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RESPOSTAS

BÍBLICAS ÀS
TESTEMUNHAS
DE JEOVÁ
Esequias Soares

Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Soares, Esequias
Respostas bíblicas às Testemunhas de Jeová /

Esequias Sores. — São Paulo : Editora Candeia 2009


Bibliografia

1. Bíblias - Testemunhas de Jeová 2. Testemunhas de Jeová - Doutrinas


3. TEstemunhas de Jeová - História 4. Testemunhas de Jeová - Teologia
I. Título
09-08333 CDD 289.92

índices para catálogo sistemático


1. Testemunhas de Jeová: História e teologia: cristianismo 289.92
2. Testemunhas de Jeová: Crenças e práticas: Cristianismo 289.92

ISBN 978-85/7352-190-0
Copyright 2009 Esequias Soares

Revisão: Littera Conteúdos Editoriais


Coordenação Editorial; Claudia VAz
Capa: Claudio Souto
Diagramação: Paulo Sérgio Primati
Edição: 2009

Publicado no Brasil com a devida autorizaçãoe com todos os direitos reservados pela:

Editora Candeia
www.editoracandeia.com.br
Dedicatória
À minha eposa Rute pela singular compreensão e ao meu casal de filhos Daniele e
Felipe, pelo constante incetivo e apio.
***
Abreviaturas
A menos que haja outra indicação, as referências bíblicas citadas são da Versão
Corrigida de João Ferreira de Almeida, edição de 1995, da Sociedade Bíblica do Brasil.

ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO

Gn — Gênesis Mt — Mateus

Êx — Êxodo Mc — Marcos

Lv — Levítico Lc — Lucas

Nm — Números Jo — João

Dt — Deuteronômio At — Atos

Js — Josué Rm — Romanos

Jz — Juízes 1 Co — 1 Coríntios

Rt — Rute 2 Co — 2 Coríntios

1 Sm — 1 Samuel Gl — Gálatas

2 Sm — 2 Samuel Ef — Efésios

1 Rs — 1 Reis Fp — Filipenses

2 Rs — 2 Reis Cl — Colossenses

1 Cr — 1 Crônicas 1 Ts — 1 Tessalonicenses

2 Cr — 2 Crônicas 2 Ts — 2 Tessalonicenses
Ed — Esdras 1 Tm — 1 Timóteo

Ne — Neemias 2 Tm — 2 Timóteo

Et — Ester Tt — Tito

Jó — Jó Fm — Filemon

Sl — Salmos Hb — Hebreus

Pv — Provérbios Tg — Tiago

Ec — Eclesiastes 1 Pe — 1 Pedro

Ct — Cantares 2 Pe — 2 Pedro

Is — Isaías 1 Jo — 1 João

Jr — Jeremias 2 Jo — 2 João

Lm — Lamentações de Jeremias 3 Jo — 3 João

Ez — Ezequiel Jd — Judas

Dn — Daniel Ap — Apocalipse

Os — Oséias

Jl — Joel

Am — Amós

Ob — Obadias

Jn — Jonas
Mq — Miquéias

Na — Naum

Hc — Habacuque

Sf — Sofonias

Ag — Ageu

Zc — Zacarias

Ml — Malaquias

Introdução
As testemunhas de Jeová negam os pontos cardiais da fé cristã afirmam que “as
doutrinas fundamentais da cristandade não se baseiam na Bíblia, mas em mitos antigos
— os da Grécia, do Egito, de Babilônia e de outros. Ensinos tais como a imortalidade
inerente da alma humana, o tormento eterno num inferno de fogo, o purgatório e a
Trindade (três pessoas numa única Divindade) não são encontrados na Bíblia” (Qual É o
Objetivo da Vida?, página 17). O purgatório está fora de questão porque não é uma
doutrina bíblica.

A presente obra, Respostas Bíblias às Testemunhas de Jeová, é um confronto entre as


crenças das testemunhas de Jeová e a Bíblia sobre Deus, incluindo nisso a Trindade, o
Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo, o homem e seu destino, um estudo sobre a alma, a
salvação e o inferno. Não entramos em questões do modus vivendi, do seu relacionamento
na sociedade, o hino nacional, a bandeira, transfusão de sangue, aniversário, comemoração
do natal de Jesus, serviço militar etc., também não entramos com profundidade na questão
das falsas profecias, as quais comentamos apenas na apresentação no primeiro capítulo, na
história do movimento. É um trabalho apologético que tem por objetivo ajudar o povo de
Deus a defender aquilo em que cremos e preparar os irmãos para a árdua tarefa de
conquistar para Jesus os adeptos da Sociedade Torre de Vigia.

A Sociedade Torre de Vigia, movimento das testemunhas de Jeová, organização


fundada pelo americano Charles Taze Russell, em Pitisburgo, na Pensilvânia, em 1881, é
um sistema religioso monolítico, com sede mundial no Brooklyn, Nova Iorque. Segundo
dados estatísticos publicados em seu relatório anual de 2007, atualmente está presente em
236 países, num total de mais de 6.700.000 testemunhas de Jeová ativas. O Brasil ocupa o
segundo lugar, com mais 650.000 militantes, perdendo apenas para os Estados Unidos,
com 1.059.325 fiéis, o México está em terceiro lugar na lista, com 605.767 publicadores.

Suas crenças distinguem-se de todos os ramos do cristianismo, fogem à ortodoxia


cristã, aproximando-se mais dos heresiarcas da história do cristianismo, como Ário, e dos
grupos religiosos isolados, como os movimentos dissidentes de William Miller, do que
mesmo da patrística e dos reformadores. Sua teologia distingue-se nos principais pontos
cardeais da fé cristã, como a doutrina de Deus, da Trindade e da divindade de Jesus. A
organização rejeita também a ressurreição corporal de Jesus e a personalidade do Espírito
Santo. Afirma não existir o inferno como lugar de suplício eterno para os maus, nega a
sobrevivência da alma após a morte e a salvação pela graça mediante a fé.

Era essa a teologia que Russell pregava, pois optou pelo arianismo e soncinismo e seus
sucessores sustentaram essa doutrina, mantida até hoje. Ele iniciou um sistema de crenças
e práticas distintivo, posteriormente desenvolvido, adaptado e ampliado por seus
sucessores Rutherford, Knorr, Frederick Franz e Milton Henschel. O conceito religioso
sobre o homem e seu destino seguiu o modelo dos grupos dissidentes de Miller. Trata-se
de uma teologia peculiar, mas todos eles procuraram fundamentar suas crenças e práticas
na Bíblia.

São doutrinas irracionais e indigestas, por isso ninguém no mundo tornou-se


testemunha de Jeová simplesmente pela leitura da Bíblia. Dificilmente alguém chegará à
conclusão, pela simples leitura da Bíblia, de que o inferno não existe, de que Jesus voltou
em 1914, de que é pecado comemorar uma simples festa de aniversário com a família e
com os amigos, de que ninguém deve doar ou receber sangue numa transfusão. Porém, a
organização afirma que seus ensinamentos vêm da Bíblia Sagrada, pois Russell e seus
sucessores esforçaram-se para que seus ensinamentos peculiares parecessem bíblicos.

O primeiro capítulo apresenta um resumo histórico que ajudará o leitor a conhecer o


perfil das testemunhas de Jeová. O seguinte é uma avaliação crítica da Tradução do Novo
Mundo das Escriturasa Sagradas, texto padrão da Sociedade Torre de Vigia, mostrando as
falsificações e a falta de erudição e de qualificação acadêmica de seus tradutores. Os
capítulos três, quatro e cinco tratam da doutrina de Deus, a começar pela Trindade, seus
argumentos, falácias, falsidade e refutação à luz da Bíblia sobre cada ponto apresentado.
Em seguida vem a refutação a Cristologia do Corpo Governante e sobre a doutrina do
Espírito Santo. O capítulo seis é um confronto entre a Bíblia e a organização sobre a
existência da alma após a morte, e o último é uma análise entre o ensino desses adeptos e a
Palavra de Deus sobre o inferno, um estudo profundo e criterioso sobre a doutrina da
maldição eterna. Termino com uma orientação básica de como dialogar com elas.
Considero ser aqui o lugar apropriado para alguns esclarecimentos sobre os pais da
igreja, visto que são citados na presente obra. Eles são assim chamados por causa de sua
ortodoxia essencial, santidade de vida, aprovação generalizada e antiguidade. O termo
“patrologia” é criação do luterano J. Gerhard, falecido em 1637, e expressa o estudo
histórico de vida e obras dos escritores cristãos antigos, desde Clemente de Roma até
Isidoro de Sevilha, no sétimo século. Segundo o Dicionário Patrístico e de Antigüidades
Cristãs, “na origem, ‘patrística’ era um adjetivo, subentendendo teologia”. Teólogos
luteranos e católicos a empregaram para distinguir a teologia em “bíblia, patrística,
escolástica, simbólica, especulativa” (página 1103). Foi o título de “pai” que deu origem a
ambos os termos patrologia e em seguida patrística.

Os primeiros são conhecidos como pais apostólicos, eminentes líderes do período


imediatamente após os apóstolos. São chamados “apostólicos” pela doutrina dos apóstolos
que defendiam ou pelo seu contato com ele ou com alguém que os conheceu
pessoalmente, como Papias (ou Pápias), Policarpo de Esmirna, Clemente de Roma, Inácio
de Antioquia e Hermas, autor de O Pastor, que por meio de cartas instruíam e exortavam
as igrejas.

Papias nasceu por volta de 60 a 70, foi bispo de Hierápolis e companheiro de


Policarpo. Escreveu Interpretações das Afirmações do Senhor, também conhecido como
Exposição dos Oráculos do Senhor. Policarpo foi bispo de Esmirna, nasceu antes de
Papias, disse em 155 que já fazia 86 anos que servia ao Senhor Jesus, logo, não pode ter
nascido depois no ano 69. Foi discípulo pessoal do apóstolo João. Clemente foi o terceiro
bispo de Roma entre 92 e 101, depois de Lino e Cleto ou Anacleto. Alguns o identificam
com um cooperador do apóstolo Paulo, de mesmo nome, mencionado em Filipenses 4.3.
Devemos, porém, considerar isso apenas como mera possibilidade e não necessariamente
como afirmação, visto que muitos rejeitam essa interpretação. Inácio foi o terceiro bispo
de Antioquia e conheceu os apóstolos Paulo e João. Ele foi preso em 110 no reinado de
Trajano, sendo levado para Roma, onde foi atirado às feras. Hermas faleceu em 160, ele
ficou conhecido por causa do livro O Pastor, que exerceu forte influência nas igrejas nos
século 2 a 4. A Didaqué e a Epístola de Barnabé são partes dos escritos dos Pais
Apostólicos. Todos os escritos deles revelam como eram as igrejas das últimas décadas do
primeiro século e a da primeira metade do século seguinte. Não trouxeram contribuição
significativa no campo teológico, raramente são citados aqui, no presente trabalho.
Trago esse breve relato porque eles são o elo entre os apóstolos e os Pais da Igreja e
deixaram como legado o registro do pensamento apostólico presente nas igrejas, fundadas
por eles ou por alguém ligado a eles. Assim, escritores como Irineu de Lião e Justino, o
Mártir eram a terceira geração dos apóstolos. Como tiveram contato com quem conviveu
com os discípulos diretos do Senhor Jesus e conhecendo a tradição dessas igrejas,
procuraram organizar o pensamento cristão com base naquilo que elas pregavam e
ensinavam e nas Escrituras Sagradas, respeitando o parâmetro de interpretação legado
pelos apóstolos. Os Pais que vieram posteriormente, como Tertuliano de Cartago,
principal representante do Ocidente, e Atanásio de Alexandria, no Oriente, observavam as
crenças e práticas históricas da Igreja como um dos recursos para refutar os heresiarcas de
sua geração.

Tertuliano dizia em sua obra Prescrições Contra os Hereges que a heresia não nasce da
fé, mas da filosofia. Ele argumentava que as igrejas fundadas pelos apóstolos ou por
alguém ligado a eles, mencionando nominalmente Roma e Esmirna, além de outras,
ensinam uma mesma doutrina mantendo a mesma regra de fé dada pelos apóstolos,
lembrando ainda que os líderes atuais foram ordenados por sucessores dos sucessores dos
apóstolos, logo, as inovações apresentadas pelos hereges vieram de fontes estranhas.
Atanásio, em sua obra mais original e significativa A Encarnação do Verbo, apresenta uma
apologia à divindade de Cristo. Se os cristãos oram e adoram a Jesus nos cultos públicos
desde os tempos dos apóstolos, dizia ele, isso acontece porque todos reconheciam a sua
divindade, logo, a doutrina de Ário era incompatível com a fé cristã.

As formulações teológicas dos pais da igreja, desde as mais embrionárias, como as de


Irineu de Lião e as de Tertuliano de Cartago, até às mais elaboradas, como as de
Agostinho de Hipona foram revistas durante toda a Idade Média e cotejada com a Bíblia
pelos reformadores do século 16. Um dos pilares da Reforma Protestante foi Sola
Scriptura (somente a Bíblia), tudo o que era mera tradição ficou de fora. Assim, o
pensamento da Patrística foi submetido a um reexame bíblico, tudo o que tinha
fundamentação apostólica permaneceu.

Os pais da Igreja são lembrados como os que trabalharam e fizeram muito pela Igreja
dos primeiros séculos do cristianismo, porém eles não são autoridades para a nossa regra
de fé e prática e nem jamais reivindicaram tal posição. É bom lembrar que nem sempre
acertaram em suas formulações doutrinárias, mas deve-se levar em consideração a época
em que viveram e o propósito em defender o pensamento apostólico ensinado nas igrejas.
A quantidade de acertos foi incomparavelmente maior do que de erros. A teologia cristã
que hoje defendemos, embora muita coisa tenha começado com eles, todavia, tem sua
base nas Escrituras Sagradas, a Palavra de Deus está acima de qualquer tendência
teológica. Fica claro, portanto, que a citação dos pais da Igreja, no presente trabalho, não é
indicação de fonte de autoridade, mas apenas demonstração de como a história do
pensamento cristão começou.
Para finalizar, é oportuno ressaltar que os fundamentos de nossa fé são as Escrituras
Sagradas, os pais da Igreja são citados por causa do seu envolvimento nos debates
teológicos dos primeiros séculos da era Cristã. Suas obras não são inspiradas e às vezes
até destoam, em pormenores, da ortodoxia cristã.

A Sociedade Torre de Vigia não relata esses fatos às testemunhas de Jeová porque sabe
que isso seria admitir confissão de culpa por adotar as crenças e práticas dos grandes
hereges do passado. Os fatos falam por si só, contrariando a bandeira que seus líderes
sustentam ao afirmarem ser uma organização sucessora dos apóstolos. As provas revelam
que ela é continuadora dos grandes heresiarcas da História.

Espero ser o presente estudo uma ferramenta importante no preparo “para responder com
mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe
3.15). O assunto não se esgota aqui, mas o que é apresentando é mais do que suficiente
para mostrar as falácias da Sociedade Torre de Vigia.

***

Origem e desenvolvimento das Testemunhas de Jeová


O grupo religioso das testemunhas de Jeová surgiu num contexto de grandes
reavivamentos escatológicos do século XIX. Seus ancestrais vieram do movimento de
William Miller (1782-1849), fundador do movimento milerista que deu origem ao que
conhecemos hoje como adventistas do sétimo dia. O presente histórico mostra a origem e
o desenvolvimento das crenças e práticas das testemunhas de Jeová, além de revelar
também as falsas profecias de seus dirigentes.
CHARLES TAZE RUSSELL

Charles T. Russell nasceu em 16 de fevereiro de 1852, em Pitisburgo, Pensilvânia,


EUA, filho de Joseph L. Russell e Anna Eliza Birney, ambos presbiterianos e de origem
escocês-irlandesa. Sua mãe faleceu quando ele estava com nove anos e seu pai, em 1897,
aos 84 anos. Foi educado numa modesta escola pública até aos 14 anos de idade, quando
começou a trabalhar com o seu pai, que era dono de uma rede de lojas de roupa masculina.
Tornou-se sócio do pai aos 15 anos de idade e, aos 25, gerenciava essas lojas, porém, mais
tarde, desfez-se de seus negócios para dedicar-se ao seu ministério, recebendo pela venda
de suas lojas mais de um quarto de milhão de dólares.

Russell recebeu educação presbiteriana, porém, migrou para a Igreja Congregacional,


considerada menos austera. Sua fé foi abalada quando estava com 16 anos de idade; ao
tentar ganhar um amigo para Cristo, não pôde defender com êxito suas crenças e perdeu a
fé na Bíblia. O tema da discussão foi a doutrina do inferno ardente, como lugar de suplício
eterno para os infiéis. À deriva em busca da verdade, estudou as religiões orientais, nesse
período não cria nos ensinos que recebeu na infância e discordava dos credos das igrejas
protestantes. Ele mesmo testificou que numa noite de 1869, num subsolo próximo a uma
de suas lojas, na Rua Federal, ouviu a pregação de um pregador adventista, Jonas Wendell.
Isso despertou nele o interesse pelo estudo da Bíblia e sua fé foi restaurada. Recebeu
orientação e ajuda espiritual de outros dois homens, entre 1869 e 1872, que na época
lideravam movimentos religiosos independentes, provenientes do movimento de William
Miller, são eles: George W. Stetson, pastor da Igreja Cristã do Advento, em Edinboro, na
Pensilvânia e George Storrs, editor de uma revista chamada Bible Examiner. Segundo
Schnell,1 Russell teve contato com os escritos de Ellen Gould White.

Entre 1870 e 1875, Russell, seu pai, mais tarde membro da organização, e mais quatro
amigos reuniam-se regularmente “para efetuar um estudo sistemático da Bíblia”, sob sua
supervisão. Ao cabo de cinco anos, o grupo elegeu-o como seu pastor. Em 1876, teve
conhecimento de um periódico mensal Arauto da Aurora, de um editor de Rochester,
Nova Iorque, Nelson H. Barbour, também dissidente do movimento de Miller. Russell
interessou-se pelo assunto da doutrina da “presença invisível” de Cristo, veiculada no
referido periódico. Barbour publicava nessa revista a idéia de que Cristo voltou
invisivelmente em 1874. Russell publicou nessa época um livreto intitulado O Objetivo e
a Maneira da Volta de Nosso Senhor, momento em que defendia idéias similares.
Ambos tornaram-se sócios e Russell resolveu devotar-se à pregação, tornando-se co-
editor da revista. Eles publicaram, em 1877, o livro Três Mundos, e a Colheita Deste
Mundo, identificado também como Três Mundos ou Plano de Redenção. A obra editada
em co-autoria apresenta o nome dos dois, mas quem de fato a escreveu foi Barbour. Isso é
colocado no prefácio, Russell partilhou apenas da edição, ele mesmo confirmou isso em
1906. Russell e seu grupo trabalhavam na divulgação dessa mensagem. Porém, essa união
não durou muito, pois em agosto de 1878 houve o primeiro cisma. Barbour era o
intelectual do grupo e a participação de Russell era basicamente financeira.

O rompimento do grupo de Pitisburgo com o de Rochester levou Russell a criar em


julho de 1879 a revista The Watchtower, A Sentinela, em português, seu título original era
A Torre de Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo, como o meio de comunicação
para veicular suas idéias.2 Então, ocorreu o nascimento de um novo grupo. Ainda nesse
mesmo ano Russell casou-se com Maria Frances Ackley, não tiveram filhos, e o
casamento terminou em divórcio litigioso após 13 anos. Ela trabalhou na organização
como secretária-tesoureira e depois editora associada.

Russell organizou a Sociedade de Tratados da Torre de Vigia de Sião em 1881, sendo


gerente, adquirindo personalidade jurídica, instituída legalmente na Pensilvânia e
oficialmente registrada em dezembro de 1884, quando ele foi nomeado presidente pelos
seus discípulos. O nome foi mudado em 1896 para Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados.

Os seguidores dos ensinos de Russell foram inicialmente chamados de Aurora do


Milênio e depois de Russelitas, em seguida, referiam-se a si mesmos como Estudantes da
Bíblia, em 1910, Estudantes Internacionais da Bíblia e, a partir de 1914, Estudantes da
Bíblia Associados. Russell soube aproveitar a ignorância da maioria, pois “muitos leigos,
mal avisados e poucos instruídos nas coisas do Senhor, ficaram fascinados pela
representação”, disse Schnell, em sua obra À Luz do Cristianismo, página 60.
O escritório central da organização foi transferido para Nova Iorque em 1908. A
Sociedade adquiriu novas propriedades no Brooklyn, na rua Hicks, números 13-17 e na
rua Columbia Heights, nº 124. Hoje é dona de vários quarteirões nessa ilha de Nova
Iorque, onde está a sede mundial das testemunhas de Jeová e a Corporação da Pensilvânia
ainda existe e está em plena atividade. A organização fundou em 1909 a Associação
Púlpito do Povo, nome usado em Brooklyn até 1939, quando foi substituído por
Watchtower Bible and Tract Society, Inc., e, após 1956, foi alterado para Watchtower
Bible and Tract Society of New York, Inc. (Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados
de Tratados de Nova Iorque, Inc.)
Os críticos de Russell afirmam que ele proclamou-se a si mesmo como “servo fiel e
prudente”, traduzido por “escravo fiel e discreto”, na Tradução do Novo Mundo das
Escrituras Sagradas, em Mateus 24.45 e Lucas 12.42, onde se lê: “Quem é, pois, o servo
fiel e prudente, que o Senhor constituiu sobre a sua casa, para dar sustento a seu tempo?”.
Porém, os diretores negam que Russell tenha reivindicado tal posição. Eles
responsabilizam sua esposa, Maria F. A. Russell, que ocupava o cargo de co-editor de
Russell antes do divórcio, mas era ele dono e senhor absoluto da empresa, e, sobretudo,
ele aceitava tal prerrogativa: trata-se, portanto, de escritos autorizados.
Os dois pontos básicos de interesse de Russell foram o combate a doutrina do inferno
ardente e o eminente retorno de Cristo. Seus pais na fé foram Jonas Wendell, George W.
Stetson e George Storrs,3 todos eles eram dissidentes das igrejas protestantes e,
posteriormente, do movimento de Miller. Deles Russell recebeu as idéias centrais de sua
teologia.
No início, o primeiro ponto levantado era a doutrina do inferno ardente; arvorou a
insígnia de batalha; segundo Schnell, pregavam “o inferno é a sepultura”, o quê os
adventistas e as testemunhas de Jeová defendem até hoje. Assim, Russell “conseguiu atrair
a maioria dos rebeldes que não gostavam da doutrina bíblica do Inferno”, escreveu
Schnell. Porém, os adventistas defendem a doutrina da Trindade, e não há registros de que
os pais na fé de Russell se opusessem a isso. Ao contrário, o livro Três Mundos, e a
Colheita Deste Mundo apresenta uma defesa à doutrina da Trindade e da personalidade do
Espírito Santo contra a doutrina dos cristadelfianos, movimento que nega essa doutrina.
Russell só começou argumentar contra a personalidade do Espírito Santo e atacar o
trinitarianismo, adotando a crença de Ário, em 1882.

Antes disso, em 1881, ele escreveu dois livretos: 1) Ensinos do Tabernáculo,


posteriormente revisado e publicado sob o título Sombras do Tabernáculo dos “Melhores
Sacrifícios”; 2) Alimento para os Cristãos Refletivos. Esses livretos formam o esboço que
deu origem aos seis tomos de Estudos das Escrituras, principal fonte da teologia da
Sociedade Torre de Vigia, sendo que muitos desses ensinos são mantidos ainda hoje.
Logo depois do divórcio, Russell fez um testamento em 1907, publicado na revista A
Sentinela, edição americana, 1º de dezembro de 1916, quando passou, ainda em tempo, a
direção de sua organização para uma comissão chamada “Comissão Editora”, formada por
cinco homens, membros vitalícios, responsáveis pela publicação da referida revista.
JOSEPH FRANKLIN RUTHERFORD
Russell não deixou sucessor, apenas um testamento de sua última vontade, doou todos
os seus bens pessoais à Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, exceto uma
pequena quantia de cerca de 200 dólares.
Rutherford foi eleito presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados em
06 de janeiro de 1917, na assembléia anual da corporação, e com ele começou uma nova
etapa que durou 25 anos na história do movimento. Rutherford não foi nomeado membro
da Comissão Editora, seu nome consta da lista dos suplentes. Os membros nomeados por
Russell foram: William E. Page, William E. Van Amburgh, Hebry Clay Rockwell, E. W.
Brenneison, F. H. Robison.

De origem batista, Rutherford nasceu aos 8 de novembro de 1869, no Condado de


Morgan, Missouri, EUA. Tornou-se advogado em 1892 e serviu, em algumas ocasiões,
como juiz substituto. Seu primeiro contato com a organização foi em 1894, sendo batizado
em 1906. Tornou-se consultor jurídico da organização no ano seguinte, conquistando
popularidade entre seus irmãos, como advogado, nos tribunais, lutou para limpar o nome
de Russell e debatia publicamente em defesa das crenças da organização.

Na verdade, ele nunca foi juiz. R. Felix buscou em vão seu nome nas escolas de
Direito do Missouri. Ele afirma, no livro Rutherford Descoberto, publicado em Pilot
Grove, em 1937, que Rutherford era taquígrafo do tribunal e teria solicitado sua admissão
na Advocacia de Bonville, sendo aprovado com êxito no exame e obtendo permissão para
exercer a profissão em 5 de maio de 1892. No Estado de Missouri, quando um juiz estava
ausente de sua região, os advogados elegiam um dentre eles para substituí-lo. Foi assim,
que Rutherford foi chamado quatro vezes para desempenhar essa função, título que
ostentou durante toda sua vida.

No mesmo ano de sua eleição para o cargo de presidente ele provocou uma crise
interna que sacudiu a instituição. As testemunhas de Jeová acreditam que o motivo dessa
confusão foi a publicação do livro O Mistério Consumado, como obra póstuma de Russell,
lançado no dia 17 de julho de 1917. Na verdade, essa obra foi escrita por Clayton J.
Woodworth e George H. Fisher. Seu lançamento caiu como uma bomba na sede da
organização. Trata-se de uma interpretação alegórica com lentes russelitas e rutherforditas
dos livros de Apocalipse, de Cantares de Salomão e de Ezequiel. O quê desejava salvar
eram as profecias de Russell, legitimar sua autoridade tentando convencer a todos de que
este, mesmo no além, estaria lhe dando apoio e se comunicando com a organização. Na
interpretação alegórica de Apocalipse 8.3 e 16.16, afirma que Russell, mesmo além do
véu, dirige e supervisiona a Sociedade Torre de Vigia. Rutherford transferiu para 1918 os
acontecimentos que seu antecessor havia profetizado para 1914, visto que o mundo
experimentava os horrores da Primeira Guerra.
Segundo Raymond Franz4 e James Penton5 a causa inicial do problema foi a
destituição sumária dos diretores. O novo presidente novo presidente, afirma Franz em sua
obra Crise de Cosnciência, “não estava reconhecendo a Diretoria e nem trabalhando com
ela como um corpo, mas estava agindo unilateralmente, tomando medidas e informando-
lhe só depois o que havia delineado como o proceder a ser seguido… Ter eles expressado
objeção resultou em sua eliminação sumária da Diretoria” (página 75). Penton, em
Apocalipse Atrasado… declara: “a designação que Rutherford fez para escrever e publicar
O Mistério Consumado foi uma ação de exercício de autoridade demonstrando falta de
consideração, unilateral, que certamente ignorou os direitos e prerrogativas da diretoria de
vários membros da Comissão Editora da Sociedade” (página 51).

Russell foi apresentado nesse livro como o sétimo mensageiro do Apocalipse, na


seguinte ordem: Paulo, João, Ário, Valdo, Wycliff, Lutero e Russell, nas páginas 23-72.
Além disso, no comentário de Apocalipse 8.3 afirmava-se que “Pastor Russell passou
além do véu e ele ainda dirige cada detalhe da obra da colheita” (página 144). Em outras
palavras, Russell, depois de morto se comunicava com o mundo dos vivos. Havia na obra
falsas profecias, que serão estudadas mais adiante, ódio contra o clero e a doutrina
antipatriota.
A crise foi devastadora, o concorrente de Rutherford à presidência, Paul S. L. Johnson,
e os diretores demitidos foram expulsos da sede da organização, entre eles: J. D. Wright,
A. I. Ritchie, I. F. Hoskins e R. H. Hirsh. Estes e o vice-presidente Andrew N. Pierson
escreveram Luz Após as Trevas, impressão particular, no Brooklyn, em 1917. Penton,
baseado no relato deles, afirma: “imediatamente antes de Johnson ter sido obrigado a sair
de Betel,6 em 27 de julho de 1917, os diretores depostos e o vice-presidente Pierson
afirmaram que Rutherford voltou-se contra ele num acesso de raiva e atacou-o
fisicamente” (página 53). Isso porque eles queriam fazer, na despedida, uma declaração e
ler uma carta de Pierson, afirmando apoiar a antiga diretoria, mas foram impedidos.

Segundo Penton, Rutherford mandou Macmillan chamar a polícia para expulsar


Wright, Hoskins, Ritchie e Hirsh da sede, na Hicks Street, mas a essa altura eram
reconhecidos como diretores da Sociedade Torre de Vigia. Uma avalanche de panfletos,
cada um contando a sua versão dos fatos, era distribuída por toda parte depois dessa
expulsão. Eles procuraram se organizar para a assembléia geral anual da corporação de
janeiro de 1918, sugerindo Menta Sturgeon, secretário particular de Russell, para a
presidência, mas não obtiveram êxito, pois Rutherford agiu com mais eficiência e
conseguiu votos da maioria.
A crise deu origem a vários cismas, muitos grupos independentes foram formados,
alguns sob a liderança dos diretores demitidos. Jonhson fundou o Movimento Missionário
da Casa do Leigo. R. H. Hirsh, I. F. Hoskins, A. I. Ritchie e J. D. Wright fundaram o
grupo Instituto Bíblico Pastoral. Durante muito tempo, outros grupos surgiram, uns
oriundos da Sociedade; outros, de movimentos subdivididos com o passar do tempo. Esses
movimentos rejeitam qualquer vínculo com a Sociedade Torre de Vigia. Muitos deles
existem ainda hoje, nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa. Há no Brasil um desses
grupos, a Associação dos Estudantes da Bíblia da Aurora, os “auroristas”, com sede em
São José dos Pinhais, no Paraná, que já publicou os dois primeiros volumes de Estudos
das Escrituras, em português.

O confronto com as autoridades


A crise externa foi conseqüência das provocações de Rutherford às instituições civis,
militares e religiosas. A distribuição do tratado, de quatro páginas, O Mensário dos
Estudantes da Bíblia, em 30 de dezembro de 1917, sob o título A Queda de Babilônia,
provocou a reação da sociedade. O panfleto trazia trechos de O Mistério Consumado com
a caricatura do cristianismo e suas ramificações, de um muro ruindo com os dizeres:
“Protestantismo, Teoria do tormento eterno, Doutrina da Trindade, Sucessão apostólica e
Purgatório”.

O livro e o panfleto atacavam o militarismo e o clero católico e protestante, nessa


época os Estados Unidos estavam em guerra, era a Primeira Guerra, em 1917. Em
fevereiro, o governo canadense proibiu a circulação de O Mistério Consumado afirmando
haver declarações sediciosas e anti-militares, com isso lançou uma campanha contra os
seguidores da organização. Rutherford desafiou as autoridades dos Estados Unidos e do
Canadá ao fazer uma campanha acirrada com a distribuição dessa literatura.
Nos Estados Unidos, muitos foram perseguidos e presos porque se recusavam a servir
às forças armadas quando eram convocados. Em 14 de março de 1918, o Departamento de
Justiça dos Estados Unidos considerou O Mistério Consumado como “violação da Lei
Contra a Espionagem”. Houve sugestão de corte de algumas páginas do livro, mas a
Sociedade não aceitou. Em fevereiro de 1918, os agentes do Departamento do Serviço
Secreto confiscaram os livros da sede da organização, na rua Hicks, 17, Brooklyn, mas
segundo Macmillan, nada de ilegal encontraram. Rutherford e seus seguidores foram
acusados de sedição nos termos da Lei Americana de Espionagem.
Em 7 de maio de 1918, foi expedido o mandado de prisão pelo Tribunal Distrital dos
Estados Unidos do Distrito Oriental de Nova Iorque contra J. F. Rutherford, W. E. Van
Amburgh, A. H. Macmillan, R. J. Martin, C. J. Woodworth, G. H. Fisher, F. H. Robison e
G. DeCecca. Eram oito ligados à administração e à comissão editorial da Sociedade. Eles
foram condenados a 20 anos de reclusão. A pena de Giovanni De Cecca foi de 10 anos e
cumpriram pena na penitenciária Federal de Atlanta, no estado da Geórgia, mas a
liberdade deles foi antecipada com o fim da Guerra, cumpriram oito meses de reclusão.

Suas profecias

O Mistério Consumado, no comentário do capítulo três de Apocalipse, registra a


profecia do fim da existência das igrejas, em 1918: “a primavera de 1918 trará um
espasmo de angústia sobre a cristandade até maior do que o experimentado no outono de
1914”. Essa profecia reaparece mais vezes no livro. No comentário de Ezequiel 24.20, 21,
afirma: “Até 1878, a igreja nominal foi, de certo modo, o santuário ou templo de Deus;
mas deste tempo em diante, culminado em 1918, Ele tem estado a eliminá-la com um
golpe ou praga de doutrinas errôneas e práticas divinamente permitidas”. O livro prevê,
ainda, no comentário de Apocalipse 16.20, o fim das repúblicas e a anarquia geral, “até as
repúblicas desaparecerão no outono de 1920… todos os reinos da terra passarão, serão
tragados pela anarquia”. Foi, de fato, a Sociedade Torre de Vigia que quase desapareceria
da Terra com as crises interna e externa.

Segundo Russell, influenciado ainda por Barbour, a “presença” de Cristo teria


começado em 1874, sendo 1914 o clímax dessa presença com o fim dos reinos desse
mundo, a queda do papado e a Batalha do Armagedom. O ano de 1914 chegou e nada
disso aconteceu. Em seguida, ele refez o cálculo e estabeleceu o ano de 1915. Rutherford
também refez o cálculo, apresentando duas novas datas em O Mistério Consumado: 1918
e 1920. Estabeleceu o ano de 1925 como o início do milênio. Essa profecia encontra-se no
livro Milhões que Agora Vivem Jamais Morrerão, escrito por Rutherford em 1920, e
traduzido para 30 línguas, com tiragem de 3.500.000 exemplares. Foi um discurso
proferido por ele, em Los Angeles, em 24 de fevereiro de 1918, antes de ser transformado
em livro. Em pouco tempo a expressão se popularizou pela publicidade nos jornais e nos
discursos. A edição em português foi publicada em 1923. O livro anunciava o fim do
mundo para 1925, quando seria a ressurreição de todos os justos do Antigo Testamento e o
estabelecimento da nova ordem de coisas.

A cousa principal a ser restituída é vida à raça humana; desde que outras escrituras
definitivamente estabelecem o fato de que Abraão, Isaac e Jacó ressuscitarão e outros
fiéis antigos, e que estes seriam os primeiros favorecidos, podemos esperar em 1925 a
volta desses homens fiéis de Israel, ressurgindo da morte e completamente restituídos à
perfeição humana, os quais serão visíveis e reais representantes na nova ordem das
cousas na terra (página 110).

Portanto, podemos seguramente esperar que 1925 marcará a volta às condições de


perfeição humana de Abraão, Isaque, Jacó e os antigos fiéis, especialmente esses
mencionados pelo Apóstolo no capítulo onze de Hebreus” (página 112).

Baseado nos argumentos até aqui apresentados, isto é, que a ordem velha das cousas, o
velho mundo está se findando e desaparecendo, e que a nova ordem ou organização
está se iniciando, e que 1925 será a data marcada para a ressurreição dos anciões e
fiéis, e o princípio da reconstrução, chegar-se à conclusão razoável de que milhões dos
que vivem agora na terra, ainda estarão vivos no ano 1925. Então, baseados nas
promessas encontradas nas palavras Divinas, chegamos à positiva e indiscutível
conclusão de que, milhões que agora vivem jamais morrerão (página 122).

Schnell, Penton e Raymond Franz não poupam crítica à profecia de 1925. Segundo
Schnell, Rutherford precisava de recursos para ampliar suas instalações gráficas e este foi
um meio encontrado para vender três milhões e meio de exemplares, com um título
atraente e uma promessa fantasiosa.

Em 1939, em seu livro Salvação, Rutherford chegou a incentivar aos casais a não
gerarem filhos alegando que Noé e sua família não geraram filhos por ocasião do dilúvio.
Depois, proibiu o casamento, no livro Filhos.

A Teocracia

O novo modelo, implantado por Rutherford entre 1928 e 1938, defendia a Sociedade
Torre de Vigia como “Teocracia, a única representante de Deus na terra”. Essa doutrina
baseava-se na idéia de que Deus tem uma organização desde o princípio da criação e que
Satanás a perverteu em seu próprio proveito. Pregava e ensinava serem todas as igrejas e
organizações profanas vindas do diabo. A teocracia do juiz trouxe inovações e mudou o
perfil da organização.
Rutherford precisava desacreditar a memória de Russell e seus ensinos para aumentar a
sua autoridade. Aos poucos reduziu a reputação de seu antecessor. Ele mudou a face da
organização, pouco ou quase nada restando d Russell. Ele mudou o nome para
“Testemunhas de Jeová”, em 1931. Disse aos presentes, numa convenção, que as palavras
de Isaías “Vós sois as minhas testemunhas” (43.10-12) combinadas com Isaías 62.2 “e
chamar-te-ão por um novo nome” eram uma referência ao seu movimento religioso. A
partir de então, o grupo passou a ser chamado de Testemunhas de Jeová para se disitinguir
dos dissidentes desde 1917, que também se identificavam pelo nome Estudantes da Bíblia.
Penton considerou esse argumento de Rutherford como “uma obra-prima de lógica
falaciosa e má exegese” (Apocalipse Atrasado…, página 63). Se o juiz tivesse observado
dois versículos mais adiante, argumenta Penton, citando Timothy White, teria descoberto
que esse nome é “Hefzibá” (Isaías 62.2).7 Ele deu um golpe de mestre, foi um passo
importante no processo de implantação da teocracia centralizado nele mesmo e também
representou a quebra do vínculo psicológico em relação a Russell.

Em seguida, com a publicação do livro Jeová, em 1934, Rutherford trouxe à tona a


doutrina da vindicação do nome Jeová. O resgate expiatório de Cristo como expressão
máxima do amor de Deus pela humanidade norteava o pensamento de Russell e era essa a
ênfase da mensagem de seus seguidores, mas Rutherford mudou tudo isso: “Deus
providenciou que a morte de Cristo Jesus, seu amado Filho, fornecesse o preço redentor
do homem; mas essa bondade e benignidade da parte de Jeová para a humanidade (sic) é
secundária à vindicação do seu nome” (Jeová, página 313 - grifo nosso). Essa nova
doutrina permanece ainda hoje como tema central das testemunhas de Jeová.

Schnell queixou-se do novo sistema implantado nesse período. Afirmou que os


seguidores da Sociedade perderam sua liberdade pessoal. A evangelização deixou de ser
feita por iniciativa de cada membro da organização, passou a ser por coerção exterior,
imposta pela teocracia. Ele chama o modelo teocrático de lavagem cerebral. O primeiro
“Salão do Reino das Testemunhas de Jeová” foi construído em Roseto, na Pensilvânia, em
1927, mas o uso geral do nome “Salão do Reino” tornou-se comum de 1935 em diante.

Novas mudanças

Na direção de Rutherford o sistema sofreu cerca de 148 mudanças doutrinárias.


Rutherford destruiu os volumes de Estudos das Escrituras, obra sem a qual, segundo
Russell, seria impossível conhecer as Escrituras.

Depois da soltura de Rutherford e seus companheiros a sede da administração voltou


para Nova Iorque e começou uma nova etapa na história das testemunhas de Jeová, esta
conseguiu se reerguer das cinzas. Ele criou mais um periódico, A Idade de Ouro, lançado
em 1º de outubro de 1919, a atual revista Despertai!.
Rutherford levou ao ar, em 1922, o primeiro programa radiofônico; dois anos depois,
já operava a sua própria emissora, em Nova Iorque. Em 1933, contava com 408 emissoras
no ar, levando a sua mensagem para todos os continentes. Ele também implantou, em
1937, um sistema de testemunho através de um cartão, que era lido pelas testemunhas de
Jeová para as pessoas, pois na época o preparo delas era muito limitado. Ele não estava
disposto a permitir que elas falassem com as próprias palavras a mensagem da Sociedade
Torre de Vigia. Estabeleceu, ainda, o sistema de fonógrafo, uma mensagem gravada em
disco que as testemunhas de Jeová usavam num fonógrafo portátil nos trabalhos de
evangelização.

Em 1929, Rutherford construiu um palacete em San Diego e o chamou de “Bete-


Sarim”, nome hebraico que significa “Casa dos Príncipes”, para recepcionar os patriarcas
que haveriam de ressuscitar. Enquanto se aguardava essa ressurreição, ele foi morar nela.
Alguns conceitos de Russell foram refeitos. Em 1930, por exemplo, Rutherford mudou o
início da “presença invisível” de Cristo de 1874 para 1914, doutrina mantida ainda hoje
pela organização, afirmando que Jesus veio invisivelmente em 1914 e estabeleceu o reino
de Deus, pondo fim aos tempos dos gentios. Ele concordava, a princípio, com essa teoria,
mas depois a rechaçou, denominando-a “diabólica”. Segundo Raymond Franz, o ano de
1914 “é a data principal sobre a qual se apóia grande parte da estrutura de doutrinas e de
autoridade das testemunhas de Jeová” (Crise de Consciência, página 177). A partir de
1931, A Sentinela deixou de trazer a coroa atravessada por uma cruz e a estaca de tortura
passou a ser usada em lugar da cruz de Cristo, como instrumento usado na morte de Jesus.
Seu apoio aos nazistas

A Sociedade Torre de Vigia dispara sua metralhadora giratória contra todas as igrejas
classificando-as como aliadas do nazismo, entretanto, manifestou seu apoio a Adolf Hitler,
que o recusou.8 As testemunhas de Jeová realizaram uma conferência em Berlim, em 25
de junho de 1933, para apoiar o regime nazista, algo que a organização procura esconder.
Essa reunião teve a participação de 7.000 presentes quando redigiram um documento
Erklärung, “declaração” em alemão, conhecido como Declaração dos Fatos, distribuíram
por toda a Alemanha 2.100.000 exemplares desse panfleto em apoio aos nazistas,
manifestando sua hostilidade aos judeus, aos Estados Unidos, ao Reino Unido e à Liga das
Nações (Testemunhas de Jeová e o Terceiro Reich…. páginas 275-284). O documento foi
enviado ao governo alemão, acompanhado de uma carta em que declara ter a Sociedade
Torre de Vigia os mesmos objetivos dos nazistas afirmando terem os Estudantes da Bíblia
harmonia com o Reich Alemão: “estes estão em perfeita harmonia com os objetivos
similares do Governo Nacional do Reich Alemão” (Testemunhas de Jeová e o Terceiro
Reich:…. páginas 292 - grifo nosso). O Führer, porém, recusou o apoio das testemunhas
de Jeová.

Isso pode ser confirmado na própria literatura da organização Anuários das


Testemunhas de Jeová de 1934, em inglês e em alemão: “Longe de estarmos contra os
princípios advogados pelo governo da Alemanha, nós apoiamos sinceramente esses
princípios e sublinhamos que Jeová Deus através de Jesus Cristo causará a realização
completa destes princípios” (página 136, edição inglesa, grifo nosso).
Sua morte

Rutherford era misógino, odiava as mulheres e afirmava ser o Dia das Mães uma
conspiração delas. Ele viveu separado da esposa, Mary, algum tempo depois de assumir a
presidência da Sociedade. Ela continuou como testemunha de Jeová, na Califórnia, já o
único filho casal, Malcolm, não quis saber da religião do pai quando chegou à idade
adulta. Embora não se conheça exatamente a causa dessa separação, segundo as
testemunhas de Jeová, ela tinha problema de saúde e não podia cumprir seu dever
conjugal, mas os críticos do juiz afirmam ter havido algo a mais, existia muita amargura
entre o casal, “talvez fatores que causaram contendas entre eles tenham sido o
temperamento colérico e convencido de Rutherford e o seu evidente caso sério de
alcoolismo” (Apocalipse Atrasado…, página 72). Penton ainda afirma, que às vezes ele
tinha dificuldade de se apresentar em congressos para discursar por causa de seu estado de
embriaguez e que contrabandeava uísque do Canadá. Ele morreu em 8 de janeiro 1942,
aos 72 anos de idade, no Bete-Sarim, Califórnia, onde passou todos os verões desde 1930
e viveu no leito da enfermidade, antes de sua morte. Publicou 24 livros, sem contar os
livretos e inúmeros panfletos e tratados, suas publicações alcançaram 36 milhões de
cópias.

NATHAN HOMER KNORR

Nathan H. Knorr foi eleito presidente da organização em 13 de janeiro de 1942, cargo


que ocupou até o seu falecimento em 8 de junho de 1977. Ele escolheu Convington, um
advogado do Texas que havia defendido várias vezes as testemunhas de Jeová na Suprema
Corte, mas professava não pertencer à “classe dos ungidos”. Essa condição deixava-o
numa posição desconfortável e por isso renunciou à vice-presidência, assim, Frederick
Franz foi eleito vice-presidente em 1944.

Knorr nasceu em Betlehem, na Pensilvânia, em 1905, e aos 16 anos de idade deixou a


Igreja Reformada, da qual era membro, para ingressar na organização. Em 1923, tornou-se
pregador de tempo integral, ano em que foi batizado e se tornou betelita. Em 1932,
assumiu o posto de gerente geral de publicação e do escritório da sede central, em
Brooklyn, foi eleito como um dos diretores em 1934 e vice-presidente, em 1940.

O sistema implantado pelo segundo presidente permanece ainda hoje. Knorr fez
ampliações significativas. O terceiro presidente teve o controle e a habilidade
administrativa de seu antecessor. Em sua administração, as obras publicadas pela
Sociedade Torre de Vigia, que até então traziam o nome de seus autores, apareceram sob o
copyright da Watchtower Bible And Tract Society que se tornou o imprimatur da
organização, sem o nome dos autores. A Tradução do Novo Mundo das Escrituras
Sagradas foi projeto dele, publicada em 1950, as Escrituras Gregas Cristãs, nome dado
ao Novo Testamento de sua Tradução, e em 1961, lançou a tradução completa.

Knorr melhorou o programa de treinamento da organização e investiu na expansão


global, na educação “bíblica” e organizacional, e com isso superou seus antecessores.
Criou o Curso do Ministério Teocrático em 1943, então chamado de “Curso Avançado do
Ministério Teocrático”, para ajudar as testemunhas de Jeová a prepararem melhor esboço
de discurso e se expressarem de maneira correta e clara, um curso de retórica e de
pesquisa sobre assuntos bíblicos. No mesmo ano, Knorr fundou a Escola Bíblica de
Gileade da Torre de Vigia, na Fazenda do Reino, propriedade da Sociedade Torre de Vigia,
em South Lansing, NY, 410 quilômetros da cidade de Nova Iorque, para preparar
missionários para outros povos e para vários tipos de ministérios, o curso com duração de
20 semanas. Em 1959, criou a Escola do Ministério do Reino, para preparar os anciãos e
superintendentes para a liderança.

No terceiro período, sob a presidência de Knorr, o termo “corpo governante” passou a


ser usado no sentido atual, a partir de 1944, e associado aos sete membros da então
diretoria da Sociedade Torre de Vigia. A partir daí, ela passou a ser identificada como
Corpo Governante. Seus membros consideram-se a si mesmos como os únicos provedores
de alimento espiritual para a humanidade: “A Bíblia não pode ser devidamente entendida
sem se ter presente a organização visível de Jeová” (A Sentinela, 1º de junho de 1968,
página 327); “Todos nós precisamos de ajuda para entender a Bíblia, e não podemos
encontrar a orientação bíblica de que precisamos fora da organização do ‘escravo fiel e
discreto’” (A Sentinela, 15 de agosto de 1981, página 19). Com isso eles reivindicam a
mesma autoridade dos profetas e apóstolos da Bíblia. É a maior autoridade na terra para as
testemunhas de Jeová, pois representa mais do que o papa para os católicos romanos.
Russell era autoridade absoluta na organização no primeiro período, o mesmo
aconteceu com Rutherford. Na administração de Knorr, mesmo com o Corpo Governante,
era o presidente que detinha o poder absoluto. Depois de batalhas internas, entre os
próprios membros da alta cúpula do movimento, segundo Raymond Franz, que na época
era um deles, a autoridade da organização passou a ser representada pelo Corpo
Governante, entre 1975 e 1976, de um homem para um colegiado. É bom que se saiba que
a passagem do “servo fiel e prudente” (Mt 24.45Lc 12.42) é uma parábola de exortação à
vigilância, e não uma profecia. Isso, por si só, destrói completamente as pretensões do
Corpo Governante.

Um dos destaques desse período foi a profecia que marcou a Batalha do Armagedom
para o ano de 1975. A Sociedade publicou, em 1943, o livro A Verdade Vos Tornará
Livres, (1946, em português), no qual traz a revisão cronológica da organização afirmando
que a raça humana completaria 6.000 anos em 1974. Essa obra serviu de base para a falsa
profecia de 1975.9

FREDERICK WILLIAM FRANZ

Frederick Franz ou Fred Franz, como é identificado nas publicações da organização, e


Milton Henschel trabalharam juntos na administração ao lado do presidente Knorr, ambos
eram os candidatos mais prováveis para a presidência da Sociedade Torre de Vigia, mas
Franz foi aceito por unanimidade. Ambos, presidente e vice, tornaram-se íntimos de
Rutherford nos seus últimos anos. Duas semanas após a morte de Knorr, 22 de junho,
Frederick Franz tornou-se o quarto presidente da organização, aos 83 anos de idade.

Ele nasceu em Convington, Kentucky, EUA, em 12 de setembro de 1893, mas


transferiu-se com sua família para Cincinnati, em 1899, onde fez o curso médio, em 1911.
Segundo relatos da organização, ingressou “na Universidade de Cincinnati e fez curso de
humanidades. Ele decidira tornar-se pastor presbiteriano, de modo que se aplicou
diligentemente ao estudo de grego bíblico”. Leu os três primeiros volumes de Estudos das
Escrituras, o que teria auxiliado na decisão de desligar-se da Igreja Presbiteriana; foi
batizado na organização em 30 de setembro de 1913, tornou-se colportor no ano seguinte e
membro da família Betel de Brooklyn em 1920, onde serviu até sua morte, em 1992.
Nunca se casou e dedicou a vida inteira servindo na sede da organização, em Nova Iorque.

Frederick Franz foi o teólogo da organização durante a administração de Knorr, apesar


de não treinado formalmente em estudos bíblicos ou em teologia. Destacou-se nessas áreas
mais do que os seus três antecessores, por mais de 50 anos foi o teólogo da organização e
ficou conhecido como “eminente erudito bíblico”, pela Sociedade Torre de Vigia. Seu
sobrinho afirma ser ele “o mais respeitado erudito da organização”, e, em várias ocasiões,
foi chamado de “oráculo” da organização, nas reuniões do Corpo Governante. Durante a
administração de Knorr, afirma Raymond Franz “sem ser escritor nem particularmente um
estudioso das escrituras, Knorr se apoiava em Fred Franz (o vice-presidente) como uma
espécie de árbitro final em assuntos bíblicos e redator principal da organização” (Crise de
Consciência, página 80). Sua autoridade doutrinária vinha desde o tempo de Rutherford.
Em sua administração, as testemunhas de Jeová aprenderam a expressar suas crenças com
aparência bíblica. Muitos líderes foram forçados a deixar a organização em 1980 e entre
eles Raymond Franz, seu sobrinho.

MILTON GEORGE HENSCHEL

Milton Henschel foi o quinto e último presidente da organização, pois a estrutura de


governo sofreu mudanças depois da morte de Frederick Franz, que faleceu em 22 de
dezembro de 1992, aos 99 anos de idade. Em seu lugar foi eleito Milton Henschel, em 30
de dezembro de 1992, aos 72 anos de idade.

Henschel faleceu 22 em março de 2003, aos 82 anos de idade, servindo mais de 60


anos a organização. Tornou-se secretário de Knorr em 1939, antes de ser presidente,
quando ainda era supervisor da gráfica, em Brooklyn. A estrutura organizacional da
Sociedade Torre de Vigia sofreu modificações, nenhum presidente sozinho representa a
organização atualmente. Cada corporação tem o seu próprio presidente.

No Brasil, o nome da filial foi alterado de “sociedade” para “associação”, por


exigência do Novo Código Civil do Brasil; assim, agora seu nome oficial é Associação
Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.

UMA ORGANIZAÇÃO DE FALSOS PROFETAS

Russell profetizou para 1914 a batalha do Armagedom, nada aconteceu, ele mudou a
data para 1915; depois Rutherford transferiu para 1918, 1920, 1925, 1942. Nenhuma
profecia se cumpriu. Depois de sua morte, foi a vez de Frederick Franz. Na administração
de Nathan Knorr, a data foi marcada para 1975. Após a morte do terceiro presidente, veio
a profecia de que a pregação do evangelho se encerraria no século 20: “O apóstolo Paulo
servia de ponta de lança na atividade missionária cristã. Ele também lançava o alicerce
para uma obra que seria terminada em nosso século 20” (A Sentinela, 1º de janeiro de
1989, página 12). Tudo isso compromete seriamente a idoneidade espiritual do Corpo
Governante, que pretende ser o único canal de comunicação entre Jeová e o ser humano.
Aqui, os fatos falam por si só, o movimento das testemunhas de Jeová não pode ser uma
religião séria.

Segundo a Bíblia, um dos testes para identificar se o profeta é legítimo, como prova de
que estava autorizado a falar em nome de Deus, é o cumprimento de suas palavras:
Porém o profeta que presumir soberbamente de falar alguma palavra em meu nome,
que eu lhe não tenho mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, o tal
profeta morrerá. 21 E se disseres no teu coração: Como conheceremos a palavra que o
SENHOR não falou? 22 Quando o tal profeta falar em nome do SENHOR, e tal
palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o SENHOR não falou;
com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele (Dt 18.20-22).

A atitude dos dirigentes das testemunhas de Jeová é constrangedora e se insere no


contexto bíblico acima citado.
***

Sobre a tradução do novo mundo das escrituras


sagradas
A Sociedade Torre de Vigia alega em sua obra Testemunhas de Jeová -
Proclamadores do Reino de Deus que resolveu produzir sua própria tradução das
Escrituras Sagradas para “que incorporasse os benefícios da mais recente erudição, que
não fosse influenciada pelos credos e tradições da cristandade, uma tradução literal que
apresentasse fielmente o que consta nos escritos originais”, afirmando em seguida: “A
Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs, lançada em inglês em 1950,
preencheu essa necessidade” (página 609).

As testemunhas de Jeová, conforme seu livro “Toda a Escritura É Inspirada por Deus
e Proveitosa”, páginas 326-331, acreditam que se trata de “uma tradução precisa, bastante
literal, dos idiomas originais”, que expressa “clara e acuradamente a poderosa mensagem
das inspiradas Escrituras originais”. Acrescentam ainda: “Mediante a tradução literal,
pode-se transmitir de forma precisa o sabor, o colorido e o ritmo dos escritos originais”.
Chamam sua tradução de “texto claro e exato” e “uma tradução fiel da Palavra de Deus”.
Assim, rejeitam as demais versões da Bíblia, exceto as passagens selecionadas de forma
eclética para o que lhes interessa, porque seus ensinos estão fora delas. Elas acusam essas
versões de influência de filosofia mundana, de traduções pagãs e de sectarismos, e, com
isso, procuram fundamentar o argumento em defesa de seu projeto de produção de seu
texto oficial. O presente capítulo tem por objetivo mostrar a origem, as peculiaridades da
Tradução do Novo Mundo, apresentar algumas provas de sua falsificação e revelar a falta
de erudição de seus tradutores nas línguas originais da Bíblia.
HISTÓRICO
Em 1884, Russell conseguiu os estatutos para publicar a Bíblia. Ele publicou algumas
versões já conhecidas como a King James Version, mas se deu ao trabalho de publicá-las
com notas explicativas no rodapé ou com apêndices, na tentativa de fundamentar suas
crenças e práticas. Desde a fundação da Sociedade Torre de Vigia até a década de 1960,
mais de 70 versões da Bíblia, em inglês e em outras línguas, foram usadas de maneira
eclética para expor suas doutrinas. Fato curioso é o interesse especial da Sociedade Torre
de Vigia pelo Novo Testamento The Emphatic Diaglott (O Diaglotão Enfático), publicado
em 1864 por Benjamin Wilson, um estudioso de Gênova, Illinois, EUA, mas sem
formação acadêmica e membro de um grupo religioso conhecido como cristadelfianismo.9
Ela dquiriu os diretos autorais em 1892. Bruce M. Metzger, num artigo publicado em
Theology Today, em 1953, chamou O Diaglotão de “um ancestral da Tradução do Novo
Mundo”. Trata-se um Novo Testamento interlinear grego e inglês disposto em duas
colunas. Na primeira, palavra por palavra vindo abaixo de cada palavra grega o seu
significado em inglês. A segunda coluna é a tradução em inglês não-interlinear. Ainda
hoje, a Sociedade Torre de Vigia cita Benjamin Wilson como erudito como base de
autoridade em exegese e em assuntos teológicos.

Nathan H. Knorr, então presidente da Sociedade Torre de Vigia, criou em 1946 o


projeto para produzir uma versão oficial para sua organização, o qual foi executado
secretamente até a conclusão da primeira parte, as Escrituras Gregas Cristãs. O trabalho
começou em 2 de dezembro de 1947. O livro Testemunhas de Jeová - Proclamadores do
Reino de Deus conta que em 3 de setembro de 1949, numa reunião de diretores das
corporações de Nova Iorque e de Pensilvânia, o presidente “anunciou-lhes que a Comissão
da Tradução do Novo Mundo da Bíblia havia terminado o trabalho de tradução em
linguagem moderna das Escrituras Gregas Cristãs e a havia entregue à Sociedade para
publicação” (pagina 607, 608).
Na verdade, de acordo com A Sentinela, edição americana, 15 de setembro de 1950,
Nathan Knorr comunicou aos diretores a existência de uma comissão de tradução:
“anunciou aos oito diretores a existência de uma Comissão de Tradução da Bíblia Novo
Mundo e que já tinha completado a tradução das Escrituras Gregas Cristãs”. Segundo
Raymond Franz, em Crise de Consciência, com base no citado periódico, páginas 315 e
316, a Diretoria só ficou sabendo do projeto “depois que a tradução da parte das Escrituras
Gregas já tinha sido concluída e estava pronta para ser impressa” (página 83).
A primeira edição inglesa das Escrituras Gregas Cristãs (Novo Testamento) foi
lançada em agosto de 1950, na cidade de Nova Iorque. Em seguida, foram publicadas as
Escrituras Hebraicas (Antigo Testamento) em cinco volumes, volume I, em 1953; volume
II, em 1955; volume III, em 1957; volume IV, em 1958 e o volume V, em 1960. Nesse
mesmo ano, a organização publica o texto completo da sua versão em um só volume, em
inglês, a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, doravante identificada pela
sigla TNM. É a versão oficial das testemunhas de Jeová, revisada em 1970, depois em
1977 e, em seguida, 1984, ano que a organização lançou a Tradução do Novo Mundo das
Escrituras Sagradas com Referências (TNMr.), contendo referências marginais, notas,
uma concordância extensiva, mapas e 43 artigos no apêndice.

A edição em português e em mais cinco idiomas das Escrituras Gregas Cristãs foi
lançada em 1963, em Nova Iorque. A versão completa, de Gênesis a Apocalipse, foi
publicada em 1967 e revisada em 1986. Em 1969, a mesma Comissão de Tradução
produziu um texto interlinear do Novo Testamento, A Tradução Interlinear do Reino das
Escrituras Gregas, grego-inglês, à semelhança do Diaglotão Enfático, sendo que o texto
grego é o de Westcott-Hort e o texto inglês na marginal, da TNM.

Esse lançamento provocou reação no mundo acadêmico por suas características


peculiares, como a inserção do nome “Jeová” no texto das Escrituras Gregas Cristãs, a
substituição do termo “cruz” por “estaca de tortura”, a divindade de Jesus é obliterada, o
Espírito Santo é grafado com letras iniciais minúsculas (“espírito santo”). A palavra
“inferno” não aparece, a organização preferiu usar os termos na língua original, Sheol, em
hebraico, e Hades, Geena e Tártaro, em grego. Ela emprega, ainda, diversas interpolações
e modificações divergentes do sentido original.

O objetivo apresentado para levar avante o projeto de uma nova tradução da Bíblia é
incompatível com o que seus teólogos insistentemente defendem: restaurar o verdadeiro
texto das Escrituras Sagradas. O uso eclético das várias versões da Bíblia, não somente em
inglês, mas também em outras línguas, denuncia a tendência, desde muito cedo na história
do movimento, do esforço de oferecer uma roupagem bíblica para suas crenças e práticas.
Seus líderes foram criativos e constituem-se no primeiro grupo religioso isolado a
produzir a sua própria versão das Escrituras Sagradas. Apesar de sua retórica em defesa da
restauração do verdadeiro texto bíblico os fatos mostram tratar-se de um pretexto, como
muitos pesquisadores já denunciaram, para a inserção de suas crenças e práticas no texto
da TNM.

UMA TRADUÇÃO FALSA, TENDENCIOSA, VICIADA E CHEIA DE


INTERPOLAÇÃO
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define paráfrase como “interpretação ou
tradução em que o autor procura seguir mais o sentido do texto que a sua letra”. Segundo
o Novo Aurélio o Dicionário da Língua Portuguesa, paráfrase é “desenvolvimento do
texto de um livro ou de um documento conservando-se as idéias originais”. Apesar de a
Sociedade Torre de Vigia afirmar ser literal, em sua versão há inúmeras paráfrases
tendenciosas.
As testemunhas de Jeová evitam a idéia de o cristão “estar em Cristo”, pois as palavras
de Jesus, como “em mim, eu nele” ou “neles”, expressões cristãs como “em Cristo, em
Jesus Cristo, nele, no Senhor” (Jo 14.20; 15.4-7; 17.23, 26; Gl 1.16; Cl 1.27, 28) aparecem
cerca de 164 vezes nas epístolas paulinas, segundo Bruce M. Metzger, e todas essas
passagens são parafraseadas por “em união comigo, eu em união com ele” ou “em união
com eles, em união com Cristo, em união com Jesus Cristo, em união com o Senhor” na
TNM. Jesus só pode “estar em alguém” porque ele é Deus, como a Sociedade Torre de
Vigia nega essa doutrina, assim parafraseia a preposição grega en, “em”, traduzindo por
“em união” para se ajustar às suas crenças.

Interpolação é a inserção de palavras ou frases num texto “para alterar ou adulterar o


sentido, ou para completá-lo ou esclarecê-lo”, segundo o Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa. A organização usa as interpolações acrescentando para alterar o sentido do
texto na TNM. Às vezes, o uso da interpolação vem entre colchetes [ ]. Acrescenta quatro
vezes o termo “[outras]”, em Colossenses 1.16, 17, visto que não consta nenhuma vez nos
manuscritos gregos.
“Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo
foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas
subsistem por ele”.
TNM: “Porque mediante ele foram criadas todas as [outras] coisas nos céus e na
terra, as coisas visíveis e as coisas invisíveis, quer sejam tronos, quer senhorios, quer
governos, quer autoridades. Todas as [outras] coisas foram criadas por intermédio
dele e para ele. Também, ele é antes de todas as [outras] coisas e todas as [outras]
coisas vieram a existir por meio dele”.

O objetivo dessa falsificação é para transformar o Senhor Jesus de Criador em ser


criado, desse modo procuram transmitir a idéia de que Jeová teria criado o Filho como sua
primeira criatura e, em seguida, Jesus teria criado as “outras” coisas. O texto paulino, no
entanto, afirma ser Jesus o Criador de todas as coisas, o que torna a doutrina da
organização insustentável.

O mesmo acontece com as passagens de Tito 2.13 e 2 Pedro 1.1, acrescentando o


termo “[do]”, inexistente nos manuscritos e nos papiros gregos antigos das Escrituras.

“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus


e nosso Senhor Jesus Cristo”.
TNM: “Ao passo que aguardamos a feliz esperança e a gloriosa manifestação do
grande Deus e [do] Salvador de nós, Cristo Jesus”.
“Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé
igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”.
TNM: “Simão Pedro, escravo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que obtiveram uma fé,
tida por igual privilégio como a nossa, pela justiça de nosso Deus e [do] Salvador
Jesus Cristo”.

A TNM falsificou passagem de Gênesis 1.1 substituindo a palavra hebraica ruach, que
significa “vento, espírito de uma pessoa, mente, espírito de um deus”, por “força ativa
de Deus”.

“E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito
de Deus se movia sobre a face das águas”.

TNM: “Ora, a terra mostrava ser sem forma e vazia, e havia escuridão sobre a
superfície da água de profundeza; e a força ativa de Deus movia-se por cima da
superfície das águas”.

A Torre de Vigia nega a personalidade e a divindade do Espírito Santo. Em seu credo o


Espírito Santo é uma força ativa e impessoal que executa a vontade de Jeová. Agora, com
essa falsificação as testemunhas de Jeová não precisam mais torcer a Palavra de Deus,
pois os tradutores da TNM já fizeram esse trabalho. Isso se chama eisegese, introduzir
idéias externas no texto, o contrário de exegese, que extrai a idéia do interior do texto.
Aqui temos uma prova irrefutável de que o Corpo Governante transferiu sua crença
peculiar para o texto sagrado.
As testemunhas de Jeová adulteraram a passagem de Zacarias 12.10 para esconder dos
leitores da TNM que o Senhor Jesus Cristo é o mesmo Javé do Antigo Testamento.

“E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de


graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e o prantearão como
quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora
amargamente pelo primogênito”.
TNM: “E eu vou derramar sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém o
espírito de favor e de rogos, e eles certamente olharão para Aquele a quem
traspassaram e certamente O lamentarão como no lamento por um [filho] único; e
haverá lamentação amarga por ele como quando há lamentação amarga por um [filho]
primogênito”.

Na nota dessa passagem, na TNMr, o Corpo Governante remete o versículo para João
19.37, parte do relato em que um dos soldados furou o lado de Jesus com uma lança
saindo água e sangue (João 19.34). O apóstolo João declara que esse fato era cumprimento
de profecias do Antigo Testamento e cita Zacarias 12.10, a organização reconhece ser
messiânica a citada profecia. Porém, por negar a divindade de Jesus, substituíu a
expressão, “para mim, a quem traspassaram”, por “para Aquele a quem traspassaram”
trocando a primeira pessoa, elay, “para mim”, do texto hebraico, pela terceira, “para
aquele”. Essa falsificação é desastrosa, tendo sido preparada para ocultar a verdade, que o
Deus Javé de Israel está afirmando ser ele mesmo traspassado.

Tudo isso é evidência de que o Corpo Governante está mais preocupado em sustentar,
a todo custo, suas crenças do que mesmo reconhecer o que o texto sagrado realmente
ensina.

Outro exemplo de falsificação grosseira é a passagem de João 1.1.

TB: No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

TNN: No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era
deus. (Escrituras Gregas Cristãs, em português, edição de 1963 e TNM, edição de
1967).

TNN: No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um]
deus. (TNM, edição revisada de 1984).
A tradução do Corpo Governante dessa passagem bíblica é uma perversão.
Teologicamente o texto da TNM está totalmente contrário ao ensino judaico-cristão do
monoteísmo, porque tal tradução implica uma crença em dois deuses: um maior, o Todo-
poderoso — o Pai, e um menor, menos poderoso, um deus inferior — o Filho. Como disse
o Dr. Bruce M. Metzger: “Se as testemunhas de Jeová levam essa tradução a sério, elas
são politeístas. Uma tradução horripilante, errônea”. A Bíblia ensina que existe um só
Deus (Dt 6.4; Mc 12.29; Jo 13.3; 1 Co 8.6).
O Dr. J. Johnson, da Universidade do Estado da Califórnia, em Long Beach, declarou:
“Não há justificativa para traduzir THEOS EN HO LOGOS como ‘a Palavra era um deus’.
Não há paralelo sintático com Atos 28.6 onde há declaração em discurso indireto; em João
1.1 é direto… e eu não sou nem cristão, nem trinitariano”. Outros eruditos manifestaram
sua opinião reprovando a TNM, entre eles: Samuel J. Mikilasky, de Zurique, Suíça:
“Traduzir a frase ‘a Palavra era [um] deus’ é monstruoso”. O Dr. Julius R. Mantey, autor
de uma gramática grega em co-autoria com o Dr. E. E. Dana, declara: “Obsoleta e
incorreta”. Charles L. Feinberg, Portland, Oregon, respondendo a uma carta escreveu: “Eu
posso te assegurar que a tradução que as testemunhas de Jeová dão para João 1.1 não é
sustentada por nenhum conceituado erudito de grego”.

As testemunhas de Jeová falsificaram também o texto de João 8.58.

“Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse,
eu sou”.

TNM: “Jesus disse-lhes: Digo-vos em toda a verdade: Antes de Abraão vir à existência
eu tenho sido”.

“EU SOU” no texto grego aqui é ego eimi e aparece 48 vezes no Novo Testamento
grego e apenas em João 8.58 a TNM traduziu por “eu tenho sido”. A Sociedade Torre de
Vigia procura persuadir seus seguidores e o povo em geral de que Deus nunca se revelou a
si mesmo pelo título “Eu Sou”. O texto da Bíblia inglesa The Bible from 26 Translations
(A Bíblia de 26 Traduções), da Baker Book House, apresenta 26 versões inglesas da Bíblia
e nenhuma delas traduziu ego eimi, em João 8.58, por I have been “eu tenho sido”. Uma
busca na Bíblia Online da Sociedade Bíblica do Brasil ficou constatado que a expressão
“eu tenho sido” não aparece nenhuma vez sequer no Novo Testamento, e no Antigo,
apenas uma (1 Rs 19.14), nas versões Atualizada e Corrigida de Almeida. Isso mostra que
não existe a tradução “eu tenho sido” no Novo Testamento.
Querendo tornar essa idéia uma realidade, a organização trabalhou cuidadosamente os
textos bíblicos que tratam do assunto, dando uma versão nada convencional. A questão
gira em torno de dois textos bíblicos: “E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU.
Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3.14), e o
outro no Novo Testamento: “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que,
antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8.58).
No Antigo Testamento, Deus se manifestou mais de uma vez como “Eu Sou” e da
mesma forma o Senhor Jesus no Novo Testamento. A Bíblia afirma de maneira expressa e
direta que o Jesus é o mesmo Deus Javé, de Israel, além de revelar essa deidade através de
suas obras, seus atributos e seus títulos. “Eu Sou” é mais um título divino aplicado
também ao Senhor Jesus.
Javé se manifestou como o Grande “Eu Sou” em outros lugares no Antigo Testamento:
“Vede, agora, que Eu Sou, Eu somente, e mais nenhum deus além de mim…” (Dt 32.29 -
Versão Atualizada de Almeida). Somente o Deus-Javé de Israel é chamado de “EU SOU”.
Isso é confirmado em outras passagens bíblicas (Is 41.4; 43.10; 46.4; 52.6) que a
Septuaginta emprega ego eimi.
Visto que “Eu Sou” é um título divino, trata-se, logo, de uma questão de identidade e
não de idade. Jesus disse: “Por isso, vos disse que morrereis em vossos pecados, porque,
se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.24). Essa mesma expressão
reaparece em João 8.28; 13.19. O Senhor Jesus empregou a mesma linguagem de Javé,
Deus de Israel, conforme vemos na Septuaginta. Com isso Jesus afirmava ser divino
absoluto e eterno tendo consciência de eternidade que a Escritura atribui ao Pai.

Os judeus entenderam a declaração de Jesus e por isso: “pegaram em pedras para lhe
atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se
retirou” (Jo 8.59). O senhor Jesus usou a linguagem de Javé. Isso se repetiu em João
10.30-33. Os judeus entenderam o que Jesus estava dizendo e consideraram tal declaração
uma blasfêmia, pois Deuteronômio 32.39 declara que somente o Deus-Javé de Israel como
o “Eu Sou”. O Dr. Walter Martin afirma que a Lei de Moisés apresenta cinco razões que
condenam uma pessoa à morte por apedrejamento. São elas: 1) invocação de mortos (Lv
20.27); 2) blasfêmia (Lv 24.10-13); 3) falsos profetas (Dt 13.5-10); 4) filhos rebeldes (Dt
21.8-21); 5) adultério e estupro (Lv 20.10; Dt 22.2224). Veja que os judeus “pegaram em
pedras para lhe atirarem” (Jo 8.59). De qual dos pecados acima mencionados Jesus era
acusado pelos judeus? O de blasfêmia (Jo 10.32). O “Eu Sou”, aqui, diz respeito à
Identidade de Cristo e não meramente à Idade.

Diaglotão
Interlinear do Reino

Não é necessário saber grego para confirmar a falsificação. O texto da Tradução


Interlinear do Reino das Escrituras Gregas usa “eu sou”, em inglês “I am” abaixo da
expressão grega ego eimi. O mesmo acontece com O Diaglotão Enfático. Porém, o texto
da coluna, à direita, da Interlinear do Reino que é o das Escrituras Gregas Cristãs aparece
“eu tenho sido”, em inglês “I have been”. Isso é prova de que a TNM não está de acordo
com o texto grego. Aqui, o objetivo dessa tradução é dissociar Jesus do Grande “EU
SOU” de Êx 3.14. O Dr. Julius R. Mantey chamou “eu tenho sido” de tradução errônea,
em uma carta enviada à Torre de Vigia.

As testemunhas de Jeová chamam a inserção do nome “Jeová” no texto das Escrituras


Gregas Cristãs de “restauração” do nome divino. Segundo a Sociedade Torre de Vigia, a
organização restaurou o nome divino e considera isso como uma das principais
características da TNM, em Testemunhas de Jeová - Proclamadores do Reino de Deus:
“Uma das características notáveis dessa tradução é ter ela restaurado o nome divino, o
nome pessoal de Deus, Jeová, 237 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs” (página 609). Com
isso o Corpo Governante está assinando confissão de culpa, pois o Tetragrama não aparece
uma vez sequer nos manuscritos gregos do Novo Testamento e ele sabe disso e ainda ousa
chamar essa falsificação de restauração.
O Tetragrama não aparece nos manuscritos da Septuaginta, em seu lugar consta o
nome grego Kyrios, “dono, senhor, o Senhor”, o mesmo termo é usado, também, para
traduzir o nome hebraico “Adonai”. Porém, existem alguns fragmentos de origem judaica
que apresentam as quatro consoantes do nome divino. O Novo Testamento grego segue o
padrão da Versão dos Setenta, não consta o nome Javé nenhuma vez sequer, nem mesmo
nas citações diretas do Antigo Testamento. O apóstolo Paulo empregou Kyrios Tsabaoth,
em Romanos 9.29: “se o Senhor dos Exércitos nos não deixara descendência”, citando
Isaías 1.9, que no texto hebraico é Yahweh Tsebhaoth. Outro exemplo pode ser visto em
Romanos 10.13, citação direta de Joel 2.32: “Todo o que invocar o nome do Senhor será
salvo”, novamente usou Kyrios, e não o nome inefável como consta nas Escrituras dos
judeus.
Interlinear do Reino - Romanos 9.29

Interlinear do Reino – Romanos 10.13


Veja o exemplo na Interlinear do Reino acima, em Romanos 9.29, aparece o nome
grego Kyrios, “Senhor”, ou “Lord”, em inglês; porém, no texto localizado na margem,
TNM, emprega “Jeová”. Essa mesma falsificação aparece em Romanos 10.13, no texto
das Escrituras Gregas Cristãs. Isso é uma das várias provas inconstetáveis da grosseira
falsificação da organização.

A mesma coisa acontece com o texto do Antigo Testamento, pois usa o nome “Jeová”
141 vezes nas Escrituras Hebraicas nos versículos nos quais não aparecem o Tetragrama,
sendo que 133 vezes substitui o nome hebraico Adonai, “Senhor, Soberano”, outro nome
divino, e oito vezes o nome Elohim “Deus”, por “Jeová”. Tudo isso prova que a religião
do Corpo Governante não respeita os manuscritos hebraicos e gregos, nem acredita na
autenticidade e nem na autoridade deles.
O Tetragrama é inefável no judaísmo desde o período interbíblico, permanece
impronunciável pelos judeus ainda hoje, para evitar sua vulgarização. Eles pronunciavam,
por reverência, Adonai, cada vez que o encontravam no texto sagrado, na leitura da
sinagoga. A organização declara: “Não se sabe exatamente como era pronunciado, embora
alguns eruditos achem que ‘Javé’ (‘Yahweh’) seja a pronúncia correta. No entanto, a forma
‘Jeová’ já está em uso por muitos séculos e é a mais conhecida” (Poderá Viver…, página
43, § 33). É verdade que a língua hebraica é consonantal, suas vogais só apareceram a
partir do século 5 d.C. Isso talvez dificultasse a pronúncia das quatro consoantes, mas não
é verdade a declaração do Corpo Governante de que não se sabe exatamente a pronúncia
correta. A Encyclopaedia Judaica, volume 7, página 680, afirma o seguinte:

Quando os eruditos cristãos da Europa iniciaram o estudo do hebraico, eles não


compreendiam o que isto realmente significava, e introduziram o nome híbrido
Jehovah… A verdadeira pronúncia do nome YHWH nunca foi perdida. Vários
escritores do grego no princípio da igreja cristã afirmavam que o nome era
pronunciado YAHWEH. Isto é confirmado ao menos pelas vogais da primeira sílaba
do nome, a forma curta de Yah, que é algumas vezes usada em poesia (e.g. Êx. 15:2)…
O nome pessoal do Deus de Israel escreve-se na Bíblia hebraica com as quatro
consoantes YHWH, e refere-se a ele como o Tetragrama. Ao menos até a destruição do
primeiro templo em 586 a.C., esse nome era regularmente pronunciado com suas
próprias vogais, como se vê claramente nas cartas de Lachish, escritas pouco tempo
antes dessa data. (Grifo nosso).

Existe uma tradição de que os samaritanos pronunciavam o nome como Iabe. Como a
letra “b”, já no grego daqueles dias, tinha o som de “v”, como ainda hoje na Grécia, então
Yahweh (Iavé) é a pronúncia mais apropriada. Clemente de Alexandria escreveu esse
Tetragrama como Jeoue e Teodoreto de Ciro, Iabe. Há, portanto, evidências históricas de
que Yahweh ou Iavé era a pronúncia primitiva. Não se trata, portanto, de idéias ou meras
suposições de “alguns eruditos”. As testemunhas de Joevá declaram usar “Jeová”, por ser
mais conhecido e por estar em uso por muitos séculos, admitindo, assim, sua opção pela
tradição e não pela Palavra de Deus.

Na Idade Média, século 14, os rabinos inseriram no Tetragrama as vogais de Adonai,


que resultou em “YeHoWaH”. Isso para lembrar, na leitura, que esse nome é inefável e,
dessa forma, pronunciar Adonai. Esse enxerto resultou o nome híbrido YEHOWAH ou
“Jeová”, que se tornou corrente desde 1518. O nome “Jeová” é uma forma híbrida que
não aparece no Antigo Testamento Hebraico. A Encyclopaedia Britannica afirma que
“Jeová é um erro de tradução do nome do Deus de Israel. O erro resultante entre
cristãos na Idade Média por combinar as consoantes Yhwh (Jhwh) com as vogais de
Adonai, ‘Senhor’” (vol. 12, edição de 1973, página 991). Estudos recentes provaram
que a pronúncia original era Yahweh, que aportuguesada, Iavé ou Javé, é na atualidade
universalmente aceita, afirma o Dicionário Teológico do Antigo Testamento, de
Botterweck & Ringgren (editores), vol. V, página 500. Assim, a Sociedade Torre de
Vigia escolheu um nome não-bíblico como centro de suas crenças e práticas.

Cetnar, em Perguntas para as Testemunhas de Jeová, página 39, apresenta uma lista de
enciclopédias em que confirma ser “Jeová” um nome híbrido, e que a pronúncia primitiva
era Yahwer: “Leitura falsa do hebraico, Jahweh” (Dicionário Colegial Webster); “É uma
forma errônea do nome do Deus de Israel” (Encyclopédia Americana); “Forma falsa do
nome Divino Yahweh” (Nova Enciclopédia Católica); “Palavra mal pronunciada do
hebraico YHWH, nome de Deus. Essa pronúncia é gramaticalmente impossível. A forma
Jehovah é uma possibilidade filológica” (Enciclopédia Judaica); “Erro de pronúncia do
Tetragrama, ou palavra de quatro letras do nome de Deus, composto pelas letras em
hebraico, Yod, He, Vav, He, a palavra Jehovah, portanto, é erroneamente lida; para esta não
há garantia, e não faz sentido em hebraico” (A Enciclopédia Judaica Universal); “É uma
forma errônea do nome divino do Deus da aliança de Israel” (A Nova Enciclopédia Schaff
- Herzog); “É uma forma artificial” (Dicionário dos Intérpretes da Bíblia); “As vogais de
uma palavra com as consoantes das outras foram lidas erradamente como Jehovah”
(Enciclopédia Internacional); “É uma reconstrução incorreta do nome de Deus do Antigo
Testamento” (Enciclopédia de Mérito para Estudantes).

Sobre a cruz de Cristo. A Sociedade Torre de Vigia usava como símbolo uma coroa
vazada pela cruz. Foi durante a administração de Rutherford, a partir de 1930, que se
substituiu a cruz pela estaca de tortura. Com a publicação das Escrituras Gregas Cristãs o
Corpo Governante transferiu essa crença peculiar para o texto da TNM. O substantivo
grego stauros significa, segundo os melhores dicionários e léxicos de grego, “cruz,
empalação, enforcamento, estrangulamento, estaca” e aparece 27 vezes no Novo
Testamento e o verbo correspondente 46. É verdade que não existe uma definição única
para o termo. Essa palavra por si só não diz a técnica nem a forma exata da execução. Para
saber com mais exatidão como isso era feito é necessário de antemão conhecer em que
região, em que época e sob que autoridade foi executada a sentença, além de identificar o
ponto de vista do escritor que emprega o referido vocábulo.
Segundo o Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, de Colin
Brown, editor geral, a palavra stauros podia ser uma viga transversal apenas ou uma
estaca, ou ainda os dois juntos, seu emprego como “estaca” é apenas uma possibilidade, e
não necessariamente uma afirmação, levando em conta data, local e governo. A pena de
morte pela cruz era uma prática conhecida na Grécia e em Cartago, “pode ser que os
romanos até a adotassem dos cartagineses… é certo que somente os romanos praticavam
esta forma de execução” páginas 557, 558. Nos dias de Cristo existiam três tipos de cruz, a
saber: cruz de Santo André, do formato de um “X”; cruz comissa, ou de Santo Antonio, da
forma de um “T”, e a cruz immissa, a mais familiar no simbolismo cristão.

O testemunho da História depõe contra o Corpo Governante. Plauto, teatrólogo


romano (254-184 a.C.), foi quem mais escreveu sobre a cruz e a crucificação em Roma.
Em sua peça, Miles Gloriosus, (O Soldado Fanfarrão), descreve o processo de
crucificação aplicado pelos romanos. Ele faz menção a duas peças de madeira, o stipes,
tronco, estaca vertical, fincada no solo e o patibulum, a viga transversal: “a ti, que hás de
morrer fora da porta, de mão estendida, depois de trazeres o patibulum” (versos 359, 360).
Essa descrição é confirmada, mais tarde, por Justino, o Mártir (Diálogo com Trifão 40.3;
90.4; 91.1).

Foi encontrado em 1968, numa região de Jerusalém, um ossuário em que havia ossos
de um jovem que fora crucificado no primeiro século do cristianismo. Um prego tinha sido
posto em cada antebraço, atravessando-os, e outro atravessando os dois calcanhares, com
as duas pernas quebradas, como as pernas dos dois malfeitores que foram crucificados ao
lado do Senhor Jesus, mencionados em João 19.32.

As testemunhas de Jeová não precisam de provas históricas e arqueológicas


consistentes, basta que vejam em sua própria TNM a passagem de João 20.25:
“Conseqüentemente, os outros discípulos diziam-lhe: “Temos visto o Senhor!” Mas, ele
lhes disse: “A menos que eu veja nas suas mãos o sinal dos pregos e ponha o meu dedo no
sinal dos pregos, e ponha a minha mão no seu lado, certamente não acreditarei” (grifo
nosso), pois a ilustração padrão da Sociedade do cenário do Calvário é um Jesus
pendurado numa estaca, com as duas mãos para cima e um só cravo fixado nelas. Isso
pode ser visto em Poderá Viver…, página 170, em Conhecimento Que Conduz à Vida
Eterna, página 67 e em O Que a Bíblia Realmente Ensina?, página 52. A falsificação do
texto de João 20.25 é um tiro no pé, pois desfaz em cinzas todo o argumento em favor da
estaca de tortura.
O Que a Bíblia Realmente Ensina?, página 52.

Sobre a vinda de Cristo. O termo grego parousia, segundo Liddell & Scott, significa
“presença, de pessoas, chegada; visita de um personagem, rei ou oficial; ocasião; NT, o
advento”. Aparece 24 vezes no Novo Testamento grego, porém a TNM não traduziu uma
vez sequer por “vinda”, porque as testemunhas de Jeová acreditam que Jesus veio em
1914, mas invisivelmente; assim, transformam a vinda de Cristo em “presença invisível”,
doutrina com a qual Russell iniciou o seu movimento.
As amostras apresentadas indicam ser a TNM uma versão tendenciosa, viciada e cheia
de interpolação preparada para transferir suas crenças e práticas para o texto sagrado,
sendo muito inferior às versões que rejeitam.
QUALIFICAÇÃO DE SEUS TRADUTORES
A Sociedade Torre de Vigia nunca divulgou os nomes dos seus “tradutores”. Frederick
W. Franz disse o seguinte ao justificar esse anonimato: “O comitê da tradução queria que
ela permanecesse anônima, e não buscava qualquer glória ou honra para a obra da
tradução, tendo quaisquer nomes ligados a ela”. Porém, esse manto de humildade é, na
verdade, um pretexto, segundo Cetnar: falta de qualificação acadêmica e não
reconhecimento da paternidade da tradução. O problema era a qualificação deles como
autoridades nas línguas originais e a responsabilidade pela obra. Nenhum deles conhecia
as línguas hebraica e grega. William Cetnar, que trabalhou na sede mundial entre 1950 e
1962 e conheceu a todos, afirmou em sua obra Perguntas para as Testemunhas de Jeová,
página 68 (em inglês):

Quando eu estava em Betel, os trabalhos na TNM estavam em andamento, e boa parte


estava completa. A Comissão de Tradução pediu que os nomes dos tradutores fossem
mantidos em sigilo, mesmo depois da morte (Jehovah’s Witnesses in the Divine
Purpose, p. 258). Eu, sabendo quais eram os tradutores, pois todos sabiam disso em
Betel, eu também, se estivesse na Comissão de Tradução, desejaria que o meu nome
fosse mantido em sigilo. Era duplo o motivo para o anonimato dos tradutores: (1) as
qualificações dos tradutores não poderiam ser verificadas e avaliadas, e (2) não haveria
ninguém para assumir a responsabilidade pela tradução.
Segundo minha observação, N.H. Knorr, nascido em 23/04/1905, batizado em 1922,
Cedar Point, Ohio, e falecido em 05/06/1977 aos 72 anos de idade. F. W. Franz, 4º
presidente, nascido em 1893, Albert D. Schroeder, G. D. Gangas, e M. Henschel
reuniram-se nessas sessões de tradução. À parte do vice-presidente Franz (com preparo
teológico limitado) nenhum dos membros da Comissão tinha escolaridade ou
antecedentes suficientes para operarem como tradutores bíblicos críticos. A capacidade
de Franz para realizar um trabalho erudito de traduzir o Hebraico é bem questionável,
porque nunca teve curso formal de Hebraico.
Raymond Franz, mais tarde, em Crise de Consciência, menciona quatro dos cinco
nomes apresentados por Cetnar, não aparece Milton Henschel, afirmando que seu tio
estudou grego dois anos na Universidade de Cincinnati:

A Tradução do Novo Mundo não traz o nome de nenhum tradutor e é apresentada como
resultado anônimo da ‘Comissão da Tradução do Novo Mundo’. Outros membros
dessa comissão eram Nathan Knorr, Albert Schroeder e George Gangas; entretanto,
Fred Franz era o único com suficiente conhecimento dos idiomas bíblicos a tentar uma
tradução deste tipo. Ele havia estudado grego durante dois anos na Universidade de
Cincinnati, mas era apenas autodidata em hebraico (página 70).

Segundo Penton, em Apocalipse Atrasado…, página 174, com base nessa declaração, a
TNM é obra de Frederick Franz: “Assim, para todas tentativas e propósitos a Tradução do
Novo Mundo é a obra de um único homem - Frederick Franz”. Raymond Franz afirma que
ele era “apenas autodidata em hebraico”, que estudou “grego durante dois anos na
Universidade de Cincinnati”, mesmo assim isso é considerado pelo seu sobrinho como
“suficiente conhecimento dos idiomas bíblicos a tentar uma tradução deste tipo”.
Macmillan, em Fé em Marcha, declara que Frederick Franz era erudito em hebraico e em
grego: “Além do espanhol, Franz tem um conhecimento fluente de português e alemão e é
conhecedor do francês. Ele também é um erudito em hebraico e grego, bem como em
siríaco e latim, e tudo isto contribui para fazê-lo uma figura de inteira confiança na equipe
editorial do Presidente Nathan Homer Knorr” (páginas 181, 182).

A declaração de Raymond Franz não confere com a de Macmillan e nem com a de


Cetnar, pois erudito é quem faz estudos avançados numa determinada área, trata-se de
quem tem profundo conhecimento sobre determinado assunto. Um ex-betelita, Paul
Blizard, investigou o assunto. Segundo ele, o único curso de grego bíblico oferecido pela
Universidade de Cincinnati, naquela época, era “O Novo Testamento - Um Curso de
Gramática e Tradução”, de duas horas, apresentado no catálogo de 1911, página 119, que
não passa de uma introdução ao grego do Novo Testamento. No grego clássico, continua
Blizard, ele obteve 21 horas de aula. Isso não confere com a declaração do próprio
Frederick Franz em sua autobiografia: “À continuação do meu estudo de latim acrescentei
então o estudo do grego. Que bênção era estudar o grego bíblico com o Professor Arthur
Kinsella! Com o Dr. Joseph Harry, autor de várias obras gregas, estudei também o grego
clássico” (A Sentinela, 1º de maio de 1987, página 24).
Segundo Blizard, Franz só teve 15 horas de latim, o hebraico e o siríaco não eram
ensinados na Universidade de Cicinnati. Sobre o curso de grego, afirma em seu site, na
Internet: “Franz só teve uma disciplina de ‘grego bíblico’, que valia 2 horas de créditos.
As restantes 21 horas de grego eram grego clássico… Também digno de nota é que,
segundo o catálogo do curso de 1911, Arthur Kensella não tinha um Ph.D. Por essa razão,
Kensella dava aulas de nível introdutório”.

Cetnar afirma também que num julgamento na Escócia, foi solicitado para Frederick
Franz a fazer a tradução do texto hebraico de Gênesis 2.4, mas este não conseguiu e
assumiu o fato de não possuir conhecimento da língua hebraica, por isso não tentaria
traduzir (páginas 68, 69, 102).
Os fatos aqui apresentados mostram de maneira incontestável que se trata de uma
tradução destituída de valor crítico e exegético, não é erudita, nem literal e nem fiel aos
escritos originais. É tradução de tradução, como ela mesma afirma: “Tradução da versão
inglesa de 1961 mediante consulta constante ao antigo texto hebraico, aramaico e grego”,
portanto, de segunda mão. Esse é o tema do meu livro Testemunhas de Jeová – A inserção
de suas crenças e práticas no texto da Tradução do Novo Mundo, publicado pela Editora
Hagnos como resultado da dissertação de mestrado, na área de Ciências da Religião,
apresentada em 22 de outubro de 2007 na Universidade Presbiteriana Mackenzie de São
Paulo.

Os dirigentes das testemunhas de Jeová praticam justamente aquilo que criticam e


fazem isso porque a TNM foi preparada para dar sustentação às crenças e práticas das
testemunhas de Jeová, como afirma Hoekema, em As Quatro Maiores Seitas, em inglês:
“sua Tradução do Novo Mundo da Bíblia não é de modo nenhum uma versão objetiva do
texto sagrado para o inglês moderno, é antes uma tradução tendenciosa na qual muitos
dos peculiares ensinos da Sociedade Torre de Vigia são infiltrados às escondidas para
dentro do texto da própria Bíblia” (página 238, 239 – grifo nosso).

O projeto para a produção da TNM, segundo apologistas, pesquisadores e críticos, foi


idealizado para adaptar tal versão aos seus ensinos. David Reed,10 em As Testemunhas de
Jeová Refutadas Versículo por Versículo, página 18, afirma que a TNM “sistematicamente
se dispõe a eliminar a evidência da divindade de Cristo” (página 18). Ela “contém uma
série de modificações introduzidas ao texto com o único propósito de sustentar as
doutrinas da Sociedade” (página 17). Até hoje, nenhum grupo religioso que ostenta a
bandeira do cristianismo interessou-se por ela, é exclusividade da religião do Corpo
Governante, só interessa a sua organização religiosa.

O Corpo Governante fez algo parecido com a proposta do teólogo neo-ortodoxo e


existencialista Rudolf Bultmann. Sua idéia era de que muitos relatos do Novo Testamento
estavam eivados de elementos mitológicos, sendo mero produto de imaginação superativa.
A tarefa, portanto, do cristão moderno seria demitizar a Bíblia e só depois de despojar as
Escrituras dos mitos religiosos ela se torna revelação de Deus aos seres humanos,
chegando-se à verdadeira mensagem do amor de Deus em Cristo. É verdade que não é
essa a crença das testemunhas de Jeová, mas o princípio é o mesmo, pois afirmam que o
texto sagrado não chegou incólume aos nossos dias, por isso não respeitam nem mesmo os
manuscritos hebraicos e gregos. Acreditam haver restaurarado a Bíblia e que as outras
versões não podem ser a revelação plena de Deus. Os muçulmanos e os mórmons também
pregam ter sido a Bíblia falsificada.
A Sociedade Torre de Vigia arrancou das Escrituras Sagradas o inferno, a Trindade, a
deidade de Jesus, a divindade e a personalidade do espírito Santo e a sobrevivência da
alma após a morte. A TNM é um instrumento extremamente nocivo à fé cristã e
responsável pela construção de um pensamento teológico falso que conduz as pessoas a
um cristianismo inadequado. As testemunhas de Joevá não observaram as advertências
divinas para quem tira ou acrescenta qualquer palavra da Bíblia: “Nada acrescentareis à
palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do
SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando” (Dt 4.2). Essa ordem é reiterada ainda em
Deuteronômio 12.32; Provérbios 30.5, 6. Em Apocalipse 22.18, 19 há ameaça de maldição
para quem ousa acrescentar ou diminuir algo na Palavra de Deus.
***

Sobre a Santíssima Trindade


Segundo relato da própria Sociedade Torre de Vigia, em seu livro Testemunhas de
Jeová Proclamadores do Reino de Deus, todos os pais na fé de Russell foram dissidentes
das igrejas protestantes que se uniram ao movimento millerista. Com o fracasso de
William Miller, eles formaram grupos adventistas independentes, são eles: Jonas Wendell,
George W. Stetson, George Storrs e Nelson H. Barbour. Deles recebeu as idéias centrais de
sua teologia. Porém, os adventistas defendiam a doutrina da Trindade, não havendo
registros de que os mestres e guias espirituais de Russell se opusessem a isso. Ao
contrário, o livro Três Mundos e a Colheita Deste Mundo, que ele publicou em co-autoria
com Barbour em 1877, apresenta uma defesa à doutrina da Trindade e da personalidade do
Espírito Santo contra a doutrina dos cristadelfianos, movimento que nega essa doutrina.
Russell só começou a argumentar contra a personalidade do Espírito Santo e atacar o
trinitarianismo, adotando a crença de Ário, em 1882. O volume 5 de Estudos das
Escrituras, de sua autoria, publicado em 1889, é o seu tratado antitrinitarianista. Aí está a
base dessa teologia das testemunhas de Jeová, porém procuram até hoje dar às suas
crenças uma roupagem bíblica. Com argumentos ardilosos, pregam de casa em casa uma
teologia rejeitada pela ortodoxia cristã, repudiada pelos pais da Igreja, pelos reformadores
do século 16 e sem apoio bíblico.
ARGUMENTOS BÁSICOS DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Em 1989 a Sociedade Torre de Vigia publicou uma brochura11 intitulada Deve-se Crer
na Trindade?, cujo propósito é provar para o povo que a Trindade não é bíblica e que sua
origem está no paganismo. Trata-se de um manual de combate ao trinitarianismo.
Constitui-se de 135 citações de dicionários, enciclopédias e outras obras teológicas, mas
fora do seu contexto. As passagens bíblicas são igualmente manipuladas fora do contexto
para dar sustentação às suas crenças. A organização cita O Novo Dicionário da Bíblia da
seguinte forma: “diz certa publicação protestante”, em seguida transcreve o texto: “A
palavra ‘trindade’ não pode ser encontrada na Bíblia… não encontrou lugar formal na
teologia da igreja senão já no quarto século” (página 5).
O dicionário, em apreço, é o das Edições Vida Nova, vol. III, página 1633, mas o
problema é que na referida citação, a organização omitiu nas reticências o seguinte: “… e,
embora tivesse sido empregada por Tertuliano, na última década do segundo século de
nossa era”. De modo que o texto na sua íntegra seria: “A palavra ‘trindade’ não pode ser
encontrada na Bíblia e, embora tivesse sido empregada por Tertuliano, na última década
do segundo século de nossa era, não encontrou lugar formal na teologia da igreja senão já
no quarto século”. Essa falta de honestidade intelectual é mantida nas demais citações da
brochura. O objetivo da Sociedade Torre de Vigia é provar aos seus leitores que a doutrina
triniariana não existe na Bíblia, tendo surgido somente no quarto século afirmando “desde
que a religião da cristandade passou a destacar-se no quarto século, elea tem provado que
é inimiga de Deus e da Bíblia” (Qual É o Objetivo da Vida?, página 17). Assim, omite a
parte que fala de sua existência desde os dias de Tertuliano de Cartago, falecido em 222
d.C. As testemunhas de Jeová pensam poder com isso desacreditar a Trindade. Estão
equivocadas, pois nenhuma doutrina cristã foi formulada definitivamente antes do
Concílio de Nicéia, em 325.

Os cristãos dos três primeiros séculos da Era Cristã adoravam as três Pessoas da
Trindade. Justino, o Mártir viveu entre 100-165, defendia a divindade de Jesus: “sendo
Verbo e Primogênito de Deus, e também é Deus” (I Apologia 63.15); “para demonstrar
que Cristo é figuradamente chamado, pelo Espírito Santo, Deus, Senhor das potências e
Jacó” (Diálogo 36.2); “Demonstrei profundamente que Cristo, que é Senhor e Deus, Filho
de Deus” (Diálogo 128.1). Afirmou, ainda, adorar o Pai, o Filho e o Espírito Santo: “do
Deus verdadeiríssimo, Pai da justiça… A ele e ao Filho… e ao Espírito profético, nós
cultuamos e adoramos, honrando-os com razão e verdade” (I Apologia 6.1,2).
Irineu de Lião viveu entre 125-202, foi discípulo de Policarpo e este do apóstolo João,
dizia ser Jesus Deus: “o Salvador dos que se salvam, Senhor dos que estão submetidos
ao seu poder, Deus das coisas criadas, Unigênito do Pai, Cristo profetizado e Verbo de
Deus, encarnado quando veio a plenitude do tempo em que o Filho de Deus se devia
tornar Filho do Homem” (III Contra as Heresias 16.7); “diante de Cristo Jesus, nosso
Senhor, Deus, Salvador e Rei” (I Contra as Heresias 10.1). E, Tertuliano de Cartago
(155-222), conhecido como o Pai do Cristianismo Latino, criou 509 novos
substantivos, 284 novos adjetivos e 161 nosos verbos na língua latina. Pertence a ele a
paternidade do termo latino trinitas “trindade”. Todos esses escritores viveram antes
do século quarto, logo as testemunhas de Jeová estão equivocadas nas saus cusações.

A Sociedade Torre de Vigia apresenta alguns obstáculos contra a doutrina bíblica da


Trindade: 1) Alega que essa crença existia entre povos pagãos da antiguidade como
egípcios, babilônios, hindus e outros povos. Apresenta uma série de gravuras de tríades e
divindades da antiguidade, nas páginas 2 e 10 de Deve-se Crer na Trindade?, na tentativa
de convencer seus leitores de que a Trindade é uma crença pagã. 2) O termo “trindade”
não aparece na Bíblia, diz a Torre de Vigia: “De fato, a palavra ‘Trindade’ nem aparece na
Bíblia”. 3) A Torre de Vigia declara que afirmar ser a Trindade um mistério não satisfaz.
Afirma não ensinar mistérios, mas apenas aquilo que a mente humana pode compreender.

Deve-se Crer na Trindade?, página 2


Esses argumentos são artificiais e inconsistentes. Sempre houve entre os pagãos
crenças e práticas parecidas com as doutrinas bíblicas, tais como o sacrifício em
holocausto com sangue de animais, a figura do sacerdote etc. As gravuras apresentadas
pelas testemunhas de Jeová são tríades e nenhuma delas representa uma trindade. Por
exemplo: na página 2, a gravura egípcia ali é de apenas três dos muitos deuses, e não uma
trindade: Amon-rá, Ramsés II e Mut são três deuses, e não três pessoas numa só
divindade. Da mesma forma, na página 10, os deuses egípcios Hórus, Osíris e Ísis são
deuses dentre os demais do Egito antigo, e não uma trindade. De igual modo ocorre com a
gravura nº 2, de Babilônia, e a nº 3, de Palmira, na Síria. Essa série de gravuras não
oferece as bases para Corpo Governante fundamentar sua acusação inconsistente.
O fato de algumas dessas comunidades terem suas tríades não prova que a Trindade
seja uma doutrina pagã e, por outro lado, tríade é uma coisa, trindade é outra. Ainda que
essas gravuras provassem trindades pagãs, mesmo assim, não seriam necessariamente
provas suficientes para fundamentar a tese do Corpo Governante. Primeiro, porque a
Trindade está presente em toda a Bíblia, que são provas robustas e indestrutíveis.
Segundo, por causa da teologia natural, verdades naturais de que o homem, pela sua
própria consciência e intuição, tem conhecimento que muitas vezes trazem lampejos
daquilo que está na Bíblia. A própria Sociedade Torre de Vigia reconhece isso com relação
a outras crenças da organização. Ela afirma, por exemplo, que havia entre os pagãos o
relato paralelo sobre o dilúvio (Boas Novas Para Torná-lo Feliz, página 83). Afirma ainda
que o batismo cristão é uma modificação de práticas egípcias, babilônicas e gregas (A
Sentinela, 1º de abril de 1993, página 4). Nem por isso o Corpo Governante admite que
suas crenças sejam pagãs, pois crê no dilúvio bíblico e pratica o batismo nas águas.

Deve-se Crer na Trindade?, página 10


Quanto ao segundo argumento, perguntamos se o problema é com a doutrina ou com o
nome dela, ou seja, estamos lidando com teologia ou com nomenclatura? A doutrina da
Trindade é bíblica, está presente desde o Gênesis até o Apocalipse, apenas o termo
“trindade” não aparece na Bíblia. Isso não significa que essa doutrina não exista, e nem
quer dizer que não seja bíblica. A palavra “teocracia” não aparece na Bíblia, contudo as
Escrituras ensinam que houve em Israel um governo teocrático. O vocábulo “onisciente”
não está registrado na Bíblia, nenhuma vez sequer, contudo a Bíblia ensina que Deus é
onisciente. “Trindade” é uma palavra de caráter teológico que foi dada à divindade, no
final do segundo século, por Tertuliano de Cartago, ao escrever contra o modalismo do
heresiarca Praxeas:

Todos são de um, por unidade de substância, embora ainda esteja oculto o mistério da
dispensação que distribui a unidade numa Trindade, colocando em sua ordem os três,
Pai, Filho e Espírito Santo; três contudo, não em essência, mas em grau; não em
substância, mas em forma, não em poder, mas em aparência, pois eles são de uma só
substância e de uma só essência e de um poder só, já que é de um só Deus que esses
graus e formas e aspectos são reconhecidos com o nome de Pai, Filho e Espírito Santo
(Contra Práxeas, II).
O fato de a nomenclatura vir depois do fechamento do Cânon Sagrado não quer dizer
que ela não exista ou que essa doutrina não seja bíblica.

Estranho é que no terceiro argumento, os teólogos das testemunhas de Jeová afirmam


“não ensinar mistérios, mas apenas aquilo que a mente humana pode compreender”,
entretanto, ensina que ninguém pode compreender a eternidade de Deus, mencionada no
salmo 90.2 (Raciocínios à Base das Escrituras, páginas 123). Admitem, portanto, que a
eternidade de Deus é incompreensível à razão humana, mas acreditam nela. Esse mistério
da Santíssima Trindade pode não satisfazer à organização, mas é um ensino da Bíblia:
“Verdadeiramente tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o Salvador”; ou: “Tu és
Deus misterioso” (Is 45.15 Versão Atualizada de Almeida). A concepção virginal de Jesus
no ventre de Maria é um mistério profundo, disse o apóstolo Paulo: “Grande é o mistério
da piedade, aquele que se manifestou em carne” (1 Tm 3.16), e por que a Sociedade Torre
de Vigia não diz também: “não satisfaz”? A Bíblia ensina que nem todos podem crer nisso
“porque a fé não é de todos” (2 Ts 3.2). As doutrinas bíblicas são reveladas e não
concebidas pela razão humana. Deus não é concebido por meio de um raciocínio lógico,
nem por uma demonstração matemática. Não é esse o método, nem o caminho para se
chegar a Deus. O processo que Deus estabeleceu para o homem achá-lo é o caminho da fé
(Hb 11.1-3). Deus é Senhor e Soberano e revelou-se a si mesmo em seus atributos, em seu
nome e em sua natureza pela sua Palavra. Ele, portanto, dar-se a conhecer ao homem por
meio de sua Palavra e como quer.

O MONOTEÍSMO BÍBLICO E A TRINDADE

As Escrituras ensinam que existe um só Deus e que Deus é um só. Essa doutrina vem
desde o Antigo Testamento (Dt 6.4; 2 Rs 19.15; Ne 9.6; Sl 83.18; Sl 86.10). O Deus de
Israel, revelado nas Escrituras dos judeus, é o mesmo Deus do cristianismo (Mc 12.29-32).
Os cristãos herdaram dos hebreus não apenas o seu monoteísmo, mas também outros
aspectos teológicos e éticos. A igreja nasceu no contexto judaico, tanto seu fundador, o
Senhor Jesus Cristo, como seus apóstolos eram judeus (Jo 4.22). A leitura dos primeiros
dez capítulos do livro de Atos dos Apóstolos mostra a cultura judaica muito presente na
vida dos primeiros cristãos. O Senhor Jesus não somente ratificou o monoteísmo judaico
do Antigo Testamento como também afirmou que o Deus Javé de Israel, mencionado em
Deuteronômio 6.4-6, é o mesmo Deus que ele revelou aos homens e que os cristãos devem
amá-Lo acima de todas as coisas e segui-Lo com devoção.

O apóstolo Paulo pregava para judeus e gentios o mesmo Deus revelado por Jesus: “O
Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a sua vontade, e vejas
aquele Justo, e ouças a voz da sua boca” (At 22.14). Veja o que ele ensina nas epístolas
“Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um
só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele” (1 Co 8.6). “Ora, o
medianeiro não o é de um só, mas Deus é um” (Gl 3.20). “Um só Deus e Pai de todos, o
qual é sobre todos, e por todos e em todos vós” (Ef 4.6).
Visto que o Antigo e o Novo Testamento atestam o monoteísmo, como fazer com a
Trindade? A mesma Bíblia que ensina haver um só Deus, e que Deus é um só, ensina
também que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. O nome “Deus” se
aplica ao Pai sozinho (Fp 2.11), da mesma forma ao Filho (Cl 2.9) e ao Espírito Santo (At
5.3,4). Aparece, na maioria das vezes, com referência à Trindade (Dt 6.4). Isso também
ocorre com o Tetragrama, pois aplica-se ao Pai sozinho (Sl 110.1), ao Filho (comp. Is
40.3; Mt 3.3), e ao Espírito Santo (Ez 8.1, 3). No entanto, aplica-se à Trindade (Dt 6.4; Sl
83.18). Isso não é triteísmo, mas a Santíssima Trindade.

O Novo Testamento não contradiz o Antigo, mas torna explícito o que dantes estava
implícito, pois a unidade de Deus não é absoluta. Deus não é uma mônoda estéril, de
modo que as Escrituras Sagradas dos judeus revelam a unidade na Trindade, ao passo que
o Texto Sagrado da Nova Aliança revela a Trindade na unidade. A doutrina da Trindade
não neutraliza ou contradiz a doutrina da Unidade; da mesma forma, a doutrina da
Unidade não anula a Trindade. A Trindade bíblica pregada pelos cristãos consiste em um
só Deus em três Pessoas, não três deuses.

Visto que a Bíblia afirma existir um só Deus e que Deus é um só, revelando o Pai
como o Deus-Javé, da mesma forma o Filho e o Espírito Santo, isso significa um só Deus
subsistente em três Pessoas e não três Deuses. É por essa razão que afirmamos que a
Trindade é um mistério. Se Deus pudesse ser sondado e esquadrinhado pela mente
humana, seria limitado e deixaria de ser Deus. O problema das seitas é que elas querem
explicar e entender Deus, mas a Bíblia nos ensina a crer Nele (Hb 2.4; Rm 1.17) e não a
esquadrinhá-Lo: “Não há esquadrinhação do seu entendimento” (Is 40.28); veja ainda
Romanos 11.33, 34.

Até reconhecemos que o termo “pessoa” é inadequado para aplicar às três identidades
distintas da Trindade. Os pais da Igreja evitavam usar esse termo para identificar o Pai, o
Filho e o Espírito Santo na Trindade. A palavra “pessoa” vem do grego prosopon, “rosto,
face, expressão”, e pessoa é um termo menos técnico, pois nas controvérsias cristológicas
do quarto século usava-se hipostasis ou subsistentia, para se referir às pessoas da Trindade
ou à pessoa de Cristo. Seu equivalente latino é persona, termo usado por Tertuliano com o
sentido de “máscara” para refutar as heresias sabelianistas. Essa palavra tinha conotação
com a máscara que o ator usava para representar um personagem no teatro grego.
Aplicando essa palavra para o que chamamos de “Pessoas”, na Trindade, poderia induzir
alguém ao sabelianismo ou modalismo. Por essa razão, os pais da igreja preferiam chamar
essas “Pessoas” de homoousios, “um ser”, ou hipostasis, “forma de ser ou de existir”.
Hipóstase vem de duas palavras gregas hypo “sob” e istathai “ficar”. Nas discussões
teológicas sobre a doutrina da Trindade, na era da patrística, era usada como sinônimo de
ousia “essência, ser”. O reformador protestante Calvino preferia chamar de Subsistentia.
O nosso conceito da palavra “pessoa” diz respeito à parte consciente do homem que
pensa, decide e sente, constitui seu caráter, identidade e individualidade. Por isso não
devemos confundir “pessoa” com o “homem”. A pessoa é o “eu” de cada um. É até
possível o uso alternativo de “pessoa” e “homem” como ser, indivíduo, sujeito,
personalidade, identidade, caráter, mas isso nunca deve acontecer quando o assunto diz
respeito às três Pessoas da Trindade. Nesse caso é necessário haver restrição, pois não se
trata de três seres, indivíduos ou sujeitos, mas de três identidades conscientes. A Trindade
é a união de três identidades pessoais em um só Ser, Indivíduo, Deus, uma só substância
ou essência. A natureza divina é uma, mas as Pessoas divinas, três. Quando falamos,
portanto, das três Pessoas da Trindade, não estamos falando de três Seres.

BASES BÍBLICAS DA TRINDADE

A Trindade é a união de três Pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, em uma só


Divindade, sendo iguais, eternas, da mesma substância, embora distintas, sendo Deus cada
uma dessas Pessoas. O Credo Atanasiano afirma: “Adoramos um Deus em trindade e
trindade em unidade. Não confundimos as Pessoas, nem separamos a substância”. Os
modalistas e unicistas modernos confundem as Pessoas e contrariam as Escrituras, que
revelam as três pessoas distintas, por exemplo, na passagem do batismo de Jesus, o
Espírito Santo vindo sobre ele e o Pai falando do céu (Mt 3.16, 17). Há inúmeras
referências nos evangelhos em que Jesus deixa claro o fato dele ser uma pessoa e o Pai
outra (Jo 8.17,18). As testemunhas de Jeová, porém, separam a substância, também
contradizendo o ensino bíblico, pois a Bíblia apresenta os três em condições de igualdade
(Mt 28.19). Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30).

Muitas vezes, a Sociedade Torre de Vigia apresenta uma definição errônea da doutrina
da Trindade para facilitar o seu argumento e desviar o povo da verdade. Afirma
maldosamente: “a Trindade que consiste de três pessoas, ou Deuses, em um só”. A
organização sabe que os trinitarianos não admitem a idéia de “três Deuses”, mas de três
Pessoas distintas em uma só deidade. Isso prova a maldade do Corpo Governante, por isso
muitas testemunhas de Jeová pensam que a Trindade significa “três Deuses”. Outro
artifício, igualmente maldoso é o argumento de que a Trindade não existe porque o Pai é
uma pessoa distinta do Filho: “O Deus verdadeiro é uma Pessoa, distinta de Jesus Cristo”.
A Trindade não significa “três Pessoas em uma só Pessoa”, isso é sabelianismo, mas “três
Pessoas em um só Deus”.

Mateus 28.19

“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do


Espírito Santo” (Mt 28.19). Apesar de a Bíblia ensinar a unidade de Deus, convém nunca
perder de vista que em nenhum lugar afirma que ele é uma mônada estéril, mas ensina
existir eternamente em três pessoas. Deus é amor (1 Jo 4.8) e esse amor é eterno (Jr 31.3).
Quem, pois, ele amava na eternidade passada? Jesus era o Filho antes mesmo de vir ao
mundo, pois está escrito: “Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo” (1 Jo 4.9). O verbo
enviar, na língua original, indica uma ação verbal passada, mas com resultado no presente.
Isso mostra que ele já era Filho quando foi enviado pelo Pai. Veja o relacionamento dessas
três Pessoas (Gn 1.26; 3.22; 11.7; Is 6.8; Jo 17.5). A expressão “em nome” está no
singular. Os unicistas modernos dizem que esse “nome” é Jesus, portanto, segundo eles, o
nome do “Pai, Filho e Espírito Santo” é Jesus, mas essa interpretação não está correta,
pois para eles, Deus é Jesus, entretanto, para nós, Jesus é Deus.

A palavra “nome”, no singular, é distributiva como no texto hebraico de Rute 1.2.


Embora apareça no plural na Versão Corrigida de Almeida: “e os nomes de seus dois
filhos, Malom e Quiliom”, no entanto, no hebraico está no singular “e o nome dos dois
filhos”. O mesmo ocorre na Septuaginta, onoma, “nome”. Veja que o nome, aqui, refere-se
tanto a Malom quanto a Quiliom, essa é a mesma construção de Mateus 28.19. O texto
sagrado está apresentando três Pessoas distintas em uma só Divindade. “Em nome” quer
dizer em nome de Deus, do único Deus que subsiste eternamente em três Pessoas. Essa
declaração de Jesus, na fórmula batismal, tem como base o conceito da triunidade de
Deus. Jesus não disse: “Em nome do Pai, em nome do Filho e em nome do Espírito Santo”,
isso porque ele estava mencionando um só nome: de Deus. O Filho e o Espírito Santo
estão igualados nessa passagem.

1 Coríntios 12.4-6
“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de
ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo
Deus que opera tudo em todos”. O apóstolo mostra o aspecto trinitário nessa passagem.
Como nessa Trindade não há primeiro nem último, as três Pessoas são iguais, aqui estão
na ordem inversa em relação a Mateus 28.19, porque os capítulos 12 a 14 de 1 Coríntios
tratam dos dons do Espírito Santo. O “Senhor” (v. 5) refere-se ao Filho, e “Deus” (v. 6), ao
Pai. O nome “Deus”, theos, no Novo Testamento grego, quando vem acompanhado do
artigo e sem outra qualificação, refere-se sempre ao Pai. O culto cristão é adoração a Deus,
sendo ele mesmo quem opera no culto.

2 Coríntios 13.13

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo


seja com vós todos” (2 Co 13.13). É a mais bela bênção das epístolas paulinas, que
poderia também ser chamada de “bênção trinitariana”. A Trindade, em Mateus 28.19,
começa com o Pai, em 1 Coríntios 12.4-6, com o Espírito Santo, e aqui, 2 Coríntios 13.13,
com o Filho, isso confirma o que declara o Credo de Atanásio: “e nesta trindade não existe
primeiro nem último; maior nem menor”.

Efésios 4.4-6

“Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só


esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai
de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos”. Novamente encontramos nessa
passagem a fórmula trinitária: o Deus-Pai, o Deus-Filho e o Deus-Espírito Santo, e cada
uma dessas três Pessoas desempenha um papel específico na igreja. O texto sagrado
ensina o que está no Credo de Atanásio: “Há, portanto, um Pai, não três Pais; um Filho,
não três Filhos; um Espírito Santo, não três Espíritos Santos. E nesta trindade não existe
primeiro nem último; maior nem menor. Mas as três Pessoas são co-eternas, são iguais
entre si mesmas; de sorte que por meio de todas, como acima foi dito, tanto a unidade na
trindade como a trindade na unidade devem ser adoradas”. É justamente isso que o texto
bíblico está afirmando: não confundir as Pessoas, Pai é Pai, Filho é Filho e Espírito Santo
é Espírito Santo. Um só Pai, um só Filho e um só Espírito Santo: as três pessoas estão
presentes, agindo cada uma em sua esfera de atuação, em harmonia e unidade perfeitas.

O CONCÍLIO DE NICÉIA
A Sociedade Torre de Vigia critica sobremaneira o Concílio de Nicéia e o Credo de
Atanásio ou Atanasiano, em suas principais obras, com declarações falsas e omissões de
fatos importantes. Veja um exemplo: “Por muitos anos havia muita oposição, por motivos
bíblicos, contra a emergente idéia de que Jesus era Deus” (Deve-se Crer na Trindade?,
página 8). A parte final da frase é falsa, pois “a emergente idéia” era a crença ariana, e não
a divindade absoluta de Jesus. A figura principal, todavia, que deu origem a essa
controvérsia, entrando para História como “Controvérsia Arianista”, foi Ário, um
presbítero de Alexandria, Egito, por volta de 321-325, entretanto, ele sequer é mencionado
no presente relato das testemunhas de Jeová. É assim que a religião do Corpo Governante
opera em sua atividade proselitista, manipulando o povo ao apresentar sua versão
tendenciosa e enganosa.

Quem deseja, conhecer os fatos tanto pelo prisma histórico como teológico deve ler as
obras de Justo L. Gonzalez, Uma História Ilustrada do Cristianismo, vol. 2; Uma História
do Pensamento Cristão, vol. 1; de Paul Tillich, o livro de título similar: História do
Pensamento Cristão; de Kenneth Scott Latourette, Uma História do Cristianismo, vol. 1.
O historiador britânico, Edward Gibbon (1737-1794) responsabiliza o cristianismo pela
queda de Roma, em sua obra Declínio e Queda do Império Romano, nela ele apresenta o
relato dessa Controvérsia com riqueza de detalhes. As edições em português, da
Companhia das Letras e das Edições de Bolso, são abreviadas. As duas possuem o mesmo
texto.

Segundo essas fontes, Ário estudou em Antioquia, escola de Paulo de Samosata, um


dos principais defensores do monarquianismo dinâmico, negava ser o Filho da mesma
substância do Pai, reduzia Jesus à categoria das divindades pagãs, era deus, mas não igual
ao Pai, Maria teria gerado um meio-Deus, nem era plenamente Deus e nem plenamente
homem. Afirma Paul Tillich: “Esta foi a solução de Ário. Estava na mesma linha do culto
aos heróis do mundo antigo. Esse mundo era povoado por meio-deuses, derivados do
único Deus e incapazes de plenitude divina, mesmo quando no Olimpo. Jesus teria sido
um desses deuses, quase Deus, mas não o próprio Deus” (página 87). Negava a eternidade
do Logos, defendia sua existência antes da encarnação, como as atuais testemunhas de
Jeová, mas não aceitava que fosse ele eterno com o Pai, insistia na tese de que o Verbo foi
criado como primeira criatura de Deus. A palavra de ordem arianista era: “houve tempo
que o Verbo não existia”.
Alexandre, bispo de Alexandria, discordava dele, respondendo “que a posição de Ário
negava a divindade do Verbo, e em conseqüência de Jesus Cristo. E já que a igreja desde o
começo tinha adorado a Jesus Cristo, se a proposta de Ário fosse aceita a igreja teria de ou
deixar de adorar a Jesus Cristo, ou adorar uma criatura” (História Ilustrada do
Cristianismo, vol. 2, página 92). O conflito tornou-se público e Ário foi deposto de suas
funções da igreja. Ele não aceitou a sanção escrevendo para bispos amigos, tinha prestígio
e popularidade na cidade e com isso seus partidários fizeram protesto marchando pelas
ruas cantando máximas teológicas de Ário.

O imperador Constantino estava mais preocupado em manter coeso o império e a


divisão da igreja podia ameaçar essa unidade. O conselheiro teológico dele, o bispo Ósio,
de Córdoba, foi enviado para Alexandria para uma conciliação, porém, constatou a
gravidade e a profundidade do problema, e com isso o imperador convocou o Concílio de
Nicéia.

Os historiadores afirmam que cerca de 300 bispos provenientes do Oriente e do


Ocidente participaram, por isso é tido como o primeiro concílio ecumênico da História.
Dentre eles estava presente um pequeno grupo de arianista convicto, liderado por Eusébio
de Nicomédia (não confundir com Eusébio de Cesaréia), pois Ário, não era bispo, assim
não tinha direito de participar das deliberações. De outro lado, estava um pequeno grupo,
liderado por Alexandre, bispo de Alexandria, acompanhado do diácono, Atanásio, vindo a
tornar-se, posteriormente, bispo e notável pela vigorosa defesa da ortodoxia cristã, que
reconhecia a teologia ariana como ameaça à fé cristã. O Concílio contava ainda com três
bispos patripassianistas (doutrina modalista que afirmava ter sido o Pai crucificado), fora
essas minorias, a maior parte era formada de bispos procedentes do Ocidente, de fala
latina, sem interesse no que eles chamavam de especulações teológicas, pois se davam por
satisfeitos com a formulação trinitária de Tertuliano: “pois eles são de uma só substância e
de uma só essência e de um poder só”.

Eusébio de Nicomédia expôs a doutrina ariana, pois tinha convicção absoluta que após
sua apresentação todo o concílio o apoiaria, aceitando-a como correta, porém, grande foi
sua decepção quando o plenário manifestou-se com indignação ao ouvir a idéia de
considerar o Filho de Deus como criatura, por mais exaltado que fosse tal criatura. Alguns
chegaram a arrebatar o seu discurso e rasgar em pedaços em meio aos gritos de
“blasfêmia! mentira! heresia!” (História Ilustrada do Cristianismo, vol. 2, página 96).
Knight & Anglin, no livro História do Cristianismo, página 55, declaram:
Os bispos sentiram tanto a indignidade que Ário fizera pesar sobre o bendito Senhor,
que tapavam os ouvidos enquanto ele explicava as suas doutrinas, e declaravam que
quem expunha tais doutrinas era só digno de anátema. Como repressão às heresias
crescentes, foi escrita a célebre confissão de fé, conhecida pelo Credo Niceno, na qual
está clara e inteiramente anunciada a doutrina das Sagradas Escrituras com referência à
divindade de Cristo.
Isso quebrou o clima pacífico e suave da reunião, apesar das tentativas de prosseguir a
análise de passagens bíblicas, porém: “logo ficou claro que os arianos podiam interpretar
qualquer citação de uma maneira que os favorecia… Por esta razão a assembléia decidiu
compor um credo que expressasse a fé da igreja em relação às questões em debate”
(História Ilustrada do Cristianismo, vol. 2, página 96). Eusébio de Cesaréia, autor da
proposta de se formular um credo, sugeriu o Credo de Cesaréia alegando ter recebido o
texto de seus predecessores, cujo corpo dizia:
Cremos em um só Deus, Pai Onipotente, Criador de todas as coisas visíveis e
invisíveis; em um só Senhor Jesus Cristo, Verbo de Deus, Deus de Deus, Luz de Luz,
Vida de Vida, Filho Unigênito, Primogênito de toda a criação, por quem foram feitas
todas as coisas; o qual foi feito carne para nossa salvação e viveu entre os homens, e
sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, e subiu ao Pai e novamente virá em glória para
julgar os vivos e os mortos. Cremos também em um só Espírito Santo.

A esse Credo, segundo Latourette “com a aprovação do imperador e talvez por sua
sugestão” acrescentou a palavra homoousion, “substância”, aplicada a Cristo. Assim, o
Credo de Cesaréia foi modificado tornando-se o conhecido Credo Niceno, apenas dois
bispos se recusaram a assinar, porém, os demais assinaram o Credo, cujo teor é o seguinte:

Cremos em um só Deus, Pai Onipotente, Criador de todas as coisas visíveis e


invisíveis; em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, o Unigênito do Pai, que é da
substância do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus,
gerado, não feito, de uma substância com o Pai, por meio de quem todas as coisas
vieram a existir, as coisas que estão no céu e as coisas que estão na terra, que por nós
homens e por nossa salvação desceu e foi feito carne, e se fez homem, sofreu, e
ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, e virá para julgar os vivos e os mortos.
Cremos também em um só Espírito Santo.
A importância fundamental dessa mudança foi a inserção das expressões “é da
substância do Pai… de uma substância com o Pai”. A substituição de “Vida de Vida” por
“verdadeiro Deus de verdadeiro Deus” e do termo “Verbo de Deus” por “Filho de Deus, o
Unigênito do Pai” mostrando ser ele gerado de maneira diferente dos seres humanos;
somando-se a isso o acréscimo: “desceu e foi feito carne, e se fez homem” para a nossa
salvação resume a essência da verdadeira identidade de Cristo.
A controvérsia não findou com o Concílio. Eusébio de Nicomédia influenciou o
imperador, que mudou depois de posição e favoreceu os arianistas. A própria Sociedade
Torre de Vigia confirma essa mudança: “Perto do fim de sua vida, o Imperador
Constantino favoreceu o lado antitrinitarianista de Ário, sendo ajudado neste sentido por
Eusébio de Nicomédia. De modo que os trinitarianistas foram banidos. Por fim, o próprio
Atanásio foi banido para Gália” (“Caiu Babilônia, a Grande!” O Reino de Deus já
Domina!, página 35, § 63). Com a morte de Alexandre, em 328, Atanásio, agora bispo,
sucedeu-o no cargo de bispo de Alexandria. Depois da morte de Constantino, Constâncio
sobressaiu-se entre seus dois irmãos Constantino II e Constante, tornando-se senhor do
império. Ele apoiou a causa ariana, como disse Jerônimo: “o mundo despertou de um sono
profundo e percebeu que tinha ficado ariano” (História Ilustrada do Cristianismo, vol. 2,
página 101). É contraditória a declaração das testemunhas de Jeová ao afirmarem: “Assim,
o papel de Constantino foi decisivo. Depois de dois meses de furiosos debates religiosos,
esse político pagão interveio e decidiu em favor dos que diziam que Jesus era Deus”
(Deve-se Crer na Trindade?, página 8).

CONTROVÉRSIAS SOBRE O ESPÍRITO SANTO

O Credo Niceno termina com as seguintes palavras: “Cremos também em um só


Espírito Santo” mantendo o que constava no Credo de Cesaréia. Essa referência nada
declara sobre a função ou a natureza da terceira Pessoa da Trindade. As testemunhas de
Jeová acreditam ser isso um elemento contra a doutrina trinitariana: “Nenhum dos bispos
em Nicéia promoveu uma Trindade, (sic) porém. Eles decidiram apenas a natureza de
Jesus, mas não o papel do (sic) espírito santo. Se a Trindade fosse uma clara verdade
bíblica, não a teriam proposto naquele tempo?” (Deve-se Crer na Trindade?, p. 8). Veja
que a própria declaração do Corpo Governante afirma que a controvérsia girava em torno
da “natureza de Jesus”, nada mais sensato e natural para compreender o silêncio sobre a
natureza do Espírito Santo, assunto discutido posteriormente pelos pais capadócios,
conhecidos como “os Grandes Capadócios”.

Basílio de Cesaréia, uma cidade da Capadócia, não confundir com a da Judéia (330-
379), combateu os antigos arianos, os neo-arianos, os semi-arianos e os
pneumatomacianos.12 Escreveu no ano 373 uma refutação aos argumentos do maior
expoente do arianismo radical, o arianista anomeano13 de nome Eunômio: Contra
Eunômio, e, também, Sobre o Espírito Santo, uma defesa à doxologia: “Glória seja ao Pai,
com o Filho, juntamente com o Espírito Santo”. Gregório de Nissa, seu irmão mais moço
(335-394), escreveu Sobre a Trindade, continuação da obra Contra Eunômio, da autoria de
seu irmão, e Sobre Não-três Deuses, refutação ao heresiarca Ablábio, que defendia o
triteísmo considerando o Pai, o Filho e o Espírito Santo como três Deuses.

Gregório de Nazianzo (329–389) combateu os mesmos opositores de seus


companheiros Basílio e o seu irmão Gregório de Nissa: Eunômio e os pneumatomacianos.
Escreveu com elegância e clareza sobre a Trindade e especialmente sobre o Espírito Santo
por meio de epístolas, poemas e sermões, sendo as Orações Teológicas cincos sermões.
Ele afirma na quinta Oração Teológica: “Se houve tempo em que Deus não existia, então
houve um tempo em que o Filho não existia. Se houve um tempo no qual o Filho não
existia, então houve um tempo no qual o Espírito não existia. Se um existiu desde o
começo, logo os três também existiram”.
Respondendo à questão acima das testemunhas de Jeová sobre o porquê de o Espírito
Santo não ser discutido em Nicéia, Gregório de Nazianzo responde afirmando ser
impossível entrar nesse assunto sem antes definir o problema da divindade de Cristo, na
quinta Oração Teológica, XXXVI:

O Antigo Testamento manifestou claramente o Pai e obscuramente o Filho. O Novo


manifestou o Filho e obscuramente indicou a divindade do Espírito Santo. Hoje o
Espírito habita entre nós e se dá mais claramente a conhecer. Porque teria sido inseguro
proclamar abertamente o Filho antes de ser conhecida a divindade do Pai; ou antes de
ser reconhecida a divindade do Filho, impor-se, por assim dizer, a do Espírito Santo…
Era muito melhor que, por adições parciais e, como diz Davi, por ascensões de glória
em glória, brilhasse progressivamente o esplendor da Trindade… Vede como a luz foi
chegando aos poucos, e a ordem, pela qual Deus se fez revelar a nós (Antologia dos
Santos Padres, páginas 254, 255).
Em Gregório de Nazianzo encontra-se sua extraordinária contribuição para a vitória
final da fé nicena. Ele organizou os dados da revelação divina, registrados nas Escrituras,
e afirmou categoricamente que o Espírito Santo é Deus. Concílio de Constantinopla, 381,
descreveu o Espírito como Deus e como “o Senhor e provedor da vida, que procede do Pai
e é adorado e glorificado com o Pai e com o Filho”.
O CREDO DE ATANÁSIO OU ATANASIANO

Depois do Concílio de Nicéia, em 325, muitos documentos sobre o assunto circulavam


nas igrejas. O Credo que hoje chamamos de Atanásio, na verdade, expressa o seu
pensamento e tudo o que ele defendeu durante toda a sua vida, mas parece que o texto não
é de sua autoria. Esse Credo não foi mencionado no Concílio de Éfeso, 431; nem no da
Calcedônia, 451; e nem no de Constantinopla, 381. Segue o texto do Credo Atanasiano:
(3) A fé universal é esta: que adoremos um Deus em trindade, e trindade em unidade;
(4) Não confundimos as Pessoas, nem separamos a substância. (5) Pois existe uma
única Pessoa do Pai, outra do Filho, e outra do Espírito Santo. (6) Mas a deidade do
Pai, do Filho e do Espírito Santo é toda uma só: glória é igual e a majestade é coeterna.
(7) Tal como é o Pai, tal é o Filho e tal é o Espírito Santo. (8) O Pai é incriado, o Filho
incriado, e o Espírito Santo incriado. (9) O Pai é imensurável, o Filho é imensurável, o
Espírito Santo é imensurável. (10) O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é
eterno. (11) E, no entanto, não são três eternos, mas há apenas um eterno. (12) Da
mesma forma não há três incriados, nem três imensuráveis, mas um só incriado e um
imensurável. (13) Assim também o Pai é onipotente, o Filho é onipotente e o Espírito
Santo é onipotente. (14) No entanto, não há três onipotentes, mas sim, um onipotente.
(15) Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus. (16) No entanto,
não há três Deuses, mas um Deus. (17) Assim o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o
Espírito Santo é Senhor. (18) Todavia não há três Senhores, mas um Senhor. (19)
Assim como a veracidade cristã nos obriga a confessar cada Pessoa individualmente
como sendo Deus e Senhor; (20) Assim também ficamos privados de dizer que haja
três Deuses ou Senhores. (21) O Pai não foi feito de coisa alguma, nem criado, nem
gerado; (22) o Filho procede do Pai somente, não foi feito, nem criado, mas gerado.
(23) O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não foi feito, nem criado, nem gerado,
mas procedente. (24) Há, portanto, um Pai, e não três Pais; um Filho, e não três Filhos;
um Espírito Santo, não três Espíritos Santos. (25) E nessa trindade não existe primeiro
nem último; maior nem menor. (26) Mas as três Pessoas são coeternas, são iguais entre
si mesmas; (27) De sorte que por meio de todas, como acima foi dito, tanto a unidade
na trindade como a trindade na unidade devem ser adoradas.

Trata-se de um credo que enfatiza a Trindade e é mais longo que o Credo Niceno.
Durante a Idade Média se dizia que Atanásio escreveu esse texto quando esteve no exílio,
em Roma, e ofereceu ao bispo de Roma, Júlio I, para servir como confissão de fé. Desde o
século 9 se atribui essa autoria a ele, levando seu nome porque defendeu tenazmente essa
doutrina, mas seu autor é desconhecido. O Credo foi mencionado pela primeira vez em um
sínodo, realizado entre 659-670, e serve como teste da ortodoxia desde o século 7 para o
Catolicismo Romano, o Catolicismo Ortodoxo e o Protestantismo.

A TRINDADE EM TODA A BÍBLIA


O nome Elohim, “Deus”, é a forma plural de Eloah e significa “a plenitude das
excelências divinas”. No singular, esse nome aparece apenas 57 vezes no Antigo
Testamento, ao passo que no plural, cerca de 2.570 vezes. É com ele que Deus é
apresentado pela primeira vez na Bíblia, que dá a conhecer os primeiros vislumbres da
Trindade. A declaração de Gênesis 1.1: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”
apresenta o verbo no singular, “criou”, e o sujeito no plural Elohim, “Deus”, o que revela a
unidade de Deus na Trindade. Essa palavra vem de um verbo hebraico alá, que significa
“ser adorado, ser excelente, temido e reverenciado”.

A Torre de Vigia procura rebater essa verdade com o seguinte argumento: “’Elo.hím
não significa ‘pessoas’, mas sim ‘deuses’. Portanto, aqueles que argumentam que essa
palavra subentende uma Trindade fazem de si mesmos politeístas, adoradores de mais
de um Deus. Por quê? Porque significaria que haveria três deuses na Trindade (Deve-se
Crer na Trindade?, página 13). Onde está a falácia do Corpo Governante nessa
declaração? É que ele não cita as passagens: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26); “Então disse o SENHOR Deus: Eis
que o homem é como um de nós” (Gn 3.22); “Eia, desçamos e confundamos ali a sua
língua” (Gn 11.7) nem as explica. A Trindade é vista em Elohim à luz do contexto
bíblico.

A declaração: “Façamos o homem” revela a existência de mais de uma pessoa e não de


mais de um Deus. A Bíblia ensina que apenas o Filho e o Espírito Santo tiveram
participação na criação, juntamente com o Pai (João 1.3; Cl 1.16; Jó 33.4). Por que a
“Trindade”, assimilada no nome Elohim, não pode levar ao politeísmo, como argumenta a
organização? Porque essa unidade de Deus é composta e isso só pôde vir à tona no Novo
Testamento, com a manifestação das três Pessoas numa só Divindade.
Os rabinos reconheceram a pluralidade neste nome, mas como o judaísmo é uma
religião que defende o monoteísmo absoluto, não admite Jesus Cristo como o Messias de
Israel, fica difícil para eles entenderem essa pluralidade. Para explicá-la, argumentam ser
um plural de majestade, mas isso é uma determinação rabínica posterior. A definição de
plural de majestade ou de excelência foi dada pelo rabinato. Disse Shlomo ibn Yitschaki,
conhecido pela sigla RASHI, grande rabino e erudito judeu (nascido em 1040), o seguinte:
“O plural de majestade não significa haver mais de uma pessoa na divindade”. Essa
declaração serviu para o judaísmo prosseguir sua marcha conservando o monoteísmo
absoluto sem Jesus e sem o Espírito Santo. Porém, o Diccionario de Paralelos,
Concordancias y Analogías Bíblicas, de C. H. Lambert, página 319, afirma que o rabino
Shimeon ben Joachi (segundo século d.C.) declarou: “Observai o mistério da palavra
Elohim; encerra três graus, três partes; cada uma destas partes é distinta, e é uma por si
mesma, e não obstante são inseparáveis uma da outra; estão unidas juntamente e formam
um só todo”.

O nome Elohim é poucas vezes usado com outro propósito que não seja o Deus
revelado na Bíblia. O Antigo Testamento faz menção dos deuses do Egito (Êx 12.2) e
outras nações (Dt 13.7, 8; Jz 6.10). A palavra é usada com relação às imagens dos cultos
pagãos (Êx 20.23). As Escrituras fazem usos irregulares de Elohim para seres
sobrenaturais (1 Sm 28.13) e juízes (Sl 82.6). Aparece também relacionada às divindades
pagãs individuais cerca de 20 vezes Para os pagãos, o seu deus ou deuses significava (m)
“a plenitude das excelências divinas”. O que o Deus de Israel representa para o povo
hebreu, essas divindades representavam para os pagãos. Essa é a justificativa do emprego
do nome no plural, referir-se a uma divindade pagã individual.

Deuteronômio 6.4

“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR”. A palavra hebraica


’echad,14 segundo o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento significa:
“um, mesmo, único, primeiro, cada, uma vez… No famoso Shemá de Deuteronômio 6.4…
a questão da diversidade dentro da unidade tem implicações teológicas. Alguns eruditos
têm pensado que, embora ‘um’ esteja no singular, o uso da palavra abre espaço para a
doutrina da Trindade” (página 61). É o mesmo termo usado para afirmar que marido e
mulher são ambos “uma só carne” (Gn 2.24). Mas, a mensagem principal aqui é o
monoteísmo, que se tornou, ao longo dos séculos, a confissão de fé do judaísmo; ainda
hoje os judeus religiosos recitam essa passagem três vezes ao dia. A expressão hebraica
usada para “único SENHOR” é YHVH ’echad e traduz-se também por “Javé é um”. Essa
construção aparece em Zacarias 14.9: “naquele dia um só será Jeová, e um só o seu nome”
(Tradução Brasileira). Se a idéia fosse de unidade absoluta o vocábulo apropriado seria
yachid, que significa “solitário, isolado”, como aparece para indicar Isaque como único
filho que Abraão amava (Gn 22.2).

Gênesis 1.26
Na criação do homem a Trindade está presente: “E disse Deus: Façamos o homem à
nossa imagem, conforme à nossa semelhança…” (Gn 1.26). As três Pessoas da Trindade
estão presentes aqui. O Filho criou todas as coisas e também o homem (Jo 1.1-3; Cl 1.16);
da mesma forma o Espírito Santo (Jó 33.4; Sl 104.30), assim como o Pai (Pv 8.22-30).

Gênesis 3.22; 11.7


“Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o
mal…” Ora, por que “um de nós”, visto que Deus é um? É porque está embutida nessa
unidade a triunidade. Da mesma forma encontramos em Gênesis 11.7: “Eia, desçamos, e
confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro”. Por que
“desçamos e confundamos”? Se a Trindade não fosse uma realidade, uma verdade bíblica,
que fazer com essas passagens? Dizer que Deus estava falando com os anjos é dizer que
os anjos são divinos. Fica clara e patente essa grande verdade. Rejeitá-la é rejeitar a
Bíblia.
Isaías 6.1-10

Outro ponto igualmente importante é a visão do profeta Isaías em que afirma: “eu vi ao
Senhor” (Is 6.1), mas esse mesmo Deus pergunta: “A quem enviarei e quem há de ir por
nós?” (Is 6.8) Novamente, a pluralidade na unidade divina está presente. Outro ponto que
não devemos perder de vista é que o profeta inspirado diz que a terra está cheia da glória
de Javé dos Exércitos, e, no entanto, o apóstolo João diz que esse Javé é Jesus (Jo 12.41).
Em Isaías 6.8-10, é Javé quem fala; no entanto, o apóstolo Paulo afirma que é o Espírito
Santo (At 28.26). Isso significa que o Espírito Santo é Javé. Assim, a essa visão de Isaías
revela a Trindade.
Sabemos que o Novo Testamento tornou explícito o que dantes estava implícito.
Revelou os mistérios ocultos desde a fundação do mundo (Mt 13.11; Ef 3.3-5, 9-10);
assim, é claro que a doutrina da Trindade ficou evidente. A Trindade aparece logo em
Mateus 3.15-17, no batismo de Jesus, onde se vêem as três Pessoas distintas, o que
reprova a doutrina do bispo Sabélio. O texto mostra o Pai falando desde o céu, o Filho
saindo das águas e o Espírito Santo vindo sobre ele.

Essa doutrina não foi bem esclarecida nos tempos do Antigo Testamento para não
confundir o povo com os deuses das religiões politeístas das nações vizinhas de Israel;
todavia, ela está implícita no Texto Sagrado dos judeus. Ela só pôde ser ensinada
explicitamente com o advento da segunda Pessoa, o Senhor Jesus e com a manifestação do
Espírito Santo.
Isaías 63.9, 10

“Em toda a angústia deles foi ele angustiado, e o Anjo da sua presença os salvou; pelo
seu amor e pela sua compaixão, ele os remiu, e os tomou, e os conduziu todos os dias da
antiguidade. 10 Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo; pelo que se
lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles”. O profeta lembra que Deus se
angustiou durante a angústia dos filhos de Israel no Egito, no período da opressão de
Faraó, numa linguagem antropomórfica, Deus sofreu como um pai sofre pelos seus filhos.
O mesmo Deus é chamado de “Anjo da sua presença”, ou seja, da presença de Deus, que
“os salvou”. Um anjo criado não pode remir a Israel, logo, trata-se do “Anjo do Senhor”.
É o próprio Deus, aqui, distinto de Deus, que à luz do Novo Testamento é a segunda
Pessoa da Trindade, o Messias.

O profeta lança em rosto a desobediência deles afirmando que os filhos de Israel


“foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo” (literalmente “seu Espírito de
santidade”). Essa expressão mostra que Isaías considerava o Espírito como pessoa, do
contrário não poderia se contristar. A palavra “santo” não é resultado de fonte externa, é
conseqüência direta da sua natureza. Isso se refere à divindade do Espírito Santo; assim,
temos aqui as três Pessoas da Trindade: o Pai foi angustiado com os israelitas, o Filho os
remiu e o Espírito Santo foi constristado pela rebelião deles.

Comentário sobre 1 João 5.7, 8

O texto: “No céu, o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo, e estes três são um. E três são os
que testificam na terra”, de 1 João 5.7, 8 é uma glosa ou interpolação conhecida como
Comma Johanneum “Coma Joaneu”, que as testemunhas de Jeová gostam de usar na
tentativa de persuadir o povo de que as nossas versões da Bíblia são falsas.

É verdade que a Coma Joaneu não consta dos manuscritos gregos antigos. Aparece
apenas em quatro manuscritos gregos cursivos datados entre os séculos 11 e 16. O
documento mais antigo que contém a passagem como autêntica e pertencente à lavra do
apóstolo é um tratado latino intitulado: Liber Apologeticus, de Prisciliano, um espanhol
morto em 385. A glosa não é citada pelos pais gregos, mas os pais latinos do norte da
África e da Itália do século V a citaram como parte da epístola. A partir do século 6, sua
freqüência foi cada vez maior nos manuscritos latinos.

Desidério Erasmo, mais conhecido como Erasmo de Roterdã, humanista holandês, foi
o primeiro a publicar o texto grego impresso do Novo Testamento, sob os auspícios de
Fröben, um impressor da Basiléia, Suíça. Embora os trabalhos preparatórios para uma
impressão do Novo Testamento grego tivessem começado em 1502, por Francisco
Ximenes de Cisneros, Cardeal primaz da Espanha, a impressão ocorreu em 1514 e a
publicação somente em 1520, que é a Poliglota Complutense. O texto de Erasmo foi
publicado em 1516.15
Erasmo não dispunha de manuscritos completos do Novo Testamento e por essa razão
fez uso de quatro manuscritos gregos cursivos e da Vulgata Latina. A glosa não aparece
nas duas primeiras edições do texto de Erasmo. Quando ele publicou a segunda edição do
seu Novum Testamentum, em 1519, uma tiragem de 3.300 exemplares, foi criticado porque
deixou de fora a Coma Joaneu. O humanista holandês respondeu que não havia
encontrado a frase em questão nos manuscritos gregos, mas que se alguém lhe
apresentasse pelo menos um manuscrito com ela, prometia inserir no texto da edição
seguinte. Foi-lhe apresentado um manuscrito grego tardio e deficiente preparado em
Oxford em 1520, o Codex Britannicus. Assim, contra sua vontade, teve de cumprir a
promessa inserindo a glosa na terceira edição em 1522, com uma nota revelando as suas
suspeitas.

Foi a partir de 1750 que os críticos, pesquisando e comparando os manuscritos e


papiros, descobriram uma “sobrecarga” no Textus Receptus. Com a publicação de novos
textos gregos do Novo Testamento com Aparatus Criticus, dentre eles Westcott e Hort,
Eberhard Nestle e ultimamente a edição das Sociedades Bíblicas Unidas, a crítica
considerou o texto dos irmãos Elzevir inferior. Os críticos detectaram 15% de
“sobrecarga”, como um acúmulo de variantes ao longo dos séculos. A maior parte, porém,
dessa “bagagem” envolve ordem diferente de palavras, sinônimos, soletração etc.
O Dr. R. N. Champlin, cujo doutoramento foi sobre os manuscritos gregos, manifesta
nos seis volumes de sua obra O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo a
inferioridade do Textus Receptus, porém, alega na sua Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia, o seguinte: “No entanto, o Textus Receptus e os papiros apresentam a mesma
mensagem. O acúmulo inteiro de variantes não conseguiu modificar a mensagem, nem
mesmo nas minúcias”. Foi assim que a Coma Joaneu se perpetuou em algumas de nossas
edições da Bíblia. O Corpo Governante, no entanto, usa a glosa para persuadir o povo a
descrer na Palavra de Deus. Ataca as nossas versões da Bíblia para fazer o povo acreditar
na TNM. Afirma a organização: “Isto não significa que não tenha havido tentativa de
alterar a Palavra de Deus. Houve tais tentativas. Um notável exemplo é o texto de I João
5.7” (Poderá Viver…, página 53 § 19).

São mais de cinco mil manuscritos e papiros gregos disponíveis em museus e


mosteiros na Europa e nos Estados Unidos. Seria possível alguém alterar todos eles? O
acúmulo de variantes são conseqüências de descuidos de copistas de várias localidades
durante 14 séculos, mas nada de significativo que venha a comprometer a mensagem. O
Corpo Governante deveria ser mais moderado nos seus apartes, pois a história da glosa,
por si só, mostra outra realidade. Embora a autenticidade da referida passagem seja
questionada pelos críticos, não necessitamos da Coma Joaneu para fundamentar a
Trindade, pois ela é uma realidade bíblica, ensinada ao longo das páginas das Escrituras.
Não dependemos de tal passagem para provar essa doutrina e recomendo ao leitor não
citá-la para as testemunhas de Jeová, que não a aceitarão. Além disso, temos recursos
suficientes na Bíblia para provar a Trindade.

A prova disso é que os mais respeitados teólogos ensinam a Trindade, sem depender de
tal glosa. A Bíblia Vida Nova traz o esclarecimento de que tal passagem não consta nos
manuscritos gregos. A mesma coisa sucede na nota de rodapé da Bíblia anotada por
Scofield e na Bíblia Anotada, e isso sem contar as várias Bíblias de Estudos. Os
expositores de renome tiveram o cuidado de esclarecer que tal passagem não consta nos
manuscritos gregos. Dentre eles destacamos: Russell Norman Champlin, Adam Clarke,
Matthew Henry, S. E. McNair.

Os tratados de Teologia Sistemática, que obviamente ensinam a Trindade, não trazem


esta passagem para justificar a doutrina. O leitor poderá examinar, de Myer Pearlman, a
obra Conhecendo as Doutrinas da Bíblia; de A. B. Langston, sua obra intitulada: Esboço
de Teologia Sistemática; E. H. Bancroft, a obra Teologia Elementar; John L. Dagg,
Manual de Teologia; Louis Berkhof, a obra Teologia Sistemática; e muitos outros
comentários bíblicos, por exemplo: O Novo Comentário da Bíblia, Comentário Bíblico
Broadman, Comentário Bíblico Moody etc., e verá que ninguém justifica, e muitos nem
sequer citam tal glosa. Outra evidência de que a Coma Joaneu não se constitui numa
tentativa de alterar a Palavra de Deus é o fato de os próprios editores do texto grego do
Novo Testamento se encarregarem de a esclarecer, tão logo se deram conta do ocorrido,
muito tempo antes da existência da organização das testemunhas de Jeová.

A tradução de João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada no Brasil, lançada em


1959, pela Sociedade Bíblica do Brasil, revisão da Comissão Revisora de 17 membros
especialistas em hebraico, grego e português, sendo brasileiros a maioria deles, e
provenientes das principais denominações evangélicas, cujos nomes podem ser conferido
no livro História da Bíblia no Brasil, de autoria de Luiz Antonio Giraldi, traz toda a
“bagagem” do Textus Receptus entre colchetes, indicando que tais passagens não constam
no texto grego adotado. A Tradução Brasileira e a Versão Revisada de Almeida16 não
apresentam a referida glosa, nem entre colchetes nem mesmo no rodapé como variantes.
Assim, podemos ter certeza de que a presença da Coma Joaneu não pode ser entendida
como uma tentativa de alterar as Escrituras Sagradas; antes, revela o senso de
responsabilidade desses críticos e de respeito pela Palavra de Deus.

CADA UMA DAS TRÊS PESSOAS É CHAMADA DE DEUS VERDADEIRO

Deus

A Bíblia afirma que só um é chamado Deus (Dt 4.35, 39; Is 44.6, 8; 45.5, 21; 46.9); no
entanto, declara que cada uma dessas Pessoas é Deus.

O Pai É Deus - Jo 17.3; 1 Co 8.4,6; Ef 4.6

O Filho É Deus - Jo 1.1; Rm 9.5; Hb 1.8-9 comp. Sl 45.6-7; I Jo 5.20


O Espírito Santo É Deus - At 5.3-4; 7.51 comp. Sl 78.18, 19
Javé
As Escrituras Sagradas nos ensinam que somente um é chamado Javé (Dt 6.4; Ne 9.6;
Sl 83.18; Is 45.5-6, 18); no entanto, nos ensinam que cada uma dessas Pessoas é Javé.

O Pai É Javé 1 Sm 2.2; 1 Cr 17.20; Is 37.20

O Filho É Javé Is 40.3 comp. Mt 3.3; Jr 23.5-6

O Espírito Santo É Javé Jz 15.14 comp. 16.20; Êx 17.7 comp. Hb 3.7-9;


Nm 12.6 comp. 2 Pe 1.21

Deus de Israel

Segundo a Palavra de Deus, somente um é chamado Deus de Israel (Dt 5.1, 6, 7). A
Bíblia, entretanto, ensina que cada Pessoa da Trindade é Deus de Israel.
O Pai É Deus De Israel Sl 72.18

O Filho É Deus E De Israel Ez 44.2; Lc 1.16-17


O Espírito Santo É Deus De Israel 2 Sm 23.2-3

Senhor
A Bíblia ensina que somente um é chamado SENHOR (Mc 12.29); no entanto, diz que
cada uma dessas Pessoas é SENHOR.

O Pai É Senhor Ml 1.6; Mt 21.9; 22.37; Ap 11.15


O Filho É Senhor At 10.36; Rm 10.12; 1 Co 12.3; Ef 4.5; Fp 2.11
O Espírito Santo É Senhor Is 6.8-10 Comp. At 28.25-27; 2 Co 3.16-17

Javé-Deus
A Bíblia nos ensina que somente um só é chamado Javé-Deus (2 Sm 7.22); no entanto,
ela mesma nos ensina que cada uma dessas três Pessoas é Javé-Deus.

O Pai É Javé-Deus Os 13.4


O Filho É Javé-Deus Ez 44.2

O Espírito Santo É Javé-Deus At 7.51 comp. 2 Rs 17.14

ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS DE CADA UMA DESSAS TRÊS PESSOAS

Onipotente
A Bíblia afirma que somente Deus é onipotente (Dt 3.24; Sl 89. 6-8; Is 43.12-13; Jr
10.6), e ela mesma ensina também que cada uma dessas Pessoas é Onipotente.

O Pai É Onipotente 2 Cr 20.6; Is 14.27; Ef 1.19

O Filho É Onipotente Mt 28.18; Fp 3.21; Ap 1.8; 3.7

O Espírito Santo É Onipotente Zc 4.6; Lc 1.35; Rm 15.13,19

Eterno
A Bíblia é clara em ensinar que somente Deus é eterno (Is 40.28; 41.4; 43.10, 13;
44.6), e com essa mesma clareza ensina também que cada uma dessas Pessoas é Eterna.
O Pai É Eterno Sl 90.2; 93.2

O Filho É Eterno Is 9.6; Mq 5.2 Jo 1.1; 8.58; 17.5, 24; Ap 1.17-18

O Espírito Santo É Eterno Gn 1.2; Hb 9.14

Onipresente
As Santas Escrituras ensinam que somente Deus é Onipresente (Jr 23.23-24); no
entanto, revelam que cada uma dessas três Pessoas é Onipresente.

O Pai É Onipresente Am 9.2,3; Hb 4.13


O Filho É Onipresente Mt 18.20; 28.20; Jo 3.13

O Espírito Santo É Onipotente Sl 139.7-10; 1 Co3.16; Jo 14.17


Onisciente
A Bíblia Sagrada afirma que somente Deus é onisciente, (1 Rs 8.39; Dn 2.20-22; Mt
24.36); no entanto, encontramos nela que cada uma dessas Pessoas é onisciente.
O Pai É Onisciente Sl 139.1-6; 1 Cr 28.9; 29.17; Sl 7.9; Is 43.12;48.5-7; 42.9; Lc
11.49; Ap 22.6

O Filho É Onisciente Mt 9.3, 4; Jo 2.24, 25; 16.30; 21.17; Cl 2.2, 3; Lc 19.41-44; Jo


6.64; 18.4
O Espírito Santo É Onisciente Ez 11.5; Rm 8.26,27; 1 Co 2.10,11; Lc 2.26; 1 Tm 4.1;
1 Pe 1.11
Criador

As Escrituras Sagradas afirmam que somente Deus é o Criador (Is 44.24; 45.5-7, 18),
mas mesmo assim elas ensinam que cada uma dessas três Pessoas é o Criador.

O Pai É Criador Ne 9.6; Jr 27.5; Sl 146.6; At 14.15

O Filho É Criador Jo 1.1-3; Cl 1.16-18; Hb 1.2, 10

O Espírito Santo É Criador Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30

Vida

A Bíblia diz que somente Deus é a fonte da vida (Dt 32.39); no entanto, ela afirma que
cada uma dessas três Pessoas é a Fonte da Vida.

O Pai É Vida Sl 36.9; At 17.25, 28

O Filho É Vida Jo 1.4; 11.25

O Espírito Santo É Vida Rm 8.2; Jó 33.4

ATRIBUTOS MORAIS DE CADA UMA DESSAS TRÊS PESSOAS


Bom

A Bíblia nos ensina que somente Deus é bom (Mt 19.17; Mc 10.18; Lc 18.19); no
entanto, ela mesma afirma que cada uma dessas três Pessoas possui o atributo da Bondade.
O Pai É Bom Sl 86.5; 108.4; Lc 6.35

O Filho É Bom 2 Co 10.1; At 10.38


O Espírito Santo É Bom Ne 9.20; Sl 143.10

Santo
As Santas Escrituras dizem que somente Deus é santo (1 Sm 2.2; Êx 15.11; Is 40.25;
Ap 15.3, 4), e mesmo assim elas ensinam que cada uma dessas três Pessoas tem o atributo
da Santidade.
O Pai É Santo Lv 19.2; 20.26; Is 6.3; Ap 4.8

O Filho É Santo Dn 9.24; At 3.14; Ap 15.4

O Espírito Santo É Santo Is 63.10; Rm 15.16; 1 Jo 2.20

Verdadeiro
A Palavra de Deus é enfática em ensinar que somente Deus é verdadeiro (Jo 17.3); não
obstante, ensina também que cada uma dessas Pessoas é Verdadeira.

O Pai É Verdadeiro Dt 32.4; Jr 10.10


O Filho É Verdadeiro Jo 1.14; 14.6; 1 Jo 5.20

O Espírito Santo É Verdadeiro Jo 14.17; 15.26; 16.13; 1 Jo 5.6

Sábio
As Sagradas Escrituras são claras no ensino de que somente Deus é sábio (Rm 16.27; 1
Tm 1.17; Jd 25); no entanto, ensinam que cada uma dessas Pessoas possui o atributo da
Sabedoria.

O Pai É Sábio Dn 2.20; Jr 32.19; Rm 11.33

O Filho É Sábio Lc 2.40, 47,52; 1 Co 1.24, 30; Cl 2.3


O Espírito Santo É Sábio Is 11.2; Ef 1.17

OBRAS REALIZADAS POR CADA UMA DESSAS TRÊS PESSOAS

Autor do Novo Nascimento

Cada uma dessas três Pessoas é o “Autor do novo nascimento”.


O Pai Jo 1.13

O Filho 1 Jo 2.29
O Espírito Santo Jo 3.5-6
Ressuscitou a Jesus

Cada uma dessas Pessoas ressuscitou Jesus


O Pai At 2.24; 1 Co 6.14

O Filho Jo 2.19; 10.18


O Espírito Santo 1 Pe 3.18
Habita nos fiéis

Cada uma dessas pessoas habita nos fiéis.

O Pai Jo 14.23; 1 Co 14.25; 2 Co 6.16; Ef 4.6; 1 Jo 2.5; 4.12-16

O Filho Jo 17.23; 2 Co 13.5; Gl 2.20; Ef 3.17; 1 Jo 3.17, 24; Ap 3.20


O Espírito Santo Jo 14.17; Rm 8.11; 1 Co 3. 16; 6.19; 2 Tm 1.14; Tg 4.5

Dá a vida eterna

Cada uma dessas três Pessoas dá a vida eterna.

O Pai 1 Jo 5.11
O Filho Jo 10.28

O Espírito Santo Gl 6.8

Deu poder aos apóstolos

Cada uma dessas três Pessoas deu aos apóstolos poder para operar milagres.

O Pai At 15.12; 19.11; Hb 2.4

O Filho At 4.10, 30; 16.18

O Espírito Santo At 2.2-4; 10.44-46; 19.6; Rm 15.19

Falou pelos profetas e apóstolos

Cada uma dessas três Pessoas falou pelos profetas e apóstolos.


O Pai Jr 1.9; Lc 1.70; At 3.21

O Filho Lc 21.15; 2 Co 13.3; 1 Pe 1.11


O Espírito Santo 2 Sm 23.2; Mt 10.20; Mc 13.11

Inspirou as Escrituras
Cada uma dessas três Pessoas inspirou as Escrituras.

O Pai Êx 4.12; 2 Tm 3.16; Hb 1.1


O Filho 2 Co 13.3; Ef 4.11; 1 Pe 1.11; Ap 11.3
O Espírito Santo 2 Sm 23.2; Mc 12.36; At 11.28; 2 Pe 1.21

Guiou o seu povo


Cada uma dessas três Pessoas guiou o seu povo.
O Pai Dt 32.12; Sl 23.2; 73.24; Is 48.17

O Filho Mt 16.24; Jo 10.4; 1 Pe 2.21

O Espírito Santo Sl 143.10; Is 63.14; Rm 8.14; Gl 5.18

Distribuiu os dons espirituais


Cada uma dessas três Pessoas distribui os dons espirituais.

O Pai 1 Co 12.6; Hb 2.4

O Filho 1 Co 12.5

O Espírito Santo Jo 14.26; 1 Co 12.8-11


Santifica os fiéis

Cada uma dessas três Pessoas santifica os fiéis.

O Pai Jo 14.23; 1 Co 14.25; 2 Co 6.16; Ef 4.6; 1 Jo 2.5; 4.12-16

O Filho Jo 17.23; 2 Co 13.5; Gl 2.20; Ef 3.17; 1 Jo 3.24; Ap 3.20

O Espírito Santo Jo 14.17; Rm 8.11; 1 Co 3.16; 2 Tm 1.14; Tg 4.5

Deu missão aos profetas e apóstolos

Cada uma dessas Pessoas dá missão aos profetas, envia os apóstolos e os ministros.

O Pai Is 48.16; Jr 25.4; 1 Co 12.28; Gl 1.1

O Filho Mc 16.15; 2 Co 5.20; Gl 1.1; Ef 4.11


O Espírito Santo Is 48.16; At 13.2,4; 16.6-7; 20.28

Ensina os fiéis
Cada uma dessas três Pessoas ensina os fiéis.

O Pai Is 48.17; 54.13; Jo 6.45


O Filho Lc 21.15; Jo 15.15; Ef 4.21; Gl 1.12

O Espírito Santo Lc 12.12; Jo 14.26; 1 Co 2.13


***

Sobre o senhor Jesus Cristo


O Corpo Governante conseguiu convencer as testemunhas de Jeová de que Jesus,
sendo Deus, não é o Deus Todo-poderoso, mas apenas um deus poderoso. Afirma que o
“Deus poderoso” de Isaías 9.6 (TNM) não é o mesmo que Deus Todo-poderoso, e com
isso Jesus pertence à categoria de deus menor. Porém, a mesma expressão hebraica El
Gibor, “Deus forte”, usada aqui, reaparece mais adiante se referindo ao Deus-Pai (Is
10.21).
A organização cita algumas passagens bíblicas (Sl 8.5; 82.1-6; Jo 10.34-35) para dizer
que Jesus é semelhante aos anjos, homens e até ao próprio Satanás. Em Deve-se Crer na
Trindade?, página 29, em destaque e em negrito, declara o seguinte: “Visto que a Bíblia
chama humanos, anjos e até mesmo Satanás de ‘deus [es]’, ou poderoso [s], o superior
Jesus no céu pode corretamente ser chamado de ‘deus’”. Em outras palavras, a
organização está afirmando que a única diferença existente é Jesus ser superior, porém
pertence à mesma classe e à mesma natureza. Assim, a Sociedade Torre de Vigia confessa
publicamente que crê na existência de vários deuses: o Deus Todo-poderoso, depois o
deus poderoso, e, em seguida, outros deuses menores, incluindo bons e maus. É o
grosseiro politeísmo da antiga Grécia e também de Roma.

A fé cristã não admite a existência de outros deuses. É verdade que a Bíblia faz
menção de deuses falsos. Se eles são falsos, não podem ser Deus. Uma nota falsa de um
dólar não é um dólar. Um analgésico falso não é analgésico. O que acontece a um paciente
ao tomar remédio falso? Tal medicamento não lhe fará efeito algum, pois não é analgésico.
Da mesma maneira, deus falso não é divindade. A crença em um só Deus e nas demais
divindades é henoteísmo, enquanto que o cristianismo é monoteísta. São deuses apenas na
mente de seus adoradores. Na realidade não passam de ídolos. A Bíblia declara que não
são de fato deuses: “Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não
são deuses” (Gl 4.8). São os demônios que estão por trás desses ídolos (1 Co 10. 19-21).
Está escrito: “antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá” (Is
43.10); “e fora de mim não há Deus” (Is 44.6). O Corpo Governante, no entanto, ensina
que as coisas não são bem assim, acredita na existência de uma cadeia de deuses em série
desde o Deus Todo-poderoso até os deuses maus.
“Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste” (Sl
8.5). Trata-se de uma das passagens bíblicas usadas pelo Corpo Governante para justificar
a sua crença em vários deuses, sendo Jeová o Deus Todo-poderoso, depois o segundo
deus, mais fraco e apenas poderoso, e, em seguida, outras divindades inferiores. A Bíblia
ensina que há um só Deus verdadeiro. Disse Jesus: “E a vida eterna é esta: que te
conheçam, a ti só, por único Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).
As testemunhas de Jeová ficam constrangidas quando alguém lhes pergunta se Jesus é
Deus verdadeiro ou falso. As demais divindades, portanto, são falsas, e a Torre de Vigia
incluiu Jesus nesta categoria de deuses falsos.
A organização violentou o texto sagrado desse salmo, ao traduzi-lo desta forma:
“Também passaste a fazê-lo um pouco menor que os semelhantes a Deus, e então o
coroaste de glória e de esplendor” na TNM. O texto hebraico afirma que o homem foi
feito um pouco menor do que Deus (Elohim, em hebraico), como aparece na Versão
Atualizada de Almeida, mas a Versão Corrigida verteu por: “um pouco menor do que os
anjos”, como está na Septuaginta, no Pentateuco Samaritano e em Hebreus 2.9. Na
verdade, Jesus tornou-se homem, e homem é inferior aos anjos, de modo que o texto
hebraico nos Salmos e o texto grego em Hebreus se harmonizam, sem prejudicar em nada
a divindade de Cristo ou a crença em um só Deus verdadeiro.

“Se o ladrão não se achar, então, o dono da casa será levado diante dos juízes… a
causa de ambos virá perante os juízes; aquele a quem condenarem os juízes o pagará em
dobro ao seu próximo” (Êx 22.8, 9). Encontramos nesses versículos a palavra “juízes”, em
todas as nossas versões, visto que no texto hebraico aparece Elohim, com isso a
organização quer validar a idéia da existência de vários deuses; assim, por que Jesus não
poderia ser um deles? Se os juízes de Israel são assim chamados, quanto mais Jesus! Tal
argumento é falacioso por duas razões: 1) porque em lugar algum da Bíblia esses juízes
são chamados de Javé, Deus de Israel, Deus verdadeiro etc., e nem apresenta os atributos
incomunicáveis exclusivos de Deus. Não é isso que acontece com Jesus, pois sua deidade
absoluta está em todo o contexto bíblico; 2) O livro de Deuteronômio é uma recapitulação
da Lei e da experiência de Israel durante os 40 anos de peregrinação no deserto. A
passagem paralela a Êxodo 22.8, 9 é Deuteronômio 19.17: “se apresentarão perante o
SENHOR, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias”. A palavra
hebraica aqui para designar juiz é shophet, “juiz, árbitro, conselheiro jurídico;
governante”. Isso esclarece que Elohim são juízes, mas que representavam o Deus de
Israel nos julgamentos, e não que eles sejam deuses.
“Eu disse: Vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo” (Sl 82.6). O
termo “deuses” significa que os juízes eram representantes de Deus nos julgamentos. Essa
passagem foi citada por Jesus (Jo 10.34), e a Torre de Vigia faz disso um recurso para
defender a existência de vários deuses, com o propósito básico de negar a divindade
absoluta de Cristo. Essa expressão foi dirigida aos juízes de Israel como representantes de
Deus, e o texto diz que eles foram chamados de “filhos do Altíssimo”. Nenhum dos
acusadores de Jesus ousava questionar as Escrituras, todos eles aceitavam que os juízes de
Israel fossem chamados de Elohim. Se esses juízes perversos, denunciados no salmo 82,
eram assim chamados nas próprias Escrituras e os judeus aceitavam essa condição, quanto
mais o Filho de Deus! Foi esse o argumento de Jesus em defesa de sua deidade. Ele, sendo
enviado pelo Pai, estava agora na iminência de ser apedrejado pelos judeus porque se
declarou igual a Deus! Assim, a passagem não abona a crença em vários deuses,
sustentada pela Torre de Vigia.

“Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não
lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Co
4.4). As testemunhas de Jeová empregam essa passagem para igualar Jesus a Satanás, veja
a sua declaração no livro Poderá Viver…, página 40, § 16: “‘Mas não é Jesus chamado de
deus na Bíblia?’ poderá perguntar alguém. Isto é verdade. Contudo, Satanás também é
chamado de deus. (2 Coríntios 4:4)”.

Satanás é chamado de “o deus deste século” pois, é o mais poderoso do reino das
trevas, a ponto de contrabalançar a glória do evangelho de Cristo com a cegueira dos
homens. Ele, portanto, é o deus das trevas, e a ele o seu reino presta culto de adoração. É,
porém, um deus falso, e se a Sociedade Torre de Vigia não admitir isso será obrigada a
declarar publicamente que o honra como “Deus”. As Escrituras ensinam que há um só
Deus verdadeiro. Se Jesus é Deus, mas não é o verdadeiro, a organização deve optar: Jesus
é um deus falso ou existem dois Deuses verdadeiros. A Bíblia, porém, afirma com todas as
letras que Jesus é o Deus verdadeiro: “porque nele habita corporalmente toda a plenitude
da divindade” (Cl 2.9). A expressão “toda a plenitude da divindade” não significa um
deusinho de segunda categoria, mas o Deus pleno com todos os seus atributos. As
testemunhas de Jeová estão muito enganadas com essas crenças do Corpo Governante
quando afirma que Jesus é um deus igual aos demais deuses, apenas com a diferença de
ser superior a eles.
JESUS CRISTO, O VERDADEIRO HOMEM
A Bíblia ensina que Deus é perfeito; sendo, pois, o Filho Deus igual ao Pai e da mesma
natureza, Jesus não necessitava aumentar ou diminuir seus conhecimentos. Nada teria para
aprender e não haveria como melhorar ou piorar seu comportamento. Porém, a Palavra de
Deus revela que o Senhor Jesus Cristo é o verdadeiro Deus e também o verdadeiro
homem. As Escrituras Sagradas apresentam diversas características humanas em Jesus,
por exemplo, o relato sagrado de sua infância, enfoca o seu desenvolvimento físico,
intelectual e espiritual: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com
Deus e os homens… E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a
graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2.40, 52). O profeta Isaías anunciou de antemão que
Emanuel: “manteiga e mel comerá, até que ele saiba rejeitar o mal e escolher o bem” (Is
7.15). A infância de Jesus é uma amostra clara da natureza humana de Cristo.

“Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo


homem” (1 Tm 2.5). Jesus Cristo é o eterno e verdadeiro Deus e ao mesmo tempo o
verdadeiro homem. Tornou-se homem para suprir a necessidade da humanidade. O
termo “Emanuel”, que o próprio escritor sagrado traduziu por “DEUS CONOSCO”
(Mt 1.23) - “Conosco está Deus” (TNM) - mostra que Deus assumiu a forma humana e
veio habitar entre os homens: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a
sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14).

Houve nos primeiros séculos da história do cristianismo muitas heresias que negavam
ter Jesus Cristo vindo em carne. Apolinário ensinava que Jesus era só Deus e que nada
havia nele de humano. Da mesma forma os gnósticos ensinavam que Jesus não teve um
corpo humano, mas um corpo docético, isto é, similar a um fantasma. Tanto os
apolinarianistas como os gnósticos estavam sobremaneira errados. A Bíblia ensina tanto a
divindade como a humanidade de Cristo. “E todo o espírito que confessa que Jesus não
veio em carne não é de Deus” (1 Jo 4.3). O ensino da humanidade de Cristo, no entanto,
não neutraliza a sua divindade, pois ele possui duas naturezas: a humana e a divina, o que
está claramente expresso no seu nome EMANUEL.

Jesus foi revestido do corpo humano porque o pecado entrou no mundo por um
homem, e pela justiça de Deus tinha de ser vencido por um ser humano. A Bíblia ensina
que o pecado entrou no mundo por Adão (Rm 5.12, 18,19). Jesus se fez carne. Fez-se
homem sujeito ao pecado, embora nunca houvesse pecado, e venceu o pecado como
homem (Rm 8.3). A Bíblia mostra que todo o gênero humano está condenado; que o
homem está perdido e debaixo da maldição do pecado, (Sl 14.2-3; Rm 3.23). Todos são
devedores, por isso ninguém pode pagar a dívida do outro. A Bíblia afirma que somente
Deus pode salvar (Is 43.11). Então, esse mesmo DEUS tornou-se homem, trazendo-nos o
perdão de nossos pecados e cumprindo ele mesmo a lei que promulgara (At 4.12; 1 Tm
3.16; Cl 2.14). Quando Jesus estava na terra, não se apegou às prerrogativas da divindade
para vencer o diabo, mas aniquilou-se a si mesmo, fazendo-se semelhante aos homens, (Fp
2.5-8). Como homem, tinha certa limitação quanto ao tempo e ao espaço e, portanto,
submisso ao Pai. Eis a razão de ele ter dito em João 14.28: “O Pai é maior do que eu”.
Os evangelhos revelam atributos característicos do ser humano em Jesus, como por
exemplo:

Ele nasceu de uma mulher, embora gerado pela ação sobrenatural do Espírito
Santo. Seu nascimento, contudo, foi normal e comum como o de qualquer ser
humano (Lc 2.6-7).
Ele cresceu em estatura e em sabedoria (Lc 2.52).
Ele sentiu sono, fome, sede e cansaço (Mt 8.24; Jo 4.6; 19.28).
Ele sofreu, chorou e sentiu angústia (Hb 13.12; Lc 19.41; Mt 26.37).
Ele teve mãe humana, além de irmãos e irmãs (Mt 12.47; 13.55-56).
Ele morreu, embora tenha ressuscitado ao terceiro dia, passando pelo ardor da
morte (1 Co 15.3-4).
Deu provas materiais de ter corpo humano (1 Jo 1.1; Lc 24.39-41).
Foi feito semelhante aos homens, mas sem pecado (Hb 2.17; 4.15).

Assim como é pecado negar a humanidade de Cristo (1 Jo 4.2-3; 2 Jo 7), é pecado


também negar a sua divindade, pois Jesus é tanto humano como divino. Como homem,
sentia as dores do ser humano; e, como Deus, hoje supre a necessidade da humanidade.

JESUS CRISTO, O VERDADEIRO DEUS

A Bíblia afirma textualmente e com todas as letras que Jesus é o verdadeiro Deus Javé
de Israel. É chamado de “Deus Forte” (Is 9.6); Javé, “Justiça Nossa” ou “O SENHOR,
Justiça Nossa” (Jr 23.6 – Versão Corrigida de Almeida); “e o Verbo era Deus” (Jo 1.1);
“Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20.28); “e dos quais é
Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Rm
9.5); “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus” (Fp 2.6);
“enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus Cristo”
(Cl 2.2); “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9);
“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e
nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13); “Mas, do Filho diz: Ó Deus, o teu trono subsiste
pelos séculos dos séculos, cetro de eqüidade é o cetro de teu reino” (Hb 1.8); “Simão
Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente
preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1); “E sabemos que já
o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e
no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e
a vida eterna” (1 Jo 5.20); “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os
mesmos que transpassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém.
Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de
vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.7, 8). Todas essas passagens, dentre as demais, estão
comentadas em meu livro Cristologia, páginas 50-57. Esses versículos estão falsificados e
adulterados na TNM.

Jesus é chamado de Javé dos Exércitos: “Quem é esse Rei da Glória? O SENHOR dos
Exércitos, ele é o Rei da Glória” (Sl 24.10). Esse salmo transcende um marco nacional. É
um salmo profético e fala do retorno de Cristo à sua glória, em sua ascensão. É o cântico
dos anjos e a festa de recepção do Filho de Deus, pois voltou vitorioso ao céu. O Novo
Testamento chama Jesus de “o Senhor da Glória” (1 Co 2.8). As “portas” e “entradas
eternas” (Sl 24.7) referem-se às portas do céu que se abriram para receber o Rei dos reis, e
se cumpriu em Atos 1.9-11.

Isaías 6.3 declara que a terra está cheia da glória de Javé dos Exércitos, entretanto, o
Novo Testamento afirma que esse Javé é Jesus.

E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos
Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória… Engorda o coração deste povo, e
endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; não venha ele a ver com os seus olhos, e
a ouvir com os seus ouvidos, e a entender com o seu coração, e a converter-se, e a ser
sarado (Is 6.3, 10)

Por isso, não podiam crer, pelo que Isaías disse outra vez: Cegou-lhes os olhos e
endureceu-lhes o coração, a fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no
coração, e se convertam, e eu os cure. Isaías disse isso quando viu a sua glória e falou
dele (Jo 12.39-42).

Compare Isaías 6.3, 10 com João 12.40,41. O texto do v. 40 é uma citação de Isaías
6.10, e o v. 41, de Isaías 6.3. Assim, a Bíblia ensina que Jesus é o Deus-Javé dos
Exércitos.
Já vimos que Jesus é chamado de Javé, Justiça Nossa (Jr 23.5,6). Os profetas Isaías e
Malaquias profetizaram que João Batista seria aquele que viria ante a face de JAVÉ (Is
40.3; Ml 3.1). Essas palavras foram citadas por Zacarias por ocasião do nascimento de
João: “E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque hás de ir ante a face do
Senhor, a preparar os seus caminhos” (Lc 1.76). Veja que o nome “Senhor” está no lugar
de Javé, entretanto, João Batista foi o precursor de Jesus (Jo 3.28).
O profeta Ezequiel chama o Messias de Javé, Deus de Israel: “E disse-me o Senhor:
Esta porta estará fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o Senhor Deus de
Israel entrou por ela: por isso estará fechada” (Ez 44.2). Essa profecia começou a se
cumprir quando Jesus entrou em Jerusalém. Montado num jumento, ele caminhou no
sentido do monte das Oliveiras ao centro da cidade, e passou pela porta oriental (Ne 3.29),
atualmente a Porta Dourada, a única porta que dá acesso direto ao pátio do templo (Mc
11.11). Essa porta, que fica no lado oriental de Jerusalém, foi lacrada no ano de 1542 por
ordem do sultão Suleiman II, o Magnífico, e permanece fechada até hoje. Quem é esse
Javé Deus de Israel que entrou por essa porta? É Jesus, o profeta de Nazaré.

A divindade de Cristo é uma verdade revelada ao longo das páginas da Bíblia. Diante
de todas as passagens bíblicas enfatizando literalmente a divindade de Jesus, o que mais as
testemunhas de Jeová querem? É importante saber ainda que essa doutrina não se baseia
apenas nas citações bíblicas acima. O prólogo do evangelho de João, por si só, já teria
tudo para provar essa cristologia. O pensamento bíblico aponta para essa verdade
cristológica, os atributos e as obras de Jesus revelam essa deidade absoluta.

OS ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS REVELADOS EM JESUS

Atributos divinos são as perfeições de Deus reveladas nas Escrituras, perfeições


próprias da essência de Deus. Os atributos incomunicáveis, também conhecidos como
absolutos ou naturais, são exclusivos do Ser divino, como a eternidade, a onipotência, a
onisciência, onipresença, dentre outros; diferentes dos comunicáveis, em que há no seres
humanos alguma ressonância, como amor, justiça, verdade etc.

As Escrituras mostram de maneira clara e inconfundível a eternidade de Cristo e sua


pré-existência eterna. O profeta Miquéias, ao anunciar o nascimento do Messias na cidade
de Belém de Judá, concluiu a mensagem dizendo: “…e cujas saídas são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2). Isso revela que o Filho já existia antes da
criação de todas as coisas. Em Isaías, Jesus é chamado de “Pai da Eternidade” (9.6). Como
pode ser o Filho criatura, visto que o texto sagrado nos diz aqui que ele é o “Pai da
Eternidade”?

Há outra passagem que corrobora essa grande verdade: “Jesus Cristo é o mesmo
ontem, hoje e eternamente” (Hb 13.8). Ora, se Jesus é a primeira criatura de Jeová-Deus,
como ensina a Torre de Vigia, o texto sagrado aqui em apreço fica discrepante. Como
pode ser o Filho “o mesmo ontem”, visto que houve um tempo na história em que ele não
teria existido? Se o Filho passou a existir a partir do dia em que foi “criado”, como pode
ser ele o mesmo ontem? Se antes da sua “criação” ele não existia, podia ser ele o mesmo
antes de existir? De maneira nenhuma. Em qualquer tempo da eternidade passada, “os
tempos antes dos séculos” (Tt 1.2), no passado remotíssimo, que a mente humana não
pode alcançar, ele “era o Verbo”, era o mesmo, o mesmo de hoje e de sempre, pois ele é
imutável.

Além disso, lemos em João 1.3: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada
do que foi feito se fez”; ou “por intermédio dele” (Versão Atualizada de Almeida). O
termo grego aqui é diá, “através de, por meio de, por, causa de”. Essa mesma palavra é
aplicada ao Deus-Pai em Romanos 11.36. Ora, se é verdade que o Filho foi criado, então
existe no universo uma criatura que não foi feita por ele, que seria ele mesmo, criatura
direta de Jeová, e, assim, que fazer com o texto sagrado aqui em foco que diz: “Todas as
coisas foram feitas por ele”? O texto joanino é claro e objetivo; ao mostrar que nada há
nesse infinito universo que não seja criado pelo Senhor Jesus.

O termo “onipotência” significa “ter todo poder, ser todo-poderoso”. A Bíblia ensina
que Deus é Onipotente, Todo-poderoso, um de seus nomes revela esse atributo, El Shadai.
Os cristãos reconhecem que Deus pode todas as coisas: “Porque para Deus nada é
impossível” (Lc 1.37). Deus é chamado nas Escrituras de “Onipotente”, como o Ser que
tudo pode (Sl 91.1); “nada há que seja demasiado difícil para ti” (Jr 32.27 – Tradução
Brasileira). A Palavra de Deus, no entanto, afirma ser o Filho também onipotente, isto é, o
Todo-poderoso. Jesus disse: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18). Em
outras palavras, não há nada no céu e na terra que Jesus não possa fazer; para ele não há
impossível. A Bíblia ensina que Jesus já possuía tal atributo antes de vir ao mundo (Fp
2.6-8). Após a sua ressurreição, ele recuperou o mesmo poder e a mesma glória que tinha
com o Pai, antes que o mundo existisse (Jo 17.5). Jesus está “acima de todo o principado,
e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas
também no vindouro” (Ef 1.21). Isso quer dizer que ele é o Todo-poderoso. Em
Apocalipse 1.8, Ele é chamado de Pantokrator, “Todo-poderoso”, equivalente a El Shadai,
no Antigo Testamento.
A palavra “onipresença” não aparece na Bíblia, vem do latim omni, “tudo”, e
praesentia, “presença”. Como atributo divino, na teologia, a idéia indica precisamente a
presença cheia de Deus em todas as criaturas: “Em um alto e santo lugar habito e também
com o contrito e abatido de espírito” (Is 57.15). A onipresença é o poder de estar em todos
os lugares ao mesmo tempo (Sl 33.13, 14; Pv 15.3; Jr 23.23, 24). Porém, o Corpo
Governante nega esse atributo até ao próprio Jeová, quando afirma: “O verdadeiro Deus
não é onipresente porque se fala dele como tendo localização” (Estudo Perspicaz das
Escrituras, vol. 1, página 690). Diante de tal blasfêmia se vê que essa religião adotou uma
teologia desconhecida dos profetas e apóstolos, combatida pela patrística e rejeitada pelos
reformadores do século 16, estranha, portanto, à ortodoxia cristã. Quem ousa falar isso do
Deus-Pai não fará melhor com o seu Filho Jesus Cristo.

Jesus é ilimitado no tempo e no espaço. Ele disse: “Porque onde estiverem dois ou três
reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18.20), e mais: “Eis que estou
convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mt 28.20). Essas duas
passagens mostram que Jesus está presente em qualquer parte do globo terrestre porque
ele é onipresente. O cumprimento das palavras de Jesus nós encontramos na própria
Bíblia: “E eles tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor,
e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém” (Mc 16.20), e hoje
também nos cultos, em nossas vidas: no trabalho, na escola, no lar.

A palavra “onisciência” vem do latim omniscientia, omni significa “tudo”, e scientia,


“conhecimento, ciência”. É o atributo divino para descrever o conhecimento perfeito e
absoluto que Deus possui de todas as coisas, de todos os eventos e de todas circunstâncias
por toda a eternidade passada e futura (Is 46.9, 10). É o conhecimento, a inteligência e a
sabedoria em graus perfeito e infinito: “Não há esquadrinhação do seu entendimento” (Is
40.28). Esse conhecimento é simultâneo e não sucessivo. A onisciência de Deus excede
todo o entendimento humano, é um desafio a nossa compreensão, mas é uma realidade
revelada: “tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não a posso atingir” (Sl
139.6). Porém, o Corpo Governante ensina que o Jeová, pregado por seus adeptos, não é
onisciente:

Ilustração: Uma pessoa que tem um rádio pode ouvir as notícias mundiais. Mas o fato
de que pode ouvir certa estação não significa que realmente faça isto. Ela precisa
primeiro ligar o rádio e daí selecionar a estação. Da mesma forma, Jeová tem a
capacidade de predizer eventos, mas a Bíblia mostra que ele faz uso seletivo e com
discrição dessa capacidade que tem, com a devida consideração pelo livre-arbítrio com
que dotou suas criaturas humanas (Raciocínios à Base das Escrituras, páginas 116,
117).

Trata-se de uma teologia anti-bíblica fugindo à ortodoxia cristã. O mesmo fazem as


testemunhas de Jeová com relação a Jesus.
A onisciência é outro atributo que só Deus possui, e, no entanto, Jesus revelou essa
capacidade durante o seu ministério terreno. Em João 1.47, 48, por exemplo, quando disse
que viu Natanael debaixo da figueira. Sabia que no mar havia um peixe com uma moeda,
e que Pedro ao lançar o anzol o pescaria, e com o dinheiro pagaria o imposto, tanto por ele
como por Cristo (Mt 17.27). Em João 2.24, 25, está escrito que não havia necessidade de
ninguém falar algo sobre o que há no interior do homem, porque Jesus já sabia de tudo. A
Bíblia afirma que só Deus conhece o coração dos homens (1 Rs 8.39), então Jesus não é
somente onisciente, mas também Deus. Ele sabia que a mulher samaritana já havia
possuído cinco maridos e que o atual não era o seu marido (Jo 4.17, 18). Encontramos em
João 16.30; 21.17 que Jesus sabe tudo; e Colossenses 2.2, 3 nos diz que em Cristo “estão
escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”. O Senhor Jesus ouvia a oração de
Saulo de Tarso enquanto falava com Ananias, em Damasco (At 9.11). Não há nada no
universo que Jesus não saiba, e tudo porque ele é onisciente e é Deus.

TEXTOS BÍBLICOS SELECIONADOS PARA NEGAR A DIVINDADE DE


CRISTO

O Jesus das testemunhas de Jeová não é o mesmo da Bíblia. O apóstolo Paulo adverte
os cristãos, prevenindo-nos desse “outro Jesus” (2 Co 11.4). A organização afirma que
Jesus é igual à Satanás (Poderá Viver…, página 40, § 16); a Bíblia, porém, ensina que é
igual ao Pai (Jo 5.18; 14.9). A Torre de Vigia ensina ser Jesus o Destruidor, o Abadom de
Apocalipse 9.11 (Revelação – Seu Grandioso Clímax Está Próximo!, página 148, § 20);
mas o Jesus das Escrituras Sagradas é o Criador (Jo 1.3; Cl 1.16). O Jesus das testemunhas
de Jeová tornou-se Cristo por ocasião do seu batismo (Conhecimento Que Conduz à Vida
Eterna, página 36, § 8); porém o Jesus revelado na Bíblia nasceu Cristo: “pois, na cidade
de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11).

As Escrituras revelam as naturezas humana e divina de Jesus, ele é o verdadeiro


homem e o verdadeiro Deus, elas mostram também, os elementos característicos do ser
humano; da mesma maneira os atributos exclusivos da divindade. Porém, os teólogos da
Torre de Vigia selecionam apenas as passagens bíblicas que tratam da natureza humana
para contrabalançar a verdadeira identidade de Cristo e persuadir o povo de que Jesus não
é Deus e é inferior ao Pai. Essas passagens são conhecidas de todas as testemunhas de
Jeová e se encontram no livro Raciocínios à Base das Escrituras e na brochura Deve-se
Crer na Trindade? Vamos analisar algumas delas.

“Porém daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas
unicamente meu Pai” (Mt 24.36). Esse versículo se encontra também em Marcos 13.32.
São passagens bíblicas usadas pela organização para dizer que Jesus não é Deus, pois os
textos sagrados afirmam que há coisas que o Pai sabe e o Filho não. Esse argumento,
porém, é falacioso porque a Bíblia afirma também que Jesus “tinha um nome escrito que
ninguém sabia, senão ele mesmo” (Ap 19.12).

Como que Jesus, sendo onisciente, não podia saber a data de sua vinda, visto que ele
“sabe tudo” (Jo 16.30)? A resposta é que naquele momento ela falava como homem. O
Verbo se esvaziou a si mesmo, por ocasião de sua encarnação, assumindo a natureza
humana, sem contudo neutralizar sua divindade e suas prerrogativas. É difícil localizar a
fronteira entre o humano e o divino em Jesus nos evangelhos, mas as duas naturezas estão
presentes, às vezes agia como homem, outras vezes, como Deus.

A organização, já ciente dessa realidade, diz: “E se, conforme alguns sugerem, o Filho
estivesse impedido de saber, em razão de sua natureza humana, surge a pergunta: Por que
é que o Espírito Santo não sabe?” (Raciocínios…, página 402). Aqui, a Torre de Vigia
levanta outra questão, pois já sabe que não mais convence as pessoas com seu argumento,
já que Jesus possuía a natureza humana e também a divina; agora, envolve o Espírito
Santo. Mas, nós perguntamos às testemunhas de Jeová: “Quem disse que o Espírito Santo
não sabe”? Ele não aparece na referida passagem porque o assunto não envolvia a terceira
Pessoa da Trindade, a Bíblia, no entanto, declara que o Espírito “penetra todas as coisas,
ainda as profundezas de Deus… ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de
Deus” (1 Co 2.10,11). Veja que o Corpo Governante parte de uma premissa falsa para
depois fundamentar seu argumento em cima dela. Se a palavra “ninguém” não pode
excluir o Espírito Santo, logo não poderá também excluir o Pai, em Apocalipse 19.12.

“Ouvistes o que eu vos disse: vou e venho para vós. Se me amásseis, certamente,
exultaríeis por ter dito: vou para o Pai, porque o Pai é maior do que eu” (Jo 14.28). O
Corpo Governante encontra nessa passagem bíblica elementos para fundamentar sua
crença de que o Filho é inferior ao Pai, com isso, conclui que Jesus não pode ser ele Deus.
Os arianistas se apegaram com muita garra a esse versículo para negar a divindade de
Cristo, da mesma forma fazem os muçulmanos, e hoje a organização das testemunhas de
Jeová constrói seu argumento em cima dele.
A humanidade de Cristo, ou seja, essa subordinação ao Pai dirigida pelo Espírito
Santo, foi uma condição para o seu messiado, e isso não neutraliza a sua deidade, pois é
uma questão de função e não de natureza. Jesus tornou-se homem e como tal assumiu
voluntariamente essa submissão ao Pai, pois o mesmo Jesus que afirma “porque não busco
a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou” (Jo 5.30). Aqui, é o Jesus homem
que está falando, assim, fica provado que o texto de João 14.28 não invalida a deidade do
Filho.
“Deus nunca foi visto por alguém. O Filho Unigênito, que está no seio do Pai, este o
fez conhecer” (Jo 1.18), ou: “o Deus unigênito”, conforme a Versões Atualizada e
Revisada de Almeida. Essa passagem bíblica foi falsificada na TNM, pois usa “deus”
com letra minúscula. A Torre de Vigia usando essa verdade, mas com analogia falsa,
argumenta que Deus nunca foi visto por alguém, já o Filho foi, e por isso não pode ser
Deus.
O argumento do Corpo Governante é muito artificial, pois sabemos que ninguém
jamais viu a Deus na sua essência e na sua glória, assim como ele é, e continuou vivo (Êx
33.20; Jz 13.22; Is 6.5; Jo 5.37; 6.46; 1 Jo 4.12, 20). É nesse sentido que “Deus nunca foi
visto por alguém”. Mesmo assim, ele foi visto em suas manifestações antropomórficas: “e
viram o Deus de Israel” (Êx 24.10); da mesma forma pelo profeta Isaías: “eu vi ao
SENHOR assentado sobre um alto e sublime trono” (Is 6.1) e na encarnação do Verbo: “e
o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória” (Jo 1.14). Jesus é o Deus
que viveu como homem ao assumir a forma humana: “o qual é a imagem do Deus
invisível” (Cl 1.15). Ele nos revelou o Pai.

Essa interpretação dos teólogos das testemunhas de Jeová traz problemas para a
própria organização, pois mais uma vez ela se contradiz, uma vez que o Filho também
jamais foi visto em sua plena glória depois que retornou ao céu: “Desde que jamais
existiram homens terrestres que viram o Pai, a quem nenhum homem viu, nem pode
ver, tão pouco verão o glorificado Filho. — Êxodo 33.20; 1 Timóteo 6.16” (“Seja Deus
Verdadeiro”, edição de 1949, página 191 § 4).17 A passagem bíblica de 1 Timóteo 6.16,
afirma: “Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem
nenhum dos homens viu nem pode ver; ao qual seja honra e poder sempiterno.
Amém”. A Torre de Vigia afirma que essas palavras se aplicam a Jesus. Isso ainda
acontece na revista A Sentinela, 15 de maio, 1979, página 32, em que a organização
usa quase uma página para justificar que tal passagem diz respeito a Jesus.

“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus
Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3). A organização diz que Jesus é distinto do Pai; logo, ele
não pode ser Deus. O fato de o Pai e o Filho serem Pessoas distintas em nada invalida a
Trindade, pois refutamos o conceito sabelianista. Essa passagem é uma das mais
extraordinárias da Bíblia e é simultaneamente um golpe fatal em todas as ramificações do
gnosticismo, mas a organização e todos os unitaristas se utilizam freqüentemente dela na
tentativa de provar essa suposta diferença de natureza entre o Pai e o Filho.

Conhecer a Deus é o mesmo que conhecer a Cristo, em virtude da unidade de natureza


do Pai e do Filho (Jo 10.30). Jesus disse: “e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e
ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt
11.27). O Pai não é o Filho, nem o Filho é o Pai (2 Jo v. 3). Essas Pessoas são distintas e
formam com o Espírito Santo a unidade composta da divindade. O texto de João 17.3
revela um conhecimento místico, isso implica comunhão, fé, obediência, adoração, e não
meramente conhecimento técnico. Diz a organização: “Fazer a vontade de Deus exige ter
um conhecimento exato tanto sobre Jeová como sobre Jesus Cristo. Esse conhecimento
leva à vida eterna” (Conhecimento…, página 46 § 8). Essa declaração é falsa, pois Jesus
disse: “quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não
entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24). A salvação é pela
graça mediante a fé em Jesus (Ef 2.8-10; Tt 3.5). Foi o que disseram Paulo e Silas ao
carcereiro de Filipos (At 16.31). É esse o sentido de conhecer a Deus, em João 17.3. Foi
inspirado nessa passagem que a Torre de Vigia intitulou o livro Conhecimento Que
Conduz à Vida Eterna.

Crer no Filho como Messias de Israel e rejeitar sua divindade foi a doutrina ensinada
pelos ebionitas e ainda hoje advogada pelo islamismo. Maomé dizia que Jesus era o
Cristo, mas que não deveria ser adorado. Foi o maior prejuízo do islamismo. Jesus
declarou que sem fé nele está tudo perdido: “credes em Deus, crede também em mim” (Jo
14.1). Interessante que a organização, às vezes, utiliza-se dos mesmos argumentos e das
mesmas passagens bíblicas dos muçulmanos. Existem muitos religiosos que crêem em
Deus, mas não crêem em Jesus de Nazaré. Crer em Deus e negar a divindade de Jesus é
uma crença falsa. Seria algo inconcebível associar a vida eterna a Deus e a uma criatura,
se o Filho não fosse divino. O texto ensina o monoteísmo judaico-cristão, sem prejudicar
em nada a doutrina da Trindade e da deidade do Filho. Esse mesmo Jesus, que nessa
passagem é relegado pelos seguidores da Sociedade Torre de Vigia, em 1 João 5.20 é
chamado de Deus verdadeiro: “Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”. Então, se há
somente um Deus verdadeiro, e Jesus é chamado de verdadeiro Deus e a vida eterna,
indubitavelmente o Filho é Deus.

“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo varão, e o varão a cabeça da
mulher; e Deus a cabeça de Cristo” (1 Co 11.3). Como o Filho pode ser Deus, visto que a
Bíblia afirma que Deus é a Cabeça de Cristo? O homem e a mulher pertencem a classes
diferentes, ele, sexo masculino; ela, sexo feminino, entretanto, compartilham da mesma
natureza, pois ambos são humanos e imagem de Deus: “e criou Deus o homem à sua
imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.27). Temos nessa
passagem paulina o princípio da liderança dentro da família humana. A Bíblia nos ensina a
sermos sujeitos uns aos outros (1 Co 16.15,16). Ser o homem cabeça da mulher não a
diminui e nem a torna menos humana do que ele, ela não perde a dignidade, assim
também, na divindade, nesse arranjo, o Pai como cabeça não diminui a divindade do
Filho. O termo grego para “Deus”, theos, é uma referência ao Deus-Pai, pois está
acompanhado do artigo definido.

“E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, também o mesmo Filho se
sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Co
15.28). É um dos textos favoritos das testemunhas de Jeová, pois alegam que, se o próprio
Filho se sujeitará ao Pai na eternidade, logo não pode ser ele Deus. Porém, há por trás
desse argumento um ensino falso defendido pela religião do Corpo Governante de que
Jesus deixou de ser homem em sua morte ao negar a ressurreição corporal dele. Não cabe,
aqui, discutir a ressurreição de Jesus, pois esse assunto será retomado mais adiante, mas
podemos adiantar a falsa doutrina da organização de que o corpo de Jesus foi desfeito,
existindo, hoje, nada mais do que um “espírito glorioso”.

A idéia de que essa submissão esteja restrita apenas ao ministério terreno de Jesus não
pode ser confirmada no Novo Testamento porque mesmo depois de sua ressurreição ele
continuou sendo chamado de “Filho de Deus” (Rm 15.6; 2 Co 1.3), o Pai continuou sendo
o seu Deus (Jo 20.17; Ap 3.12) e não deixou a sua humanidade; a diferença é que depois
de sua ressurreição e ascensão tornou-se ser humano glorificado e exaltado, sendo o
mediador da Nova Aliança: “Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os
homens, Jesus Cristo, homem” (1 Tm 2.5) e o juiz dos vivos e dos mortos (At 17.31); sem
em nada comprometer a sua divindade: “porque nele habita corporalmente toda a
plenitude da divindade” (Cl 2.9).

Essa subordinação ao Pai é uma questão de posição, e não de natureza, não é a do


Filho como Filho, mas como Filho encarnado e, assim, não envolve a desigualdade da
essência e da natureza. A mulher é submissa ao marido, mas nem por isso é menos
humana do que o homem. Assim, a submissão do Filho, depois que a administração do
reino for entregue ao Pai, não é suficiente para comprometer a igualdade de essência e de
substância das três Pessoas da Trindade.

“O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele


foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam
tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e
para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a
cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em
tudo tenha a preeminência” (Cl 1.15-18). A “imagem do Deus invisível” fala da divindade
de Jesus. A palavra grega eikon, “imagem, semelhança, arquétipo”, expressa duas idéias,
ambas compatíveis com Cristo e sua obra: aparência e manifestação. Cristo é a expressa
imagem de Deus (Hb 1.3) e também a sua manifestação (Jo 1.18). O Novo Testamento
ensina a manifestação de Deus em Cristo (1 Tm 3.16; 1 Jo 1.1-3). O v. 15 é mais uma
passagem predileta das testemunhas de Jeová, pois elas acreditam que esse texto sagrado
apóia a teologia do Corpo Governante. A Torre de Vigia afirma que Jesus não pode ser
Deus porque é chamado na Bíblia de “o primogênito de toda a criação”, por isso não é
eterno, mas criatura. Esse pensamento está baseado numa interpretação errada. O texto
afirma ser Jesus “o primogênito de toda a criação”, e não “o primogênito de Deus”, que é
muito diferente.

Vamos primeiro verificar o significado da palavra “primogênito” e, em seguida,


analisar o seu sentido no texto. Vem logo à nossa mente a idéia de mais velho quando se
ouve falar no referido termo. Numa família isso significa responsabilidade, preeminência e
privilégios. Os mais respeitados dicionários e léxicos hebraico e grego apresentam outros
significados. O vocábulo hebraico é bechor, significa “primogênito, primeiro, filho mais
velho, excelente” e o grego, prototokos, “o primeiro em nascer, o primogênito, primeiro,
chefe”. Os escritores sagrados usaram também essas palavras com o sentido de
importância, prioridade, posição, primazia, preeminência. Assim, quando aplicado a
Cristo, em nada desabona a sua eternidade por duas razões principais: a Bíblia mostra a
eternidade do Filho (Is 9.6; Mq 5.2; Hb 13.8; Jo 1.3) e esses vocábulos nem sempre
significam o “filho mais velho”, mas o que tem primazia e preeminência. Efraim era o
filho mais novo de José, entretanto, é chamado de “primogênito” (Gn 48.18, 19; Jr 31.9);
o mesmo acontece com Davi (1 Sm 16.11; Sl 89.27) e com os cristãos (Hb 12.23).
Uma análise à luz do próprio texto mostra que em nada tal passagem confirma a crença
das testemunhas de Jeová, pois o v. 16 apresenta Jesus como o Criador e o 17 o afirma de
maneira categórica como Ser que transcende a todas as coisas criadas, o Senhor Jesus
Cristo não faz parte da criação, é um Ser à parte dela: “E ele é antes de todas as coisas e
todas as coisas subsistem por ele”. O apóstolo conclui afirmando o Filho como o
Preeminente: “E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os
mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (v.18). O texto afirma aqui que Jesus é o
Criador, o Preeminente sobre todas as suas criaturas. A Bíblia não ensina, nem aqui e nem
em outra parte, ser Jesus uma criatura de Jeová-Deus; antes, ensina que ele próprio é Javé-
Deus.

“E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel
e verdadeira, o princípio da criação de Deus” (Ap 3.14). Essa é outra passagem bíblica
predileta das testemunhas de Jeová, pois a parte final chama Jesus de “o princípio da
criação de Deus” e o Corpo Governante interpreta isso como primeira criatura.
Segundo os mais conceituados dicionários e léxicos de grego, a palavra arché significa
“começo, princípio origem, poder, princípio, a primeira causa, governante, autoridade”. O
termo vem de arc (arch), raiz de onde se origina a idéia de “líder, chefe”, como, por
exemplo, “arcanjo”, um líder dos anjos; “arcebispo”, um líder ou chefe dos bispos, de
onde vem a palavra archon, “chefe, governante”. A idéia, em Apocalipse 3.14, é de
origem no sentido de fonte, pois revela ser Jesus a fonte e a origem de tudo o que foi
criado e que existe, isto é, Jesus é o Criador de tudo. Se a palavra “princípio”, aqui,
significasse começo de existência, como a Torre de Vigia ensina, a organização seria
também obrigada a recusar que Deus seja eterno, pois Apocalipse 21.6, 7 afirma ser Deus
o “princípio e o fim’”, mas não o faz porque sabe que essa expressão significa que Deus
não teve origem nem terá fim. Assim, também o texto aqui declara que Jesus não teve
origem, antes, ele é a origem de todas as coisas.

DEVE O SENHOR JESUS CRISTO SER ADORADO?

A Bíblia responde a essa pergunta. Ele foi adorado pelos magos por ocasião do seu
nascimento: “entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o
adoraram” (Mt 2.11); diversas vezes durante o seu ministério terreno, pelo leproso que foi
curado (Mt 8.2); por Jairo (Mt 9.18); “que era príncipe da sinagoga (Lc 8.41); pela mulher
Cananéia (Mt 15.25); pelo cego de nascença, depois que recebeu a cura (Jo 9.38); pelas
mulheres que foram ao sepulcro, depois da sua ressurreição (Mt 28.9); pelos onde
discípulos (Mt 28.17); pelos anjos: “e todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1.6) e por
miríades de anjos e por toda criatura do universo (Ap 5.8-14).
O verbo grego proskyneo significa “adorar, render homenagem” e aparece no Novo
Testamento para designar adoração ao Deus-Pai (Mt 4.10; Jo 4.24; Ap 7.11; 11.16; 19.4);
ao diabo (Lc 4.7; Mt 4.9; Ap 13.4); aos anjos (Ap 22.9); à besta (Ap l3.l5; l4.11, l5); aos
demônios (Ap 9.20); aos ídolos (At 7.43) e a homens (Ap 14.9; 16.2). Em todas essas
passagens a TNM traduz por “adorar”. Este mesmo verbo aparece também para designar
adoração ao Senhor Jesus Cristo (Mt 2.2, 11; 8.2; 9.18; 14.33; 15.25; Mc 15.19; Jo 9.38), e
em todas essas passagens ela emprega “prestar homenagem”.
Nenhuma religião no mundo mudou tanto as suas doutrinas como as testemunhas de
Jeová (ver mais detalhes no meu livro Testemunhas de Jeová – A Inserção de Suas
Crenças e Práticas no Texto da Tradução do Novo Mundo, páginas 96-98). Um dessas
mudanças é em relação à adoração de Jesus. Quando a TNM foi lançada em 1950, a Torre
de Vigia ensinava que Jesus deveria ser adorado. Essa crença vinha desde Russell:

Sua posição é contrastada com a de homens e anjos, desde que é Senhor de ambos,
tendo todo o poder no céu e na terra. Desde que assim é dito, “que todos os anjos o
adorem” (isto inclui Miguel, o chefe dos anjos, o que significa então que Miguel não é
o Filho de Deus) e a razão está em que ele tem alcançado nome mais excelente do que
o deles (A Sentinela, edição americana, novembro de 1879, página 48).

Posteriormente, a Torre de Vigia publicou nos seguintes termos outra matéria


ensinando a adoração de Jesus: “Sim, cremos que Nosso Senhor Jesus enquanto esteve na
terra foi realmente adorado e corretamente assim procedido” (A Sentinela, edição
americana, julho de 1898, página 4). A primeira edição da TNM traduziu Hebreus 1.6 da
seguinte forma: “E todos os anjos de Deus o adorem”. Essa passagem era um problema
para a organização. Como a Torre de Vigia mudou mais uma vez a sua crença proibindo a
adoração de Jesus, e por causa disso, na edição da sua versão oficial, revisada em 1984,
ela mudou o sentido da mensagem, traduzindo o texto sagrado por “prestar homenagem”.
Veja que cada vez que a organização muda suas crenças, altera também suas escrituras.

O texto de Hebreus 1.6 é parcialmente tirado de Deuteronômio 32.43, no texto grego


da Septuaginta, combinando com o salmo 97.7: “que os anjos de Deus o adorem”. A Torre
de Vigia sustentava que o escritor aos Hebreus estava se referindo ao salmo 97, que a
adoração ali era a Jeová e que em Hebreus se aplica a Jesus: “É verdade que o Salmo 97,
que o apóstolo evidentemente cita em Hebreus 1.6, se refere a Jeová Deus como sendo
aquele que diante de quem ‘se curvar’, e, no entanto, este texto foi aplicado a Cristo
Jesus” (A Sentinela, 1º de julho de 1971, página 415).
Depois de 75 anos “o canal de comunicação” afirma que é pecado adorar a Jesus,
dizendo que “nenhuma distinta adoração deve ser dada a Jesus Cristo” (A Sentinela,
edição americana, 1º de janeiro de 1954, página 3l). As testemunhas de Jeová estão
numa situação difícil. Se hoje é idolatria adorar a Jesus, o que fazer com as que
morreram adorando a Jesus antes dessa data? Quem morre na idolatria tem a vida
eterna? Se elas morreram salvas, o que fazer com os atuais seguidores da Sociedade
Torre de Vigia que se recusam a adorar Jesus? Veja que se trata de uma mudança de
180 graus.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

A Sociedade Torre de Vigia não crê que haja ressurreição dos mortos, embora use com
freqüência o termo. O verbo grego mais usado para “ressuscitar”, no Novo Testamento, é
egeiro, “despertar, levantar” e o segundo, anistemi, “levantar, levantar-se, ressuscitar”. O
substantivo é anastasis, “ressurreição”; de “ana, acima, e histemi, por em pé”.
Ressurreição, portanto, significa “levantar dentre os mortos”, mas, para nossa surpresa, o
Corpo Governante redefiniu o termo, para não dizer publicamente que ensina a doutrina
dos saduceus, chamando de recriação: “Portanto, não é razoável que aquele que criou a
vida seja capaz de recriá-la?” (Quando Morre Alguém Que Amamos, página 28). Afirma
ainda que ressurreição é Jeová “colocar de novo o padrão da mesma personalidade num
corpo recém-formado” (Ajuda ao Entendimento da Bíblia, página 1433). Em outras
palavras, ressurreição não é ressurreição!

Assim, os teólogos das testemunhas de Jeová também negam terminantemente a


ressurreição corporal de Jesus. A organização ensina que ele não ressuscitou
corporalmente e que Deus o materializou para convencer a Tomé, provando ser o próprio
Jesus que estava ali diante dele. Afirma que Jeová criou outra pessoa com as mesmas
características e personalidade de Cristo: “Deus o ressuscitou, mas não como humano” (O
Que a Bíblia Realmente Ensina?, página 73 § 22). O corpo daquele que foi pendurado no
madeiro desapareceu, argumenta ainda que foi por essa razão que Maria confundiu Jesus
com o jardineiro em João 20.15 (Poderá Viver…, página 144 § 9).

É claro que Maria não reconheceu Jesus porque ainda era escuro (Jo 20.1). Além disso,
com esse argumento, a organização declara que Jeová não teve a capacidade de fazer outro
Jesus igual ao primeiro, uma vez que não pôde ser reconhecido, pois teria falhado na
clonagem. Segundo essa teologia, o Senhor Jesus teria se materializado e, por isso, a Torre
de Vigia não admite a sua verdadeira ressurreição. Chegou a declarar: “O homem terrestre,
Jesus de Nazaré, não mais existe” (Despertai!, 22 de dezembro de 1984, pagina 20). É
mais um problema insuperável da organização, pois se não existe mais o Jesus de Nazaré,
como Pedro curou o paralítico em nome de Jesus de Nazaré? Disse: “Em nome de Jesus
Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6). A verdade é que o mesmo Jesus que
nasceu em Belém, habitou em Nazaré, foi crucificado em Jerusalém e ressuscitou ao
terceiro dia. Em nome desse mesmo Jesus, e não de outro, mas de Jesus de Nazaré, o
paralítico foi curado. O apóstolo Paulo faz menção de um Jesus estranho, que ele não
pregou, e que devemos rejeitar (2 Co 11.4).
A ressurreição de Cristo na teologia da Torre de Vigia é sem consistência, pois se
fundamenta em suposições, e não na Palavra de Deus. Deus garantiu que o corpo do
Senhor Jesus Cristo não veria a corrupção, isto é, não se deterioraria: “Pois não deixarás a
minha alma no Seol, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção”18 (Sl 16.10, Versão
Revisada de Almeida); essa profecia se cumpriu na ressurreição de Jesus (At 2.24-30);
portanto, aquele corpo que foi crucificado não pôde ficar na sepultura.
Jesus se apresentou aos seus discípulos dizendo ser ele mesmo e não um corpo
materializado, não outro corpo, e cuja ressurreição não foi em espírito, era ele mesmo que
estava presente, em carne e osso, e que espírito não tem essas características materiais (Lc
24.39,40). A Bíblia afirma que o túmulo de Jesus foi encontrado vazio (Mt 28.6) e onde
estava o corpo que fora crucificado? O próprio Jesus disse que a sua ressurreição seria
corporal (Jo 2.19-22). A ressurreição em espírito não existe em virtude de ser ele imortal.
Todas as vezes que a palavra ressurreição e seus derivados aparecem na Bíblia com
relação à ressurreição de Cristo, tratam de uma ressurreição literal e corporal. A
ressurreição, no sentido espiritual, só existe quando um pecador se arrepende dos seus
pecados e recebe a Jesus Cristo em sua vida (Ef 2.5, 6; Cl 3.1).

A ressurreição de Cristo não consiste apenas no fato de ele tornar a viver, pois, se
assim fosse, não seria diferente das ressurreições registradas no Antigo Testamento, nem
ele poderia ser considerado “as primícias dos que dormem” (1 Co 15.20); nem o
“primogênito dentre os mortos” (Cl 1.18). Ela é a viga mestra e o pilar da religião cristã. É
o principal elemento que distingue o cristianismo das grandes religiões. Jesus determinou
que sua morte e sua ressurreição fossem o centro da pregação do evangelho (Lc 24.44-47).
O apóstolo Paulo diz que negar essa verdade é continuar no mesmo estado de pecado e
miséria, e que o cristianismo não teria sentido. “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa
fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão
perdidos” (1 Co 15.17,18). Esse fato é a glorificação e exaltação de Jesus (Rm 6.4; Fp
3.20,21; Jo 7.39); a vitória esmagadora sobre Satanás, o pecado, a morte e o inferno (1 Co
15.54-56; Ap 1.17,18). Ele ressuscitou para a justificação, pois sem essa ressurreição não
poderíamos ser justificados diante de Deus e assim estaríamos condenados (Rm 4.25). A
ressurreição corporal de Jesus é um fato insofismável.
JESUS CRISTO E O ARCANJO MIGUEL

A Sociedade Torre de Vigia ensina que Jesus é o arcanjo Miguel. Embora não se
encontre apoio para tal doutrina nas Escrituras Sagradas, essa organização se apropria de
três artifícios para justificar tal erro, a saber: o termo “arcanjo” só aparece no singular na
Bíblia; em 1 Tessalonicenses 4.16, a vinda de Cristo é precedida da “voz de arcanjo”;
finalmente, Daniel 12.1 afirma que Miguel lutará pelo povo de Deus (Ajuda ao
Entendimento da Bíblia, páginas 1111, 1112), concluindo, com isso, ser Jesus Cristo o
mesmo Miguel.

A organização inicialmente ensinou que Jesus não é Miguel (A Sentinela, edição


americana, novembro de 1879, página 48). Depois afirmou, em O Mistério Consumado,
página 188, que ele é o papa:

Ap 12.7: “E irrompeu guerra no céu” - Entre dois poderes eclesiásticos - Roma pagã e
Roma Papal. Miguel - Quem é como Deus? - o Papa; os seus anjos - os bispos. Isto é o
que diz o Catecismo Católico à pergunta: “Quem são os sucessores” dos apóstolos?’
Resposta: Os bispos corretamente consagrados e que estão em comunhão com a
Cabeça, o Papa.

Veja que Russell, o fundador do movimento das testemunhas de Jeová, era adorador de
Jesus e não admitia ser Jesus o mesmo Miguel. Depois de sua morte, Miguel se torna
papa. Uma fraqueza do Corpo Governante visto que ele mesmo afirma que não pode haver
duas verdades, quando uma não concorda com a outra. Diz: “Ou uma ou a outra é
verdadeira, mas não ambas. Crer sinceramente em uma coisa e praticá-la não a torna certa,
se realmente for errada” (Poderá Viver…, página 32 § 19). Agora, ensina que é paganismo
adorar a Jesus e, com argumentos falaciosos, tenta provar que ele é o arcanjo Miguel.

O nome de Miguel é mencionado como arcanjo apenas em Judas 9: “Mas o arcanjo


Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não
ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda”. Essa é
a única passagem das Escrituras que mostra ser Miguel um arcanjo. O termo arch significa
“chefe, líder” ou “cabeça”. Isto mostra que Miguel é um líder dos anjos. Seu nome em
hebraico é Michael, significa “Quem é semelhante a Deus?”. Gesenius19 declara que a
tradição rabínica afirma ser Miguel “um dos sete arcanjos”. Esses arcanjos aparecem na
literatura rabínica apocalíptica, em que esses nomes são apresentados no livro pseudo-
epígrafo de Enoque: Uriel, Rafael, Raquel, Miguel, Saracael, Gabriel e Remiel (1 Enoque
20.2-8), porém não precisamos de literatura extra-bíblica para fundamentar aquilo em que
cremos. Outra prova da distinção entre Jesus e Miguel é que o arcanjo não pronunciou
palavras de maldição contra o diabo, mas disse: “O Senhor te repreenda”. Assim, ele
estava falando em nome de Jesus.
Sobre a palavra “arcanjo”, o Corpo Governante declara: “O termo ocorre na Bíblia
apenas no singular”. Isso é verdade, porém não oferece sustentação alguma à doutrina
das testemunhas de Jeová, pois as Escrituras Sagradas revelam existir mais seres, no
céu, da mesma natureza e com a mesma posição: “e eis que Miguel, um dos primeiros
príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia” (Dn 10.13). Veja
que a expressão “um dos primeiros príncipes” mostra existir outros como Miguel;
assim, não pode ser ele o Filho de Deus.

Os teólogos da Sociedade Torre de Vigia apelam ainda para a expressão “voz de


arcanjo”, em 1 Tessalonicdenses 4.16: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com
alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro”, com isso eles afirmam: “Caso a designação ‘arcanjo’ se
aplicasse não a Jesus Cristo, mas a outros anjos, então a referência à voz de arcanjo
não seria apropriada. Nesse caso, estaria descrevendo uma voz de menor autoridade do
que a do Filho de Deus”.

Então, se “voz de arcanjo” faz de Jesus arcanjo, da mesma maneira “trombeta de


Deus” faz da trombeta também Deus. Veja o absurdo. Nenhuma das passagens bíblicas
reivindicadas pelas testemunhas de Jeová (1 Ts 4.16; Jd 9) afirma ser Jesus o arcanjo
Miguel. Devemos considerar ainda o seguinte: com base nessa linha de raciocínio,
também se tornaria absurdo entender que os anjos, que são inferiores ao Filho,
anunciassem o nascimento de Jesus aos pastores de Belém (Lc 2.9-14). O ministério deles
em relação a Jesus é uma constante. Eles anunciaram o nascimento de Cristo (Lc 2.9-14);
assistiram Jesus no deserto (Mc 1.13), na agonia do Getsêmani (Lc 22.43), na sua
ressurreição (Mc 16.5; Mt 28.2, 3, 5) e na sua ascensão (At 1.10, 11). Ficaríamos
surpresos se eles não tivessem participação na segunda vinda de Cristo. Causa-nos
estranheza esse argumento de que um anjo precursor da vinda de Cristo venha diminuir a
pessoa do Filho de Deus. Os anjos estão associados à vinda de Cristo. É mais lógico
admitir que um anjo soará a trombeta anunciando a vinda de Cristo, conforme a Bíblia e a
tradição judaica, do que admitir que o próprio Cristo venha dar o alarme de seu retorno. A
“voz de Arcanjo” significa voz de comando, de autoridade. Isso quer dizer que o arauto
anunciará a vinda de Cristo, e não que o próprio Cristo será o seu arauto. Miguel atuará
como líder das hostes angelicais na luta contra os inimigos de Israel (Dn 12.1). Pelejará
contra o Dragão e seus anjos (Ap 12.7, 8). Ele é o anjo que tem o alto comando dos
exércitos de Deus.
Jesus aparece muitas vezes antes de sua encarnação no Antigo Testamento. Numa
dessas aparições, em Daniel 10.5-13, apresenta um “homem vestido de linho…”, cuja
descrição, segundo Mathew Henry: “É opinião quase unânime dos autores que não foi
outro senão o próprio Senhor Jesus Cristo pré-encarnado”. A visão descrita aqui é muito
semelhante a experiência do apóstolo João, em Apocalipse 1.13-15, por isso o citado
expositor bíblico continua: “expositores da envergadura de Young e Keil ‘consideram o
varão como genuína teofania ou uma aparição de Cristo como o anjo de Jeová’”. Esse
personagem, da visão de Daniel, fala a respeito de Miguel, logo ambos são pessoas
distintas (veja ainda Dn 7.23; 12.6; Ez 1.26).
Miguel é anjo e, como tal, não é chamado de “Filho” na Bíblia: “A qual dos seus anjos
disse jamais: Tu és o meu Filho, hoje te gerei?: Eu lhe serei por Pai e ele me será por
Filho?” (Hb 1.5). Assim, fica claro que nenhum dos anjos é chamado, por Deus, de “Meu
Filho, eu hoje te gerei”. Miguel está incluído na categoria de anjo, ele não foi gerado no
ventre de Maria. Essa dificuldade a Torre de Vigia não conseguiu superar. Há, portanto,
clara distinção entre Jesus e Miguel. Jesus é chamado de Filho, mas Miguel não, por ser
ele anjo. Jesus é Criador (Jo 1.3), Miguel é criatura (Cl 1.16); Jesus é adorado por Miguel
(Hb 1.6), Miguel não pode ser adorado (Ap 22.8-9); Jesus é o Senhor dos Senhores (Ap
17.14), Miguel é um dos príncipes (Dn 10.13); Jesus é o Rei dos reis (1 Tm 6.15), Miguel
é príncipe dos judeus (Dn 12.1).

COMPARAÇÃO ENTRE JAVÉ DO ANTIGO TESTAMENTO E JESUS


CRISTO DO NOVO TESTAMENTO

Javé é “EU SOU” Jesus é “EU SOU”

(Êx 3.13-14). (Jo 8.58).

Javé é a “ROCHA” Jesus é a “ROCHA”

(Is 44.8). (1 Co 10.4).

Javé é o “SENHOR” Jesus é o “SENHOR”


(Is 45.5-6). (Fp 2.11).

Javé é a “PAZ” Jesus é a “NOSSA PAZ”


(Jz 6.24). (Ef 2.14).

Javé é o “PASTOR” Jesus é o “PASTOR”


(Sl 23.1). (Hb 13.20).

Javé é a nossa “BANDEIRA” Jesus é a nossa “BANDEIRA”


(Êx 17.15). (Jo 3.14).
Javé é o “SENHOR DOS Jesus é o “SENHOR DOS

SENHORES” (Dt 10.17). SENHORES” (I Tm 6.15).


Javé é o único “SALVADOR” Jesus é o único “SALVADOR”
(Is 43.11). (At 4.12).

Javé é o “SANTO” Jesus é o “SANTO”

(Lv 19.2) (At 4.27).

Javé é o “VERDADEIRO” Jesus é o “VERDADEIRO”


(Jr 10.10) (At 3.14)

Javé é o “JUSTO” Jesus é o “JUSTO”

(Sl 7.9). (At 3.14)

Javé é a “VIDA” Jesus é a “VIDA”


(Dt 30.20). (Jo 14.6).

Javé é “SÁBIO” Jesus é “SÁBIO”

(Jr 32.19). (1 Co 1.24).

Javé é o “PRIMEIRO E O Jesus é “O PRIMEIRO E O

ÚLTIMO” (Is 44.6). ÚLTIMO” (Ap 1.17).

Javé é “PEDRA DE Jesus é “PEDRA DE

TROPEÇO” (Is 8.13-15). TROPEÇO” (Rm 9.33).

Javé foi “TRANSPASSADO” Jesus foi “TRANSPASSADO”

(Zc 12.10). (Jo 19.33, 34).


Javé é o “PERDOADOR” Jesus é o “PERDOADOR”

(Sl 103.3) (Mt 9.5-6).


Javé “VIRÁ COM OS Jesus “VIRÁ COM OS

SANTOS” (Zc 14.5). SANTOS” (1 Ts 3.13).


Essas passagens bíblicas revelam ser o Senhor Jesus Cristo o mesmo Deus-Javé de
Israel, não confundir a expressão “mesmo Deus” com a mesma Pessoa. Porém, a Torre de
Vigia procura negar que Javé seja o Senhor Jesus Cristo no Novo Testamento, tendo como
justificativa quatro passagens das Escrituras Sagradas (Mt 4.10; Jo 8.54; Sl 110.1; Fp 2.9-
11), tentando mostrar em cada uma delas a distinção entre o Pai e o Filho (Raciocínios…,
páginas 208, 209). Vamos analisar cada uma dessas passagens.
“Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus,
adorarás e só a ele servirás” (Mt 4.10). As testemunhas de Jeová argumentam: “Jesus
obviamente não estava dizendo que ele próprio devia ser adorado” (página 208). O verbo
grego traduzido por “adorar”, aqui, é latreuo, que significa “servir, adorar”, de onde vem o
substantivo latreia, “serviço divino, culto” é aplicado também à adoração a Jesus (Ap
22.3). Por que será que o Corpo Governante esconde isso de seus seguidores? Interessante
é que os líderes da Sociedade Torre de Vigia não ensinam ser a vontade de Deus “que
todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai, que o
enviou” (Jo 5.23). É hora de perguntar aos seguidores Torre de Vigia se elas honram o
Filho como honram o Pai.

“Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem
me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus” (Jo 8.54). Aqui, os teólogos da
religião do Corpo Governante afirmam: “Jesus não disse que ele próprio era Jeová, mas
que Jeová era seu Pai. Jesus tornou aqui bem claro que ele e seu Pai eram pessoas distintas
uma da outra” (páginas 208, 209). A verdade é que o nome “Jeová” e nem mesmo o
Tetragrama aparece no Novo Testamento. Jesus nunca disse que Jeová é seu Pai, mas
declarou-se ser o Filho do Deus verdadeiro, Deus de Israel, revelado no Antigo
Testamento. Dizer que Jesus não é Deus, e sim o seu Filho, é estultícia por duas razões: 1)
a Bíblia declara de maneira direta que o Filho é Deus: “Mas do Filho diz: Ó Deus, o teu
trono subsiste pelos séculos dos séculos” (Hb 1.8); sequer há necessidade de explicar mais
alguma coisa; 2) o termo “filho” nas Escrituras Sagradas identifica o gênero como, por
exemplo, os “filhos dos profetas” (1 Rs 20.35; Am 7.4); “filhos dos que mataram os
profetas” (Mt 23.29-31).
O conceito de “filho”, no pensamento judaico, indica identidade de natureza: “que é o
homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?” (Sl
8.4). Veja que a expressão “Filho do homem” é usada para identificar o ser humano, isto é,
“o homem mortal”. Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo
5.17); ele apenas se declarou “filho de Deus”, no entanto, a Palavra de Deus registra no
versículo seguinte: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não
só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se
igual a Deus”. Assim, afirmar ser Jesus o Filho de Deus é o mesmo que declarar a sua
deidade.
“Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os
teus inimigos por escabelo dos teus pés” (Sl 110.1). As testemunhas de Jeová comentam:
“Em Mateus 22:41-45, Jesus explicou que ele próprio era o “Senhor” de Davi,
mencionado neste salmo. Portanto, Jesus não é Jeová, mas é aquele a quem foram
dirigidas aqui as palavras de Jeová” (página 209).

Não há nada aqui que ofereça subsídio para fundamentar doutrina ensinada pelo Corpo
Governante. O texto sagrado apenas não confunde as Pessoas e nem separa a substância,
ou seja, o Pai é uma Pessoa e o Filho, outra. O nome “Senhor”, Adonai na Bíblia hebraica,
é uma referência ao Filho (Mt 22.42-45; Mc 12.35-37; Lc 20.41-44). Se Adonai se assenta
à direita de Javé é óbvio que Javé está à sua esquerda. Porém, a TNM falsificou o
versículo 5 do salmo 110, substituindo “Senhor”, que é Adonai na língua original, por
Jeová: “O Senhor, à tua direita, ferirá os reis no dia da tua ira”; por: “O próprio Jeová, à
tua direita, Há de despedaçar reis no dia da sua ira”. Assim, está afirmando que Jesus é
Jeová, resultando, pois a tal falsificação numa arma contra a própria organização: Jeová
está à direita de Jeová?

“Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo
o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra,
e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus
Pai” (Fp 2.9-11). O Corpo Governante argumenta: “Note que se mostra aqui que Jesus
Cristo é diferente de Deus, o Pai, e se sujeita a Ele” (página 209). Essa declaração é falsa
porque nada menciona de sujeição do Filho ao Pai, trata-se de duas Pessoas distintas, mas
de mesma substância, iguais em poder, glória e majestade. O próprio texto afirma que todo
o joelho dobrará diante do Filho, e no Antigo Testamento essa profecia diz respeito ao Pai:
“Olhai para mim e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não
há outro. Por mim mesmo tenho jurado; saiu da minha boca a palavra de justiça e não
tornará atrás: que diante de mim se dobrará todo joelho, e por mim jurará toda língua”
(Is 45.22, 23 - grifo nosso).

Deve-se observar ainda que nos quatro versículos anteriores encontramos o seguinte:
“que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus” (Fp 2.6). O
termo “sendo”, hyparchon, em grego, sua tradução mais precisa é “subsistindo”, como na
Versão Atualizada de Almeida, na Tradução Brasileira e na Versão Revisada Almeida, tem
o sentido de um estado permanente, expressa a continuação de um estado ou condição
anterior: Cristo existia e existe eternamente na forma de Deus. A palavra grega morphe,
“forma, manifestação visível”, não diz respeito à mera aparência ou figura interior, mas ao
caráter essencial. O Corpo Governante trata os versículos 9 a 11 de maneira isolada e fora
do seu contexto.
“Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
para que crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). O propósito do apóstolo inspirado
ao escrever este evangelho é mostrar aos seus leitores que Jesus é o Cristo e pregar à
humanidade que a fé nesta doutrina dá direito à vida eterna. O apóstolo João concluiu o
seu escrito mostrando ser Jesus o Messias que Deus havia prometido para a redenção da
humanidade, o Cristo anunciado pelos profetas e esperado pelo povo de Israel para sua
redenção: o centro das Escrituras (Lc 24.44-47), a alegria dos homens, o Desejado de
todas as nações (Ag 2.7), a nossa glória e esperança. Essa é a mensagem da fé que
pregamos: Só Jesus pode dar a vida eterna aos que crêem no seu nome, mas a religião do
Corpo Governante não prega essa verdade. A mensagem das testemunhas de Jeová não é
cristocêntrica. Jesus não ocupa o primeiro lugar em suas vidas; costuma ser apresentado
simplesmente como “o moço de recado”, apenas o instrumento pelo qual Jeová salva a
humanidade.

***

Sobre o Espírito Santo


Gregório de Nazianzo considerava o termo “santo”, aplicado ao Espírito, como
conseqüência direta de sua natureza e não um resultado de fonte externa. Ele é santo em si
mesmo (Is 63.10), assim, não precisa ser santificado, pois é ele quem santifica (Rm
15.16).

O termo hebraico para “espírito” é ruach, que, segundo os dicionários e léxicos,


significa: “vento, sopro, espírito, espírito de uma pessoa, espírito de um deus, mente” e
uma ampla gama de sentidos. A Septuaginta traduz por pneuma, de mesmo significado,
traduzindo 49 vezes pelo vocábulo grego anemos, que quer dizer “vento”. As testemunhas
de Jeová negam a personalidade e a divindade do Espírito Santo, elas acreditam que ele é
uma força ativa e impessoal executadora da vontade de Jeová. Assim, o Corpo Governante
substituiu “Espírito de Deus” (Ruach Elohim, em hebraico) por “força ativa de Deus”, em
Gênesis 1.2, na TNM. Os teólogos da organização grafam “Espírito Santo” com letras
minúsculas “espírito santo” na sua versão oficial e em suas publicações, entretanto,
escrevem “Diabo” com “D” maiúsculo, nas 34 vezes que o termo aparece nas Escrituras
Gregas Cristãs.
O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade: “Portanto, ide, ensinai todas as
nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).
Atanásio e Basílio de Cesaréia consideravam impossível separar o Espírito Santo do Pai e
do Filho. Ele aparece como Deus, no Antigo Testamento, atuando na criação do céu e da
terra (Gn 1.2; Sl 104.30) e do homem (Jó 33.4); inspirando os profetas (2 Pe 1.19-21), por
essa razão o profeta era chamado de “homem do Espírito” (Os 9.7). A sua manifestação na
vida individual era algo raro: ele vinha, mas depois voltava. Isso aconteceu com os 70
anciãos (Nm 11.25); com Otniel (Jz 6.34), Gideão (Jz 6.34); Jefté (Jz 11.29); Sansão (Jz
14.6); Saul (1 Sm 10.10); Davi (1 Sm 16.13), dentre outros. Isso acontecia para que eles
pudessem receber recursos do céu para profetizar, julgar, liderar, lutar e governar,
conforme a vontade de Deus.
O Novo Testamento registra o início da dispensação da plenitude do Espírito e essa
nova era começou com a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes (At 2.1-8). Essa
vinda foi para que ele ficasse conosco “para sempre”, foi promessa de Jesus para a
Dispensação da Igreja (Jo 14.16). A sua manifestação pode ser classificada em duas
etapas: antes do Pentecostes, na vida de Jesus; e depois, na vida da Igreja. Ele atuou na
concepção virginal de Jesus, no ventre de Maria (Mt 1.18; Lc 1.35) e em todo o ministério
terreno de Jesus (At 10.38). No evangelho de João, 14 a 16, há um estudo profundo e rico
sobre a personalidade e a deidade do Espírito Santo, bem como sua missão, confirmada na
vida dos apóstolos, principalmente de Paulo, no livro de Atos.

SUA PERSONALIDADE
A personalidade do Espírito Santo está presente em toda a Bíblia de maneira abundante
e inconfundível e tem sido crença da Igreja desde o princípio. Segundo Charles Hodge, em
sua Teologia Sistemática, foram poucos os oponentes dessa doutrina: “A personalidade do
Espírito tem sido a crença da Igreja desde o princípio. Teve poucos oponentes, inclusive
no período caótico da teologia, e nos tempos modernos só tem sido negada pelos
socinianos, arianos e sabelianos” (página 389).
Os ancestrais das testemunhas de Jeová, os mestres e pais na fé de Russell, eram
trinitarianistas que vieram das igrejas protestantes e, posteriormente, do movimento de
William Miller. O livro Três Mundos e a Colheita Deste Mundo, publicado por Russell em
co-autoria com Nelson H. Barbour, em 1877, apresenta uma defesa à personalidade do
Espírito Santo contra a doutrina dos cristadelfianos, movimento que a nega. Hoje, a Torre
de Vigia usa todos os artifícios possíveis para apresentar uma fundamentação com
roupagem bíblica dos ensinos de Russell. Apesar da abundância de passagens bíblicas
mostrando os diversos atributos da personalidade e da divindade e dos textos sagrados que
afirmam de forma direta ser o Espírito Santo Deus, igual ao Pai e ao Filho, a organização
procura invalidar essa verdade afirmando que tudo não passa de figura de linguagem.
Atributos pessoais e personificação

Os líderes das testemunhas de Jeová alegam que o fato de o Espírito Santo falar,
ensinar, dar testemunhos, ouvir etc., não prova ter ele personalidade, mas que se trata
apenas de figura de linguagem. Eles evitam sempre citar as passagens bíblicas que
apresentam as evidências da personalidade ou comentá-las.

Para entender o que a Bíblia como um todo ensina, estes textos todos precisam ser
considerados. Qual é a conclusão razoável? A de que os primeiros textos citados aqui
empregam uma figura de linguagem, personificando o (sic) espírito santo de Deus, sua
força ativa, assim como a Bíblia personifica também a sabedoria, o pecado, a morte, a
água e o sangue (Raciocínios…, página 399).

Nas Escrituras não é incomum que algo seja personificado. Diz-se que a sabedoria tem
filhos. (Lucas 7:35) O pecado e a morte são chamados de reis. (Romanos 5:14, 21) Em
Gênesis 4:7, A The New English Bible (Nova Bíblia em Inglês [NE]) diz: “O pecado é
um demônio de tocaia na porta”, personificando o pecado como espírito iníquo de
tocaia nos passos de Caim. Mas, naturalmente, o pecado não é uma pessoa espiritual;
personificar o espírito santo tampouco o torna uma pessoa espiritual (Deve-se Crer na
Trindade?, página 21).

JESUS falou do (sic) espírito santo como sendo “ajudador” e disse que este ensinaria,
guiaria e falaria. (João 14:16, 26; 16:13) A palavra grega que ele usou para ajudador
(pa·rá·kle·tos) está no gênero masculino. Assim, quando Jesus se referiu ao que o
ajudador iria fazer, ele usou pronomes no masculino. (João 16:7, 8) Por outro lado,
quando se usa a palavra grega neutra para espírito (pneú·ma), emprega-se
apropriadamente um pronome neutro (por exemplo, “it” em inglês) (Deve-se Crer na
Trindade?, página 22).

Todos esses argumentos são falaciosos e foram construídos ao longo da história da


organização, eles precisam ser analisados à luz da Palavra de Deus, pois o Espírito Santo
mantém relações com os cristãos de maneira tal que somente uma pessoa poderia ter,
como mestre, consolador, santificador e guia.
O Espírito Santo ensina. “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará
em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos
tenho dito” (Jo 14.26). Ele é enviado pelo Pai, assim como o Filho o foi, a diferença é
que o Verbo divino assumiu a forma humana ao entrar no mundo, o Espírito Santo veio
como um “vento veemente e impetuoso” (At 2.2), mas foi enviado, e duas funções dele
são apresentadas no presente texto: ensinar e lembrar, pois ele “vos ensinará todas as
coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”.

O Espírito Santo fala. “E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo:
Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2). Temos
aqui uma narrativa na qual o Espírito Santo é um dos personagens, ele aparece na história
falando literalmente, escolhendo obreiros para o campo missionário. O que querem mais
as testemunhas de Jeová? Dizer que se trata de uma figura de linguagem? É um argumento
falacioso. Há inúmeras passagens bíblicas mostrando que o Espírito Santo fala (Ap 2.7,
11, 17).

O Espírito Santo guia em toda a verdade. “Mas, quando vier aquele Espírito da
verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o
que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir” (Jo 16.13). Ele guia e o Senhor Jesus
afirma ainda que ele fala, ouve e conhece o futuro. Se isso for figura de linguagem, não
existirá mais texto literal.

O Espírito Santo julga. “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos
impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias” (At 15.28). Ele aparece
intervindo numa decisão do primeiro concílio e isso não é linguagem figurada.

O Espírito Santo ama. “E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor
do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus” (Rm 15.30).
Quem ama tem sentimento e sensibilidade.

O Espírito Santo contende. “Então, disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito
para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e
vinte anos” (Gn 6.3). Uma força ativa e impessoal não possui atributos pessoais, logo, não
pode contender.

O Espírito Santo convida. “E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga:
Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida” (Ap 22.17).
O Espírito Santo e os crentes convidando a todos que desejarem a salvação.

O Espírito Santo intercede. “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas


fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo
Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26). Ele nos ajuda,
intercede por nós e ele geme.
Ele possui as faculdades da personalidade: intelecto, emoção e vontade. Ele penetra
todas as coisas (1 Co 2.10, 11), e é inteligente (Rm 8.27); tem emoção (Ef 4.30) e vontade
(At 16.6-11; 1 Co 12.11). Outra prova da personalidade do Espírito Santo é que ele reage a
certos atos praticados pelo homem. Pedro obedeceu ao Espírito Santo (At 10.19, 21);
Ananias mentiu ao Espírito Santo (At 5.3); Estêvão disse que os judeus sempre resistiram
ao Espírito Santo (At 7.51); o apóstolo Paulo nos recomenda não entristecer o Espírito
Santo (Ef. 4.30); os fariseus blasfemaram contra o Espírito Santo (Mt 12.29-31); os
cristãos são batizados em seu nome (Mt 28.19).

É verdade que as figuram existem, como nos símbolos do Espírito Santo, que são
reflexos das suas múltiplas operações, mas de maneira alguma comprometem sua
personalidade e sua divindade. Em Lucas 3.16, ele é ilustrado como fogo, porque o fogo
aquece, ilumina e se espalha purificando. Não que ele seja um fogo desprovido de
personalidade, pois a Bíblia também chama o Deus-Pai de “fogo consumidor” (Hb 12.29),
sem comprometer sua personalidade. Da mesma forma, com referência à água, pois em
João 7.37-39 é ilustrado como água. Assim como a água é indispensável à vida física de
qualquer ser vivo, ele é indispensável à vida do crente. Ela refresca, refrigera e dá uma
sensação de tranqüilidade e bem-estar, e é isso que o Espírito Santo realiza na vida do
crente.
Como acontece com o fogo e a água, o mesmo sucede ao vento, em João 3.8,
representando a ação sobrenatural do Espírito Santo. Do mesmo modo que é um mistério a
ação do vento aos olhos humanos, é também um mistério, a sua obra regeneradora. O
mesmo se diz da pomba, em João 1.32, que é símbolo de mansidão, brandura,
simplicidade, pureza, amor, paz, longanimidade (Gl 5.22). A expressão “em forma”, em
Lucas 3.22, revela que ele desceu sobre Jesus numa aparência ou na figura de uma pomba,
e não que ele seja uma pomba. A palavra grega aqui é eidos, “aparência (exterior),
aspecto, forma” e não morphe, “forma, manifestação visível”. A primeira palavra significa
mera aparência e a segunda, a sua própria natureza e essência.

A passagem bíblica citada pelas testemunhas de Jeová declara: “Mas a sabedoria é


justificada por todos os seus filhos” (Lc 7.35); a passagem paralela está em Mateus 11.19,
falam sobre os “filhos da sabedoria”. Trata-se de uma expressão hebraísta para designar os
sábios. Ela é personificada algumas vezes (Pv 1.20-23) e em Provérbios, capítulos 8 e 9. O
mesmo pode ser dito da personificação da morte e do pecado, pois, quando o apóstolo
Paulo escreve dizendo que “a morte reinou de Adão até Moisés” (Rm 5.14) ou que “o
pecado reinou na morte” (Rm 5.21), significa domínio, duas realidades abstratas sobre o
homem.
Sobre 1 João 5.8: “E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o
sangue”, o Corpo Governante argumenta que a água e o sangue dão testemunhos, e nem
por isso esses elementos têm personalidade. O texto sagrado aqui é uma reiteração do v. 6,
em que a água são o batismo e a unção de Jesus Cristo; o sangue, o sangue expiador
derramado na cruz. Esses dois elementos são provas da obra que Jesus realizou, sendo
também o Espírito Santo uma testemunha viva dessas coisas, tanto naquele tempo quanto
agora. A falácia dos argumentos das testemunhas de Jeová é que não há em toda a Bíblia a
idéia de ser a sabedoria, ou a morte, ou o pecado, ou a água, ou o sangue uma pessoa
literal, nem apresentam atributos pessoais, a não ser de forma metafórica. Usar essas
personificações para contrabalançar a verdadeira identidade do Espírito Santo não parece
ser atitude sensata. As Escrituras não personificam o Espírito Santo, por não haver
necessidade disso, já que ele é uma pessoa.

Outra fraqueza do Corpo Governante é a exegese falaciosa que revela a atitude


desrespeitosa diante do seu público ao manipular seus leitores, ao afirmar: “quando Jesus
se referiu ao que o ajudador iria fazer, ele usou pronomes no masculino (João 16.7, 8). Por
outro lado, quando se usa a palavra grega neutra para espírito (pneú·ma), emprega-se
apropriadamente um pronome neutro (por exemplo, ‘it’ em inglês)”. A parte final dessa
declaração é enganosa, pois na primeira parte do parágrafo é citado o texto de João 16.13,
e nele o pronome grego está no masculino, mas esse não é o único caso, como veremos a
seguir.

É verdade que os substantivos gregos apresentam três gêneros: masculino, feminino e


neutro e que o termo grego pneuma, usado amplamente no Novo Testamento para
“espírito”, é substantivo neutro. Assim, os pronomes devem concordar com o substantivo
em gênero, número etc. Até esse ponto estamos de acordo com a declaração acima, porém
há situação em que o pronome está no masculino, como em João 16.13, 14; 15.26.

Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade,
porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que
há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de
anunciar (Jo 16.13, 14) – grifo nodsso.

Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele
Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de mim (Jo 15.26) – grifo nosso.
É verdade que pneuma, “espírito”, é um substantivo neutro, mas não é verdade que se
emprega o pronome neutro em João 16.13: “aquele Espírito de verdade”, que em grego é
ekeinos to pneuma tes aletheias, e ekeinos é masculino, “aquele”, entretanto, o neutro é
ekeino, “aquilo”. Esse não é o único caso em que o Novo Testamento emprega o pronome
masculino para o Espírito Santo. No versículo seguinte, esse mesmo emprego pronominal
se repete: “Ele me glorificará” (v. 14), e também em João 15.26: “aquele Espírito da
verdade”. Afirma Hodge:
O uso do pronome masculino ele, em lugar do pronome neutro grego, mostra que o
Espírito é uma pessoa. Aliás, pode-se dizer que paraklētos é masculino, e por isso o
pronome que se refere a ele tem de ser do mesmo gênero. Mas como as palavras to
pneuma estão interpostas, às quais se refere o neutro […], o pronome seguinte
naturalmente estaria no gênero neutro, se o sujeito a que se refere, pneuma, não fosse
uma pessoa. No capítulo seguinte (Jo 16.13-14), não há base para tal objeção. Ali se
diz: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele [ekeinos] vos guiará a toda a
verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos
anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará (ekeinos doxasei), porque há de
receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”. Aqui não há possibilidade de considerar
o uso do pronome pessoal ele (ekeinos) em nenhuma outra base que não a da
pessoalidade do Espírito (página 391).

O Corpo Governante, no entanto, oculta esse fato de seus seguidores, pois


freqüentemente não conta toda a verdade, isso revela o que todos já sabem: esses teólogos
da organização não estão preocupados com a verdade exarada na Palavra de Deus, mas em
incutir na mente das testemunhas de Jeová suas crenças peculiares. É uma atitude indigna
e pouco nobre para quem se declara ser a única religião verdadeira da Terra e o único
canal de comunicação entre Jeová e o ser humano.

Refutando os argumentos das testemunhas de Jeová


A organização ensina: “Quanto ao ‘Espírito Santo’, a suposta terceira Pessoa da
Trindade, já vimos que não se trata de uma pessoa, mas da força ativa de Deus” (Poderá
Viver…, página 40, § 17). Os argumentos apresentados nesse mesmo parágrafo, contra a
personalidade do Espírito Santo, baseiam-se em analogias falaciosas:

João, o Batizador, disse que Jesus batizava com (sic) espírito santo, assim como João
batizava em águas. Portanto, assim como água não é pessoa, tampouco o (sic) espírito
santo é pessoa… depois da morte e ressurreição de Jesus, quando o (sic) espírito santo
foi derramado sobre os seguidores deste… A Bíblia diz: “Todos eles ficaram cheios
(sic) de espírito santo.” (Atos 2:4) Ficaram eles “cheios” duma pessoa?

O argumento de que João batizava com água, Jesus batiza no Espírito Santo, água não
é pessoa, logo, o Espírito Santo também não pode ser pessoa, não tem sustentação bíblica
alguma. É pensamento inconsistente, uma vez que o batismo nas águas representa imersão
nelas, significando nova vida com Cristo (Rm 6.4, 5) e o batismo no Espírito Santo
significa ser alguém revestido dele. Em 1 Coríntios 10.2, lemos que o povo de Israel foi
batizado em Moisés, nem por isso Moisés perdeu a sua personalidade.

Afirmar que o Espírito Santo não pode ser uma pessoa porque ele foi derramado é
outra falácia, pois o apóstolo Paulo disse: “Porque eu já estou sendo oferecido por
aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo” (2 Tm 4.6). A Versão
Atualizada de Almeida substituiu “aspersão” por “libação”. A própria TNM verteu essa
passagem da seguinte forma: “Pois, já estou sendo derramado como oferta de bebida, e o
tempo devido para o meu livramento é eminente”. Agora, perguntamos às testemunhas de
Jeová: “Como pode o apóstolo Paulo, sendo pessoa, ser derramado?” Elas não ousam
negar a personalidade do apóstolo por causa disso, não é mesmo? Mas trata-se de uma
figura de linguagem, certamente responderão. Por que essa “figura de linguagem” não
pode ser também aplicada ao Espírito Santo?

Como pode uma pessoa ser cheia de outra? Essa pergunta é outro argumento usado
pelas testemunhas de Jeová contra a personalidade do Espírito Santo, mas não resiste ao
exame na própria literatura da Torre de Vigia, pois o Corpo Governante ensina que
Satanás é uma pessoa: “Satanás, o Diabo, é uma pessoa real… Tanto Deus como o Diabo
são pessoas espirituais” (Poderá Viver…, página 18, § 7). Veja que a própria TNM reza em
Lucas 22:3: “Mas Satanás entrou em Judas, o chamado Iscariotes”. Tornamos a perguntar
às testemunhas de Jeová: “Como pode uma pessoa entrar em outra? Esses exemplos
revelam a falácia dos argumentos do Corpo Governante. Seus teólogos estão equivocados,
personalidade não é sinônimo de corporeidade. A Bíblia menciona várias vezes a
personalidade de Deus, ele tem voz e forma (Jo 5.37) e outros atributos pessoais, e a
própria Torre de Vigia reconhece isso; entretanto, a Bíblia declara: “Deus é Espírito” (Jo
4.24).
O fato de alguém estar cheio do Espírito Santo ou revestido dele não quer dizer que ele
seja impessoal. Para esses mesmos argumentos da Torre de Vigia nós temos a resposta
com outra pergunta: “Como pode ser Jesus uma pessoa e ser alguém morada dele? Disse
Jesus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para
ele e faremos nele morada” (Jo 14.23). O apóstolo Paulo disse: “Meus filhinhos, por quem
de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós” (Gl 4.19). Como
pode Jesus ser formado em alguém, sendo ele uma pessoa? Paulo disse ainda: “Cristo vive
em mim” (Gl 2.20). Como a Torre de Vigia explica tudo isso? Nega também a
personalidade do Senhor Jesus Cristo por causa disso? Claro que não. Por que, pois,
negam a personalidade do Espírito Santo, utilizando-se do mesmo argumento? Isso porque
não há indicação direta nas Escrituras em favor do Corpo Governante, assim, seus
teólogos precisam de inúmeras explicações complicadas na tentativa de convencer seus
seguidores de suas crenças, uma teologia desconhecida dos apóstolos, combatida e
condenada pela patrística, rejeitada pelos reformadores do século 16.

A Torre de Vigia ensina que o Espírito Santo não tem identidade pessoal porque tal
expressão ocorre 21 vezes no Novo Testamento sem o artigo. Porém, esses teólogos das
testemunhas de Jeová não ensinam que o artigo grego aponta o objeto ou chama a atenção
para ele, e que a sua ausência pode ou não indicar indefinição. O nome de Jesus ocorre
mais de 900 vezes no Novo Testamento e aparece cerca de 350 vezes sem o artigo, e nem
por isso Jesus deixa de ter identidade pessoal. Numa pesquisa honesta, o Corpo
Governante teria mostrado as 73 vezes que o Espírito Santo aparece com o artigo definido,
mas não o fazem porque tal procedimento atrapalha a exposição de suas crenças.

SUA DIVINDADE

Negar sua personalidade e divindade é insultá-lo, é fazer agravo ao Espírito da graça


(Hb 10.29), sendo tal pecado imperdoável: “E, se qualquer disser alguma palavra contra o
Filho do homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe
será perdoado, nem neste século nem no futuro” (Mt 12.32). Ele iguala-se ao Pai e ao
Filho, tendo também um nome, pois o Senhor Jesus determinou que os seus discípulos
batizassem “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Isso significa
ser o Espírito Santo objeto de nossa fé, pois em seu nome somos batizados, indicando
reconhecimento igual ao do Pai e do Filho. Sobre a “comunhão com o Espírito Santo” (2
Co 13.13), mostra que ele é não apenas objeto de nossa fé, mas também de nossa oração e
adoração.
O Consolador

O termo grego empregado por Jesus para “consolador” é parakletos, que significa
“defensor, advogado, intercessor, auxiliador”, as testemunhas de Jeová usam “ajudador”.
Aparece apenas cinco vezes no Novo Testamento, nos escritos joaninos, quatro vezes no
evangelho referindo-se ao Espírito Santo (Jo 14.16, 26; 15.26; 16.7), e uma, na sua
primeira epístola, traduzido por “Advogado”, aplicado ao Senhor Jesus: “Meus filhinhos,
estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado
para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 Jo 2.1). Segundo Vine, em seu Diccionario
Expositivo de Palabras del Nuevo Testamento, vol. I: “Usava-se nas cortes de justiça para
denotar um assistente legal, um defensor, um advogado” (página 310). Seria sensato
alguém imaginar o uso do vocábulo “advogado” para uma força impessoal? De modo
nenhum! É óbvio que, se o Senhor Jesus chamou o Espírito Santo de Paracleto, não pode
ser ele uma força impessoal.

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para
sempre” (Jo 14.16). Em outras palavras, Jesus dizia aos seus discípulos que estava
voltando para o Pai, mas que continuaria cuidando da Igreja, pelo seu Espírito Santo, seu
Paracleto, um como ele, que teria o mesmo poder para preservar o seu povo. A palavra
“outro” aqui é, no original grego, allos, que significa “outro”, da mesma natureza, da
mesma espécie e da mesma qualidade. Segundo A. T. Robertson, em Imágenes Verbales
en el Nuevo Testamento: “Outro da mesma classe (allon, não heteron)” (tomo 5, página
279). Se o Espírito fosse uma força ativa, impessoal, a palavra correta para “outro” seria
heteros, que, de acordo com o Léxico Grego-Inglês de Liddell & Scott, significa: “o outro,
um de dois…; um outro…; outro do usual, diferente” (página 702). O Dicionário Vine
afirma:

O termo allos expressa uma diferença numérica e denota “outro do mesmo tipo”; o
termo heteros expressa uma diferença qualitativa e denota “outro de tipo diferente”.
Cristo prometeu enviar “outro Consolador” – allos, “outro como Ele”, não heteros (Jo
14.16) - página 839.

O Espírito Santo, portanto, é alguém como Jesus, da mesma substância, glória e poder.
Cristo deu mais detalhes sobre o Consolador:

Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos
ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito… Mas,
quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da
verdade, que procede do Pai, testificará de mim… Todavia, digo-vos a verdade: que
vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu
for, enviar-vo-lo-ei (Jo 14.26; 15.26; 16.7).

O Consolador é enviado pelo Pai em nome de Jesus para ensinar os discípulos, fazer
lembrar de tudo o que o Filho ensinou e para testificar dele. Não é possível uma força
ativa e impessoal ser enviada em nome de alguém tendo tais atributos.
Provas bíblicas da Divindade do Espírito Santo

“Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que
mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não
ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu
coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (At 5.3, 4 - grifo nosso). Veja que Deus
e o Espírito Santo, aqui, são uma mesma divindade. Primeiro o apóstolo diz que Ananias
mentiu ao Espírito Santo e depois o mesmo Espírito é chamado de Deus.

“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”
(1 Co 3.16). O Espírito Santo é chamado aqui de Deus, pois o apóstolo usa alternadamente
os nomes “Deus” e “Espírito Santo”. Isso porque o cristão é templo de Deus, Jesus disse:
“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e
faremos nele morada” (Jo 14.23). Assim, o Deus trino habita no crente: o Pai, o Filho e o
Espírito Santo. Como em Atos 5.3, 4, Deus e o Espírito Santo são uma mesma deidade.
“E, vindo ele a Leí, os filisteus lhe saíram ao encontro, jubilando; porém o Espírito do
SENHOR possantemente se apossou dele, e as cordas que ele tinha nos braços se
tornaram como fios de linho que estão queimados, e as suas amarraduras se desfizeram
das suas mãos” (Jz 15.14 – grifo nosso). => “E disse ela: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão.
E despertou do seu sono e disse: Sairei ainda esta vez como dantes e me livrarei. Porque
ele não sabia que já o SENHOR se tinha retirado dele” (Jz 16.20 – grifo nosso). Na
primeira citação é o Espírito Santo quem se apodera de Sansão, na segunda, afirma que
Sansão não sabia que o Deus Javé havia se retirado dele. O Espírito de Javé e o próprio
Javé são identificados aqui como o mesmo Deus.

“E chamou o nome daquele lugar Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de
Israel, e porque tentaram ao SENHOR, dizendo: Está o SENHOR no meio de nós, ou
não?” (Êx 17.7 – grifo nosso) => “Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje
a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no
deserto, onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram, por quarenta anos, as
minhas obras” (Hb 3.7-9 – grifo nosso). O Antigo Testamento ensina que os filhos de
Israel tentaram a Javé, entretanto, o Novo Testamento o identificado como o Espírito
Santo.
“O Espírito do SENHOR falou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca.
Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine
sobre os homens, que domine no temor de Deus” (2 Sm 23.2, 3 – grifo nosso). Aqui,
mostra que o Espírito Santo é o mesmo Deus de Israel.
SENHOR

“Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por
nós? Então, disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Então, disse ele: Vai e dize a este
povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis. Engorda o
coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; não venha ele a ver
com os seus olhos, e a ouvir com os seus ouvidos, e a entender com o seu coração, e a
converter-se, e a ser sarado” (Is 6.8-10 – grifo nosso). => “E, como ficaram entre si
discordes, se despediram, dizendo Paulo esta palavra: Bem falou o Espírito Santo a
nossos pais pelo profeta Isaías, dizendo: Vai a este povo e dize: De ouvido, ouvireis e de
maneira nenhuma entendereis; e, vendo, vereis e de maneira nenhuma percebereis.
Porquanto o coração deste povo está endurecido, e com os ouvidos ouviram pesadamente
e fecharam os olhos, para que nunca com os olhos vejam, nem com os ouvidos ouçam,
nem do coração entendam, e se convertam, e eu os cure” (At 28.25-27 – grifo nosso). No
versículo 8, o profeta afirma que Adonai falou com ele, entretanto, o apóstolo Paulo
afirma ser ele o próprio Espírito Santo.

“Mas, quando se converterem ao Senhor, então, o véu se tirará. Ora, o Senhor é


Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com cara
descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de
glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2 Co 3.16-18). A
TNM traz no versículo 17: “Jeová é o Espírito”, e no, 18: “por Jeová, [o] Espírito”.
Interessante é que o Corpo Governante empregou, indevidamente, 237 vezes o nome
“Jeová” nas Escrituras Gregas Cristãs, sendo que não aparece uma vez sequer nos
manuscritos gregos do Novo Testamento, no entanto, são obrigados a admitir que sua
versão oficial afirma que o Espírito Santo é Jeová.
A parte final do v. 18 declara: “como pelo Espírito do Senhor”, em grego apo kyrios
pneumatos, mas a Versão Atualizada de Almeida traduz assim: “como pelo Senhor, o
Espírito”; a Tradução Brasileira: “como pelo Senhor o Espírito” e a Nova Versão
Internacional: “a qual vem do Senhor, que é o Espírito”. A expressão grega, literalmente,
seria: “Senhor Espírito”, mas o texto permite quatro traduções, assim: a) O Senhor do
Espírito; b) o Espírito do Senhor; c) o Espírito que é o Senhor; d) Senhor, o Espírito.
Vários eruditos sustentam essa possibilidade. O apóstolo está mostrando que o Espírito é o
Senhor, embora o separe de Cristo em pessoa, identificando-o em natureza e divindade. O
Senhor aqui é uma referência a Jesus.
Seus atributos
A divindade do Espírito Santo é revelada na Bíblia, também nos seus atributos divinos,
como acontece com o Senhor Jesus Cristo. Ele é onipotente (Rm 15.19), as Escrituras
Sagradas ensinam ser o Espírito a fonte de poder e milagres (Mt 12.28; At 2.4; 1 Co 12.9-
11). A onipresença é outro atributo incomunicável de Deus presente na terceira Pessoa da
Trindade, o que mostra ser ele onipresente (Sl 139.7-10). Ele conhece todas as coisas, até
as profundezas de Deus (1 Co 2.10,11) o coração do homem (Ez 11.5; Rm 8.26,27; 1 Co
12.10; At 5.3-9) e é conhecedor do futuro (Lc 2.26; Jo 16.13; At 20.23; 1 Tm 4.1; 1 Pe
1.11), isso por ser ele onisciente. Possui o atributo da eternidade, pois é chamado de
“Espírito eterno” (Hb 9.14). É o Criador do homem e do mundo (Jó 26.13; 33.4; Sl
104.30), e, também, o salvador (Ef 1.13; 4.30; Tt 3.4, 5). A Palavra de Deus apresenta, de
igual modo, seus atributos comunicáveis, como santidade, pois o Espírito Santo é santo
(Rm 15.16; 1 Jo 2.20), é a verdade (1 Jo 5.6), é sábio (Is 11.2; Jo 14.26; Ef 1.17).

Suas obras

São inúmeras as obras de Deus efetuadas pelo Espírito Santo. Ele gerou a Jesus Cristo
(Lc 1.35), dá a vida eterna (Gl 6.8), guia o seu povo (Sl 143.10; Is 63.14; Rm 8.14; Gl.
5.18), pois é o Senhor da Igreja (At 20.28) e santificador dos fiéis (Rm 15.16; 1 Pe 1.2). O
Espírito habita nos crentes (Jo 14.17; Rm 8.11; 1 Co 3.16; 6.19; 2 Tm 1.14; Tg 4.5) é o
autor do novo nascimento (Jo 3.5,6; Tt 3.5) da vida (Ez 37.14; Rm 8.11-13) e o
distribuidor dos dons espirituais (1 Co 12.7-11).

Diante do exposto, fica claro que a Bíblia ensina com todas as letras, de maneira direta
e textual, que o Espírito Santo é Deus e revela nele as obras e os atributos da divindade e
da personalidade. Os argumentos, portanto, das testemunhas de Jeová são infundados, pois
não têm sustentação bíblica.
***

Sobre a alma
O conceito de heresia adotado ao longo da história da Igreja segue a idéia
apresentada por Irineu de Lião. Segundo ele, a doutrina apostólica desde o primeiro século
baseia-se em duas regras gerais: 1) a visão sobre Deus, o mundo, o homem e a salvação;
2) a hermenêutica, pois a interpretação fora dos parâmetros estabelecidos era considerada
como não-cristã. Esse argumento fundamenta-se em Romanos 1, em que “Paulo enfatiza
que a razão específica para a ira divina é a visão distorcida que a humanidade tem de Deus
(Rm 1.19-21, 28), do mundo criado (Rm 1.23-25) e da própria humanidade (Rm 1.22, 32)
[…] Conclui-se desse texto que as mensagens que refletem essas percepções distorcidas
não podem ser descritas como cristãs” (Ensaios Apologéticos, páginas 389,390).

A doutrina sectária é contra a ortodoxia cristã sobre Deus, o mundo, o homem e a


salvação, baseando, sobretudo suas crenças numa interpretação peculiar. Diante do
exposto nos capítulos anteriores, fica mais que provado que a doutrina de Deus defendida
pelas testemunhas de Jeová é inadequada, sem apoio bíblico, tratando-se de um deus
estranho às Escrituras, de um Jesus que não é o pregado pelos apóstolos e de um espírito
santo completamente desconhecido na Bíblia. Elas, igualmente, ensinam uma teologia sem
fundamentação bíblica no que tange ao homem e seu destino, a começar pela a alma.

DEFININDO OS TERMOS

Corpo, alma e espírito são os três elementos constituintes do ser humano. Essa
doutrina é chamada de tricotomia, pois há teólogos que defendem a dicotomia, dois
elementos da natureza humana. Não cabe aqui discutir essa questão, o nosso enfoque é a
alma, mas somos da linha tricotomista.

A palavra hebraica para “alma” é nephesh, que segundo os dicionários e léxicos de


hebraico significa: “vida, alma, criatura, pessoa, apetite, mente” e aparece 754 vezes no
Antigo Testamento. O termo grego é psyche, “alma, vida, ser humano”, aparece 103 vezes
no Novo Testamento. Em ambas as línguas o vocábulo, na Bíblia, precisa ser entendido à
luz do seu contexto, por causa de seus vários significados.

Como um dos elementos constituintes do ser humano, a alma é uma substância


incorpórea e invisível do homem, inseparável do espírito, embora distinta dele, formada
por Deus dentro do homem, consciente mesmo fora do corpo. Ela é a sede das emoções,
desejos e paixões, cuja comunicação com o mundo exterior é manifestada por meio do
corpo. É a partir dela que o homem sente, goza e sofre tudo através dos órgãos sensoriais.
É algo inerente ao ser humano, e é o centro de sua vida afetiva, volitiva e moral. É ela que
presta conta a Deus dos atos humanos.
O espírito é uma entidade distinta da alma que, às vezes, se confunde com ela. A
passagem de Eclesiastes 12.7: “e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus,
que o deu”, é um exemplo. A passagem obviamente fala da morte dos justos, pois o
espírito também peca (2 Co 7.1). O “espírito”, aqui, diz respeito ao homem interior,
englobando a alma. É por causa de passagens como essa que levam teólogos a defenderem
a dicotomia.
Há teólogos e estudiosos que afirmam ser o homem dicótomo, isto é, ser constituído de
duas partes (corpo e alma), sendo alma e espírito a mesma coisa. A Bíblia, porém, mostra
claramente que o homem é tricótomo, e essa tricotomia pode ser vista nas Escrituras
Sagradas: “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada
alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, das juntas e medulas,
e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). Aqui,
encontramos os três elementos: alma, espírito e as juntas e medulas, que representam o
corpo. Esses três elementos aparecem também distintivamente: “E o mesmo Deus de paz
vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23).
Corpo, alma e espírito aparecem aqui como elementos distintos.

REFUTAÇÃO BÍBLICA AO CONCEITO DE ALMA DAS TESTEMUNHAS DE


JEOVÁ

As crenças das testemunhas de Jeová fogem à ortodoxia cristã, aproximando-se mais


dos heresiarcas da história do cristianismo, como Ário, e dos grupos religiosos isolados,
como os movimentos dissidentes de Miller, do que mesmo da patrística e dos
reformadores. Sua teologia distingue-se nos principais pontos cardeais da fé cristã, como a
doutrina de Deus, da Trindade e da divindade de Jesus. A organização rejeita ainda a
ressurreição corporal de Jesus e a personalidade do Espírito Santo. Afirma não existir o
inferno como lugar de suplício eterno para os maus, nega a sobrevivência da alma após a
morte e a salvação pela graça mediante a fé. Trata-se de uma cosmovisão inadequada que
destoa do pensamento apostólico.

A segunda regra apresentada por Irineu de Lião, em Demonstração da Pregação


Apostólica diz respeito aos parâmetros da interpretação. Todas as heresias e aberrações
doutrinárias são provenientes de interpretações errôneas da Bíblia e significados diferentes
às palavras básicas da fé cristã. Só é possível obter o sentido correto de um texto mediante
a aplicação correta da exegese e da hermenêutica, considerando o contexto. Exegese é a
ciência da interpretação, a extração do autêntico sentido da palavra, a análise do que ela
afirma. Uma boa exegese deve seguir as regras de interpretação. Essas regras valem não
somente para as Escrituras Sagradas, mas também para qualquer literatura. Porém, as
crenças das testemunhas de Jeová são calcadas numa exegese ruim e em interpretações
falsas.

O conceito de alma das testemunhas de Jeová é o mesmo dos adventistas do sétimo


dia. Seus teólogos consideram-na como “a pessoa, o animal ou a vida que a pessoa ou o
animal usufrui” (Estudo Perspicaz das Escrituras, vol. 1, página 90). Mais adiante, na
mesma página, afirma ser a alma, como substância incorpórea, invisível e imortal, uma
doutrina paga; depois, continua dizendo que o termo, tanto no hebraico como no grego,
refere-se “àquilo que é material, tangível, visível e mortal”. Como os adventistas, a
organização também nega a sobrevivência da alma à morte (Nisto Cremos, páginas 458,
459). Os adeptos da Sociedade Torre de Vigia acreditam que tudo termina na morte.
Declaram estar em estado de inconsciência todos os mortos, bons e ruins. Apenas as
pessoas bondosas serão ressuscitadas por Jeová.

A palavra “alma” apresenta significado vasto e abrangente na Bíblia. Aparece com o


sentido de pessoa em si mesma (Gn 2.7; Êx 1.5; Ez 18.4). As Escrituras chamam de “alma
vivente” tanto o ser humano como os animais simplesmente pelo fato de ambos terem
vida, mas há diferença no tipo de alma que o homem é, pois foi feito um pouco menor do
que os anjos, e Deus o coroou de honra e de glória (Sl 8.4, 5). Então, não é de admirar que
a Bíblia o chame de alma. Trata-se de uma figura de linguagem. É uma sinédoque de parte
pelo todo, o interior do homem para representá-lo como um todo. Ela é apresentada, ainda,
como sangue (Lv 17.14). Essa identificação ocorre porque ele é essencial à vida, “pois o
sangue é a vida” (Dt 12.23), ou seja, nele está a vida do ser humano e dos animais. Na
maioria das vezes, não dá para substituir alma por sangue, pessoa, vida, mas ela é tudo
isso. Depende unicamente do contexto bíblico em que aparece.

A Palavra de Deus revela ainda a alma como a parte imaterial que sobrevive à morte
do corpo, existente dentro do homem. Podemos apresentar alguns exemplos bíblicos: “E
não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que
pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mt 10.28). Jesus está mostrando, aqui,
que não devemos temer os inimigos, porque o máximo que eles podem fazer é matar-nos,
isto é, matar o corpo, nada mais podendo fazer com a alma. Antes, devemos temer a Deus,
pois ele pode não só matar o corpo, como pode também fazer perecer no inferno não só o
corpo, mas também a alma, o que mostra a sobrevivência dela à morte.
Interessante que a organização das testemunhas de Jeová serve-se deste mesmo texto
para negar a existência da alma. O verbo grego usado para “perecer” é apollymi, “destruir,
perder, acabar-se, perecer, perder-se”. A Versão Corrigida de Almeida traduz por “perecer
no inferno” e a TNM, “destruir na Geena”. Está claro que ambas as traduções não
transmitem a mesma mensagem (excluindo a questão de inferno e Geena, fora de
discussão aqui). Temos pelo menos dois modos de saber o que Jesus está ensinando: o
semântico e o contexto bíblico. O Dicionário Vine registra:
A idéia não é de extinção, mas de ruína, perda, não de ser, mas de bem-estar. Isto está
claro pelo uso do verbo, como por exemplo, o estrago dos odres de vinho (Lc 5.37); a
ovelha perdida, ou seja, perdida do pastor, estado metafórico da destruição espiritual
(Lc 15.4, 6, etc); o filho perdido (Lc 15.24); o perecimento da comida (Jo 6.27), do
ouro (1 Pe 1.7) - página 555.

A passagem paralela registrada no evangelho de Lucas lança luz sobre o assunto: “E


digo-vos, amigos meus: não temais os que matam o corpo e depois não têm mais o que
fazer. Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem
poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei” (Lc 12.4, 5). O verbo apollymi
aparece 90 vezes no Novo Testamento, predominando ligeiramente em Lucas. Se a
extinção da alma fosse o sentido correto, Lucas certamente teria usado o mesmo verbo,
mas não o fez, usou em seu lugar o verbo embalo, “arrojar”. Assim, embalein eis ten
gennan significa: “arrojar na Geena”. A idéia de extinção defendida pela organização das
testemunhas de Jeová não resiste à exegese bíblica. O inimigo do cristão só pode matar o
corpo, mas a alma é algo especial, intangível, que está dentro do homem.

“E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos
por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com
grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o
nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes
brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se
completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como
eles foram” (Ap 6.9-11). O texto revela os cristãos degolados durante o período da Grande
Tribulação, por se recusarem a adorar a besta, cujas almas aparecem debaixo do altar de
Deus. Como se explicaria isso, se a alma não sobrevivesse à morte? O texto diz
explicitamente que eles foram mortos na terra e que agora suas almas se encontram no
céu, debaixo do altar de Deus.

“Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo,
porque isto é muito melhor” (Fp 1.23). Que valor teria essa declaração, se o crente não
estivesse consciente na presença do Senhor Jesus? Se o cristão, em sua morte, estivesse
dormindo, como saberia que estava com Cristo? Ou não estão na companhia de Jesus?
Claro que sim. Paulo sabia disso porque ele disse: “tendo desejo de partir e estar com
Cristo, porque isto é ainda muito melhor”.

“Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de
Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E por isso também
gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu… sabendo que,
enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor… Mas temos confiança e
desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor” (2 Co 5.1-2, 6,8). O
apóstolo ensina que, quem partiu deste mundo, isto é, quem morreu, cuja alma deixou a
“casa terrestre deste tabernáculo”, uma perífrase para designar o corpo, está com Cristo,
numa “casa não feita por mãos”, habitação eterna revestido da nova habitação que é do
céu. A alma está unida às miríades de santos de todas as eras, como os profetas, patriarcas,
apóstolos e demais justos e cristãos de todos os tempos.

“E, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou,
dizendo: Eu sou o Deus d’Abraão, o Deus d’Isaque e o Deus de Jacó? Ora que não é Deus
dos mortos, mas dos vivos” (Mt 22.31-32). Os saduceus eram os intelectuais da época de
Cristo, e eram, na sua maioria, sacerdotes e membros do sinédrio, o supremo tribunal
judaico (At 5.17). Eles rejeitavam o Antigo Testamento. Só aceitavam o Pentateuco — a
Lei de Moisés. Os três evangelhos sinóticos afirmam que eles não criam na doutrina da
ressurreição dos mortos (Mt 22.23; Mc 12.18; Lc 20.27) nem na existência de anjos e nem
na de espíritos (At 23.8). Alegavam que a crença da ressurreição dos mortos não podia ser
confirmada nos escritos de Moisés. O historiador Flávio Josefo declara que a crença deles
era de que o corpo morria com a alma (Antiguidades, Livro 18. 2.760). Eles opunham-se
aos fariseus, que criam nestas coisas.

A lei do levirato consiste no casamento do cunhado com a viúva, quando o falecido


não deixa filho. O irmão do falecido deve tomar a sua cunhada por mulher. Esta lei já
existia mesmo antes da revelação do Sinai (Gn 38.8). Moisés apenas a regulamentou (Dt
25.5-10). O nome vem da palavra latina “levir”, que significa “irmão do marido”. Outro
caso pode ser visto no casamento de Rute (Rt 4.4-10) ainda que com algumas
modificações. Os saduceus citaram essa lei (Mc 12.19), mas com argumento artificial e até
jocoso. A intenção deles era não só desacreditar Jesus diante do povo, como também fazer
chacotas. Por isso criaram uma situação ridícula e em cima dela desenvolveram o seu
argumento. O caso dos sete casamentos, de uma mulher ficar viúva sete vezes, casar-se
com sete irmãos e todos eles morrerem, foi, é claro, uma situação inventada. Dificilmente
o terceiro ou o quarto irmão a tomaria por mulher, certamente seria considerado como mau
presságio, ainda mais numa comunidade extremamente supersticiosa.
Os descendentes espirituais dos saduceus ainda estão por aí. Os teólogos da Torre de
Vigia são especialistas em argumentos desse tipo. Nenhum grupo religioso da terra se
destacou tanto em forjar e inventar raciocínios para persuadir o povo. Eles têm até um
manual de raciocínios para combater a fé cristã histórica — Raciocínios à Base das
Escrituras.

Os saduceus, em suas meticulosas pesquisas, nunca descobriram a doutrina da


ressurreição. Mas Jesus não só disse que eles não conheciam as Escrituras, como também
provou isto. Ele mostrou que a passagem da sarça ardente de Êxodo 3.6 ensina a vida após
a morte. Deus não disse: “Eu era o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque”, mas: “Eu sou o
Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó” (Mt 22.32). Isso mostra que esses
patriarcas ainda estão vivos para Deus: “Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos,
porque para ele vivem todos” (Lc 20.38), e esperam uma pátria melhor (Hb 11.16). Assim,
Jesus esmagou esses incrédulos com a arma deles, citando os escritos mosaicos.

Jesus disse aos seus discípulos: “para que onde eu estiver, estejais vós também” (Jo
14.3); “Para onde eu vou não podes agora seguir-me, mas depois me seguirás” (Jo 13.36).
Na sua oração sacerdotal, Jesus disse: “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu
estiver, também eles estejam comigo…” (Jo 17.24). Se a alma incluísse o corpo, que
sentido teriam essas promessas? Que valor haveria em estar alguém ali? Os discípulos de
Jesus o seguiram após sua morte conforme as promessas que lhes havia feito. A
consciência é essencial ao conhecimento e é justamente esse incentivo que nos faz desejar
ardentemente estar com Jesus Cristo. Então, todos os fiéis do Senhor seguiram para onde
ele foi, não tendo sentido e não sendo bíblica a doutrina de que tudo termina na morte e de
que a alma é extinta quando morremos.

Jesus disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43). Essa
passagem ensina que o sono da alma é uma doutrina falsa, mas as testemunhas de Jeová
falsificaram essa passagem na TNM: “Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no
Paraíso”, simplesmente para se harmonizar com o contexto teológico do Corpo
Governante. Trata-se de um antigo artifício usado por todos os hereges da antiguidade que
procuraram negar a sobrevivência da alma após a morte, para advogar a crença do sono da
alma. Os manuscritos gregos foram produzidos antes do uso dos sinais gráficos de
pontuação. Os principais textos impressos do Novo Testamento grego usam, na presente
passagem, a vírgula antes da palavra grega semeron “hoje’”, como o Textus Receptus, os
textos de Westcott-Hort, de Nestlé-Aland e o das United Bible Societies. A organização
omitiu a vírgula antes da palavra “hoje”, pôs o sinal gráfico dois pontos (:), depois dela, o
que alterou completamente o sentido do texto.

Outro exemplo de má exegese das testemunhas de Jeová é com relação a dois textos no
livro de Eclesiastes (3.19-21; 9.5), passagens usadas com muita freqüência por elas para
justificar suas crenças, mas cabe uma explicação.
“Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais;
a mesma coisa lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo
fôlego; e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são
vaidade. Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao pó tornarão. Quem adverte que
o fôlego dos filhos dos homens sobe para cima e que o fôlego dos animais desce para
baixo da terra? (Ec 3.19-21). O livro de Eclesiastes é o relato das reflexões de um grande
sábio que filosofa sobre as coisas “debaixo do sol”. Quando Salomão diz que aquilo que
sucede ao homem também sucede ao animal, e que ambos vão para o mesmo lugar na sua
morte não contradiz a doutrina bíblica da sobrevivência da alma, por duas razões
principais, a saber: 1) o texto em foco não faz menção da palavra alma, o que revela a
morte física comum tanto ao homem como ao animal, e isso não diz respeito ao além; 2) o
tema é sobre as coisas que o escritor sagrado viu “debaixo do sol”. O homem morre e o
animal também. Ambos são sepultados e isso, aparentemente aos olhos humanos,
demonstra que têm o mesmo destino; mas o sábio escritor inspirado conclui a sua
mensagem dizendo: “Quem adverte que o fôlego dos filhos dos homens sobe para cima, e
que o fôlego dos animais desce para baixo da terra?” (Ec 3.21) isto é, “e o pó volte à terra,
como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7).

Em Eclesiastes 9.5, está escrito: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os
mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco eles têm jamais recompensa, mas a sua
memória ficou entregue ao esquecimento”. Trata-se de uma passagem que, se vista de
maneira superficial e isolada, parece concordar com as idéias do Corpo Governante.
Porém, o texto bíblico deve ser analisado à luz do seu contexto. Por mais honrado que seja
o homem, na sua morte, não pode receber recompensa. Pode-se até construir a ele
monumentos, estátuas, dar o seu nome a ruas, cidades e até países, mas isso só serve para
perpetuar a sua memória; para ele, pessoalmente, isso não vai ajudar em nada com relação
ao mundo dos vivos. É isso que Salomão está dizendo aqui; do contrário, as testemunhas
de Jeová serão obrigadas a admitir que não haverá ressurreição, e que ímpios e justos não
terão recompensa. Pergunte para um seguidor da Torre de Vigia se ele acredita na vida
futura e sua resposta falará por si mesma. Essa mensagem bíblica se aplica ao dia-a-dia,
sobre tudo aquilo que o escritor sagrado viu “debaixo do sol”.
A ESPERANÇA DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
A religião do Corpo Governante não é cristocêntrica, o centro de sua mensagem é
Jeová, afirma que “a nossa salvação está ligada intimamente a uma correta apreciação do
nome de Deus” (O Nome Divino Que Durará Para Sempre, página 26), indo mais além:
“a sua vindicação importa mais do que a salvação dos homens” (“Seja Deus Verdadeiro”,
página 31, § 15, edição de 1949; página 28, § 16, edição de 1955). Trata-se de um discurso
falso, pois o nome “Jeová” sequer aparece no Novo Testamento, como também é falso o
nome da organização, pois o cristão é testemunha de Jesus, ele disse: “e ser-me-eis
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da
terra” (At 1.8). As testemunhas de Javé, segundo a Palavra de Deus, é Israel (Is 43.10-15),
que Rutherford aplicou indevidamente e de maneira aleatória ao seu movimento. Os
cristãos no primeiro século invocavam o nome de Jesus (At 9.14, 20,21; 22.16; 1 Co 1.2).
O Senhor Jesus mandou pregar o arrependimento e a remissão dos pecados: “E disse-
lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia,
ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos
pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém” (Lc 24.46,47), e não escatologia
e nem uma terra paradisíaca. Ninguém jamais viu uma testemunha de Jeová pregar a
salvação em Jesus Cristo, mas o reino de Jeová, uma doutrina muito estranha, não há
registros no Novo Testamento de qualquer apóstolo ensinando o Tetragrama ou falando o
que ensina hoje o Corpo Governante.
No discurso do apóstolo Paulo no Areópago, Atos 17, ele anunciava o nome de Jesus.
O mesmo fez na pregação em Beréia: “E este Jesus que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo”
(At 17.3) e em Atenas: “Porque lhes anunciava Jesus e a ressurreição” (At 17.18). O
apóstolo Pedro começou a sua pregação, no dia de Pentecostes, em nome de Jesus, disse
logo após a introdução da mensagem: “Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus
Nazareno, varão aprovado por Deus entre vós…” (At 2.22), concluindo esse discurso no
mesmo nome: “Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós
crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (2.36). Há, portanto, um abismo intransponível
entre a religião do Corpo Governante e o cristianismo bíblico. O apóstolo Paulo adverte os
crentes contra o falso evangelho e o falso Jesus (2 Co 11.4; Gn 1.8, 9).
As testemunhas de Jeová negam a doutrina dos reformadores Sola Gratia e Solo
Christos, “Somente a Graça” e “Somente Cristo”. Elas afirmam que a salvação é um alvo
a ser cumprido e acreditam que Jeová não garante vida eterna a ninguém, ele vai decidir,
depois do Armagedom, quem será salvo. Trata-se de uma religião em que ninguém tem
certeza, nem garantia da redenção, e ousam usar a Bíblia, fora do contexto, para
fundamentar essa doutrina: “porventura sereis escondidos no dia da ira do SENHOR” (Sf
2.3); “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mt 24.13); “prossigo para o alvo”
(Fp 3.14). São essas as três passagens bíblicas básicas usadas com freqüência pelos
seguidores do Corpo Governante para persuadir o povo de que ninguém pode dizer que é
salvo.

O profeta Sofonias avisa que a oportunidade de arrependimento durará pouco tempo


“antes que saia o decreto, e o dia passe como a palha” (2.2), antes que venha o castigo de
Jerusalém (1.4), assim, os mansos ou pobres da terra de Judá que buscarem a Deus, a
justiça e a mansidão, talvez escapem, sejam escondidos, como de fato, aconteceu (2 Rs
25.12). Isso não tem nenhuma relação com a doutrina da salvação. As palavras de Jesus
registradas em Mateus 24.13 em nada auxiliam o Corpo Governante, pois é mais natural
do que respirar a necessidade de se permanecer firme na graça. A passagem de Filipenses
3.14: “prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”, é
outro exemplo de má exegese da Torre de Vigia. O que o apóstolo declara no v. 12 é não
ter ainda alcançado a perfeição, a maturidade de cristão completo. O alvo, skopos, “meta”
em grego, era a fita colocada no final da pista de corrida nos jogos olímpicos, para a qual
o atleta fitava os olhos. Esse alvo é Cristo e o prêmio é o galardão dos salvos, “o meu
galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12).

Os teólogos da organização acreditam ser a única religião verdadeira do mundo, e a


Torre de Vigia, o único caminho para a salvação. Eles não acreditam que o céu seja o
destino de todos os cristãos, mas apenas para 144.000 fiéis testemunhas de Jeová, as
demais são as que herdarão a terra, identificadas nas suas publicações como a “classe da
grande multidão”. Segundo Russell, apenas as pessoas consagradas que se dedicavam
totalmente a Deus faziam parte do grupo da “noiva”, os 144.000 (A Sentinela, edição
americana, maio de 1881, página 224). Em maio de 1881, ele afirmou estarem abertas as
portas, mas que poderiam se fechar a qualquer momento a partir de 2 de outubro daquele
ano. Rutherford alterou essa doutrina, quando apresentou o seu discurso no Congresso de
Washington D. C., realizado em 1935, oficializando a doutrina da grande multidão, dando-
lhe a forma seguida pelas testemunhas de Jeová até a edição de A Sentinela, 1º de maio de
2007, página 31, em que publica o aumento de vagas no céu.
Essa crença baseia-se numa hermenêutica infundada dos 144.000 mencionados no
livro de Apocalipse:

E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de
todas as tribos dos filhos de Israel. Da tribo de Judá, havia doze mil assinalados; da
tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; da tribo de Aser, doze mil; da
tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; da tribo de Simeão, doze
mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; da tribo de Zebulom,
doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim, doze mil (Ap 7.4-8).
E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e
quatro mil, que em sua testa tinham escrito o nome dele e o de seu Pai. E ouvi uma voz
do céu como a voz de muitas águas e como a voz de um grande trovão; e uma voz de
harpistas, que tocavam com a sua harpa. E cantavam um como cântico novo diante do
trono e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele
cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra. Estes
são os que não estão contaminados com mulheres, porque são virgens. Estes são os que
seguem o Cordeiro para onde quer que vai. Estes são os que dentre os homens foram
comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro. E na sua boca não se achou
engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus (Ap 14.1-5).

Os versículos 5 a 8 do capítulo 7 afirmam que são 12.000 de cada uma das doze tribos
do povo de Israel. Então não pode ser a igreja, tampouco um grupo selecionado dentro
dela para o céu. Entendemos que essas passagens dizem respeito aos judeus que se
converterão ao Senhor Jesus no período da Grande Tribulação, após o arrebatamento da
Igreja, que não se contaminarão com as falsas doutrinas (Ap 14.1-5) e que substituirão a
Igreja na pregação do evangelho: “…primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.16).
Nesse mesmo tempo, a Igreja estará nas bodas do Cordeiro (Ap 19.7). Porém,
reconhecemos haver outras interpretações aceitáveis, mas nenhum delas é tão bizarra
quanto a das testemunhas de Jeová.

O argumento do Corpo Governante é que se trata de israelitas espirituais: “Não pode


isso referir-se ao Israel literal, carnal? Não, porque Revelação 7:4-8 diverge da costumeira
listagem tribal” (Revelação Seu Grandioso Clímax Está Próximo!, página 117, § 11). Tal
explicação baseia-se numa interpretação aleatória calcada numa exegese ruim. Primeiro,
porque não existe essa lista costumeira, veja no Antigo Testamento algumas das várias
listas diferentes das 12 tribos de Israel (Gn 35.22-27; 46.8-27; 49.3-28; Êx 1.1-6; Nm 1.5-
17; 13.4-16). Por que as testemunhas de Jeová não espiritualizaram, também, o número
144.000? Segundo, a Bíblia chama de israelita espiritual todos os que se convertem a
Jesus, principalmente os de origem pagã deixam de ser gentios: “vós bem sabeis que éreis
gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados” (1 Co 12.2); “lembrai-vos de
que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne” (Ef 2.11); “Sabei, pois, que os que são da fé
são filhos de Abraão” (Gl 3.7).

Sobre a alegada “classe da grande multidão”, as testemunhas de Jeová querem se


apoiar em Apocalipse 7.9-17:
Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de
todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o
Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com
grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao
Cordeiro. E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro
animais; e prostraram-se diante do trono sobre seu rosto e adoraram a Deus, dizendo:
Amém! Louvor, e glória, e sabedoria, e ações de graças, e honra, e poder, e força ao
nosso Deus, para todo o sempre. Amém! E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes
que estão vestidos de vestes brancas, quem são e de onde vieram? E eu disse-lhe:
Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram de grande tribulação,
lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante
do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está
assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca
mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles, porque o Cordeiro que
está no meio do trono os apascentará e lhes servirá de guia para as fontes das águas da
vida; e Deus limpará de seus olhos toda lágrima.

A doutrina da “classe da grande multidão” defendida pelo Corpo Governante não tem
sustentação, nem a passagem bíblica em que procura apoiar tal ensino pode ser
confirmada. Há diversas contradições entre o texto sagrado supra e o que afirma a Torre de
Vigia. A Palavra de Deus mostra que essa grande multidão se encontra no céu: “diante do
trono e perante o Cordeiro” (v. 9); “diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite
no seu templo” (v. 15). O templo de Deus está no céu: “e abriu-se no céu o templo de
Deus” (Ap 11.19).
Os versículos 14 e 15 afirmam que essas pessoas vieram da Grande Tribulação, elas
lavaram as suas vestes no sangue do Cordeiro e, por isso, estão diante do trono de Deus,
não numa terra paradisíaca. A expressão “de grande tribulação” não é uma tradução
precisa. O texto grego afirma que é “procedente da grande tribulação”. A presença do
artigo definido tēs indica uma tribulação específica, e não qualquer tribulação. Esse artigo
deve ser mantido em nossa língua.
Há outras peculiaridades da doutrina da salvação defendida pelo Corpo Governante, no
mínimo curiosas, pois afirma-se que seus adeptos não são filhos de Deus, mas que
poderão sê-los: “Por isso, Jeová Deus, antes de adotá-los como seus filhos livres, mediante
Jesus Cristo, sujeitará todas estas criaturas aperfeiçoadas a uma prova cabal, para todo o
sempre” (Vida Eterna - Na Liberdade dos Filhos de Deus, página 398, § 36). O livro
Unidos na Adoração do Único Deus Verdadeiro, página 191, § 17, publicado em 1983,
omite a parte final “para todo o sempre”.

As testemunhas de Jeová acreditam, ainda, que não têm o Espírito Santo, pois isso é
privilégio da classe dos ungidos. Ensinam que o Senhor Jesus Cristo não é o seu
Mediador: “De modo que, em estrito sentido bíblico, Jesus é o mediador apenas dos
cristãos ungidos” (A Sentinela, 15 de setembro de 1979, página 32), que não pertencem a
Cristo e que o único caminho para a salvação é a sua organização religiosa: “Os que
pertencem a Cristo são os 144.000 discípulos fiéis escolhidos para dominarem com ele no
Reino” (Poderá Viver…, página 172, § 20), acrescentando o seguinte à página 255, § 14:

“Não conclua que existem várias estradas, ou caminhos, que poderá utilizar para
ganhar a vida no novo sistema de Deus. Existe apenas uma. Foi apenas aquela única
arca que sobreviveu ao Dilúvio e não um sem-número de embarcações. E haverá
apenas uma organização - organização visível de Jeová Deus - que sobreviverá à
‘grande tribulação’ que rapidamente se aproxima… Você precisa pertencer à
organização de Jeová e fazer a vontade de Deus, a fim de receber Sua bênção de vida
eterna”.

As testemunhas de Jeová pregam de casa em casa; uma religião cujo ensino não as
qualifica como “filhos de Deus”. São filhos de quem, afinal? Segundo a Torre de Vigia, a
salvação no céu é destinada apenas às 144.000 pessoas, identificadas como “cristãos
ungidos” ou “classe dos ungidos”. As demais testemunhas de Jeová devem contentar-se
em herdar a terra, elas são chamadas de “classe da grande multidão”. Que tais adeptos não
são filhos de Deus em nada nos surpreende, pois essa prerrogativa é para os que
receberem a Jesus como seu Salvador pessoal, mas o que nos deixa perplexos é o fato de
elas mesmas admitirem com naturalidade tal condição.
É o Espírito Santo quem convence o pecador do pecado e da necessidade da
reconciliação com Deus por meio do sacrifício de Jesus na cruz do Calvário: “E, quando
ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo” (Jo 16.8); logo, não pode
haver cristão sem o Espírito Santo (Gl ٥ ,٣.٣). A Bíblia ensina ser filho de Deus todo
aquele que receber a Cristo como seu Salvador pessoal: “Mas a todos quantos o receberam
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome” (Jo 1.12). O
Senhor Jesus é o Mediador de todos os homens: “Porque há um só Deus e um só mediador
entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1 Tm 2.5); a salvação é concedida quando
o pecador crê no coração e confessa com a boca: “Se, com a tua boca, confessares ao
Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.
Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a
salvação” (Rm 10.9,10).

A Palavra de Deus afirma que os cristãos pertencem a Jesus: “Eu sou o bom Pastor, e
conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido” (Jo 10.14); “Filhinhos, sois de
Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está no
mundo… Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de
Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro” (1 Jo
4.4, 6). Jesus afirma ser ele mesmo o único Caminho para a salvação e não uma
organização: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao
Pai senão por mim” (Jo 14.6).
Jesus ensinou que o céu é para os que crêem em seu nome. Ele disse: “Na casa de meu
Pai há muitas moradas” (Jo 14.2), e não apenas 144.000 lugares. O apóstolo Paulo disse:
“Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus
Cristo” (Fp 3.20).

A outra falácia exegética das testemunhas de Jeová é a terra paradisíaca, pois citam a
Palavra de Deus fora do contexto: “Os justos herdarão a terra e habitarão nela para
sempre” (Sl 37.29) “Porque eis que eu crio céus novos e nova terra; e não haverá
lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” (Is 65.17); “Bem-aventurados os
mansos, porque eles herdarão a terra” (Mt 5.5); “Mas nós, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça (2 Pe 3.13); “E vi um novo
céu e uma terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não
existe” (Ap 21.1). Todas as testemunhas de Jeová conhecem essas passagens bíblicas e
costumam citá-las para os incautos e menos avisados. Com base nelas e em outras
similares, acreditam que vão herdar a terra e habitar numa terra paradisíaca.
A verdade é que todas as passagens bíblicas são alusivas ao Milênio, aquele período de
mil anos mencionado em Apocalipse 20.2, 3: “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente,
que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o
encerrou, e pôs selo sobre ele, para que mais não engane as nações, até que os mil anos se
acabem”. Trata-se de uma era predita por todos os profetas do Antigo Testamento.
***

Sobre o inferno
Essa doutrina não foi discutida pela Patrística, mas segundo Louis Berkhof, “a
maioria dos Pais da Igreja pensava em termos de um fogo material, embora alguns
supunham que a punição dos ímpios consistiria principalmente em separação de Deus e
uma consciência da sua própria maldade” (A História das Doutrinas Cristãs, páginas 241,
242). Foi na Idade Média que o assunto ganhou relevância, principalmente depois da
publicação de a Divina Comédia, de Dante Alighiere, na primeira década do século 14. Os
humanistas, como Erasmo de Roterdã, ridicularizavam essa doutrina. Alister McGrath
lembra que certa vez Erasmo comentou sobre o entusiasmo com que os teólogos de Paris
escreviam sobre o inferno, “afirmou, que eles evidentemente deviam ter estado lá”
(Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica, página 638).

A doutrina do Inferno é rejeitada atualmente pelas testemunhas de Jeová, pelos


espíritas, pelos adventistas do sétimo dia, pelo Movimento Nova Era, pelas religiões
transcendentais do Extremo Oriente, pelos ateus. Em alguns países é proibido falar sobre o
assunto nas igrejas, como na Suécia, e é mais falado no dia-a-dia, como piada e chacota,
do que mesmo nos púlpitos de igrejas. Muitos pregadores preferem enfatizar o amor de
Deus, mas convém salientar que o Senhor Jesus advertiu a todos sobre a condenação
eterna no inferno. O sermão de Jonathan Edwards intitulado Pecadores nas Mãos de um
Deus Irado, pregado em oito de julho de 1741, num avivamento em que soluços e gritos
abafados tomaram conta do ambiente de modo que algumas vezes ele interrompeu o
sermão com voz embargada. Nem sempre o pecador se interessa pela bondade de Deus,
portato, a sua justiça deve ser pregada como advertência do sofrimento eterno.

Russell teve sua fé abalada quando estava com 16 anos de idade. Ao tentar ganhar um
amigo para Cristo, não pôde defender com êxito suas crenças e perdeu a fé na Bíblia. O
tema da discussão foi a doutrina do inferno ardente como lugar de suplício eterno para os
infiéis. O combate a essa doutrina foi o brado de guerra com que ele iniciou o seu
movimento. A organização ensina que o inferno é um estado e não um lugar, a “sepultura
comum da humanidade”. Assim, as testemunhas de Jeová procuram escapar dele
elimando-o das Escrituras Sagradas. Por essa razão, nem o termo “inferno” e nem mesmo
a idéia de um lugar de tormento eterno aparece na TNM.
A Torre de Vigia publicou no livro “Seja Deus Verdadeiro”, edição de 1949, página 79,
quatro razões para fundamentar sua crença de que o inferno ardente não existe:
A doutrina dum inferno ardente onde os ímpios depois da morte são torturados para
sempre não pode ser verdadeira, principalmente por quatro razões: (1) Porque está
inteiramente fora das Escrituras; (2) porque é irracional; (3) porque é contrária ao amor
de Deus; e (4) porque é repugnante à justiça. Daí vê-se claramente que o inferno ou
xeol ou hades significa a sepultura, o túmulo, a condição a que todos, bons e maus,
chegam, à espera do dia da ressurreição; enquanto que geenna é a condição de
destruição a que o Diabo, seus demônios e todos os opositores do Governo Teocrático
de Jeová Deus chegarão, condição essa que não há recobro ou ressurreição.

Esse pensamento ainda permanece em vigor na organização do Corpo Governante,


pois esses mesmos raciocínios reaparecem nas obras mais recentes, como os últimos
livros-textos: A Verdade Que Conduz à Vida Eterna texto usado entre 1968-1982 como
manual de ingresso na organização; o mesmo pode ser dito do livro Poderá Viver Para
Sempre no Paraíso na Terra (1982-1995); Conhecimento que Conduz à Vida Eterna (1995-
2005) e O Que a Bíblia Realmente Ensina? (2005). Vamos, no presente capítulo, mostrar a
falácia dessas quatro razões apresentadas pelas testemunhas de Jeová.

O INFERNO ARDENTE ESTÁ FORA DAS ESCRITURAS?


A palavra “inferno” vem do latim infernus, que significa “lugar inferior”. Foi usada por
Jerônimo, na Vulgata Latina, para traduzir do hebraico a palavra she’ol no Antigo
Testamento, e do grego, no Novo, as palavras geenna, “Gehena, inferno”; hades, “Hades,
a região dos mortos”. Jerônimo translitera o termo tartaroo, que significa: “lançar ao
Tártaro/ao inferno; prender no inferno”. Esses termos, nas línguas originais da Bíblia, não
são traduzidos na versão das testemunhas de Jeová, apenas transliterados.

Sheol

Hoje, o Corpo Governante ensina ser o inferno a própria sepultura e que o lugar de
suplício eterno, onde os ímpios serão atormentados para sempre, não existe, afirmando:
“O Seol e o Hades não se referem a um lugar de tormento, mas à sepultura comum da
humanidade” (Poderá Viver…, página 83, § 7). Essa declaração é completamente
destituída de sustentação bíblica.

O Sheol aparece 65 vezes no Antigo Testamento, segundo os dicionários e léxicos de


hebraico trata-se de um termo de significado vago e indefinido, mas todos afirmam ser “o
lugar invisível do mortos” ou “habitação dos mortos”. A Septuaginta traduz o termo 60
vezes por Hades. O fato de Sheol e sepultura serem lugares profundos e invisíveis aos
olhos humanos justifica, às vezes, as diversas traduções do termo, oscilando entre
“inferno, sepultura, abismo, morte, além, cova” e palavras correlatas.

A Tradução Brasileira não traduziu usando Sheol ou Cheol, exceto em 1 Reis 2.6, 9;
Salmos 141.7; Provérbios 30.16; Eclesiastes 9.10; Cantares 8.6, em que aparece
“sepultura”, e em Isaías 7.11, traduzido por “profundeza”. A Versão Revisada de Almeida
emprega o termo “Seol” e apenas em três lugares traduz por “sepultura” (1 Rs 2.6, 9; Jó
7.9). Veja a lista dos 65 lugares no Antigo Testamento em que aparece o termo “Sheol”, no
final deste capítulo.
A Bíblia Almeida Século 2120 traz “Sheol” 30 vezes, 25 traduz por “sepultura”, cinco
por “túmulo”, duas por “profundeza” (Is 7.11; Sl 139.8); duas por “morte” (Sl 49.15;
86.13) e uma por “ruína” (Pv 7.27). A Bíblia Hebraica,21 versão judaica para a língua
portuguesa, traduz sheol por dez palavras diferentes, mas vinculadas ao mundo dos
mortos, como: “sepultura, sepulcro, tumba, túmulo, abismo, inferno, profundeza, morte
etc” e translitera 23 vezes.

A Versão Corrigida de Almeida traduz 27 vezes por “sepultura”, 29 por “inferno”,


quatro por “sepulcro”, duas vezes translitera, uma vez verte por “profundezas” (Is 7.11);
uma por “mundo invisível” (Sl 89.48) e, finalmente, uma por “terra” (Sl 55.15). A Versão
Atualizada de Almeida emprega nove palavras diferentes para traduzir o termo: sepultura,
21 vezes, inferno, 12; além, nove; abismo, oito; sepulcro e morte, cinco cada; cova, três;
reino dos mortos e profundezas, uma vez cada (Is 7.11; 14.15). Ambas usam “inferno” nas
seguintes passagens bíblicas (Dt 32.22; Sl 9.17; 18.5; 116.3; Pv 5.5; 9.18; 15.11, 24;
23.14; 27.20; Os 13.14). Por isso o significado depende do contexto.

O termo aparece quatro vezes em Gênesis quando o patriarca Jacó faz menção de
descer com dor e tristeza ao Sheol (37.35; 42.38; 44.29, 31) e “sepultura” parece o único
significado a fazer sentido. Algo similar acontece nos conselhos do rei Davi ao seu filho
Salomão, com relação ao destino de Joabe e Simei, para que não desçam ao Sheol em paz
(1 Rs 2.6, 9). Há outras passagens em que essa palavra apresenta idéia de sepultura,
sepulcro, cova etc., as menções de Jacó, Joabe e Simei são apenas alguns exemplos.
Porém, é difícil imaginar Jacó considerando como sepultura, pois esperava descer até a
esse lugar: “Na verdade, com choro hei de descer ao meu filho até à sepultura” (Gn
37.35). Não pensava em sepultura, mas num lugar onde pudesse encontrar seu filho
porque pensava que José tinha sido devorado por uma fera (Gn 37.33). Isso significa que o
termo sheol, em si mesmo, não é conclusivo e é comum o seu uso como sinônimo poético
de qever, palavra hebraica para “sepultura”, que aparece 71 vezes no Antigo Testamento.

Jonas considerou suas angústias, quando estava no ventre do grande peixe, como o
Sheol. Trata-se de uma figura de linguagem não simplesmente por se encontrar dentro do
peixe, mas também por se encontrar nas profundezas do abismo. Além dessa palavra,
Jonas usa mais duas expressões tsulah, “abismo do mar”, a mesma palavra usada para
“profundeza” em Isaías 44.27, e lebhabh yammim, “coração dos mares”. Jonas clamou no
ventre do grande peixe, que, por analogia, não tem sentido de sepultura, mas de ser lugar
de consciência e tormento (Jn 2.1).

A palavra qever é traduzida por mnemeion, monumento com epitáfio para preservar a
memória do morto (Gn 23.6, 9; 49.30), e mnema, com o mesmo significado (Êx 14.11; Ez
37.12), e, finalmente, taphos, “lugar para enterrar o morto” (Gn 23.4, 20; 2 Sm 2.31).
Nenhuma delas a Septuaginta traduziu por Hades. Essas três palavras reaparecem no Novo
Testamento grego (Mt 23.29; 28.1; Mc 5.3).

Sheol aparece apenas no singular e nunca no plural nos escritos sagrados, sendo,
portanto, absurdo traduzi-lo apenas por “sepultura”, pois é mencionado em relação à alma
dos mortos, e não em relação ao corpo. Há passagens que falam da alma no Sheol (Sl
16.10; 30.3; 86.13; 89.48; Pv 23.14). Não há na Bíblia nenhuma referência à alma
descendo ao Qever, a nenhum cadáver, ao Sheol. A Bíblia faz menção de pessoas que
tinham sepulcros, Qever (Gn 50.5; 1 Rs 13.30), mas nunca encontramos nela alguém que
fosse proprietário do Sheol. O homem nos tempos bíblicos preparava o seu sepulcro, mas
nunca alguém preparou um sheol.

A menção de justos e injustos no Sheol parece reforçar a teoria dos dois


compartimentos, mas nem todos os expositores da Bíblia concordam com essa idéia. Os
contrários acham que o sentido original era de sepultura e com o tempo passou a significar
inferno. Nenhuma dessas interpretações deve ser descartada. O Antigo Testamento, porém,
revela a presença de Deus no Sheol (Jó 26.6; Sl 139.8; Pv 15.11). O Novo Dicionário da
Bíblia de John Davis afirma “os espíritos de seu povo e as suas condições naquela
habitação estavam sob vigilância de seu olhar. Essa doutrina inclui a grande bênção de
Deus para com o seu povo depois da morte, desfrutando sua presença e seu constante
amor, e, ao mesmo tempo, a miséria dos ímpios” (página 598). Isso pode ser confirmado
no Novo Testamento na passagem do rico e Lázaro. O “seio de Abraão” (Lc 16.22) é uma
expressão rabínica para designar o paraíso e o estado de felicidade, conhecido também
como trono de glória e jardim do Éden. Segundo o Dicionário Teológico Beacon, Richard
S. Taylor (editor geral): “Lucas 16:23 sugere a divisão do seol no hades e o paraíso”
(página 637).

Com os dados obtidos nessas considerações apresentadas e com a ajuda do Novo


Testamento podemos afirmar que o Sheol é um lugar profundo e o destino de todas as
almas, dos justos e injustos. Antes da morte de Cristo havia uma divisória para separar os
maus dos bons, nesse mundo invisível dos mortos. Agora, os salvos vão para o paraíso, ou
“terceiro céu” (2 Co 12.2; Ap 6.9-10), onde aguardam a ressurreição do corpo, enquanto
os incrédulos aguardarão, em estado consciente, a ressurreição do corpo para o juízo final
(Ap 20.11-14). A afirmação das testemunhas de Jeová de que o inferno é apenas a
sepultura comum da humanidade, com base apenas na palavra Sheol, não pode ser
confirmada pelas Escrituras Sagradas porque o contexto bíblico mostra com outros
termos, expressões e descrições desse lugar de suplício eterno, como veremos mais
adiante.

Hades

No Novo Testamento aparece dez vezes sem trazer, uma vez sequer, o sentido de
sepultura. A Versão Corrigida de Almeida translitera três vezes por “Hades” (Lc 16.23; At
2.27, 31) e traduz por “inferno” nas demais passagens. A Atualizada emprega os termos
“morte” duas vezes (At 2.27, 31) e “Além”, uma (Ap 20.13), sendo que nas demais
ocorrências a referida palavra é traduzida por “inferno”. A Bíblia Almeida Século 21 usa
“túmulo” em Atos 2.27, 31, e “além”, em Apocalipse 20.13, e demais vezes verte por
“inferno”. Todas essas dez passagens estão transliteradas, sem tradução, na Tradução
Brasileira e na Versão Revisada de Almeida. A idéia de lugar ardente de tormentos para os
iníquos está presente somente em Lucas 16.23, mas como local provisório até o dia do
Juízo Final (Ap 20.13, 14).

Nos clássicos da antiga Grécia, Hades era nome do deus do além: “Hades, o rei dos
mortos”. Na Odisséia de Homero e na Teogonia de Hesíodo, o termo é descrito como o
mundo ou habitação dos mortos. Todo o Canto X da Odisséia trata da visita de Ulysses ao
Hades. Lá ele se encontra com alguns de seus companheiros (habitando como sombras)
que morreram na Guerra de Tróia. Foi essa a palavra escolhida pelos Setenta para traduzir
60 das 65 vezes em que o termo she’ol aparece no Antigo Testamento Hebraico.22 A opção
de se transcrever hades, não traduzindo, ajuda a evitar influências pessoais, muitas vezes
inevitáveis, numa tradução, por causa da variação de significados, ainda que estes sejam
muitos próximos. O contexto determina se a referida palavra está ligada ao estado de
morte ou se ao lugar onde as almas dos ímpios são castigadas.
As palavras hebraicas mawet e she’ol, gregas thanatos e hades (Septuaginta), “Morte e
Hades” aparecem em Isaías 28.15 e da mesma forma no Novo Testamento. São termos
usados para personalizar a figura do demônio (Ap 6.8) e também para designar o
julgamento final (Ap 20.13, 14). O versículo 14 diz respeito ao fim de ambos: “a morte e o
Hades foram lançados no lago de fogo” (Tradução Brasileira). Ambos serão lançados no
“lago de fogo e enxofre”, esse último é o estágio intermediário dos mortos, sem por isso
deixar de ser um lugar. Naquele dia ele dará os mortos que neles estão, e por fim o próprio
Hades será lançado no lago de fogo.

“Porque não deixarás a minha alma no Hades, Nem permitirás que o teu Santo veja a
corrupção” (At 2.27). O corpo de Jesus foi ao Qever (Is 53.9), mnemeion em grego (Jo
19.41, 42), e a sua alma foi ao Sheol (Sl 16.10), o Hades (At 2.27), o mundo invisível dos
mortos.

“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as
portas do Hades não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). A expressão “portas do Hades”
quer dizer que as estratégias de Satanás, com suas hostes do mundo inferior, não poderão
vencer a Igreja. “Porta”, no antigo Oriente, diz respeito à entrada e ao mesmo tempo à
fortaleza da cidade. Assim, as fortalezas das trevas não terão poder para exterminar o povo
de Deus.

“Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até o céu? descerás até o Hades; porque se
em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, ela teria permanecido
até o dia de hoje” (Mt 11.23); “Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até o céu?
descerás até o Hades” (Lc 10.15). Essas passagens estão ligadas à queda de Lúcifer,
registrada em Isaías 14.12-15, onde aparecem os termos “abismo” e “Sheol”. Cafarnaum
haveria de receber o mesmo castigo que recebeu o “filho da alva” (Is 14.12, traduzido por
Lúcifer — “portador de luz”, na Vulgata Latina, por Jerônimo).23 Jesus disse: “Tenho as
chaves da morte e do Hades” (Ap 1.18). O termo aqui está vinculado à morte, mas
também ao abismo (Ap 9.1, 2; 20.1).

O Hades não é ainda o inferno propriamente dito, mas o estágio intermediário dos
mortos. Trata-se de uma prisão temporária até que venha o dia do juízo. Os condenados
estão lá conscientes e em tormentos, sabendo perfeitamente porque estão naquele lugar
(Lc 16.23), aguardando o juízo final (Ap 20.13, 14).

Geena
A Geena é a forma grega da expressão hebraica gei-hinnom, “vale de Hinom”, de onde
se originou o termo grego geenna, mas não aparece na Septuaginta. Segundo a descrição
bíblica, era o nome de um vale localizado no sul de Jerusalém. Nele eram sacrificadas
crianças, em ritual pagão, num lugar chamado “Tofete”, que significa “altar”. Lugar onde
alguns reis de Israel sacrificaram a ídolos e, dentre eles, o rei Salomão. O rei Josias,
porém, fez uma devassa no local, fazendo dele um lugar de lixo (Js 15.8; Jr 7.31; 2 Rs
23.10).
O Corpo Governante ensina ser a Geena uma representação da extinção total do ser
humano, apenas um símbolo da destruição dos inimigos de Jeová: “Os antigos judeus
criam que os extremamente iníquos não teriam nenhum futuro depois da morte…
Referindo-se a este costume, Jesus usou a Geena como símbolo de destruição total, sem
nenhuma perspectiva futura” (Felicidade Como Encontrá-la, página 118, § 20); “Os que
escutavam a Jesus podiam entender que aqueles que fossem para a Geena seriam
destruídos para sempre, como se fossem lixo” (Poderá Viver…, página 87, § 14).

Um estudo do pensamento judeu do Período do Segundo Templo (517 a.C. – 70 d.C.)


mostra que a declaração acima, do Corpo Governante, é completamente insustentável,
pois o mundo judaico contemporâneo de Jesus cria que a Geena era o lugar onde os
ímpios receberiam como castigo o sofrimento eterno. Só se a expressão “antigos judeus”
for uma referência aos saduceus, mas mesmo assim eles não viam qualquer perspectiva
futura, não só para os iníquos, mas para todos os seres humanos. Desde os dias de Josias, o
local foi transformado num depósito de lixo, onde o fogo ardia continuamente. Por volta
do século primeiro antes de Cristo, surgiu um significado metafórico que separou a Geena
da localização geográfica, mas manteve sua natureza de fogo, dessa forma, Geena, por si
só, tornou-se inferno. O pensamento religioso judaico dos dias do ministério terreno de
Jesus girava em torno de duas escolas rabínicas: Shammai e Hillel. Esses rabinos viveram
na época de Herodes, o Grande. Segundo o Dr. Alfred Edersheim,24 em La Vida y los
Tiempos de Jesus el Mesías, vol. 2, essas escolas ensinavam o castigo eterno na Geena:

Antes de apresentar, ainda que seja brevemente, o ensino do Novo Testamento, parece
desejável estabelecer com certa precisão as idéias judaicas sobre este tema. Porque as
idéias sustentadas no tempo de Cristo; sejam quais foram estas idéias, Cristo não as
contradisse, pelo menos diretamente, e, até onde nós podemos inferir, não intentou
corrigi-las. E aqui, temos riquezas de materiais suficientes para uma história das
opiniões judaicas dos diferentes períodos sobre a eternidade dos castigos (página 806).

A literatura apócrifo-apocalíptica (Livro de Enoque 90.26; IV Esdras 7.36; Oráculos


Sibilinos 1.103; 2.291; 4.186), a talmúdica e de Qumran, de Filo de Alexandria e Josefo,
depõem contra o argumento do Corpo Governante. Essas produções literárias antigas
revelam as crenças judaicas desse período, cujos reflexos encontramos no Novo
Testamento. O Dr. Edersheim apresenta uma enorme lista dessas citações. Ele, citando a
Mishná,25 afirma que era crença dos rabinos daqueles dias que os gentios seriam
castigados eternamente na Geena. Daí o fato de os fariseus buscarem tanto um prosélito,
para depois se tornarem como um deles (Mt 23.15). Declara ainda, à página 391 do citado
volume: “No tempo de Cristo o castigo dos ímpios era considerado de duração eterna”. O
mundo judaico contemporâneo de Jesus cria que a Geena era o lugar onde os ímpios
receberiam como castigo o sofrimento eterno.

Dificilmente uma pessoa esclarecida na Bíblia e na cultura judaica do Período do


Segundo Templo aceita essa declaração das testemunhas de Jeová. Ela está completamente
desprovida de consistência. Vamos analisar algumas passagens bíblicas que contradizem o
ensino do Corpo Governante. O termo Geena aparece 12 vezes no Novo Testamento.
Seguem as transcrições conforme a Tradução Brasileira.

“Mas eu vos digo que todo aquele que se ira contra seu irmão, estará sujeito a
julgamento; e quem chamar a seu irmão: Raca, estará sujeito ao julgamento do sinédrio; e
quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito à geena de fogo…Se o teu olho direito te serve de
pedra de tropeço, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém mais que se perca um dos teus
membros, do que todo o teu corpo seja lançado na geena. Se a tua mão direita te serve de
pedra de tropeço, corta-a e lança-a de ti; pois te convém mais que se perca um dos teus
membros do que todo o teu corpo vá para a geena” (Mt 5.22, 29, 30 – grifo nosso).

“Não temais aos que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele
que pode fazer perecer na geena tanto a alma como o corpo” (Mt 10.28); “Mas eu vos
mostrarei a quem haveis de temer: Temei aquele que, depois de matar, tem poder de
lançar-vos na geena. Sim, digo-vos: Temei a este” (Lc 12.5 – grifo nosso).

“Se o teu olho te serve de pedra de tropeço, arranca-o e lança-o de ti; melhor é entrares
na vida com um só dos teus olhos, do que, tendo dois, seres lançado na geena de fogo”
(Mt 18.9 – grifo nosso).
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! porque rodeais o mar e a terra para fazerdes
um prosélito; e depois de feito, o tornais em dobro mais filho da geena do que vós…
Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação da geena?” (Mt 23.15, 33
– grifo nosso).
“Se a tua mão te servir de pedra de tropeço, corta-a; melhor é entrares na vida manco,
do que, tendo duas mãos, ires para a geena, para o fogo inextinguível… Se o teu pé te
servir de pedra de tropeço, corta-o; melhor é entrares na vida aleijado, do que, tendo
dois pés, seres lançado na geena… Se o teu olho te servir de pedra de tropeço, arranca-
o; melhor é entrares no reino de Deus com um só de teus olhos, do que, tendo dois,
seres lançado na geena” (Mc 9.43, 45, 47 – grifo nosso).

“E a língua é um fogo. Como um mundo de iniqüidade está colocada entre os nossos


membros a língua que contamina o corpo todo, e incendeia o curso da vida, e é
incendiada pelo fogo da geena” (Tg 3.6 – grifo nosso).

Usamos a Tradução Brasileira porque ela translitera o termo. As Versões Atualizada,


Corrigida e Revisada de Almeida traduzem por “inferno”. O Senhor Jesus empregou essa
palavra como condenação eterna e não como destruição da alma. Ser lançado no fogo da
Geena, sem faltar nenhum dos membros ou com todos eles, não faz diferença na
destruição, somente em Tiago 3.6 não é usada metaforicamente como o lugar ardente do
julgamento escatológico. É o Inferno propriamente dito, o Lago de Fogo mencionado em
Apocalipse 19.20; 20.14, 15.

Tártaro

O termo tartaroō, Novo Testamento, só aparece em 2 Pedro 2.4, traduzida por


“inferno” na Tradução Brasileira: “Pois se Deus não poupou a anjos, quando pecaram,
mas lançou-os no inferno, e os entregou aos abismos de escuridão, para serem reservados
para o juízo”. Pelo fato de aparecer só uma vez, é necessário recorrer aos escritores
clássicos para se saber seu significado. Na literatura latina, o Tártaro representa o mesmo
que o Hades significava para os gregos. Virgílio, na Eneida, descreve a descida de Enéias
ao Tártaro, de forma semelhante à de Ulysses ao Hades, descrita por Homero. Os gregos
consideravam como lugar subterrâneo, mais baixo que o Hades, onde o castigo divino era
aplicado. Segundo O Novo Dicionário da Bíblia: “é o termo clássico para indicar o lugar
de punição eterna” (página 746).

Esse mesmo lugar reaparece em Judas 6, sem usar o nome do referido lugar: “E aos
anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação,
reservou na escuridão, e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia”. Os mesmos
anjos decaídos mencionados em 2 Pedro 2.4. Essas passagens mostram que esses anjos de
Satanás já estão na prisão do Tártaro, lugar de trevas e de prisão. Esses anjos são mais
terríveis que todos os demais demônios, é por isso que Deus não permitiu que eles
ficassem soltos, serão libertos por um pouco de tempo, durante a Grande Tribulação, para
atormentar os moradores da terra (Ap 9.2-4).

Outras expressões
O inferno ardente, como lugar de suplício eterno dos ímpios, está presente na Bíblia e
essa doutrina é ensinada nas Escrituras Sagradas, também com outras expressões, não
restringindo-se apenas aos termos Sheol, Hades, Geena e Tártaro.

Abismo. “Estes lhe suplicaram que não os mandasse ir para o abismo” (Lc 8.31). Os
demônios que estavam no gadareno rogaram a Jesus que não os expelisse para o abismo,
termo usado para substituir o inferno, o “poço do abismo” mencionado em Apocalipse
9.2-4. É a tradução da palavra grega abyssos, que aparece 25 vezes na Septuaginta para
traduzir a palavra hebraica tehom, que significa literalmente “lugar sem fundo, insondável,
profundeza”.

Fornalha de fogo. Jesus disse que na consumação dos séculos os justos serão
recompensados, e os injustos punidos: “Assim será na consumação dos séculos: virão os
anjos e separarão os maus dentre os justos. E lançá-los-ão na fornalha de fogo: ali, haverá
pranto e ranger de dentes” (Mt 13.49, 50). Isso não é destruição e nem extinção, se fosse
essa a idéia, não poderia haver ali “pranto e ranger de dentes”, uma vez que a fornalha
consumiria imediatamente a pessoa.
Trevas exteriores. É outra expressão para designar o inferno como lugar de maldição
eterna: “Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o nas trevas exteriores; ali, haverá
pranto e ranger de dentes” (Mt 22.13). As palavras “trevas exteriores” e “fornalha de
fogo” são a mesma coisa.

Fogo eterno. “Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de
mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41). Isso
mostra que o inferno é um lugar preparado para o diabo e seus anjos, e não a sepultura
comum da humanidade e nem a extinção. Seria necessário o fogo eterno, se a condenação
dos iníquos consistisse apenas na sua extinção? Jesus chamou de “fogo eterno”, agora,
substitua por “extinção” ou “sepultura” e veja que absurdo.

Lago de fogo. “E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os
sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes
dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre” (Ap 19.20); “E a morte e
o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi
achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.14, 15). O Corpo
Governante ensina que o lago de fogo e enxofre é uma referência à extinção baseando seu
argumento na expressão “segunda morte”, embora não fique claro e nem convincente a
explicação sobre: “e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”. O texto
sagrado mostra que a besta e o falso profeta foram lançados vivos no lago de fogo e
enxofre. Depois de mil anos, o diabo foi também lançado nesse mesmo lago de fogo. O
fogo não pôde consumir esta dupla, pois o diabo foi lançado também lá, conforme diz o
texto sagrado.
A expressão “segunda morte” (ho thanatos ho deuteros, em grego) significa a
condenação eterna. A palavra grega thanatos, “morte”, traz a idéia de “separação”, e não
“extinção”. Na morte física, a alma e o espírito separam-se do corpo. Essa é a primeira
morte; na seguda, é a pessoa que será separada de Deus, banida da sua glória para todo o
sempre, para nunca mais ver a luz. É essa separação chamada de “segunda morte” (2 Ts
1.9) e ali “de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20.10).

Vergonha e desprezo eterno. “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão,


uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2). Que vergonha
pode sentir uma pessoa inconsciente e extinta? É claro que isso é uma referência à
segunda morte, quando os iníquos serão banidos da glória de Deus para todo o sempre.

Tormento eterno. “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida
eterna” (Mt 25.46). A Tradução Brasileira verteu as palavras gregas kolasin aionion,
“tormento eterno” por “suplício eterno” e a TNM falsificou: “E estes partirão para o
decepamento eterno, mas os justos, para a vida eterna” (grifo nosso).
A organização do Corpo Governante substitui o termo grego kolasis, “castigo”, por
“decepamento”, seguindo o Diaglotão. Benjamin Wilson alega, na nota de rodapé, que tal
tradução “concorda melhor com a segunda parte da sentença, preservando-se assim a força
e a beleza da antítese. Os justos vão para a vida, os ímpios para o decepamento, sendo
cortados da vida, ou para a morte”.

Esse substantivo só aparece duas vezes no Novo Testamento Grego, aqui e em 1 João
4.18: “porque o medo envolve castigo”. A TNM usa o termo “restrição” para kolasis. O
verbo grego kolazo, “castigar”, também só aparece duas vezes: “não achando motivo para
os castigar” (At 4.21) e a versão das testemunhas de Jeová usa o verbo “punir”. A última
vez que o referido verbo aparece é em 2 Pedro 2.9: “reservar aos injustos sob castigo para
o dia do juízo”. Aqui, o texto padrão do Corpo Governante emprega o verbo “decepar”. É
só no contexto escatológico que a organização emprega a idéia de decepamento para se
ajustar às suas crenças. Veja que a passagem de Mateus 25.46 fala por si só, por isso que
as testemunhas de Jeová tiveram de falsificar o texto sagrado para adaptar à sua crença
peculiar.

O inferno ardente está fora das Escrituras ou fora do credo das testemunhas de Jeová?
Os ensinos da Torre de Vigia estão inteiramente fora da Palavra de Deus, e não o inferno
ardente. Essa doutrina da organização é uma armadilha diabólica. Satanás é o mentor
dessa crença. Diante do exposto, fica provada que é falsa a declaração do Corpo
Governante ao afirmar que a doutrina do inferno ardente, como lugar de suplício eterno
onde os ímpios serão castigados, está fora das Escrituras. A verdade é que ele tentou
excluí-la da Bíblia e sequer respeitaram a Palavra de Deus, não hesitando em falsificá-la
para ajustar à sua teologia.

O INFERNO ARDENTE É IRRACIONAL?

É sensato imaginar que tudo na vida tem seu lado positivo e seu lado negativo. Assim
como há o bem, há também o mal; como há galardão, há castigo; como há amigos, há
inimigos; como há bênção, há maldição; como há verdadeiro, há mentiroso; como há
justo, há injusto; como há vida, há morte; assim também como há céu, há inferno. Fica
claro, mais que o sol do meio-dia, que a teoria das testemunhas de Jeová é falsa. A Bíblia
mostra que as coisas de Deus parecem loucura para os incrédulos: “Ora, o homem natural
não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14).

O INFERNO ARDENTE É CONTRÁRIO AO AMOR DE DEUS?

Como pode um Deus benigno e tão cheio de amor condenar alguém? Devemos encarar
a Bíblia como ela é, e não conforme os nossos sentimentos ou pensamentos, que nada têm
que ver com os de Deus (Is 55.8, 9). O homem que contesta o inferno tem opinião
contrária à de Deus. A doutrina do inferno, conforme ensina a Bíblia e como nós cremos,
não neutraliza o amor de Deus, porque não pode haver amor sem justiça: “O SENHOR é
tardio em irar-se, mas grande em força e ao culpado não tem por inocente; o SENHOR
tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés” (Na
31.3). Deus não tem prazer em condenar alguém, por isso “quer que todos os homens se
salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm 2.4).

O profeta Ezequiel diz que Deus não tem prazer na morte do ímpio (18.23). A prova do
amor de Deus está no Calvário: Ele deu o seu Filho Unigênito para que pudéssemos ser
salvos (Jo 3.16) e franqueou a todas as nações a sua salvação: “Porque a graça de Deus se
há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11); “Mas Deus, não tendo
em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar,
que se arrependam” (At 17.30).
Jesus mandou pregar esta salvação a todos os povos: “Mas recebereis a virtude do
Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém
como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Agora, o homem se
recusa a receber essa mensagem de salvação, preferindo o pecado, vivendo alienado de
Deus e praticando coisas horrendas — toda a sorte de pecado é evidente e sensato que ele
receba devida retribuição. Isso sim seria irracional e contradiria a Palavra de Deus, se não
houvesse castigo, pois as Escrituras afirmam: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer;
por que tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Trata-se de uma
realidade baseada nos princípios básicos da moral. É por isso que a Bíblia ensina a
existência do inferno ardente como lugar de suplício eterno, sem, contudo, contradizer a
doutrina do amor de Deus.

Cada pessoa será responsável por seus atos diante de Deus e o inferno não foi
destinado para o homem. Jesus disse que é um lugar preparado para o diabo e seus anjos
(Mt 25.41). Quem, portanto, for para lá não poderá culpar a ninguém. Não foi Deus quem
o destinou a isso, a culpa será da própria pessoa. Os incrédulos poderão dizer naquele dia:
“Porque tive medo de ti, que és homem rigoroso, que tomas o que não puseste e segas o
que não semeaste” (Lc 19.21). É esse o ensino da organização das testemunhas de Jeová.
A Torre de Vigia declara que, para existir o inferno ardente, Deus teria de ser justamente
isso que disse o lavrador mau. O diabo costuma lançar as suas faltas em Deus.

O INFERNO NÃO É REPUGNANTE À JUSTIÇA DIVINA

O castigo eterno dos ímpios é uma vindicação da lei e a manifestação da santidade de


Deus, pois o pecado não significa apenas um só ato, mas diz respeito a uma condição ou
estado da alma, estado impuro. Repugnante à justiça divina seria se os justos recebessem o
seu galardão, e os iníquos ficassem impunes: “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o
justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti seja. Não faria justiça o Juiz
de toda a terra?” (Gn 18.25). Este versículo mostra que o justo recebe um tratamento
diferente do injusto e que o Juiz de toda a terra sabe fazer justiça. O castigo divino é
escalonado, cada um recebe de acordo com a sua obra: “E o servo que soube a vontade do
seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos
açoites. Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com poucos açoites será
castigado. E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe
confiou, muito mais se lhe pedirá” (Lc 12.47, 48). Jesus disse que haverá menos rigor para
Sodoma do que para Cafarnaum (Mt 11.24). O apóstolo Paulo afirma que cada um
receberá o castigo conforma a sua obra (Rm 2.5, 6; 2 Tm 4.14).
Wim Malgo, da Obra Missionária Chamada da Meia-Noite, Porto Alegre, publicou um
livreto intitulado O Lago de Fogo, que à página 9 afirma o seguinte:
Eu também gostaria de poder crer que não houvesse um lugar de maldição eterna, mas
se eu cresse nisso, teria que jogar fora minha Bíblia, teria de fazer de Jesus um
enganador, poderia violar qualquer lei, qualquer mandamento moral, teria que
abandonar minha fé em um Deus santo e justo. Se não existe um julgamento eterno do
qual preciso ser salvo, então também foi desnecessária a vinda do Salvador, sua morte
teria sido um julgamento errado da parte de Deus, e a Bíblia se tornaria um livro de
lendas obscuras e apavorantes, cheia de pessimismo.

As testemunhas de Jeová estão equivocadas com essa doutrina. O homem é


responsável diante de Deus pelos seus atos, mas o diabo não tem interesse em que essa
verdade seja pregada à humanidade, para escancarar a porta do pecado, pois se não há
punição, não haverá temor, não haverá justiça. A impunidade anula o amor, a santidade e a
justiça de Deus.

O RICO E LÁZARO
É evidente que ninguém no mundo é capaz de chegar às conclusões das testemunhas
somente com a leitura da Bíblia. Isso por si só revela a falácia delas. O rico e Lázaro é um
bom exemplo de exegese falaciosa. O texto está registrado em Lucas 16.19-31.

Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os
dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro,
que jazia cheio de chagas à porta daquele. E desejava alimentar-se com as migalhas
que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. E
aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e
morreu também o rico e foi sepultado. E, no Hades, ergueu os olhos, estando em
tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio. E, clamando, disse: Abraão,
meu pai, tem misericórdia de mim e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu
dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém,
Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro, somente
males; e, agora, este é consolado, e tu, atormentado. E, além disso, está posto um
grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós
não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá. E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai,
que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para que lhes dê testemunho,
a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Eles
têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, Abraão, meu pai; mas, se
algum dos mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém Abraão lhe disse: Se
não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos
mortos ressuscite.
Essa passagem bíblica apresenta uma enorme dificuldade para quem prega que a alma
não sobrevive à morte. Os adventistas do sétimo dia, em As Sutilezas do Erro, de Arnaldo
Christianini, afirmam que o sofrimento do rico no Hades diz respeito a superstições
populares da época de Cristo. Tal argumento é uma interpretação forçada e presume que
Jesus ensinava superstição. As testemunhas de Jeová apresentam a seguinte interpretação:

Há, porém, um lugar em que ocorre hades, que tem induzido alguns a crer que o
inferno bíblico seja um lugar de tormento físico. É onde Jesus falou do rico e de
Lázaro, e disse que o rico morreu e padeceu tormentos no hades (Lc 16.22-31). Por
que é este uso de hades tão diferente do seu uso em outros lugares? Porque Jesus
estava contando uma parábola ou ilustração, e não falava dum lugar de tormento
literal. (Mt 13.14). Considere: É razóavel ou bíblico crer-se que um homem sofre
tormento só porque é rico, usa boa roupa e tem bastante para comer? É bíblico crer-se
que alguém é abençoado com a vida celestial só porque é mendigo? Considere também
o seguinte: Acha-se o inferno literalmente a uma distância audível do céu, para ser
realmente possível conversar? Também, se o rico estivesse num lago de fogo literal,
como poderia Abraão enviar Lázaro para refrescar-lhe a língua com apenas uma gota
de água na ponta do dedo? Então, o que estava Jesus ilustrando?

Nesta ilustração, o rico representava a classe dos líderes religiosos que rejeitaram e
depois mataram Jesus. Lázaro representava o povo comum que aceitou o Filho de
Deus. A Bíblia mostra que a morte pode ser usada como símbolo, representando uma
grande mudança na vida ou no proceder da pessoa. (Veja Rm 6.2, 11-13; 7.4-6).
Ocorreu uma morte ou mudança na condição anterior quando Jesus alimentou
espiritualmente a classe de Lázaro e esta, assim, entrou no favor do Abraão maior,
Jeová Deus. Ao mesmo tempo, os líderes religiosos falsos ‘morreram’ para com o
favor de Deus. Tendo sido rejeitado, sofriam tormentos quando os seguidores de
Cristo, após o Pentecoste, expulsaram vigorosamente as suas obras ruins. (At 7.51-57)
Portanto, esta ilustração não ensina que alguns mortos sejam atormentados num literal
inferno de fogo (A Verdade que Conduz à Vida Eterna, páginas 42, 43, § 22, 23).

Segundo o Corpo Governante, a parábola tem o poder de mudar o sentido e o


significado das palavras, como num passe de mágica. A organização diz que Jesus fez uso
muito diferente da palavra “hades”, simplesmente por se tratar de uma parábola. Ora,
parábola é uma símile continuada ou expandida, uma comparação ampliada. O Novo
Testamento chama de parábola uma história real ou imaginária para ilustrar verdades
espirituais ou transmitir um ensino moral; assim, a referida figura não é sinônimo de
fantasia.

Outra questão importante é que em nenhum lugar na Bíblia afirma que O rico e Lázaro
seja parábola. O título vem dos editores da Bíblia para intitular o assunto, não faz parte do
texto original e não aparece nos manuscritos. A passagem em tela trata-se da narração de
um acontecimento que só Jesus sabia e que ele contou aos seus discípulos. Sabemos disso
pelos seguintes fatos: 1) Jesus não disse nem deu a entender que é parábola; 2) é diferente
das outras parábolas, pois nelas não há afirmação tão definida, nem aparecem os nomes
das pessoas, como aqui são mencionados: Abraão, Lázaro e Moisés; 3) não foi nas
ocasiões em que Jesus disse: “O reino dos céus é semelhante”, antes, pelo contrário, disse:
“havia um homem…”, a mesma construção usada para introduzir certos relatos no Antigo
Testamento (1 Sm 1.1; Jó 1.1). Ainda que fosse parábola, não alteraria o sentido, sua
mensagem continuaria inalterada e a interpretação dada pelas testemunhas de Jeová,
arbitrária, sem qualquer amparo bíblico. Não devemos, portanto, aceitar esse texto apenas
como uma exposição alegórica e figurada para extrair lições e verdades espirituais, mas
sim, um fato, uma realidade.

As testemunhas de Jeová deturpam a realidade dos fatos. Não está escrito em nenhum
lugar que o rico foi condenado pelo simples fato de ter sido um homem rico. Essa é uma
insinuação própria da Torre de Vigia. Em cima dela a organização argumenta a sua
posição. A Bíblia nada afirma sobre o rico, senão que comia bem e que se vestia de vestes
caríssimas, mas não dá a razão ou a causa de sua condenação. Certo é que ele não era
obediente à Palavra de Deus. Isso com certeza justifica a sua condenação. A insinuação do
Corpo Governante é um velho artifício peculiar à organização: contradizer uma assertiva
inexistente, mas que ela mesma inventou, desenvolvendo sua tese em cima dela. Os
saduceus também criaram uma situação, para em cima dela contradizer a doutrina de Jesus
— uma mulher se casar com sete irmãos, ficando viúva sete vezes. O princípio, aqui, é o
mesmo. Onde está escrito que Lázaro foi ao seio de Abraão só pelo fato de ter sido pobre?
O texto sagrado não declara isso. Ninguém é salvo por ser pobre, nem condenado por ser
rico. Essa idéia foi levantada pela sua liderança simplesmente para justificar sua crença
estranha e desconhecida na Bíblia.

Outro ponto curioso é a suposta distância entre o céu e o Hades. O texto sagrado não
afirma que Lázaro foi para o céu, mas para o “seio de Abraão”. Essa distância, portanto,
não existe. A técnica de inverter as coisas para justificar uma idéia teve sua origem em
Satanás: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” (Gn 3.1).
Satanás sabia perfeitamente que a ordem de Deus não era essa. A proibição era somente
com relação à árvore da ciência do bem e do mal, e não a toda árvore do jardim. A mesma
técnica é usada aqui pela organização. O “seio de Abraão” era um lugar localizado no
próprio Hades antes do advento do Messias, tanto os justos como os injustos iam para o
mesmo lugar, na sua morte — o Sheol ou Hades, lá havia uma divisão: o lugar dos justos,
que os rabinos denominavam “Seio de Abraão”, “Jardim do Éden” e o “Trono de Glória”.
Desses três nomes, o “Seio de Abraão” era o mais usado na teologia judaica da época e
esse Paraíso fazia parte do Hades.

Dava perfeitamente para conversar, ainda mais com a permissão de Deus. Quando o
Senhor Jesus morreu, desceu às partes mais baixas da terra e “levou cativo o cativeiro” (Ef
4.8-10; 1 Pe 3.18-20), de modo que agora o Paraíso ou o Seio de Abraão localiza-se no
céu; no entanto, antes da ressurreição de Cristo ainda estava no Sheol, no seio da terra.
Então as testemunhas de Jeová inventam essa “distância” e fazem disso uma arma para
negar a sobrevivência da alma.

“Como poderia Abraão enviar Lázaro para refrescar-lhe a língua com apenas uma gota
de água na ponta do dedo?”, pergunta o Corpo Governante querendo anular o verdadeiro
sentido do texto bíblico. A Bíblia ensina que o alienado de Deus é néscio. Os edificadores
de Babel queriam construir uma torre cujo topo chegasse ao céu (Gn 11.4). Isso não
parece absurdo? Não só parece, como o é. O rico estava em desespero, e, por mais
equilibrado que fosse seu pedido, não poderia ser atendido. É muita estultícia negar a
doutrina da sobrevivência da alma baseando-se nesse argumento ou na coletânea deles,
apresentada pela Torre de Vigia. Quanto à possibilidade de Lázaro ir até o lugar onde se
encontrava o rico, não há nenhum absurdo, não é algo irracional, primeiramente porque
Deus é o Todo-Poderoso e para ele não há impossível e nem isso contradiz a sua palavra.
Salomão afirma que o Sheol ou Hades, na Septuaginta, e a perdição estão diante de Deus:
“O inferno e a perdição estão perante o SENHOR” (Pv 15.11); em segundo lugar, pelo
fato de o próprio Jesus ter ido lá, ele mesmo disse: “Eu tenho as chaves da morte e do
inferno” (Ap 1.18). Ficam, portanto, desfeitas as questões infundadas do Corpo
Governante.

Agora, vem a parte mais bizarra, a sua interpretação, pois a organização ensina que
Lázaro representa as próprias testemunhas de Jeová. O rico representa a classe dos
religiosos: os fariseus, os saduceus e o clero da cristandade, que se acham separados de
Deus e mortos quanto ao seu favor; Lázaro, o povo comum que recebe a Cristo e expõe
sua mensagem perante a classe representada pelo rico; o sofrimento, as verdades que os
seguidores de Cristo pregam. Tal explicação elimina todas as regras da hermenêutica e
permite a qualquer um a interpretar o texto bíblico como quiser. É verdade que a Bíblia é
um livro aberto, mas não escancarado; muitas linhas de interpretação podem ser aceitas,
mas não todas. Com isso, o Corpo Governante assassina a exegese.

Lista dos 65 ligares no Antigo Testamento em que aparece o termo


sheol
sheol

Versões Ferreira de Almeida

AT Bíblia TB Corrigida Atualizada Revisada Século


Hebraica 21

Gênesis 37.35 sepultura Sheol sepultura sepultura Sheol túmulo

Gênesis 42.38 sepultura Sheol sepultura sepultura Sheol túmulo

Gênesis 44.29 sepultura Sheol sepultura sepultura Sheol túmulo

Gênesis 44.31 sepultura Sheol sepultura sepultura sheol túmulo

Números abismo Sheol sepulcro abismo Sheol sepultura


16.30

Números abismo Sheol sepulcro abismo Sheol sepultura


16.33

Deuteronômio abismo Sheol inferno inferno Sheol Sheol


32,22

1Samuel 2.6 sepultura Cheol sepultura sepultura Sheol sepultura

2 Samuel 22.6 Sheol Sheol inferno inferno Sheol Sheol

1 Reis 2.6 sepultura sepultura sepultura sepultura Sheol sepultura

1Reis 2,9 sepultura sepultura sepultura sepultura Sheol sepultura

Jó 7.9 sepultura Sheol sepultura sepultura Sheol sepultura

Jó 11.8 Sheol Sheol inferno abismo Sheol Sheol

Jó 14.13 sepultura Sheol sepultura sepultura Sheol Sheol

Jó 17.13 sepulcro Sheol sepultura sepultura Sheol Sheol

Jó 17.16 sepultura Sheol Sheol morte Sheol Sheol

Jó 21.13 sepultura Sheol sepultura sepultura Sheol Sheol

Jó 24.19 sepulcro Sheol sepultura sepultura Sheol Sheol

Jó 26.6 sepulcro Sheol inferno abismo Sheol Sheol


Jó 26.6 sepulcro Sheol inferno abismo Sheol Sheol

Salmos 6.5 Sheol Sheol sepulcro sepulcro Sheol sepultura


[6]

Salmos 19.17 abismo Sheol inferno inferno Sheol Sheol


[18]

Salmos 16.10 Sheol Sheol inferno morte Sheol túmulo

Lista dos 65 ligares no Antigo Testamento em que aparece o termo sheol

Versões Ferreira de Almeida

AT Bíblia TB Corrigida Atualizada Revisada Século


Hebraica 21

Salmos 18.5 [6] inferno Sheol inferno inferno Sheol Sheol

Salmos 30.3 [4] sepultura Sheol sepultura sepultura Sheol Sheol

Salmos 31.17 [18} sepulcro Sheol sepultura morte Sheol Sheol

sepulcro Sheol sepultura sepultura Sheol Sheol

Samlos 49.14,15
Sheol Sheol sepultura sepultura Sheol Sheol
[15,16]

Sheol Sheol sepultura morte Sheol morte

Salmos 55.15[16] túmulo Sheol terra cova Sheol Sheol

Salmos 86.13 abismo Sheol sepultura morte Sheol morte

mundo
Salmos 89.18[49] sepulcro Sheol sepulcro Sheol sepulcro
invisível

Salmos 116.3 sepultura Sheol inferno inferno Sheol Sheol

Salmos 139.8 profundezas Sheol Sheol abismo Sheol profundezas

Salmos 141.7 sepultura sepultura sepultura sepultura Sheol sepultura

Provérbios 1.12 Sheol Sheol sepultura abismo Sheol sepultura

Provérbios 5.5 túmulo Sheol inferno inferno Sheol sepultura


Provérbios 7.27 tumba Sheol sepultura sepultura Sheol ruína

Provérbios 9.18 Sheol inferno inferno Sheol sepultura

Provérbios 15.11 Sheol Cheol inferno além Sheol sepultura

Provérbios 15.24 Sheol Cheol inferno inferno Sheol sepultura

Provérbios 23.14 tumba Cheol inferno inferno Sheol sepultura

Provérbios 27.20 Sheol Cheol inferno inferno Sheol sepultura

Provérbios 30.16 tumba sepultura sepultura sepultura Sheol sepultura

Eclesiastes 9.10 tumba sepultura sepultura além Sheol sepultura

Cantares 8.6 sepultura sepultura sepultura sepultura Sheol sepultura

Isaias 5.14 Sheol Sheol sepultura cova Sheol Sheol

Isaías 7.1 oculto sepultura profundez profundeza Sheol profundeza

Isaías 14.9 Sheol Sheol inferno sepultura Sheol Sheol

Isaías 14.11 abismo Sheol inferno cova Sheol sepultura

reino dops
Isaías 14.15 Sheol Sheol inferno Sheol Sheol
mortos

Isaías 28.15 Sheol Sheol inferno além Sheol sepultura

Isaías 28.18 Sheol Sheol inferno além Sheol sepultura

Isaías 38/10 Sheol Sheol sepultura além Sheol sepultura

Isaías 38.18 túmulo Sheol sepultura sepultura Sheol sepultura

Isaías 57.9 baixo Sheol inferno sepulcro Sheol Sheol

sepulcro Sheol inferno além Sheol Sheol

Ezequiel 31.15-17 sepulcro Sheol inferno além Sheol Sheol

Sheol Sheol inferno além Sheol Sheol


Ezequiel 32.21 profundeza Sheol inferno além Sheol Sheol

Ezequiel 32.27 Sheol Sheol inferno sepulcro Sheol Sheol

Sheol Sheol inferno inferno Sheol Sheol


Oseias 13.14
Sheol Sheol inferno inferno Sheol Sheol

Amós 9.2 Sheol Sheol inferno abismo Sheol Sheol

Jonas 2.2[3] Sheol Sheol inferno abismo Sheol Sheol

Habacuque 2.5 morte Sheol sepulcro sepulcro Sheol Sheol

Considerações finais
Apresentamos um resumo da história das testemunhas de Jeová, seu conceito sobre a
Trindade, o Senhor Jesus Cristo, o Espírito Santo, a alma e o inferno com seus respectivos
argumentos. Vimos que se trata de uma confissão de fé sem sustentação bíblica e que por
isso foge à ortodoxia cristã. Cada ponto doutrinário foi refutado com base na Palavra de
Deus. É importante conhecer as testemunhas de Jeová, suas crenças e argumentos, mas a
sua eficácia depende também de como aplicar esses recursos em sua evangelização.

As testemunhas de Jeová são uma classe pertencente aos grupos não alcançados pelo
evangelho e pregar para elas é um desafio para a Igreja. É o povo mais difícil de
evangelizar, em virtude de o Corpo Governante haver colocado em volta delas uma grande
muralha de bronze para impedir a penetração do evangelho de Cristo. Consideram-se
conhecedoras da verdade e, portanto, não querem ouvir, mas ensinar. Quando se depara
em alguém que conhece suas crenças e se encontra suficientemente preparado para
enfrentá-las, não querem dialogar. Para conquistá-las para Jesus você precisa de oração.
Procure adquirir a sua confiança e a sua simpatia e ore com freqüência por ela, sem que
ela saiba, pois elas são geralmente presunçosas e se julgam conhecedoras da verdade.
Demonstre amor e interesse sincero por ela e tenha muita paciência. Muitas coisas da fé
cristã lhes parecem absurdas em virtude de sua formação religiosa.
As testemunhas de Jeová procuram ser amáveis até que o seu interlocutor as ouça e
responda com interesse às suas perguntas costumeiras. Tornam-se, geralmente, agressivas
e grosseiras quando alguém as contradiz pela Palavra de Deus. Não têm nenhum interesse
em dialogar com os evangélicos mais esclarecidos nos assuntos bíblicos. Não estão
interessadas em que o povo leia a Bíblia, mas sim, a sua literatura e que as referências
bíblicas básicas sejam lidas na TNM. A leitura em outras versões da Bíblia não vale, salvo
alguns versículos peculiares para justificar seu ensino.
A maioria dos diálogos com elas acontece durante seus trabalhos de casa em casa. O
tempo é muito curto e elas têm sempre agenda a cumprir, mas pode ser aproveitado para
que ela leia em alta voz para que você possa ouvir alguns versículos na própria TNM.
Porém, a testemunha de Jeová precisa ser provocada com declarações como: A Bíblia
ensina que Jesus é Jeová, leia o salmo 110.5 (consultar comentário na página 110) ou, as
Escrituras chamam o Espírito Santo de Jeová, leia 2 Coríntios 3.17, 18 (consultar
comentário na página 124). Outra opção é ler Lucas 1.76, (pois a sua versão reza: “Mas,
quanto a ti, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás de antemão na frente de
Jeová para aprontar os seus caminhos”), para em seguida perguntar de quem João Batista
foi precursor, visto que ele próprio afirmou: “aquele que vem após mim”, referindo-se ao
Messias (Mt 3.11; Mc 1.7; Lc 3.16; Jo 1.27); Logo, Jesus é o mesmo Deus Javé.
Com certeza ela não vai acreditar no que você está dizendo, assim poderá ir, sem
dúvida, à leitura. Se a conversa progredir e houver possibilidade de um encontro futuro
deve-se combinar de antemão o assunto, data, horário e a sua duração. Recomenda-se não
passar de uma hora e os pontos pendentes podem ficar para a reunião seguinte. O diálogo
deve ser de forma civilizada e respeitosa, mas sempre discordando do ponto de vista
teológico dela.

A testemunha de Jeová terá dificuldade em reconhecer o mito 1914 como invenção


falaciosa de seus fundadores. A doutrina do inferno ardente lhes parece irracional. Para
explicar a doutrina da Trindade será necessária oração e conhecer os argumentos básicos
usados por elas, e saber como refutá-las com moderação e dentro da Bíblia. Não pense em
ganhá-la para Jesus apenas com uma visita ou um só encontro. Tal visita será apenas uma
porta aberta para se estabelecer uma amizade e por ela evangelizá-la. A organização levou
de seis meses a três anos para embutir na mente e na alma dessa gente as suas crenças,
numa série de estudos programados. Não espere, portanto, em uma ou duas visitas
remover delas as crenças erradas! Isto é um processo lento e requer paciência, além de um
conhecimento sólido da organização e suas crenças. Os conhecimentos delas são
limitadíssimos e não vão além de suas publicações. O problema é que elas se apegam com
“unhas e dentes” às passagens bíblicas selecionadas pela organização, juntando a isso os
argumentos pré-fabricados da Sociedade Torre de Vigia.

Quando alguém mostra a inconsistência de sua doutrina e que o Corpo Governante não
é o que ensina ser, a reação dela é dizer que se trata de perseguição religiosa. A
organização ataca a todos os ramos cristianismo, denominando-os de “cristandade”, e
transmite o resultado de suas pesquisas às testemunhas de Jeová da maneira enganosa.
Agride a tudo e a todos: as igrejas, as religiões de modo geral, as instituições políticas e
trabalhistas. Nada escapa. Quando se trata de um estudioso, que não pertence à
organização e que conhece todas as suas manobras, é tido como perseguidor, apóstata,
opositor. Não sabem que foi a Sociedade Torre de Vigia que disparou o primeiro tiro,
declarando guerra contra as igrejas.
Não é prudente usar a linguagem delas como “Corpo Governante, escravo fiel e
discreto, organização etc” e citar fatos de sua história, pois elas pensam que você já foi
testemunha de Jeová, a organização proíbe conversar com quem saiu do movimento, ou
considera como perseguidor, “por que você está tão preocupado conosco?”, costumam
perguntar. O melhor caminho é a Bíblia e, de preferência, falar sobre o assunto que ela
própria apresentou. Certa vez eu fui com um companheiro a um salão do reino. Chegamos
cedo. Um moço bem vestido nos recebeu muito bem, mas observei que um senhor de
idade estava atento à nossa conversa. Perguntamos ao jovem se ele era testemunha de
Jeová; “sou estudante”, respondeu. O que estava nos observando se aproximou e de
maneira simpática e amigável nos convidou para participar de um estudo bíblico sobre o
Espírito Santo. Que interessante! “O senhor tem o Espírito Santo?”, foi a nossa pergunta.
De repente ele mudou o tom de voz: “onde vocês querem chegar com essa pergunta?”,
retrucou. “Foi o senhor mesmo quem nos convidou para um estudo sobre o Espírito Santo
e ficamos interessados”. Ele viu a sua própria contradição e se acalmou, afinal, quem
começou o assunto? Mas, o motivo dessa reação é porque os adeptos da Sociedade Torre
de Vigia acreditam que somente os 144.000 têm o Espírito Santo, agora, dizer que ele
mesmo não o tem é um tanto desconfortável e constrangedor diante das visitas. Porém, a
pergunta tinha endereço certo, mas foi ele quem começou. É assim que devemos dialogar
com elas e nunca exibir nossos conhecimentos de sua história e suas crenças.
Nunca devemos oferecer a nossa literatura para elas quando estiver acompanhada de
outra testemunha de Jeová, pois será punida com expulsão do salão do reino qualquer uma
que examinar publicações de outras religiões, por isso são continuamente vigiadas umas
pelas outras. É dever de todas as testemunhas de Jeová denunciar um irmão infrator, sob
pena de receber a mesma punição, mas primeiro deve aconselhá-lo a procurar o ancião, e,
se ele se recusar, deve estar ciente de que será denunciado pelo seu companheiro.
Ninguém pode deixar transparecer dúvidas na organização, pois logo esses são
denunciados. Ninguém pode confiar em ninguém. Todos eles devem afinar sua viola à da
organização. A melhor maneira de mantê-las desinformadas é não permitir que elas leiam
publicações de outras religiões, consideradas literatura apóstata. Os anciãos estão sempre
alerta para proteger a congregação dessa literatura. Trata-se de atitude muito estranha para
uma organização religiosa que ostenta a bandeira da liberdade e do livre-exame das
Escrituras, defendida pelos reformadores do século 16, e que, em suas publicações, desafia
os membros de outros credos religiosos a examinarem sua religião na literatura da
Sociedade Torre de Vigia. Um procedimento prudente é deixar para oferecer nossas
publicações quando ela estiver sozinha; mesmo assim, é possível que ela recuse.

A maior parte dos questionamentos vem da literatura crítica e apologética que


denuncia as profecias dos seus líderes, suas constantes mudanças doutrinárias, a falta de
imparcialidade nos relatos de sua história e a verdadeira realidade da organização, como o
modus operandi da sede mundial. Isso representa uma séria ameaça à Sociedade Torre de
Vigia e enfraquece a autoridade do Corpo Governante, pois reivindica uma autoridade
acima de todos os homens, e considera-se a si mesmo como único canal de comunicação
entre Jeová e o homem.

As testemunhas de Jeová vivem uma espécie de pressão psicológica e por essa razão
aceitam obstinadamente tudo o que vem do Corpo Governante. São três os temores
básicos delas: medo do Armagedom, de não serem ressuscitadas (acreditam que não
haverá ressurreição para os iníquos) e de serem desassociadas. A desassociação é o mais
alto grau de humilhação para elas. Com essas três armas a organização domina
completamente a vida das testemunhas de Jeová. Outras, têm medo de aprender, de
estudar e examinar outra literatura, pois correm o risco de descobrir que sua fé está sendo
depositada numa organização e cujos erros possam levá-las a desacreditarem na sua
liderança. São instruídas de que não há esperança para o ser humano fora da organização.
Tudo isso se torna um pesadelo para os seguidores da Sociedade Torre de Vigia.
O visitante do salão do reino é sempre bem-vindo, são recebidos pelos servos
ministeriais com fineza, cortesia e um sorriso amável nos lábios. Porém, depois de tornar-
se membro da organização perderá sua liberdade, pois não existe uma saída honrosa dessa
religião. Uma maneira de desligar-se dela é pela desassociação, expulsão, depois de
condenado pelo tribunal da Comissão Judicativa. Ser desassociado significa, também,
perder amigos e vínculos familiares. A dissociação é a segunda saída, isso geralmente
acontece quando alguém discorda dos ensinos do Corpo Governante, essa pessoa pode
tomar, por si mesma, a decisão de não ser mais testemunha de Jeová, mas recebe o mesmo
tratamento do desassociado. É essa a religião do Corpo Governante que as testemunhas de
Jeová pregam de casa em casa.

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MCGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica. São Paulo: Shedd


Publicações, 2005.

METZGER, Bruce M. A Textual Commentary on the Greek New Testament.


s/localidade: United Bible Societies, 1971.

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New York/Oxford: Oxford University Press, 2005.

PLAUTO. O Soldado Fanfarrão. Coimbra, Portugal: Atlântida Editora, 1968.

RIENECKER, Fritz e ROGERS, Cleon. Chave Lingüística do Novo Testamento Grego,


trad. Gordon Chown. São Paulo: Edições Vida Nova, 1995.

ROBERTSON, A. T. Imágenes Verbales en el Nuevo Testamento, tomo 6. Barcelona,


España: Editorial Clie, 1990.

SHEDD, R. P. (Editor em Português). O Novo Dicionário da Bíblia, 3 vols., 4ª ed.. São


Paulo: Edições Vida Nova, 1981.

SOARES, Esequias. Cistologia – A Doutrina de Jesus Cristo. São Paulo: Editora


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TAYLOR, Richard S. Diccionario Teológico Beacon. Kansas City, MO, USA: Casa
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TERTULIANO. “Prescriptiones” Contra Todas las Hrerejías. Madrid: Ciudad Nueva,
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TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. São Paulo: Aste, 2004.


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Grand Rapids, Michigan: WM. B. Eerdmans Publishing Company, 1982.

VÍRGILIO. Eneida. Trad. Odorico Mendes. Cotia/Campinas SP: Ateliê editorial e


Editora da Unicamp, 2005.

WÜRTHWEIN, Ernst. The Text of the Old Testament. Grand Rapids, MI, USA:
Eerdmans Publishing Company, 1992.
OBRAS ESPECÍFICAS
BOWMAN, JR. Robert M. Por Que Devo Crer na Trindade - Uma Resposta às
Testemunhas de Jeová. São Paulo: Editora Candeia, 1996.

CETNAR, Bill & Joan. Questions for Jehovah’s Witnesses. Kunkletown, PA, USA:
edição dos autores, 1996.

CHRISTIANINI, Arnaldo B. Radiografia do Jeovismo. Tatuí, SP: Casa Publicadora


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FELIX, R. Rutherford Uncovered. Pilot Grove, 1937.


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HOEKEMA, Anthony. The Four Major Cults. Grand Rapids, MI., USA: Wm. B.
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JONSSON, Carl Olof. The Gentile Times Reconsidered. Atlanta, GA, USA:
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MARTIN, Walter. O Império das Seitas, 4 vols.Venda Nova, MG: Editora Betânia, 1992.
MARTIN, Walter and KLANN, Norman. Jehovah of the Watchtower. Minneapolis,
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PENTON, M. James. Apocalypse Delayed - The Story of Jehovah´s Witnesses.


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__________. Jehovah´s Witnesses and the Third Reich, Toronto, Buffalo, London:
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REED, David A. As Testemunhas de Jeová Refutadas Versículo por Versículo. Rio de


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SCHNELL, William J. À Luz do Cristiansimo. Lisboa, Portugal: Centro de
Documentação Bíblico, 1961.
__________. Trinta Anos escravizados à Torre de Vigia. Lisboa, Portugal: Centro de
Documentação Bíblico, 1961.

SOARES, Esequias. Testemunhas de Jeová – A Inserção de Suas Crenças e Práticas


no Texto da Tradução do Novo Mundo. São Paulo: Editora Hagnos, 2008.
FONTES PRIMÁRIAS

Russell registrou sua organização, em 1884, com o nome Watch Tower Bible and Tract
Society of Pennsylvania, (Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Pensilvânia),
nome mudado em 1896 para Watch Tower Bible and Tract Society. Quando transferiu o
escritório central para o Brooklyn, em Nova Iorque, em 1908, ele criou outra corporação,
a People’s Pulpit Association (Associação Púlpito do Povo), nome usado em Brooklyn, até
1939, quando foi substituído por Watchtower Bible and Tract Society, Inc., e, depois de
1956, foi mudado para Watchtower Bible and Tract Society of New York, Inc. Os
seguidores de Russell eram chamados de Estudantes da Bíblia, a partir de 1910,
Estudantes Internacionais da Bíblia, e depois de 1914, Estudantes da Bíblia Associados.
Todos esses nomes aparecem como editoras das publicações das testemunhas de Jeová,
isolados ou associados. Todas essas corporações pertencem à mesma organização. As
datas citadas nas Referências Bibliográficas são das edições em português.

Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible
and Tract Society of New York, Inc., 1975.

Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible
and Tract Society of New York, Inc., 1976.

BARBOUR, Nelson H. and RUSSELL, Charles T. Three Worlds, and the Harvest This
World. Rochester, New York, USA: The Herald of the Morning, 1877.

COLE, Marley. Jehovah’s Witnesses The New World Society. New York, USA: Vantage
Press, 1955.

Conhecimento Que Conduz à Vida Eterna. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible
and Tract Society of New York, Inc.; Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia de
Bíblias e Tratados, 1995.
Estudo Perspicaz das Escrituras, 3 vols. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible and
Tract Society of New York, Inc.; Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados, 1990.

Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures (The). Brooklyn, N.Y., USA:
Watchtower Bible and Tract Society of New York, Inc.; International Bible Students
Association, 1969 e 1985.

MACMILLAN, A. H. Faith on the March. Englewood Cliffs, NJ, USA: Prentice-Hall,


Inc., 1957.
PENTON, M. James. Jehovah’s Witnesses in Canada: Champions of Freedom of
Speech and Worship. Toronto, Canadá: Macmillan Company of Canada,Limited, 1976.

Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower
Bible and Tract Society of New York, Inc.; Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia
de Bíblias e Tratados, 1982, 1989.

Que a Bíblia Realmente Ensina?, (O) Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible and
Tract Society of New York, Inc.; Cesário Lange, SP: Associação Torre de Vigia de Bíblias
e Tratados, 2006.
Qualificados para Ser Ministros. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible and Tract
Society of New York, Inc.; International Bible Students Association, 1959.

Raciocínios à Base das Escrituras. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible and Tract
Society of New York, Inc.; Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados, 1985.

Revelação - Seu Grandioso Clímax Está Próximo! Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower
Bible and Tract Society of New York, Inc.; Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia
de Bíblias e Tratados, 1988.

RUSSELL, Charles T. The Divine Plan of the Ages (Studies in the Scriptures, vol. 1).
Brooklyn, N.Y. USA: International Bible Students Association, 1913.

__________. The Time Is at Hand (Studies in the Scriptures, vol. 2). Brooklyn, N.Y.
USA: Watch Tower Bible and Tract Society, 1910.
__________. Thy Kingdom Come (Studies in the Scriptures, vol. 3). Brooklyn, N.Y.
USA: Watch Tower Bible and Tract Society, 1908.

__________. The Battle of Armagedon (Studies in the Scriptures, vol. 4). Brooklyn, N.Y.
USA: International Bible Students Association, 1913.
__________. The At-one-ment Between God and Man (Studies in the Scriptures, vol.
5). Brooklyn, N.Y. USA: International Bible Students Association, 1926.

__________. The New Creation (Studies in the Scriptures, vol. 6). Brooklyn, N.Y. USA:
International Bible Students Association, 1923.

__________. The Finished Mystery (Studies in the Scriptures, vol. 7). Brooklyn, N.Y.
USA: International Bible Students Association, 1918.
__________. Food for Thinking Christians. Pittsburgh, PA: Zion’s Watch Tower, 1881.
__________. The Object and Manner of Our Lord’s Return. Rochester, New York,
USA: Office of Herald of the Morning, 1877.

RUTHERFORD, Joseph F. Filhos. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible and Tract
Society Inc.; International Bible Students Association, 1941.

__________. Inimigos. Brooklyn, N.Y., USA: Watch Tower Bible and Tract Society Inc.;
International Bible Students Association, 1937.

__________. Jeová. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible and Tract Society of New
York, Inc.; International Bible Students Association, 1934.

__________. Milhões que Agora Vivem Jamais Morrerão. Rio de Janeiro: Associação
Internacional dos Estudantes da Bíblia, 1923.

__________. Religião. Brooklyn, N.Y., USA: Watch Tower Bible and Tract Society Inc.;
International Bible Students Association, 1940.

__________. Riquezas. Brooklyn, N.Y., USA: Watch Tower Bible and Tract Society;
International Bible Students Association, 1936.

__________. Salvação. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible and Tract Society of
New York, Inc.; International Bible Students Association, 1939.

__________. 1934 Year Book of Jehovah’s Witnesses. Broklyn, N.Y., USA: Watch
Tower Bible and Tract Society of New York, Inc.; Peoples Plpit Association; International
Bible Students Association, 1934.

“Seja Deus Verdadeiro”. Brooklyn, N.Y. USA: International Bible Students Association,
1949.
Testemunhas de Jeová - Proclamadores do reino de Deus. Brooklyn, N.Y., USA:
Watchtower Bible and Tract Society of New York, Inc.; International Bible Students
Association; Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, 1993.

“Toda a Escritura é Inspirada por Deus e Proveitosa”. New York, USA: Watchtower
Bible and Tract Society of New York, Inc.; International Bible Students Association, 1966.
Unidos na Adoração do Único Deus Verdadeiro. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower
Bible and Tract Society of New York, Inc.; Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia
de Bíblias e Tratados, 1983.

Verdade que Conduz à Vida Eterna, (A). Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible and
Tract Society of New York, Inc.; São Paulo: Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados, 1968.

Verdade Vos Tornará Livres, (A). Brooklyn, N.Y., USA: International Bible Students
Association, 1946.
Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus. Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible
and Tract Society of New York, Inc.; International Bible Students Association, 1966.
WILSON, Benjamin. The Emphatic Diaglott. New York, USA: Watchtower Bible and
Tract Society of New York, Inc., 1942.
Periódicos e Brochuras da Sociedade Torre de Vigia

Despertai! (Revista mensal, a partir de Janeiro de 2007 - diversas datas). Edições


americanas, Watchtower Bible and Tract Society of New York, Inc. Edições brasileiras,
Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados ou Associação Torre
de Vigia de Bíblias e Tratados, desde 2003.

Deve-se Crer na Trindade?(Brochura) Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible and


Tract Society of New York, Inc.; Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados, 1989.

Qual É o Objetivo da Vida? ?(Brochura) Brooklyn, N.Y., USA: Watchtower Bible and
Tract Society of New York, Inc.; Cesário Lange, SP: Associação Torre de Vigia de Bíblias
e Tratados, 1993.

Sentinela, (A) - em português; Watchtower (The) - em inglês. Revista oficial da


organização - diversas datas. Edições americanas, Watchtower Bible and Tract Society of
New York, Inc.. Edições brasileiras, Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia de
Bíblias e Tratados ou Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, desde 2003.

Palavras chave
A

Abismo
Ablábio -

Abraão -
Acusação -

Adão -
Administração -

Adventistas do Sétimo Dia -

Adoração -

Agostinho de Hipona -
Além -

Alighiere, Dante -

Alimento espiritual -

Alma -
Anarquia –

Ancião -

Anemos –

Aniversários -

Anno Mundi -

Anomeano, anomeu

Apelação -

Apocalipse -

Apóstata -
Apóstolos -

Ário, arianismo, arianistas -


Arcanjo, Miguel -

Armagedom, batalha do -
Atanásio, atanasiano -

Auroristas -
Autoridade -
Autoritarismo –

B
Babilônia -
Barbour, N. H. -

Barclay, William -

Barnabé, epístola de -

Bete Sarim -
Betel, betelitas -

Bíblia:

autoridade -

manuscrito e papinos -
C

Canal, de comunicação -

Casa dos Príncipes -

Casamentos -

Cassuto, Umberto -

Cedar Point -

Cesaréia, Eusébio de -

Basílio de -

Cetnar, Joan -
Céu -

Christianini, Arnaldo B. -
Clemente de Roma -

Clero, católico ou protestante -


Cole, Marley -

Comissão Editora -
Comitê de Tradução -
Concílios:

Calcedônia -
Constantinopla -
Éfeso -

Nicéia -

Consolation (Consolação), revista -

Constantino, imperador romano -


Córdoba, Ósio -

Corpo Governante -

Cova –

Credos:
de Cesaréia -

Niceno -

Atanasiano ou de Atanásio -

Cristandade -

Cristo Jesus -

Cronologia -

Cruz, substituição por estaca de tortura -

Daniel -
Datas -

Davi -
Desapontamento -

Desassociação -
Dia, fórmula de “um dia por um ano” -

Diaglotão Enfático, O (The Emphatic Diaglott) -


Diretoria, Sociedade Torre de Vigia -
Dissociação -

Divina Comédia -
E
Edwards, Jonathan -

Elohim -

Emphatic Diaglott, The (O Diaglotão Enfático) -

Encarnação do Verbo (A) -


Escócia, julgamento na -

Escravo fiel e discreto -

Escrituras Gregas Cristãs -

Escrituras Hebraicas -
Esperança -

Espírito Santo:

sua personalidade -

sua divindade -

Estaca de tortura -

Estudantes Internacionais da Bíblia

Estudos das Escrituras -

Eunômio -

Eu Sou -
Exegese -
F
Falsas profecias, falsos profetas -
Falsificação, na Tradução do Novo Mundo -

Fé -
Fisher, George H. -

Franz, Cynthia -
Franz, Frederick W.:
autoridade doutrinal -

“eminente erudito bíblico” -


sua morte -

predições para 1975 -

presidência -

Tradução do Novo Mundo -


Franz, Raymond -

Gangas, George –

Geena –
Gentios, tempos dos –

Gileade, Escola de -

Gregório de Nazianzo –

Gregório de Nissa -

Hades -

Henschel, Milton G.:

no Corpo Governante -

morte -
normas da organização -

presidência -
relacionamento com N. H. Knorr -

Tradução do Novo Mundo -


Herald of the Morning (Arauto da Aurora)-

Hermas, o Pastor de -
Herodes -
Heresiarcas -

Humildade, falsa -
I
Ignorância -

Inácio de Antioquia -

Inferno -

Irineu de Lião -
Isaque -

Israel, Deus de -

Jacó -
Javé -

Jeová, livro de Joseph F. Rutherford -

Jeová, inserção do nome nas Escrituras -

Jerusalém -

João Batista -

Johnson, J. Dr. -

Johnson, Paul S. L. -

Jonsson, Carl Olof -

Judaísmo -
Judeus -

Julgamento:
Escatológico -

avaliação crítica -
Justino, o Mártir -

K
Knorr, Nathan H.:
batismo -

Corpo Governante -
Morte -
presidência e administração -

Tradução Novo Mundo -

Lavagem cerebral -
Lázaro -

Liberdade -

Literatura -

M
Macmillan, A. H. -

Mantey, J. R. -

Metzger, Bruce M. -

México -

Milhões que Agora Vivem Jamais Morrerão -

Miller, William -

Missionários -

Morte –

Mortos:
mundo invisível dos

reino dos
N

Natal -
Nazismo, apoio ao -

Nephesh -
Nicomédia, Eusébio de -
O

Obra póstuma do Pastor Russell, (O Mistério Consumado) -


Oração Teológica -
Oráculo -

Pai, deidade –

Pais da Igreja -
Papa -

Papias -

Paraíso, terra paradisíaca -

Parousia -
Patrística, Patrologia -

Policarpo -

Primeira Guerra Mundial -

Penton, James M. -

Profecias, falsas:

1914 -

1915 -

1918 -

1920 -
1925 -

1942 -
1975 -

Pregos, cravados nas mãos de Jesus -


Presença invisível -

Príncipes -
Psyche –
R

Rabino -
RASHI -
Reed, David -

Ressurreição:

de Cristo -

dos mortos -
Robertson, A. T. -

Rochester -

Roterdã, Erasmo -

Russell, Charles Taze:


bens pessoais de -

escravo fiel e discreto -

esposa e o divórcio -

Sentinela, A, (criação) -

última vontade e testamento de -

Russell, Maria -

Rutherford, Joseph F.:

batismo -

Comissão Editora -
crise interna e cisma -

eleição ao cargo de presidente -


falsas profecias -

falsos ensinos -
morte -

mudanças de doutrina -
prisão -
S

Salvação -
Schnell, William J. -
Schroeder, Albert, -

Sectarismo -

Sede mundial –

Septuaginta, Versão dos Setenta –


Sepultura –

Sheol –

Storrs, George -

T
Tártaro –

Tempos dos gentios -

Teocracia -

Tertuliano de Cartago -

Testamento, de C. T. Russell -

Tetragrama -

Três Mundos ou Plano de Redenção -

Time, revista americana -

Tradução do Novo Mundo:


Comissão de Tradutores -

inserções no texto da -
objetivos da -

origem da -
produção da -

refutação A -,
qualificação e erudição dos tradutores -
Tradução do Novo Mundo com Referências -

tradutores da –
Tradução Brasileira –
Transfusão de sangue -

Trindade -

Teocracia -

Teologia -
U

Ungidos, classe dos -

Única religião verdadeira –

Unidade absoluta –
Unidade composta -

Versão dos Setenta, Septuaginta -

Wendell, Jonas -

Westcott & Hort, -

Woodworth, Clayton J. -

Wilson, Benjamin -

Wycliff, John –
Y

Yahwer -
Estas palavras são apenas referência, para localizá-las use o busca do próprio
programa

Índice das escrituras


ANTIGO TESTAMENTO
GÊNESIS
1.1 –

1.2 –
1.8, 9 -
1.26 –

1.27 -

2.4 –

2.7 –
2.24 –

3.1 –

3.22 –

4.7 -
6.3 –

11.4 –

11.7 –

17.5 -

18.25 –

22.2 –

23.4, 20 –

23.6, 9 -

35.22-27
37.22-27 –

37.33 –
37.35 –

37.35, 36 –
38.8 –

42.38 –
44.29, 31 –
46.8-27 -

48.18, 19 -
49.3-28 -
49.30 –

50.5 –

ÊXODO

1.1-6 –
1.5 –

3.13, 14 –

4.12 –

12.2 –
13.4-16 -

14.11 –

15.2 –

15.11 –

17.7 –

17.15 –

20.23 -

22.8, 9, 27 -

24.10 –
33.20 –

LEVÍTICO
17.14 –

19.2 –
20.10 –

20.26 –
20.27 –
24.10-13 –

NÚMEROS
1.5-17 –
11.25 –

13.4-16 –

12.6 –

16.30, 33 –
DEUTERONÔMIO

3.24 –

4.2 –

4.35 –
4.35, 39 –

5.1, 6, 7 –

6.4-6 –

10.17

12.23 –

12.32 –

13.5-10 –

13.7, 8 -

18.20-22 –
19.17 –

21.8-21 –
22.22-24 –

25.5-10 –
30.20 –

32.4 –
32.12 –
32.22 –

32.29 -
32.39 –
32.43 –

JOSUÉ

15.8 –

JUÍZES
6.10 –

6.24 -

6.34 –

11.29 -
13.22 –

14.6 –

14.16 -

15.14 –

16.20 –

RUTE

1.2 –

4.4-10 –

1 SAMUEL
1.1 –

2.2 –
2.6 –

10.10 -
16.11 –

16.13 -
28.13 –
2 SAMUEL

2.31 –
7.22 –
22.6

23.2, 3 –

1 REIS

2.6, 9 –
8.39 –

13.30 –

19.14 –

20.35 –
2 REIS

17.14 –

19.15 –

23.10 –

25.12 -

1 CRÔNICAS

17.20 –

28.9 –

29.17 –
2 CRÔNICAS

20.6 –
NEEMIAS

3.29 –
9.6 –

9.20 –

1.1 –

7.9 –
11.8 –
14.13 –

14.17 –

17.13, 16 –

21.13 –
24.19 –

26.6 –

26.13 –

33.4 –
33.22 –

38.17 –

SALMOS

6.5 –

7.9 –

8.4 –

8.5 –

9.17 –

14.2, 3 –
16.10 –

18.5 –
23.1 –

23.2 –
24.7 –

24.10 –
30.3 –
31.17 –

33.4 –
33.13, 14 -
36.9 –

37.29 –

45.6, 7 –

49.14 –
49.15 –

55.15 –

72.18 –

73.24 –
78.18, 19 –

82.1-6 –

83.18 –

86.5 –

86.10 –

86.13 –

88.3 –

89.6-8 –

89.27 –
89.48 –

90.1, 2 –
91.1 –

93.2 –
97.7 –

103.3 –
104.30 –
108.4 –

110.1 –
110.5 –
113.25 –

116.3 –

139.1-6 –

139.7-10 –
139.8 –

141.7 –

143.10 –

146.6 –
PROVÉRBIOS

1.12 –

1.20-23 –

5.5 –

7.27 –

8.22-30 –

9.18 –

14.12, 25 –

15.3 –
15.11, 24 –

15.24 –
23.14 –

27.20 –
30.5, 6 –

30.16 –
ECLESIASTES
3.19-21 –

9.5 –
9.10 –
12.7 –

CANTARES

8.6 –

ISAÍAS
1.9 –

5.14 –

6.1-10 –

7.11 –
7.15 -

8.13-15 –

9.6 –

10.21 –

11.2 –

14.9 –

14.12-15 –

14.15 –

14.19 –
14.27 –

28.15, 18 –
37.20 –

38.10, 18 –
40.3 –

40.25 –
40.28 –
41.4 –

42.9 –
43.10-12 –
43.10-15 –

43.11 –

43.12, 13 –

44.6 –
44.6, 8 –

44.8 –

44.22 –

44.24 –
44.27 –

45.5, 6 –

45.5, 21 –

45.5-7 –

45.15 –

45.18 –

46.4 –

46.9 –

46.9, 10 –
48.5, 6 –

48.5-7 –
48.16 –

48.17 –
52.6 –

53.9 –
54.13 –
55.8, 9 –

57.9 –
57.15 –
62.2 –

63.10 –

63.14 –

65.17 –
JEREMIAS

1.9 –

7.31 –

10.6 –
10.10 –

23.5, 6 –

23.23, 24 –

25.4 –

27.5 –

31.3 –

31.9 –

32.19 –

32.27 –
EZEQUIEL

1.26 –
8.1, 3 –

11.5 –
18.4 –

18.23 –
24.20, 21 –
31.15-17 –

32.21, 27 –
37.12 –
37.14 –

44.2 –

DANIEL

2.20 –
2.20-22 –

4.32 –

7.23 –

8.14 –
9.24 –

10.13 –

10.5-13 –

12.1 –

12.2 –

12.6 –

OSÉIAS

9.7 -

13.4 –
13.14 –

JOEL
2.32 –

AMÓS
7.4 –

9.2, 3 –
JONAS
2.1 –

2.2 –
MIQUÉIAS
5.2 –

NAUM

1.3 –

HABACUQUE
2.5 –

SOFONIAS

1.4 –

2.2 –
2.3 –

AGEU

2.7 –

ZACARIAS

4.6 –

12.10 –

12.8-10 –

14.5 –

14.9 –
MALAQUIAS

1.6 –
3.1 –

NOVO TESTAMENTO
MATEUS

1.18 –
1.20 –
1.23 –

2.2, 11 –
2.11 –
3.3 –

3.11 –

3.15-17 –

3.16, 17 –
4.9 –

4.10 –

5.5 –

5.22, 29, 30 –
5.29, 30 –

8.2 –

8.24 –

9.3, 4 –

9.5, 6 –

9.18 –

10.20 –

10.28 –

11.19 –
11.23 –

11.24 –
12.28 –

12.29-31 –
12.32 –

12.47 –
13.11 –
13.14 –

13.49-50 –
13.55-56 –
14.33 –

15.9 –

15.25 –

16.13, 14 –
16.18 –

16.24 –

17.27 –

18.9 –
18.20 –

19.17 –

21.9 –

22.13 –

22.23 –

22.31,32 –

22.32 –

22.37 –

22.41-45 –
22.42-45 –

23.15 –
23.15, 33 –

23.24 –
23.29 –

23.29-31 –
24.5 –
24.13 –

24.23-25 –
24.36 –
24.45 –

24.45-47 –

25.41-46 –

25.41 –
25.46 –

26.37 –

28.1 –

28.2, 3, 5 –
28.6 –

28.9 –

28.17 –

28.18 –

28.19 –

28.20 –

MARCOS

1.7 –

1.13 –
5.3 –

9.43, 45, 47 –
10.18 –

11.11 –
12.18 –

12.19 –
12.29 –
12.29, 30 –

12.29-32 –
12.32 –
12.35-37 –

12.36 –

13.11 –

13.32 –
15. 19 –

16.5 –

16.15 –

16.20 –
LUCAS

1.11-13 –

1.16, 17 –

1.26 –

1.35 –

1.37 –

1.67 –

1.70 –

1.76 –
2.6, 7 –

2.9-14 –
2.11 –

2.26 –
2.40 –

2.47 –
2.52 –
3.16 –

3.22 –
4.7 –
5.37 –

6.35 –

7.35 –

8.31 –
8.41 –

10.15 –

11.49 –

12.4, 5 –
12.5 –

12.12 –

12.29 –

12.42 –

12.47, 48 –

15.4, 6 –

15.24 –

16.19-31 –

17.26-30 –
18.19 –

19.21 –
19.41-44 –

20.27 –
20.38 –

20.41-44 –
21.15 –
21.24 –

22.3 –
22.43 –
23.43 –

24.39 –

24.39, 40 –

24.39-41 –
24.44-47 –

24.46, 47 –

JOÃO

1.1 –
1.1, 2 –

1.1-3 –

1.3 –

1.4 –

1.12 –

1.13 –

1.14 –

1.18 –

1.27 –
1.32 –

1.47, 48 –
2.19-22 –

2.19; –
2.21, 22 –

2.24, 25 –
3.5, 6 –
3.8 –

3.13 –
3.14 –
3.16 –

4.17, 18 –

4.22 –

4.24 –
5.17 –

5.18 –

5.23 –

5.24 –
5.30 –

5.37 –

6.27 –

6.45 –

6.46 –

6.64 –

7.37-39 –

7.39 –

8.17, 18 –
8.24 –

8.28 –
8.54 –

8.58 –
8.59 –

9.38 –
10.4 –
10.14 –

10.18 –
10.18, 28 –
10.28 –

10.30 –

10.30-33 –

10.32 –
10.34 –

10.34, 35 –

11.25 –

12.39-42 –
12.40, 41 –

12.41 –

13.3 –

13.19 –

13.36 –

14.1 –

14.2 –

14.3 –

14.6 –
14.9 –

14.16 –
14.16, 26 –

14.17 –
14.20 –

14.23 –
14.26 –
14.26 –

14.28 –
14.34 –
14.37 –

15.4-7 –

15.15 –

15.26 –
16.7 –

16.7, 8 –

16.8 –

16.13 –
16.13, 14 –

16.30 –

17.3 –

17.5 –

17.16-17 –

17.23 –

17.24 –

17.26 –

18.4 –
19.28 –

19.32 –
19.33, 34 –

19.41, 42 –
20.1 –

20.15 –
20.17 –
20.25 –

20.28 –
20.31 –
21.17 –

ATOS

1.8 –

1.9-11 –
1.10, 11 –

2.1-8 –

2.2 –

2.2-4 –
2.4 –

2.21 –

2.22 –

2.24 –

2.24-30 –

2.27 –

2.25-27 –

2.27, 31 –

2.29, 30 –
2.36 –

3.14 –
3.21 –

4.10, 30 –
4.12 –

4.21 –
4.27 –
5.3 –

5.3, 4 –
5.3-9 –
5.17 –

7.43 –

7.51 –

7.51-57 –
9.11 –

9.14, 20, 21 –

10.19, 21 –

10.36 –
10.38 –

10.44-46 –

11.28 –

13.2 –

13.2, 4 –

14.15 –

15.12 –

15.28 –

16.6, 7 –
16.6-11 –

16.18 –
16.31 –

17.3 –
17.18 –

17.25, 28 –
17.30 –
17.31 –

19.6 –
19.11 –
20.23 –

20.28 –

22.14 –

22.16 –
22.24 –

23.8 –

28.6 –

28.25-27 –
28.26 –

ROMANOS

1.16 –

1.17 –

1.19-21, 28 –

1.22, 32 –

1.23-25 –

2.5, 6 –

3.23 –
4.25 –

5.12 –
5.14, 21 –

5.14 –
5.17 –

5. 18 –
5.19 –
5.21 -

6.2 –
6.4 –
6.4, 5 –

6.11-13 –

7.4-6 –

8.2 –
8.3 –

8.11 –

8.11-13 –

8.14 –
8.26 –

8.26, 27 –

8.27 –

9.5 –

9.29 –

9.33 –

10.9, 10 –

10.12 –

10.13 –
11.33 –

11.33, 34 –
11.34 -

11.36 –
15.6 –

15.13, 19 –
15.16 –
15.19 –

15.30 –
16.27 –
1 CORÍNTIOS

1.2 –

1.24 –

1.24, 30 –
2.8 –

2.10, 11 –

2.13 –

2.14 –
3.16 –

6.14 –

6.19 –

8.4-6 –

8.6 –

10.2 –

10.4 –

10.19-21 –

11.3 –
12.2 –

12.3 –
12.4-6 –

12.5 –
12.6 –

12.7 –
12.7-11 –
12.8-11 –

12.9-11 –
12.10 –
12.28 –

14.25 –

15.3, 4 –

15.17, 18 –
15.20 –

15.28 –

15.54-56 –

16.15, 16 –
2 CORÍNTIOS

1.3 –

3.16, 17 –

3.16-18 –

3.17, 18 –

4.4 –

5.1, 2, 6, 8 –

5.20 –

6.16 –
7.1 –

10.1 –
11.4 –

12.2 –
13.3 –

13.5 –
13.13 –
GÁLATAS

1.1 –
1.12 –
1.16 –

2.20 –

3.3, 5 –

3.7 –
3.20 –

4.19 –

5.18 –

5.22 –
6.7 –

6.8 –

EFÉSIOS

1.13 –

1.17 –

1.19 –

1.21 –

2.5, 6 –

2.8-10 –
2.11 –

2.14 –
3.3-5 –

3.9, 10 –
3.17 –

4.4-6 –
4.5 –
4.6 –

4.8-10 –
4.11 –
4.11-15 –

4.21 –

4.30 –

FILIPENSES
1.23 –

2.5-8 –

2.6 –

2.8-11 –
2.9-11 –

2.11 –

3.14 –

3.20 –

3.21 –

4.3 –

COLOSSENSES

1.15 –

1.15-18 –
1.16, 17 –

1.16-18 –
1.18 –

1.27, 28 –
2.2, 3 –

2.9 –
2.14 –
3.1 –

3.20, 21 –
1 TESSALONICENSES
3.13 –

4.15 –

4.16 –

5.23 –
2 TESSALONICENSES

1.9 –

3.2 –

1 TIMÓTEO
1.15 –

1.17 –

2.4 –

2.5 –

3.16 –

4.1 –

6.15 –

6.16 –

2 TIMÓTEO
1.14 –

3.15-17 –
3.16 –

4.6 –
4.14 –

TITO
1.2 –
2.10 –

2.11 –
2.13 –
3.4, 5 –

3.5 –

HEBREUS

1.1 –
1.2, 10 –

1.3 –

1.4 –

1.5 –
1.6 –

1.8 –

1.8, 9 –

1.13 –

2.4 –

2.9 –

2.17 –

3.7-9 –

4.12 –
4.13 –

4.15 –
9.14 –

10.29 –
11.1-3 –

11.16 –
12.23 –
12.29 –

13.8 –
13.12 –
13.20 –

TIAGO

3.6 –

4.5 –
1 PEDRO

1.2 –

1.7 –

1.11 –
2.21 –

3.15 –

3.18 –

3.18-20 –

2 PEDRO

1.1 –

1.19-21 –

1.21 –

2.4 –
2.9 –

3.13 –
1 JOÃO

1.1 –
1.1-3 –

2.1 –
2.5 –
2.20 –

2.29 –
3.17, 24 –
3.24 –

4.2, 3 –

4.4, 6 –

4.8 –
4.9 –

4.12-16 –

4.12, 20

5.6 –
5.7 –

5.7, 8 –

5.8 –

5.11 –

5.20 –

2 JOÃO

3 –

7 –

JUDAS
3.6 –

6 –
9 –

25 –
APOCALIPSE

1.7, 8 –
1.8 –
1.12-20 –

1.13-15 –
1.17 –
1.17, 18 –

1.18 –

2.7, 11, 17 –

3.7 –
3.12 –

3.14 –

3.20 –

4.8 –
5.8-14 –

6.8 –

6.9, 10 –

6.9-11 –

7.4-8 –

7.9-17 –

7.11 –

8.3 –

9.1, 2 –
9.2-4 –

9.11 –
9.20 –

11.3 –
11.15 –

11.16 –
11.19 –
12.7 –

12.7, 8 –
13.4 –
13.15 –

14.1-5 –

14.9 –

14.11 –
14.15 –

15.3, 4 –

15.4 –

16.2 –
16.16 –

16.20 –

17.14 –

19.4 –

19.7 –

19.12 –

19.20 –

20.1 –

20.2, 3 –
20.10 –

20.11-14 –
20.13 –

20.13, 14 –
20.14, 15 –

21.1 –
21.6, 7 –
22.3 –

22.6 –
22.8, 9 –
22.9 –

22.12 –

22.17 –

22.18, 19 –

Notas de fim
1 William J. Schnell nasceu em Nova Jérsei, em 1905, de origem luterana, seu pai era
alemão, por isso foi muito cedo para Alemanha. Em seu testemunho, afirmava que em
gratidão a Deus por haver sobrevivido à Primeira Guerra, resolvera dedicar-se a Ele.
Ainda na adolescência associou-se aos Estudantes da Bíblia. Foi betelita e tornou-se
Diretor de Serviço da filial da Alemanha, em Magdeburgo; retornou aos Estados Unidos,
em 1927, trabalhou na sede mundial, no Brooklyn, Nova Iorque, e já conhecia
pessoalmente Joseph F. Rutherford. Schnell deixou a organização em 1954 e escreveu dois
livros em que registra seu testemunho pessoal, denuncia a Sociedade Torre de Vigia e
refuta alguns dos seus ensinos: Trinta Anos Escravizado à Torre de Vigia e À luz do
Cristianismo.
2 Atualmente há duas edições: uma para as testemunhas de Jeová e outra para o público.

3 George Storrs. Foi dele que Russell trouxe a idéia de celebrar a Ceia do Senhor uma vez
por ano, na ocasião da páscoa, mantido ainda hoje pelas testemunhas de Jeová, e também
o ódio contra as igrejas protestantes e contra todos os ramos do cristianismo, chamando-os
de “Babilônia”, aversão intensificada por seu sucessor e cultivada, na atualidade, entre
seus seguidores.

4 Raymond Franz é sobrinho de Frederick Franz, o quarto presidente da Sociedade Torre


de Vigia. A desassociação (expulsão) de Raymond Franz foi publicada na revista
americana Time, edição de 22 de fevereiro de 1982, página 66. Ele é mencionado na
literatura da organização como superintendente de filial em Porto Rico e República
Dominicana, representante do Corpo Governante nesses países (Anuário… de 1973,
páginas 152, 156, 158-162). A Sentinela afirma que ele estudou na Escola de Gileade e
serviu 20 anos no estrangeiro (15 de fevereiro de 1977, página 119). É mencionado como
membro do Corpo Governante nas seguintes publicações: Anuário… de 1973, página 253
e de 1981, página 158; A Sentinela de 15 de março de 1975, página 182 e de 15 de junho
de 1979, página 11; entretanto, sequer é mencionado na história da organização, contada
na obra que pretende ser imparcial, Testemunhas de Jeová - Proclamadores do Reino de
Deus.
5 M. James Penton, professor de História e de Ciências da Religião da University of
Lethbridge, em Alberta, Canadá, nasceu em 1932, pertenceu à quarta geração das
testemunhas de Jeová e foi desassociado (ex-comungado) da organização em 1981. É o
mais respeitado historiador das testemunhas de Jeová da atual geração. Ele escreveu, em
1976, cinco anos antes de sua desassociação, o livro Testemunhas de Jeová no Canadá:
Paladinos da Liberdade de Palavra e de Adoração, publicado pela Macmillan do Canadá,
Toronto. A organização ajudou sua pesquisa fornecendo informações, recebeu dados das
corporações do Brooklyn, Nova Iorque, de Toronto e de Londres. A obra é citada pela
Sociedade Torre de Vigia, no Anuário das Testemunhas de 1980, que conta a história delas
nesse país, e na revista A Sentinela de 1º de abril de 1977, página 199. Em 1988, publicou
o livro Apocalipse Atrasado - A História das Testemunhas de Jeová. E em novembro de
2004, o livro Testemunhas de Jeová e o Terceiro Reich: Política Sectária sob Perseguição,
em que apresenta farta documentação provando o apoio da Torre de Vigia aos nazistas em
1933.

6 Betel é o termo usado para designar a sede da Sociedade Torre de Vigia, Brooklyn, e
suas sucursais nos diversos países; “betelita” para os voluntários que trabalham e residem
na sede e ou nas sucursais.

7 Hefzibá é um termo hebraico que significa, “meu prazer está nela.” Cf. variante da Versão Almeida Corrigida da
Sociedade Bíblica do Brasil.

8 O assunto foi pesquisado pelo historiador M. James Penton e publicado na obra Testemunhas de Jeová e o Terceiro
Reich: Política Sectária sob Perseguição.

9 O movimento Cristadelfiano, palavra que significa “irmão de Cristo”, foi fundado por John Thomas (1805-1871), e
recebeu esse nome em 1864. Seus adeptos negam a Trindade, a personalidade do Espírito Santo, a doutrina do
sofrimento eterno. Sua cristologia é a mesma das testemunhas de Jeová e opõe-se à ortodoxia cristã. A revista
Consolation, edição de 8 de novembro de 1944, página 26, refere-se a Benjamin Wilson como cristadelfiano, mas no
livro Los Testigos Jehová en el Propósito Divino, página 258, afirma simplesmente que ele nunca se associou à Torre de
Vigia, omitindo, assim, sua procedência religiosa.

10 David A. Reed foi pioneiro de tempo integral durante dois anos e ancião das Testemunhas de Jeová por oito anos.
Ele escreveu cerca de 15 livros, alguns sobre o mormonismo, mas a maioria sobre as testemunhas de Jeová.

11 “Brochura” é a publicação em forma de revista, no mesmo padrão de A Sentinela, com o mesmo formato e número
de páginas, mas não é revista, pois não é periódica.

12 Os pneumatomachoi, “opositores do Espírito”, nome dado por Atanásio ao grupo religioso liderado por Eustáquio
de Sebaste (300-380) que não aceitava a divindade do Espírito Santo. O termo vem de duas palavras gregas pneuma,
“espírito”, e machomai, “falar mal, contra”.

13 Ou anomeus, nome dado a um grupo arianista que restaurou o radicalismo de Ário, vinte anos depois do Concílio de
Nicéia. O termo vem da palavra grega anómoios, “diferente”, porque consideravam o Pai diferente do Filho.

14 O ch na transcrição de palavras hebraicas é pronunciado como o j espanhol no nome “Juan”.

15 A segunda edição em 1519, e a terceira em 1522, que foi revisada em 1550 por Stephanus, em 1565, por Bezae e,
em 1624, pelos irmãos Boaventura e Abraão Elzevir. A segunda edição de Elzevir, em 1633, trouxe o nome Textus
Receptus “O Texto Recebido”. Foi esse o texto usado por João Ferreira de Almeida na tradução do seu Novo Testamento
para o português, publicado em 1681. Essa tradução foi a 13ª em língua moderna depois da Reforma Protestante.

16 É a Versão Revisada da Tradução de João Ferreira de Almeida de Acordo com os Melhores Textos em Hebraico e
Grego publicado em 1967 pela Imprensa Bíblica Brasileira.

17 Fraseologia similar na edição de 1955, p. 191 § 4.

18 O Texto da Tradução Brasileira, editado pela Sociedade Bíblica do Brasil, na Bíblia Online, transcreve a palavra
hebraica sheol com a letra “c”, registra “Cheol” no lugar de “Sheol”.

19 Heinrich Friedrich Wilhelm Gesenius (1786-1842), erudito e orientalista alemão, foi professor de Halle e, em 1813,
publicou a sua famosa gramática Geseniu´s Hebrew Grammar. Autor do Léxico Hebraico e Aramaico que leva o seu
nome. Gesenius está ainda entre as maiores autoridades de hebraico bíblico reconhecido mundialmente.

20 Uma nova versão preparada por especialistas em português e nas línguas originais da Bíblia, procedentes de diversas
denominações evangélicas, trabalho feito a partir da Versão Revisada da Tradução de João Ferreira de Almeida de
Acordo com os Melhores Textos em Hebraico e Grego, publicado em 1967 pela Imprensa Bíblica Brasileira.

21 Uma tradução feita por rabinos e profesores judeus para a língua portuguesa, lançada em 2006 pela Editora e
Livraria Sêfer.

22 O termo hades também é usado para traduzir outras seis palavras hebraicas, cinco delas uma vez: tsalmaweh,
“sombra da morte” (Jó 38.17); muth, “morte” (Jó 33.22); duma, “silêncio” (Sl 113.25 [115.17]; ‘ebney-bor, “pedras da

cova” (Is 14.19); yored-bor, “descer à cova” (Is 38.18), e duas vezes o termo mawet, “morte” (Pv 14.12, 25).

23 Curiosamente, as testemunhas de Jeová usaram como tema “Portadores de Luz”, no Congresso de Distrito de 1992.

24 Alfred Edersheim (1825-1889), erudito judeu convertido à fé cristã, com profundos conhecimentos do Talmude e da
cultura do seu povo, sempre preocupado em situar a vida e a obra de Jesus à base do judaísmo. Foi pastor protestante,
tradutor e professor da Universidade de Edimburgo, Escócia.

25 A Mishná é a segunda parte do Talmude, antiga literatura religiosa dos judeus.

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