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rEsumo
Após breve revisão da literatura existente acerca dos efeitos da suplementação de creatina no rendimento em
atividades intermitentes de alta intensidade, o objetivo principal dessa revisão foi discutir diferenças metodológicas dos
estudos que possam explicar a divergência encontrada na literatura. Os efeitos da suplementação de creatina no exercício
intermitente de alta intensidade são bastante investigados. Embora existam inúmeros achados demonstrando a eficácia
desse suplemento nesse tipo de atividade, outras tantas evidências não suportam tal efeito ergogênico. A explicação para
essa divergência parece ser multifatorial, porém sempre ligada às questões metodológicas. O modelo do estudo (cross-
over ou grupos independentes paralelos), a variabilidade individual no conteúdo muscular de creatina, o alto consumo de
carnes, o tamanho da amostra, as características do protocolo de exercício (dependência do peso corporal e tempo de
intervalo entre as séries), e diferenças de gênero e idade entre estudos são potenciais variáveis que explicam, em maior
ou menor magnitude, a discrepância na literatura. Estudos envolvendo homens jovens, com modelo de grupos paralelos,
poder estatístico satisfatório, controle da incorporação de creatina muscular, avaliação do consumo alimentar e protocolos
de exercícios intermitentes máximos, cujo rendimento não depende do peso corporal, com intervalos de recuperação entre
1 a 6 minutos, tendem a apresentar resultados positivos. Os diversos fatores metodológicos que podem contribuir para a
divergência acerca do tema devem ser considerados quando da realização de futuros estudos, bem como no momento
da prescrição desse suplemento.
aBstraCt
Rev. Bras.Cineantropom. Desempenho Hum. 2008;10(2):189-196
After a brief review of the literature on the effects of creatine supplementation on high-intensity intermittent
exercise performance, the main aim of this study was to discuss methodological differences between studies which could
explain the discrepancies observed in the literature. The effects of creatine supplementation on high-intensity intermittent
exercise performance have been investigated in depth. Although the results of much research demonstrates the efficacy
of this supplement, there is just as much evidence that does not support this ergogenic effect. The explanation for this
divergence appears to be multifactorial, although it is always linked to methodological characteristics. Study design (cross-
over or parallel groups), individual variability of muscular creatine content, chronic high meat intake, sample size, exercise
protocol characteristics (body weight dependence and time between series), and gender and age all differ between studies
and are potentially the variables responsible, to differing extents, for the discrepancies observed in the literature. Studies
involving young males, with parallel group design, adequate statistical power, control of the incorporation of creatine into
muscles, food intake assessment and intermittent exercise protocols in which performance is independent of body weight
and with rest-recovery intervals of 1 to 6 minutes, usually produce positive results. The many methodological factors which
can contribute to divergence on the ergogenic effects of creatine should be considered in futures studies, as well as when
prescribing creatine supplementation.
esse suplemento.
INTRODUÇÃO Para atender ao objetivo principal, foram
realizados levantamentos bibliográficos nas bases de
O exercício intermitente apresenta características dados Medline e Sport Discus com as palavras-chave
metabólicas e fisiológicas ímpares que merecem creatine supplementation e high-intensity intermittent
destaque. Nesse tipo de atividade, o papel energético exercise, creatine e high-intensity intermittent exercise.
da creatina fosfato é muito mais relevante do que Por se tratar de uma revisão narrativa, foram
em exercícios aeróbios. Estudos clássicos sugerem selecionados apenas artigos originais que poderiam,
que a contribuição relativa desse substrato aumenta de acordo com a experiência dos autores, responder
à medida que se prolonga o esforço1,2 . Bogdanis quais fatores metodológicos explicariam a divergência
et al. 3 , por exemplo, demonstraram substancial observada na literatura. Também foram selecionadas
redução no metabolismo anaeróbio (- 45%) após revisões que traziam opiniões de especialistas, ainda
dois tiros máximos de 30 segundos, com intervalo que fragmentadas, sobre o tema discutido nesse
de 4 minutos, provavelmente em função de inibição trabalho. Para a breve revisão sobre os efeitos da
da via glicogenolítica. Contraditoriamente, a queda creatina no exercício intermitente de alta intensidade,
no desempenho foi apenas de 18%. Essa aparente que teve como objetivo apenas ilustrar o quadro de
discrepância sugere que a partir do segundo tiro, a controvérsia presente na literatura, foram selecionados
transferência energética via sistema aeróbio torna- todos os artigos originais encontrados pelo método de
se mais importante (cerca de 49% nesse estudo, busca supracitado, cujas variáveis dependentes foram
segundo cálculos dos autores) e compensa a redução potência ou trabalho total.
de atividade na via anaeróbia. O metabolismo aeróbio
é, nesse caso, positivamente correlacionado com a Suplementação de creatina e exercício intermitente
ressíntese de creatina fosfato, já que esse processo de alta intensidade: achados contraditórios
ocorre na mitocôndria e é, portanto, dependente de Após Harris et al. 4 demonstrarem que a
oxigênio. A importância desse substrato em tarefas suplementação de creatina é capaz de elevar as
intermitentes também é corroborada pelo estudo de concentrações intramusculares desse substrato,
Gaitanos et al.2. Nesse estudo, que utilizou 10 estímulos Balsom et al.10 foram um dos primeiros autores a
de 6 segundos com intervalos de 30 segundos, a investigar os efeitos desse suplemento no exercício
contribuição da creatina fosfato para a transferência intermitente. Os autores constataram que durante
de energia aumentou de 49,6% no primeiro estímulo a realização de cinco séries de seis segundos em
para 80,1% no décimo. Assim, embora o desempenho cicloergômetro (140 revoluções/minuto, com intervalo
(potência de pico e potência média) tenha diminuído de 30 segundos entre as séries), o grupo suplementado
no decorrer dos estímulos e a transferência total de (20g/dia, 6 dias) apresentou manutenção da potência
energia tenha sido menor, a participação da creatina muscular ao longo das séries. Já o grupo placebo teve
fosfato aumentou relativamente. redução significativa nessa variável após a quinta série,
Desde que foi demonstrado que a suplementação sugerindo que a suplementação de creatina exerce
de creatina (20 g/dia por 5-7 dias) promove aumento de importante papel na manutenção da potência muscular
20% nas concentrações de creatina muscular4, diversos em exercícios intermitentes de alta intensidade.
estudos passaram a investigar o possível efeito desse Corroborando esses achados iniciais, uma série
suplemento no rendimento físico. Os resultados, no de trabalhos da década de 1990 demonstrou que, após
entanto, têm sido bastante heterogêneos e controversos. sete dias de ingestão de creatina, a potência muscular
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Embora existam diversos estudos que demonstraram estava aumentada em decorrência do aumento
claramente os efeitos ergogênicos da suplementação de das reservas musculares de creatina fosfato 4,11,12 .
creatina em atividades intermitentes de alta intensidade5, Além disso, outros trabalhos mostraram que a
outros tantos falharam em observar esses benefícios6, suplementação de creatina aumentou significantemente
7
. De fato, existem excelentes revisões sobre os efeitos a potência muscular durante exercícios intermitentes
da suplementação de creatina no exercício intermitente de intensidade máxima10,12. O aumento da potência
5, 8, 9
. Em contrapartida, pouca atenção tem sido dada muscular em exercícios intermitentes é associado
aos fatores que contribuem para os inúmeros achados à combinação do aumento das reservas iniciais de
contraditórios. O entendimento dessas variáveis é creatina fosfato e da ressíntese acelerada de creatina
relevante para o desenvolvimento de futuros estudos fosfato11,13.
que pretendam investigar o tema, assim como para Embora os efeitos ergogênicos da creatina no
profissionais que almejem prescrever esse suplemento exercício intermitente possam parecer consensuais
para atletas e praticantes de atividade física em geral. numa primeira análise, existe um considerável número
Diante disso, o presente artigo teve como objetivo de estudos indicando o contrário. Mendes et al. 7
principal, após breve revisão do tema, discutir diferenças demonstraram que a suplementação de creatina (20g/
metodológicas entre os estudos que possivelmente dia por oito dias) não melhorou o tempo de nadadores
explicam a divergência encontrada na literatura. Essa submetidos a protocolo de exercício intermitente de
análise crítica permitiu a elaboração de recomendações alta intensidade e curta duração (3x3x50 metros com
aplicadas para pesquisadores que pretendam investigar 30 segundos de intervalo entre as séries). Glaister
o tema, bem como para profissionais que prescrevem et al.6 também não observaram efeito ergogênico da
Efeitos da suplementação de creatina no exercício 191
Tabela 1. Síntese de estudos que investigaram os efeitos da suplementação de creatina sobre o rendimento em exercí-
cios intermitentes de alta intensidade.
↑Potência máxima
1)14 homens idosos
↑Trabalho total
sedentários
↑ Potência média
8 X 15 s ↑ Potência pico
1) Intervalo 1 min ↔ Índice de fadiga
↑ Potência média
30 ciclistas 0,3g/Kg peso 2) Intervalo 3 min ↔ Potência pico
Cottrell et al. 28
corporal/dia, 6 d ↔ Índice de fadiga
↔ Potência média
3) Intervalo 6 min ↔ Potência pico
↔ Índice de fadiga
Ciclo ergômetro
14 Jovens ativos ↔Potência pico
McKenna et al. 29 30g/dia, 5 d 5X 10 s (180, 50, 20 s
↔Trabalho total
de intervalo)
Abreviações e símbolos: s: segundos; sem: semanas; d: dias; ↔: manutenção; ↑: aumento; ↓ redução.
cross-over reduz o tamanho da amostra necessária dias) ou grupo placebo. Em seguida, submeteram
para se obter o mesmo poder estatístico, já que a esses sujeitos a oito séries máximas de 15 segundos
variabilidade individual é bem menor do que entre em cicloergômetro, com intervalos de recuperação
indivíduos diferentes. Entretanto, a utilização deste variando entre um, três ou seis minutos. Os resultados
modelo em estudos com creatina traz limitações que indicaram que a potência média foi significativamente
já foram abordadas anteriormente. maior nos indivíduos suplementados com creatina, nas
De acordo com Lemon8, o baixo poder estatístico sessões com intervalos de um e três minutos, mas não
pode explicar a maioria das inconsistências encontradas de seis minutos. Esses achados sugerem que após 6
na literatura. Para esclarecer os efeitos da creatina no minutos de recuperação, os sujeitos são capazes de
desempenho esportivo, esse autor recomenda que promover a ressíntese praticamente total de creatina
estudos futuros utilizem grupos independentes de 15 fosfato, independentemente da suplementação, a qual
a 20 sujeitos por grupo (aproximadamente de duas seria, neste caso, dispensável para o rendimento.
a três vezes o tamanho das amostras usualmente Desta forma, intervalos de 60 a 120 segundos12 e
utilizadas). Essa recomendação é válida, sobretudo, não maiores que 6 minutos28 parecem ser necessários
na impossibilidade de se testar o aumento do conteúdo para que haja uma maximização do efeito ergogênico
muscular de creatina após a suplementação (para da creatina em exercícios intermitentes de alta
detalhes, ler sub-tópico Variabilidade individual do intensidade. Assim, a variabilidade nos intervalos de
conteúdo muscular de creatina). O cálculo do poder recuperação encontrada nos estudos pode ser um fator
estatístico de um estudo é uma ferramenta imprescindível que contribua para a inconsistência dos resultados.
que deve ser utilizada pelos pesquisadores, sobretudo
em estudos com creatina. Periódicos científicos de alto Influência do peso corporal
impacto, como Medicine and Science in Sports and Muitos dos estudos já publicados avaliaram a
Exercise, já recomendam aos autores que apresentem suplementação de creatina em atividades em que
os cálculos de tamanho de amostra, na tentativa de o peso corporal interfere pouco ou quase nada no
evitar erros estatísticos e conseqüentes conclusões desempenho, como por exemplo, o exercício em
precipitadas. Diante da ausência de melhores cicloergômetro. Nessas atividades, há a minimização
alternativas, sugere-se que as considerações quanto de quaisquer possíveis efeitos adversos do ganho de
ao tamanho da amostra abordadas nesse sub-tópico peso corporal tipicamente associado à suplementação
sejam seguidas em estudos com creatina, a despeito de creatina, o qual é estimado em 1 a 2% do peso
da dificuldade em se recrutar voluntários comumente corporal inicial34. Por outro lado, em atividades nas quais
encontrados pela maioria dos pesquisadores. o peso corporal interfere no desempenho, como, por
exemplo, na corrida, é possível que o trabalho adicional
Tempo de intervalo entre as séries necessário para mover uma maior massa corporal
Em exercícios intermitentes, um tempo mínimo e possa reduzir os efeitos ergogênicos da suplementação
máximo de intervalo entre as séries pode ser necessário de creatina. Thompsom et al.35 atribuíram ao aumento da
para que o efeito da suplementação de creatina seja resistência hidrodinâmica, causada pelo ganho de peso
maximizado. Dados obtidos através de biópsias, corporal, a piora do desempenho de nadadores após a
após contração isométrica induzida pela estimulação suplementação de creatina (20 g/dia, por cinco dias). Por
elétrica intensa no músculo vasto lateral em humanos, outro lado, os efeitos ergogênicos da suplementação
indicaram que a suplementação de creatina (20g/d por de creatina poderiam ser suficientes para superar
cinco dias) acelerou a ressíntese de creatina fosfato qualquer aumento de trabalho requerido como resultado
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após 120 segundos de intervalo, ao menos nos sujeitos do aumento de peso corporal. Entretanto, mesmo
“responsivos” à suplementação de creatina (cinco que haja essa superação, a magnitude da resposta
dentre oito indivíduos estudados)12. Entretanto, não à suplementação pode ser menor, e isso pode ter
houve efeito significativo da suplementação após 20 e contribuído para a inconsistência dos resultados
60 segundos de recuperação (embora houvesse uma encontrados na literatura. A influência do peso corporal,
tendência após este último). Finn et al.33 submeteram portanto, pode explicar inclusive a divergência dos
16 triatletas a quatro séries máximas de 20 segundos resultados obtidos no “mundo real” e em situações
no cicloergômetro, com intervalos de 20 segundos laboratoriais. Hipoteticamente, a suplementação
entre as séries. Os autores não observaram diferenças de creatina pode ser capaz de melhorar variáveis
no desempenho. Esses dados sugerem que, embora biomecânicas e fisiológicas em exercícios intermitentes
seja possível verificar melhora do desempenho em de salto vertical. Contudo, o aumento de peso inerente
exercícios intermitentes com intervalos menores que 60 à retenção hídrica pode implicar redução no resultado
segundos, devido às maiores concentrações de creatina final do salto, a despeito do esperado aumento de
fosfato pré-exercício, decorrentes da suplementação potência e força. Um outro ilustrativo e prático exemplo
de creatina, a resposta ótima se daria com intervalos se refere às modalidades de luta. Mesmo sabendo-se
iguais ou maiores que 60 segundos, permitindo maior que a massa muscular, força e potência são atributos
ressíntese de creatina fosfato entre as séries8. extremamente almejados pela maioria dos lutadores, o
Em contrapartida, Cottrell et al. 28 dividiram ganho de massa rápido e inesperado pode fazer com
aleatoriamente ciclistas em dois grupos: suplementado que estes passem, indesejavelmente, para categorias
com creatina (0,3 g/kg de peso corporal/dia por seis superiores de peso.
Efeitos da suplementação de creatina no exercício 195
Desta forma, os técnicos e atletas devem ter rendimento em atividades de alta intensidade e curta
cautela ao interpretar os dados científicos obtidos de duração, a análise crítica da literatura aponta que
maneira controlada. Em modalidades dependentes nem sempre isso ocorre. Estudos envolvendo homens
do peso corporal, o desempenho dependerá de um jovens, com modelo de grupos independentes, poder
tênue limite entre a queda de desempenho promovida estatístico satisfatório, controle da incorporação de
pelo aumento de peso e a melhora na força e potência creatina muscular, avaliação do consumo alimentar
em conseqüência da maior concentração muscular e protocolos de exercícios intermitentes de alta
de creatina. A aplicabilidade desse suplemento no intensidade, cujo rendimento, preferivelmente,
contexto esportivo deve ser testada individualmente em não depende do peso corporal, com intervalos de
treinos e jamais diretamente numa competição. recuperação entre 1 a 6 minutos, tendem a apresentar
Outros fatores de viés resultados positivos. Algumas questões, no entanto,
A maioria dos estudos com creatina envolve jovens permanecem em aberto. Estudos bem controlados
do sexo masculino. Portanto, não se sabe precisamente devem responder se idade e gênero são fatores que
se a resposta à suplementação de creatina varia de influenciam na resposta à creatina. Da mesma maneira,
acordo com o gênero e idade. No entanto, existem dados necessita-se investigar quais atletas de diferentes
que indicam que mulheres possuem maior concentração modalidades esportivas podem ter seu desempenho
de creatina muscular, quando comparadas aos homens4. melhorado, não alterado ou até mesmo prejudicado
Espera-se, portanto, que as mulheres respondam menos em função desse suplemento.
à suplementação, já que essa resposta é inversamente Os diversos fatores metodológicos que podem
proporcional ao conteúdo inicial desse substrato4. No contribuir para a divergência acerca do tema devem
entanto, os poucos estudos realizados não identificaram ser considerados quando da realização de futuros
diferenças entre gênero na resposta ergogênica à estudos, bem como no momento da prescrição desse
suplementação de creatina8. suplemento.
Idosos apresentam, reconhecidamente, redução
em fibras do tipo II, onde se encontra o maior estoque de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
creatina30, 5. Especula-se, por isso, que essa população
apresente menor resposta ergogênica decorrente da 1. Spriet LL, Lindinger MI, McKelvie RS, Heigenhauser GJ,
suplementação. Desse modo, o fato de alguns estudos Jones NL. Muscle glycogenolysis and H+ concentration
empregarem amostras com homens e mulheres e com during maximal intermittent cycling J Appl Physiol
1989;66(1):8-13.
ampla variação de idade pode ter contribuído para a
2. Gaitanos GC, Williams C, Boobis LH, Brooks S. Human
divergência dos achados. muscle metabolism during intermittent maximal exercise
Além disso, cabe ressaltar que o efeito ergogênico J Appl Physiol 1993;75(2):712-9.
da creatina é significante apenas em exercícios 3. Bogdanis GC, Nevill ME, Boobis LH, Lakomy HK.
intermitentes de alta intensidade, nos quais esse Contribution of phosphocreatine and aerobic metabolism
substrato é o mais importante para a manutenção to energy supply during repeated sprint exercise J Appl
energética. Já em atividades aeróbias, cuja contribuição Physiol 1996;80(3):876-84.
do sistema ATP-CP é considerada desprezível, a 4. Harris RC, Soderlund K, Hultman E. Elevation of
suplementação de creatina parece não melhorar o creatine in resting and exercised muscle of normal
subjects by creatine supplementation Clin Sci (Lond)
desempenho5. Entretanto, estudos indicam que esse
1992;83(3):367-74.
suplemento pode ser benéfico em atividades de longa 5. Terjung RL, Clarkson P, Eichner ER, Greenhaff PL,
duração (aproximadamente 80 minutos), desde que Hespel PJ, Israel RG, et al. American College of Sports
as mesmas sejam intervaladas e intensas. De acordo Medicine roundtable. The physiological and health
com Lemon8, esse efeito ergogênico pode ser devido effects of oral creatine supplementation Med Sci Sports
ao aumento na ressíntese de creatina fosfato durante Exerc 2000;32(3):706-17.
o intervalo de recuperação e/ou por uma melhora na 6. Glaister M, Lockey RA, Abraham CS, Staerck A, Goodwin
cinética de captação de oxigênio. JE, McInnes G. Creatine supplementation and multiple
sprint running performance J Strength Cond Res
Nessa revisão, foram abordados principalmente
2006;20(2):273-7.
estudos que investigaram os efeitos agudos da creatina. 7. Mendes RR, Pires I, Oliveira A, Tirapegui J. Effects of
No entanto, sabe-se que a suplementação crônica creatine supplementation on the performance and body
de creatina também pode melhorar o rendimento composition of competitive swimmers J Nutr Biochem
em exercícios intermitentes por aumentar o volume 2004;15(8):473-8.
e intensidade do treinamento, bem como promover 8. Lemon PW. Dietary creatine supplementation and
hipertrofia5. Desta forma, a suplementação aguda de exercise performance: why inconsistent results? Can J
creatina produz efeitos menos pronunciados do que Appl Physiol 2002;27(6):663-81.
quando esse suplemento é combinado ao treinamento 9. Bemben MG, Lamont HS. Creatine supplementation and
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físico por um longo período de tempo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS muscle metabolism during short duration high-intensity
exercise: influence of creatine supplementation Acta
Embora haja substancial evidência de que Physiol Scand 1995; 154(3):303-10.
a suplementação de creatina possa melhorar o
196 Gualano et al.
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2 3. S kare O C, S kadb er g, W i sne s A R . Cr e at ine Agradecimentos
supplementation improves sprint performance in male
Bruno Gualano agradece à FAPESP e CNPq pelo
sprinters Scand J Med Sci Sports 2001;11(2):96-102.
apoio financeiro em 2006 e 2007, respectivamente.