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Introdução
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Doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ; Mestre em Antropologia pela UNICAMP; Professor Adjunto III do Programa de Pós-
Graduação em Comunicação da PUC Minas e da Faculdade de Políticas Públicas da Universidade do Estado de Minas Gerais/UEMG;
Fundador e Coordenador do Observatório da Diversidade Cultural. E-mail: josemarciobarros@gmail.com.
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Mestre em Comunicação Social - Interações Midiáticas pela PUC Minas, Especialista em Novas Tecnologias em Comunicação pelo UNI-BH.
Pesquisador do Observatório da Diversidade Cultural. E-mail: josejunior@observatoriodadiversidade.org.br
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Solicitar a opinião dos cidadãos, assim como informá-los, pode ser um passo
legítimo rumo à participação. Mas se a consulta não estiver integrada com outras
formas de participação, este degrau da escada continua sendo uma vergonha na
medida em que não oferece nenhuma garantia de que as preocupações e ideias
dos cidadãos serão levadas em consideração. As pessoas são vistas basicamente
como abstrações estatísticas e a participação é medida pelo número de pessoas
presentes nas reuniões, quantos folhetos foram distribuídos ou quantas pessoas
foram entrevistadas. O que os cidadãos têm certeza em todas estas atividades é
que elas ‘participaram da participação’. E o que os tomadores de decisão
conseguem é a evidência de que eles cumpriram as normas de envolver ‘aquelas
pessoas’. (ARNSTEIN, 1969, p. 219)
planos de cultura, exigem, por outro lado, uma atenção particular para não se tornarem
espaços de exclusão mais que de participação cidadã, como aponta Mata Machado (2004):
A participação social
Uma das preocupações que emergem a partir destes novos marcos de análise refere-
se à competência do exercício da participação e deliberação, expressa na demanda contínua
por capacitação de conselheiros. Uma das dimensões cruciais para que a participação seja
efetiva refere-se à formação dos membros de conselho para o exercício de sua atividade,
compreendida dentro da seguinte equação: quanto maior a participação e a possibilidade de
gestão partilhada, maior a necessidade de qualificação.
invenção de uma nova sociedade [...] esse tipo de experiência contribui para a
criação de espaços públicos onde os interesses comuns e privados, as
especificidades e as diferenças, podem ser expostas, discutidas e negociadas.
(DAGNINO, 2004, p.104)
Grande parte das discussões foi direcionada para o exame de questões internas aos
conselhos, tendo como foco sua estruturação [...] as discussões plenárias
focalizaram o debate de temas relacionados à sua organização e estruturação
interna. Esse ponto, longe de ser trivial, indica uma dificuldade de os conselhos
cumprirem, de forma mais efetiva, seu papel constitucional. (CARNEIRO, 2006, p.
158)
Há dois desafios que se colocam para o exercício dos direitos culturais por parte dos
cidadãos. Por um lado, a Participação mais consistente, continuada, ampla e qualificada e
pactuação/repactuação dos compromissos coletivos. Por outro, a regionalização das
políticas, programas e projetos, principalmente no diálogo com outros setores
governamentais para articulação e otimização de recursos. No que diz respeito à
participação, podemos listar como centrais a constituição e funcionamento regular dos
conselhos e comissões públicos, bem como o monitoramento continuado das metas dos
planos e a construção realista de planos de ação e financiamento para as metas. Em síntese,
podemos apontar que os conselhos de políticas públicas têm elementos que merecem ser
refletidos e compreendidos pelos conselheiros e demais envolvidos com as instâncias
representativas, que podem ser:
municípios possuem essa estrutura. Tal realidade pode ser explicada por um instrumento
importante da política cultural do estado é o chamado ICMS Patrimônio Cultural 3. Pioneiro
entre todos os estados brasileiros, criada em 1995 e continuamente aprimorada, a lei
conhecida também como Lei Robin Hood, define critérios de repasse de 25% do ICMS –
Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – aos municípios que
cumprirem metas de trabalho nas áreas da saúde, meio ambiente, patrimônio cultural etc.
Entre os critérios principais está a existência de uma Política Cultural Local, que exige,
entre outros elementos, que os municípios criem Conselhos de Patrimônio Cultural.
Entretanto, como revela Moreira (2013), mesmo reconhecendo a importância desta política
estadual, a simples existência dos conselhos em si não é suficiente para garantir sua
efetividade enquanto espaço de construção de políticas públicas e de compartilhamento de
gestão:
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Para uma visão crítica deste instrumento ver a dissertação de Mestrado de Sara Glória Aredes Moreira intitulada “A Lei Robin Hood e seus
reflexos na gestão do patrimônio nos municípios mineiros”, disponível em
http://www.sistemas.pucminas.br/BDP/SilverStream/Pages/pg_ConsAreaConcentracaoDet02.html
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Conclusão
Referências
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Konrad Adenauer. Participação Cidadã: Novos conceitos e Metodologias. Fortaleza:
Expressão Gráfica e Editora, 2004.
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo, Companhia das Letras, 1989.
ARNSTEIN, Sherry R. A Ladder of Citizen Participation. Journal of the American Institute of
Planners, Vol. 35, Nº. 4, July 1969, pp. 216-224. Boston: American Institute of
Planners.
AVRITZER, Leonardo (Org.). Democracia, Desigualdade e Políticas Públicas no Brasil.
Relatório de pesquisa. Belo Horizonte, 2009.
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BRASIL. IPEA. Conselhos Nacionais: perfil e atuação dos conselheiros: Relatório de
Pesquisa. Brasília, DF, 2013.
CARNEIRO, Carla Bronzo Ladeira. Conselhos de políticas públicas: desafios para sua
institucionalização. In.: SARAVIA, Enrique, FERRAREZI, Elisabete. Políticas públicas;
coletânea. Brasília: ENAP, 2006.
DAGNINO, Evelina (2004) “¿Sociedade civil, participação e cidadania: de que estamos
falando?”. En Daniel Mato (coord.), Políticas de ciudadanía y sociedad civil en tiempos de
globalización. Caracas: FACES, Universidad Central de Venezuela, pp. 95-110.
KUNZLER, Caroline de Morais. A teoria dos sistemas de Niklas Luhmann. Revista Estudos de
Sociologia. Araraquara, 2004.
MATA MACHADO, Bernardo. Participação política e conselhos de cultura: uma proposta.
Disponível em <https://goo.gl/H6LBaC>. Acesso em: 19 out. 2012
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Sites
http://www.iepha.mg.gov.br/
http://www.cultura.gov.br/snc