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O investimento da petrolífera norueguesa Statoil em uma usina solar no Ceará sinaliza que a
energia fotovoltaica começa enfim a seguir no Brasil os passos da eólica, responsável nos últimos
meses por mais da metade do abastecimento na região Nordeste
Usina solar em São Paulo (acima) e complexo eólico no Nordeste (alto): a energia limpa ganha espaço (Fotos: Divulgação /
iStockphoto)
Dono de um território de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 92% estão na
zona intertropical do planeta, o Brasil tem obviamente condições privilegiadas para gerar
energia solar. Segundo cálculos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao
governo federal, o potencial de geração dessa energia a partir de placas fotovoltaicas é de
28.500 gigawatts – mais de 200 vezes maior do que a capacidade instalada da atual matriz
elétrica brasileira, de 143 GW. No entanto, a participação dessa fonte na geração nacional é
inexpressiva: apenas 0,02%, segundo Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Associação
Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Embora o custo Brasil castigue o setor, a redução global de preços na tecnologia usada (“Só
no ano passado, a redução nos custos de produção nos Estados Unidos foi de 15%”,
observa Sauaia) e o potencial local para gerar energia solar têm animado o cenário
nacional. Segundo o relatório “Mapeamento da Cadeia de Valor da Energia Solar
Fotovoltaica no Brasil” – preparado pela Clean Energy Latin America (Cela) por encomenda
de Sebrae, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Organização dos Estados
Iberoamericanos (OEI) –, divulgado em junho, existem hoje no país mais de 1.600
empresas no setor. A lista inclui 8 montadoras de módulos, 400 produtores de
componentes e mais de 1,2 mil fornecedores de serviços. Os autores do relatório
contabilizam mais de 10 mil instalações fotovoltaicas e salientam que uma potência de 2,74
GW de usinas solares foi contratada em leilões.
Usina cearense
A expansão da energia solar fotovoltaica no Brasil é mais do que previsível, e uma
sinalização importante nesse sentido surgiu em outubro, quando a petrolífera norueguesa
Statoil anunciou a escolha do país para abrigar seu primeiro investimento em energia solar
no mundo. O empreendimento, em parceria com a também norueguesa Scatec Solar, é a
usina Apodi, no Ceará, cuja construção começou também em outubro. O projeto, de 162
megawatts, vai gerar energia suficiente para abastecer 160 mil residências e envolve
investimentos de US$ 215 milhões.
O poderio econômico da Statoil (que já investiu US$ 2,5 bilhões em energia renovável no
mundo, como diversificação de seu portfólio de petróleo e gás) supera as dificuldades de
financiamento no Brasil, e a empresa e sua parceira estão otimistas em relação à energia
solar por aqui. “Vamos olhar projetos maiores e tem muita oportunidade de
desenvolvimento no Brasil”, ressalta Marcelo Taulois, presidente da Scatec Solar no Brasil.
“(O investimento) vai depender dos projetos, mas a gente tem um apetite grande.”