 Nambu

A  nomenclatura  dos  armamentos  japoneses  leva‑nos  à  muita  confusão,  em  virtude  de  que  não  se
utilizava o calendário gregoriano. Os japoneses usaram diversos calendários por várias centenas de
anos; um dos sistemas mais utilizados era o baseado na data em que o último Imperador havia sido
coroado.  Outro  método  bastante  empregado  era  tomando  como  base  a  fundação  do  I  Império
Japonês, que remonta ao ano de 660 A.C.

Pelo  nosso  calendário,  o  ano  de  1940  seria  o  ano  2600  pelo  calendário  japonês.  Por  isso,  as  armas
acima  citadas,  como  as  Tipo  92,  96  e  99  por  exemplo,  referem‑se  aos  anos  de  2592,  2596  e  2599
respectivamente 1932, 1936 e 1939 pelo nosso calendário.

Voltando à Tipo 100, como opção de uso na infantaria, a arma tinha coronha em madeira sólida, e na
versão  de  uso  de  paraquedistas  foi  equipada  com  coronha  também  em  madeira,  mas  dobrável.  A
partir de 1944, com a crise da indústria japonesa durante a guerra, a Tipo 100 se resumiu somente à
versão com coronha dobrável. A empresa Nambu e o Arsenal de Nagoya e Kakuro se incumbiram de
produzir  a  Tipo  100,  de  1940  a  1945.  A  arma  era  simples,  sistema  blowback  de  culatra  destrancada,
funcionando com ferrolho aberto, pesando cerca de 3,5 Kg e com cadência de fogo de 450 tiros por
minuto.

Versão da Tipo 100 dotada de coronha fixa

O cartucho era o anêmico 8mm Nambu, o mesmo utilizado nas pistolas do mesmo nome. Estima‑se
em 25.000 a 30.000 a produção total das Tipo 100 durante a Guerra. Nos últimos anos de produção, a
qualidade  geral  das  armas  diminuiu  substancialmente,  sendo  que  em  alguns  casos  haviam  riscos  à

integridade de seus usuários, como disparos acidentais. Não havia nenhum dispositivo de segurança
integridade de seus usuários, como disparos acidentais. Não havia nenhum dispositivo de segurança
e  nem  seletor  de  tiro  único  e  automático.  O  carregador  era  para  30  cartuchos,  montado  do  lado
esquerdo da arma, e era curvado para frente, devido ao formato cônico do cartucho 8mm Nambu.

UNIÃO SOVIÉTICA

Pelo menos até pouco antes da Revolução de 1917, o Exército Imperial Russo tinha como base de seu
armamento  regulamentar  muita  coisa  que  se  utilizava  nos  países  da  Europa  Ocidental,
principalmente na França e Inglaterra. Assim sendo, a adoção de armamentos oriundos desses dois
países  culminou  com  a  presença  maciça  de  metralhadoras  Chauchat  modelo  1915  e  das  Hotchkiss
M1909,  adquiridos  da  França,  e  das  Lewis  1914,  Maxim  M1910  e  Vickers  MK  I  da  Grã‑Bretanha,
armas  que  já  foram  citadas  nesse  artigo,  no  capítulo  referente  aos  seus  países  de  origem.  Após  a
Revolução, principalmente no período que antecedeu a II Guerra, a produção e desenvolvimento de
armamento militar genuinamente soviético ganhou bem mais espaço e força.

Em  1926  o  projetista  Vasily  Degtyarov  idealizou  uma  metralhadora  leve  para  uso  do  Exército
Vermelho, em contrapartida às pesadas Maxim e Vickers, com a confiabilidade que não se conseguia
com  os  Chauchat  e  Lewis.  Degtyarov  se  tornaria  um  dos  mais  prolíferos  projetistas  de  armas  na
União Soviética, tornando‑se Major‑General de Engenharia, Doutor em Ciências Técnicas e Deputado
do Soviete Supremo.

Em 1928 a arma foi adotada sob nome DP‑28, após severos testes que incluíram mais de 500 disparos
em  condições  extremas  de  areia  e  lama.  Era  uma  arma  simples  de  ser  fabricada  e  com  somente  80
peças.  Um  dos  pontos  fracos  era  o  seu  bipé,  frágil  demais  para  uma  arma  daquele  porte.  O
funcionamento era à gás, com a tomada feita na seção média do cano. Mas o maior problema residia
no carregador. Talvez inspirado pelas metralhadoras Lewis, Degtyarov optou por um carregador tipo
tambor, que era instalado sobre a arma em posição horizontal.  A capacidade era para 47 cartuchos
do calibre 7,62mm X 54R. e devido à esse carregador horizontal, cuja tampa superior girava em torno
do  seu  eixo  na  medida  que  era  utilizada,  a  arma  foi  apelidada  pelos  soldados,  de  “toca‑discos”
(proigryvatel).

Metralhadora leve DP‑28
O problema era que a recarga desses carregadores era muito lenta e trabalhosa, e com só 47 cartuchos
O problema era que a recarga desses carregadores era muito lenta e trabalhosa, e com só 47 cartuchos
a sustentação de fogo era comprometida, nada comparável às armas que trabalhavam com cintas de
250 cartuchos. Mesmo com uma cadência de tiro de 500 disparos por minuto, o aquecimento do cano
era  muito  rápido  e  a  troca  do  mesmo  era  constante.  A  arma  pesava  cerca  de  9  Kg  com  um
comprimento de 1,27 m. O alcance útil situava‑se em torno dos 800 metros.

Apesar de tudo, a arma foi utilizada com algumas modificações até meados de 1960, e participou de
dezenas de conflitos armados pelo mundo, nas mãos de chineses, coreanos, vietnamitas, cambojanos,
iugoslavos, sírios e líbios. A Finlândia produziu essa arma localmente para substituir gradualmente
as  metralhadoras  Lahti  M26.  Lá  recebeu  o  apelido  de  Emma,  nome  de  uma  popular  valsa    cujos
discos eram vendidos em grande quantidade, mais uma alusão ao carregador giratório da arma.

Outra arma automática desenvolvida na União Soviética foi a metralhadora média SG‑43, projetada
pelo engenheiro Piotr Goryunov em 1943, baseando‑se em parte no sistema das Browning 1919 norte‑
americanas.

A metralhadora média Goryunov SG‑43 em seu carro, com blindagem de proteção 

A  idéia  principal  do  comando  militar  soviético  era  substituir  gradativamente  as  metralhadoras
A  idéia  principal  do  comando  militar  soviético  era  substituir  gradativamente  as  metralhadoras
pesadas  Maxim  por  arma  mais  leve  e  mais  facilmente  transportada  pela  infantaria.  Foi  desenhada
para utilizar o cartucho padrão soviético 7,62mmX54R, o que mantinha a compatibilidade dessa arma
com todas as demais em uso pelo exército soviético. Era mais frequentemente usada montada sobre
uma carriola, bem como muito utilizada em pedestais, montada sobre veículos blindados.

Apesar  de  possuir  um  sistema  um  tanto  complicado  para  a  extração  dos  cartuchos,  principalmente
pelo fato do 7,62mm russo ser do tipo com aro (rimmed),  historicamente não houve relatos constantes
de  mal  funcionamento.  O  cano  era  bem  pesado,  o  que  ajudava  em  parte  no  problema  do
superaquecimento, e sua troca era rápida e fácil, auxiliada por uma útil manopla de madeira sob o
cano. O seu peso era de 13 quilos, cerca de 41 quilos com o carrinho; cadência de tiro de 500 a 600 por
minuto, alcance efetivo de 800 metros. O carregamento era feito por meio de cinta de metal, para 200
ou 250 cartuchos.

Em  1934,  Vasily  Degtyarov,  o  mesmo  idealizador  da  metralhadora  DP‑28,  desenvolveu  uma
submetralhadora denominada de PPD (Pistolet‑Pulemyot Degtyarova) que foi adotada pelo Exército em
1935, sob denominação PPD‑34. Não foi produzida em larga escala, de forma que equipou algumas
unidades de fronteira e forças policiais internas.

Acima, a submetralhadora PPD‑34

O  projeto  seguia  basicamente  os  conceitos  já  bem  estabelecidos  pela  Bergmann‑Schmeisser  MP‑28,
trabalhando  com  ferrolho  aberto,  mas  optou‑se  pela  utilização  do  carregador  inserido  por  baixo  da
arma,  e  não  lateralmente.  Uma  camisa  de  aço  perfurada  envolvia  todo  o  cano  para  proteção  e
refrigeração. O cartucho era o padrão soviético 7,62mmX25 Tokarev, equivalente ao 7,63mm Mauser,
que devido ao seu perfil cônico obrigava o carregador a ser levemente curvado para a frente. O peso
da  arma  era  em  torno  de  3,5  Kg,  carregador  para  25  cartuchos  e  uma  cadência  de  800  tiros  por
minuto.

Em  1938  efetuaram‑se  modificações  e  melhorias  no  projeto,  culminando  com  a  PPD‑34/38.  A
mudança mais notada foi a introdução de um carregador tambor para 71 cartuchos. Posteriormente,
após a campanha soviética na Finlândia, mais algumas modificações foram introduzidas, como o uso
de uma coronha em duas peças separadas, arma que recebeu a denominação de PPD‑40. A cadência
de  tiro  foi  levemente  aumentada  na  PPD‑40,  para  cerca  de  900  a  1000  tiros  por  minuto.  Todos  os
modelos,  da  34  à  40  eram  equipados  com  uma  chave  seletora  de  tiro  único  ou  contínuo,  localizada
defronte ao gatilho.
A submetralhadora PPD‑40, com o carregador tipo tambor e a coronha feita em duas peças

Durante  a  guerra,  o  Alto  Comando  Soviético  chegou  à  conclusão  de  que  a  PPD‑40    não  era  muito
adequada à produção em laga escala, com custos baixos e processos simplificados de manufatura. A
PPD‑40 ainda era uma arma de produção cara, com muitas operações de usinagem, principalmente
na armação. O engenheiro Tenente‑Coronel Georgi S. Shpagin foi o encarregado de desenvolver uma
arma que atendesse a eficiência e maneabilidade da PPD‑40 mas que reduzisse substancialmente os
custos  e  processos  de  manufatura.  Uma  das  decisões  básicas  de  Shpagin  era  a  de  empregar
maciçamente  a  estamparia  para  a  maior  parte  possível  de  peças.  Shpagin  criou  um  protótipo  em
setembro de 1940, que possuía um compensador de recuo na extremidade do cano, o que melhorava
sensivelmente o grupamento obtido com a arma.

Submetralhadora PPSh‑41 em calibre 7,62mmX25

O início da produção se deu em algumas fábricas em Moscou e a produção atingiu 155.000 armas nos
O início da produção se deu em algumas fábricas em Moscou e a produção atingiu 155.000 armas nos
cinco  meses  seguintes.  Nos  primeiros  meses  de  1942  a  produção  inicial  era  de  3.000  armas  por  dia
mas aumentou durante melhorias posteriores no processo. Registros soviéticos indicam que cerca de
6.000.000 de armas foram produzidas durante a guerra. A submetralhadora recebeu a denominação
de  PPSh‑41  (Pistolet  Pulemyot  Shpagina),  mas  logo  já  era  carinhosamente  chamada  de  pepesha  pelos
soldados russos,  ou também de papasha, que em russo significa “papai”.

Acima, versão da PPSh‑41 utilizando carregadores para 35 cartuchos

A PPSh‑41 era um clássico exemplo de um projeto adaptado para produção em massa em tempos de
guerra, assim como suas similares norte‑americanas M3, a alemã MP‑40 e a britânica Sten. A maior
parte  de  suas  peças  podia  ser  produzida  com  equipamento  simples  encontrado  muitas  vezes  em
oficinas  e  garagens.  Possuía  87  peças  ao  invés  das  95  da  PPD‑40.  A  coronha  de  madeira  era  uma
adaptação  do  Mosin‑Nagant  M1939  e  os  canos  eram  reaproveitados  do  fuzil  Mosin‑Nagant  M1891,
esses  últimos  cortados  ao  meio  e  posteriormente  usinadas  as  câmeras  para  uso  do  cartucho
7,62mmX25.

O peso da arma ficava em torno de 3,6ooKg, uma cadência de 900 a 1000 disparos por minuto, e uma
chave  defronte  ao  gatilho  que  permitia  a  opção  de  tiro  seletivo.  O  sistema  era  de  culatra  aberta,
“blowback”,  como  todas  as  demais  submetralhadoras  da  época.  O  cartucho  era  o  7,62mmX25
Tokarev,  padrão  do  Exército  Soviético  em  armas  curtas,  como  na  pistola  Tokarev.  Esse  cartucho  é
praticamente idêntico ao alemão 7,63mmX25 Mauser, utilizado nas pistolas Mauser C‑96.

A  manutenção  e  limpeza  no  campo  de  batalha  era  muito  facilitada  pelo  engenhoso  sistema
basculante  de  cano  e  parte  da  armação,  que  podia  ser  dobrado  para  baixo,  expondo  o  mecanismo
interno permitindo a retirada e limpeza das peças.
Acima, a PPSh‑41 parcialmente desmontada

Grande  parte  das  submetralhadoras  desenvolvidas  na  época  tiveram  problemas  com  seus
carregadores,  e  um  dos  pontos  fracos  da  PPSh‑41  era  justamente  o  seu  carregador  do  tipo  tambor.
Inicialmente foi feito com chapa de aço de 0,5mm de espessura, o que causava deformação precoce.
Esse  tipo  de  carregador  também  é  de  fabricação  cara  e  demorada  e  é  lento  e  trabalhoso  para  ser
recarregado. Por essa razão, não se abandonou a utilização dos carregadores simples do tipo caixa,
apesar de que depois passou‑se a utilizar chapas de 1,0mm de espessura nos carregadores de tambor.
Mesmo com a presença maciça das PPSh‑41 nas tropas, em 1943 introduziu‑se uma versão mais leve
e de maior maneabilidade.

Submetralhadora soviética PPS‑43

Essa  arma  era  a  PPS‑43  (Pistolet‑Pulemet  Sudaeva).  O  projetista  Alexei  Sudarev  foi  indicado  pela
Comissão  Soviética  de  Armamentos  para  aperfeiçoar  um  protótipo  de  submetralhadora  que  havia
sido desenhado pelo tenente Bezruchko‑Vysotsky, da Academia Dzerzhinsky de Artilharia. Sudarev,
nascido em agosto de 1912 em Alatyr, Russia Central, iniciou seus trabalhos na arma em 1942, que
chegou a ser designada como PPS‑42, após testes efetuados em abril e maio de 1942. Sudarev adoeceu
gravemente em 1943 e faleceu em 1946, com 35 anos de idade. Foi agraciado pela Ordem de Lenin e
várias outras condecorações.

Em julho, Shpagin também havia terminado um projeto seu, baseado na PPSh‑41 e denominado de
PPSh‑2,  e  ele  foi  colocado  à  prova  nos  testes  contra  a  PPS,  que  no  entanto,  acabou  provando  ser
superior  em  precisão,  maneabilidade  e  confiabilidade.  Documentos  indicam  que  deve  ter  havido
quase 20 projetos participantes nesses testes, de projetistas diferentes.
Desenho esquemático do mecanismo da PPS‑43, arma muito simples e eficiente, adequada à rodução em massa
em tempos de guerra

Mesmo  com  a  aprovação  da  PPS‑43,  no  ano  seguinte,  várias  modificações  foram  implementadas
resultando  no  desenho  final  da  arma.  Estima‑se  em  2.000.000  a  produção  total  de  1943  a  1946.
Tecnicamente  a  PPS‑43  é  simples,  possui  somente  a  opção  de  tiro  automático,  disparando  no
princípio  comum  de  culatra  destrancada  (blowback)  e  aberta.  Foi  incorporada  uma  trava  de
segurança defronte a guarda‑mato. A armação e a capa de proteção do cano eram de chapa de aço
estampada,  e  possuía  uma  alça  de  mira  com  duas  posições,  para  100  e  200  metros.  A  coronha  era
dobrável,  e  articulava  sobre  a  armação.  O  cano  recebia  uma  camada  de  cromação  e  tinha  uma
durabilidade de cerca de 20.000 tiros. O carregador tambor foi finalmente deixado de lado e a PPS‑43
utilizava  carregadores  de  caixa  para  35  cartuchos.  Infelizmente  não  eram  compatíveis  com  os
utilizados na PPSh‑41.

As PPS‑43 costumam algumas vezes serem citadas como as melhores submetralhadoras utilizadas na
II Guerra, tanto que após o conflito foram extensivamente distribuídas para forças militares soviéticas
nos  países  anexado,  parte  do  que  seria  no  futuro  o  Pacto  de  Varsóvia.  Inúmeras  cópias  foram
produzidas por dezenas de países asiáticos e europeus orientais após a Guerra.

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Wri�en by Carlos F P Neto

16/12/2015 às 14:22

13 Respostas
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Erick, como sempre muito úteis e interessantes suas sempre bem vindas informações. Grande
abraço.

Carlos F P Neto

25/04/2017 at 22:09

Prezado Carlos,

Algumas observações sobre a “sub” francesa MAS‑38:

1) O cartucho 7,65mm MAS, na verdade, era uma cópia do .30 Pedersen norte‑americano, usado
nos “Pedersen Device” – dispositivo que convertia os fuzis Springfield em armas semi‑
automáticas;

2) Consta que uma MAS‑38 foi utilizada pelos “partisans” italianos para executar Benito
Mussolini. Em dois filmes diferentes que vi a respeito, a encenação da execução do Duce foi feita,
num deles, com uma MP‑40 (Mussolini: Ultimo A�o, com Rod Steiger) e, em outro, com uma
pistola Walther P‑38 (Mussolini: A História Não Contada, com George C. Sco�);

3) Há um exemplar de MAS‑38 (ao que eu saiba, sem carregador) no acervo do museu da PMESP.
Possivelmente, foi testada – e rejeitada – pela antiga Força Pública.

Sobre a MP‑28 II:

As MP‑28 II, adotadas por diferentes Polícias Militares brasileiras, tinham diferentes procedências
e calibres. As utilizadas em São Paulo eram fabricadas na Alemanha e eram em calibre 7,63mm
Mauser, onde eram conhecidas como “Schmeisser”. Já a PM do antigo Distrito Federal (depois
estado da Guanabara) usava MP‑28 II fabricadas na Bélgica e em calibre 7,65mm Parabellum.
Naquela corporação, era designada “mosquetão‑metralhador Bergmann”.

Erick Tamberg

25/04/2017 at 17:40

Achei o site por acaso. Fiquei muito feliz pela qualidade das informações. Parabéns pelo belo
trabalho.

Celson Ferreira da Silva

03/03/2017 at 13:17

Caro amigo, elogios de um expert como você são sempre muito bem vindos !!

Carlos F P Neto

28/08/2016 at 21:02

Parabéns, Carlos.
Novamente um artigo que serve de referência, claro, detalhado e bem escrito.

José Renato

28/08/2016 at 19:50
Amigo Henrique, agradeço muito seus gentis comentários, grande abraço.
Amigo Henrique, agradeço muito seus gentis comentários, grande abraço.

Carlos F P Neto

12/08/2016 at 9:16

Parabéns pela página, é dificil reunir e de se achar tanta informação de metralhadoras e
submetralhadoras em um só lugar, mais uma vez, parabéns pela dedicação, estudo e pesquisa.

Henrique Magalhães Gloor

12/08/2016 at 2:30

Rodrigo, muito grato pelos seus elogios.

Carlos F P Neto

01/04/2016 at 9:37

Excelente artigo. Muito bom mesmo.
Não encontrei algo tão bom em nenhum site em português.

Rodrigo Rodrigues Rocha

30/03/2016 at 18:25

Clécio, sempre um prazer enorme tê‑lo como leitor e ainda mais recebendo seus elogios. Sobre os
Mausers, em nosso artigo sobre a Fábrica de Itajubá já temos algo sobre eles, mas sem dúvida um
artigo exclusivo sobre o mais bem sucedido fuzil militar de todos os tempos será necessário.
Grande abraço.

Carlos F P Neto

24/02/2016 at 16:47

Caro Carlos, mais uma vez trazendo, para o prazer dos fãs de história e armas de fogo, outro
excelente artigo. Parabéns e muito obrigado pela dedicação e qualidade com que nos tem
brindado sempre. Continue sempre assim e ainda aguardo, ansioso, um artigo nas suas palavras
sobre a família Mauser de fuzis de ação manual no ferrolho.

Grande abraço.

Clécio M. Galinari

23/02/2016 at 22:56

Caro Antônio, grato pelas suas gentis palavras.

Carlos F P Neto

09/02/2016 at 11:36

Excelente artigo. Parabéns mais uma vez, mestre Carlos!

Antônio C L Ripe

09/02/2016 at 10:53

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