O que é o capitalismo é um livro de Afrânio Mendes Catani, cuja
primeira edição é de 1980. Esta, 35ª edição, revista e ampliada, foi publicada em São Paulo, pela Editora Brasiliense, em 2011. É o quarto livro da Coleção Primeiros Passos. O livro está estruturado em duas partes, explicando o capitalismo geral e o capitalismo brasileiro, tratando de conceitos que auxiliam o leitor a uma maior compreensão sobre o tema, partindo dos pressupostos teóricos de duas grandes correntes sociológicas dos pensadores Max Weber (1864-1920) e Karl Marx (1818-1883). A obra começa com uma pequena introdução, partindo depois para os dois capítulos: O capitalismo em geral, e O capitalismo no Brasil. O primeiro capítulo, a partir da página 10, tem várias seções: Max Weber e o capitalismo; O modo de produção capitalista; Gênese, desenvolvimento e crise do capitalismo; Tendências e configurações do capitalismo: do pós-guerra ao início do século XXI. O segundo capítulo, a partir da página 71, tem como secções: A passagem da economia colonial à economia exportadora capitalista; A passagem da economia colonial à economia capitalista no Brasil; A industrialização retardatária; A evolução da economia brasileira a partir dos anos 1960, que é subdividida em A Depressão e o PAEG, O milagre e sua crise, Os anos 1980, A dívida externa; Capitalismo no Brasil recente – as décadas de 1990 e 2000. Weber entendeu o capitalismo como civilização, e encontra o “espírito do capitalismo” na teologia calvinista, que valorizava positivamente o trabalho e a riqueza criada por ele. Conceituando o capitalismo, explica-se que todo o capital é de propriedade privada ou individual e a divisão social do trabalho é uma de suas características. Para Marx, a base do capitalismo é a troca, e a troca de trabalho humano é uma mercadoria. O capital investido na força de trabalho, aumenta no processo de trabalho, e cria a mais-valia. A revolução técnico-científica influenciou o capitalismo na sua tendência a concentração. Explana-se como o capitalismo moderno surgiu, desenvolveu-se, passou por crises e tem se reestruturado e configurado, após a segunda metade do século XX, como por exemplo, com as resistências ao neoliberalismo e a reorganização do trabalho. A segunda seção da obra de Catani explica como a produção colonial, baseada no trabalho compulsório, servil ou escravo, em meio a fatores internos e externos, deu lugar a economia exportadora capitalista. Analisa-se essa transição também no Brasil, a partir de nossos ciclos econômicos. Nota-se como a industrialização na América Latina é retardatária, partindo das economias exportadores capitalistas nacionais, e no momento em que o capitalismo monopolista mundial já está constituído. O Brasil vê o período 1888-1933 como nascimento e consolidação do capital industrial. Analisa-se as mudanças no decorrer da história, como durante o governo Kubitschek, o milagre econômico, o crescimento da dívida externa, e as reformas do Estado e da economia, de Collor ao governo Lula. Catani procura ser didático em seu livro, sem posicionar-se. Entretanto, é imprescindível entender que o capitalismo precisa ser analisado e criticado, visto que a atual crise da sociedade surgiu a partir do capitalismo. Weber e Marx, duas das bases clássicas da Teoria Sociológica, procuram entender o sistema capitalista. Weber tem a ação social como seu objeto, analisando a sociedade como desencantamento, de ações racionais, que privilegiam o indivíduo, e não a sociedade. Por isso, vê o capitalismo a partir do seu “espírito” protestante. Marx, tem a luta de classes como seu objeto. O burguês, que desprende energia mental, manda; o proletário, que desprende energia física, obedece. Assim sendo, o sistema capitalista expropriou o sujeito de pensar. A sociedade será comum apenas quando os dois estiverem lado a lado; enquanto não houver isso, haverá mais e mais exploração. Na perspectiva marxista, o sistema capitalista sobrevive assim: explorando. Apenas uma mudança de mentalidades e atitudes alterará essa sociedade capitalista, cada vez mais excludente e individualista. Assim sendo, é necessário mudá-lo. Não é possível aceitá-lo passivamente, mas deve-se lutar para que haja uma sociedade justa, igualitária. O livro, em seus mais de trinta anos, é uma resposta para uma pergunta simples. A sociedade ocidental, imersa nesse sistema, não sabe o que ele é, não o estudou, e, a partir de teóricos conhecidos, Catani se propõe a abordar o capitalismo de forma objetiva, clara, que mesmo um leigo pode compreender e entender as conjunturas do Estado e da economia neste processo de produção. O autor, Afrânio Mendes Catani, nasceu em Campinas, em 1953. É bacharel em Administração Pública pela FGV, Mestre e Doutor em Sociologia pela FFLCH/USP. Foi professor na FGV, na UNESP, Campos de Araraquara e na UNICAMP. Desde o final de 1986 é professor na Faculdade de Educação da USP. Publicou diversos artigos e comentários de livros, em várias revistas e jornais, e também é autor de O que é imperialismo e A chanchada no cinema brasileiro. César Aquino Bezerra e Herivelton Cid do Carmo Correia, acadêmicos do curso de História do Centro de Estudos Superiores de Parintins, da Universidade do Estado do Amazonas.