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ELABORAÇÃO DE PROJETO
AUTORA: LUCI OLIVEIRA
GRADUAÇÃO
2014.2
Sumário
TCC II — Elaboração de projeto
APRESENTAÇÃO DO CURSO
UNIDADE I
O PROJETO DE PESQUISA — ELEMENTOS ESSENCIAIS
B. SUMÁRIO
C. TÍTULO
E. INTRODUÇÃO
F. OBJETIVOS
G. REFERENCIAL TEÓRICO
H. METODOLOGIA
Este tópico trata do caminho que será seguido para responder a questão
proposta, quais ferramentas serão adotadas para responder ao problema de
pesquisa. Aqui o aluno deve indicar basicamente o tipo de pesquisa que re-
alizará (doutrinária, empírica, mista), o tipo de dados e informações com os
quais trabalhará e a forma de coleta e análise destas informações (indicando
as fontes de dados, técnicas de coleta e operacionalização e análise de dados).
É importante frisar que a escolha da metodologia depende fundamentalmen-
te da natureza e escopo do problema de pesquisa.
I. PLANO DE EXPOSIÇÃO
PLANO DE EXPOSIÇÃO
EMENTA
RELATÓRIO
1. LICENCIAMENTO AMBIENTAL
1.1. COMPETÊNCIA PARA LICENCIAR
1.2. TIPOS DE LICENÇA
1.2.1.LICENÇA DE PRÉ-OPERAÇÃO
2. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
2.1. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
2.2. SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO
2.3. OUTORGA DE USO DE ÁGUA
2.4. COGERAÇÃO DE ENERGIA (TERMOELÉTRICA)
2.5. MUDANÇAS CLIMÁTICAS
2.6. ENTREVISTAS MP E EMPRESAS
3. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
3.1. DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
3.2. FILTROS DE EMISSÃO DE POLUENTES
4. JURISPRUDÊNCIA
5. OUTROS CUIDADOS A SEREM TOMADOS PELO EM-
PREENDEDOR
CONCLUSÃO
J. CRONOGRAMA
Exemplo de cronograma
K. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
L. ANEXOS
Neste tópico devem ser inseridos documentos citados que sejam relevantes
para a compreensão do projeto (um projeto de lei, um parecer, etc.), ou ainda
instrumentos de coleta de dados que se pretenderá usar (por exemplo, o ques-
tionário ou o roteiro de entrevista). Não é obrigatório haver anexo no pro-
jeto, mas caso haja ele deve vir ao final, depois das referências bibliográficas.
Uma boa sugestão para a escolha dos temas é a leitura de periódicos cien-
tíficos para acompanhar os trabalhos que estão sendo realizados na área de
pesquisa que você elegeu como de interesse.
Caso você não saiba em quais revistas pesquisar, uma boa dica é consultar
a tabela de periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes-
soal de Nível Superior) para a área do Direito4. Outra dica é consultar Con-
gressos na área do Direito, sendo que no Brasil um dos principais congressos
voltado para estudantes de graduação e pós-graduação é o CONPEDI (Con-
selho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito)5.
Além de periódicos científicos e anais de congressos, uma boa fonte de
inspiração temática são os portais jurídicos (Conjur, Jus Navegandi, etc.), e
os jornais (Valor, Folha de S. Paulo, O Globo, etc. - que possuem colunistas
voltados a cobrir aspectos do mundo jurídico).
Após escolher o tema, o passo seguinte é delimitá-lo, ou seja, especificar
o aspecto desse tema que se pretende estudar. É preciso delimitar o tema no
sentido de restringir o campo de investigação sob o ponto de vista de tempo
e espaço, mas também de características e aspectos de interesse. Por exemplo,
no caso do tema de acesso à justiça, posso perguntar sobre a utilização dos
juizados especiais cíveis no Rio de Janeiro, nos últimos dez anos. No caso da
recuperação judicial de empresas, posso me interessar pelos efeitos da mu-
4. A tabela Qualis Capes para a área do Di-
dança legislativa de 2005 em casos de recuperação judicial de empresas. E no reito pode ser acessada pelo link http://
caso de processo decisório no judiciário, posso delimitar a partir do processo qualis.capes.gov.br/arquivos/avaliacao/
webqualis/criterios2010_2012/Crite-
decisório no Supremo Tribunal Federal em casos de judicial review, desde a rios_Qualis_2011_26.pdf
5.Os anais do Conpedi podem ser con-
Constituição de 1988. sultados pelo link: http://www.conpe-
di.org.br/
Rafael Mafei Rabelo Queiroz (2011)9 indica três exemplos de como trans-
formar um assunto (tema) em um problema de pesquisa. Segundo Queiroz,
um bom problema de pesquisa jurídica pode: (1) buscar uma resposta nova
para uma velha pergunta; (2) buscar organizar e sistematizar algo que está
confuso ou (3) determinar o significado jurídico de algo novo.
Para exemplificar o primeiro caso ele parte de uma velha questão, a ideo-
logia da decisão judicial. São inúmeros os estudos e argumentos procurando
demonstrar um viés ideológico nas decisões dos juízes. Queiroz cita como
exemplo uma pesquisa de 200510 que levantou a hipótese, a partir da realiza-
ção de entrevistas com magistrados brasileiros, de que o Judiciário tenderia a
desrespeitar cláusulas contratuais e dispositivos legais para favorecer o litigan-
te economicamente mais fraco e, assim, fazer “justiça social”. Essa hipótese
foi tratada como verdadeira por muito tempo, até que em 2010 um grupo de
pesquisadores resolveu testá-la empiricamente.
Nas palavras desses pesquisadores, “Diferente dos estudos anteriores, estas
evidências foram procuradas não em pesquisas de opinião e de atitude, mas
através do estudo de decisões judiciais em diversas áreas” (Ferrão e Ribeiro,
2010)11. Os autores analisaram 181 decisões tomadas pelo judiciário entre
2004 e 2005 e concluíram que os litigantes economicamente mais fortes têm
45% mais chances de saírem vitoriosos em uma disputa judicial do que os
mais fracos, em casos iguais. Ou seja, a partir de um enfoque metodológico
diferente para uma mesma questão, chegaram a uma resposta diferente.
Para o segundo caso, Queiroz exemplifica com a análise de sucessões legis-
lativas pouco claras no país. Toma como exemplo o regime de juros vigente
no Brasil e formula a pergunta: a Lei da Usura foi ou não revogada pelo Có-
digo Civil de 2002?
E por fim, exemplifica um caso em que se busca determinar o significa-
do jurídico de algo novo. Parte do exemplo do surgimento do jogo virtu-
al Second Life, descrevendo que nesse mundo virtual havia empresas reais
anunciando produtos verdadeiros em outdoors virtuais (anúncios de roupas,
perfumes, eletrônicos, automóveis, etc.). A pergunta que poderia surgir, dado 9. QUEIROZ, Rafael Mafei Rabelo.
esse fato naquele momento novo, é: os outdoors virtuais devem ser conside- (2011). Artigo Científico: Concepção,
Temas, Métodos e Técnicas. BePress
rados como outdoors reais para fins jurídicos, havendo a incidência de ISS Selected Works. Disponível em: http://
por prestação de serviços publicitários? works.bepress.com/rafaelmafei.
10.ARIDA, Pérsio; BACHA, Edmar e RE-
Queiroz chama atenção para a diferença na formulação desses problemas SENDE, André Lara. “Credit, interest,
and jurisdictional uncertainty: Con-
como perguntas, e como seria se fossem formulados de forma tradicional, jectures on the case of Brazil”, Rio de
como assuntos: “Da ideologia da decisão judicial”, “Dos juros”, e “Da tribu- Janeiro: IEPE/CdG, Texto para Discussão
n.2, 2003, Publicado em GIAVAZZI. F.;
tação da publicidade na Internet”. Ou seja, nesse formato mais “tradicional”, GOLDFAJN, I; HERRERA, S. (orgs.); Infla-
tion targeting, debt, and the Brazilian
pouco se sabe do que o autor vai tratar. Queiroz dá ainda um exemplo de experience, 1999 to 2003. Cambridge,
como partir de um tema muito debatido e encontrar novas formas de abordá- MA: MIT Press, may 2005.
11.FERRÃO, Brisa L. M.; RIBEIRO, Ivan
lo, imprimindo originalidade ao trabalho. Utiliza como exemplo o instituto C. (2010) “Os Juízes Brasileiros Favore-
cem a Parte Mais Fraca?”. UC Berkeley:
Berkeley Program in Law and Econo-
mics.
Há ainda dois tipos de estudos muito comuns no Direito, que podem ser
desenvolvidos utilizando-se técnicas de pesquisa empírica, ou a abordagem
doutrinária, ou uma combinação das duas, que são o estudo comparado (in-
ternacional) e o estudo de caso.
Segundo definição de McConville e Chui (2007), o estudo comparado
cruza categorias tradicionais do Direito, integrando direito público e direito
privado internacional com o direito interno. Para os autores o objetivo desses
estudos é facilitar a compreensão do funcionamento do direito internacional
e dos sistemas jurídicos, assim como do seu impacto na formulação de polí-
ticas públicas na era da interdependência global.
É importante que ao optar pelo direito comparado o estudante funda-
mente essa escolha — porque comparar? É preciso sempre justificar essa es-
colha metodológica, assim como justificar o país, ou países, escolhidos para
comparação. Na grande maioria das vezes a justificativa para o uso do méto-
do comparado se dá em termos dos benefícios que o aprendizado traz para
o sistema jurídico nacional (seja para propor melhorias para o sistema, para
encontrar soluções para um problema comum, etc.).
O estudo de caso, por sua vez, é voltado para o conhecimento e compre-
ensão detalhados e exaustivos de um caso específico, de forma a permitir um
amplo e profundo conhecimento sobre esse caso. Sua maior utilidade é, de
acordo com Gil (2009)18, exploratória O autor define o estudo de caso como
um delineamento de pesquisa, e não uma técnica, que preserva o caráter
unitário do fenômeno pesquisado, e o aborda em seu contexto. O caso pode
ser um indivíduo, um processo, um grupo, evento, programa, organização,
instituição, etc.
Ainda segundo Gil, quando se opta por fazer um estudo de caso é impor-
tante justificar a escolha do caso (ou casos, se mais de um), e delimitá-lo no
tempo, no espaço e nos aspectos relevantes para o problema a ser investigado.
Problema Hipótese
“A instalação do juizado especial cível do Rio de
“A instalação dos juizados especiais cíveis no
Janeiro não contribuiu para a ampliação do acesso
Rio de Janeiro contribuiu para a ampliação do
a justiça da população mais carente, uma vez que o
acesso à justiça da população mais carente?”
maior cliente do juizado é a classe média.”
“A mudança legislativa que ocorreu no proces- “A mudança legislativa de 2005 impactou de for-
so de recuperação de empresas no Brasil em 2005 ma positiva reduzindo o número de falências, pois
levou à redução significativa do número de falên- reduziu a burocracia para a intervenção judicial e
cias no Brasil?” acelerou o tempo da prestação jurisdicional. ”
“As características atitudinais, sobretudo a ideolo-
“Quais são os fatores de maior impacto no dire-
gia dos ministros, são os fatores de maior impacto no
cionamento das decisões do Supremo Tribunal Fe-
direcionamento do resultado das decisões em casos
deral em casos de ADI no período de 1988 a 2009?”
de ADI no período de 1988 a 2009.”
7) Forma de entrega
UNIDADE II
CONDUÇÃO DA PESQUISA E COMUNICAÇÃO DOS RESULTADOS
que pretende alcançar, pois a definição clara e precisa da questão de pesquisa evi-
ta que o pesquisador se perca na realização da pesquisa que dará origem ao TCC,
prevenindo-o também do distanciamento do(s) seu(s) objetivo(s).
Outra recomendação é a leitura e consulta de trabalhos de conclusão de
curso já finalizados. Uma boa opção é a leitura da coleção Jovem Jurista — sé-
rie de publicações da FGV Direito Rio dos trabalhos ganhadores dos prêmios
de melhor TCC. Há duas edições publicadas até o momento:
• TULLI, Carla Ribeiro; SANTOS, Carlos Victor Nascimento dos;
ARRUDA, Daniel Sivieri; RIBEIRO, Gustavo Sampaio de Abreu;
GAMA, Isabella Barros. Coleção Jovem Jurista. Rio de Janeiro: FGV
Direito Rio, 2010. 300 p.
• BARATA, Beatriz Perisse; FERREIRA, Fernanda Fabregas; SILVA,
João Paulo da Silveira Ribeiro da; SGANZERLA, Rogerio Barros. Co-
leção Jovem Jurista. Rio de Janeiro: FGV Direito Rio, 2011. 168p.
Um texto de leitura obrigatória para os alunos desenvolvendo uma pesqui- 23.OLIVEIRA, Luciano (2004), “Não Fale
sa é o de Luciano de Oliveira (2004)23, “Não Fale do Código de Hamurabi”, do Código de Hamurabi”. In: Sua Exce-
lência o Comissário e outros ensaios de
escrito com base na experiência do autor como professor orientador e exami- sociologia jurídica. Rio de Janeiro, Letra
Legal 7
II. MANUALISMO
A segunda grande crítica que o autor faz é com relação ao que chama de
“manualismo”, ou seja, a tendência dos trabalhos abordarem temas de forma
ampliada e se dedicarem exaustiva e redundantemente a descrever e definir os 24.O texto está disponível no link:
http://moodle.stoa.usp.br/file.
termos associados ao tema replicando manuais. php/491/OLIVEIRA_Luciano_-.Nao_
fale_do_codigo_de_Hamurabi.pdf.
Acesso 20/03/2011.
Numa dissertação sobre o duplo grau de jurisdição, o seu autor dedica várias
páginas a esmiuçar os chamados “efeitos” do mesmo, a saber: devolutivo, trans-
lativo e suspensivo... Para quê? Noutra, sobre o problema da lesão nos contratos,
vinte e cinco páginas são gastas com um capítulo que parece diretamente extra-
ído de um livro didático sobre o assunto. O título do capítulo, aliás, é mais do
que típico: “A Teoria Geral dos Contratos”. Como não poderia deixar de ser,
nele se abordam tópicos como: conceito, evolução e importância dos contratos;
elementos e características dos contratos; interpretação dos contratos — e por aí
vai. (Oliveira, 2004: 4)
V. EVOLUCIONISMO
Num trabalho sobre justiça tributária, seu autor, em não mais do que meia
página, faz um percurso de milhares de anos que começa com os egípcios —
“entre os quais já se falava em contribuição dos habitantes para com as despesas
públicas de acordo com as possibilidades de cada um” —, passa naturalmente
pelo império romano e, no parágrafo seguinte, já está no Brasil da Constituição
de 1988, a qual, obviamente, proclama todas os princípios de justiça tributária
que os egípcios já intuíam... No trabalho sobre a lesão nos contratos, já referido,
o seu autor, discorrendo sobre a teoria da imprevisão, diz que ela já está bem
Google Acadêmico
http://scholar.google.com.br/
Recomenda-se utilizar apenas para buscas gerais,
quando a pesquisa for exploratória e estiver numa
fase inicial.
Biblioteca da FGV
http://bibliotecadigital.fgv.br/site/bmhs/principal
Livros — Catálogo On line — Pesquisa rápida
Periódicos — nem todos os periódicos estão catalogados
(para pesquisar a produção de alguns ainda é necessário ir à
biblioteca).
HeinOnline
Acesso a mais de 1.100 títulos de periódicos, anuários e periódi-
cos de Direito Internacional — FILRD (desde o primeiro n.º até
1 ano de embargo sobre as edições em curso), a cerca de 1.320
obras clássicas do Direito e aos documentos oficiais da política
externa dos Estados Unidos - FRUS (desde 1861 até ao presente)
Jstor
Coleção de publicações periódicas Arts & Sciences I, II, III, em
texto integral, nas áreas da economia, história, ciência política,
direito, finanças, sociologia, etc.
Scielo
http://www.scielo.org/php/index.php
CONPEDI
http://www.conpedi.org.br/
CITAÇÕES
REFERÊNCIAS
• Livro
DINA, Angelo. A fábrica automática e a organização do trabalho. Pe-
trópolis: Vozes, 1987.
Um bom texto segue uma estrutura, uma seqüência lógica, com início,
meio e fim. Ou introdução, desenvolvimento do argumento (ou o corpo do
trabalho) e conclusão. Esta é a estrutura mais simples.
No início do trabalho, na introdução ou apresentação, deve-se ter o cui-
dado de explicitar qual é o problema e o(s) objetivo(s) da pesquisa e qual foi
o caminho escolhido para responder a estes objetivos — isso guia o leitor e
facilita a leitura do trabalho.
É importante também o cuidado com o léxico, a linguagem utilizada deve
ser clara e objetiva. Isso implica dizer que o “juridiquês” e os vícios de lin-
guagem jurídica devem ser evitados.
Atenção para a estruturação do texto: clareza, objetividade e consistência
(que implica em unidade, coerência e coesão).
Não há uma resposta rígida para o número de páginas que o texto deve ter,
recomendando que o aluno utilize o bom senso. O número de páginas vai de-
pender do grau de especificidade dado ao problema de pesquisa, do número
de capítulos e subdivisões em que se estruturar o texto. A recomendação da
FGV Direito Rio tem sido de um mínimo de 25 e um máximo de 80 páginas
(excluindo-se os elementos pré e pós textuais — capa, folha de rosto, sumá-
rio, referências bibliográficas, anexos, etc.).
CUIDADOS
UNIDADE III
EXEMPLOS DE PROJETO DE PESQUISA
É possível identificar?
• Tipo de pesquisa
• Objeto e universo de interesse
• Tipo de dados
• Fonte de dados, técnica de coleta e operacionalização
• Forma de análise dos resultados
• Título
• Área de pesquisa
• Tema (assunto)
• Problema: enfoque, recorte, questão de partida
• Objetivos: rumo da pesquisa, esclarece o que se pretende investigar,
indicando qual o propósito que pretende-se alcançar com pesquisa
(metas)
• Justificativa: razões que motivam o estudo (relevância, contribuição
que trabalho trará: teórica, prática, etc.)
• Revisão bibliográfica: estado da arte, o histórico sobre o tema; atua-
lização; fonte de respostas ao problema formulado; evita repetição de
trabalhos já realizados.
• Hipótese(s) ou pressuposto(s) - pré-solução para o problema levan-
tado
• Metodologia — caminho que será seguido para responder a ques-
tão proposta.
• Plano de exposição (estrutura) - Previsão de sumário
• Cronograma - sequência da investigação ao longo do tempo
• Referências bibliográficas - dos livros e artigos científicos (regras
ABNT)
Projeto 1
Trata-se de uma proposta de parceria para desenvolvimento de pesquisa em edital
proposto pela SAL - Ministério da Justiça.
Título do projeto: “Medidas Assecuratórias no Processo Penal”
Autor: Thiago Bottino
Data: março de 2009
Os resultados da pesquisa foram publicados na SÉRIE PENSANDO O DIREITO
Nº 25/2010
ATIVIDADES PLANEJADAS
Coordenação de grupo de pesquisa e elaboração de relatório. Respostas às questões
técnicas formuladas pela Secretaria de Assuntos Legislativos
ÁREA TEMÁTICA
MEDIDAS ASSECURATÓRIAS NO PROCESSO PENAL
Março de 2009
SUMÁRIO
1 1 – PROJETO DE PESQUISA
Nessa linha de consideração, a FGV DIREITO RIO apresenta proposta de parceria para
desenvolvimento de pesquisa sobre as medidas assecuratórias no processo penal
incidentes sobre o patrimônio do investigado ou acusado, abrangendo as etapas de
identificação, avaliação, constrição, guarda, gestão, administração, inversão de domínio
e alienação de bens obtidos com os proveitos da infração, utilizados para sua prática ou
destinados a ressarcir o dano causado.
O processo de execução visa a dar efetividade, no mundo dos fatos, à sentença que
julgou o processo de conhecimento e aplicar as disposições legais necessárias à
ressocialização do detento. Uma vez transitada em julgado a sentença penal
condenatória, também serão executadas as medidas decorrentes da condenação: (a)
indenização do dano causado pelo crime; e, (b) perda em favor da União dos
instrumentos do crime e do produto do crime (aí considerado qualquer bem ou valor que
constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso).
Segue daí a constatação de que são oportunas pesquisas que apontem medidas mais
eficientes de guarda, gestão, administração, inversão de domínio e alienação de bens
obtidos com os proveitos da infração, utilizados para sua prática ou destinados a
ressarcir o dano causado. Uma das hipóteses aventadas no edital é a utilização de bens
apreendidos pelo Estado.
Para enfrentar esses desafios é preciso pensar meios de aperfeiçoar a legislação de modo
a conferir ao provimento cautelar um processo de cognição ampliada, ao invés da
cognição sumária atual, mas sem perder o caráter instrumental em relação ao processo
principal. O objetivo é estabelecer parâmetros claros e capazes de reverter as medidas
jurídicas de blindagem patrimonial geralmente empregadas pelos criminosos para
salvaguardar o produto do crime ou para evitar o ressarcimento do dano.
Por outro lado, não se pode olvidar que o “custo” do sistema punitivo estatal pesa sobre
todos e não apenas sobre os culpados. Afinal, também os inocentes podem ser, como de
A hipoteca legal só poderá ser requerida pelo ofendido na fase processual, não sendo
admitida na fase de inquérito, e mesmo assim só é cabível nos casos em que a
materialidade seja incontestável. Ela recai somente sobre bens imóveis. Nessa hipótese, o
ofendido deverá apontar o valor estimado da responsabilidade civil e os bens imóveis que
deverão ser hipotecados para essa finalidade (o pedido deverá ser instruído com
elementos que demonstrem o acerto da avaliação da responsabilidade, como laudo
técnico, contábil ou outra prova). Com base nesse pedido, é realizada uma avaliação
judicial do valor da responsabilidade e dos imóveis e, ouvidas as partes, decretada a
hipoteca legal dos bens. Tal como no sequestro, é realizada a averbação no registro de
imóveis.
O arresto poderá ocorrer em duas situações: a) como medida preparatória para a hipoteca
legal, caso em que serão arrestados os bens imóveis até a realização do pedido de hipoteca
legal, no prazo máximo de quinze dias; ou b) como medida autônoma, semelhante à
hipoteca legal, mas recaindo sobre os bens móveis do acusado, caso este não possua bens
imóveis.
A lei prevê que o terceiro de boa-fé atingido pela medida constritiva pode opor embargos
objetivando sua liberação. Contudo, tais embargos só são julgados após o trânsito em
julgado da sentença condenatória, o que cria grande insegurança jurídica. Fora dessa
hipótese, a liberação dos bens só ocorrerá se for prestada caução ao juízo em valor
equivalente ao do bem ou se a ação penal for encerrada (absolvição ou extinção da
punibilidade).
O art. 239, do CPP conceitua indício como sendo “a circunstância conhecida e provada,
que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou
outras circunstâncias”. Trata-se de exigência mais difícil de ser suprida do que as
exigíveis para outras medidas cautelares mais gravosas como a busca e apreensão (que
exige apenas fundadas razões) e a própria prisão preventiva (que exige apenas indícios
suficientes).
No caso dos bens hipotecados ou arrestados, eles serão encaminhados ao juiz cível após o
trânsito em julgado da sentença condenatória. Será no âmbito da jurisdição civil que a
vítima deverá processar o condenado a fim de que seja reparado o dano causado (ação
civil ex-delicto). Com a reforma do Código de Processo Penal pela Lei nº 11.719/2008, o
juiz deverá, quando condenar o réu, fixar o valor mínimo da indenização. Essa medida, no
entanto, não representa nenhum ganho em termos de celeridade processual, já que não
desobriga a vítima de ajuizar nova ação, agora no âmbito civil, para aumentar o valor da
indenização e executar o julgado.
deterioráveis, o juiz poderá determinar que os bens sejam avaliados e levados a leilão
público, fazendo o depósito judicial do dinheiro apurado. Se tais bens estiverem na posse
de terceiro de boa-fé, este poderá ficar como fiel depositário, assinando termo de
responsabilidade. Se os bens arrestados não forem fungíveis nem deterioráveis, deverão
ser aplicadas as regras de processo civil relativas ao depósito e à administração dos bens.
Por fim, temos a fase de integração, quando os ativos ilícitos, já com sua origem
criminosa encoberta, são transformados em valores aparentemente lícitos. Essa
transformação ocorre por meio do investimento dos valores em empresas lícitas de
modo que os negócios dessas empresas apresentem resultados legítimos.
Isso ocorre para evitar que esses mudem de instituição, dificultando seu rastreamento,
ou retirem os recursos do sistema financeiro. Em outras palavras, os setores obrigados
(bancos, corretoras de valores, imobiliárias, joalherias, entidades de previdência, fundos
de investimentos, etc) passaram a ter que identificar a origem dos recursos neles
aportados e a comunicar às autoridades as movimentações que considerassem suspeitas.
Outro órgão estatal que está articulado com o combate à lavagem de dinheiro é o
Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI),
subordinado ao Ministério da Justiça, criado em fevereiro de 2004. Por meio da
articulação entre diferentes órgãos do governo e da sociedade, o DRCI busca repatriar
os ativos enviados ao exterior de forma ilícita e os valores oriundos de atividades
criminosas.
1.5) Diretrizes propostas pela SAL e especificação das ações que serão
desenvolvidas
Não se tem conhecimento de nenhum estudo empírico recente que tenha avaliado a
eficácia das medidas constritivas de bens. Não obstante, sabe-se que o Conselho da
Justiça Federal desenvolveu estudos e que o Conselho Nacional de Justiça trabalha
atualmente na criação de um cadastro nacional de bens atingidos por medidas
constritivas de patrimônio.
(ii) extinção de domínio de bens em favor da Fazenda Pública, ainda que não
identificado seu proprietário; (iii) alienação antecipada de bens apreendidos;
(iv) uso de bens apreendidos pelos órgãos responsáveis pela persecução penal.
A primeira tratará de análise doutrinária e legal sobre as normas que lidam com o tema,
incluindo o estudo jurisprudencial e de direito comparado As fontes de pesquisa serão,
portanto, a legislação vigente e a produção doutrinária sobre o tema. Paralelamente, será
feito um estudo comparado sobre medidas cautelares em outros países e em blocos
regionais (sistema europeu).
Por fim, a terceira etapa irá consolidar os dados produzidos nas etapas anteriores em
minutas de projetos de alteração legislativa, levando ainda em consideração o panorama
das propostas que estiverem em tramitação no Congresso Nacional e inclusive com
elaboração de quadros comparativos.
FINALIDADE DA PESQUISA
PROBLEMAS
JUSTIFICATIVA
2. Novos sistemas de controle de bens foram criados desde 1941, época em foram
pensadas as atuais medidas assecuratórias;
HIPÓTESES
2. Reformulação do processo cautelar para permitir que ele seja encerrado antes do
trânsito em julgado do processo de conhecimento;
MODELO DE ANÁLISE:
METODOLOGIA
41. SILVEIRA, Renato de Mello Jorge: Direito penal econômico como direito penal de
perigo. São Paulo: RT, 2006.
42. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. Vol. 1 a 4. São Paulo:
Saraiva, 2008.
43. VILARDI, Celso Sanchez: O crime de lavagem de dinheiro e o início de sua
execução. In Revista Brasileira de Ciências Criminais, nº 47. São Paulo: RT, 2004.
44. WEISBURD, David e WARING, Elin: White collar crime and criminal careers.
New York: Cambridge University Press, 2001.
2 – CRONOGRAMA DE REALIZAÇÃO
A pesquisa será realizada em 3 (três) etapas, cada uma com objetivos e produtos bem
definidos. A primeira etapa será dedicada à realização da revisão bibliográfica (estudo
da doutrina brasileira), à análise legislativa internacional (estudo comparado com ênfase
nos sistemas do MERCOSUL e da União Européia) e ao levantamento e exame
documentos de cooperação internacional firmados pelo Brasil) e terá como produto um
relatório que reflita o estado atual das medidas assecuratórias em âmbito nacional e
internacional (aspectos legais; críticas dos estudiosos; quadro atual de medidas e
comparação com outros países e blocos).
Por fim, a terceira e última etapa da pesquisa realizará o mapeamento das propostas de
alteração legislativa em tramitação no Congresso Nacional e fará uma minuta inicial de
proposta de alteração legislativa considerando os dados produzidos nas etapas anteriores
da pesquisa. Essa minuta inicial será levada à discussão em seminário realizado
especialmente para esse fim. A partir dos debates no seminário, serão feitas as
modificações necessárias e produzido o relatório final, contendo a consolidação dos
dados e minuta de projeto de lei.
ATIVIDADE
mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar
PERÍODO
1ª ETAPA
Seleção da equipe de pesquisadores,
x
distribuição inicial das tarefas.
Revisão bibliográfica x x x
Levantamento dos acordos de cooperação
x x x
internacional.
Análise legislativa internacional e
x x x
comparada
Consolidação dos dados. Entrega do
x
primeiro relatório parcial
2ª ETAPA
Estudo jurisprudencial (STJ e STF) x x x
Levantamento dos acordos de cooperação
x x
administrativa
Atuação do DRCI, GGI-DL e ENCCLA. x x
Exame das bases de dados disponíveis no
x x
CNJ
3ª ETAPA
Mapeamento legislativo no Congresso
x x
Nacional
Elaboração de minuta x x
Realização de seminário x x
Projeto 2
Trata-se de um projeto de pesquisa de mestrado
Título do projeto: O Papel do Supremo Tribunal Federal no processo de
redemocratização do Brasil (1979-1999)
Autor: Fabiana Luci de Oliveira
Data: março de 2000
A pesquisa resultou na publicação do livro STF: do autoritarismo à democracia. Editora
Campus, 2012.
Sumário
I. Resumo e palavras-chave
V. Cronograma
VI. Bibliografia
I. Resumo
Este projeto tem por objetivo analisar o papel político dos ministros do Supremo
Federal vem desempenhando no cenário político brasileiro tem sido muito discutido a
... (1) a expansão da área de atuação das cortes judiciais ou dos juizes às
expensas dos políticos e/ou administradores, isto é, a transferência de
direitos de decisão da legislatura, do gabinete ou da administração pública
às cortes judiciais, ou, ao menos, (2) a propagação dos métodos judiciais
de decisão para fora das cortes de direito propriamente ditas. (Vallinder,
1995: 8)
Enfim, ele denota a expansão do poder das cortes judiciais, poder esse atribuído
Enfim, ele denota a expansão do poder das cortes judiciais, poder esse atribuído
quando sua direção escapa das mãos de atores comprometidos com os valores da
Carta de 1988 e a agenda neoliberal. Dentro dessa lógica, o Executivo buscaria impor a
pela sociedade civil como um estatuário para as insatisfações existentes com o ativismo
identificam como o “guardião dos valores fundamentais” (pág.: 11). Assim, o espaço
cada vez maior que o Supremo Tribunal Federal vem ocupando na vida política do país
Essa problemática vem sendo abordada pela Ciência Política, mas ainda não foi
interesses privados.
26
Ver trabalhos de Werneck Vianna (1992), Bastos Arantes (1997) e Castro (1997).
política, quer no que diz respeito à sua intervenção no âmbito social. (Vianna,
1999: 1)
jurídica, que se inicia com a obtenção do diploma de bacharel em Direito. Para ascender
ministros são nomeados pelo chefe do Poder Executivo, passando por argüição pública
no Senado.
Essa dualidade de identidades traria à tona um problema: por ser uma instituição
carreira, passando a nomeação desses profissionais pelo Executivo e pelo Senado (sendo
Qual tem sido o papel político desse ator? 2) No desempenho desse papel que tipos de
interesses esse Tribunal tem representado? 3) Em relação aos outros poderes do Estado
como tem sido seu posicionamento? (Há destaque de posturas críticas ou favoráveis?) 4)
acaba por excluir a análise da relação das profissões com o Estado e a sociedade.27
que só se pode falar em profissionalização nos países em que houve autonomia nesse
considerados como desviantes do modelo e a ligação dos seus membros com o Estado
que o Estado atuou diretamente nesse processo, enquanto seu instigador, a identidade
27
O conceito de “projeto profissional” resume bem essa ideia. Ele é desenvolvido por Larson ( 1977) e
remete às estratégias através das quais as classes médias, na fase do capitalismo competitivo, se moveram
em direção ao monopólio de mercado, por um lado e ao empreendimento da mobilidade coletiva, por
outro. Os profissionais são assim retratados como voltados para a promoção dos seus interesses
específicos, tanto econômicos quanto simbólicos (prestígio). Note-se que embora Larson entenda o
processo de profissionalização enquanto intimamente voltado para o mercado, ela atribui um importante
papel ao Estado. Este, a partir da negociação com os grupos profissionais, lhes delegaria o controle do
acesso à profissão, a partir da gerência do sistema universitário e também a garantia do controle do
mercado (credenciais).
28
Graham (1997) ao estudar a elite política do país no século XIX, vai sustentar que o clientelismo
constituía a trama de ligação da política no Brasil desse período, descaracterizando, portanto, a conduta
profissional. Koerner (1992) vai afirmar a total falta de autonomia do Poder judiciário na ordem política
imperial, devido ao fato de haver um controle político dos cargos judiciais e das nomeações e também em
conseqüência de ser vedado a ele o julgamento de qualquer questão envolvendo atos governamentais.
Coelho (1999) é outro a negar essa independência , dizendo que no Império o Judiciário era um poder
impotente e que “Dependente do Executivo para obter recursos e subordinado ao Legislativo, a autonomia
do judiciário era uma ficção”. (pág. 122). Na República alguns autores também vão questionar a
independência do PJ. Miceli (1979) afirma que: “O contingente de bacharéis que pressionava o mercado
de postos nessa época (início dos anos 30) começou a utilizar o diploma como sendo uma prerrogativa da
qual só se podia esperar vantagens estritamente profissionais. Assim, o futuro de classe dessa leva
avultada de ‘parentes pobres’ que dispunham de um título universitário, adquirido em condições adversas
que haviam desvalorizado brutalmente, passou a depender, cada vez mais, da ampliação das
oportunidades de serem cooptados pelo serviço público.” (pág. 41). Ao contrário dessas visões, Carvalho
(1980) e Eul-Soo Pang e Seckinger (1979) vão entender os juízes enquanto verdadeiros mandarins, na
medida em que eles constituem a elite política do Império.
básica desses grupos não seria dada pela ocupação e, sim, pelo status conquistado por
profissão tomada enquanto tipo ideal. Essa definição reúne as diferentes experiências de
discussão da influência política das profissões, suas relações com o Estado e com as
fato de que os bacharéis que iniciaram esse processo já eram membros da elite. Eles
completava as aspirações desses bacharéis, mas essa idéia era defendida enquanto um
benefício para a sociedade. Freidson (1996) coloca que a maior vantagem que o
29
Cf. Bonelli, 1993
30
Bonelli (1999) resume o conceito que engloba os principais aspectos característicos da profissão, quais
sejam, 1. É um tipo de trabalho pago, feito em tempo integral, que inclui o mercado informal; 2. É de
caráter especializado, de base teórica, com competência discricionária de julgamento sobre uma área do
saber; 3. São as ocupações que controlam a divisão do trabalho , que é determinada pela relação entre ela
e que determina e delimita as fronteiras jurisdicionais de cada uma; 4. Onde o controle do trabalho é
ocupacional, feito através do credenciamento dos membros da profissão; 5. Envolve a posse de
conhecimento abstrato e autoridade sobre um campo do saber profissional obtido nas instituições de
ensino superior.
do Estado que acaba por ocasionar a cooptação da profissão. Assim, o mais adequado é
falar em interação e mesmo em negociação, uma vez que o Estado vai buscar apoio na
vão buscar apoio no Estado para se legitimar e justificar a possível reserva de mercado.
profissionalização não foi simplesmente imposto pelo Estado, visto que os advogados
para o desenvolvimento das várias abordagens sobre as profissões e suas relações com o
diversos, recorre-se a essa bibliografia para debater com o argumento desenvolvido por
esses autores. A maior parte desses trabalhos é referente aos bacharéis, início da
aos juizes, essa bibliografia serve enquanto base e parâmetro para o argumento a ser
desenvolvido.
Executivo, apesar dele ser um órgão acoplado ao Estado, constituindo um dos seus
poderes. Isso porque os ministros do STF envolvem na sua nomeação não só o fator
nomeação. A hipótese central do projeto é de que esse fato não retira dos ministros sua
mesmo que o ministro leve para o Tribunal suas relações com o governo que o nomeou,
ele traz também a socialização nos valores partilhados nas carreiras no mundo do
Direito e o alto de custo de ver sua legitimidade minada neste âmbito e na própria
alternância dos grupos no poder, são os contrapontos que pretende-se investigar aos
acerca do papel político do ST F. Grande parte dos autores31 vai limitar a possibilidade
1988, mais acentuadamente nos anos do regime militar que se inicia em 1964.
Supremo Tribunal Federal entre os anos de 1964 e 1975, vai atentar para a falta de
1988 que alterando a jurisdição do Supremo e ampliando seu poder dentro do sistema
31
Ver Osvaldo Trigueiro do Vale, 1976 e Oscar Vilhena Vieira, 1993
entre os poderes e também em garantidor dos direitos fundamentais, ainda que contra a
O autor aponta ainda que em dois momentos histórico-políticos do país, que são
os dois regimes de exceção pelos quais o Brasil passou na República (1930 e 1964), o
Supremo Tribunal Federal esteve variando seu padrão de atuação ora de maneira
Osiel (1995) vai na contramão dessas visões que entendem os ministros do STF
regime ditatorial que então se instalava na medida em que exigiam dos militares uma
adequação das suas ações à Constituição. Miranda Rosa (1985) seguiu nessa mesma
32
Conferir Vilhena, 1993
O período da transição, sem as amarras dos AIs tem recebido pouca atenção
por parte dos autores. É um período marcado por um grande silêncio por parte
do Supremo, e dos tribunais em geral, em trabalhar em função da reconstrução
do estado de direito e da democracia. (Oscar Vilhena Vieira, 1993: 73).
Constituição de 1988.
Para possibilitar uma melhor compreensão das mudanças nas atribuições do STF
O Supremo Tribunal Federal foi instituído pelo decreto n.º 510 de 22 de junho
Seus 15 membros (ministros) eram nomeados pelo governo federal entre os cidadãos
recurso da Justiça Federal e 3) Instância de recurso das Justiças Estaduais quando essas
33
O texto que segue baseia-se em Leda Boechat Rodrigues (1965), Aliomar Baleeiro (1967), Oscar
Vilhena Vieira (1993) e Rogério Bastos Arantes (1997).
34
A Constituição de 1934 reduziu o n.º de ministros para 11 e também delegou ao Procurador Geral da
República a exclusividade na proposição de ação de inconstitucionalidade.
negarem aplicação de direito federal ou confirmarem atos e leis dos governos estaduais
Rodrigues (1965)
1946. Essa Constituição vai instituir uma mudança no tripé das atribuições delegadas a
esse órgão, colocando que 1) cabe ao STF julgar as autoridades da União nos crimes
jurisdição entre os órgãos judiciais e juiz das questões de habeas corpus e nos mandados
constitucionalidade das leis e intérprete do Direito Federal e 3) cabe a ele cuidar dos
locais ou federais, quando denegatória a decisão- e das causas decididas por juízes
locais , fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro assim como
35
Rogério Bastos Arantes, 1997: 76.
Nesse momento, como afirma Arantes (1997) “... a posição do STF vai sendo
27/10/65 com a edição do AI-2 o n.º de ministros passa de 11 para 1636 - e o sistema de
sistema híbrido, que perduraria até hoje, cabendo ao STF julgar a representação contra
judicial todos os atos praticados de acordo com esse Ato e seus atos complementares.
políticas delegadas ao STF por essa Constituição foram: 1) controlar os demais poderes;
36
O AI-6 retorna para 11 o n.º de ministros.
37
Cf. Vilhena, 1993: 92.
38
Os agentes legitimados a propor são: o Presidente da República; as mesas do Senado Federal; da
Câmara dos Deputados; das Assembleias Legislativas; os Governadores de Estado; o Procurador Geral
da República; o Conselho Federal da OAB; os partidos políticos com representação no Congresso e
confederações sindicais e entidades de classe de âmbito nacional.
refere ao fato do STF ir se afastando do modelo que lhe deu origem (difuso, de origem
porque, embora reserve cada vez mais para o STF a função de julgar a
válido.
político do STF, reforçando sua condição de arena de disputa entre sociedade e Estado e
buscando essa diferenciação, que denotaria sua autonomia, no ethos profissional (em
contraste com um ethos de classe). Nesse olhar, os membros do STF não são
profissionais entre os anos de 1979 a 1999, atentando para a existência de uma mudança
Para isso, vai-se trabalhar com a análise do conteúdo dos discursos produzidos
posse) quanto das mudanças nos contextos políticos e sociais. Esses discursos são
necessária a leitura de toda a revista. O que vai se buscar são 1) variáveis que definam o
constitui em um importante veículo para a divulgação dos valores, das posturas políticas
construir e divulgar a imagem pública pela qual a corporação deseja ser percebida.
A partir desta análise vai se buscar perceber a dinâmica presente no discurso dos
ministros e a forma como eles alteram o seu enfoque, servindo, portanto, como um
Vitae dos ministros do STF que fizeram parte da Instituição durante o período
enfocado39. Como já existe um repertório dos dados biográficos dos ministros entre os
anos de 1891 a 197840 é possível estabelecer uma comparação entre o perfil profissional
ethos profissional em virtude dos ministros serem nomeados pelo Poder Executivo,
investigada será que o fato da nomeação desses profissionais passar pelo Presidente da
República e pelo Senado41, não retira deles sua condição profissional e a partir daí sua
como ele é percebido por alguns jornais diários. A postura adotada neste estudo é de
que o jornal, mesmo sendo tendencioso e parcial, não deixa de fornecer informações
generosas sobre a vida política da época. Afim de analisar esse aspecto da relação
mídia-STF foram escolhidos os jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo.
39
Os ministros do STF nesse período são: Djaci Alves Falcão; Carlos Thompson Flores; Antônio Neder;
Luiz Rafael Mayer; Clóvis Ramalhete; Firmino Ferreira Paz; José Néri da Silveira; Alfredo Buzaid; Oscar
Dias Corrêa; Aldir Guimarães Passarinho; José Francisco Rezek; Sydney Sanches; Luiz Octávio Pires e
Albuquerque Gallotti; Carlos Alberto Madeira; Célio de Oliveira Borja; Paulo Brossard de Souza Pinto;
José Paulo Sepúlveda Pertence; José Celso de Mello Filho, Carlos Mário da Silva Velloso; Marco Aurélio
Mendes de Farias Mello; Ilmar Nascimento Galvão; Maurício José Corrêa e Nelson Azevedo Jobim.
40
Cf. Laurenio Lago, 1978.
41
Com a Constituição de 1988 a argüição no Senado, que era secreta, passa a ser pública.
dados temático que agilizará a pesquisa e coleta do material em parte do período a ser
dessa Constituição até dezembro de 1999 – para os discursos dos Ministros na Revista
Forense e para os dados dos jornais. Em relação ao perfil morfológico a divisão se fará
1999.
O levantamento do material dos jornais também irá permitir a análise dos votos
Federal dentro da vida política nacional, assim como trabalhos dentro da temática da
V. Cronograma
1 2 3 4
Atividades semest semest semest semest
re re re re
Leitura de bibliografia
V. Bibliografia
ARANTES, R. B., Judiciário e Política no Brasil, SP/ Idesp, Ed. Sumaré, 1997
GRAHAM, R. Política e Clientelismo no Brasil do século XIX , RJ, Ed. UFRJ, 1997.
OSIEL, M. J., “Diologue with Dictators: Judicial Resistance in Argentina and Brazil” in
Law and Social Inquiry, 1995
SADEK, M.T. (org), Uma introdução ao estudo da Justiça, SP, IDESP, Sumaré, 1995.
VIANNA, L.W. et alli, Corpo e alma da magistratura brasileira , RJ/ IUPERJ, Ed. Revan,
1992
Projeto 3
Trata-se de um projeto de pesquisa de TCC
Título do projeto: Os requisitos para a edição de Súmulas Vinculantes e seu
cumprimento pelo Supremo Tribunal Federal
Autor: Adriana Lacombe Coiro
Data: 2011
Sumário
2.Área de pesquisa............................................................................................................ 2
4. Delimitação do tema..................................................................................................... 4
5. Problema....................................................................................................................... 5
6. Hipótese ........................................................................................................................ 6
7. Objetivos....................................................................................................................... 7
8. Justificativa................................................................................................................... 8
9. Metodologia.................................................................................................................. 9
2. Área de pesquisa
3. Tema geral
4. Delimitação do tema
5. Problema
6. Hipótese
7. Objetivos
8. Justificativa
Como o próprio nome diz, trata-se de enunciados que, após editados, vinculam
todo o poder judiciário e a administração pública direta e indireta, impactando todas as
futuras decisões sobre o tema, em qualquer grau de jurisdição. Súmulas, por si só, já
devem ser vistas com cautela, como alerta Rogério Greco:
Súmulas vinculantes, assim, devem ser observadas com ainda mais cuidado pois,
de acordo com Oscar Vilhena, “com a adoção de da súmula vinculante, completou-se
um ciclo de concentração de poderes nas mãos do Supremo”43.
44
MELLO, Patrícia Perrone. Precedentes. Editora Renovar: Rio de Janeiro, 2008. p. 169.
45
BRASIL, Debate e Aprovação de Enunciado das Súmulas Vinculantes. 17.06.2007.
9. Metodologia
46
GARCIA, Dínio de Santis. Efeito vinculante dos julgados da Corte Suprema e dos Tribunais
Superiores. Revista dos Tribunais, n. 734. p. 40.
47
NOBRE JÚNIOR, Edílson Pereira. in: Revista do Tribunal Federal 5ª Região. N. 41. julho/setembro
2000.
Em seguida, será analisada a presença dos requisitos em cada uma das súmulas,
de duas formas: analisando-se os quatro critérios na jurisprudência da Corte (por
exemplo, se há reiteradas decisões sobre o tema) assim como as discussões para a
edição das súmulas. Como resultado, visa-se chegar a uma visão geral do cumprimento
ou não dos requisitos e das alterações neste cumprimento ao longo dos cinco anos em
que as súmulas vinculantes puderam ser editadas.
10.Cronograma
Ano Ago Set Out Nov Dez Mar Abr Mai Jun Jul
Escolha do orientador x
Encontros com o orientador x x x x x x x x x x
Levantamento e revisão da bibliografia x x
Elaboração do projeto de pesquisa x x
Elaboração dos instrumentos de pesquisa x x x
Coleta de dados x x x x
Análise e discussão dos dados x x x x x x X
Elaboração do primeiro capítulo (para entrega) x
Redação final x
Defesa do Trabalho de Curso x
INTRODUÇÃO
1.1 A Emenda 45
1.2.1:Reiteradas decisões
1.2.2.Controvérsia atual
empírica
CONCLUSÃO
ROSASM Roberto, Direito Sumular. 4a Ed. In: São Paulo: Revista dos Tribunais,
1989.
_____. Súmula vinculante: uma necessidade. In: Revista Síntese de Direito Civil e
Processual no. 05, 2000.
GARCIA, Dínio de Santis. Efeito vinculante dos julgados da Corte Suprema e dos
Tribunais Superiores Revista dos Tribunais, n. 734.
WALD, Arnald. MARTINS, Ives Gandra da Silva. O Efeito Vinculante das Decisões
Judiciais. In: Consulex, n.º 1, jan, 1997. s. p. (Versão em CD-ROM)
DIAS, Marcus Gil Barbosa. A evolução histórica das súmulas vinculantes do STF. 1ª
Ed. Schoba Editora, 2009,
NOBRE JÚNIOR, Edílson Pereira. in: Revista do Tribunal Federal 5ª Região. N. 41.
julho/setembro 2000.
FICHA TÉCNICA