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De todas as épocas, talvez seja na atual onde é mais sensível a preocupação com a formatação dos
direitos humanos, quer no plano jurídico, quer no plano das conquistas sociais. Nunca se discutiu tanto
fórmulas e receitas para se implantar, sobretudo nos países ainda em desenvolvimento, mecanismos
eficazes de combate à miséria e a marginalização social. Vemos em todos os setores homens
sinceramente preocupados com a efetivação concreta dos direitos humanos, buscando sempre a
adequação do meio ao fim escoimado e nobre da igualdade de oportunidades e de tratamento perante
a lei.
Partindo dessa premissa, é natural o surgimento de novas formas de classificação e, até mesmo, de
ampliação conceitual e prática da noção de direitos fundamentais. Nesse diapasão surgem novas
gerações de direitos que, não obstante a crítica de parte da doutrina, tentam impor-se como formas de
efetivação das garantias constitucionais.
Além das três gerações clássicas, alguns autores de Direito Constitucional têm trazido valorosa
contribuição para o debate jurídico que se estabelece no plano da ponderação de bens e interesses na
Constituição, ampliando a visão clássica para encontrar espaço evolutivo para outras gerações. Há
quem diga que as recém-denominadas quarta e quinta gerações são, na verdade, distorções maldosas
da terceira. Vozes contrárias se levantam para atestar a necessidade de se ampliar o horizonte dos
direitos fundamentais dado o caráter dinâmico e mutante da ciência jurídica na mesma proporção da
complexidade social e científica. Seja como for, é oportuno e pedagógico que relembremos o tema.
Primeira Geração - São os direitos individuais que consagram as liberdades individuais impondo
limitações ao poder de legislar do Estado. Necessariamente estão inseridos no texto constitucional e
Segunda Geração - São os direitos sociais, culturais e econômicos decorrentes dos direitos de primeira
geração e exigindo do Estado uma postura mais ativa no sentido de possibilitar tais conquistas,
sobretudo as decorrentes da regulamentação do direito do trabalho. Estão intrinsecamente ligados ao
estatuto da igualdade, de sorte que se materializam através do trabalho, da assistência social e do
amparo à criança e ao idoso. As normas constitucionais consagradoras desses direitos exigem do
Estado uma atuação positiva, através de ações concretas desencadeadas para favorecer o indivíduo
(também são conhecidos como direitos positivos ou direitos de prestação);
Terceira Geração - São direitos fundamentais preocupados com o destino da Humanidade, basicamente
relacionados com a proteção do meio ambiente, o desenvolvimento econômico e a defesa do
consumidor. Ligados a um profundo humanismo e ao ideal de uma sociedade mais justa e solidária,
materializam-se na busca por um meio ambiente equilibrado, na autodeterminação dos povos, na
consolidação da paz universal, etc. São decorrentes da própria organização social, sendo certo que é a
partir dessa geração que surge a concepção que identifica a existência de valores que dizem respeito a
uma categoria de pessoas consideradas em sua unidade e não na fragmentação individual de seus
componentes isoladamente considerados. Inequívoca a contribuição dessa geração para o surgimento
de uma consciência jurídica de grupo e conseqüentemente o redimensionamento da liberdade de
associação e de outros direitos coletivos (também são conhecidos como direitos transindividuais
homogêneos, metaindividuais ou difusos);
Por outro lado, contra isso se levantam vozes nem sempre pacificadoras no Oriente e os
conflitos só tendem a piorar. É fato incontestável que na sociedade moderna o grau de agressividade
em virtude de relações cada vez mais globalizadas acaba repercutindo nas outras gerações de direitos,
levando, por exemplo, ao aniquilamento de qualquer tentativa de efetivação dos direitos de primeira
geração; a total impossibilidade de se implantar os de segunda; a uma visão demagógica dos de
terceira; e a total indiferença com os de quarta geração.