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Willys Whippet: popular e

bem-feito
O Whippet redefiniu a categoria dos compactos americanos
Por Felipe Bitu
access_time23 nov 2016, 21h25 - Publicado em 26 jul 2016, 21h15

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Com 3,65 metros de comprimento, parecia um carro europeu

Com 3,65 metros de comprimento, parecia um carro europeu (/)

John Willys iniciou sua bem-sucedida carreira automotiva como um


representante comercial da The Overland Automobile Company. Em 1907,
porém, a empresa enfrentava sérios problemas financeiros e administrativos.
Ele identificou a oportunidade de produzir seus próprios automóveis e
adquiriu a companhia, rebatizando-a como Willys-Overland Motor Company.

Rapidamente a Willys tornou-se o segundo maior fabricante dos EUA (atrás


apenas da Ford), mas quase fechou as portas em 1920, quando o executivo
Walter Chrysler tentou assumir o comando. Pouco tempo depois, pequenos
automóveis europeus começaram a ser vistos na sede da empresa em Toledo,
Ohio. Eles serviriam de inspiração para a nova investida de John Willys: o
Whippet. O objetivo era conceber um veículo totalmente novo, com apelo
popular e produzido em grandes volumes.

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Dirigido pelo engenheiro A. J. Baker, o departamento de engenharia da Willys
descartou a ideia de apenas replicar projetos estrangeiros. A realidade norte-
americana era diversa da Europa, então seria melhor conceber um projeto
próprio capaz de estabelecer um novo padrão de automóvel popular. O
Whippet deveria ser bonito, avançado e, sobretudo, mais acessível que os
Willys tradicionais.
Era possível escolher entre 15 opções de carroceria
Era possível escolher entre 15 opções de carroceria (/)

Apresentado em maio de 1926, o Whippet 96 foi alvo de uma intensa


campanha publicitária, motivando milhares de interessados a visitar as
concessionárias para conhecer o carro que prometia revolucionar o mercado.
Com 3,65 m de comprimento e 2,54 de entre-eixos, era o menor automóvel
norte-americano, inicialmente oferecido sob a marca Overland pela bagatela
de US$ 525.

Simplesmente não havia outra opção tão bela ou com o mesmo refinamento
técnico pelo mesmo valor: seu motor era um moderno quatro cilindros de 2,2
litros e 31 cv, com lubrificação forçada (e não por salpico) e sistema de
refrigeração com bomba d’água – tecnologia descartada por Henry Ford em
seu modelo T. Outra primazia eram os freios nas quatro rodas, numa época em
que os concorrentes ofereciam o equipamento apenas nas rodas traseiras.
O acesso ao motor era feito por duas tampas de abertura lateral

O acesso ao motor era feito por duas tampas de abertura lateral (/)

Apesar de compacto, o Whippet oferecia um interior espaçoso e muito bem-


acabado: aliado ao estilo europeu, a qualidade de construção tornou a
concorrência obsoleta da noite para o dia. Havia nada menos que 15
combinações possíveis de carroceria, entre cupês, sedãs, conversíveis,
roadsters e até utilitários. Com tantas virtudes, a demanda superou a marca de
110.000 unidades distribuídas entre os mercados dos Estados Unidos, Canadá
e Austrália.

Rodas com raios de madeira eram fixas nos eixos; es tepe vinha apenas com o aro externo
Rodas com raios de madeira eram fixas nos eixos; estepe vinha apenas com o aro externo (/)

Após a extinção da marca Overland em 1927, o Whippet assumiu identidade


própria e ganhou a opção de um motor de seis cilindros com sete mancais. Era
o mais barato do mercado: US$ 695. Denominado 93A, se diferenciava do
modelo 96 por ser uma evolução do velho Overland 6, com 2,9 litros e 40 cv.
Mesmo antiquado, estabeleceu a média horária de 90,54 km/h durante uma
prova de 24 horas no autódromo de Indianápolis.
As portas traseiras eram do tipo su icida

As portas traseiras eram do tipo suicida (/)

O modelo que ilustra a reportagem pertence aos colecionadores Álvaro e


Thamiris Tognini e está na família desde a década de 50: “Nós o ganhamos de
um tio, em estado deplorável: foi completamente restaurado em um processo
que demorou 12 anos. É o único modelo com essa carroceria no Brasil”.

Restabelecida no mercado, a Willys apresentou o Whippet 96A em janeiro de


1929. Reestilizado, seu entre-eixos crescia para 2,62 m e a cilindrada do
motor de quatro cilindros subia para 2,4 litros, resultando em 40 cv e
velocidade máxima ao redor de 96 Km/h. A principal inovação era o Finger
Tip Control: motor de partida, faróis e buzina acionados por um botão no
centro do volante.
Painel trazia velocímetro, amperímetro e manômetro de pressão do óleo

Painel trazia velocímetro, amperímetro e manômetro de pressão do óleo (/)

De 1928 até 1929 foram produzidas 242.000 unidades, colocando a Willys na


terceira posição em vendas. Mas a concorrência não deu trégua: a Ford
mantinha-se na liderança com seu Modelo A, a Chevrolet preparou seu
lendário motor de seis cilindros e Walter Chrysler apresentou o possante
Plymouth U de 45 cv. Seriamente afetada pela Crise de 1929, a marca
finalmente deixa de existir em 1931, dois anos antes da falência da Willys-
Overland.

A marca continuaria a existir nas mãos de outros acionistas, e chegaria


inclusive ao Brasil, onde teve papel fundamental no início da indústria
automotiva nacional, alinhando modelos clássicos como o Aero Willys,
Gordini, Interlagos, e Itamaraty. Mas essa já é outra história.

Alistamento obrigatório
Bem projetado, o motor de quatro cilindros do Whippet era tão avançado para
sua época que serviu de base para o desenvolvimento de outro lendário motor:
o Willys L134. Apelidado de Go Devil, ele fez fama nos campos de batalha
com o Jeep Willys MB.

Ficha Técnica – Willys Whippet 1928


Motor 4 cilindros em linha de 2,2 litros, 31 cv a 2.800 rpm, torque não disponível

Câmbio manual de 3 velocidades

comprimento, 365 cm; largura, 172 cm; altura, 180 cm; entre-eixos, 254,6
Dimensões
cm; peso, 941 kg

Desempenho Velocidade máxima de 80 km/h

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