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Dirceu Maués PDF
Dirceu Maués PDF
Resumo
O presente trabalho busca discutir a fotografia expandida, em especial as imagens com
pinhole do artista-fotógrafo paraense Dirceu Maués e suas fotografias produzidas em Belém
no famoso mercado Ver o Peso. A análise será guiada pelo processo criativo do fotógrafo, os
procedimentos utilizados para obtenção da imagem, as características e os resultados que
tornou sua obra reconhecida.
A fotografia está associada a fatores técnicos e a processos de aperfeiçoamento, porém
alguns fotógrafos-artistas fazem um resgate desses processos históricos produzindo imagens
dentro do campo das artes visuais.
O uso de processos alternativos parte de uma inquietação e necessidade de
experimentação dos artistas em relação à rígida linguagem fotográfica, onde os fotógrafos que
utilizam desses processos o fazem pois desejam ir além do aparelho. Os fotógrafos
denominados experimentais procuram respostas num contexto da liberdade dominado por
aparelhos, onde não se limitam aos mecanismos e dispositivos.
Desde seu advento a fotografia evoluiu constantemente, sendo hoje dominada pela
tecnologia digital. Segundo Flusser (2002), quem adquire um equipamento fotográfico,
procura o “último modelo” que geralmente é menor, mais fácil de manusear e melhor que o
anterior. Porém, em meio a tanta evolução existem aqueles que buscam em processos
manuais, históricos e não comerciais meios para fotografarem.
A fotografia está associada a fatores técnicos e a processos de aperfeiçoamento, porém
alguns fotógrafos-artistas fazem um resgate desses processos produzindo imagens dentro do
campo das artes visuais, denominado por Rouillé (2009) como neopictorialismo, que é o uso
de “materiais e procedimentos antigos, ultrapassados, arcaicos – fotografia com câmeras
artesanais (pinhole), o daguerreótipo, os positivos diretos e a goma bicromática.” (ROUILLÉ,
2009, p. 184).
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Contemporaneidade ao acaso
Susan Sontag (2004) afirma ainda que alguns fotógrafos a fim de conseguir
características criativas as suas fotografias, abandonam as câmeras cada vez mais
tecnologicamente avançadas, e partem para aparelhos toscos, acreditando conseguir resultados
mais livres e positivos, é o caso do fotógrafo-artista Dirceu Maués. Fotógrafo desde 1991
atuou como instrutor de oficinas de fotografia na Fundação Curro Velho, na década de 1990,
em Belém, onde também trabalhou como repórter fotográfico nos grandes jornais impressos
durante 12 anos. Desde 2003, desenvolve trabalho autoral nas áreas da fotografia, cinema e
vídeo, os quais têm como base pesquisas com a construção de câmeras artesanais pinhole e
utilização de aparelhos precários. Seus trabalhos já foram contemplados com prêmios e hoje
fazem parte de diversas coleções.
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Figura 2 – Ver o peso pelo furo da agulha. Dirceu Maués. 2004. Disponível em:
http://www.colecaopirellimasp.art.br/autores/221/obra/813 Acesso em: 15/01/2011.
Para que a imagem se forme no interior da câmera escura, é preciso que a luz entre
através de um orifício e atinja o material fotossensível. Se esse orifício é demasiadamente
grande, o tempo em que ficara exposto para incidência da luz será menor, e isso também
acarretará na nitidez da imagem formada no interior do aparelho. Quanto menor o buraco feito
pela agulha, mais nítida se torna a imagem, porém o tempo de exposição tende a ficar maior.
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Figura 3– Ver o peso pelo furo da agulha. Dirceu Maués. 2004. Disponível em:
http://www.flickr.com/photos/dirceumaues Acesso em: 15/01/2011.
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Figura 4– Ver o peso pelo furo da agulha. Dirceu Maués. 2004. Disponível em:
http://www.colecaopirellimasp.art.br/autores/221/obra/814 Acesso em: 15/01/2011.
Nas imagens produzidas pelo fotógrafo o importante não é a perfeição técnica que as
imagens atingirão, mas sim o caráter estético que o imprevisto trará, convertendo a baixa
tecnologia em alta característica poética, a poética da simplicidade. A teoria de Flusser ajuda
a entender a política por traz do aparelho, mas é o artista quem avança poeticamente.
Dirceu Maués em seu trabalho Ver-o-peso pelo furo da agulha, fotografou o famoso
mercado de Belém em mais 900 fotografias, todas as fotos foram produzidas com caixas de
fósforo, e apesar da precariedade do material, o fotógrafo-artista conseguiu resultados que
apenas ele, como conhecedor do ambiente e do equipamento conseguiria. O movimento está
presente em quase todas as fotos, assim como as sombras densas nas laterais, dando ao leitor a
atmosfera de sonho.
Figura 5 – Ver o peso pelo furo da agulha. Dirceu Maués. 2004. Disponível em:
http://www.colecaopirellimasp.art.br/autores/221/obra/812 Acesso em: 15/01/2011
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Conclusão
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Bibliografia
DIETRICH, Jochen. Câmara obscura: algumas idéias sobre a fotografia pinhole – nas artes,
na estética, na educação. Porto Arte, Porto Alegre, v. 9, n. 17, p. 61-72, 1998.
FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta: Ensaios para uma futura filosofia da fotografia.
Rio de Janeiro: Editora Relume, 2002
ROUILLÉ, André. A Fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Editora
Senac, 2009
PERSICHETTI, Simonetta. Novas Legendas. In: Bravo, São Paulo, Nº. 75, dezembro, 2003,
pp. 85 - 89.
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