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Até que ponto o mundo psicológico descrito por Dilthey compreende a historicidade
de sistemas culturais objetivados? Para cada categoria de expressão existe um aspecto
elementar da compreensão. Na compreensão, inicia-se primariamente das circunstâncias ou
costumes das relações em comuns. A relação como ação supõe, no decorrer das expressões
práticas externas, a influência de conhecermos dimensões da vida psíquica de outros
indivíduos que objetivaram a experiência vivida. Então na conexão entre o sentido interno e a
expressão, inicia-se na fase mais tenra da vida humana. A educação, a experiência no mundo
histórico-cultural determinado, compensa a existência vivida como possível, mas também
necessária à garantia de sua sobrevivência na sociedade pertencente. A pedagogia como
vivência se torna possível pela via do compartilhar experiências vividas na própria ação.
O compreender torna-se uma atividade familiar e comum, que realiza sua participação
na habitual vida do ser social. Esse não será método especializado, mas um lugar-comum
como escutar ou sentir as coisas no mundo externo. Entendemos de modo tranquilo e
correspondemos ou não a cortesia de um amigo, a sinalização de um sinal de trânsito, um
olhar erótico da pessoa amada, a ameaça de nossa integridade física. Estas capacidades de
interpretar de modo instantâneo, e não teórico, o mundo, nos faz seres sem mistérios entre
outros seres de mesma condição histórica. Exigindo apenas valor e sentimento na conexão
com o mundo circundante. “A criança cresce em uma ordem e em um hábito próprios à
família, os quais ela compartilha com os outros membros. Antes que aprenda a falar, ela já
imergiu totalmente no meio dos elementos comuns” (Dilthey, 2010, p. 189. Unesp).
Tanto a ordem, quanto o hábito serão o alicerce da cultura, de onde a criança
desenvolve no núcleo da estrutura e organização, o ethos formado no grupo familiar que esta
comunhão traz para os demais membros. Eis a conexão entre o Espírito Objetivo e o
significado interno sendo ambos as bases para toda a revivência. Nos termos lógicos,
entendemos as expressões utilizando de conclusão em conformidade que depende de
disposições assimiladas na relação geral, e compreendemos que a manifestação da experiência
vivida será distinta do feitio dessa conexão. Disto conclui na ligação que a conexão principal
não será dedutiva. Não haverá uma lei universal que nos proporcione um princípio metafísico
indiscutível, mas apenas alguns poucos princípios da vida ética afeiçoada e feixes de impulsos
já conhecidos pelas demais culturas, “… como simpatia, aspiração à perfeição e à felicidade e
sentimento de obrigação em relação a compromissos recíprocos” (Dilthey, 2010, p. 465.
Edusp). O homem se realiza face ao outro, no núcleo do mundo social pertencente, sem se
abandonar a si mesmo ou dissolver-se. O vínculo criado entre pessoas e o conjunto coletivo
será um dos grandes desafios para as Ciências do Espírito. É o meio social que condiciona ao
criar este sujeito idealizado, moldado, formado, constituído, educado ou é esta individualidade
consciente que forja o próprio círculo sociável, na realização de um melhor atendimento às
suas necessidades e inclinações internas?
Sobre a fundamentação do Espírito Objetivo, Dilthey propõe um conjunto de
postulados característicos da vida psíquica que assumem um caráter sistêmico de normas da
Educação. Estas regras possuem característica da ação e condicionamento dada pelo
indivíduo, podendo assumir outros princípios ou fins. Dilthey as coloca como meio e não fim
em si mesma: “Esse conjunto de regras forma a educação, porque esta não é um fim em si
mesma, antes está, como meio, a serviço do desenvolvimento da vida psíquica” (Dilthey,
2010, p. 469. Edusp). As regras são manifestações vitais expressas a partir da vontade
individual, condicionado através de ideias conclusivas sem determinações preexistentes.
Dilthey também afirma que a natureza dessas regras precisam está ligada a uma finalidade
com a vida, pois nenhum ponto de chegada com a vida foi apresentado pela metafísica, que
legitimasse analiticamente a sua universalidade nos povos, mas segundo as experiências,
talvez não aconteça por esta via metafísica. “Por essa razão, deve ser procurada somente na
própria vida psíquica uma teleologia que busque ser expressão de todos os enunciados de
validade universal sobre a finalidade da vida e base de todas as regras do agir” (Dilthey, 2010,
p. 469. Edusp).
Em Dilthey os sentimentos assumem o sustentáculo dessa vida psíquica, pois se
encontra na tarefa de realizar esta sensação que o indivíduo tem ao manifestar suas
experiências vividas. Os sentimentos segundo Dilthey se encontra entre duas realidades, que o
afeta de maneira incisiva e constante. A primeira realidade que este indivíduo se depara são as
imagens ou representações, e a segunda os impulsos da vontade ou feixe de instintos,
movimentos e ações. O nexo teleológico inicial das imagens e representações desta estrutura
psíquica classificada por Dilthey, como unidades vitais psicofísicas ocorridas dentro do nexo
teleológico, traz resquícios e sedimentações das relações de épocas, sistemas culturais
objetivados e da consciência histórica. O pensar, agir e sentir, são o que clareia o nosso
percurso aos objetos do mundo externo nos quais nos direcionamos. A outra relação
classificada como propriedades da vida psíquica e última conexão são os impulsos, desejo e
vontade que se alongam, a partir de sua vida biológica, unindo-se a realidade do mundo
externo, ou seja, o outro e a natureza. A descrição e análise compreensão-interpretação vê
nos sentimentos e impulsos, singularidades na maneira de suceder-se, mas indissociáveis das
ideias.
O primeiro postulado traz as sensações e impulsos manifestadas da vida psíquica como
estados variados. Estes mesmos estados variados são as formas elementares da compreensão
manifestas nas construções de ideias, conceitos, juízos e construtos maiores de pensamento. E
podem assumir diversas formas, dentro de elementos simples, combatendo comportamentos,
posturas e atitudes, reagindo às representações de outros indivíduos dentro do sistema cultural
objetivado, veiculadas pelos sentimentos e impulsos. Dilthey afirma que esta forma interna
assumida pela personalidade traz posicionalidades se os sentimentos estiverem, no coletivo,
inclinam-se para ações ou abandonadas em manifestações e opiniões. “Mas, quanto ao
conteúdo, transcorrem sempre os mesmos tipos de reação às representações – primeiro nos
sentimentos, depois nos impulsos – como formas diferentes do processo psíquico” (Dilthey,
2010, p. 471. Edusp). Toca a uma já estabelecida forma de reação da vida, perante sensações
qualitativas (Dilthey, 2010, p. 471. Edusp), tornadas objeto da vontade e anseio, recebendo
sentido e significado afeiçoado “… quando surgem contraste ou harmonia entre as nossas
sensações sonoras ou visuais, ou quando o registro dos estados de ânimo de outras pessoas
provoca simpatia e afeição” (Dilthey, 2010, p. 471. Edusp).
O segundo postulado apresenta a conduta dessa reação, que a análise feita pelos
sentimento e impulsos combinam ao selecionar as descrições como manifestações vitais
revelando o âmbito em que os mesmos sentimentos e vontades circulam. Esta sensação e
desejo continuam sendo um desdobramento do postulado anterior, pois encontramos nestes
sentimentos e impulsos afeições primárias que são estimulados por ideias, conceitos, juízos e
construções de pensamentos, condicionadas pela consciência deste sujeito do saber que
desenvolve seu mundo através do interesse centrado, formado, nas manifestações vitais,
impondo-se sobre os demais que também possui um círculo de sensações e estímulos à parte
do seu.
No terceiro postulado o início deste progresso psíquico, os vários comportamentos da
reação da vida, ou seja, sentimentos e impulsos não se encontram conectados de maneira que
venha trazer uma relação conjunta entre si. As ações propositivamente avança para um fim,
mesmo que seu resultado seja passível de aprovação ou não. “Somente o desenvolvimento da
vida psíquica produz, pela adaptação contínua entre eles, as relações que fazem surgir no
indivíduo, e no desenvolvimento ascendente do reino psíquico e da história, o nexo
teleológico completo da vida psíquica” (Dilthey, 2010, p. 472. Edusp). A partir desta terceira
proposição, temos uma resposta a um possível fim, na construção de sociedades formadas a
partir de vivências isoladas, mas não desvinculada do convívio social a qual pertence, com
outros indivíduos isolados que se aproximam através de: sentimentos, percepção, pensamento,
impulsos, desejo e vontade, tornando assim o indivíduo isolado, completamente sociável com
outras individualidades.
Dilthey afirma que a Pedagogia até aquele presente momento não havia se conectado
as forças vitais do homem, isto é, o nexo teleológico da vida psíquica (Dilthey, 2010, p. 472.
Edusp), detalhada nos postulados acima, em seu valor científico em descrever e analisar as
indispensáveis manifestações vitais dentro do nexo psíquico, que se ligam aos sentimentos e
impulsos. Em Dilthey, ainda exemplifica a maneira de como a religião na sociedade e a
proposta pedagógica da inocência natural de Rosseau são unilaterais e resumo, de estruturas
no núcleo de sociedades, apenas de modo sucinto, verdades apresentadas nos três postulados
acima descritos, que em verdade as sociedades não estão limitadas apenas a estas duas
propostas de sistemas culturais objetivados, mas que outras estruturas que se apresentam
dentro do corpo social com seus sentimentos e impulsos, também se impõem sobre estes dois
sistemas a saber: o direito, a economia, a política, os sistemas éticos, a arte, a estética, as
línguas e a educação.
Toda estas características até aqui apresentada, compõem o feitio caracterizador do
mundo psicológico do indivíduo isolado, mas não desvinculado do convívio de outros
indivíduos. Estes atributos constituem, igualmente, afins, as concepções, ideias e pensamentos
essências na revivência na elaboração da educação e também na direção para a estruturação
da ciência pedagógica. Nos feitos realizados pelos indivíduos podemos perceber uma
harmonização na relação das partes para o todo e o caminha inverso do todo à parte, ou seja,
certa compatibilidade e perfeição. Estando sujeitados as regras da educação, produzidos
dentro da própria vivência da vida revelando seu método circundado pelo meio social em que
se relaciona este indivíduo, desaguando na humanidade manifestando sua evolução na
consciência histórica:
Somente nos é possível apreender o significado da vida, se formos capazes de
acompanhar aquele balanço dialético inerente à lógica, aquele ritmo pendular que
vai da parte ao todo e volta do todo à parte. Assim pulsa a vida e só assim podemos
ousar alcançar princípios universalmente válidos de conduta, estando eles ao mesmo
tempo irremediavelmente presos a soluções historicamente condicionadas. Afinal, a
filosofia diltheiana nos ensinou que a história é o registro humanamente
condicionado da manifestação da energia infinita do espírito. Ela é, na verdade,
regida pela relação hermenêutica entre o singular e o universal, entre o reino da
individualidade e o da regularidade (PACHECO AMARAL, 2012, 103).
Dilthey, agora tem a partir dos postulados a base para superar o problema da
universalidade, ou seja, a descrição feita na concepção de forças individuais, elaborados
dentro do nexo psicológico apontando seu caráter teleológico. Da causa adequada a afins 1, a
toma como regra conatural prática, baseando-se na causalidade produzida pela mesma. No
âmbito produzido pela causa adequada a afins, seu propósito é exatamente relacionar-se às
causas. “Na vida psíquica experimentamos de dentro uma relação dos processos como elos
isolados de um nexo que produz a preservação, felicidade e desenvolvimento dos indivíduos,
preservação e enriquecimento do gênero e da espécie” (Dilthey, 2010, p. 472; itálicos não
originais. Edusp).
Posteriormente, Dilthey observa que esses nexos teleológicos da vida e suas relações
temporais, as vivências e memória concretizam sua finalidade no feitio de sentimento ideal.
Esse ideal pode expressar posteriormente na forma de regras subjetivas ou filosóficas, feitio
que sabemos transferir em expressões objetivadas, determinando dentro de cada momento no
nexo teleológico como sua regra e postulado.
Podemos determinar as propriedades do nexo que realiza o seu objetivo de maneira
totalmente adequada, cabendo-lhe, portanto, o caráter da perfeição. Se, nesse nexo, a
perfeição de um elo ou a relação dos elos é expressa de uma maneira universalmente
válida, produz-se uma regra ou norma (Dilthey, 2010, p. 473. Edusp).
No âmbito de cada ação da vida espiritual, a busca pela clareza, concretizam-se através
de normas, desenvolvidas por meio de suas relações temporais, vivências e memórias como
elos isolados que se formam das forças individuais gerando sistemas externos maiores como:
a religião, a comunidade local, a família e o Estado. “As regras da vida moral e da criação
artística têm validade universal, independente da mudança das condições históricas,
permanecendo constantes em meio ao desenvolvimento” (Dilthey, 2010, p. 473. Edusp). Estas
forças individuais, são o motor do dinamismo histórico desenvolvidos a partir dos
sentimentos, impulsos, desejos e vontades, o feitio e centro da vida psíquica.
Tais forças individuais determinam a condição cultural, também as sensações vindas
das manifestações vitais o conteúdo que estas trazem, acabam por formar a multiplicidade de
Sistemas Culturais Objetivados alicerçados nas unidades vitais psicofísicas, das impressões e
objetivos. No ethos criado por um povo, cultura e sociedade, encontramos várias estruturas
maiores objetivadas vinculadas às forças individuais, pois em cada tempo cria-se um modelo
de homem, as suas vontades, desejos e sentimentos perduram nas gerações que os sucedem.
Em cada época da sociedade, objetiva-se só um conjunto incompleto na formação do nexo
inteiro da vida psíquica, as forças individuais que não foram incorporadas pelos Sistemas
Objetivados, rompem em manifestações vitais expressando suas forças individuais
1 Causa aequat effectum. Expressão cunhada pelo autor para apresentar o processo do nexo teleológico da vida
psíquica.
ressignificando e condicionando a durabilidade de cada Sistema Cultural Objetivado. “Por
mais diversas que sejam as formas de educação, o desenvolvimento de cada criança deve
produzir o aperfeiçoamento dos processos e de suas ligações, que agem em conjunto no nexo
teleológico da vida psíquica” (Dilthey, 2010, p. 473. Edusp).
Em cada unidades vitais psicofísicas manifestas no nexo teleológico da vida encontra-
se um aperfeiçoamento e funcionamento, apresentando-se como condição essencial de toda
expressão do mundo psicológico. E todo o objetivo da vida mesma está condicionada
factualmente pela Consciência Histórica. A culminância da vida psicológica em cada
manifestação vital nos processos adequados a afins e nexo da vivência psíquica, estão
condicionados na configuração universal, encontradas em cada contexto histórico revivido e
objetivado de maneira concreta. “Em sua plenitude e realidade concreta, o ideal educativo de
uma época e de um povo é condicionado historicamente” (Dilthey, 2010, p. 474. Edusp).
O termo Educação utilizado por Dilthey, nos diz muito sobre as ações realizadas por
docentes e adultos ao direcionar-se a vida psíquica de crianças e jovens, pois a condição
empregada na sua essência nos traz uma compreensão mais ampla no momento em que,
direcionamos nossa atividade para a realização de um fim. Gerando em segundo lugar o efeito
educacional. Será neste nexo que adentraremos na realidade educativa dos indivíduos, ao
compreendermos ações de pessoas que assumem a tarefa de educar outros ao olharmos para
uma comunidade religiosa, em que seu pastor, pai de santo ou qualquer que seja este líder
comunitário religioso eduque sua comunidade. Dilthey coloca o termo Educação quando esta
ação da atividade de realidades educativas produz no sujeito o fim esperado de sua atuação,
uma vez que a criança não tem o fim em si mesmo, mas conduzida pela ação do docente que
lhe indica o caminho a ser percorrido a partir do nexo teleológico da vida, retirados dos
sistemas culturais objetivados. Podemos compreender que a Pedagogia não será um sistema
de regras criado para bem conduzir as ações dos indivíduos em formação, mas será o
conhecimento produzido pelo sistema de relações temporais, vivências e memórias advindas
das unidades vitais psicofísicas, ou seja, não sendo fechada em si mesna, mas sendo o
conhecimento aplicado na composição educacional atingindo assim, o seu objetivo esperado o
de ter uma Pedagogia que compreenda o sujeito nas suas vivências e vicissitudes da vida,
sendo uma Ciência por excelência do homem.
Uma pedagogia, entendida por esse ponto de vista, é o fim prático supremo para o
qual a filosofia pode conduzir. Mas, enquanto as instituições da sociedade não
perseguirem realmente esse fim como o último e supremo, a teoria da educação
deverá continuar restringindo-se à atividade dos adultos dirigida à geração jovem
com a finalidade de formá-la (Dilthey, 2010, p. 475. Edusp).
Em Dilthey, a dimensão histórica da vida seria criada em unidades vitais psicofísicas,
como: pensar, agir e sentir. Pessoas, populações, povos e nações, são realizações do Espírito
Objetivo, isto é, o homem real e concreto, forjado em suas experiências vividas. Todavia este
homem, durante o tempo em que se constitui unidade vital, ao mesmo tempo, é “feixe de
impulsos”, encontra-se imergido em Sistemas Culturais Objetivados criados pela sociedade
como: o Direito, Economia, Política, Ética, Arte, Filosofia e a Pedagogia, são expressões
manifestas pelas experiências em sociedades. Aqui pode parecer uma definição do
pensamento de Dilthey como sendo uma orientação holística, mas que, na verdade, não parece
anular a singularidade e caráter do indivíduo, mas continua a ser o objeto principal da
Descrição e Análise das Ciências do Espírito. O sujeito cognoscente não pode ser diminuído
dentro do todo de seu círculo social, mas sendo enigmático, isolado em vários domínios ou
grupos, este reage em vários círculos. As suas atitudes se tornam relevantes ao passo que as
partes de um todo realiza através da troca de dados, conectando a uma rede de outros fatores
como: valores e finalidades dentro da totalidade do seu contexto. Para Dilthey a educação
precisa de: “… Uma pedagogia que pretenda estar à altura dessas aspirações precisa ganhar da
ética o conhecimento de seu objetivo e da psicologia o conhecimento de cada processo
isolado e das medidas pelas quais a educação procura alcançar esse objetivo” (DILTHEY,
2010, p. 464. Edusp).
Em Dilthey, a vida histórico-social é fundamentada em estruturas sem centro, ou seja,
os Costumes, o Direito a Economia, a Política, a Arte, a Filosofia, as Religiões, as Línguas e
Sistemas Pedagógicos, formam disposições complexas e heterogêneas. São aspectos da vida
em sociedade que formam a abrangência do todo. A consequência criada por estes sistemas
exteriores manifestos pela vivência do mundo psicológico resulta na criação da consciência
histórica. Não haverá economia desprovida de direito, nem legislação destituída de Estado e
consequentemente nenhum meio social ficará sem um sistema educacional.
Dilthey desconhece qualquer individualismo não conectado com outros indivíduos,
que venha destacá-los do grupo social, ao contrário deve-se partir dos sujeitos, não existindo
tal indivíduo afastado de seu meio. A realização está na idealização de um homem real e
concreto em suas vicissitudes da vida e reciprocidades das relações com o meio social.
O objetivo da educação só pode ser derivado do objetivo da vida, mas este não pode
ser determinado de modo universalmente válido pela ética. A própria história da
moral nos ensina isso. O ser humano só descobre o que ele é e o que quer no
decorrer do desenvolvimento de seu ser através dos milênios, e nunca de modo
definitivo, nunca por conceitos universalmente válidos, mas sempre apenas por meio
de experiências vivas que provêm das profundezas de todo o seu ser. Toda e
qualquer fórmula de conteúdo sobre o fim último da vida humana revelou-se
historicamente condicionada. Até hoje, nenhum sistema moral conseguiu conquistar
reconhecimento universal (Dilthey, 2010, págs. 464, 465. Edusp).
[…] a sociedade de hoje vive, por assim dizer, sobre as camadas e ruínas do
passado; as sedimentações do trabalho cultural, na língua e na crença, na ética e no
direito, tal como, por outro lado, em transformações materiais que vão além de
anotações, contém uma tradição que, de maneira inestimável, apoia a anotação
(DILTHEY, 2010, p. 38; itálicos não originais. Forense Universitária).