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Artefatos tem vida útil, que pode variar muito, podendo também adquirir usos e significados
distintos ao longo do tempo (prato de comida do oriente que foi parar em uma parede de um
colecionar; construções que tiveram seus usos originais substituídos). Artefato muitas vezes
quando sai do seu meio original, do seu contexto, muda de função, perde significado, etc.
Sacralização do objeto quando este participa dos eventos que se convencionou chamar de
históricos (adquire credibilidade, respeitabilidade que outros iguais não possuem).
Patrimonio cultural de uma nação, uma região ou de uma sociedade é bastante diversificado e
sofre alterações permanentemente.
Guarda de bens ao longo da história geralmente foi de bens da classe poderosa, dominante,
objetos de valor; poucos bens culturais usuais e corriqueiros do povo.
Preservar: livrar de algum mal, manter livre de corrupção, perigo ou dano, livrar, conservar,
defender e resguardar.
Da interação entre um povo e uma condição ambiental resulta um processo cultural cuja
evolução segue a linha do pensamento dominante, prevalente.
Não é possível uma uniformização total, de pensamento, cultural, justamente pela interação e
articulação entre elementos do meio ambiente e do conhecimento.
Preservar não somente objetos, construções, monumentos, mas sons, músicas, depoimentos,
usos e costumes populares, fazer levantamentos urbanos das cidades, bairros (especialmente
daqueles condenados à especulação imobiliária).
A classe dominante tem seu prestígio herdado e gosta de preservar e recuperar testemunhos
materiais de seus antepassados, vive-se do passado, da glória de outros tempos.
Profissionais de engenharia e arquitetura preservam edifícios antigos para fins didáticos, para
elucidar aos alunos a evolução da arte de construir.
Artistas, arquitetos podem preservar obras artísticas em geral para prazer espiritual ou deleite
próprio.
O que preservar?
Em 1936, Mario de Andrade coloca um projeto, que vira lei em 1937. Patrimônio Artístico
Nacional, obra de arte pura ou aplicada, popular ou erudita, nacional ou estrangeira. Obra de
arte com sentido bastante amplo (fala de arte arqueológica, ameríndia, popular, histórica,
erudita nacional e estrangeira, aplicada nacional e estrangeira). Incluía todo o vasto elenco de
PC, objetos, ruínas, livros, vocabulários, medicina, paisagens, culinária, etc. Fala de artefatos,
usos e costumes, saber. Idealiza museus sobre o café, o algodão, a imprensa, a locomotiva, etc.
Projeto de Mario foi inovador. Não havia estrutura administrativa ou verbas para uma
empreitada preservadora daquela dimensão.
A primeira cidade a ser preservada no brasil foi ouro preto, em 1933 mediante um decreto do
governo provisório federal, atendendo a solicitações sobretudo de intelectuais mineiros. A
preservação de OP não foi ligada a ideia de cidade como possuidora de características especiais
no campo do urbanismo, mas de proteção de monumentos maiores, cada um visto
individualmente. O ato legal visou a proteção de um pacote de construções. Não se viu a
urbanização como manifestação cultural de preciso interesse social.
Atualmente, a cidade é encarada como um artefato, bem cultural em conjunto, que vive, que
se transforma. Agrega inúmeros artefatos relacionados entre si, que tem uso individual,
familiar e/ou interesse coletivo. Há que se perceber as relações, sobretudo espaciais, mantidas
entre os bens culturais; não como um artefato isolado. P. 47
Preocupação com a geomorfologia, identificação das relações entre o traçado urbano e o sitio
original de implantação da cidade. Função orientadora de seu desenvolvimento. Porque ela foi
criada? Com que função? Qual a geografia do local? Como se desenvolveu? Como se adaptou
ao sitio de estabelecimento? Qual a técnica construtiva disponível e utilizada?
Paulista artificializou o solo para construir, aplainou o chão, enquanto mineiro respeitou o
terreno movimentado. Algumas cidades tiveram seu nascimento controlado por determinações
eruditas ligadas a uma conveniência estética do cruzamento das ruas no formato xadrez, por
exemplo. Ao longo do tempo podem ter sido abandonados pelo pouco rigor da fiscalização ou
por obstáculos naturais do solo. Intenções urbanísticas originais foram contrariadas sob as
alegações mais diversas. Nunca se controlou o desenvolvimento urbano com rigor desejado
por planos ou leis, resultando soluções espontâneas decorrentes do engenho e interesse da
população. O traçado urbano deve ser a preocupação primeira do preservador. P. 56
Como preservar?
Grande parte devido à ações isoladas, colecionadores, de patrimônios setoriais, bens culturais
móveis, como antiguidades, porcelanas, discos, receitas culinárias, selos, moedas, máquinas,
etc. Para preservação de bens imóveis, como casas, ruas ou monumentos, passam a zelar
entidades oficiais, repartições públicas ou fundações.
Manter o edifício, como bem cultural, em uso constante e sempre que possível satisfazendo a
seus programas (usos) originais. P. 69
Pensamento: modificações geralmente ocorrem por mudanças de programas, mas podem ser
também por estética do período.
Bens arquitetônicos que podem estar modificados de sua feição original, geralmente devido a
acréscimos sucessivos provenientes de alterações nos programas; incompletos, por não terem
sido terminados ou terem sido mutilados; construções originais conservadas mas precisando
de obras de revitalização.
Movimentos de restauração na Europa a partir de meados do sec XIX, para voltar ao original,
comportamento geral que chega até os nossos dias. Muitas vezes, trabalhos preciosos
posteriores foram destruídos para restaurar trabalhos mais simples originais. Método
romântico, historicista ou de reintegração estilística.
Método científico proíbe reconstrução de ruínas, uso de seus espaços disponíveis, exige que
estejam visíveis os materiais e recursos da reconstrução, não se deve imitar, mas também sem
criar harmonias, deve-se respeitar os acréscimos. Mais utilizado atualmente.
Não método (cada caso é um caso, não há regras, só não admite reconstrução de ruínas) e
método artístico (combinação dos outros 2, enfatiza aspectos plásticos e estéticos).
Entidades públicas que zelavam pelo PC não tinham político definida, ia de acordo com
tendências ou gostos pessoais.
Em especial, no caso de bens culturais de conjuntos urbanos, há uma política interesseira que
nem sempre se revela, principalmente no que diz respeito à alocação de verbas para
preservação de monumentos. Isso é possível pela falta de esclarecimento popular sobre a
importância da preservação do nosso patrimônio, da nossa memória, e também por questões
jurídicas, nas quais, muitas vezes, o direito do indivíduo de propriedade se impõe. P. 84
O tombamento é um atributo dado a um bem cultural escolhido e separado dos demais para
que nele fique garantido a perpetuação da memória. O tombamento não implica em
desapropriação, o bem continua de posse total e usufruto do proprietário, mas ele também é
responsável por sua integridade, qualquer modificação deve ser analisada e autorizada, e isso
implica em desvalorização no mercado e diversas resistências.
Nos países do terceiro mundo, falta de meios se mescla com má administração do processo
urbano e assim muitas riquezas foram destruídas. Necessidade de medidas de defesa,
recuperação e revalorização do patrimônio monumental da região e necessidades de
formulação de planos nacionais e multinacionais de curto e longo prazo.
Diziam que o PHA trazia vantagens, principalmente através do turismo, logo as medidas
adequadas a sua preservação e valorização devem guardar relações com os planos de
desenvolvimento e fazer parte deles. (autor critica, diz que o turismo muitas vezes atrapalha,
polui visualmente o entorno com comércios, etc)
Planos de recuperação e valorização devem ser acompanhados por programas de educação
cívica, para que o povo ajude na defesa do patrimônio com sua voz e sua ação vigilante.
A partir da década de 1970 esses encontros se proliferam pelo mundo, em Brasil o principal foi
o Compromisso de Brasilia, neste ano. Deste compromisso, as conclusões: divisão dos bens
segundo seu nível de interesse, ou seja, bens de valor nacional seriam protegidos pelo governo
federal, pelo DPHAN (diretoria do patrimonio...), enquanto os bens de valor regional ficariam a
cargo de estados e municípios.
Valor social de um bem cultural geralmente é deixado de lado, colocado em segundo plano,
tendo em vistas os baixos orçamentos. P. 104-105
Brasil tem muito pouco a mostrar de seu patrimônio proporcionalmente a seu tamanho pois o
SPHAN nasceu muito tarde e pobre e a população tem descaso pelo passado, pela memória. P.
107
Quase todo tombamento é entendido como prejudicial quando feito em propriedade privada.
Daí, a maior parte das preservações legais são feitas sobre bens públicos, edifícios
administrativos, jardins botânicos, praças, etc, assim evita-se a reclamação das pessoas.
A base correta de como preservar está na elucidação popular, na educação sistemática que
difunda entre toda a população, dirigentes e dirigidos, o interesse maior que há na salvaguarda
de bens culturais.