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OPINIÃO OPINION
A utilização da fitoterapia e de plantas medicinais
em unidades básicas de saúde nos municípios de Cascavel
e Foz do Iguaçu – Paraná: a visão dos profissionais de saúde

The use of phytotherapy and medicinal plants


in primary healthcare units in the cities of Cascavel
and Foz do Iguaçu – Paraná: the viewpoint of health professionals

Maria Cecilia Ribeiro Bruning 1


Gabriela Bittencourt Gonzalez Mosegui 2
Cid Manso de Melo Vianna 3

Abstract Phytotherapy and the use of medicinal Resumo A fitoterapia e o uso de plantas medici-
plants are part of the practice of folk medicine, nais fazem parte da prática da medicina popular,
which complements treatment traditionally em- que complementa o tratamento usualmente em-
ployed for the lower income population. This work pregado para a população de menor renda. O tra-
analyzed the knowledge of health managers and balho analisou o conhecimento de gestores e pro-
professionals who work in primary health care fissionais de saúde que atuam na atenção primá-
(PHC) about phytotherapy in the cities of Cas- ria (APS), sobre fitoterapia, nos municípios de
cavel and Foz do Iguaçu in the State of Paraná. Cascavel e Foz do Iguaçu, Paraná. Entre fevereiro
An exploratory, descriptive, and qualitative study e julho de 2009, realizou-se estudo exploratório,
using a structured questionnaire was conducted descritivo, qualitativo, empregando entrevistas e
between February and July 2009. A health man- questionário estruturado. Um gestor relatou in-
ager manifested interest in introducing the pro- teresse na implantação do programa, os demais
gram. The other professionals interviewed did not profissionais entrevistados não receberam forma-
receive training during undergraduate studies or ção sobre o tema durante a graduação ou nas
within the Basic Health Units (BHU) where they Unidades Básicas de Saúde (UBS) onde traba-
work. Six professionals (60%) reported having lham. Seis profissionais (60%) relataram ter acesso
access to information on phytoterapy through folk às informações sobre fitoterapia através do co-
wisdom, one (10%) via training in a BHU, two nhecimento popular, uma (10%) formação na
(20%) from journals, four (40%) from the media UBS, dois (20%) através de periódicos, quatro
and four mentioned more than one source. In (40%) através de meio de comunicação e quatro
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Universidade Paranaense Foz do Iguaçu, in the BHU where the therapy is citaram mais que uma das opções. Em Foz do Igua-
(UNIPAR). R. Rui Barbosa, deployed, the professionals were not consulted çu, nas UBS onde a terapêutica foi introduzida,
Centro. 84172-440
before its implementation. To include phytother- os profissionais não foram consultados antes de
Cascavel PR.
marycribeiro@unipar.br apy in the BHUs of these two cities, it is necessary sua implantação. Para instituir a fitoterapia nas
2
Departamento de Saúde e to train the professionals on the topic, including UBS desses dois municípios é necessário capaci-
Sociedade, Instituto de
cultivation and prescription, thereby enhancing tar os profissionais quanto ao tema, desde o culti-
Saúde da Comunidade,
Universidade Federal the rational use of these medicines. vo até a prescrição, melhorando o uso racional
Fluminense (UFF). Key words Medicinal plants, Phytotherapy, desses medicamentos.
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Instituto de Medicina
Health professionals Palavras-chave Plantas medicinais, Fitoterapia,
Social (IMS), Universidade
do Estado do Rio de Janeiro Profissionais de saúde
(UERJ).
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Bruning MCR et al.

Introdução ao tema ção de programas de uso de fitoterápicos na aten-


ção primária a saúde, aparece associado apenas
A fitoterapia e o uso de plantas medicinais fazem à concepção de que esta seria uma opção para
parte da prática da medicina popular, constituin- suprir a falta de medicamentos. Segundo o au-
do um conjunto de saberes internalizados nos tor, só são contabilizados ganhos em custos pela
diversos usuários e praticantes, especialmente pela utilização de fitoterápicos e não os benefícios.
tradição oral. Esta prática diminuiu frente ao pro- A equipe de saúde assiste o paciente e muitas
cesso de industrialização, ocorrido no país, nas vezes seus familiares nas UBS6. Portanto, com
décadas de 1940 e 19501. Trata-se de uma forma um planejamento adequado de assistência, levan-
eficaz de atendimento primário a saúde, podendo do em conta fatores culturais e utilizando os re-
complementar ao tratamento usualmente empre- cursos fitoterápicos existentes, pode-se melho-
gado, para a população de menor renda2. rar o nível de saúde da população. Para isso, se
A realização segura desses atendimentos está faz necessário um conhecimento por parte dos
vinculada ao conhecimento prévio do profissional profissionais de saúde que atuam diretamente
de saúde sobre a terapêutica com fitoterápicos ou com os pacientes nas UBS, em relação às proprie-
plantas medicinais. A orientação para uma utiliza- dades terapêuticas das plantas que são usadas
ção adequada, sem perda da efetividade dos prin- por essa população. Conhecimentos técnicos,
cípios ativos localizados nas plantas e sem riscos de que vão desde o preparo para fins terapêuticos,
intoxicações por uso inadequado é fundamental3. indicações, cuidados e dosagem, e conhecimen-
Schenkel4 verificou que além da utilização dos tos sobre a percepção quanto à relação saúde-
medicamentos alopáticos, a população que bus- doença são imprescindíveis.
ca atendimento nas unidades básicas de saúde
(UBS) também utiliza plantas medicinais com Políticas de saúde no Brasil
fins terapêuticos, muitas vezes desconhecendo a e sua influência nas práticas de saúde
possível existência de efeitos tóxicos, além de não
ter entendimento quanto à sua ação terapêutica; A Saúde Pública, a cada época, possuiu ligação
qual forma mais correta de cultivo; preparo; com movimentos sociais e políticos, além de estar
quando cada planta pode ser indicada e em quais ligada à economia; acabando por seguir as ten-
casos são contraindicadas. Tanto Schenkel4 quan- dências vigentes na sociedade e organizar-se de
to Marques5 sugerem a existência de uma crença acordo com as necessidades e com contextos es-
de não haver nenhum efeito prejudicial à saúde pecíficos10. Para Nunes11, a saúde pública se estru-
com o emprego de fitoterápicos. tura de acordo com a política nacional de saúde
Discussões em torno da implantação da fito- desde o século XX, onde ocorreu a sistematização
terapia na rede municipal de saúde, ou na aten- das práticas sanitárias. A indústria farmacêutica
ção primária de saúde, se tornam contraditórias (IF), além das de equipamentos médico-hospita-
em relação aos preceitos da biomedicina, já que lares também influenciaram o modelo de saúde a
os discípulos desta doutrina se esforçam para ser adotado12. No caso do complexo da saúde, é
eliminar as concepções curativas não baseadas necessário entender que a dinâmica e a evolução
em normas científicas6. O crescimento do traba- dos sistemas de saúde dependem de duas raciona-
lho desenvolvido com plantas medicinais e fito- lidades, uma interna e outra externa ao sistema. A
terápicos se apresenta como uma alternativa à primeira é definida pela existência de um padrão
referência biomédica de saúde, porém, ainda pra- de acumulação de capital, a partir de duas lógicas
ticamente inexistente nos serviços de saúde tanto distintas – uma pública e outra privada. Já a se-
públicos como privados7. gunda compreende o conjunto das demandas so-
Observa-se um crescimento na utilização de bre o sistema de saúde que influenciam o modus
fitoterápicos pela população brasileira. Dois fa- operandi do sistema e de seus agentes13.
tores poderiam explicar este aumento. O primei- A implantação de um ensino que incorpora
ro seriam os avanços ocorridos na área científi- os avanços tecnológicos trouxe grandes benefíci-
ca, que permitiram o desenvolvimento de fitote- os no campo da assistência médica. Porém, como
rápicos reconhecidamente seguros e eficazes. O o enfoque do modelo hegemônico é na doença,
segundo é a crescente tendência de busca, pela acaba por levar a uma interpretação inadequada
população, por terapias menos agressivas desti- do processo saúde- doença, passando este somen-
nadas ao atendimento primário à saúde8. te ao campo biológico, sendo desconsiderados
Porém como apontado por Leite9, o interesse fatores sociais, culturais ou as causas multifato-
por parte dos gestores municipais na implanta- riais prováveis.
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“[...] em termos gerais, a produção do co- Merhy et al.20 propõem, para a democratiza-
nhecimento, neste período, esteve subordinada ção da saúde, um modelo que chamam de técni-
ao capital e à sociedade do lucro. Neste caso, pre- co-assistencial em defesa da vida. A gestão de-
valeceu uma imposição quanto à formação dos mocrática (cogestão entre usuários organizados,
profissionais de saúde, que deveria estar em con- prestadores de serviços e governo); saúde como
sonância como o mercado de trabalho: na ver- direito de cidadania e serviço publico de saúde
dade, e da competência desse mercado traçar o voltado para a defesa da vida individual e coleti-
perfil desses profissionais, não raro evidenciado va, seriam princípios norteadores deste modelo.
incoerências acerca do seu saber-fazer e dos re- Paim21 e Merhy et al.20, sugerem como estra-
sultados do seu trabalho. O que se tem observa- tégias de enfrentamento desta situação, interven-
do é a mercantilização da saúde, que passa a ter ções nos sistemas de saúde, objetivando a im-
um valor e lucro no mercado capitalista. Dessa plantação de um modelo de assistência que vá
forma, a sociedade foi incorporando as formas além do conceito de saúde como mera cura de
de assistência à saúde, predominantemente hos- doenças, garantindo o direito de cidadania nos
pitalocêntrica, individual e com alta tecnologia14”. serviços públicos que estariam voltados para a
Os profissionais de saúde acabavam por ter defesa da vida. Para esses autores, essa é uma
uma formação curativista, proveniente do mo- prática complexa a construir-se, que implicará
delo biomédico, onde valoriza-se dentro da ciên- em inúmeros fatores que hoje permeiam as dis-
cia, o desenvolvimento tecnológico, buscando cussões em relação ao SUS.
satisfazer uma sociedade altamente consumis-
ta14. Se o saber científico acaba sendo empregado Sobre a história da utilização
em detrimento ao saber popular, as práticas de dos fitoterápicos
saúde que não são ditas “cientificas”, são excluí-
das. Os cuidados alternativos em saúde passam Nos séculos de colonização, a utilização de
a não ter valor e surge uma dependência entre os plantas medicinais para tratamento das patolo-
médicos e os medicamentos industrializados, gias era patrimônio somente dos índios e de seus
caracterizando o que chamamos de medicaliza- pajés2. A população em geral utilizava medica-
ção da sociedade15. mentos provenientes de importações, especial-
A formação dos profissionais contribui para mente da Europa. Não existia, ademais, um co-
a fragmentação. Aguiar16 afirma que nas escolas nhecimento em relação ao correto armazenamen-
brasileiras, a exemplo do que acontece em outros to das plantas, a fim de preservar suas proprie-
países do mundo, existe grande número de estu- dades medicinais, ou seja, seus princípios ativos22.
dantes considerados anônimos ou assoberbados Muito tempo foi necessário para que as plan-
de informações fragmentadas, vindas de aulas tas medicinais do território brasileiro, usadas
expositivas de qualidade variável, em processo que pelos estrangeiros para tratamento das mais di-
valoriza a memorização e não raciocínio crítico. versas patologias, fossem conhecidas mundial-
Os profissionais de saúde não delegam valor mente. Muitos extratos já eram utilizados em ter-
ao tratamento por fitoterápicos. Em sua forma- ritório nacional, desde os primeiros séculos de
ção acadêmica não receberam conhecimento em colonização, para o tratamento de nosologias
relação a essa terapia e acabam criando uma locais, e, em sua maioria, os medicamentos, utili-
posição de que tudo que é “natureba” não tem zados eram fitoterápicos2. Para Grams23 “[...] a
efeito farmacológico17. Mas acredita-se na cura crença popular de que uma simples planta funci-
pelo consumo de medicamentos. O medicamen- onava para tratar doenças aos poucos foi sendo
to vira símbolo de saúde, a enfermidade, consi- substituída pelo forte apelo dos remédios [...],
derada fator orgânico, é enfrentada mediante seu que causavam certa atração nos pacientes devi-
uso, ficando de lado as esferas social e compor- do à promessa de uma cura rápida e total”. Este
tamental18. conceito vem sofrendo modificações já que os
Em 2004, com intuito de tentar resolver esse fitoterápicos têm conseguido espaço cada vez
quadro de formação superior em saúde, lançou- maior na comercialização de medicamentos.
se o “aprender SUS”. Esta proposta dos Ministé- A ideia de que a utilização de uma gama de
rios da Saúde e da Educação tem como objetivo formulações para uma única doença deixou de
ampliar a qualidade de vida da população, para ser viável e a existência de um único medicamen-
que as graduações em saúde passem a valorizar to para o tratamento de cada patologia, levou ao
a integralidade, mudando com isso a formação surgimento de medicação alopática nas décadas
profissional já no âmbito da graduação19. de 1930 e 1940. Houve a descoberta de que exis-
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tem princípios ativos dentro de cada planta e que de desenvolvimento sustentável despertaram in-
a separação desses princípios ativos em forma teresse no uso das plantas. Neste trabalho, e tam-
de medicamento, possibilitava o tratamento das bém no realizado por Matsuda30, relata-se que a
patologias e a cura dos sinais e sintomas caracte- população busca uma melhor qualidade de vida,
rísticos de cada uma24. Apesar da grande diversi- com métodos mais naturais e saudáveis para a
dade presente na flora medicinal, o que ocorreu, manutenção da saúde. Já para Simões et al.33, o
a partir das décadas citadas anteriormente, foi interesse na utilização de plantas medicinais de-
uma diminuição de incentivos e iniciativas para a corre também do o alto custo dos medicamentos
continuidade do cultivo e a utilização de plantas industrializados, da crise econômica e da falta de
como tratamento. Descartava-se uma ampla acesso à assistência médica e farmacêutica, fato-
possibilidade de expansão do uso destas, apesar res que geram a procura dos consumidores por
da diversidade da flora em todo o território na- utilizar produtos naturais.
cional. Por falta de desenvolvimento de pesqui- A população passa a questionar o uso indis-
sas, a maioria dos medicamentos fitoterápicos criminado de medicamentos sintéticos e procura,
usados no Brasil passou a ser elaborado a partir alternativamente, os fitoterápicos. Além de todos
de plantas advindas de importação25. esses fatores, a ação terapêutica tem sido com-
Atualmente, percebe-se um desconhecimento provada com muitas plantas utilizadas popular-
entre os profissionais de saúde quanto a esta pos- mente. Leite9 assim resume a discussão: a “[...]
sibilidade terapêutica. De acordo com Tomazzoni insatisfação com o sistema de saúde oficial, a ne-
et al.26 , há descaso em relação à grande diversida- cessidade das pessoas da sensação de controle de
de de tratamentos ainda não desenvolvidos, a seu próprio corpo e recuperação da saúde, to-
partir das plantas existentes no território nacio- mando as práticas de saúde por si ou para sua
nal e particularmente em relação à implantação família [...]”, são fatores que estão contribuindo
desta terapêutica no SUS26. Para Turolla e Nasci- para o aumento da utilização de fitoterápicos9.
mento27, ainda que exista um aumento da im- Segundo Jorquera34 e Alves e Silva35, a Orga-
portância dos fitoterápicos, não existem estudos nização Mundial da Saúde (OMS) estima que 80%
suficientes para a comprovação da eficácia e se- da população mundial não possuí acesso ao aten-
gurança da utilização de plantas medicinais como dimento primário em saúde. Na America Latina,
forma de medicamento, que continuam a ser uti- 50% da população têm pouco ou nenhum aces-
lizadas com base no conhecimento popular. so aos medicamentos, mas ainda é marginal o
Mas foram grandes os progressos nesta área. diálogo da política de saúde e o uso de fitoterápi-
Yunes et al.8 e Ferro28 apontam para um cenário cos na atenção básica no SUS36.
promissor, com avanços na área científica que
levaram ao desenvolvimento de fitoterápicos se- Fitoterapia na atenção primária à saúde
guros e eficazes. Nos países em desenvolvimento,
entre eles o Brasil, bem como nos países desen- Na Conferência Internacional sobre Cuida-
volvidos, a partir da segunda metade das déca- dos Primários de Saúde, realizada em 1978, como
das de 70 e 80, tem ocorrido um crescimento das parte do plano de ação da OMS para atender o
“medicinas alternativas”, entre elas a fitoterapia29. objetivo “Saúde para todos no ano 2000”, foi in-
Matsuda30 indica que 50% dos europeus e mais centivada a valorização das terapias tradicionais,
de 50% dos norte-americanos fazem uso de fito- entre elas a fitoterapia, reconhecidas como re-
terápicos. No Brasil estima-se que o comércio de cursos possíveis, mais fáceis e economicamente
fitoterápicos seja na ordem de 5% do total de viáveis de aumentar a cobertura de atenção pri-
medicamentos, o que corresponde a mais de US$ mária à saúde37.
400 milhões/ano. Gullo e Pereira31 com base em No Brasil, este tema foi discutido na 8ª. Con-
dados da OMS apontam que, em 1980, o merca- ferencia Nacional de Saúde, em 1986, quando se
do mundial de fitoterápicos e produtos naturais recomendava a introdução de práticas tradicio-
movimentou 500 milhões de dólares. Para o ano nais de cura popular no atendimento publico de
de 2000, a previsão era de que somente na Europa saúde38. Durante a 10 a Conferência Nacional de
registrar-se-ia um volume de vendas de 500 mi- Saúde, em 1996, houve a proposta de incorporar
lhões de dólares. No Canadá as vendas crescem no SUS as terapias alternativas e práticas popu-
15% ao ano e nos Estados Unidos chegam a 20%. lares, especificamente o incentivo à fitoterapia e à
Esse aumento de consumo de plantas medicinais homeopatia na assistência farmacêutica públi-
deve-se a vários fatores. Para Lorenzi e Matos32, ca2. O uso da fitoterapia na atenção primária é
as preocupações com a biodiversidade e as ideias tecnicamente apropriado, quando a prescrição
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não é feita de forma indiscriminada e quando os cial terapêutico da flora e fauna nacionais, enfa-
profissionais não incentivam a medicalização tizando a certificação de suas propriedades me-
excessiva39. A atenção às possibilidades alternati- dicamentosas”42.
vas de tratamento levaria a uma melhora no aten- Espera-se que a implantação dessa política
dimento da população pelo Sistema Único de de medicamentos fitoterápicos nos locais de aten-
Saúde, em razão de proporcionar outra forma ção primária que atendem o SUS permita uma
de tratamento e de prevenção. redução nos gastos com saúde no Brasil. O gran-
Leite9 resume, novamente, os pontos mais de problema enfrentado pelas UBS, que sofrem
salientes dessa discussão: com a falta de medicamento, poderá ser ameni-
“[...] o interesse por parte de gestores muni- zado quando efetuada a complementação do
cipais na implantação de programas de uso de medicamento convencional pelo fitoterápico,
fitoterápicos na atenção primária a saúde, mui- mediante uma orientação adequada17.
tas vezes aparece associado apenas à concepção No Paraná, uma experiência com programa
de que esta é uma opção para suprir a falta de de fitoterápicos na rede pública deu-se no muni-
medicamentos na impossibilidade de disponibi- cípio de Curitiba, onde as plantas medicinais e os
lização destes, já que na maioria das vezes conta- fitoterápicos são usados como recurso terapêu-
bilizam-se os ganhos em custos gerados pela uti- tico desde 1990. Neste município existe o projeto
lização dos fitoterápicos”9. Verde Saúde, que preconiza a utilização de plan-
Este autor afirma que além da viabilidade eco- tas medicinais. Em 2001, 82% das unidades de
nômica e da ação terapêutica, a fitoterapia repre- saúde já utilizavam a fitoterapia como opção te-
senta parte importante da cultura de um povo, rapêutica43. Outros municípios paranaenses im-
que não pode ser desconsiderada. No entanto, plantaram o programa de uso de fitoterápicos
“a utilização de plantas medicinais tem sido mui- na rede básica. Londrina, Toledo e Foz do Iguaçu
tas vezes considerada como fato desvinculado da avaliam os resultados desse programa como sa-
assistência à saúde como um todo e vista como tisfatórios para o serviço e para os usuários do
simples medicamentação”9. Sistema Público de Saúde17.
Na mesma direção, Hufford40 pontua que A equipe de saúde assiste ao paciente, à famí-
“um sistema de saúde que adota a fitoterapia lia e à comunidade, planeja a assistência com base
deve incorporar um conjunto de atitudes, valo- na cultura da população, utiliza os recursos dis-
res e crenças que constituem uma filosofia de vida poníveis, ajudando dessa forma a comunidade a
e não meramente uma porção de remédios”. Ake- melhorar seu nível de saúde. Para isso, necessita
rele41 sinaliza que o saber popular pode ser uma de conhecimento das propriedades terapêuticas
contribuição aos profissionais de saúde, na im- das plantas a serem usadas, do preparo, da indi-
plantação de programas de fitoterapia na rede cação, dos cuidados e da dosagem6.
de atendimento básico de saúde. Torna-se possí- De acordo com Furnham e Bragrath44, o uso
vel, também, desenvolver o potencial econômico de plantas com fins medicinais vem de uma po-
em relação às plantas com valor medicinal. A rede pulação insatisfeita, muitas vezes devido a rea-
básica de atendimento a saúde deve proporcio- ções adversas causadas pelos medicamentos; ou
nar aos pacientes todos os recursos apropriados ainda da busca por soluções alternativas para as
e disponíveis de assistência. O uso adequado das doenças. Com isso, a prática do uso de plantas
plantas medicinais é uma alternativa de trata- permanece presente, dentro do crescente uso das
mento à medicina alopática, mas não deve ser terapias não convencionais. Mas, ainda existe
considerado um substituto desta41. uma crença difundida de que o que é natural não
Para que o conhecimento científico seja mais faz mal, que as plantas apenas curam, o que aca-
bem difundido e se torne uma realidade, necessi- ba por direcionar ainda mais ao consumo e à
ta-se de projetos tecnológicos e pesquisas que aceitação das terapias alternativas, especialmen-
possam fundamentar e fortalecer a fitoterapia e te da fitoterapia o que ainda é referido pelos mes-
possam fazer com que a Política Nacional de Plan- mos autores.
tas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos seja A fitoterapia apresenta-se como uma possi-
implementada em todo o território nacional, es- bilidade de atuar como coadjuvante nos trata-
pecialmente nas UBS17. Está em jogo o que pre- mentos alopáticos, desde que sejam levadas em
ceitua a política de desenvolvimento tecnológico, consideração suas possíveis complicações. Faz-
para a saúde: se necessário um conhecimento por parte dos
“Deverá ser continuado e expandido o apoio profissionais de saúde que estarão atuando e in-
à pesquisa que vise o aproveitamento do poten- dicando a terapia aos pacientes. Essas considera-
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ções, entre muitas outras, levaram ao desenvol- técnica em enfermagem a formação profissio-
vimento deste trabalho, que buscou levantar des- nal, o nível de especialização, qual tipo de vinculo
de aspectos da implantação da política de fitote- com a Unidade Básica de Saúde, regime de traba-
rápicos até a extensão dos conhecimentos dos lho, tempo de trabalho na UBS, se houve forma-
profissionais de saúde, em relação à fitoterapia ção na graduação ou pós-graduação sobre plan-
nas UBS. A experiência já está presente nos mu- tas medicinais e fitoterápicos, como foi o acesso
nicípios de: Londrina, Maringá, Curitiba, Toledo aos conhecimentos sobre fitoterapia, quantos
e Foz do Iguaçu e ainda não foi implantada no profissionais de saúde estão envolvidos no aten-
município de Cascavel, no estado do Paraná. dimento à população, entre outros itens. Esta
Esta pesquisa teve por intenção servir de apoio etapa realizou-se através de um roteiro de entre-
e incentivo à implantação da fitoterapia nas UBS vista de natureza estruturada, ou seja, um rotei-
como atendimento primário, visando à melhora ro com perguntas elaboradas previamente pela
da qualidade de vida aos usuários do SUS. Esta pesquisadora antes de ir a campo, o que permi-
terapêutica, quando baseada em sólidos conhe- tiu flexibilidade e o aprofundamento de assun-
cimentos científicos, amplia o acesso às popula- tos que poderiam vir a surgir45.
ções carentes, afetadas por não terem condições Escolheram-se Unidades Básicas de Saúde que
de adquirir os medicamentos industrializados, já possuem a terapia implantada e outras que
não disponíveis no SUS. Este trabalho pretendeu ainda não possuem nos municípios de Cascavel
ser objeto de inspiração para novas pesquisas na e Foz do Iguaçu. A ideia de enfoque nas UBS fun-
área de atuação da saúde, a fitoterapia, visando damentou-se no fato de que as patologias que
uma possível ampliação do uso de fitoterápicos não são caracterizadas como emergência ou ur-
na rede básica de saúde, a fim de aumentar o gências levam a população a buscar o atendi-
acesso a medicamentos na atenção primária. mento primário nestes locais e plantas medici-
nais e fitoterápicos poderiam ser fornecidos por
estas unidades, em conjunto com os medicamen-
Materiais e metodologia tos alopáticos.
Após aprovação pelo comitê de ética em pes-
Este trabalho foi dividido em duas etapas. Na quisa da Universidade do Estado do Rio de Janei-
primeira foi realizada uma revisão científica da ro (UERJ), procedeu-se à aplicação dos questio-
literatura. O método de levantamento bibliográ- nários nas próprias UBS, em horários previa-
fico baseou-se na busca de artigos de periódicos, mente agendados, juntamente com um termo de
teses, dissertações e capítulos de livros, nacionais consentimento que foi preenchido pelo entrevis-
e internacionais, indexados em bases eletrônicas, tado. O levantamento foi realizado do período
tais como: Scielo, Lilacs, Medlinee Portal Capes, de fevereiro a julho de 2009.
no período de 28 anos (1980 a 2008). As seguin-
tes palavras-chave foram empregadas como base
de pesquisa: fitoterapia (phytoteraphy, fitoterá- Resultados
pia), atenção primária à saúde (primary health
care, atencion primária a la salud). Um total de dez profissionais de saúde nos dois
Dentre os 1560 estudos encontrados, somen- municípios dentre eles, cinco enfermeiros, três
te se considerou os artigos nos quais fosse possí- médicos, uma auxiliar de enfermagem e uma téc-
vel a identificação com a utilização das plantas nica em enfermagem (Gráfico 1), participaram
medicinais e fitoterápicos na saúde básica e a li- da pesquisa sendo que os itens pesquisados fo-
gação com o conhecimento dos profissionais de ram a formação profissional, o nível de especia-
saúde, restando portanto, um numero de 150 lização, qual tipo de vinculo com a Unidade Bási-
artigos. Adicionalmente, foram utilizados para a ca de Saúde, regime de trabalho, tempo de traba-
pesquisa as referencias citadas nos artigos seleci- lho na UBS, se houve formação na graduação ou
onados, no intuito de captar artigos que não fo- pós-graduação sobre plantas medicinais e fito-
ram identificados na busca eletrônica. terápicos, como foi o acesso aos conhecimentos
A segunda etapa constituiu-se por pesquisa sobre fitoterapia, quantos profissionais de saú-
de campo realizada em dois municípios da re- de estão envolvidos no atendimento a popula-
gião oeste do Paraná. O objetivo desta etapa era ção, entre outros itens.
averiguar, entre os dez profissionais de saúde nos A partir dos dados obtidos nas entrevistas
dois municípios dentre eles, cinco enfermeiros, foram construídas algumas tabelas e gráficos com
três médicos, uma auxiliar de enfermagem e uma o auxilio do programa Microsoft Excel dando
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ênfase a diversos aspectos como: profissionais cas em plantas medicinais do ponto de vista dos
envolvidos no atendimento aos pacientes das profissionais de saúde das Unidades Básicas.
unidades básicas visitadas, forma como obteve Foram realizadas 10 entrevistas, sendo 03 em
o conhecimento sobre plantas medicinais e fito- Foz do Iguaçu e 7 em Cascavel, o que represen-
terápicas, aceitação ou não do uso de plantas tou a totalidades dos participantes dos grupos
como complemento dos tratamentos dos paci- no período da pesquisa. Do total dos entrevista-
entes. Lançou-se mão de um processo de tradu- dos 80% eram mulheres e 20% eram homens.
ção e decodificação dos dados obtidos ao longo Nas entrevistas, procurou-se saber sobre a
do trabalho de campo (dados êmicos) para a origem do conhecimento em plantas medicinais
linguagem científica (dados éticos) com a finali- e a transmissão do mesmo. Observou-se uma
dade de tornar a informação mais compreensí- diversidade nas formas de apreensão e transmis-
vel ao universo acadêmico e facilitar o agrupa- são do conhecimento devido às diferenças cultu-
mento e a padronização dos dados para compa- rais e socioeconômicas entre os profissionais de
rações futuras. O ponto de vista êmico corres- saúde. Estas foram: transmissão oral dentro do
ponde ao modelo particular do sistema em estu- núcleo familiar, pelo rádio, televisão, livros e até
do, já o ético corresponde a um nível de análise e pela internet. Dos entrevistados seis relataram o
discussão não necessariamente relacionado ao acesso às informações sobre fitoterapia através
sistema estudado, e sim a um nível “neutro” de do conhecimento popular, um formação na uni-
descrição e análise pertencente ao pesquisador46. dade básica de saúde, dois através de periódicos,
quatro através de meio de comunicação, sendo
que quatro citaram mais que uma das opções
Discussão (Gráfico 2).
Estudo realizado por Alves e Silva35, demons-
Esta pesquisa foi realizada com profissionais de trou que o conhecimento das plantas medicinais
saúde que trabalham nas Unidades Básicas de por parte de uma comunidade vinha 11% atra-
Saúde dos municípios de Cascavel e Foz do Igua- vés de vizinhos, 8% com profissionais de saúde,
çu. Durante a observação participante, foi possí- 5% de acordo com crenças ou tradições, 57%
vel perceber questões sociais de relevância, para a
compreensão do significado dos saberes e práti-

7
6
5
4
7
3
2 2

1 1
0
ão s de to
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0 1 2 3 4 5 6 7 F o nas Pe M nic
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co
Especialização
Formação técnica
1
Mestrado
Forma de acesso

Gráfico 1. Nível de formação profissional dos


profissionais de saúde e gestores das Unidades Gráfico 2. Forma de acesso dos profissionais de
Básicas dos Municípios de Cascavel e Foz do Iguaçu saúde ao conhecimento sobre a fitoterapia.
– PR.

Fonte: elaboração própria (2009). Fonte: elaboração própria (2009).


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com pais ou avós, 1% em livros ou revistas 18% do Iguaçu fazem a prescrição dos medicamentos
em outras fontes. Outro trabalho realizado por aos seus pacientes, nas Unidades básicas de Ouro
Barbosa47, mostra que graduandos de enferma- Verde (médica) e Padre Monti (enfermeira) em
gem questionados sobre o modo como ficaram Foz do Iguaçu. Os demais profissionais só fazem
conhecendo as terapias alternativas, referiram uso de forma caseira através do conhecimento
com maior frequência (33 vezes, o que significa popular. A média de trabalho nas Unidades Bási-
34,37% dos graduandos entrevistados) livros, cas dos profissionais foi de três dias até 20 anos,
revistas e televisão; 27 graduandos (28,12%) re- sendo o regime de trabalho dos profissionais de
feriram amigos e familiares; 21 (21,87%), pesso- 20 a 40 horas (Gráficos 3 e 4).
as que as utilizavam; 14 ( 14,58%) afirmaram Dos profissionais de saúde entrevistados ape-
conhecer pois as utilizavam ou haviam utilizado. nas duas possuíam treinamento para prescrever
Esta multiplicidade de fontes, formas e ori- plantas medicinais a seus pacientes, pois as prefei-
gem do aprendizado, ligada a saberes tradicio- turas não oferecem esse treinamento aos traba-
nais ou atuais, se encontram justapostos uns aos lhadores das UBS, sendo um fato lamentável que
outros, se complementando, para a formação de estes estejam pouco preparados para lidar com
um modelo único, novo e diferente das influên- as plantas, pois deveriam ser propostos subsídi-
cias anteriores. Este fenômeno cultural é caracte- os para quem atua na saúde comunitária em re-
rístico da pós-modernidade globalizada e estão lação ao uso medicinal das plantas e derivados3.
seguramente presentes na Medicina Popular nos Segundo Nuñez e Ciosak51, há necessidade de
grandes centros urbanos atualmente48. buscar novos saberes como opções de assistência
Após uma pesquisa a respeito das patologias à promoção da saúde da população, devido à
mais frequentes nas unidades de saúde49, a equi- deficiência de aquisição de conhecimento durante
pe do Programa de Fitoterapia do município de a graduação dos profissionais de saúde em geral.
Foz do Iguaçu selecionou algumas plantas medi- Quando questionados sobre a implantação
cinais que apresentavam segurança e eficácia com- de uso de fitoterapia e plantas medicinais em to-
provadas na literatura. Atualmente, o programa das as Unidades Básicas nos Municípios pesqui-
conta com um elenco de 10 plantas organizadas sados os profissionais foram unânimes a favor
no Memento Terapêutico50 e manipula cápsulas desta medida, acreditando que isto auxilia na
além de indicar chás. saúde geral da população por não apresentarem
Do total dos entrevistados apenas duas (mé- efeitos adversos especialmente quando utilizadas
dica e enfermeira) das Unidades Básicas de Foz as plantas já conhecidas e fornecidas pela Itaipu

Gráficos 3 e 4. Regime de trabalho dos profissionais de saúde dos municípios de Cascavel e Foz do Iguaçu
segundo carga horária.

40
35
30 3,0
25 2,5
20 2,0
15 1,5
10 1,0
5 0,5
0 0
20h 30h 40h 40h

1 1
Profissionais do município de Cascavel Profissionais do município de Foz do Iguaçu
2683

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Binacional. Resultado semelhante ao encontra- onal através de seu programa, e que as plantas
do por Tomazzoni et al.26 ao realizarem uma en- nas Unidades Básicas deste Município represen-
trevista nas Unidades Básicas do Município de tam papel importante na manutenção das con-
Cascavel, em que 100% dos entrevistados res- dições de saúde, constituindo também parte de
ponderam favoravelmente sobre a possibilidade um saber local preservado e utilizado, ou seja, de
de serem prescritas plantas medicinais nas UBS sua cultura e costumes.
em substituição aos medicamentos industriali- A utilização de plantas medicinais vem ao
zados, descrevendo várias justificativas, tais encontro das proposições da Organização Mun-
como: acreditar que as plantas têm poder de cura; dial da Saúde (OMS), que incentiva a valoriza-
preferirem utilizar produtos naturais por terem ção das terapias tradicionais, reconhecidas como
menos efeitos colaterais, entre outras afirmações. recursos terapêuticos úteis, podendo atender a
Dutra52 realizou pesquisa com 220 profissio- algumas demandas de saúde da população, além
nais da área de saúde que atuam em unidades de contribuir para o sistema local de saúde dos
básicas de Anápolis, Estado de Goiás, quando usuários do sistema publico de saúde37.
questionados sobre a posição em relação ao uso
de plantas medicinais e fitoterápicos dentro das
UBS, os mesmos apresentaram postura divergen- Conclusão
te, conforme sua formação acadêmica de base.
Enquanto todos os fisioterapeutas, farmacêuti- A diversificação das praticas de atendimento a
cos e odontólogos se posicionaram favoravelmen- saúde é de conveniência acadêmica, socioeconô-
te (100%), entre os médicos o percentual foi de mica e cultural, sendo assim, a aplicação das plan-
apenas 17%. Entre os enfermeiros, 65% manifesta- tas medicinais e fitoterápicas é um possível meio
ram-se favoráveis; já os técnicos de enfermagem de ampliação da área de trabalho dos profissio-
manifestaram-se amplamente favoráveis (86%). nais de saúde que ainda estão pouco informados
No transcorrer do presente estudo, percebeu- e preparados para lidar com esses recursos alter-
se que a utilização das plantas na terapia popu- nativos. Para que os profissionais conheçam
lar, no Município de Foz do Iguaçu, é bastante melhor essas praticas e possam aplicá-las de
difundida e presente, sendo que a transferência maneira coerente no serviço publico de saúde se
do conhecimento etnobotânico, neste local, se- faz importante a inclusão destes conhecimentos
gue as orientações repassadas pela Itaipu Binaci- nas atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Colaboradores

MCR Bruning e GBG Mosegui trabalharam na


concepção, metodologia e aprovação da versão
final; e, CMM Vianna na metodologia, revisão e
aprovação da versão final.
2684
Bruning MCR et al.

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