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1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Condutos forçados: o conduto no qual o líquido escoa sob pressão diferente da atmosférica. A
canalização funciona, sempre, totalmente cheia e o conduto é sempre fechado. As canalizações de
água das cidades, por exemplo, sempre devem funcionar como condutos forçados. Nesse caso os
tubos são fabricados para resistir à pressão interna estabelecida. São, também, exemplos de
condutos forçados: encanamentos prediais, canalizações sob pressão, canalizações de recalque e
sucção, colunas, barriletes prediais, etc.; e
Condutos livres: apresentam em qualquer ponto da superfície livre, pressão igual à atmosférica.
Nas condições limites, em que um conduto livre funciona totalmente cheio, na linha de corrente
junto à geratriz superior do tubo, a pressão deve igualar-se à pressão atmosférica. Funcionam
sempre por gravidade. Os condutos livres são executados com declividades pré estabelecidas,
exigindo nivelamento cuidadoso. Os rios e canais constituem o melhor exemplo de condutos
livres. Os coletores de esgoto, normalmente funcionam como condutos livres. São, também,
exemplos de condutos livres: canaletas, calhas, drenos, galerias de águas pluviais, etc..
Exemplo:
2. Condições de operação
Condutos livres funcionam sempre por gravidade. Sua construção exige um nivelamento
cuidadoso do terreno, pois devem ter declividades pequenas e constantes.
Condutos forçados podem funcionar por gravidade, aproveitando a declividade do terreno, ou por
recalque (bombeamento), vencendo desníveis entre o ponto de captação e o ponto de utilização.
Na engenharia trabalhamos com energia dos fluidos por unidade de peso, a qual denominamos
“carga”. Essa energia é dissipada para o fluido vencer a resistência causada pela sua viscosidade
e a resistência provocada pelo contato do fluido com a parede interna do conduto, e também para
vencer as resistências causadas por peças de adaptação ou conexões (curvas, válvulas, ....).
CURIOSIDADE: Para se ter uma ideia, seriam necessários 100 m de tubulação para a água ter
um aumento de temperatura de 0,234 graus centígrados.
Chama-se esta energia dissipada pelo fluido de PERDA DE CARGA (hp), que tem dimensão
linear, e representa a energia perdida pelo líquido por unidade de peso, entre dois pontos do
escoamento.
• Rugosidade do conduto;
• Viscosidade e densidade do líquido;
• Velocidade de escoamento;
• Grau de turbulência do movimento;
• Comprimento percorrido.
Perda de carga contínua ou distribuída ou perda por atrito (h f): ocasionada pela
resistência oferecida ao escoamento do fluido ao longo da tubulação. A experiência
demonstra que ela é proporcional ao comprimento da tubulação de diâmetro constante.
Perda de carga acidental ou localizada ou singular (ha): ocorre todas as vezes que
houver mudança no valor da velocidade e/ou direção da velocidade (módulo e direção da
velocidade).
Linha piezométrica: é aquela que une as extremidades das colunas piezométricas. Fica acima do
conduto de uma distância igual à pressão existente, e é expressa em altura do líquido. É chamada
também de gradiente hidráulico; e
Linha de energia: é a linha que representa a energia total do fluido. Fica, portanto, acima da
linha piezométrica de uma distância correspondente à energia de velocidade e se o conduto tiver
seção uniforme, ela é paralela à piezométrica. A linha piezométrica pode subir ou descer, em
seções de descontinuidade. A linha de energia somente desce.
p1 v12 p2 v22
z1 z2 cte
2g 2g
Onde:
• p/γ(m): energia ou carga de pressão;
• z(m): carga de posição ( energia potencial de posição em relação a um plano horizontal de
referencia);
• V 2 /2g (m): energia ou carga cinética;
• ΔH(m): perda de carga ou perda de energia;
Quando a equação de Bernoulli é aplicada a dois pontos de um conduto com velocidade constante
e mesma cota, tem-se a perda de carga dada por:
Onde:
• hf = perda de carga contínua (m);
• f = fator de atrito;
• L = Comprimento da tubulação (m); Q = vazão escoada (m3s-1);
• D = Diâmetro da tubulação (m).
A perda de carga localizada é aquela causada por acidentes colocados ou existentes ao longo da
canalização, tais como as peças especiais. Em tubulações com longo comprimento e poucas peças
a turbulência causada por essas passa a ser desprezível. Porém em condutos com muitas peças e
menor comprimento, este tipo de perda tem uma importância muito grande, como no caso de
instalações prediais. Podem-se desconsiderar as perdas localizadas quando a velocidade da água é
pequena, v < 1 m.s-1, quando o comprimento é maior que 4.000 vezes o diâmetro, e quando existem
poucas peças no conduto.
No projeto, as perdas localizadas devem ser somadas à contínua. Considerar ou não as perdas
localizadas é uma atitude que o projetista irá tomar, em face das condições locais e da experiência
do mesmo.
• Ocorrem em trechos singulares dos condutos tais como: junções, derivações, curvas,
válvulas, entradas, saídas, etc;
• As diversas peças necessárias para a montagem da tubulação e para o controle do fluxo do
escoamento, provocam uma variação brusca da velocidade (em módulo ou direção),
intensificando a perda de energia;
Expressão de Borda-Belanger
A expressão que calcula as perdas partiu do teorema de BordaBerlanger. É assim apresentada:
Onde:
hp - perda de carga causada por uma peça especial, m;
v=velocidade média do conduto em que se encontra inserida a singularidade em questão;
k=coeficiente cujo valor pode ser determinado experimentalmente
O valor de K depende do regime de escoamento. Para escoamento plenamente turbulento, R >
50.000, o valor de K para as peças especiais é praticamente constante, e são os valores encontrados
nas tabelas e ábacos.
Tabela: Valores do coeficiente K para diversos acessórios
Acessório K Acessório K
Ao se comparar à perda de carga que ocorre em uma peça especial, pode-se imaginar que esta
perda também seria oriunda de um atrito ao longo de uma canalização retilínea. Pergunta-se: Que
comprimento de uma canalização provocaria a mesma perda? Para saber, basta igualar a equação
de perda de carga localizada, com a perda de carga contínua. Portanto:
Simplificando:
Tabela - Valor do coeficiente K, para cálculos das perdas de carga localizadas, em função do tipo de peça, segundo J. M. Azevedo Neto.