Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cabeçotes Modern Engine Tuning PDF
Cabeçotes Modern Engine Tuning PDF
Cabeçotes Modern Engine Tuning PDF
O design dos cabeçotes tem melhorado muito nestes últimos anos e muitos
motores modernos fazem uso de sistemas que há dez anos atrás só se via em
motores de corrida. A maioria dos avanços realizados no design dos dutos e da
câmara de combustão dos cabeçotes foram baseadas no controle de poluição.
Primeiro, os motores de baixa emissão eram ineficientes, motores fracos e
“beberrões”. Para retomar a potência e a eficiência perdida, os fabricantes tinham poucas
opções a tomar. O comando de válvulas não poderia ser modificado se comprometesse
as emissões e a economia de combustível. O design do escape já era bem eficiente,
então, não seria fácil alcançar grandes resultados. Sobraram então os cabeçotes e a
carburação para serem melhorados. Alguns adotaram a I.E. como a solução mais
viável e muitos preferiram pesquisar sobre o design ideal dos dutos e da câmara de
combustão dos cabeçotes. O resultado é que hoje um bom número de sedãs de família
utilize cabeçotes bastante parecidos com os cabeçotes encontrados nos F1 COSWORTH
DFV V8 de 25 anos atrás.
Isto não significa que os cabeçotes dos carros de hoje não podem ser
melhorados. Podem-se melhorar os cabeçotes, mas as modificações são muito mais
técnicas e estudadas do que antigamente. Nos cabeçotes de hoje, normalmente, não é
necessário retirar muito material dos dutos e das câmaras de combustão para aumentar a
potência/economia. Muito freqüentemente o tamanho das válvulas é ideal. Há muito
tempo eu venho defendendo que dutos muito largos e válvulas muito grandes não
são o caminho ideal a percorrer, principalmente em motores de rua, e isto ainda é
válido.
Grande parte dos preparadores perde muito tempo realizando um trabalho que eu
chamo “Cabeçote Purpurinado”. Eles não modificam de verdade o formato dos dutos e
da câmara de combustão, muito provavelmente pela falta de conhecimento. O que é
usualmente realizado é o aumento do diâmetro dos dutos próximo aos coletores, porque
é a parte mais fácil de se fazer com uma “dremmel”, e depois terminam o “retrabalho”
dos dutos com alto polimento. A câmara de combustão recebe um trabalho desses
também, e provavelmente acomodará grandes válvulas. O resultado final é um cabeçote
com visual muito bonito e que custou muito caro, mas na verdade reduz potência e
economia do motor.
2
Muitos sedãs comuns agora possuem cabeçotes de alto fluxo, com válvulas
grandes de fábrica. Apenas algumas modificações nos dutos e nas válvulas são
necessárias para libertar mais potência.
Para entender melhor o que acontece quando os dutos são “alargados” e grandes
válvulas são instaladas, veja a tabela 2.1 que mostra o fluxo dos gases entre 2 cabeçotes
Chevrolet. O cabeçote com nº “993” era montado nos motores de baixa performance de
5.7L em carros e picapes dos anos 70. De acordo com os moldes americanos, não era
considerado um cabeçote ruim, mas certamente estava distante dos cabeçotes
encontrados no Japão e na Europa. Perceba que o fluxo de ar da admissão estabiliza
após os 10mm de levante, isso é o que se espera de um cabeçote original. O Segundo
cabeçote é um modelo de competição com dutos “alargados” e válvulas modificadas
para dar melhor vazão até 8.000 RPM usando um comando sobre rolamentos de alto
levante. Pelo preço de somente um desses cabeçotes você poderia comprar um jogo
3
2.54 33 23 38 32 42 30
3.81 49 34 57 50 63 48
5.08 66 42 75 65 85 63
6.35 84 55 93 74 105 70
7.62 98 62 108 88 116 85
8.89 110 67 120 96 124 94
10.16 116 71 131 108 131 102
11.42 117 74 141 115 133 105
12.7 117 76 150 118 135 110
Teste 01 Æ Cabeçote original Chevrolet com válvulas 49.3 X 38.1mm
Teste 02 Æ Cabeçote de competição com válvulas 52.2 X 41.3mm
Teste 03 Æ Cabeçote modificado com válvulas 49.3 X 40.64mm
4
Para provar que não se deve alargar os dutos para obter bom fluxo em motores de
performance/economia, veja o exemplo do cabeçote de VW Golf 1.6. Original esses cabeçotes
tem bom fluxo, mas ficam restritos pelas pequenas válvulas de 34mm na admissão e 31mm no
escape, e para alguns preparadores pelos dutos muito estreitos. Para desistir dessas idéias dê
uma olhada nos dados da tabela 2.2. Na admissão o fluxo aumenta bastante até atingir o
levante de 7.37mm e depois o fluxo não aumenta muito fica estabilizado. Já no escape o fluxo
é crescente e bem razoável até o levante de 10.92mm. Tendo em vista as válvulas minúsculas
originais, foi decidido não perder tempo trabalhando nos dutos ou modificando o formato da
“garganta”, adicionamos válvulas maiores primeiro e depois iríamos decidir o que modificar nos
dutos e na “garganta”.
O primeiro passo foi trocar as sedes das válvulas por outras de alta qualidade (as
originais quebram com freqüência), capazes de receber as grandes válvulas de admissão de
41mm e de escape de 34mm. Os dutos originais foram alargados grosseiramente para atingir o
diâmetro interno das novas sedes mas nenhum retrabalho excepcional como o
arredondamento das “gargantas” ou qualquer outro tipo de melhoria foi realizado, porque eu
queria ver exatamente como o cabeçote iria se comportar com o menor retrabalho possível.
Como pode ser observado na tabela 2.2, a seguir, o resultado do teste 2 foi espetacular,
provando que os dutos originais seriam suficientes para a modificação desejada, mesmo com o
aumento das válvulas. Entretanto, o fluxo diminui o crescimento acima dos 9.1mm de levante,
então, algumas modificações nos dutos foram realizadas para retificar esta situação. A primeira
ação realizada foi formar uma espécie de cone na “garganta”. Esta modificação produziu os
resultados mostrados no teste 3, todas as outras modificações feitas além dessa só melhoram
o fluxo acima de 11.94mm de levante e não são alcançadas com comandos adequados para o
uso em ruas, e, como esperado, algumas modificações reduziram o fluxo abaixo dos 7.4mm de
levante. Nos dutos de escape o formato de cone na “garganta” não produziu grandes
resultados. A única modificação com bons resultados foi quadrangular o teto dos dutos por toda
a sua extensão porque é nessa área onde ocorre maior fluxo dos gases. Tendo em vista o
gasto envolvido neste trabalho, não se justifica a realização deste retrabalho dos dutos, pois
somente a válvula de maior diâmetro, por si só, já produz um fluxo bem aceitável.
6
Tabela 2.2 – Teste de Fluxo do Cabeçote VW Golf
Levante de
Válvula (mm) Fluxo de ar (CFM)
Um belo duto de admissão, reto, como o do Golf e vários motores OHC modernos
pode ser estreito e ainda produzir bom fluxo. Já outros cabeçotes com dutos cheios de
curvas fechadas requerem grande alargamento do duto para produzir fluxo aceitável.
Olhando para a imagem, na página a seguir, do duto de admissão do cabeçote
Chevrolet, nota-se que há menor fluxo em um dos lados da válvula porque existe uma
curva fechada no piso do duto, que restringe o fluxo da mistura naquele lado da válvula.
De fato, em alguns cabeçotes o fluxo que percorre o piso do duto e a parte mais fechada
da garganta chega a ser somente 25% do fluxo encontrado no teto do duto e no lado da
garganta com curva mais suave (lado oposto da válvula). Exceto em baixos levantes de
válvulas, grande parte da mistura ar\combustível percorre pelo teto e pelas partes
redondas mais suaves da garganta. É por isso que nestes tipos de cabeçotes com os
dutos cheios de curvas é necessário alargar o máximo os dutos; e nos cabeçotes com
dutos retos não existe a necessidade de alargar os dutos, pois a mistura percorre bem
tanto pelo teto como pelo piso do duto.
7
Existe uma grande restrição nos dutos de escape com o sistema AIR 1(Air Injection
Reactor). Para utilizar o bico injetor de ar no duto adequadamente, é criado um grande
suporte direto no teto do duto de escape onde a maioria do fluxo de escape percorre pelo
duto. Se for possível remover o sistema AIR, isto deve ser feito, depois tampe os
buracos deixados pelos bicos injetores de ar e retire o suporte dos bicos do teto dos
dutos. Muitas vezes não se pode retirar o sistema AIR, então será necessário afinar
os bicos injetores de ar e o suporte do bico injetor de ar, Cuidado para não afinar
muito as paredes do duto e deixar o teto do duto muito fino para não perder o cabeçote.
Pode acontecer de seu carro ser um modelo sem o sistema AIR, mas o seu cabeçote
pode vir com a preparação para o sistema, então deverá retirar o calo (suporte do bico)
do teto do duto de escape. Motores turbo com o sistema AIR não devem ter este sistema
desligado ou retirado, pois este sistema ajuda na performance em baixas rotações. O
sistema ajuda o turbo a “encher” mais rápido, reduzindo o lag em baixos RPM.
Como as válvulas de admissão e de escape podem restringir o fluxo em um motor, elas
devem ter tamanho e formato correto para reduzir, ao máximo, o impedimento do fluxo. Muitos
preparadores tem o costume de trocar as válvulas por modelos maiores e em alguns casos,
como no motor 1.6 do VW Golf, é uma modificação sábia. Entretanto, muitos motores já
possuem válvulas com tamanho suficiente para preparação de rua.
1
Sistema que mistura ar da atmosfera aos gases quentes de escape para reagir com alguma sobra de combustível que não foi
queimada nos cilindros.
10
Tabela 2.5
Teste de Fluxo Válvula de escape
Chevrolet
Levante de válvula
Teste 1 Teste 2 Teste 3 Teste 4
(mm)
1.27 14 14 15 17
2.54 23 23 27 29
5.08 42 43 48 53
7.62 62 64 66 75
10.16 71 73 74 80
12.7 76 77 77 81
A sede da válvula de admissão deve receber corte entre 1.27mm e 1.52mm de largura
para manter boa longevidade. O diâmetro externo da sede deve ser cerca de 0.51mm menor
que o diâmetro externo da válvula. Para manter a válvula o mais alto possível para obter bom
fluxo, o primeiro corte de 30º deve ter no máximo 1.02mm de largura. O corte de 60º deve ter
cerca de 2.54mm de largura, cortando a sede até encontrar com o corte da garganta do
cabeçote.
18
A sede da válvula de escape deve ser um pouco maior que a de admissão para
ajudar a dissipar o calor adicional. O diâmetro externo do corte de 45º na sede de
escape deve ser quase o mesmo diâmetro da válvula porque a válvula irá expandir
com o calor. A largura do corte superior de 30º não é definida. De fato manter a válvula de
escape um pouco mais “funda” ajuda a reduzir a reversão dos gases de escape. Se não
tiver uma bancada de fluxo disponível, faça um corte inferior de 60º e torne a junção
com o duto bem arredondada.
As guias de válvulas só podem ser medidas após a limpeza de todo o carbono preso a
elas. Geralmente, o limite de folga deve ser de 0.03mm a 0.08mm para as guias de
admissão e 0.04mm a 0.1mm nas guias de escape. Não confie no seu senso de medir
a folga com as mãos, ao invés de usar o dedo para medir a folga, use uma
ferramenta própria para garantir que a guia da válvula pode ser reutilizada e
dentro dos limites. Se houver muita folga, deve-se então reabrir as guias e utilizar
novas válvulas com hastes adequadas ou então trocar as guias para combinar com
as válvulas atualmente utilizadas.
Como se sabe, as guias de válvulas permitem entrada de óleo na câmara de
combustão, carregando a queima e muitas vezes causando pré-detonação. Eu
pessoalmente não gosto dos retentores de válvulas de teflon que fazem pressão na guia
de válvula. Nos motores de competição que nunca trabalham com folga nas guias ou
nas hastes, elas funcionam muito bem, mas para uso na rua onde existe um limite
aceitável para utilização em longas distancias eles não funcionam bem. Se houver
espaço suficiente eu prefiro utilizar os retentores comuns do tipo “guarda-chuva” que isola
firmemente a haste por baixo do “pratinho” da mola da válvula.