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Sabe-se que o manejo e a alimentação de colostro de alta qualidade podem reduzir a mortalidade e
aumentar a imunidade de bezerras leiteiras. Sabe-se também que o atraso no fornecimento de colostro
aos recém-nascidos reduz a transferência de imunidade e retarda o fornecimento de nutrientes
essenciais aos bezerros. Porém, pouco se sabe como é esse manejo e muito menos a qualidade do
colostro em rebanhos brasileiro.
Além de transferir imunidade, o colostro é uma excelente fonte de nutrientes necessários aos bovinos
neonatos, particularmente aqueles que são minimamente transferidos via placenta, como as vitaminas
lipossolúveis. Os bezerros também necessitam de energia e proteína para se manter durante os
primeiros dias de vida, assim como fatores de crescimento e outros nutrientes que são concentrados na
primeira secreção láctea da matriz recém-parida. Alguns trabalhos tem mostrado a importância destes
fatores de crescimento na vida produtiva do animal.
No entanto, a maioria das pesquisas com colostro tem focado apenas na concentração de
imunoglobulinas G (IgG), ignorando outras IgGs, a composição em nutrientes, além dos fatores de
crescimento. Embora a transferência de IgG seja o fator mais importante para a saúde e sobrevivência
do bezerro, é possível que o foco exclusivo na IgG tenha ofuscado o valor de outros componentes do
colostro. Além disso, são limitados os trabalhos que tem examinado a relação entre os valores nutritivos
do colostro e práticas de manejo. A elucidação das concentrações normais desses componentes e a
avaliação do impacto das praticas de manejo pode fornecer alternativas para a melhoria na saúde de
bezerras leiteiras.
O conteúdo médio de gordura das amostras de colostro foi 6,7 ± 4,2% (Tabela 1) e teve baixa correlação
com os níveis dietético de gordura na alimentação de vacas gestantes. A proteína apresentou um teor
médio de 14,9 %, valor este bem semelhante as revisões apresentadas; da mesma forma que o teor de
gordura, o conteúdo proteico foi pouco in uenciado pela nutrição da gestante. A concentração de
lactose é reduzida no colostro e ao contrário dos outros nutrientes, aumenta com as ordenhas. Este fato
coincide com a siologia do bezerro neonato, uma vez que a lactase é encontrada em baixa
concentração ao nascimento e aumenta ao longo do tempo.
A concentração de IgG foi de 34,9 ± 12,2 mg/mL (Tabela 1), sendo a IgG1 responsável por 85% deste
valor. Pesquisas anteriores mostraram que a disponibilidade de nutriente para vacas no pré-parto não
tem afetado signi cativamente o conteúdo de IgG no colostro. Um grande número de outros fatores
foram os responsáveis pelo conteúdo de IgG no colostro, como: o volume de colostro produzido, número
de partos, raça, duração do período seco, vacinação, entre outros.
Tabela 1 – Composição de amostras de colostro coletados de vacas na Pensilvânia
A lactoferrina é uma glicoproteína que se liga ao ferro e tem se mostrado como importante agente na
redução da mortalidade e na melhora do crescimento de bezerros neonatos. No presente estudo, a
média de lactoferrina foi de 0,82% ± 0.54 mg/mL. As vitaminas lipossolúveis são importantes
componentes do colostro, embora o tocoferol passe através da membrana fetal e seja armazenado no
feto, os neonatos ainda nascem com baixo nível de tocoferol.
Com relação ao manejo, o questionário envolvia questões relacionadas desde a vaca seca incluindo
vacinação, instalações, suplementos vitamínicos entre outros, até a colostragem dos recém-nascidos
(Tabela 2). A palha foi o material predominante como cama nas baias de maternidade, provavelmente
devido ao custo e disponiblidade deste material naquela região. Todas as fazendas avaliadas vacinavam
as vacas secas; dessas, 29% usavam vacinas para Escherichia Coli e Diarreia Bovina Viral. Quando
aplicadas no momento correto, essas vacinas aumentam a transferência de IgG para a doença
especí ca e aumenta a proteção dos bezerros através da transferência passiva.
Tabela 2 – Respostas do questionário relacionado ao menjo de vaca seca e novilhas antes do parto, em
função do tamanho do rebanho (pequeno <100 vacas; médio 101 a 200 vacas; grande >200 vacas), em %
A quantidade e o tempo para que o colostro seja oferecido para as bezerras também foi pesquisado
(Tabela 3). Os bezerros foram alimentados por mamadeira em 87% das fazendas e somente uma
fazenda permitiu que o bezerro mamasse diretamente da mãe. Estes dados mostram uma evolução,
quando comparado levantamentos anteriores que reportaram 22% dos bezerros mamando na própria
mãe. Os bezerros precisam receber colostro o mais rápido possível para que a transferência de
imunidade passiva seja adequada e a maioria das fazendas forneceu colostro aos bezerros dentro de 4
horas após o parto. Os bezerros receberam colostro em um tempo médio de 2,7 horas depois do parto,
sendo que 43,6% das fazendas alimentaram os bezerros com colostro dentro de 2 horas depois do parto
e em 51% das fazendas este tempo foi de 2 a 6 horas.
O tamanho da fazenda, bem como o manejo adotado pela mesma, pode re etir na qualidade do colostro,
por exemplo, fazendas menores suplementam menos as vacas seca com premix mineral-vitamínico. O
colostrômetro foi usado em 43% das grandes fazendas e 10 e 12% nas fazendas médias e pequenas,
respectivamente. Em 11% das grandes fazendas o pasteurizador é utilizado, o que não ocorre em
nenhuma fazenda com menos de 200 vacas. Isso pode ser devido a disponibilidade de recursos e do
volume de leite pasteurizado. Fazendas que utilizam o pasteurizador também adotam o colostrômetro,
armazenam mais colostro e não permitem que os bezerros mamem direto na mãe.
Nas fazendas pequenas, 59% não armazenam colostro enquanto este valor é de 21% nas fazendas
grande. Provavelmente, por apresentarem uma quantidade menor de bezerros e esses tenderem a
mamar o colostro diretamente da mãe. Tal fato, pode predispor o recém-nascido a falhas na
transferência de imunidade passiva, aumentando taxas de mortalidade.
Fazendas grandes tendem a ordenhar a vaca logo após o parto mais rápido do que fazendas médias e
pequenas. Nenhuma fazenda grande ordenhou a vaca dentro de 1 a 2 horas após o parto, comparado
com 10% das fazendas com menos de 200 vacas. Em 68% das fazendas grandes as vacas foram
ordenhadas dentro de 2 a 6 horas após o parto, comparado com 60 e 35 % das fazendas médias e
pequenas. Entretanto, 67% das fazendas grandes reportaram que o intervalo entre o parto e a ordenha é
o mesmo durante o dia ou a noite. Em contraste, 40 e 35% das fazendas médias e pequenas apresentam
um intervalo maior quando o parto acontece durante a noite.
Os resultados de amostra de colostro e manejo em fazendas com diferentes tamanho mostraram que
fazendas menores foram manejadas diferentemente de fazendas maiores. Essas diferenças incluem
disponibilidade de funcionários, recursos nanceiros e alimentação, o que resultou em diferenças
signi cativas no manejo e composição do colostro. Com base em dados de pesquisas anteriores, pode-
se constar que houve melhorias no manejo e alimentação de colostro, uma vez que produtores
aumentaram o volume de colostro fornecido de 2,7 para 3,5 kg e reduziram o tempo no qual os bezerros
recebem este colostro de 2,6 para 2,4 horas. Além disso, a quantidade de fazendas que armazenam
colostro e de fazendas que separam o bezerro da mãe e fornecem o colostro manualmente foi superior.
Referência
Kehoe, S. I.; Jayarao,B. M.; Heinrichs, A. J.A Survey of Bovine Colostrum Composition and Colostrum
ManagementPractices on Pennsylvania Dairy Farms.J. Dairy Sci. 90:4108–4116
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