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TRANSPORTE

RODOVIÁRIO DE
PRODUTOS PERIGOSOS

Procedimentos de Primeira Resposta no


Atendimento à Emergências

Realização:
Universidade Federal de Santa Catarina

Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE

PRODUTOS PERIGOSOS

Procedimentos de Primeira Resposta no Atendimento a


Emergências

CEPED UFSC
Florianópolis, 2012.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA
Excelentíssima Senhora Dilma Vana
Magnífico Reitor da Universidade
Rousseff
Federal de Santa Catarina
Professor Álvaro Toubes Prata, Dr.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE
Diretor do Centro Tecnológico
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES
Professor Edson da Rosa, Dr.
Diretor Geral
Departamento de Engenharia Química e
Senhor Luiz Antônio Pagot
Engenharia de Alimentos
Professor Ariovaldo Bolzan, Dr.
SECRETARIA DE ESTADO DA DEFESA
CIVIL
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E
Secretário de Estado
PESQUISAS SOBRE DESASTRES
Senhor Geraldo Cesar Altoff
Diretor Geral
Secretário Adjunto
Professor Antônio Edésio Jungles, Dr.
Senhor Márcio Luiz Alves
Diretor Técnico e de Ensino
Professor Marcos Baptista Lopez
Dalmau, Dr.
Diretor de Articulação Institucional
Professor Irapuan Paulino Leite, M.Sc.

FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E


EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Superintendente Geral
Professor Pedro da Costa Araújo, M.Sc.

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos Pesquisas


sobre Desastres.
Transporte rodoviário de produtos perigosos: procedimentos de primeira resposta
no atendimento a emergências / Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre
Desastres. - Florianópolis: CEPED UFSC, 2012.
53 p. : il. color. ; 30 cm.

1. Transporte rodoviário – Produtos perigosos. 2. Emergência - Atendimento. I.


Universidade Federal de Santa Catarina. II. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas
sobre Desastres. III. Título.
CDU 656.1

Catalogação na fonte por Graziela Bonin – CRB14/1191


APRESENTAÇÃO

Este manual foi elaborado para atender ao Projeto Sistema de

Prevenção, Controle e Atendimento Emergencial em Acidentes com


Produtos Perigosos na Rodovia BR-101/SC – Trecho Sul.

O Projeto é uma parceria entre o Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes – DNIT e o Centro Universitário de Estudos

e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina –

CEPED UFSC. Além disso, conta com a participação da Secretaria de

Estado da Defesa Civil - SDC e da Fundação de Amparo à Pesquisa e

Extensão Universitária – FAPEU.

O Projeto visa à estruturação de um sistema integrado de

primeira resposta e resposta especializada, para atendimento de

acidentes envolvendo produtos perigosos, no trecho sul da BR-101/SC,

de modo a prestar socorro e assistência às vítimas, de uma forma rápida

e eficiente, incluindo a construção de uma área, no Hospital Universitário,

destinada ao atendimento a queimados.

A resposta às emergências com produtos perigosos

frequentemente envolve múltiplas instituições, como transportadoras,


órgãos públicos, empresas prestadoras de serviço e comunidade.

Portanto, é necessário que todos estes setores estejam devidamente

preparados, para que o atendimento emergencial seja realizado de forma

rápida e segura, minimizando, desta forma, os riscos à saúde da


população e ao meio ambiente.
SUMÁRIO

1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES...........................................................................................6

2. RESUMO DA LEGISLAÇÃO ............................................................................................8

2.1 NORMAS TÉCNICAS DA ABNT .......................................................................................9

3. DOCUMENTOS NECESSÁRIOS ................................................................................. 11

4. EQUIPAMENTO PROTEÇÃO INDIVIDUAL E EQUIPAMENTOS PARA


SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA................................................................................................ 12

5. CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS PERIGOSOS ................................................... 13

5.1 RÓTULOS DE RISCO E PAINEL DE SEGURANÇA .................................................................. 14

6. PLANO AMBIENTAL EMERGENCIAL - PAE ............................................................ 17

7. PROCEDIMENTOS DE RESPOSTA ............................................................................ 18

7.1 COMO IDENTIFICAR UM PRODUTO PERIGOSO .................................................................. 19


7.2 COMO UTILIZAR O MANUAL DE EMERGÊNCIAS DA ABIQUIM ........................................ 20
7.3 COMO ISOLAR A ÁREA DE RISCO ...................................................................................... 21
7.4 A IMPORTÂNCIA DE UM SISTEMA DE COMANDO DE OPERAÇÕES ..................................... 24
7.5 A ADMINISTRAÇÃO DE EMERGÊNCIAS .............................................................................. 26
7.6 AÇÕES OPERACIONAIS ..................................................................................................... 29
7.7 A ROTINA DOS OITO PASSOS ........................................................................................... 31

8. COMO UTILIZAR O SISTEMA DE INFORMAÇÕES ............................................... 35

8.1 ACESSO AO SISTEMA ......................................................................................................... 35


8.2 ACIDENTE ......................................................................................................................... 38
8.2.1CADASTRO DE UM NOVO ACIDENTE ................................................................................ 39
8.2.2 EDIÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS DE ACIDENTE JÁ CADASTRADO ............................... 44
8.2.3 VISUALIZAÇÃO DO LOCAL DO ACIDENTE ........................................................................ 45
8.3 RELATÓRIOS ..................................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 50

ANEXO A - MAPA RODOVIÁRIO DE SANTA CATARINA .............................................. 51


ANEXO B - TELEFONES ÚTEIS .............................................................................................. 52

ANEXO C - TABELA DE INCOMPATIBILIDADE ................................................................ 53


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1. Conceitos e Definições

Produtos Perigosos: São as substâncias com propriedades físico-químicas

que podem causar danos à saúde e ao meio ambiente (ARAÚJO, 2001).


Carga Perigosa: Trata-se de qualquer tipo de carga sendo transportada

de forma inadequada, que acarrete risco de acidentes.


Carga a granel: produto que é transportado sem qualquer embalagem,

sendo contido apenas pelo equipamento de transporte.


Carga Embalada/Fracionada: produto que no ato do carregamento,

descarregamento e transbordo do veículo transportador é manuseado

juntamente com o seu recipiente (NBR 7501 ABNT, item 3.15).

Expedidor: qualquer pessoa, organização ou governo que prepara uma


expedição para transporte; quem emite o documento fiscal (NBR 7501,

item 3.38).

Transportador: qualquer pessoa, organização ou governo que efetua o


transporte de produtos perigosos por qualquer modalidade de

transporte (NBR 7501, item 3.93)

Acidente com Produto Perigoso: Evento repentino e não desejado, onde

a liberação de substâncias perigosas em forma de incêndio, explosão,

derrame ou vazamento, causa danos a pessoas, propriedades ou ao

meio ambiente.

Incidente com Produto Perigoso: Evento repentino e não desejado, que

foi controlado antes de afetar elementos vulneráveis (causar dano ou


7

exposição às pessoas, bens ou ao meio ambiente). Também denominado

de “quase acidente”.
Zona Contaminada ou Área de Risco: Área do acidente com produtos

perigosos onde os contaminantes estão ou poderão surgir.


8

2. Resumo da Legislação

O transporte de produtos perigosos é objeto de extensa e complexa

legislação que acompanham a evolução da preocupação da sociedade


em relação à preservação do meio ambiente.

 Resolução n° 3.665/11, que substitui a Regulamentação do


Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, aprovada pelo Decreto

96.044/88.
 Resolução CNEN- 13/88: Aprova as normas para o “Transporte de

Materiais Radiativos”;

 Decreto nº 1.797/1996: Dispõe sobre a execução do Acordo de

Alcance Parcial para a Facilitação do Transporte de Produtos


Perigosos, entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, de 25 de

janeiro de 1996;

 Decreto nº 2.866/1998: Aprova o regime de infrações e sanções


aplicáveis ao transporte terrestre de produtos perigosos;

 Lei nº 9.605/1998: Dispõe sobre as sanções penais e administrativas

derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente;

 Decreto nº 4.097/2002: Altera os art. 7º e 19 do RTPP;

 Resolução ANTT nº 420/2004 e Resolução n° 701/2004: Aprova as

instruções complementares ao RTPP;

 Resolução MT Nº 1573/2006: Institui o Regime de Infrações e

Penalidades do Transporte Ferroviário de Produtos Perigosos no


âmbito nacional;
9

 Resoluções do CONTRAN: 14,18, 26, 36, 38, 87, 102, 132, 149, 151,

152,157, 168, 205, 210, 356;


 Resolução ANTT nº 1644/2006: Altera o anexo à Resolução nº 420/04

que aprova as instruções do RTPP;

 Resolução nº. 3.632/2011 da Agencia Nacional dos Transportes altera

o anexo da Resolução nº. 420/04;

O transporte de produtos perigosos controlados pelo Exército também

está sujeito às exigências previstas pelo R-105, com redação dada pelo
Decreto nº 3665/00, que apresenta a lista de produtos.

Neste caso, além dos documentos de porte obrigatório, previsto pelo

RTPP (Ficha de Emergência, Envelope para o Transporte, Documento

Fiscal, e Certificado de Capacitação para o Transporte de Produtos

Perigosos a Granel), também deve portar a guia de Tráfego, devidamente

preenchida e assinada por Oficiais do Exército Brasileiro, responsáveis


pelo controle do transporte destes produtos.

Da mesma forma, o transporte de materiais radiativos é controlado pela

Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que emite a Ficha de

Monitoramento de Materiais Radiativos e a Declaração do Expedidor de

Material Radioativo.

2.1 Normas Técnicas da ABNT


A ABNT mantém uma comissão permanente, formada por técnicos dos

órgãos, setores e entidades envolvidos com transporte de produtos


perigosos. Esta comissão é responsável pelo estudo e elaboração de
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Normas Técnicas Oficiais, que são editadas e periodicamente revisadas.

Segue abaixo as principais Normas Técnicas relacionadas ao transporte


rodoviário de produtos perigosos.

Símbolos de risco e manuseio para o transporte e


NBR 7500
armazenamento de materiais.
NBR 7501  Transporte de produtos perigosos - terminologia.
Ficha de Emergência e Envelope para transporte para o
NBR 7503 transporte de produtos perigosos (características e
dimensões).
Conjunto de equipamentos para emergências no
NBR 9735
transporte rodoviário de produtos perigosos.
Conjunto de equipamentos para emergências no
NBR 10271
transporte rodoviário de ácido fluorídrico (procedimento).
Proteção contra incêndio por extintores no transporte
NBR 12710
rodoviário de produtos perigosos.
Instalação e fixação de extintores de incêndio para carga,
NBR 13095
no transporte rodoviário de produtos perigosos
NBR 13221 Requisitos para o transporte de resíduos.
Atendimento de emergência no transporte rodoviário de
NBR 14064
produtos perigosos.
Área de estacionamento para veículos rodoviários de
NBR 14095
transporte de produtos perigosos.
NBR 14619 Incompatibilidade química.
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3. Documentos Necessários

CONDUTOR:
Carteira Nacional de Habilitação
Carteira do Curso MOPP

VEÍCULO:
Documentação de licenciamento do veículo
CIPP - Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos
(Certificado de capacitação do veículo e equipamentos para o
transporte a granel)
CIV – Certificado de Inspeção Veicular

PRODUTO TRANSPORTADO:
Nota Fiscal com manifesto da carga (transporte nacional).
Declaração de Carga (MERCOSUL).
Ficha de Emergência.
Envelope para o Transporte.
Licenciamento Ambiental.
Explosivos: Guia de tráfego do Ministério do Exército.
Material Nuclear: Autorização da Comissão Nacional de Energia
Nuclear.
Produtos controlados: Autorização do Departamento de Polícia Federal
– DPF.
12

4. Equipamento Proteção Individual e Equipamentos para Situação de

Emergência

Equipamento de Proteção Individual - EPI


O Equipamento de Proteção Individual deve ser usado, pelo motorista,

para o manuseio do produto ou no caso de ocorrência de um acidente. O


EPI básico é composto por Capacete e luvas de material adequado ao(s)

produto(s) transportado(s), definidos pelo fabricante do produto.


Obs: Além do EPI Básico existem 11 grupos de EPI específico, que variam

de acordo com o produto transportado (NBR 9735, da ABNT).

Equipamentos para Situação de Emergência


Consideram-se equipamentos para situação de emergência o conjunto de

equipamentos previstos pela NBR 9735, da ABNT, que deve acompanhar

o transporte rodoviário de produtos perigosos, para atender às situações


de emergência, acidente ou avaria. O conjunto prevê elementos para a

sinalização e o isolamento da área de ocorrência, conforme a ficha de

emergência, e a solicitação de socorro, conforme o envelope para o

transporte.

Obs: As especificações dos equipamentos, bem como grupos de

equipamentos específicos encontram-se na NBR 9735, da ABNT.


13

5. Classificação dos Produtos Perigosos

A classificação adotada é feita com base no tipo de risco que estes

produtos apresentam e conforme as Recomendações para o Transporte


de Produtos Perigosos da ONU. A mesma estabelece os critérios

utilizados para a classificação destes materiais, os quais determinaram a


criação de 9 classes, que podem ou não ser subdivididas, conforme as

características dos produtos.

Classe 1 – Explosivos

Subclasse 1.1 Substâncias e artefatos com risco de explosão em massa;

Subclasse 1.2 Substâncias e artefatos com risco de projeção;


Subclasse 1.3 Substâncias e artefatos com risco predominante de fogo;

Subclasse 1.4 Substâncias e artefatos que não representam risco

significativo;
Subclasse 1.5 Substâncias pouco sensíveis;

Subclasse 1.6 Substâncias extremamente insensíveis.

Classe 2 – Gases

Subclasse 2.1 Gases inflamáveis;

Subclasse 2.2 Gases comprimidos não tóxicos e não inflamáveis;

Subclasse 2.3 Gases tóxicos por inalação.

Classe 3 - Líquidos inflamáveis

Classe 4 - Sólidos inflamáveis; Substâncias autorreagentes e explosivos


sólidos insensibilizados
14

Subclasse 4.1 Sólidos inflamáveis;

Subclasse 4.2 Substâncias passíveis de combustão espontânea;


Subclasse 4.3 Substâncias que, em contato com a água, emitem gases

inflamáveis.

Classe 5 - Substâncias Oxidantes e Peróxidos Orgânicos.

Subclasse 5.1 Substâncias Oxidantes;

Subclasse 5.2 Peróxidos Orgânicos.

Classe 6 - Substâncias Tóxicas e Substâncias Infectantes.


Subclasse 6.1 Substâncias Tóxicas;

Subclasse 6.2 Substâncias Infectantes.

Classe 7 - Substâncias Radioativas

Classe 8 - Substâncias Corrosivas

Classe 9 – Substâncias Perigosas Diversas

5.1 Rótulos de Risco e Painel de Segurança


Atualmente, os produtos perigosos listados pela ONU ultrapassam 3.400
produtos que são atualizados periodicamente (ABIQUIM, 2011).

Estes produtos são identificados através do painel de segurança. Na parte

superior tem-se o número de risco do produto e na parte inferior o

número da ONU, conforme poderá ser verificado na Figura 01. As

especificações do painel de segurança estão descritas na NBR 7500, da


ABNT.
15

FIGURA 01 – Painel de Segurança


Fonte: Adaptado da NBR 7500 da ABNT, 2012.

O rótulo de risco, placa ilustrada em formato de losango, é afixado nas

laterais e na traseira do veículo, eles possuem desenhos e números que

identificam o produto (Resolução 3.632/11, da ANTT). Na Figura 02 é

possível verificar os rótulos de risco, onde é apresentado o número da

classe, a descrição do perigo e o símbolo correspondente.


16

FIGURA 02 - Rótulos de Risco


Fonte: Adaptado da Resolução 3.632/11 da ANTT
17

6. Plano Ambiental Emergencial - PAE

Sabe-se que os produtos perigosos, enquanto devidamente

acondicionados e armazenados em procedimentos comerciais


adequados, apresentam sempre o chamado risco intrínseco ou o

potencial de danos (toxicológico), mas não os riscos acidentais, cuja


periculosidade é promovida pela manipulação e o transporte desses

produtos.
As ações de segurança previstas para mitigação dos danos referentes a

riscos acidentais estão consubstanciadas nos Planos de Atendimento a

Emergências, que devem ser elaborados previamente e conhecidos por

todos os envolvidos.
A Meta 1 do Projeto de estruturação do Sistema de Prevenção, Controle

e Atendimento Emergencial em Acidentes com Produtos Perigosos na

Rodovia BR-101/SC - Trecho Sul foi a elaboração do Plano Ambiental


Emergencial – PAE, para o trecho sul da BR-101/SC, com todas as

informações necessárias para uma resposta rápida e eficiente no

Atendimento a Emergências com Produtos Perigosos.

O Plano Ambiental Emergencial – PAE tem como objetivo estruturar um

conjunto bem planejado de atividades, informações e procedimentos

destinados à coordenação das ações das diversas instâncias públicas

afetas ao tema, no atendimento e resposta aos acidentes com produtos

perigosos.
18

7. Procedimentos de Resposta

O principal aspecto a ser considerado durante o atendimento de um

acidente ambiental que envolva produtos perigosos diz respeito a


segurança das pessoas envolvidas. Para tanto, especialmente em se

tratando de profissionais de primeira resposta, deve-se adotar as


seguintes recomendações básicas (Oliveira, 2000, p.44):

 Evitar qualquer tipo de contato com o produto perigoso,


aproximando-se da cena com cuidado, tendo o vento pelas

costas, tomando como referência o ponto de vazamento do

produto;

 Procurar identificar o produto (não aproximar-se mais do que


100 m da área de risco) e verificar se há vazamento, derrame,

liberação de vapores, incêndio ou a presença de vítimas;

 Isolar o local do acidente impedindo a entrada ou a saída de


qualquer pessoa. Manter-se afastado da zona contaminada no

mínimo 100 metros até conseguir informações seguras sobre o

tipo de produto perigoso existente no local;

 Solicitar a presença de socorro especializado (polícia rodoviária,

polícia militar, corpo de bombeiros, defesa civil, etc.);

 Estabelecer as áreas de segurança e isolamento (proteção) inicial

recomendadas no Manual de emergências da ABIQUIM;


19

 Determinar as ações iniciais de emergência, recomendadas no

Manual de emergências da ABIQUIM, até a chegada do socorro


especializado.

7.1 Como Identificar um Produto Perigoso

Identifique o produto por qualquer uma das seguintes maneiras:

a) Pelo número de quatro algarismos (número da ONU) existente

no painel de segurança (placa laranja) afixado nas laterais,

traseira e dianteira do veículo ou constante na Ficha de


Emergência, no documento fiscal ou na embalagem do produto.

Consulte o manual da ABIQUIM pelo número da ONU.

FIGURA 03 – Identificação do Produto Perigoso


Fonte: ABIQUIM, 2006.
20

b) Pelo nome do produto constante na Ficha de Emergência ou no

documento fiscal. Consulte o manual da ABIQUIM pelo nome do


produto.

c) Caso não haja nenhuma informação específica sobre o produto,

verifique o rótulo de risco (placa ilustrada com formato de

losango) afixado nas laterais e na traseira do veículo e consulte a

tabela de rótulos de risco no manual da ABIQUIM, que lhe

indicará o guia correspondente à classe do produto.

7.2 Como Utilizar o Manual de Emergências da ABIQUIM


Utilize o Manual de Emergências para identificar os

produtos perigosos e as ações iniciais de emergência da

forma que segue:

 Páginas amarelas: Relação dos Produtos Perigosos

por ordem numérica crescente;

 Páginas azuis: Relação dos Produtos Perigosos por


ordem alfabética;

 Páginas laranja: Apresentam os Guias nos quais são encontradas

as recomendações de segurança;

 Páginas verdes: Encontram-se as distâncias de seguranças para

alguns produtos.
Após identificar o número da ONU dos Produtos Perigosos que estão

sendo transportados, devemos consultar as páginas amarelas do Manual


de Emergência. A coluna GUIA Nº indica a página laranja que deverá ser
21

consultada. Nelas você encontrará informações sobre os riscos potenciais

do produto e as ações de emergência a seguir.


Não sendo possível identificar o número da ONU ou o nome do Produto

Perigoso, existe uma alternativa; procurar o rótulo de risco do Produto

Perigoso. No Manual de Emergências existem duas páginas de rótulos de

risco com seus Guias correspondentes.

Você poderá encontrar uma série de Produtos Perigosos assinalados com

um asterisco (*) nas páginas amarelas e nas azuis, por exemplo, o cloro,
nº da ONU 1017 *; estes produtos exigem uma atenção especial nos

casos de vazamentos.

Consulte as páginas verdes, na parte final do manual, para conhecer as

distâncias de isolamento e proteção inicial.

Observação: O Manual de Emergências da ABIQUIM não resolve todos os

problemas que podem ocorrer com os produtos perigosos, porém,


seguindo suas recomendações você poderá controlar o acidente nos seus

primeiros minutos, até a chegada de uma equipe especializada, evitando

riscos e a tomada de decisões incorretas.

7.3 Como Isolar a Área de Risco


Após identificar o(s) produto(s) perigoso(s) e tomar as medidas iniciais

de emergência, verifique a direção predominante do vento e determine


se o vazamento é grande ou pequeno.
22

 Pequeno vazamento = único recipiente de até 200 litros ou

tanque maior que possa formar uma deposição de até 15 metros


de diâmetro;

 Grande vazamento = grande volume de produtos provenientes

de um único recipiente ou diversos vazamentos simultâneos que

formem uma deposição maior que 15 metros de diâmetro.

Depois, isole a área de risco utilizando a fita ou corda e seus dispositivos

de sustentação, presentes nos Equipamentos para Situação de


Emergência. Utilize os quatro cones e as quatro placas “Perigo Afaste-se”

para sinalizar o acidente.

Determine as distâncias adequadas consultando a tabela existente na

seção verde do manual de Emergências da ABIQUIM e dirija todas as

pessoas para longe do vazamento, seguindo a direção contrária a do

vento. As distâncias mínimas para o isolamento e evacuação são de 30 e


200 metros, respectivamente.

Zonas de Controle
Toda área do acidente com produto perigoso deverá estar sob rigoroso

controle para se reduzir a possibilidade de contato com qualquer dos

contaminantes presentes. O método utilizado para prevenir ou reduzir a

migração dos contaminantes é a limitação de três zonas de trabalho.


23

ÁREA DE SUPORTE / LOGÍSTICA


DIREÇÃO
DIREÇÃODO
DOVENTO
VENTO

PERÍMETROS DE
OPERAÇÕES DEFENSIVAS SEGURANÇA

ÁREA DE
REABILITAÇÃO

POSTO DE COMANDO
ZONA QUENTE
CORREDOR DE
DESCONTAMINAÇÃO
ZONA MORNA
ZONA FRIA

ÁREA DE ATENÇÃO
MÉDICA DE EMERGÊNCIA SAÍDA DE EMERGÊNCIA
TV

SETOR DE INFORMAÇÃO AO PÚBLICO

INFORMAÇÃO DE QUALQUER ORIGEM

FIGURA 04 – Zonas de Controle de Risco


Fonte: SENASP, 2009.

Segundo indicação da International Fire Service Training Association

(IFSTA, 1995, p.145) as zonas de trabalho devem ser delimitadas no local

com fitas coloridas e, se possível, também mapeadas. A dimensão das

zonas e os pontos de controle de acesso devem ser do conhecimento de


todos os envolvidos na operação.
24

A divisão das zonas de trabalho (IFSTA, 1995, p. 144) deverá constituir-se

da forma que segue:


ZONA QUENTE

Localizada na parte central do acidente, é o local onde os contaminantes

estão ou poderão surgir. O isolamento da área de risco executado pode

ser utilizado como delimitação da zona quente.

ZONA MORNA

É a localidade que fica posicionada na área de transição entre as áreas


contaminadas e as áreas limpas. Esta zona deve conter o corredor de

descontaminação. Toda saída da zona quente deverá ser realizada por

esse corredor.

ZONA FRIA

Localizada na parte mais externa da área é considerada não contaminada.

O posto de comando da operação e todo o apoio logístico ficam nessa


área.

7.4 A Importância de um Sistema de Comando de Operações


O Sistema de Comando de Operações (SCO), também conhecido pela

sigla SCI (Sistema de Comando de Incidente) é reconhecido como um

modelo já documentado, utilizado no manejo eficaz de recursos

disponíveis nas operações de emergência.


De forma geral, vemos que a organização da cena de emergência se

inicia com a chegada das primeiras equipes de primeira resposta.


25

Para evitar comandos múltiplos ou ações independentes, deverá existir

uma única pessoa responsável pelo comandamento das ações, a qual


será denominada de Comandante da Operação (CO). Esse sistema servirá

para indicar o responsável pela operação, estabelecer uma hierarquia de

comando e apresentar uma lista de pessoas chaves e suas respectivas

funções.

Segundo Oliveira (2000, p.55) recomenda-se que o primeiro homem de

comando que chega na cena da emergência assuma formalmente o


comando da operação pela rede de rádio.

Este profissional permanece na função de CO durante todo o tempo, a

não ser que seja substituído por outro profissional de maior hierarquia

ou capacitação profissional.

Utilizando este sistema de comando único o CO adapta um organograma

básico e inicial, de acordo com suas necessidades administrativas e


operacionais, para controlar a situação emergencial. A magnitude da

ocorrência determinará o tamanho e a complexidade do organograma

necessário.

Normalmente, os elementos básicos de um SCO são: Comando,

Operações, Planejamento, Logística e Finanças.


Oliveira (2000, p. 55) alerta que a questão de quem deverá responder

pelo comando de uma operação pode ser definida através de diretrizes,

protocolos, ou até, por uma questão de tradição, no entanto, casos


documentados de confrontos, até físicos, entre profissionais de diversas
26

organizações, nos mostram que a questão “quem manda” ainda

assombra a maioria dos serviços públicos de emergência.


Portanto, fica evidente que um conceito de comando unificado precisa

ser rapidamente incorporado pelo sistema que utiliza talentos e recursos

das organizações visando o melhor resultado do conjunto.

Certamente, a partir da padronização de condutas através de protocolos

escritos, e aceitos por todas as organizações, as controvérsias sobre

quem está no comando serão esquecidas.

7.5 A Administração de Emergências


Todo serviço de socorro e resposta a emergências envolvendo produtos

perigosos representa uma atividade de risco e, como tal, deve ser

encarada profissionalmente. Por isso sugere-se a adoção de um modelo

sistematizado de comando e controle que permita um trabalho em

equipe, seguro e eficiente.

Partindo-se da premissa de que todo acidente rodoviário com produto


perigoso, tem características particulares, no entanto, existe nelas um

fator em comum que é a necessidade do planejar, organizar, dirigir

(liderar) e controlar as ações de socorro. O desempenho dessas quatro

funções básicas (PODC) constitui o verdadeiro processo de trabalho

(ações gerenciais) no local da emergência, e considera-se que o


responsável pelo comando e controle da operação comporte-se como

um administrador profissional ao desempenhar o seu papel (Chiavenato,


1999, p. 51).
27

Portanto, na sequência, abordaremos cada uma dessas quatro funções,

sob a ótica dos produtos perigosos e veremos que esse comando e


controle de uma operação é algo dinâmico e interativo que exigirá do

responsável um perfil de profissional dedicado, íntegro, sereno,

disciplinado e tecnicamente muito bem preparado.

PLANEJAMENTO: As organizações de resposta não podem trabalhar na

base da improvisação. O planejamento figura como a primeira das

funções básicas do responsável pelo gerenciamento da resposta e


controle do acidente, por ser exatamente aquela que serve de base para

as demais funções. O planejamento determina antecipadamente quais

são os objetivos que devem ser atingidos e como se deve fazer para

alcançá-los.

ORGANIZAÇÃO: A palavra organização significa qualquer

empreendimento humano moldado intencionalmente para atingir


determinados objetivos. A função básica da organização se baseia em

uma divisão de tarefas racionais para que os objetivos possam ser

alcançados, os planos, executados e as pessoas possam trabalhar de

forma eficiente. Os responsáveis pelo comando e controle dessas

operações sabem que para trabalharem seguros e conseguirem atingir


seus objetivos precisam trabalhar em equipe e de maneira lógica.

DIREÇÃO: Definido o planejamento e estabelecida a organização, resta ao

responsável fazer as coisas andarem e acontecerem. A função básica da


direção (liderança) está vinculada com a ação de se relacionar com

pessoas em todos os níveis da organização. Liderar significa interpretar


28

os planos para os outros e dar as instruções sobre como executá-los em

direção aos objetivos a atingir.


CONTROLE: O controle depende do planejamento, da organização e da

direção para formar o processo gerencial completo. A finalidade do

controle é assegurar que os resultados daquilo que foi planejado,

organizado e dirigido se ajustem tanto quanto possível aos objetivos

previamente estabelecidos.

Portanto, em termos de comando e controle em acidentes rodoviários


envolvendo produtos perigosos, podemos resumir essas quatro funções

da seguinte forma:

Durante o planejamento o responsável necessita:

1. Fixar objetivos (saber onde se pretende chegar para se saber

exatamente como chegar até lá);

2. Definir a estratégia de controle da emergência (ofensiva ou defensiva);


3. Definir um plano de ação para alcançar os objetivos pré-estabelecidos.

Em seguida, durante a organização, o responsável precisa:

1. Dividir o trabalho (dividir as tarefas que precisam ser cumpridas);

2. Designar as pessoas (equipes de profissionais) para a execução dessas

tarefas;
3. Alocar recursos e coordenar esforços para a correta execução das

tarefas determinadas.

Depois, durante a direção (liderança), o responsável precisa:


1. Dirigir seus esforços para que as pessoas executem o plano e atinjam

os objetivos pré-estabelecidos;
29

2. Guiar as pessoas para a ação, dando instruções claras sobre como

executar o plano;
3. Manter a segurança e a motivação incentivando o trabalho

coordenado, seguro, e em equipe.

Finalmente, durante o controle, o responsável precisa:

1. Avaliar o desempenho das equipes envolvidas;

2. Corrigir ações (se necessário);

3. Tornar a avaliar, de forma a assegurar que os resultados daquilo que


foi planejado, organizado e dirigido realmente atinjam os objetivos

previamente estabelecidos.

7.6 Ações Operacionais


Ao conduzir o comando e controle de ocorrências emergenciais, o

responsável deverá se guiar pelos princípios operacionais do

planejamento, organização, comando e controle, segurança e uso

racional dos meios.


Podemos dizer que no nível estratégico (que cabe ao responsável pelo

comando e controle da operação) sugere-se que o responsável avalie a

situação e decida se a operação será atendida de forma ofensiva ou

defensiva, com base no modelo gerencial das quatro ações básicas

(planejar, organizar, dirigir e controlar).


Já no nível tático (que cabe aos demais profissionais envolvidos em nível

gerencial), sugere-se que as tarefas sejam programadas com base numa


série de princípios já registrados anteriormente (princípio do
30

planejamento, da organização, do comando e controle, da segurança e

do uso racional dos meios).


Em termos de produtos perigosos, podemos definir estratégia como a

mobilização dos recursos de uma determinada organização visando o

alcance de objetivos maiores, enquanto a tática é um esquema específico

de emprego de recursos dentro de uma estratégia geral.

Logo, cada estratégia implica na proliferação de ações ou medidas

táticas. A diferença entre estratégia e tática reside basicamente nos


seguintes aspectos: a estratégia é compostas de várias táticas

simultâneas e integradas.

A estratégia se refere a operação como um todo, pois procura alcançar

uma determinada finalidade (expressão global dos objetivos da

operação), enquanto a tática refere-se a ações específicas, pois procura

alcançar objetivos isolados. Podemos considerar ainda que, a estratégia é


definida pelo responsável pelo comando e controle da operação,

enquanto a tática é partilhada com os demais gerentes ou responsáveis

por setores ou atividades (responsável pelo controle de vazamentos,

responsável pela proteção contra incêndio, responsável pelo socorro de

vítimas, etc.)
As decisões estratégicas objetivam basicamente determinar se as

operações se conduzirão de um modo ofensivo ou defensivo.

 Operações Ofensivas: Durante uma operação ofensiva as


condições do acidente permitem a realização de ações na área

quente. Geralmente essas ações são desenvolvidas por


31

profissionais de nível técnico e envolvem resgate de vítimas,

descontaminação de profissionais, estanqueidade de vazamentos,


contenção de produtos derramados, abatimento de vapores,

neutralização ou remoção de produtos perigosos, combate a

incêndios, recolhimento e transbordo de cargas, etc.).

 Operações Defensivas: São utilizadas quando as condições do

acidente impedem o acesso dos profissionais devido aos riscos

potenciais existentes. Este trabalho deverá ser orientado muito


mais para ações de isolamento do local, controle de acesso à

zona contaminada, prevenção de incêndios, monitoramento

ambiental, etc.

7.7 A Rotina dos Oito Passos


Sabe-se que existem diferentes formas de proceder no atendimento de

uma emergência com produtos perigosos, entretanto, para as tarefas

operativas no local da emergência, sugere-se um modelo denominado de


Rotina dos Oito Passos, o qual foi desenvolvido a partir do original,

intitulado de “The 8 step process”.

No início dos anos 80, Mike Hildebrand, Greg Noll e Jimmy Yvorra

introduziram o conceito do “Processo dos 8 Passos” para administrar

incidentes com produtos perigosos, através de uma publicação da IFSTA,


intitulada: Hazardous Materials - Managing the Incident. (PYE, 2002).

O livro é amplamente utilizado por equipes de bombeiros, técnicos em


produtos perigosos, policiais rodoviários, policiais táticos, equipes
32

industriais de resposta em emergências e outros profissionais que lidam

com vazamentos e derrames de produtos químicos perigosos.


A rotina dos oito passos pode ser assim resumida:

1. Controle inicial da cena de emergência: o primeiro que chega na cena da

emergência deve assumir o comando da operação, estabelecer um Posto de

Comando e iniciar o controle do local. Para isso, deverá identificar a

emergência como sendo um acidente com produtos perigosos, avaliar seu

alcance, e, dimensionar os meios necessários para controlá-la. Deverá ainda


isolar a área e controlar o acesso ao local do acidente, se necessário,

evacuando áreas de risco;

2. Identificação do problema (quais os produtos envolvidos): o responsável

deverá identificar o tipo de produto perigoso envolvido no acidente com

base na observação dos veículos envolvidos e suas cargas e classificá-lo

quanto aos riscos potenciais;


3. Determinação dos riscos potenciais do acidente: o responsável deverá

avaliar a magnitude do risco com base na estimativa de probabilidade

(frequência) dos acidentes e seus efeitos (severidade). De forma simples,

o comandante da operação (sem expor-se a perigo) deverá verificar o

que acontecerá se não for tomada nenhuma providência, e, a partir daí,


determinar as primeiras ações a seguir, com base nas recomendações no

Manual de Emergências da ABIQUIM;

4. Seleção do pessoal, recursos materiais e proteção pessoal necessária à


intervenção: o responsável deverá identificar os profissionais mais

capacitados para atuarem na resposta à emergência, reunir os


33

equipamentos de proteção pessoal e demais materiais necessários ao

atendimento seguro da emergência;


5. Gerenciamento das informações e organização dos recursos: o

responsável deverá gerenciar todas as informações relativas ao acidente

e organizar os recursos, definindo os níveis da operação e quem será

responsável por cada tarefa. Deverá também liberar o pessoal e os

recursos materiais dispensáveis. Manter os materiais e informações

pendentes para o controle da situação e transmitir a todos os envolvidos


as informações relativas ao plano de ação;

6. Implementação do plano de ação de emergência para controlar a

situação: o responsável deverá dirigir a sequência de ações para controlar

o escape de produtos de seus contendores, através de ações ofensivas ou

defensivas e controlar as ações, corrigindo possíveis falhas ou desvios do

plano de emergência;
7. Realização dos procedimentos de descontaminação: o responsável

deverá identificar o nível exigido para a descontaminação das vítimas e

profissionais de resposta, bem como o local mais adequado para

executá-la. Determinar a execução da descontaminação dos

equipamentos e materiais utilizados e isolar os instrumentos e


equipamentos contaminados, eliminando os descartáveis;

8. Coleta e registro dos dados e finalização da operação: o responsável

deverá recapitular todos os passos e ações executadas, listar e registrar


todos os dados da ocorrência e orientar medidas preventivas e

educacionais para evitar a repetição do evento.


34

Finalmente, apresenta-se um resumo esquemático de toda a proposta

metodológica para padronizar a forma de avaliar e responder acidentes


rodoviários com produtos perigosos, de acordo com o nível de atuação

de cada pessoa dentro de sua respectiva organização, conforme quadro

apresentado a seguir:

QUADRO 01. Resumo da proposta metodológica por níveis.

Quem? O quê? De que forma? Qual método?


Atuação
Responsável Atua no defensiva ou
Maneira pela qual
pelo comando processo ofensiva com
se realiza a
e controle da (nível base no modelo
operação
operação estratégico) gerencial do
PODC
Atuam no Meio ou maneira
Profissionais de Baseados em
método de proceder; forma
nível gerencial princípios táticos
(nível tático) de agir
Demais Atuam na Jeito de executar Baseados na
profissionais de técnica (nível ou fazer algo, rotina dos oito
nível operativo operativo) habilidade passos
35

8. Como Utilizar o Sistema de Informações

O sistema foi concebido tendo como objetivo principal auxiliar os

profissionais envolvidos com acidentes com produtos perigosos, como


policiais rodoviários, bombeiros, agentes da defesa civil, funcionários da

FATMA, etc., principalmente logo após o acidente, na tomada das


primeiras ações, que são cruciais para limitar os danos.

8.1 Acesso ao sistema


Para acessar o sistema deve-se digitar a URL http://dnitpp.ceped.ufsc.br,
com o que o usuário receberá a tela mostrada na Figura 05.

FIGURA 05 - Tela inicial do sistema


36

Para poder efetivamente utilizar o sistema, o usuário deve estar

cadastrado e clicar o botão Acesso usuários, no canto superior direito da


tela, que fará com que seja exibida a tela mostrada na Figura 06. O

usuário deve preencher os campos Usuário e Senha e clicar Acessar. Se o

código de usuário e a senha estiverem corretos, o sistema irá para a tela

inicial, mas agora com o usuário com acesso ao sistema. Se houver algum

erro no código do usuário ou na senha, a mensagem mostrada na Figura

07 aparecerá.

FIGURA 06 - Tela de login no sistema


37

FIGURA 07 - Mensagem de erro no acesso

Se o usuário não se lembrar mais da sua senha, poderá clicar o link “você

esqueceu a sua senha?” e neste caso visualizará a tela mostrada na Figura


08 e poderá preencher o seu nome de usuário ou seu email e clicar o
botão Enviar nova senha por email, que uma nova senha será enviada ao

email cadastrado no sistema.


38

FIGURA 08 - Tela de envio de nova senha

Uma vez que o usuário esteja logado no sistema, terá acesso às suas

funcionalidades através do menu horizontal (Acidentes, Operação PP,


Cadastros, Contatos e Relatórios), na parte inferior da faixa azul com o

logotipo do CEPED UFSC. Um menu similar também existe no canto

inferior direito da tela, na cor laranja.

8.2 Acidente
O primeiro item do menu, Acidente, deve ser usado para o registro de
novo acidente com produto perigoso, para a alteração de alguma
informação de um acidente já registrado, ou para a visualização de

relação de acidentes com produtos perigosos.


39

A página inicial é a listagem dos acidentes ordenados pelo tempo,

mostrando os acidentes mais recentes em primeiro lugar na lista (Figura


09).

FIGURA 09 - Tela inicial de Acidente

8.2.1 Cadastro de um novo acidente


Para cadastrar um novo acidente, deve-se clicar o botão Novo acidente

da Figura 09, que fará com que a tela mostrada na Figura 10 seja exibida.

Como se pode observar na Figura 10, o formulário de cadastramento de

acidentes está dividido em três blocos.


40

FIGURA 10 - Tela de cadastramento de acidente


41

O bloco superior contém as informações essenciais para identificar e

localizar um acidente: Rodovia, KM (quilômetro em que aconteceu o


acidente), Sentido (norte-sul ou sul-norte, no caso da BR-101), data e

hora do acidente e fase do dia (informação se o atendimento será de dia

ou de noite, muito relevante em algumas situações de vazamento de

carga), nome do informante do acidente e órgão a que o informante

pertence, como por exemplo, Polícia Rodoviária Federal. Esses campos

são de preenchimento obrigatório.


O bloco central do formulário contém características do acidente e

nenhum dos campos é obrigatório. Do lado esquerdo:

 Nome do produto perigoso transportado ou o respectivo número


ONU - essa é a informação mais importante, pois o produto
determinará o tipo de providência a ser tomada

emergencialmente: tamanho do isolamento e eventualmente


evacuação, tipo de vestimenta adequada para o socorro, etc.

 Classe de risco – é preenchido automaticamente, se o produto for


informado;
 Quantidade total e Unidade – é a quantidade total de produto
perigoso transportado;
 Condição climática – o usuário deve selecionar entre sol, chuva
ou nublado;
 Direção do vento – o usuário deve selecionar entre as opções de
direção;
 Derramamento – selecionar entre até 200 litros (<200 l) ou mais
de 200 litros (> 200 l), no caso de líquidos.
42

Para informar os produtos envolvidos no acidente (Figura 11), o usuário

deve preencher o campo Nome do Produto ou Número ONU. Com o


nome do produto (ou parte dele) ou o número ONU informados, o

usuário deve clicar a lupa (Figura 11-1). Uma janela irá se abrir com uma

lista de produtos com o nome ou número ONU informados. O usuário

deverá selecionar um dos produtos (Figura 11-2) e clicar Selecionar

(Figura 11-3) para adicionar o produto à lista de produtos envolvidos.

Caso o acidente tenha mais de um produto, repete-se o procedimento.


Se o usuário quiser retirar algum produto do cadastro do acidente, basta

clicar o produto selecionado e em seguida clicar o botão , localizado

à direita do produto (Figura 11-4).

FIGURA 11 - Informando o produto perigoso do acidente


43

A Classe de Risco é preenchida automaticamente uma vez que um

produto tenha sido informado. Se existir mais de um produto, o campo é


preenchido com o produto de maior classe de risco. Caso não tenha

nenhum produto selecionado ou se retire algum produto, a classe de

risco ficará em branco e o usuário deverá colocar seu valor manualmente.

Do lado direito do bloco central existem 10 características do acidente

que podem ser informadas, selecionando a opção adequada (Não

Informado, Sim ou Não): Vazamento, Incêndio, Abalroamento, Colisão,


Capotamento, Tombamento, Explosão, Liberação de Nuvem, Acesso Fácil

ao Veículo, Veículo Visível da Estrada. Estas informações são relevantes

para determinar o tipo de equipamento e providências necessárias para o

atendimento ao acidente.

Para quaisquer informações não previstas no cadastro (ex: cor do rótulo

de risco do produto), o usuário deve utilizar o campo chamado


‘Informações Adicionais’.

Uma vez preenchidos estes dados, o usuário deve clicar o botão Enviar. O

envio do acidente irá salvar os dados no banco de dados, enviar email

para as autoridades responsáveis, permitir a visualização do local do

acidente no mapa e a emissão de um relatório completo sobre as


providências a serem tomadas emergencialmente.

Por fim, o último bloco é de informações referente a pessoas e entidades

envolvidas no acidente. Informações do motorista, transportadora,


número de ocorrência policial e vítimas são descritas ali. Normalmente

estas informações são obtidas somente após o socorro do acidente, não


44

sendo necessário preenchê-las no cadastramento de um novo acidente, e

sim posteriormente, através de uma alteração (edição). Além disso,


informações detalhadas sobre o acidente (como vítimas) são coletadas

pela polícia rodoviária em formulário específico. Uma vez que todas as

informações possíveis sobre o acidente foram coletadas e não há mais

nada a ser acrescentado, o usuário deve marcar a opção Relatório

Completo, indicando que não falta preencher mais nenhuma informação

sobre o acidente.

8.2.2 Edição e visualização de dados de acidente já cadastrado


Para selecionar um acidente para sua visualização (Figura 09), o usuário

pode fazer pesquisas por diferentes atributos, escrevendo no campo

Busca a palavra ou parte da palavra que quer pesquisar. Também pode

reordenar de acordo com o atributo de preferência, clicando no nome do

atributo. Para visualizar ou alterar os dados de um acidente basta clicar o

acidente em questão, que seus dados serão mostrados na tela.


A edição de um acidente é bem similar ao cadastro de novo acidente,

porém não é possível mudar alguns dados, como o quilômetro (KM) ou o

horário, como ilustra a Figura 12. A edição serve para complementar o

acidente com dados obtidos posteriormente, após ou durante o socorro.


45

FIGURA 12 - Campos desabilitados na edição do acidente.

O acidente terá sua coordenada geográfica no valor da coordenada

geográfica do quilômetro informado no cadastramento do acidente. Ao

clicar o botão Enviar em um acidente novo, em uma edição (alteração),

ou mesmo em uma simples visualização, é mostrada a tela de

visualização do local do acidente (Figura 13).

8.2.3 Visualização do local do acidente


Esta tela apresenta uma figura com a área em que ocorreu o acidente,

informações do entorno do local do acidente (itens cadastrados no


sistema nesta área: no quilômetro do acidente e até 5 quilômetros de

distância) e os dados para contatos de emergência.


46

FIGURA 13 - Exemplo de tela de visualização do local do acidente


47

A primeira informação exibida é a rodovia, o quilômetro e o sentido onde

ocorreu o acidente. Em seguida temos uma interface do Google Maps


com a região do acidente. A seta verde indica o centro do quilômetro

onde ocorreu o acidente. Logo abaixo da imagem são exibidos o ponto

de referência e o informante, caso esses itens tenham sido cadastrados.

Todos os produtos perigosos informados serão listados. Caso o usuário

cadastre um acidente sem informar o produto perigoso envolvido, será

mostrada uma mensagem de alerta para tal fato, como pode ser visto na
Figura 14. Em seguida é apresentado o conjunto de rótulos de risco,

mostrado na Figura 15. Se o rótulo puder ser identificado informe o

número da respectiva Guia no campo assinalado com uma seta na Figura

13, caso contrário informe o número 111, que é o de uma guia genérica a

ser informada quando não há qualquer indicação sobre o produto ou o

rótulo de risco.

FIGURA 14 - Alerta de que nenhum produto perigoso foi informado.


48

FIGURA 15 - Conjunto de rótulos de risco

Em seguida são exibidas duas listas. A primeira mostra a planta

retigráfica em um raio de um quilômetro de acidente. Os itens dessa lista

que possuem a sua localização geográfica cadastrada serão marcados no

mapa. A segunda lista mostra a planta retigráfica em um raio de cinco


quilômetros do acidente. Na parte inferior da tela são exibidos os órgãos

para contato emergencial.


Em seguida o usuário deve clicar o botão Gerar Relatório para obter um
arquivo no formato PDF denominado Relatório de Emergência que

mostra a área do acidente, uma relação de contatos de emergência e

detalhes dos procedimentos de emergência, obtidos das guias de

atendimento de emergência e da tabela de distâncias do Manual da


Abiquim.
49

8.3 Relatórios
Esta opção do “menu” contempla os relatórios do sistema relacionados

com os acidentes cadastrados. Os seguintes relatórios estão disponíveis:

TIPO RELATÓRIO INFORMAÇÃO DISPONÍVEL


01. Acidentes que ocorreram entre as datas e
Acidentes por quilometragem selecionadas, mostrando a
intervalo de Km e data e hora, o quilômetro, o sentido, o
data clima, a transportadora e os produtos
envolvidos.
Número de acidentes, por produto
02.
perigoso, que ocorreram entre as datas
Acidentes por
selecionadas, mostrando o número ONU, o
produto perigoso nome do produto, a classe de risco e o
número de acidentes.
Número de acidentes por quilômetro da
03.
rodovia, que ocorreram entre as datas e
Acidentes por
quilometragem selecionadas, mostrando o
quilômetro quilômetro, o sentido da rodovia e o
número de acidentes.
04. Todos os órgãos cadastrados na
quilometragem selecionada, mostrando o
quilômetro, o sentido da rodovia, o nome
Listagem de
do órgão, o tipo do órgão, o responsável,
Órgãos telefone, a descrição do material que o
órgão possui e a quantidade desse
material.
05. Todos os produtos perigosos cadastrados,
Listagem de
mostrando o número ONU, a classe de
Produtos Perigosos risco, o nome, a descrição e a guia.
50

Referências Bibliográficas

ARAÚJO, Giovanni Moraes de. Regulamentação do transporte terrestre


de produtos perigosos/comentada. Rio de Janeiro: Ed. Giovanni Moraes
de Araújo, 2001. 810 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA (ABIQUIM). Manual


para atendimento de emergências com produtos perigosos: guia para as
primeiras ações em acidentes. 6 ed. São Paulo: Departamento Técnico,
Comissão de Transportes, 2011. 340p.

CASTRO, Antonio L. C. de. Glossário de Defesa Civil: estudos de riscos e


medicina de desastres. 3 ed. Brasília: MI, 2002. 283 p.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2 ed. Rio de


Janeiro: Campus, 1999.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES


(DNIT). Diretoria de Planejamento e Pesquisa. Coordenação Geral de
Estudos e Pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Manual para
Implementação de planos de ação de emergência para atendimento a
sinistros envolvendo o transporte rodoviário de produtos perigosos. Rio
de Janeiro: [s.n.], 2005, 142p. (IPR. Publ., 716).

INTERNATIONAL FIRE SERVICE TRAINING ASSOCIATION. Hazardous


materials for first responders. Oklahoma: IFSTA, 1995.

OLIVEIRA, Marcos de. Emergência com produtos perigosos: manual


básico para equipes de primeira resposta. Florianópolis: IOESC, 2000.

PYE, Shirley. Managing the Hazardous Materials Incident. [S.l.]:


Emergency Film Group, 2002.
51

ANEXO A - Mapa Rodoviário de Santa Catarina


52

ANEXO B - Telefones úteis

FATMA (Fundação de Meio Ambiente) - 0800-644-1523

Corpo de Bombeiros – 193


Defesa Civil Estadual – (48) 3244-0600 / 3271-0916

Defesa Civil Municipal - 199


Polícia Rodoviária Federal - 191

Polícia Militar Rodoviária – 158


Pró-Química (ABIQUIM) – 0800-11-8270
53

ANEXO C - Tabela de Incompatibilidade

Fonte: http://amigonerd.net/trabalho/26061-transporte-terrestre-de-
cargas-perigosas

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