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Introdução: Essa palestra tem como Objetivo, focar a vida do Pastor quem tem se
dedicado ao cuidado das pessoas mas muitas vezes são vuneraveis a absorção e as
dificuldades presenciadas no desenvolvimento do Ministério.
Por muitas vezes ser um ministerio solitario Pode-se Perguntar: Mas quando cuidadores
precisam de ajuda, a quem se dirigem? Cuidadores cuidam de sim Mesmo? Permitem-se
cuidar?
Segundo a Escritora Roselir de Oliveira em seu livro "Para não perder a alma", A expressão
cuidar de si, aponta para as relações de ajuda, notadamente nas profissões que se ocupam
da assistencia ao ser humano, em nive físico, mental ou espiritual. O cuidar de si refere-se
ao cuidado que os cuidadores devem dedicar à sua própria pessoa, dando o desgaste que a
função cuidadora provoca.
Nas relações de ajuda o cuidar presupoe que alguém que cuida e alguém que é alvo deste
cuidado. Enquanto cuidar de si e o cuidado de um individuo é ao mesmo tempo o que cuida
e o que é cuidado.
Queremos através desta palestra motivar os Pastores e Obreiros ou todos aqueles que
estão envolvidos em restaurações de vida. a Exercerem o cuidado porem não se
esquecendo que precisam cuidar de si mesmo.
O sentido do Cuidar
Dicionario Aurelio : é o mesmo que refletir acerca de,prevenir-se, ter cuidado consigo
mesmo ou zelo consigo mesmo.
Na concepção semita, o cuidado se referia tanto á preocupação com o corpo, quanto com
a alma. Roseli de Oliveira diz : "saúde para a tradição judaica é shalom e esta envolve todas
as dimensões da vida, ou seja, bio-psico-social.
O ser humano é visto de forma holística, portanto, ele deve ser cuidado de forma tal que ele
venha ter o apoio na hora do sofrimento, mas também ser ensinado com o sofrimento. Nesta
perspectiva, saúde significa integralidade em todas as dimensões do ser humano: a física, a
emocional, a espiritual e a social.
Desta forma, o cuidado pastoral deve ter como motivação maior não apenas devolver a
pessoa saudável à sociedade, aos familiares, mas principalmente a Deus, o qual é fonte do
Shalom.
Leonardo Boff, cuidado vem da raiz cura do latim coera cogitare-cogitatus e pode ser
entendida como relação de amor e amizade que promove cura. cogitar é pensar no outro,
colocar a atenção nele, mostrar interesse por ele e revelar uma atitude de desvelo, até de
preocupação pelo outro. “Um modo de ser mediante o qual a pessoa sai de si e centra-se no
outro com desvelo e solicitude”.
Nas línguas latinas, a expressão “cura d’almas” é utilizada para designar o sacerdote ou o
pastor cuja incumbência reside em cuidar do bem espiritual das pessoas e acompanhá-las
em sua trajetória religiosa.
O Novo Testamento apresenta Cristo como o Bom Pastor, (Jo 10:2; 11:14-16,27), o Cordeiro
de Deus que dá a Sua vida pelo seu rebanho (Jo 10,11:15; Ap7:17; Lc 15:3-7). Ele é o pastor
modelo a ser seguido como está escrito em 1Pe. 2:25.
Aconselho que cuidem bem do rebanho que Deus lhes deu e façam isso de
boa vontade, como Deus quer, e não de má vontade”. Não façam o seu
trabalho para ganhar dinheiro, mas com o verdadeiro desejo de servir. Não
procurem dominar os que foram entregues aos cuidados de vocês, mas sejam
um exemplo para o rebanho. E, quando o Grande Pastor aparecer, vocês
receberão a coroa gloriosa, que nunca perde. Pastoreai o rebanho de Deus
que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus
quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade.
Em At 20:17 utiliza-se o termo episkopoi – vigilantes - quando vai se referir àqueles que
cuidam do rebanho de Deus. Tanto a palavra “pastor” quanto “bispo” são sinônimas e estão
ligadas às preocupações pastorais, o cuidado com o rebanho ( cf.At 20:28, 29 e 1 Pe 5:1-5 ).
CUIDANDO DE CUIDADORES
Como muitos pastores se sentem Para Boff, um dos grandes desafios do ser humano é
justamente combinar trabalho com cuidado, compondo um modo-de-ser integral.
Roseli Oliveira vai dizer que o cuidador, ao cuidar de uma pessoa, também é beneficiado,
pois, ao ajudar outro, ele percebe sua humanidade, sua finitude. A dor do outro pode trazer
ao cuidador esperança, perseverança, pois ele é acalentado sabendo que não está só em
suas necessidades que há outros com necessidades até maiores. Há perdas e ganhos no
processo de cuidar;
No entanto, muitos pastores se envolvem de tal maneira nas relações de ajuda que podem
vir a perder sua humanidade por temor de demonstrarem-se humanos, o que implica
determinadas emoções e sentimentos, a dúvida, a fragilidade, os desejos e interesses
estritamente pessoais ou tudo quanto puder ser visto por outros como uma falha.
O pastor, sendo um cuidador que lida com dores alheias, é uma pessoa exposta ao
sofrimento. Para se proteger do desgaste que as relações de ajuda acarretam, pode, como
outros profissionais das relações de ajuda, desenvolver técnicas de “defesa pessoal“, que
visam “isolar“ o sofrimento da consciência, mantendo-o distante do seu eu.
Outro dado estatístico citado por Roseli Oliveira que se encontra nos dados levantados por
Thomas Heimann é que, muitas vezes, o papel de cuidador é mantido à custa de um alto
preço para o indivíduo. Há um índice grande de divórcios, de suicídios e a incidência de
doenças provocadas pela tensão entre os cuidadores pelo fato de muitos profissionais
acreditarem ser preciso suprimir determinados aspectos de sua natureza humana,
assumindo uma postura reprimida durante a maior parte do tempo.
Segundo Nouwen, muitos líderes hoje estão preocupados por não estarem conseguindo
causar impacto e, com isso, muitos têm-se frustrado, vivendo com a auto-estima baixa e
com isso acabam desistindo do ministério.
Sentem-se fracassados por não demonstrarem um crescimento quantitativo. Essas questões
podem levar o pastor à exaustão, pois não sentem mais relevantes.
Outra tentação a que o pastor está sujeito é querer “ser espetacular”. Aqui o autor aponta
para a igreja atual e para a predominância do individualismo na vida de muitos de seus
pastores. Nouwen afirma que o desejo de ser uma estrela ou um herói individual tão comum
à nossa sociedade não é estranho à igreja de “pastorescelebridades”.
.
Nouwen traz contribuições conceituais enormes para a teologia pastoral quando mostra que
o “líder cristão” não pode estar distante de quem lidera e mostra que Deus não quer
pastores que pastoreiem como“profissionais” que conhecem os problemas de seus clientes
e os resolvem, mas como pessoas que se abre para um profundo relacionamento pessoal
com suas ovelhas.
Esse pastor do século XXI precisa de cuidados, pois desvirtuar, macular os valores do Reino
também configura doença. A exigência de um crescimento quantitativo por parte das
instituições faz desse pastor uma pessoa negligente com sua comunidade.
...um forte clamor por acompanhamento pessoal, tanto durante o estudo quanto no
exercício do ministério [...] carência de preparo no sentido da execução de tarefas
poimênicas e/ou carências na preparação para administrar os próprios conflitos que se
evidenciam no confronto com os de outrem. Em grande medida isso está relacionado
com a carência sentida em termos de um acompanhamento pessoal adequado e
eficaz, atento às necessidades dos/as pastores/as.
O pastor é ser um ser humano sujeito a todas as necessidades que outro ser humano, sejam
elas emocionais, físicas e espirituais. Vive, na maioria das vezes, voltado para as
necessidades das pessoas de suas comunidades, mas normalmente não é visto por essas
como também ser humano que tem necessidades e que precisa ser cuidado. Pastores são
acometidos por distúrbios alimentares, como a bulimia e a anorexia. Além disto, poucos
cuidam de si mesmos no tocante à alimentação equilibrada (incluindo os níveis de açúcar,
colesterol, triglicérides do sangue) e exercícios físicos como meio de manter o peso ideal.
Conforme Roseli Oliveira, sintomas tais como: perdas, lesões, marcas, travamentos,
verdadeiros “apagões’ da personalidade e da espiritualidade, assim como cansaço
prolongado, desmotivação e tristeza acometem muitos pastores.
Entre os fatores causadores está a dificuldade do pastor em falar a alguém sobre seus
problemas. As demandas da atividade pastoral podem levar a um envolvimento positivo e
gerar satisfação, por outro lado, podem conduzir ao desgaste que afeta não só ao pastor,
como também sua família e comunidade.
Quando se pensa em saúde do pastor cuidador, deve-se pensar em como tem sido sua
leitura teológica, pois o que se tem constatado é que na maioria dos casos de exaustão se
deve ao fato de uma formação teológica fundamentalista em que a ênfase ao cuidado deve
se dar ao espírito em detrimento do corpo.
Questões emocionais e corporais também evem ser trabalhadas, como: sono, lazer,
trabalho, sexualidade, saúde.
As dificuldades que se tem o pastor são as mais variadas, se ele passa uma imagem de que
também é um ser humano com todas as necessidades bio-psicosocial- espirital corre o risco
de ser rejeitado pela comunidade, pois esta espera dele perfeição, se não compartilha sua
humanidade, sente-se isolado e forçando uma aparência de que tudo vai bem mas no seu
interior esta sofrendo a angustia, a dor da solidão. Tanto Jesus quanto Paulo, o apóstolo,
deram mostras de suas necessidades e pediram apoio, quando precisaram.
Segundo Henri Nouwen, a raiva contida pode provocar um estrago à saúde do cuidador,
levando-o à depressão, descaracterizando também sua personalidade.
Ela está ligada muitas vezes à não compreensão por parte de seus líderes e liderados, a
momentos de humilhaçao no ministério por não alcançar metas estabelecidas, o que o
tornam agressivo também.
Segundo Roseli Oliveira, a solidão pastoral, ou seja, a falta de ter com quem dividir suas
angústias, conflitos, crises gera uma geração de cuidadores sem cuidados. Alguns fatores
que contribuem para essa situação são a falta de ter alguém disposto a ouvir e ser solidário,
a questão cultural herdada do protestantismo de que se deve confessar somente a Deus e
também transferências constantes e o ativismo religiosos os quais impedem que o cuidador
tenha tempo para si.
Roseli Oliveira percebeu nas pesquisas que muitos pastores sofrem de exaustão também
pelas excessivas cobranças por parte da comunidade no sentido de esperarem dele que ele
seja “superpastor”. A própria rigidez consigo mesmo seja em relação ao “padrão” exigido
pela comunidade, seja por querer passar uma imagem de semi-deus faz dele um doente em
potencial e leva a sublimação dos desejos como mecanismo de defesa.
Atitudes como cinismo, ironia, pouco caso e indiferença com relações às pessoas passam a
ocorrer. O vínculo afetivo é substituído pelo vínculo racional. A partir desse momento, o
profissional apresenta sintomas como: ansiedade, aumento de irritabilidade, perda de
motivação, redução de metas de trabalho e baixo ou nenhum comprometimento com os
resultados (CARLOTTO; GOBBI, 1999).
Segundo Luis Cozzatti, “as pessoas mais predispostas à síndrome são de personalidade
dinâmica, que exercem liderança e têm grandes responsabilidades, são idealistas, mas têm
metas irrealistas“
.
A exaustão emocional tem como sintomas principais o esgotamento, a desmotivação e a
despersonalização. O pastor perde a motivação e poderá vir até mesmo desligar-se do
ministério.
Na questão da despersonalização, o pastor poderá desenvolver indiferença em relação às
pessoas de sua comunidade, ficar indiferente às suas necessidades de cuidado. Essa
atitude pode caracterizar desumanização por parte desse. A falta de realização pessoal no
exercício ministerial poderá, influenciar no desempenho de suas funções enquanto cuidador
e assim não poder oferecer cuidado nem às pessoas individualmente nem à organização.
Proposta de cuidado
2Co 12:10 (BJ): “ E é por isso que eu me alegro nas fraquezas, humilhações,
necessidades, perseguições e angústias, por causa de Cristo. Pois quando
sou fraco, então é que sou forte”.
Conhecer as necessidades de suas famílias é essencial para o bem-estar pastoral.
Baseado em pesquisas feitas por Carlos Eberle e Guilherme Gimenez, Roseli Oliveira
menciona necessidades especificas dos pastores e suas esposas:
Enquanto comunidade terapêutica, a Igreja é espaço de cuidado uns dos outros e, quando
se fala em cuidar uns dos outros, pensa-se também no cuidado dos membros ao pastor e
destes entre si.
Esta é uma forma de prevenir os problemas antes que eles surjam e também produz no
discípulo o encorajamento necessário para lidar com situações conflituosas. No discipulado,
o pastor deverá promover encorajamento e apoio em oração, advertências quanto aos
perigos iminentes, estar atentos, vigiar; instrução prévia quanto ao que fazer quando
surgirem os imprevistos, as dificuldades. A experiência vai trazer maturidade ao discípulo e
este, sob a supervisão do pastor será seu auxiliar seja na comunidade de fé, seja fora dela
e/ou substituindo o pastor, para que este venha descansar.