Você está na página 1de 106

C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ


VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO – VRG
COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CEaD

Coleção Educação a Distância


Série Livro-Texto

Eusélia Paveglio Vieira

CUSTOS E FORMAÇÃO
DO PREÇO DE VENDA

Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil


2008
1
 2008, Edit ora Unijuí C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA
Rua do Comércio, 1364
98700-000 - Ijuí - RS - Brasil
Fone: (0__55) 3332-0217
Fax: (0__55) 3332-0216
E-mail: e ditora@unijui.edu.br
www.editoraunijui.com.br
Editor: Gilmar Antonio Bedin
Editor-adjunto: Joel Corso
Revisão: Véra Fischer
Capa: Elias Ricardo Schüssler
Designer Educacional: Karin Strohschoen
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa:
Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)

Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí

V658c Vieira, Eusélia Paveglio.


Custos e formação do preço de venda / Euselia Paveglio
Vieira. – Ijuí : Ed. Unijuí, 2008. – 106 p.; il. – (Coleção
educação a distância. Série livro-texto).
ISBN 978-85-7429-695-1
1. Contabilidade. 2. Contabilidade de custos. 3. Plane-
jamento. 4. Controle financeiro. I. Título. II. Série.
CDU : 657

2
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Sumário

CONHECENDO A PROFESSORA ..............................................................................................7

UNIDADE 1 – ORIGEM E CONCEITOS DA CONTABILIDADE DE CUSTOS


E A TERMINOLOGIA UTILIZADA PELA MESMA .......................................9

Seção 1.1 – Origem e Conceitos da Contabilidade de Custos ..................................................9

Seção 1.2 – Ter minologias Aplicadas na Contabilidade de Custos ........................................14

1.2.1 – Os problemas da identificação da terminologia


aplicada à contabilidade de custos ..........................................................16

UNIDADE 2 – CL ASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS .....................................................................19

Seção 2.1 – A Separação dos Gastos em Custos e Despesas ...................................................19

2.1.1 – Quanto à tomada de decisão .....................................................................21

2.1.2 – Quanto à identificação ...............................................................................21

2.1.3 – Quanto ao volume de produção ...............................................................22

UNIDADE 3 – ESQUEMA BÁSICO DE CONTABILIDADE DE CUSTOS ...........................29

Seção 3.1 – Custos com Mão-de-Obra .......................................................................................30

3.1.1 – Mão-de-obra direta .....................................................................................31

3.1.1.1 – O que integra a mão-de-obra direta ........................................31

3.1.1.2 – Ociosidade ....................................................................................32

3.1.2 – Mão-de-obra indireta .................................................................................33

Seção 3.2 – Custos com Materiais ..............................................................................................34

3.2.1 – Métodos de Avaliação e Controle de Estoques .......................................35

3.2.2 – Cálculo dos custos com materiais (estoques) ..........................................36

3
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

3.2.3 – Cálculo do controle de estoques – métodos PEPS e PMPM ................38

3.2.4 – Condições básicas para o controle dos estoques ....................................40

Seção 3.3 – Custos Indiretos de Produção e/ou Fabricação ....................................................40

3.3.1 – Previsão da taxa de aplicação de custos indiretos


de fabricação (produção) ............................................................................41

3.3.2 – Desvantagens de distribuição dos custos indiretos


de fabricação (produção) ...........................................................................43

3.3.3 – Critérios de rateio dos custos fixos e variáveis ........................................44

3.3.4 – Depart amentalização ..................................................................................46

Seção 3.4 – Centro de Custos .......................................................................................................47

Seção 3.5 – Bases para Rateio dos Gastos Gerais e/ou Custos Indiretos de Produção .......50

UNIDADE 4 – SISTEMAS E MÉTODOS DE CUSTEIO ........................................................53

Seção 4.1 – Sistemas de Custeio ..................................................................................................53

4.1.1 – Sistema de acumulação por processo .......................................................54

4.1.2 – Sistema de acumulação por ordem ...........................................................54

4.1.3 – Sistema de custos conjuntos .....................................................................56

Seção 4.2 – Métodos de Custeio ..................................................................................................59

4.2.1 – Mé todo de custeio por absorção ...............................................................60

4.2.1.1 – A precificação com base no custo apurado


pelo método de custeio por absorção........................................62

4.2.2 – Método de custeio variável (direto) ..........................................................63

UNIDADE 5 – CUSTOS NAS DECISÕES DE PREÇOS .........................................................69

Seção 5.1 – O Processo de Formação de Preços ........................................................................69

5.1.1 – Condições que conduzem a formação dos preços ..................................74

Seção 5.2 – Formação do Mark-up ..............................................................................................78

5.2.1 – Finalidade .....................................................................................................78

4
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

UNIDADE 6 – APURAÇÃO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO, DO PONTO


DE EQUILÍBRIO E DA MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL ....81

Seção 6.1 – Margem de Contribuição ........................................................................................81

Seção 6.2 – Ponto de Equilíbrio ...................................................................................................83

6.2.1 – Condições básicas para o cálculo do ponto de equilíbrio .....................84

6.2.2 – Esquema básico do ponto de equilíbrio ...................................................84

6.2.3 – Tipos de ponto de equilíbrio ......................................................................85

6.2.4 – Análise gráfica do ponto de equilíbrio .....................................................87

6.2.5 – Benefícios do ponto de equilíbrio ..............................................................87

6.2.6 – Limitações do ponto de equilíbrio .............................................................88

Seção 6.3 – Margem de Segurança Operacional ......................................................................89

UNIDADE 7 – GESTÃO DE CUSTO E PREÇOS NA ATIVIDADE COMERCIAL ..............91

Seção 7.1 – Atividade Comercial – Definições ...........................................................................91

Seção 7.2 – Cálculo do Preço de Venda no Comércio ..............................................................92

7.2.1 – Métodos de precificação .............................................................................93

7.2.2 – Cálculo do csto de compra .........................................................................94

7.2.3 – Taxa de marcação (mark-up) .....................................................................95

7.2.3.1 – Obtenção do mark-up divisor .....................................................96

Seção 7.3 – Relatórios Gerenciais para Empresas Comerciais ................................................97

7.3.1 – Relatórios de controle da margem de contribuição ................................97

7.3.2 – As vantagens do cálculo da margem de contribuição ...........................99

7.3.3 – Outras informações para projeção do preço de venda........................ 100

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 103

5
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

6
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Conhecendo a Professora

EUSÉLIA PAVEGLIO VIEIRA

Nasci na Cidade de Porto Xavie r, na década de sessenta, sou


filha de descendentes italianos, inclusive possuo dupla cidadania,
brasileira e italiana. Nasci no interior, numa cidade pequena, sou
filha de agricultor e minha mãe era uma professora normalista, a
qual sempr e apostou que eu levava jeito para ser professora.

Fiz o primeiro grau na cidade onde nasci, o segundo grau fiz


em Santo Ângelo, iniciei no colégio Verzeri porque imaginava ser
professora, após o primeiro ano, passei para outra escola e fiz o
científico. A minha formação em nível superior ocorreu no curso
de Ciências Contábeis da Unijuí, concluído em 1991, fui muito
feliz na escolha, adoro minha profissão, tudo o que tenho e o que
sou, foi construído por meio dessa profissão maravilhosa. Posterior-
mente, fiz um curso de e specialização em Contabilidade, concluí-
do em 1993, na Universidade Regional Integrada. Em 1999 fui para
Salvador (BA) fazer o Curso de Mestrado em Contabilidade, que
era o meu sonho, só existiam dois cursos no Brasil nesta área. Nesse
período de dois anos que morei lá, fiz muitos amigos, conheci pro-
fessores que até então eram os grandes autores de obras que eu
consultava para elaborar o meu material de aula, tive o privilegio
de tê-los como professores e, especialmente o Prof. George Guerra
Leone como meu orientador da dissertação de mestrado.

Ao retornar à Uni juí em 2001, assumi a Coordenação do


Colegiado do Curso de Ciências Contábeis por quatro anos, mo-
mento muito especial de ensino aprendizagem e convivência com
os alunos. Também coordeno cursos de Pós-Graduação oferecidos
pelo departamento.

7
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Sou professora da Unijuí desde abril de 1991, atuo no curso

de graduação em Ciências Contábeis, especialmente nos compo-


ne nt e s c ur r ic ular e s C ont abi l i dad e de C ust os , Audi t or ia

Operacional, Sistemas de Informações. Também participo em di-


versos cursos de pós-graduação ofertados pela Unijuí.

Nestes últ imos quatro anos, participo da Comissão de Estu-


dos do Ensino Superior do Conselho Regional de Contabilidade
do RS, e sou avaliadora in loco dos cursos de Ciências Contábeis
pelo Inep/MEC.

Tenho um filho de doze anos, lindo, maravilhoso! Risos! Mas


ele tem um único defeito, é do inter!

Sou muito feliz com a minha escolha profissional e totalmente

realizada em ser professora, a sala de aula é o meu elixir diário.

8
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Unidade 1

ORIGEM E CONCEITOS Co ntabilidade de custos

Está voltada à análise dos


DA CONTABILIDADE DE CUSTOS E A gastos realizados pela entid ade
no decorrer de suas opera-
TERMINOLOGIA UTILIZADA PELA MESMA ções.

Co ntabilidade ger encial


Para começar a trabalhar com custos, precisamos conhecer a
Está voltada à administração de
origem da contabilidade de custos, o que é, onde se aplica, bem emp resas, não se condiciona
às imposições legais, tem o
como a terminologia utilizada pela contabilidade de custos e sua objetivo de gerar infor maçõ es
úteis para a to mada de
diferenciação entre os termos. No final desse capítulo, você terá o
decisão.
entendimento do que trata a contabilidade de custos, sua utiliza- Fo nte: Bruni e Famá (2004, p.
22 ).
ção e aplicação nos diferentes ramos de atividades, sejam eles in-
dustriais, comerciais e de serviços, bem como a nomenclatura uti-
lizada para a definição dos termos que compõem o custo de produ-
ção de um produto industrial.

Seção 1.1

Origem e Conceitos da Contabilidade de Custos

A incessante caminhada rumo à rentabilidade dos negócios

direciona a busca do aperfeiçoamento dos processos administra-

tivos. Para atingir este objetivo, a presença de profissionais capa-

citados se faz cada vez mais ne cessária. Há algum t empo se ad-

ministrava intuitivamente e se atingia o sucesso, porém na atua-

lidade, dado à acirrada competitividade e imposições do merca-

do, a qualidade e a necessidade da informação gerencial se es-

tende por todos os ramos da administração empresarial.

9
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Contabilidade financeir a
Assim sendo, ao longo dos anos, pesquisadores aliados nas
Está con dicionad a às imposi-
ções legais e registros fiscais. diversas ciências conseguiram suprir uma deficiência preocupante
da área gerencial, adequando a terminologia usada para os di-
versos níveis de usuários e proporcionando um suporte de enten-

dimento melhor direcionado à Contabilidade de Custos que apre-


senta e analisa um conjunto de tópicos adequados às necessida-
des impostas pela modernidade.

Segundo o Professor Iudícibus (apud Leone, 2000), escrever

um livro da área Contábil, principalmente de custos, além de de-


safiadora é também uma necessidade, mormente no Brasil, tendo
em vista que ainda dispomos de poucos textos de excelente qua-

lidade sobre o assunto.

A produção cientí fica e did áti ca tem r evis to té cnicas

costumeiramente usadas, que passaram por uma análise mais


aprofundada, proporcionando à contabilidade de cust os uma vi-
são gere ncial mais abrangente.

A contabilidade de custos teve seu princípio na Revolução


Industrial a partir do momento em que as organizações, até aí

mercantilistas, passaram a comprar matéria-prima para transfor-


mar em novos produtos.

Segundo Martins (1998, p. 12) a contabilidade de custos


nasceu da contabilidade financeira quando havia a necessida-

de de avaliar os estoques na indústria especificamente. Anterior-


mente os produtos eram fabricados por artesãos, sendo que estes
eram constituídos por pessoas físicas, que pouco se preocupavam
com os custos de seus produtos. Todavia, naquela época, o pro-

cesso de produção era muito semelhante ao processo artesanal,


que entendia por custo basicamente a matéria-prima e a mão-de-
obra, que e ram sem dúvida os mais relevantes.

10
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Dad os monetár ios


Com o desenvolvimento e o emprego cada vez mais intensi-
Valor gasto com mão-de- obra,
vo das máquinas no processo de produção, os novos custos apare- mater iais para a elabor ação de
ceram tornando bem mais complexos os métodos para medi-los. A um pro duto, en tre outros.

complexidade destes métodos contábeis, capazes de solucionar


Dados físicos e operacionais
cada vez com mais rapidez os custos de fabricação, foi que deu
Unidades produ zidas, hor as
origem à contabilidade de custos. trabalhadas, q uantidade de
requisiçõ es de materiais e de
ordens d e produção, entre
A princípio a contabilidade de custos, de rivada da contabi- muito s outros.

lidade financeira e da contabilidade geral, foi concebida como


um instrumento para resolução dos problemas da mensuração
monetária dos estoques e do resultado das organizações, não sen-
do, num primeiro momento, utilizada como ferramenta gerencial
de administração (Schier, 2006).

Neste cenário, surgem os conceitos de Contabilidade de


Custos. Conforme Leone (1997, p. 16), “a Contabilidade de Cus-
tos é o ramo da Contabilidade que se destina a produzir informa-
ções para os diversos níveis ge renciais de uma entidade, como
auxílio às funções de determinação de desempenho, de planeja-
mento e controle das operações e de tomada de decisão”.

Nesta linha, Passareli e Bonfin (2002) definem a contabili-


dade de custos como sendo aque la que se destina à geração de
informações contábeis de interesse dos usuários internos à em-
presa, servindo de apoio indispensável a decisões gerenciais das
mais diversas naturezas.

Portanto, a contabilidade de custos cole ta, classifica e re-


gistra os dados operacionais das dive rsas atividades da entidade,
denominados de dados internos, bem como, algumas vezes, cole-
ta e organiza dados externos. Os dados coletados podem ser tan-
to monetár ios como físicos. É neste ponto que reside uma das
grandes potencialidades da Contabilidade de Custos: a combina-
ção de dados monetários e físicos resulta em indicadores gerenciais
de grande poder informativo.

11
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Na seqüência, a Contabilidade de Custos acumula, organiza, analisa e interpreta os da-

dos operacionais, monetários e físicos e os indicadores combinados no sentido de produzir, para


os diversos níveis de administração e de operação, relatórios com as informações de custos soli-

citados. Genericamente é possível visualizar o sistema de custos conforme a Figuraa seguir.

Coleta dos dados Processamento Informações

Seleção dos dados Acumulação Relatórios gerenciais


Planejamento Organização
Treinamento Análise
Organização Interpretação

Apoio da Sistemas de custos Em conjunto


Administração Critérios básicos com o usuário
Procedimentos,
Registros

Figura 1: Fases da Contabilidade de Custos – transformação de dados em informação


Fonte: Leone (1997).

Outra particularidade da Contabilidade de Custos é que ela trabalha dados operacionais


de vários tipos: os dados podem ser históricos, estimados (futuros), padronizados e produzi-
dos. Aqui reside, também, uma das fortes vantagens da Contabi lidade de Custos. Ela pode
(e deve) fornecer informações de custos diferentes para atender a necessidades gerenciais
diferentes.

Especificamente, a Contabilidade de Custos objetiva:

a) Avaliação de estoques;

b) Atendimento das exigências fiscais;

c) Determinação do resultado;

d) Planejamento;

12
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

e) Formação do preço de venda;

f) Controle gerencial;

g) Avaliação de desempenho;

h) Controle operacional;

i) Análise de alternativas;

j) Estabelecimento de parâmetros;

k) Obtenção de dados para orçamentos;

l) Tomada de decisão.

Portanto, por que estudar custos é necessário? Quais são as razões para estudar
custos?

Determinação do lucro:
empregando dados
originários dos registros
convencionais contábeis, Controle das operações:
ou processando-os de e demais recursos produtivos
maneira diferente, como os estoques, com a
tornando-os mais úteis à manutenção de padrões e
gestão. orçamentos, comparações
entre previsto e realizado.
Tomada de decisões:
o que envolve produção
(o que, quanto, como e
quando fabricar);
formações de preços,
escolha entre fabricação
própria ou terceirizada.

Atender necessidades gerenciais de 3 tipos

Informações sobre Auxílio no Informações para


a rentabilidade e planejamento, a tomada de
desempenho de controle e decisões
diversas atividades desenvolvimento
da entidade das operações

Figura 2: Razões para Estudar Custos


Fonte: Adaptado de Bruni e Famá (2004).

13
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Seção 1.2

Terminologias Aplicadas na Contabilidade de Custos

A utilização de uma terminologia homogênea simplifica o entendimento e a comuni-


cação. Com tantos termos de diferente expressão, porém significados semelhantes, por vezes
o profissional experiente sente-se confuso em seu entendimento. Então imagine o principian-
te! Por isso, faz-se necessário criar uma nomenclatura para custos. Neste sentido, consulta-
mos diver sos autores para que pudéssemos construir um entendimento comum entre nós,
que serão muito utilizados no decorrer deste componente.

Na terminologia usada em custos encontramos algumas definições que, segundo

Martins (1998), Br uni e Famá (2004), Berti (2006), Leone (2000), Bornia (2002), podem ser
assim definidas:

• Gastos : Os gastos ocorrem em todos os momentos e em qualquer setor da empresa. Este


termo é usado para definir as transações financeiras, com que a entidade arca para obter
um produto ou serviço qualquer, normalmente representado por entrega ou promessa de
entrega de ativos (normalmente dinheiro).

Ativos são os bens e


direitos de uma
empresa.

Diante disso, o gasto pode se r classificado como gasto de investimento (aquele que vai
ser ativado, ou seja, quando compra uma máquina, ela vai fazer parte dos bens da empresa)
ou como gasto de consumo (que será uma despe sa, por exemplo, quando eu compro mate-
rial de expediente), pois só existe gasto no ato da passagem para a propriedade da empresa
do bem ou serviço, ou seja, no momento em que existe o reconhecimento contábil da dívida
assumida ou da redução do ativo (dinheiro) em dado pagamento.

14
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

• Despesas : são bens ou serviços consumidos direta e indiretamente para obtenção de recei-

tas. As despesas são itens que reduzem o Patrimônio da empresa e têm características de

representar sacrifícios no processo de obtenção de receitas, portanto, todas as despesas

são ou foram gastos, mas alguns gastos muitas vezes não se tornarão despesas, ou só se

transformam quando de sua venda.

• Custos: é um gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou

serviços. Custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no

momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um

produto ou execução de um serviço.

• Insumos: são bens adquiridos para o consumo no processo de produção de novos bens ou

de prestação de serviços. Exemplo: material secundário; matéria-prima; embalagens; mão-

de-obra direta ou indireta; combustíveis e outros utilizados para o funcionamento dos

equipamentos na produção.

• Investimentos: São todos os sacrifícios havidos pela aquisição de bens ou serviços (gas-

tos) que são estocados nos Ativos da empresa para baixa (saí da) ou amortização (quita-

ção) quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento ou de sua desvalori-

zação. Exemplo: compras de máquinas para a produção.

• Perdas: bem ou se rviço consumido de for ma anor mal e involuntária, que representa a

diminuição de um ativo se m que haja a contrapartida de um a receita ou de um ganho.

São itens que vão diretame nte à Conta de Resultados, ou seja, são descontados do resul-

tado final após o lançamento das receitas menos as despesas (sobras). As perdas de pe-

queno valor são consideradas dentro dos cust os ou das despesas, sem ser feita separação,

pois os valores envolvidos são irrelevantes. Exemplos: perdas de tecido durante a fabrica-

ção de camisetas, perda na evaporação de produtos químicos durante a elaboração de um

medicamento, são perdas que são lançadas no custo de produção, são perdas previsíveis.

As perdas anormais são perdas não desejadas e não programadas durante um processo de

produção. Exemplos: perdas com incêndio, obsolescência de estoques, inundações, entre

outras.

15
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

• Desperdícios: Pode ser considerado um dos vilões da lucratividade devido à falta de con-

trole e improdutividade, ocasionando um ônus financeiro evitável. O profe ssor Berti (2006)
esclarece que desperdícios são gastos ocorridos nos processos produtivos ou de geração de

receitas que podem ser eliminados sem pre juízo da qualidade ou quantidade de bens,
serviços ou receitas geradas. Exemplos: trabalho decorrente de defeitos de fabricação;

estocagem e manutenção de estoques desnecessários, retrabalhos durante um processo de


produção, etc.

CU STO Matéria-prima
Aluguel de fábrica
Mão-de-obra

G ASTO ou

Despesas de venda
Administração geral
D ESPESA Despesa tributária

Figura 3: Terminologia Aplicada a Custos

1.2.1 – OS PROBLEMAS DA IDENTIFICAÇÃO DA TERMINOLOGIA


APLICADA À CONTABILIDADE DE CUSTOS

Expressar-se através de uma linguagem semelhante é simplificar o entendimento, por

isso o profissional de custos, precisa estar familiarizado com o ambiente operacional, bem
como, o usuário em relação ao significado das informações contábeis que esteja recebendo.

Entre os termos usados com maior freqüência destacam-se custos, despesas, gastos e
perdas, usados como se fossem sinônimos, mas vimos anteriormente que divergem entre si.

Segundo Leone (2000), a Figuraa seguir de monst ra uma visão bem resumida da
rotatividade de cada segmento, dando um entendimento da terminologia usada e sua fun-

ção e importância no contexto. A primeira parte, denominada aspecto financeiro, é a saída

16
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

de disponibilidades (normalmente dinheiro); ou assumir um compromisso. A segunda parte,

que são os gastos classificados pela Contabilidade como Investimentos e Consumo, repre-
senta o aspecto econômico. E a terceira parte concentra o aspecto contábil, que recebe

toda evolução operacional da empresa, proporcionando assim o resultado do exercício ou


da atividade.

1ª Parte
Aspecto Disponibilidade GASTOS Obrigações
Financeiro

2ª Parte
Aspecto
Econômico Gastos de Investimentos
(Ativos) Gastos de Consumo
(Custos ou despesas)

Estoque de
Mercadorias Permanente Materiais Mão-de-obra Despesas

3ª Parte
Aspecto Operacionais
Contábil
Desperdícios
e Perdas Comerciais e
Administrativas

Produção
Resultado

Figura 4: Fluxog rama dos Gastos


Fonte: adaptado de Leone (2000, p. 53).

17
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

18
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Unidade 2

CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS Processo produtivo

Elaboração de um produto,
por exemplo: o processo
produtivo para fazer pão,
Na unidade I você aprendeu a nomenclatura aplicada à acontece desde o momen to
em que é montada a receita
contabilidade de custos, sendo que uma delas, é a definição de
do pão, misturad os os
custos, que se refere à transformação de uma matéria-prima em ingredientes, amassados,
sovados, assados, até o
um produto acabado. Neste capítulo, você vai mergulhar em cus- produto ficar pronto.
Portanto, o processo de
tos, e também vai descobrir que todo o custo tem uma segunda
produção acontece du rante
classificação, conforme o seu grau de identificação (direto ou in- todo o momento em q ue
uma matéria-pr ima (farinha)
direto) e de variabilidade (fixos e variáveis), os quais serão desta- é tr ansformada em um
produto (pão).
cados na seqüência. Após a aprendizagem da classificação dos
custos, você já terá condições de entender e estruturar custos
dos produtos elaborados. Então mãos à obra!

Seção 2.1

A Separação dos Gastos em Custos e Despesas

Existem algumas classificações que apesar da sua utilida-


de, dizem respeito única e exclusivamente aos interesses de um
determinado tipo de entidade. Algumas dessas classificações in-
tegram importantes fases do ciclo operacional, ficando evidencia-
da a aplicação prática da separação.

Argumenta Schier (2006, p. 37), que só podemos atribuir devi-


damente o custo a cada processo produtivo de origem, seja fabrica-
ção, revenda de mercadorias ou prestação de serviços, se apurarmos
o custo da produção e o resultado em um determinado período. Para
isso, precisamos fazer a separação dos gastos em custos e despesas.

19
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

A separação de gastos em custos e despesas forma uma subdivisão quanto ao compor-

tamento e m relação às variações nos volumes de produção e de vendas, que podem ser
classificados da seguinte forma: fixos ou variáveis. Mas ainda temos uma nova classificação

desses mesmos gastos em relação à forma de distribuição e apropriação aos produtos, bas-
tante empregados e definidos segundo a necessidade a que devem atender, classificando-os

em diretos ou indiretos.

Na literatura você poderá encontrar várias maneiras de clas sificar os custos, porque
existe a necessidade de produzir informações de qualidade que atendam às expectativas dos
tomadores de decisão, ou seja, de atender às diferentes necessidades gerenciais.

CIF
MD MOD Despesas
Custos Indiretos de
Mão-de-Obra Direta
Materiais Diretos Fabricação
Matéria-Prima mensurada e Gastos não
Embalagem identificada de forma Custos que não são associados à
direta MD nem MOD produção

Custo primário Custo de


ou direto transformação

Custo total, contábil ou fabril

Gastos totais ou custo integral

Figura 5: Classificação dos Gastos


Fonte: Bruni; Famá (2004, p. 37).

Uma das maneiras de diferenciar os custos é quando ocorre a facilidade de identifica-


ção ou apropriação ao seu objeto de estudo. Assim sendo, a preocupação está em atribuir os
custos a seus portadores finais, o que significa dizer que os custos serão classif icados em
diretos ou indiretos de acordo com a dificuldade existente para a sua apropriação. As classi-
ficações de custos de maior aplicabilidade gerencial são as seguintes:

20
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Classificação Categorias Rateio

Quanto à tomada de decisões Relevantes Não Relevantes Quando falamos do termo


rateio , significa a for ma como
Quanto à identificação Diretos Indiretos vamos distribuir esses custos
ao s respectivos p roduto s. Por
Quanto ao volume produzido Variáveis Fixos exemplo: quand o você vai a
um restaurante com seus
Quadro 1: Principais classificações de custos amigos, se todos vocês jantam
co m uma ún ica comanda
Fonte: Wernke (2001, p. 13).
(conta), no final da n oite vocês
fazem um rateio entre as
pesso as que participaram da
janta, certo? Dessa mesma
forma acontece em uma
2.1.1 – QUANTO À TOMADA DE DECISÃO indústria durante o pr ocesso
de produ ção , aqu eles custos
que eu não identifico co m
Custos relevantes são aqueles que se alteram dependendo quem consu miu , por exemplo,
o aluguel, eu faço um rateio
da d e ci são tom ad a, e cus t os não r e le vant e s s ão os q ue en tre os produtos elaborados
no mês. Mais adiante, ter emos
independem da decisão tomada. Assim, os custos realmente im- um capítulo esp ecífico sobre
esse assunto, p ortanto não
portantes como subsídio à tomada de decisão são os relevantes;
fiq ue angustiado, nas próximas
os outros não necessitam ser considerados. Essa classificação é atividades chegaremos lá!

feita considerando-se uma única decisão a ser tom ada, sendo

válida apenas para aquela decisão (Wer nke, 2001).

2.1.2. – QUANTO À IDENTIFICAÇÃO

Ainda, segundo Wernke (2001), custos diretos são os gas-


tos facilmente apropriáveis às unidades produzidas, são aqueles
que podem se r identificados como pertencentes a este ou aquele

produto. Por sua natureza, características próprias e objetivida-


de de identificação no produto são imputadas por medições obje-

tivas ou por controles individuais como a ficha técnica do produ-


to, sem a necessidade de rateios.

Para Leone (2000) custos diretos são aqueles custos (ou


despesas) que podem ser facilmente identificados com o objeto
de custeio. São os custos diretamente identificados aos seus cau-
sadores, ou seja, quem consumiu aquele custo que se identifica

21
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

com o produto vai ter que assumir o seu valor. Para que seja feita a identificação, não há

necessidade de rateio. Exemplos: produção de pão (padaria industrial): matéria-prima, mão-


de-obra.

Custos indiretos, conforme Le one (2000), são os gastos que não podem ser alocados
de forma direta ou objetiva aos produtos ou a um grupo ou a outro segmento ou atividade
operacional, e caso sejam atribuídos aos produtos, serviços ou departamentos, serão median-
te critérios de rateio. São os gastos que a empresa tem para exercer suas atividades, mas que
não tem relação direta com um produto ou serviço específico, pois se relacionam com vários
produtos ao mesmo tempo. Às vezes, por causa de sua não relevância, alguns custos são
alocados aos objetos do custeio através de rateios. Neste caso, adotando o rateio, os custos
serão considerados indiretos. Exemplos: produção de pão (padaria industrial): seguros,
manutenção dos equipamentos, assessorias, aluguel, entre outros.

Matéria-Prima
DIRETOS MOD
Embalagem

C USTO S

INDIRETOS Administração
Honorários
Energia Elétrica
Água
Depreciação
Seguros
Outros

Figura 6: Classificação dos Custos em Diretos e Indiretos

2.1.3 – QUANTO AO VOLUME DE PRODUÇÃO

Custos variáveis são os que estão diretamente relacionados com o volume de produ-
ção ou venda. Quanto maior for o volume de produção, maiores serão os custos variáveis
totais. São os valores consumidos ou aplicados que têm seu crescimento vinculado à quan-

22
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Ba se de volume
tidade produzida pela empresa. Segundo Horngren, Foster e Da-
Quantidade de produto que
tar (1999), um custo variável é um custo que se altera em mon- vo cê vai produzir. Por exemplo:
na p adar ia industrial, se você
tante em proporção às alterações num direcionador de custo. Um
vai produzir 500 pães, são
direcionador de custo é qualquer fator que afeta os custos totais. necessários tantos quilo s de
farinha, tanto de fermen to, sal
e outros ingredientes; todos
eles são medidos fisicamente,
Segundo Leone (1997), os custos variáveis são os Custos
em quilos, unidades, gramas. E
(ou Despesas) que variam de acordo com os volumes das ativida- por que são variáveis? Po rque
vai depender do número de
des. Os volumes das atividades devem estar representados por unidades (pães) qu e você quer
produ zir, sendo assim, esses
base de volume, que são geralmente medições físicas. C usto va- cu stos vão variar d e acordo
co m a quantidade produzida.
riável é aquele que varia com o volume de qualquer atividade
que tenha sido escolhida como referência. Atende ainda ao fato
de que o custo variável no total é variável, mas, quando conside-
rado como custo unitário diante do quantitativo da base de volu-
me, ele é fixo.

Custos fixos são aqueles gastos que tendem a se manter


constantes nas alterações de atividades operacionais, indepen-
dentemente do volume de produção. São os custos que têm seu
montante fixado não em função de oscilações na atividade, ou
seja, sem vínculo com o aumento ou diminuição da produção.
Assim, esses custos permanecem no mesmo valor independente-
mente da quantidade produzida. Relacionam-se com a capaci-
dade instalada que a empresa possui e seu valor independe do
volume de produção, existindo independentemente de a empresa
estar produzindo ou parada. Segundo Horngren, Foster e Datar
(1999), um custo fixo é um custo que não se altera em montante
apesar de alterações num direcionador de custo.

Em relação aos custos fixos, Leone (2000) relata que são


custos (ou despesas) que não variam de acordo com o número de
unidades produzidas. Isto é, o valor total dos custos permanece
praticamente igual. Por exemplo: o aluguel mensal da padaria, ele
é um custo fixo mensal, independente do número de unidades pro-

23
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

duzidas, esse custo será o mesmo no final do mês. Portanto, ele é um custo fixo. Também

podemos citar outros itens de custos fixos, como os seguros, os contratos de manutenção de
sistemas, ou seja, qualquer item de custo que não altera o seu valor conforme a produção.

O entendimento dessas conceituações e classificações é de fundamental importância


para a realização de um sistema de custos, mas existem outras formas de diferenciação dos
custos, utilizadas conforme a necessidade gerencial de cada situação.

CUSTOS

IND I R E T O S
D IRETOS

variáveis fixos
variáveis

Exemplo: Exemplo: Exemplo:


Mão-de-Obra Direta Aluguel de fábrica Energia elétrica da fábrica
Matéria-prima Depreciação do prédio Materiais de limpeza da
Embalagem da fábrica fábrica

Figura 7: Classificação dos Custos

Na Figura7 podemos verificar a separação dos custos em custos diretos e i ndiretos.


Um fator que precisamos observar, é que todos os custos dire tos são classificados como
custos variáveis. Por que isso ocorre? Porque primeiro precisamos classificar os custos em
diretos, isso significa que é um custo que eu identifico com o produto que consumiu, por-
tanto eu tenho condições de medir, de saber o quanto eu gasto. Por exemplo: em relação à
matéria-prima utilizada na fabricação de uma camisa (tecido) eu sei que vou gastar 1 metro
para fazer uma camisa P, ou 1,5 metros para fazer uma camisa XG, ou se ja, eu sei as medi-
das e t ambém o valor do metro, port anto sei quanto vou gastar. E por que é variável? Porque
vai depender de quantas camisas eu vou fazer no mês. Se eu fizer uma, vou gastar X valor;

24
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

se eu fizer cem, vou gastar X valor vezes cem unidades. Portanto, os custos variam de acordo

com o núm ero de unidades produzidas. Assim acontece com a mão-de-obra direta, porque

se eu fizer uma camisa vou gastar X de tempo; se eu fizer cem, da mesma forma, vou ter que

calcular X de tempo vezes cem unidades.

Nesta mesma figura, ao observarmos os custos indiretos, verificamos em todos os exem-

plos que são custos em que não sabemos o quanto se gasta para fazer uma unidade de

produto. O aluguel, por exe mplo... Como eu sei quanto vai custar para fabricar uma cami-

sa? Então agora começamos a perceber os critérios de rateio como formas que e u preciso

utilizar para distribuir esses custos aos produtos. Neste sentido, podemos verificar na Figura

7, que todos os custos indiretos se classificam em fixos e variáveis. Os custos fixos são aque-

les que eu sei o valor total no mês, eles não apresentam variações. Por exemplo: aluguel,

seguros, depreciações. Os custos variáveis vão ter seus valores definidos conforme o consu-

mo, ou seja, se eu ligar as máquinas para fazer uma camisa eu vou gastar tantos kW de

energia, mas se eu fizer cem camisas, eu vou gastar uma valor maior no consumo de ener-

gia. Tanto os custos indiretos fixos, quanto os custos indiretos variáveis, precisam de critérios

de rateio para ser alocados aos produtos.

Na Figura 8 você pode observar os element os de custos e como eles são distribuídos

aos respe ctivos produtos. Olhe para o retângulo onde está escrito custos. Ao seu lado você

verifica os com ponentes de custos: MD, MOD e CIF. A partir daí, você pode verificar que os

custos diretos são levados aos produtos A, B e C, enquanto que os custos indiretos, passam

por outra fase, chamada de rateio, para que posteriormente sejam levados aos produtos A, B

e C. Quando os custos diretos são somados com os custos indiretos, teremos o custo total

dos produtos, os quais vão para a conta de estoque, porque eles estão prontos para serem

comercializados.

25
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

CUSTOS Produto A

DIRETOS

Produto B ESTO QUE

INDIRETOS

(+ ) RECEIT AS
Produto C
RATEIO (- ) Cu sto Prod u to s V endid o s

(- ) Desp esas

(= ) Result ado

Figura 8: Elementos de Custos


Fonte: Bruni; Famá (2004, p. 36).

Os custos, através de um sistema de apuração, têm a capacidade de nos fornecer tanto

informações de caráter Contábil como informações de caráter gerencial. Segundo Horngren,

Foster e Datar; Leone; e Martins, podemos destacar algumas delas:

Nas informações de caráter Contábil:

a) O valor global de custos de produtos acabados ou ordens de produção encerradas, bem

como aquelas em processo de fabricação no final do período contábil;

b) O cust o dos mat eriai s consumi dos, bem como as perdas ou quebras de produção

identificadas no período contábil;

c) O custo de remuneração e encargos sociai s e hora máquina apropriados por centro de

custo, produto ou ordem de produção;

d) Os custos dos produtos vendidos por linha de produtos ou ordem de produção em cada

período contábil;

e) O lucro bruto apurado por linha de produto ou ordem de produção em cada período

contábil.

26
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Já nas informações de caráter gerencial:

a) Análise dos custos fixos em nível de centro de custo e área de responsabilidade;

b) Análise do grau de participação e evolução dos custos de produção de comportamento


variável;

c) Análise da margem de contribuição por linha de produto ou ordem específica;

d) Análise das variações de custos considerados os números de caráter orçamentários ante-


riormente projetados.

27
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

28
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Unidade 3

ESQUEMA BÁSICO DE CONTABILIDADE DE CUSTOS

Neste capítulo trabalharemos os elementos dos custos, ou seja, o que compõe o custo

de produção de um produto. Nestes elementos incluiremos os custos com matéria-prima,

mão-de-obra direta (MOD) e os custos indiretos de produção. Inicialmente vamos conhecer

o que compõe o custo com mão-de-obra. Muitas vezes não conseguimos perceber que é

diferente o valor que recebemos na nossa folha de pagamento, do valor que a empresa preci-

sa recolher aos órgãos oficiais, além dos custos com férias, décimo terceiro salário, e outros

benefícios que compõem o valor pago aos colaboradores da empresa. Tudo isso está incluído

no custo com mão-de-obra.

Depois desse entendimento do quanto custa a nossa hora de trabalho, passaremos

para o segundo elemento de custo, que é o custo dos materiais que serão utilizados para a

elaboração do produto final, que também não é o valor de compra constante na nota fiscal.

Além disso, teremos que deduzir ou acrescentar impostos incidentes sobre a compra, fretes,

seguros, ou seja, tudo o que se gasta para ter o m aterial disponível na empresa.

Esses dois elementos de custos, ou seja, mão-de-obra e custos com materiais (matérias-

primas), são classificados como custos diretos, porque é possível mensurar, saber o real valor

gasto para cada unidade produzida. Já em relação ao volume de produção, esses custos são

classificados como custos variáveis, porque quanto maior a produção maior será o seu con-

sumo. Dentro de um período, portanto, esses custos variam de acordo com o número de

unidades produzidas.

O terceiro elemento de custos chamamos custos indiretos. Estes são os custos que não

se identificam diretamente com o produto a ser elaborado, são custos que fazem parte da

estrutura da empresa, que ocorrem independentemente da produção de A ou B. Apresentam

um grau maior de identificação com o produto final, sendo necessário fazer alocações, rateios,

29
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

distribuição entre os produtos. Estes critérios sempre são passíveis de discussão, porque

sempre são arbitrários, estabelecidos por meio de um indicador selecionado, seja número de

unidades produzidas, horas trabalhadas, quantidade de matéria-prima utilizada pelo pro-

duto. Seja qual for o critério, pode apresentar fragilidades. Os custos indiretos são classifi-

cados como custos fixos ou variáveis, e isso depende muito da produção.

Vamos utilizar o exemplo da padaria industrial. O aluguel, quando pago um valor

mensal, é considerado um custo fixo, porque independente do número de unidades produzi-

das o valor é o mesmo dentro do período. Já a energia elétrica é considerada um custo

variável, porque o seu consumo vai depender da utilização (produção) dentro do mês, o

qual aumenta ou diminui o valor conforme o número de unidades produzidas.

Ao final desse capítulo, você será capaz de entender como se compõe o custo de cada

elemento de custos, além de saber como distribuir os custos indiretos aos respectivos produ-

tos, conforme critérios que vamos estabelece r. A partir daqui, você já saberá o custo de

produção de uma unidade de produto, que poderá servir como base para a formação de

preços. Vamos lá! Estamos chegando a uma etapa muito importante do entendimento de

custos!

Seção 3.1

Custos com Mão-de-Obra

A mão-de-obra é o elemento humano utilizado para a transformação dos materiais

diretos e m um produto. As horas necessárias do pessoal ou da quantidade de funcionários

diretos, utilizados no processo de fabricação é que determina o custo com mão-de-obra. É

muito variável a participação da mão-de-obra no processo produtivo, pois depende do am-

biente em que se utiliza. A mão-de-obra pode ser classificada em mão-de-obra direta e mão-

de-obra indireta, conforme definiçõe s a seguir.

30
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

3.1.1 – MÃO-DE-OBRA DIRETA

Mão-de-obra direta é aquela re lativa ao pessoal que trabalha diretamente sobre o

produto em elaboração, desde que seja possível a mensuração de quem executou o trabalho,

sem necessidade de qualquer apropriação indire ta ou rateio.

Martins (2001) define mão-de-obra direta (MOD) como aquela representada pelos

operários envolvidos diretamente na elaboração de um determinado tipo de bem entre os

vários tipos que podem ser elaborados na empresa, numa fábrica ou num setor. É a mão-de-

obra cujo custo pode ser apropriado diretamente a cada um dos diferente s tipos de bens em

elaboração, no momento da ocorrência do custo, ou seja, durante o ciclo produti vo da em-

presa.

Na nossa padaria industrial, por exemplo, a mão-de-obra direta corresponde aos ser-

viços do padeiro, da confeiteira, ou seja, do pessoal que está ligado à produção do produto.

É literalmente quem põe a mão na massa! É quem faz parte dos setores de produção, quem

vai amassar, sovar, modelar, assar, embalar...

O custo da mão-de-obra direta é o custo de todas as atividades relacionadas com a

contratação, treinamento e apoio de pessoal, incluindo salários, gratificações, encargos so-

ciais e encargos trabalhistas.

3.1.1.1 – O que Integra a Mão-de-Obra Direta

Para calcular o custo da mão-de- obra direta é preciso calcular qual o valor a ser atri-

buído por hora de trabalho, baseado na legislação e no contrato de trabalho. São direitos do

trabalhador: repouso semanal remunerado, férias, 13º salário, contribuição para o INSS,

remuneração dos feriados, f altas abonadas, FGTS, e outros garantidos por acordos ou con-

venções coletivas de trabalho das diversas categorias profissionais.

31
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

DESCRIÇÃO VALORES
Salário Base
( + ) Adicionais
( +) Insalubridade
Ou periculosidade
SUB TOTAL
( + ) Provisão 13º salário
( + ) Provisão de Férias
( + ) Provisão 1/3 s/ Férias
SUB TOTAL
( + ) FGTS
( + ) INSS
( + ) Outros
( + ) Previsões
TOTAL DE CUSTO C/ MOD

Quadro 2: Base para Cálculo do Custo com Pessoal

Nº total de dias no ano ou mês


( – ) Repousos semanais remunerados
( – ) Férias
( – ) Feriados
( = ) Nº máximo de dias à disposição do empregador
( x ) jornada máxima diária (em horas)
( = ) Nº máximo de horas à disposição por ano ou mês

Quadro 3: Número de Horas que o Trabalhador Oferece à Empresa

Fonte: Martins (2001).

3.1.1.2 – Ociosidade

De acordo com Martins (1998), caso a ociosidade seja normal e o operário esteja sen-
do mantido parado, o mais comum é a acumulação desse tempo como Tempo Improdutivo
dentro dos Custos Indiretos para rateio à produção geral. Quando houver paradas apenas
em determinadas épocas do ano, a empresa precisa utilizar um sistema de provisionamento
para rateio desses custos indiretos a todos os produtos feitos no ano, e não somente aos
elaborados no mês ou nos poucos meses em que houver o tempo não utilizado da mão-de-
obra.

32
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Entretanto, se a parada for obrigatória por causa do tipo de produto que vem a seguir

pode ser interessante que e sse valor seja apropriado diretamente ao produto ou à ordem de

produção; isso se realmente o produto elaborado tiver como requisito constante tal parada

para preparação, fazendo parte da própria programação de sua fabricação. Se a preparação

ou outro tempo parado se de ver não ao produto que vai ser elaborado, e sim ao que acabou

de ser produzido, deve então ser atribuído a este.

Cabe salientar, que nos dias atuais, nem sempre o mercado paga o custo da ociosida-

de. Diante da competitividade e da concorrência por preços, inserir a ociosidade como um

custo indireto pode contribuir com a exclusão do produto do mercado. Simplesmente repas-

sar esse custo aos produtos, num primeiro momento parece ser confortável, mas pode ser um

grande problema aos gestores por não identificar os gargalos do seu processo produtivo, não

atacando o problema com eficiência. Antes de repassar esse custo aos produtos, é preciso

fazer uma avaliação da causa desse tempo de parada e depois avaliar se é possível atribuí-lo

ao produto. Caso for essa a opção, avaliar que impactos isso tem na formação do preço de

venda.

3.1.2 – MÃO-DE-OBRA INDIRETA

Se for necessário rateio sob qualquer critério para distribuir o custo da mão-de-obra,

devemos classificá-la como indireta. Considera-se mão-de-obra indireta todo o trabalho que

não pode ser perfeitamente identificado como pertencente a determinado produto.

Martins (2001) define Mão-de-obra Indireta como aquela representada pelos operários

ou outras categorias profissionais que não estão envolvidos diretamente na elaboração de

determinado tipo de bem, entre os vários tipos em elaboração. É a mão-de-obra comum a

vários tipos de bem em produção, cuja parcela pertencente a cada tipo de produção ou

função de custo é impossível de ser determi nada no momento de sua ocorrência. Conforme

nosso exemplo da padaria industrial, a mão-de-obra indireta corresponde ao pessoal de

limpeza, vigilância, gerente de produção, ou seja, quem está no suporte para que a produ-

ção aconteça.

33
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Os gastos com mão-de-obra variam muito de acordo com o tipo de atividade de uma

empresa, do tipo de tecnologia utilizada, da qualificação dos recursos humanos necessários,

entre outros fatores. Utili zando o exemplo da padaria industrial, o custo com mão-de-obra

direta em relação à unidade fabricada, vai variar dependendo do tipo de produto, do tempo

necessário para a elaboração do mesmo, da quantidade de pessoas envolvidas, além do

nível de automação da indústria.

Se o processo de produção da empresa é bastante artesanal, utiliza muita mão-de-

obra na e laboração do produto e seu custo t em uma representatividade maior na formação

do custo e preço do produto. Se a indústria possui um nível médio ou alto de automação, o

custo com mão-de-obra direta em relação à unidade produzida vai ser menor, ch egando ao

máximo de 5% do custo do produto. No segundo caso, vão existir outros custos como a

de pre ciação das m áq ui nas, o cons umo de e nerg ia, e ntre outros que vão t er uma

representatividade maior na composição do custo final.

Em ter mos gerais, podemos dizer que mão-de-obra é o recurso aplicado pela empresa

no serviço humano, quer em atividades diretamente produtivas, quer em atividades de ven-

das, distribuição e de administração.

Seção 3.2

Custos com Materiais

Entende Schier (2006) que o controle é de suma importância e inicia com a aquisição

pelo departamento de compr as, que deverá obedecer a critérios técnicos de avaliação da

qualidade da mercadoria ou material e compatibilidade de preço.

A continuação do processo de controle procede até o processo final de transformação

e segue as seguintes etapas:

34
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Baixa
• Almoxarifado – controle diário por meio de sistemas de entrada
Na empresa comercial você
das mercadorias ou materiais e controle das saídas por meio de vende mer cadorias. Exemplo:
uma loja de con fecções tem
requisiçõe s. No recebimento dos materiais deve ser procedida
100 camisas em estoque e
uma vistoria do acondicioname nto para evitar desperdícios. vende 5 num dia; a baixa vai
ocorrer no momento da venda.
Serve de base para os registros contábeis e também controle Já na empresa indu str ial vo cê
produ z. Exemplo: quando vai
físico de estoque. produ zir pão você vai utilizar
10 kg de farinha na sua receita;
no estoque de matéria-prima
• Controle dos desperdícios e das perdas de materiais – é ine- vo cê tem 10 0 kg de farinha e
vo cê vai baixar 10 kg pelo
rente, porém evitável, que durante o processo de produção ocor-
co nsumo da sua receita; ou
ra desperdício e perda de materiais que faze m parte da expecta- seja, a baixa vai ocor rer
quando a matér ia-prima vai
tiva da empresa. para a produção.

• Controle de rotina com perdas anormais – Com que freqüên-


cia ocorre, mesmo que involuntariamente, avaliação das cau-
sas e medidas de precaução. Exemplo: acabou a produção do
produto e veio um temporal que inundou toda a fábrica, todos
os produtos foram danificados.

3.2.1 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E CONTROLE DE ESTOQUES

Os métodos de avaliação de estoques visam separar os cus-


tos dos materiais, mercadorias e produtos entre o que foi consu-
mido ou vendido e o que permanece em estoque.

Vários são os métodos, nem todos aceitos pelo fisco em termos


tributários, de acordo com a legislação do imposto de renda. Neste
componente serão trabalhados os dois métodos utilizados pelas or-
ganizações e que são legalmente aceitos no Brasil, os quais são:

• PMPM – Preço Médio Ponderado Móvel: cada entrada por


custo diferente do custo médio anterior altera o custo médio, e
cada saída altera o fator de ponderação. A baixa é feita a cada
venda ou comunicação de consumo.

35
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

• PEPS – Primeiro que Entra, Primeiro que Sai: nesse mé todo, as baixas do estoque são
efetuadas pelo custo mais antigo, ou seja, o estoque é baixado à medida que ocorrem as
vendas pelo custo que ocorreu primeiro.

Segundo Schier (2006), esses métodos estão entre os aceitos pelo fisco em virtude de
proporcionarem uma base de cálculo do imposto de renda julgada adequada para fins de
arrecadação.

O valor final do produto de uma empresa é composto por vários componentes, e um


destes é a matéria-prima ou custo de materiais diretos, que e stão diretamente ligados ao
objeto de custo.

A Contabilidade de Custos com Materiais diz respeito ao levantamento, registro e forneci-


mento de dados envolvendo a circulação de materiais na empresa. Conforme Horngren, Foster
e Datar (1999), os custos de materiais são os custos de aquisição de todos os materiais que
posteriormente se tornam parte do objeto de custo (ou seja, unidades acabadas ou em processo)
e que podem ser identificados com o objeto de custo de maneira economicamente viável.

Neste sentido, pode-se dizer que a Contabilidade de Custos envolvendo materiais, está
diretamente ligada ao produto da empresa, podendo ser facilmente identificado o custo
agregado ao produto.

3.2.2 – CÁLCULO DOS CUSTOS COM MATERIAIS (ESTOQUES)

Os materiais abrangem uma vasta gama de insumos, suprimentos, produtos e mercadorias.

• Insumos são todos os materiais necessários no processo de produção de bens e serviços.

• Suprimentos são todos os materiais nece ssários ao preench imento das condições de fun-
cionamento das instalações e equipamentos.

• Produtos são os frutos da produção e ou fabricação própria, resultado da transformação


de bens e serviços em outros bens e serviços.

• Mercadorias são bens adquiridos pela empresa, para revenda, sem transformação.

36
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Ativo cir culante


O custo dos materiais adquiridos deve incluir todos os gas-
Grupo de co ntas do Ativo de
tos necessários para que ele chegue ao estabelecimento da entida- uma empresa, que significa os
bens e direitos da mesma.
de compradora. Na realidade, o custo de uma mercadoria adquiri-
da não é somente o valor constante da nota fiscal, mas o resultan-
te da soma deste com todos os gastos necessários para a coloca-
ção do produto em condições de venda. Normalmente, serão os
custos de fretes e seguros que aparecerão com maior freqüência.

Os materiais quando adquiridos são ativados no grupo de-


nominado de estoques, ocorrendo a baixa pela efetiva utiliza-
ção, seja ela na produção (ex: matéria-prima) ou no consumo
(ex: material de expediente), ou na comercialização (venda).

Os e stoques representam um dos mais importantes grupos


do conjunt o p atr im oni al , s e ndo cl ass i fi cado com o ativ o
circulante. A sua cor reta determinação é imprescindível no mo-
mento da apuração do resultado do exercício por tratar-se de um
dos componentes do cálculo do lucro líquido. Concei tualmente,
é possível identificar estoques como bens adquiridos ou produzi-
dos, com o objetivo de venda ou utilização pela empresa, em suas
atividades operacionais.

A contabilização de compras de itens de estoques, assim


como os itens das vendas a terceiros, deve ser o custo da trans-
missão do direito de propriedade dos mesmos. Dessa forma, a com-
posição dos estoques deve se dar pela posse de direito e não pela
posse física.

Segundo Iudícibus (1990), normalmente, os estoques são


compostos por:

a) Itens que existem fisicamente em estoques, exceto os que es-


tão fisicamente na empresa, m as que são de propriedade de
terceiros (consignações);

37
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

b) Itens adquiridos pela empresa, mas que estão em trânsito, a caminho na data do balanço;

c) Itens da empresa que foram remetidos para terceiros em consignação;

d) Itens de propriedade da empresa que estão em poder de terceiros para armazenagem,


beneficiamento, embarque, etc.

3.2.3 – CÁLCULO DO CONTROLE DE ESTOQUES – MÉTODOS PEPS E PMPM

O Método PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai), também conhecido pelas ini-
ciais em inglês FIFO (First In, First Out), considera os custos históricos realmente sucedidos,

em ordem, rigorosamente cronológica, quando do registro da saída de materiais.

O Método PMPM (Preço Médio Ponderado Móvel) realiza uma média dos custos his-
tóricos realmente sucedidos (valores reais) entre custos dos estoques e custos de aquisições.
Estes custos são ponderados pelas respectivas quantidades em estoque e adquiridos, e a
média é recalculada a cada nova entrada de materiais (a cada nova aquisição).

Histórico Data Entrada Custo Aquisição Saída Estoque Inicial


Estoque Inicial 01/03 5.000 kg
Compra 04/03 4.000 kg R$ 21,00
Consumo Fábrica 09/03 2.000 kg
Consumo Fábrica 14/03 6.000 kg
Compra 24/03 2.000 kg R$ 29,00
Consumo Fábrica 28/03 1.999 kg

Quadro 4: Exemplo – Suponhamos que em Março Deste ano o Movimento


do Depósito de Certo Tipo de Material Tenha Sido Conforme Apresentado neste Quadro

A Ficha Físico Financeira de Controle de Estoque para os dois métodos relacionados


com o preço (custo) de aquisição, teria a seguinte confi guração:

38
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

PEPS ENTRADA SAIDA SALDO


Histórico Data Quant. Custo Valor Total Quant. Custo Valor Total Quant. Custo Valor Total
Estoque
1/mar 5000 20,00 100.000,00
inicial
Compra 4/mar 4.000 21,00 84.000,00 9000 184.000,00

Consumo 9/mar 2000 20,00 40.000,00 7000 144.000,00

Consumo 14/mar 3000 20,00 60.000,00 4000 84.000,00

Consumo 14/mar 3000 21,00 63.000,00 1000 21.000,00

Compra 24/mar 2.000 29,00 58.000,00 3000 79.000,00

Consumo 28/mar 1000 21,00 21.000,00 2000 58.000,00

Consumo 28/mar 999 29,00 28.971,00 1001 29.029,00


TOTAL 6.000 142.000,00 9.999 212.971,00 1001 29.029,00

Quadro 5: PEPS – Primeiro Que Entra, Primeiro Que Sai (FIFO-First In, First Out)

PMPM ENTRADA SAIDA SALDO


Histórico Data Quant. Custo Valor Total Quant. Custo Valor Total Quant. Custo Valor Total
Estoque
1/mar 5000 20,00 100.000,00
inicial
Compra 4/mar 4.000 21,00 84.000,00 9000 20,44 184.000,00

Consumo 9/mar 2000 20,44 40.888,89 7000 20,44 143.111,11

Consumo 14/mar 6000 20,44 122.666,67 1000 20.444,44

Compra 24/mar 2.000 29,00 58.000,00 3000 26,15 78.444,44

Consumo 28/mar 1999 26,15 52.270,15 1001 26,15 26.174,30


TOTAL 6.000 142.000,00 9.999 215.825,70 1001 26,15 26.174,30

Quadro 6: PMPM – Preço Médio Ponderado Móvel

No exemplo proposto temos, para o mês de março:

Método/Valor PEPS PMPM


Consumos 212.971,00 215.825,70
Estoque Final 29.029,00 26.174,30
Valor Total 242.000,00 242.000,00

A apropriação dos custos com materiais, tanto primários (matérias-primas, materiais


secundários e componentes) quanto materiais auxiliares (materiais de limpeza, de laborató-
rio e de expediente) está intimamente ligada ao controle dos estoques.

39
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

3.2.4 – CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O CONTROLE DOS ESTOQUES

A perfeita organização e o eficiente funci onamento do controle dos estoque s, exigem

a observância de certas regras básicas, a saber:

a) O almoxarifado deve dispor exclusivamente do controle físico dos materiais, efetuado


através de fichas ou de sistemas informatizados;

b) O controle físico monetário deve estar a cargo de outro órgão, que também prepara todos
os relatórios concernentes a entradas ou insumos de materiais;

c) As entradas de materiais, bem como as devoluções e acertos de diferenças, devem obede-

cer a um fluxograma rigorosamente determinado, de forma a definir pe rfeitamente os


procedimentos e responsabilidades;

d) Toda a movimentação de materiais deve ser realizada com base nos competentes documen-
tos de controle: requisições de materiais e notas de devolução de materiais ao almoxarifado;

e) Se possível, deve ser implantado um sistema rotativo de auditoria dos estoques, de forma
a obter permanente correspondência entre os saldos (da ficha ou do sistema) e os saldos
físicos e, ao mesmo tempo, dificultar os desvios de materiais.

Beulke e Berto (2005) salientam que a organização dos materiais diretos e indiretos não
apresenta diferenciação. Esta se encontra apenas na forma de apropriação desses custos.

Seção 3.3

Custos Indiretos de Produção e/ou Fabricação

Os custos indiretos de fabricação são formados por aqueles custos que não se pode
identificar ao portador final, ou seja, não se pode mensurar quanto deste custo realmente
pertence a determinado produto ou serviço final. Por essa razão, para alocar esses custos
são utilizados critérios de rateio.

40
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

É preciso ter cuidado no momento de escolher a base do crité rio de rateio a ser usada;

isso poderá provocar um resultado equivocado que não reflete o valor real deste custo, afe-

tando assim, a avaliação dos estoques, bem como para fins gerenciais (tomada de decisão) e

de controle do sistema de custos.

Segundo CRS-SP (1992), a evolução tecnológica na área e no desenvolvimento de

produtos implicou redução significativa na quantidade de matéria-prima consumida por

unidade de produto acabado, tornando esse custo direto muito menos importante . A capa-

cidade tecnológica e a própria sofisticação crescente nos hábitos dos mercados consumido-

res têm r esultado em maior diversidade de produtos e de suas características de desempe-

nho. Um produto básico pode, hoje, apresentar diferentes versões e modelos em termos de

desempenh o e outras características. Cada vez mais são desenvolvidos novos produtos e

novas formas de desempenhar uma função ou de atender uma necessidade.

Essa discussão mostra, com clare za, a relevância crescente dos processos de alocação

de custos indiretos de fabricação, tanto no que se refere à demonstração dos resultados e da

posição financeira das organizações quanto a outras dimensões importantes da gestão em-

presarial.

3.3.1 – PREVISÃO DA TAXA DE APLICAÇÃO DE CUSTOS


INDIRETOS DE FABRICAÇÃO (PRODUÇÃO)

Para Martins (1998) alguns custos indiretos não ocorrem homogeneamente durante o

período. É comum encontrarmos empresas que têm a quase totalidade da manutenção rea-

lizada em certas épocas do ano. Ou então existem as férias cole tivas, e nesses casos temos

necessidade de distribuir esses custos à produção do ano, já que não podemos descarregar

tais itens como despesas ou apropriá-los ao mínimo de bens fabricados.

Leone (1997) relata que caberá à Contabilidade de Custos expurgar dos custos os

efeitos da flutuação imprevista, para poder prestar aos diversos níveis gerenciais informa-

ções que reflitam, antes de tudo, as operações normais.

41
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Segundo Martins (1998), a empresa terá que prever quais os custos indiretos de fabri-
cação ocorrerão, como serão distribuídos pelos diversos departamentos, e como serão alocados
aos produtos. Precisa antecipar o que fará até o final do período para trabalhar com essa
previsão. São necessárias:

• Previsão do volume de produção;

• Previsão dos CIF variáveis totais, a partir da previsão do volume de produção;

• Previsão dos CIF fixos para o período;

• Fixação do critério de apropriação dos CIF aos produtos.

De acordo com Leone (2000), contabilmente, a administração das despesas indiretas


observará:

a) Cada departamento da empresa – seja de apoio ou operacional – fará a estimação das


suas despesas de fabricação. Esse trabalho de estimação é feito antes que o período em
estudo se inicie e as previsões são feitas segundo as condições normais em que serão
realizadas as operações;

b) É feita a apropriação das despesas de fabricação dos departamentos de apoio para os


departamentos operacionais;

c) Para cada departamento produtivo, seleciona-se uma base de rateio. O pessoal operacional
faz a estimação dos quantitativos de cada base de rateio, para o próximo período, de
acordo com o nível de atividade que espera executar;

d) A divi são das despesas estimadas de cada departamento pelo quantitativo estimado da
base de rateio determina a taxa predeterminada de absorção das de spesas que será utili-
zada para debitar a produção durante o período em estudo;

e) As despesas de fabricação de cada departamento serão debitadas aos produtos que pas-
sam pelos departamentos pela multiplicação da taxa predeterminada pela quantidade
real da base de rateio selecionada;

42
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

f) A Contabilidade registra as de spesas de fabricação que vão realmente acontecendo, em

cada departamento;

g) É feita a apropriação das despesas e fabricação reais de cada departamento de apoio para
os departamentos produtivos;

h) A Contabili dade de Custos compara as despesas de fabricação que foram aplicadas à


produção do período pelo emprego da taxa predeterminada com as despesas de fabrica-
ção reais.

3.3.2 – DESVANTAGENS DE DISTRIBUIÇÃO DOS CUSTOS


INDIRETOS DE FABRICAÇÃO (PRODUÇÃO)

Conforme Leone (2000), é necessário um trabalho administrativo, às vezes m uito caro


para descobrir as bases de rateio mais apropriadas e mantê-las atualizadas. Quando o nú-
mero de departamentos cresce, o esforço de distribuição e de controle de sua execução é
muito grande e demorado.

As bases de rateio são normalmente parâmetros operacionais quantitativos. É preciso


que a Contabilidade de Custos se dimensione adequadamente para planejar e executar a
coleta desses parâmetros onde quer que se encontrem, como também, se arme de instrumen-
tos e recursos humanos para manter em dia os registros desses mesmos dados físicos.

É preciso cuidado para que não se chegue a registrar diferenças nos custos dos produtos

em virtude dos enganos na disposição (estrutura) das bases de rateio. Quando a empresa é
pequena, não faz rateio de custos indiretos, exatamente porque o trabalho é dispendioso e seu

custo não vai ser compensador quando comparado com os benefícios advindos da distribui-
ção em termos de informações gerenciais. Porém, quando a empresa começa a crescer e atinge
determinado padrão, sua administração já precisa fazer rateio para apuração dos custos.

Quando um sistema de custos faz com que a quantidade de custos indiretos diminua
esse sistema deve ser adotado. A departamentalização é uma providência útil e que vai ao
encontro do trabalho de diminuição dos custos que precisam ser rateados.

43
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Assim, é fundamental que se tenha em mente o custo benefício de se faze r ou não o

rateio dos custos indiretos, se é o mais apropriado diante das necessidades e dos inte resses
da empresa.

• Custos Indiretos de Produção Fixos

Custo indireto é todo aquele custo que não é facilmente identificado ao produto e, por
isso, necessita de rateios para poder apropriar seu valor ao produto ou serviço. A denomina-
ção custo fixo ocorre pelo fato de que este tipo de custo, dentro de um determinado período,
permanece constante em relação ao volume total de serviços. Exemplos: Seguros; IPTU;
Depreciação prédio; Depreciação veículos; Pró-labore; Mão-de-obra indireta, entre outros.

• Custos Indiretos de Produção Variáveis

Em relação aos custos indiretos variáveis, são assim chamados aqueles custos, como o
próprio nome diz, que variam em relação ao volume, ou seja, quanto maior o número de
serviços maior será o valor do custo variável. Exemplos: energia, água; material limpeza,
manutenção eventual, entre outros.

3.3.3 – CRITÉRIOS DE RATEIO DOS CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS

Existem vários critérios de rateio que podem ser utilizados pelos profissionais de Cus-
tos para alocar os custos indiretos de fabricação, porém, é necessário verificar quais critérios
que melhor se relacionam com os custos dos produtos. Para tanto, é fundamental o conhe-
cimento detalhado do sistema de produção.

Conforme Leone (1997), as bases de rateio (critérios de rat eio ou de bases de volume)
são estabelecidas pela Contabilidade de Custos, após um trabalho de análise das atividades
de cada departamento, que faz com os responsáveis técnicos pelas operaçõe s fabris.

As bases de rateio mais comuns são as unidades produzidas (ou qualquer outra relacio-
nada a um quantitativo operacional), horas de máquinas, horas de mão-de-obra direta,

custos dos materiais, quantidades de materiai s, custos da mão-de-obra e transaçõe s ou ati-

44
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

vidades. A escolha vai depender das características do ambiente produtivo, pois cada cená-
rio de pr odução é um cenário diferente. A Contabilidade de Custos vai aplicar a base de
rateio que for mais condizente com as operações, aquela que fornecer a mais realista infor-
mação de custos e aquela que for útil para a análise do desempenho das operações.

Para Martins (1998), departamentos cujos custos sejam predominantemente fixos de-
vem ser rateados à base de potencial de uso, e departamentos cujos custos sejam predomi-
nantemente variáveis devem ser rateados à base dos serviços realmente prestados. Se não
houver predominância de um ou outro e o valor do custo total, em reais, for grande , pode
haver um rateio misto.

Leone (1997) relata que, se o ambiente produtivo é intensivo em mão-de-obra e o


valor da mão-de -obra é o item relevante, a Contabilidade de Custos analisará o emprego da
melhor base de rateio que poderá ser qualquer uma ligada à mão-de-obra. Caso a empresa
seja de capital-intensivo, em que as operações são automáticas, em que a mão-de-obra não
seja relevante em termos econômicos, a Contabilidade de Custos deverá utilizar a base de
volume mais coerente.

Como visto, apesar de conter certo grau de subjetividade, a escolha do critério de ra-
teio mais adequado e eficaz para cada empresa, pelo profissional de Custos, baseia-se, prin-
cipalmente, no conhecimento que o profissional tem do processo produtivo em questão, bem
como da necessidade e utilização das informações re sultantes.

A utilização de um ou outro critério de rateio poderá provocar alterações no custo dos


produtos mesmo sem que ocorram mudanças no processo produtivo. Assim, segundo Martins
(1998), se todos os produtos feitos forem vendidos no mesmo período, o efeito da alteração do
critério de rateio não será sensível na avaliação do resultado global da empresa. Mas se parte da
produção ficar estocada, na forma de produtos acabados ou em elaboração, poderão existir
alterações artificiais no resultado. Caso os produtos estocados no final do período tenham sido
“beneficiados” pela modificação do critério de rateio e tenham, por isso, recebido menos custo
indireto do que recebiam antes, o resultado aparecerá também por um montante menor do que
aquele que seria apresentado caso não tivesse havido a alteração. Isso porque os custos indire-
tos não jogados sobre os itens estocados teriam sido apropriados aos outros, que foram vendi-
dos, e assim, seriam jogados como Despesas (Custo dos Produtos Vendidos) no Resultado.

45
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

3.3.4 – DEPARTAMENTALIZAÇÃO

Pode-se definir departamento como sendo uma unidade operacional representada por

um conjunto de homens e/ou máquinas de características semelhantes, que desenvolvem


atividades homogêneas dentro de uma mesma área.

A departamentalização é a divisão da empresa em áreas distintas, de acordo com as


atividades desenvolvidas em cada uma dessas áreas. Estende-se às diversas áreas das orga-
nizações: industrial, administrativa, comercial. Esses departamentos recebem nomes de acor-
do com sua composição funcional direta no sistema produtivo ou não, como é o caso dos
departamentos de serviços, conhecidos como auxiliares, pois prestam serviço a outros depar-
tamentos e têm seus custos transferidos para aqueles que deles se beneficiam.

Dependendo da nomenclatura utilizada nas empresas, essas áreas poderão ser chama-
das de departamentos, setores, centros, atividades, outras. Departamentalização é a divisão
da empresa em departamentos, com a finalidade de melhor compreender a estrutura da en-
tidade e, assim, racionalizar a alocação dos custos.

Em uma indústria, por exemplo, existe uma gama muito grande de departamentos.
Para a contabilidade de custos interessam apenas os setores ligados aos produtos fabricados
e os que prestam serviço àqueles. Estes dois tipos de departamentos são classificados em:

a) Departamentos Produtivos: atuam diretamente na industrialização do produto ou na


prestação do serviço. Neles promovem-se modificações no produto. Exemplo: indústria
de camisas.

Preparação
Corte Costura Acabamento Embalagem
tecido

b) Departamentos Auxiliares: têm como característica auxiliar os departamentos produti-


vos; existem para prestar serviços aos demais departamentos. Neles não ocorre nenhuma
ação direta sobre o produto. Exemplo: indústria de camisas.

Controle de
Manutenção Almoxarifado Suprimentos Administração
qualidade

46
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Seção 3.4

Centro de Custos

Uma vez definida a estrutura departamental da empresa, nota-se que quase sempre

um departamento é um centro de custos, ou seja, nele serão apropriados os custos indiretos

para posterior apropriação aos produtos fabricados.

O centro de custos é, portanto, um sistema organizacional de atividades integradas de

unidades de trabalho, de forma a possibilitar o cumprimento de objetivos previamente esta-

belecidos do departamento de produção. O fato gerador de integração entre as partes é o

fluxo de informações.

• Centro de Custos: é a menor unidade de acumulação de custos, sendo representada por

homens, máquinas e equipamentos de características semelhantes que desenvolvem ati-

vidades homogêneas relacionadas com o processo produtivo.

• Centros de Custos Produtivos (CCP): centros de custos por onde os produtos passam

durante o processo de fabricação e nos quais são transformados ou beneficiados. Exem-

plo: corte, costura, pintura, acabamento, etc.

• Centros de Custos Auxiliares (CCA): centros de custos que f azem par te do processo

produtivo, mas não atuam diretamente nos produtos. Prestam ser viços ou dão apoio

aos CCP. Exemplo: manutenção, planejamento, refeitório, administração, almoxarifado,

etc.

O Quadroa seguir, apresenta o Mapa de Localização dos custos indiretos, onde você

poderá observar, conforme o exemplo da indústria de camisas, a forma pe la qual é realizada

a separação entre departamentos auxiliares e produtivos (departamentalização), o rateio

dos custos indiretos aos de partamentos conforme critérios definidos pelos profissionais de

custos, e posteriormente a definição do custo indireto por tipo de produto.

47
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

As etapas para rateio dos custos indiretos aos produtos são as seguintes:

• Primeira: separar os gastos em custos e despesas;

• Segunda: separar os custos em custos diretos e indiretos;

• Terceira: inserir os custos indiretos no Mapa de Localização de Custos (MLC), para serem

rateados nos departamentos que os utilizaram, ou seja, nos departamentos aux iliares e

de produção;

• Quarta: ratear os custos indiretos aos departamentos auxiliares e produtivos da empresa

conforme critérios pré-estabelecidos. Exemplos: aluguel – conforme a área ocupada por

cada departamento, setor, atividade;

• Quinta: cabe aos departamentos auxiliares, que não trabalham com o produto, dar o

suporte para que a produção aconteça com sucesso e estes não repassam seus custos aos

departame ntos de produção conforme critérios estabelecidos a partir de discussões com

os gestores dos departamentos envolvidos. Exemplos: o almoxarifado pode repassar os

custos do seu departamento para os departamentos de produção conforme o critério de

número de requisições solicitadas pelos departamentos produtivos. Os custos do departa-

mento de administração podem ser rateados aos departamentos de produção conforme o

tempo despendido no gerenciamento de cada departamento produtivo, ou conforme o

número de colaboradores;

• Sexta: portanto, agora quem tem custos são somente os departamentos de produção, e

para distribuir os custos indiretos de cada departamento de produção aos seus produtos

é necessário definir mais um critério de rateio, o qual pode ser pelo numero de unidades

produzidas, pelo tempo total de produção, pela matéria-prima, pela mão-de-obra, ou seja,

cada empresa vai definir o critério mais adequado ao seu tipo de produto e processo de

produção;

• Sétima: juntar ao custo indireto de cada produto, os custos diretos de matéria-prima,

mão-de-obra e embalagem para formar o custo total de produção;

48
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Pr eço de venda or ientativo


• Oitava: baseado no custo total de produção você pode montar
É o preço de venda ideal,
o preço de venda orientativo; mas é preciso verificar também aq uele que cobriria seus
cu stos totais, paga todas as
o preço de mercado, o preço praticado pela concorrência, e
despesas com vendas e g era a
avaliar a composição do custo, do volume e do lucro desejado mar gem de lucro desejada.

e se é f actível a sua aplicação.

Quadro 7: Mapa de Localizaçao de Custos – MLC

Portanto, com a utilização do mapa de localização de cus-


tos, podemos apurar o custo indireto de cada departamento e
posteriormente de cada produto, adicionando os dem ais custos

diretos, tais como: matéria-pr ima, mão-de-obra, embalagens e


outros que possam ter naquele produto. Assim encontraremos o
custo total. Este custo pode ser utilizado tanto para a formação

do preço de venda, como também, para avaliação do custo de


fabricação de seus produtos.

Na seqüência, apresentamos alguns exemplos de base de


rateio para os gastos gerais, também chamados de custos indire-
tos de produção.

49
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Seção 3.5

Bases para Rateio dos Gastos Gerais


e/ou Custos Indiretos de Produção

Os gastos gerais de comercialização são todas as despesas ocorridas decorrentes da


produção, exceto o material e mão-de- obra. São classificados em diretos, indiretos, fixos e
variáveis. Segundo Schier (2006), “a apropriação do custo exige a determinação dos gastos
em períodos mensais, para sua inclusão entre os elementos de custo do mês corresponden-
te”. Os gastos gerais serão rateados pelas seções produtivas com base em critérios diferen-
tes, de acordo com a natureza de cada gasto e sua forma de incidência na produção.

Seguem alguns exemplos dos gastos mais comuns e seus respectivos rateios:

a) Combustíveis e lubrificantes: pode ser rateado de acordo com o consumo de cada seção
produtiva, fator conhecido pela análise das requisições.

b) Energia elétrica: pode ser rateado com base em medidor instalado em cada unidade
produtiva ou por meio do metro quadrado que nem sempre retrata o correto.

c) Aluguel e IPTU: pode ser feita pelo metro quadrado na área de ocupação.

d) A m ortização e d epreciação: do i mobi li zado d a ár e a p rod uti va e m r e lação à


proporcionalidade percentual do ativo imobilizado num todo.

e) Material de limpeza e outros de consumo: pode ser atribuído a cada unidade de acordo
com as requisições ao almoxarifado.

f) Mão -de-obra de terceiros: pode ser rateado de acordo com as ordens de serviço por elas
emitidas.

g) Despesas com conservação e reforma: podem ser rateados de acordo com a metragem
ocupada por cada uma das seções beneficiadas com a despesa.

h) Limpeza e conservação: podem ser rateados pelo número de funcionários ou área ocu-
pada de cada unidade produtiva.

50
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Na Figura 9 você pode observar o esquema básico da Contabilidade de Custos.

GAS TO

Consumo de bens e serviços

Custos Despesas

Gastos incorridos na produção de Gastos incorridos no processo de


novos bens ou serviços geração de receitas

Fixos Variáveis Fixas Variáveis

Total Total varia em Total Total varia em


constante em relação ao constante em relação ao
relação ao volume relação ao volume de
volume produzido volume de receitas
produzido receitas

Aluguel, Material direto Despesas Comissões


depreciação administrativas sobre vendas

Indiretos Diretos Indiretas Diretas

Apropriados Apropriados Apropriados Apropriados


de forma de forma de forma de forma
subjetiva por objetiva por subjetiva por objetiva por
critérios meio de critérios de meio de
controles rateio controles

Figura 9: Esquema básico de Contabilidade de Custos


Fonte: Perez, Jr.; Oliveira; Costa (1999).

Nesta Figura 9, você pode observar todas as etapas para a elaboração do mapa de
localização de custos. Inicialmente você verifica que todos os gastos da empresa são classi-

ficados em custos e despesas. Portanto, tudo o que é destinado à produção, é classificado


como custo, e o que é destinado à comercialização – aqueles gastos que ocorrem após o

produto e star acabado – é classificado como despesa.

51
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Após essa etapa, os custos são subclassificados em fixos ou variáveis, diretos ou indi-

retos. Essa classificação é muito importante par a a elaboração do custo total de produção,
porque existe m diferentes métodos para apurar o custo total; um deles é chamado custeio

por absorção, e outro custeio direto ou variável. Estes métodos serão trabalhados especifica-
mente no capítulo IV.

Portanto, os custos diretos vão ser transportados para a conta do produto, porque
você o identifica com o que consumiu, e os custos indiretos vão para o mapa de localização
dos custos indiretos, que passam pelas etapas já relacionadas anteriormente. Depois disso,
o custo indireto está separado por produto, que somado com os custos diretos, f ormarão o
custo total do produto.

52
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Unidade 4

SISTEMAS E MÉTODOS DE CUSTEIO

Neste capítulo você vai aprender sobre os sistemas e métodos de custeio. Os sistemas
de custeio, ou sistemas de acumulação de custos, representam os tipos de processo de pro-
dução. São três os sistemas clássicos de custeio que você estudará neste capítulo: por ordem
(quando o cliente determina como será elaborado o produto conforme suas necessidades),

por processo (onde o produto é elaborado com base nas demandas do mercado, colocado à
disposição do cliente de forma padronizada), e de produção conjunta (quando a partir de

uma mesma matéria-prima se elabora diferentes produtos). Quanto aos métodos de custeio,
ou métodos de custeamento, estudaremos duas opções: a) métodos de custeio por absorção

(utilizado para integração custos com contabilidade; b) método de custeio direto e variável
(utilizado para a gestão).

Seção 4.1

Sistemas de Custeio

Os sistemas de custeio podem também ser denominados sistema de acumulação de


custos, ou sistemas de custeamento, ou sim plesmente sistema de acumulação. Conforme
Padoveze (2003), “compreendem os instrumentos, critérios e sistemas para registro, guarda
e acumulação das informações dentro de um ordenamento lógico e coerente nos produtos e
sistemas produtivos das empresas”. A escolha do sistema de custeio a ser adotado pela em-
presa baseia-se, portanto, no seu sistema produtivo. E só depois a empresa deverá escolher o
método de custeio.

53
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Bases sistemáticas 4.1.1 – SISTEMA DE ACUMULAÇÃO POR PROCESSO


Ou bases co ntínu as, são
form as de distribu ir os cu stos
aos p rodutos, como eles O setor produtivo, também chamado de indústria, fábrica,
sempr e acontecem, o pro ces-
células de produção, é o local da empresa onde são executados
so é con tínuo , é normal, as
bases para distribu ição dos os processos de transformação dos materiais em produtos finais.
custos são praticamente as
mesmas, têm p ouca variação A fábrica produz de modo contínuo, em série ou em massa. Por
no s critér ios de r ateio , po r
isso, podemos encontrar na literatura também o nome de sistema
isso se ch am a d e b ases
sistemáticas. de custeio contínuo.

Neste sistema, a preocupação da Contabilidade de Custos é


determinar e controlar os custos pelos departamentos, pelos setores,
pelas fases de produção (processos) e em seguida dividir esses cus-
tos pela quantidade de produtos fabricados no processo, durante
certo período – custear o processo fabril em determinado período.

O sistema de custos por processo, ou contínuo, não se preo-


cupa em contabilizar os custos de itens individuais ou grupos de
itens. Ao invés disso, todos os custos são acumulados por fase do
processo, por operação ou por departamento (centros de custos) e
alocados aos produtos em bases sistemáticas (ou bases contínuas).

Esses sistemas são usualmente utilizados em entidades que


produzem grandes volumes de produtos uniformes em bases con-
tínuas. Exemplo: produção de geladeiras, carros, mesas.

4.1.2 – SISTEMA DE ACUMULAÇÃO POR ORDEM

Quando o fator determinante de produção é a autorização


de fabricação de um produto ou serviço. Essa autorização de pro-
dução pode ser denominada ordem de produção; de serviço; de
trabalho; de execução; etc. Por isso, verificamos na literatura,
nomes similares para o sistema por ordem, mais comumente cha-
mado sistema por ordem de produção, e também podemos encon-
trar a denominação sistemas por encomenda.

54
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Este sistema é mais adequado quando a firma tem um processo produtivo não repetitivo

e onde cada produto ou grupo de produtos é diferente e atende às necessidades específicas


de cada cliente. Normalmente, é utilizado por e mpresas que f abricam produtos por enco-

menda ou realizam serviços personalizados.

Os custos diretos de mão-de-obra e material gastos em uma determinada ordem são


alocados a partir de regist ros mantidos para este propósito. Os custos indiretos (aluguel,
seguro, e letricidade, etc) são usualmente aplicados às ordens por taxas predete rminadas,
tendo como base horas de mão-de-obra direta. Exemplo: móveis sob medida, carros sob
encomenda, etc.

Cada ordem recebe um número ou código. Quando são incorridos custos de material
ou mão-de-obra, relacionados com a ordem, eles são registrados na conta produção em
andamento da razão contábil que registra os custos de cada ordem.

Ordem Número: ____________________________________


Descrição: _________________________________________
Data do Início: ____________ Data do Término:___________
Especificações: _____________________________________
Lista de Materiais:____________________________________

Data Materiais Diretos MOD (horas/R$) Custo Indireto


Orçadas
Executadas

Quadro 8: Ilustração de uma Ordem de Produção

Obs.: ambos os processos são perfeitamente viáveis e aceitáveis contábil e fiscalmente. O impor-
tante é que um ou outro seja aplicado com base no custo por absorção e pelos custos reais
incorridos.

Na seqüência, apresentamos o Quadro 9, que foi adaptado das publicaçõe s de Leone


e Martins, onde consta uma relação de características e a sua aplicabilidade em cada siste-
ma de produção, relatando as diferenças básicas entre um sistema e outro. Nele, você pode-
rá comparar as especificidades de cada um, o que proporcionará maior familiaridade no
entendimento e na sua diferenciação.

55
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Características Produção por Ordem Produção por Processo


1. Desenvolvimento do produto Especificação do cliente Especificação do fabricante

2. Contratação do fornecimento Relação subjetiva (concorrência) Seleção objetiva (amostra)

3. Produção Limitada pelo cliente Planejada pelo fabricante

4. Dimensão da produção Número de unidades contratadas Número de unidades planejadas

5. Mercado Poucos compradores Diversificado

6. Vendas Procura pelo cliente Oferta pelo fabricante

7. Produto Sob medida Seriado

8. Necessidade do produto Específica do cliente Global do mercado

9. Estoque de matéria-prima Temporal e específico Permanente

10. Estoque de produtos Indesejável Necessário

11. Prazos de produção Geralmente longo Curto

12. Acumulação dos custos Por ordem de produção Por processo, atividades, etc.
Custo médio de produção (custo
13. Apuração do custo unitário Custo específico
total/unidades)
Indica o número da ordem de Indica o departamento e o
14. Requisição de materiais
produção código da produção
15. Período de apuração dos Início – término do período
custos finais Início – término da produção
contábil

Quadro 9: Paralelo Entre os Sistemas por Ordem de Produção e por Processo


Fonte: Adaptado de Leone (2000) e Martins (2001).

4.1.3 – SISTEMA DE CUSTOS CONJUNTOS

Em algumas indústrias é possível fabricar dois ou mais produtos finais a partir de uma
única matéria-prima ou de um único processo de produção. A partir da mesma matéria-
prima formam-se diversos produtos, portanto, surgem custos indivisíveis, não identificáveis
com os produtos.

Um exemplo clássico: num frigorífico, a partir


de uma única matéria-prim a – que é o gado, são ex-
traídos diferentes produtos – o couro, os diversos cor-
tes de carne, etc.

Imagem disponível em: http://www.gettyimages.com/Search/Detail.aspx?axd=DetailPaging.Search|1&axs=0|73016671|0& id=73016671

56
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Depois de certa etapa no processo de manufatura, que se denomina ponto de separa-

ção, identifica-se os produtos finais separadamente, e para cada um deles se acumulam os

custos. O problema de determinar o custo conjunto é descobrir alguma base razoável para

atribuir aos produtos os custos de material, mão-de-obra e despesas indiretas incorridos até

o ponto de separação.

Segundo Leone (2000, p. 338), “os co-produtos e subprodut os são produtos conjuntos

(não há a possibilidade de fabricar um isolado). Produtos conjuntos são dois ou mais produ-
tos provenientes de uma mesma matéria-prima, ou que são produzidos ao mesmo tempo por

um, ou mais de um processo produtivo”.

Um produto é definido como subproduto em função de seu pequeno valor comercial

quando comparado com o produto de maior valor, que é classificado como co-produto. Pela

sua pequena participação nas receitas da empresa, e pelo fato de se originarem de desperdí-

cios, os subprodutos deixam de serem considerados produtos propriamente ditos, pois se

assim o fossem deveriam receber parcelas de custos da produção.

Segundo o nosso exemplo anterior, temos o seguinte: as carnes nobres e de segunda

podem ser consideradas co-produtos, enquanto que os órgãos, o couro, e outras partes po-

dem ser considerados subprodutos. Os órgãos ainda podem ser processados, e assim, se

transformar em co-produtos.

Mas como diferenciar custos em um processo de difícil definição? Quantos dos custos

são pertinentes aos produtos principais e o que deve pertencer aos subprodutos? E, ainda, o

que considerar como sobra?

A situação fica complicada na medida em que existe uma diferença fundamental entre

custos conjuntos e custos comuns:

a) Os custos conjuntos são indivisíveis;

b) Os custos comuns são custos indiretos, e podem ser divididos em diversos objetos de

custeio.

57
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Mesmo com todas estas dificuldades existem alguns métodos que são aceitos, ou mais

usualmente utilizados, objetivando custear os co-produtos.

• Métodos para custear os co-produtos:

As unidades físicas produzidas, os valores de mercado e da igualdade do lucro bruto,

são os critérios mais empregados que formam as bases dos métodos de alocação dos custos

conjuntos para os co-produtos, conforme Bruni e Fama (2004, p. 198-202).

a) As unidades físicas tanto podem ser quantidades de produtos como qualquer outra uni-

dade que sirva para representar todos os produtos. O método pode ser baseado em quilos,

litros ou metros da matéria-prima principal. Todos os produtos devem ser convertidos a

essa mesma unidade de medida. Têm muitas desvantagens quando os produtos são mui-

to difere ntes. Nota-se que esse não é um critério racional, todos os custos conjuntos são

distribuídos com base no mesmo procedimento para todos os produtos, independente-

mente da forma como esses consomem os recursos produtivos da empresa.

b) O método com base no valor de mercado apropria os custos com base no faturamento de

cada produto, se apóia na idéia de que os produtos que valem mais no mercado é que

devem ser os maiores consumidores de recursos comuns (conjuntos) – o que nem sempre

é verdade, já que o principal determinante do preço consiste no valor percebido pelo

produto no mercado, fruto da relação entre demanda e oferta.

c) O método com base na igualdade do lucro bruto total prevê que este último seja dividido

pelo total de unidades produzidas, obtendo um lucro bruto unitário igual para todos os

produtos.

58
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Mix
Seção 4.2
É a combinação do nú mero de
unidades n ecessárias de
produ ção e venda de cada
Métodos de Custeio produ to, para que tr aga o
melhor resultado à empresa.

Custeio é o método para apropriação dos custos. Método

significa a maneira pela qual se chega a um determinado resulta-

do. Sendo assim, a Contabilidade de Custos se utiliza de diferen-

tes métodos de custeio para apropriar seus custos, conforme a

necessidade e os objetivos de cada usuário. Podemos citar, como

exemplo, o Custeio por Absorção, Variável ou Direto, ABC, RKW

e o Custeio Padrão. Neste estudo, vamos abordar o Custeio por

Absorção e o Custeio Variável ou direto.

Segundo Wer nke (2001), a atri buição de valores “verda-

deiros” aos produtos passou a constituir um dos pr incipai s ob-

jetivos da Cont abilidade de Custos, tanto para a divulgação

em demonstrações finance iras periódicas – do montante do es-

toque final e do custo dos produtos vendidos, quanto como base

para decisão sobre o mix ótimo de produtos. Para tanto, tor na-

se nece ssário um sistema de custos que consiga mensurar e

alocar os custos aos produtos da forma mais ade quada possí-

vel. Ou se ja, calcular o custo total de cada produto, assumi ndo

este custo tot al como re sult ante da soma dos custos variáveis e

dos custos fixos (ou a soma dos cus tos diretos e dos custos in-

diretos).

A atribuição dos custos variáveis aos produtos é efetuada

facilmente pelos controles técnicos ou sistemas inf ormatizados

(lista de componentes do produto). Quando se lida com custos

fi xos, porém, é necessário recorrer a mét odos espe cíficos de

custeamento.

59
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

4.2.1 – MÉTODO DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO

O método de Custeio por Absorção é bastante utilizado pelas empresas brasileiras,

pois além de respeitar os Princípios Fundamentais de Contabilidade, é aceito pela legislação

comercial e pela legislação fiscal.

Segundo Leone (2000, p. 242), o critério do custo por absorção é aquele que inclui

todos os custos indiretos de fabricação de certo período nos custos de suas diferentes ativi-

dades industriais, sejam produtos, processos ou serviços. O critério para tanto precisa recor-

rer a uma série de rateios por causa dos custos comuns, de difícil identificação ou não rele-

vantes. A finalidade principal do critério é ter o custo total (dire to e indireto) de cada objeto
de custeio. Este custo total se destina, entre outros fins, a determinar a rentabilidade de

cada atividade, a avaliar os elementos que compõem o patrimônio e a compor uma informa-

ção significativa no auxílio à decisão de estabelecer os preços de venda dos produtos ou dos

serviços.

Conforme Bruni e Famá (2004, p. 216), no método de custeio por absorção os produtos

fabricados pela empresa ser ão apurados prevendo-se, em princípio, a apropriação de todos

os custos de produtos registrados no período, quer sejam de comportamento fixo ou variá-

vel. Nest e método, os custos dos setores auxi liares ou de suporte, normalmente repre senta-

tivos de custos fixos, serão objeto de rateio, para determ inação do custo global dos produtos
fabricados. Neste caso, destacam-se mais especificamente os valores de custo das áreas de

gerência industrial, engenharia industrial, supe rvisão, planejamento e controle de produ-

ção, transportes internos e outros.

Segundo Wernke (2001), este é o método mais tradicional de custeio e é empregado


quando se deseja atribuir um valor de custo ao produto, atribuindo-lhe também uma parte

dos custos indiretos. Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos produtos,
de forma direta ou indireta, mediante critérios de rateio.

Custeio por Absorção é o método de custeio do estoque no qual todos os custos de

fabricação, variáveis e fix os, são considerados custos inventariáveis. Isto é, o estoque “ab-
sorve” todos os custos de fabricação (Horngren; Foster; Datar, 1999).

60
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

C U S T E I O P O R A B S O R Ç ÃO

Mão-de-Obra
Matéria- Materiais e
Prima Direta Indireta Outros Custos

Produto A Produto B Produto C CC Aux. 1 CC Aux. 2

CC Prod. A CC Prod. B

Figura 10: Estrutura de Alocação dos Custos pelo Método de Custeio por Absorção

Conforme Leone (2000), Martins (2001) e Bruni e Famá (2004), o método de custeio
por absorção possui as se guintes características:

a) Engloba os custos totais: fixos, variáveis, diretos e indiretos;

b) Em primeiro lugar alocamos os custos indiretos nos centros de custos (auxiliares e produtivos);

c) Em segundo lugar alocamos os centros de custos para os produtos;

d) Os custos indiretos fixos (CIF) acabam transferindo-se, contabilmente, para a conta de

estoques de produtos acabados;

e) É útil nas e mpresas que têm processo de produção pouco flexível e poucos produtos;

f) Os resultados apresentados sofrem influência direta do volume de produção.

Apesar de ser o mais utilizado, em termos de integração custo e contabilidade, este


método costuma receber várias críticas. Destaca Santos (2000), que o método de custeamento

por absorção é falho em muitas circunstâncias como instrume nto gerencial de tomada de
decisão, porque tem como premissa básica os “rateios” dos chamados custos fixos, que,

apesar de aparentarem lógicos, poderão levar a alocações arbitrárias e até enganosas.

61
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Conforme os autores citados neste capítulo, destacamos a se guir as principais vanta-

gens e desvantagens do método de custeio por absorção.

• Principais vantagens

a) Atende à legislação fiscal e deve ser usado quando a empresa busca o uso do sistema de
custos integrado à Contabilidade;

b) Considera o total dos custos por produto;

c) Forma custos para estoques;

d) Per mite a apuração dos custos por centros de custos, quando os custos forem alocados
aos departamentos de forma adequada, possibilitam o acompanhamento do desempe-
nho de cada área.

• Principais desvantagens

a) Pode elevar artificialmente os custos de alguns produtos;

b) Não evidencia a capacidade ociosa da entidade;

c) Os critérios de rateios são sempre arbitrários, portanto nem sempre justos.

4.2.1.1 – A precificação com base no custo apurado


pelo método de custeio por absorção

Conforme Wernke (2001) e Bruni e Famá (2004), a fixação de preços com base nas
informações prestadas pelo custeio por absorção, poderá apresentar os seguintes problemas
básicos:

a) Fixação de preços com base em custos globais, de caráter fixo que, por sua ve z, sofrem
variações em termos de sua expressão unit ária, dependendo do volume de produção no
período contábil objeto de apuração;

62
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

b) Fixação de preços sem um conhecimento real da margem de contribuição mais efetiva de

cada produt o vendido;

c) Fixação de preços de forma menos eficiente, em termos de identificação do mix mais


adequado de produção e vendas, para fins de otimização do resultado global;

d) Controle de custos fixos em nível de produto específico, através da utilização de critérios


de rateio, sem maior expressão para fins de controle gerencial;

e) Aplicação de conceitos de custo médio ponderado de materiais e produtos, distorcendo


uma apuração mais precisa de custos e resultados, quando registrados altos índices de

inflação.

4.2.2 – MÉTODO DE CUSTEIO VARIÁVEL (DIRETO)

O método de Custeio Variável ou Direto é utilizado para fins gerenciais, fornecendo


ferramentas que auxiliam no processo de gerenciamento da empresa. Neste método, somen-
te são alocados aos produtos aqueles custos que variam diretamente com o volume de pro-
dução.

O critério do custo variável (ou direto) é aquele que só inclui no custo das operações, dos produ-
tos, ser viços e atividades, os custos diretos e variáveis. Para que um custo (ou uma despesa)
detenha as condições necessárias para compor o custo de um produto, por exemplo, é necessário
que esse custo seja f acilmente identificado com o produto, isto é, seja direto (onde não haja a
necessidade de rateio) e que seja variável diante da variabilidade de um indicador que represente
o produto, a operação, o processo, o componente ou a atividade. A finalidade principal do crité-
rio é a determinação da contribuição marginal total ou unitária de cada objeto de custeio. Essa
informação tem um poder extraordinário, principalmente por que não é poluída pelo trabalho de
rateio, perigoso, porque às vezes inútil e até enganador (Leone, 2 000, p. 405).

Segundo o mesmo autor, o método de Custeio Variável (Direto) prevê uma apropriação
de caráter gerencial, considerados apenas os custos variáveis dos produtos vendidos, possi-
bilitando a apuração da margem de contribuição, quando confrontados os custos variáveis
aos valores de receita líquida do período objeto de análise.

63
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

L ucro bruto
Nesse método de custeio somente são apropriados à produ-
É a diferença entre a r eceita
com vendas menos o custo ção os cust os variáveis. Os custos fixos são “jogados” diretamen-
total apurado no custeio po r
te na conta de resultado, pois esse sistema tem como premissa
absorção.
que os custos fixos ocorrerão independentemente do volume de
Marge m de contr ibu ição produção da entidade. Desta forma, dispensa a nece ssidade de
É a diferença entre a r eceita
qualquer tipo de rateio.
com vendas menos os custos
apurado s no método de
custeio variável e as despesas
variáveis com ven das.
Segundo Horngren, Foster e Datar (1999), custeio variável
é o método de custeio de estoque em que todos os custos de fabri-
cação variáveis são considerados custos inventariáveis: eles são
custos do período em que ocorreram.

Uma característica importante deste método de custeio é a


troca do conceito de apuração do lucro bruto pela apuração da
margem de contribuição do período contábil. Por meio da mar-
gem de contribuição obtida pela empresa deverão ser cobertos
todos os custos fixos apropriados no per íodo Contábil, identifi-
cando-se, assim, o re sultado ope racional da empresa sem o
diferimento de custos fixos pelos produtos acabados em estoques
ou através daqueles em processo de fabricação (Leone, 2000, p.
406).

C U S TE I O D I R E T O O U V A R I Á V E L

Materiais e
Mão-de-Obra
Matéria- Outros
Prima Direta Indireta Custsos
Indiretos

CUSTOS FIXOS
Produto A Produto B Produto C

Figura 11: Estrutura de alocação dos custos pelo método de custeio


variável/direto

64
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Conforme Leone (2000), Martins (2001) e Wernke (2001), destacamos, em seguida, as


principais aplicações, vantagens e desvantagens deste método.

1) Aplicações do Custeio Variável (direto)

a) Uma vez que os custos variáveis são inevitavelmente necessários, sua dedução da re-
ceita ide ntifica a Margem de Contribuição do produto, sem nenhuma interferência de
manipulação devido aos critérios de rateio dos custos fixos;

b) Identificações da quantidade de unidades a serem ve ndidas, para que um projeto seja


viabilizado;

c) Fornecimento de infor mações gerenciais, por haver relação entre o lucro e o volume de
produção.

2) Principais vantagens

a) Destaca o custo fixo (que independe do processo fabril);

b) Não ocorre a prática do rateio, por vezes errôneo;

c) Evita manipulações;

d) Fornece o ponto de equilíbrio;

e) Enfoque gerencial;

f) Os dados necessários para a análise da relação custo/volume/lucro são rapidamente


obtidos;

g) É totalmente integrado com o custo padrão e orçamento flexível.

3) Principais desvantagens

a) No caso dos custos mistos (custos que t êm uma parcela fixa e outra variável); nem
sempre é possível separar objetivamente a parcela fixa da parcela variável)

65
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Curva ABC
b) Não é aceito pela auditoria externa das entidades que têm
Ou curva ABC de custos, vai
demonstrar a capital aberto e nem pela legislação do imposto de renda, bem
representatividade dos custos,
como por uma parcela significativa de Contadores, pois fere
os qu e gastam maior e meno r
valor na co mp osição d o custo os princípios fundamentais de contabilidade, em especial aos
total d e u m pr oduto.
princípios de realização de receitas, de confrontação e da com-
petência. Estes princípios estabelecem que os custos associa-
dos aos produtos só podem ser reconhecidos na medida em
que são vendidos, já que, somente quando reconhecida a re-
ceita (por ocasião da venda), é que devem ser deduzidos todos
os sacrifícios necessários a sua obtenção (custos e despesas).
Como o custeio variável admite que todos os custos fixos se-
jam deduzidos do resultado, mesmo que nem todos os produ-
tos sejam vendidos, ele violaria tais princípios;

c) O valor dos estoques não mantém relação com o custo total;

d) Isoladamente, não se aplica para formação do preço de venda.

De acordo com o que foi apresentado, observa-se que por


não atender às exigências da legislação, este método somente é
aceito para fins gerenciais. Desta forma, age como instrumento
gerador de informações para melhor orientar o processo gerencial.

Por meio do custeio variável/direto, uma vez identificado o


custo de comportamento variável, a empresa pode proceder a uma
análise gerencial em função do grau de participação de cada com-
ponente de custo no valor global da operação ou produto, a fim
de obter conclusões mais objetivas do ponto de vista gerencial.
Neste caso, recomenda-se, inclusive, a utilização dos conceitos
de análise com base na curva ABC dos componentes de custos.
Através desta análise, em um número acentuado de casos, iden-
tifica-se que um pequeno número de fatores ou componentes de
custos é responsável por uma parte significativa do custo global
do produto fabricado.

66
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Custeamento variável Custeamento por absorção

Classifica os custos em fixos e variáveis. Não há preocupação por essa classificação.

Classifica os custos em diretos e indiretos Também classifica os custos em diretos e indiretos.

Debita o segmento, cujo custo está sendo apurado,


Debita-se o segmento cujo custo está sendo
apenas os custos que são diretos ao segmento e
apurado os seus custos diretos e também os custos
variáveis em relação ao parâmetro escolhido como
indiretos através de uma taxa de absorção.
base.

Os resultados apresentados sofrem influência direta Os resultados apresentados sofrem influência direta
do volume de vendas. do volume de produção.

É um critério administrativo, gerencial, interno. É um critério legal, fiscal, externo.

Aparentemente sua filosofia básica contraria os Aparentemente, sua filosofia básica alia-se aos
preceitos geralmente aceitos na Contabilidade, preceitos contábeis geralmente aceitos,
principalmente os fundamentos do “regime de principalmente aos fundamentos do “regime de
competência”. competência”.

Apresenta a Margem de Contribuição – diferença Apresenta a Margem Operacional (Lucro Bruto)


entre as receitas e os custos e despesas variáveis diferença entre as receitas e os custos diretos e
do segmento estudado. indiretos do segmento estudado.

O custeamento variável destina-se a auxiliar, O custeamento por absorção destina-se a auxiliar a


sobretudo, a gerência no processo de planejamento gerência no processo de determinação da
e de tomada de decisões. rentabilidade e de avaliação patrimonial.

Como o custeamento por absorção trata dos custos


Como o custeamento variável trata dos custos
diretos e indiretos de determinado segmento, sem
diretos e variáveis de determinados segmento, o
cogitar de perquirir se os custos são variáveis ou
controle da absorção dos custos da capacidade
fixos, apresenta melhor visão para o controle da
ociosa não é bem explorado. absorção dos custos da capacidade ociosa.

Quadro 10: Comparativo entre o Custeamento Variável/Direto x Custeamento por Absorção


Fonte: Leone (2000, p. 406-407).

67
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

68
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Unidade 5

CUSTOS NAS DECISÕES DE PREÇOS

Neste capítulo trataremos da formação de preços com base no custo de produção.


Uma das formas de precificar um produto é com base no seu custo, seja no custo de produ-
ção (indústria) ou no custo de aquisição (comércio). Chamamos atenção que precificar com
base no custo é uma alternativa. Paralelamente é necessário avaliar mercado, concorrência,
demanda, entre outros fatores deter minantes na formação de preços. Por isso, neste capítulo
estudaremos um método de formação de preços por meio da aplicação do mark-up, que é um
fator elaborado a partir dos gastos que teremos para a venda dos produtos.

Seção 5.1

O Processo de Formação de Preços

O processo de determinação de preços de venda deve merecer a atenção da alta admi-


nistração da empresa dado a importância que o assunto represe nta, inclusive em termos de
obtenção de resultados, gr au de retorno do investimento, fatia de mercado dese jada pela
empresa e demais fatores de caráter empresarial.

As decisões de preços são diretamente dependentes do volume de vendas, do grau de


eficiência do mix em termos de resultado direto, do nível de despesas de vendas e adminis-
trativas, bem como das necessidades financeiras para o atendimento do volume de operação
proje tada.

Podemos di zer que as empre sas enfrentam sempre um Dilema Tradicional em Preços,
qual seja: encontrar o melhor preço de venda ou encontrar o preço certo de venda. Podemos
encontrar situações em que o preço fixado internamente constitui, efetivamente, o melhor
preço para a empresa em termos de resultado, não encontrando, porém, plena aceitação em
termos de mercado.

69
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

No tocante à relação existente entre o preço fixado e o volume obtido em termos de

vendas efetivadas devemos ter sempre presente um princípio básico em preços que determi-
na que:

a) quanto maior o preço de venda de um produto, menor o número de unidades a ser com-
prada;

b) quanto me nor o preço de venda de um produto, maior o número de unidades a ser com-
prada.

Variáveis do Variáveis da Variáveis do Variáveis do


mercado organização produto cliente

Parâmetros
Desejáveis para o tra Preç
Mercado dic os
ion
ais

Fixação do preço

mercado Cliente ou grupo de clientes cliente

Figura 12: Formação de Preços Trad icional


Fonte: Sartori (2004, p. 101).

A análise e determinação das prováveis reações do consumidor, em face de prática de


diferente s níveis de preços de vendas pela e mpresa, constituem uma das tarefas mais com-
plexas para a gerência responsável pela projeção de vendas. Podemos, inclusive, dizer que a
prática de diferentes níveis de preços de venda de um produto sem dúvida provocará diferen-
tes volume s de vendas (Santos, 2000).

70
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

A sua análise e determinação precisa ser realizada tomando como ponto de compara-
ção as de mais empresas do setor, consideradas concorrentes significativas em termos de
mercado. Deve ser realizada com bastante ponderação, uma vez que o resultado obtido
representará a real posição da empresa em termos de mercado.

Com base em Bernardi (1996), de stacamos os seguinte s pontos para análise compara-
tiva: preço de venda do produto, grau de inovação ou tecnologia, qualidade do produto,
pontualidade de entrega, garantia e assistência técnica, imagem da empresa no me rcado,
análise de outros fatores específicos.

Não é admissível a venda de um produto com seu preço de venda fixado em níveis
inferiores ao custo de produção da empresa. Entretanto, são justificadas algumas exceções,
que precisam ser objeto de uma aprovação prévia. Em nível de alta administração, desta-
cam-se os seguintes pontos, conforme Santos (2000), Wernke (2005), Coelho (2007), Bernardi
(1996), Sardinha (1995) e Sartori (2004):

a) quando de procedimento tático, de caráter temporário, tendo como objetivo a abertura de


novos mercados;

b) quando, em caráter temporário, a empresa tenha como objetivo a expansão de mercado já


atendido, porém em processo de recessão de vendas;

c) quando se fizer necessário conseguir uma melhora, de forma mais rápida, na posição da
empresa no mercado;

d) quando da fixação de uma nova marca ou ainda reforçar a imagem do produto ou mesmo
da própria empresa no mercado;

e) quando da utilização de um produto promocional, também conhecido como produto


perdedor. Em casos especiais poderá caracterizar o produto que, isoladamente, não apre-
senta um resultado significativo, mas que, na realidade, força a venda de um conjunto
maior. No mercado temos vários exemplos assim, constituindo uma prática comum, in-
clusive de empresas de grande porte;

f) outras razões diversas ou táticas específicas mesmo quando praticadas transitoriamente


por uma empresa, visando um objetivo específico a ser alcançado.

71
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Cabe de stacar as seguintes estratégias básicas de preços que poderão ser objeto de
aplicação pela empresa, segundo Cogan (1994), Bernardi (1996) e Sartori (2004).

a) obter um alto grau de lucratividade a curto prazo;

b) fixar-se de forma eficiente, dentro de um volume razoável de operações sem, porém, com-
prometer os objetivos da empresa a longo prazo;

c) encorajar a entrada de outras empresas no mercado e estimular a demanda do produto;

d) estimular o crescimento do mercado a fim de conseguir um aumento em seu grau de


participação firmando-se como uma empresa de porte significativo;

e) manter os eventuais concorrentes fora do mercado ou ainda eliminar aqueles atualmente


existentes.

É recomendado também, analisar o mercado, a concorrência e demais fatores capazes


de influenciar as decisões de preços da empresa, bem como definir estratégias com base nos
objetivos da organização. Somente desta maneira podemos garantir uma definição de pre-
ços de forma crite riosa e livr e de quaisquer i nfluências ou vícios comport amentais.
Segundo Santos (2000, p. 106) o problema da formação dos preços está ligado às condições
de mercado, às exigências governamentais, aos custos, ao nível de atividade e à remunera-
ção do capital investido.

Conforme o autor, o cálculo do preço de venda deve levar a um valor:

a) que traga à empresa a maximização dos lucros;

b) pelo qual seja possível manter a qualidade, atender aos anseios do mercado àquele preço
determinado;

c) que melhor aproveite os níveis de produção.

Conforme Bornia (2002), Sartori (2004), Wer nke (2001) e Santos (2000), a definição
dos preços de venda de produtos deve receber um tratamento rigoroso, através de uma
análise de caráter gerencial, dos seguintes aspectos básicos:

72
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

a) políticas básicas da empresa em termos de precificação e resultados;

b) objetivos a serem alcançados pela empresa e m termos de volume de vendas e resultados;

c) volumes de venda e lucratividade marginal, necessária à cobertura de custos fixos e lucro


desejado;

d) aspectos de caráter financeiro envolvendo os prazos médios ponderados de compras, ven-


das e giro de estoques;

e) volume de capital de giro necessário para atendimento de diferentes formatações projetadas


para o mix de vendas dos produtos da empresa;

f) ponto de equilíbrio de caráter operacional e financeiro e do nível de grau de re torno dos


investimentos realizados na empresa.

Na lógica da empresa tradicional, Bornia (2002) diz que o preço de venda é calculado

a partir dos custos, mais uma margem de lucro. Podemos representar essa idéia por meio da
seguinte equação:

Preço = Custo + Lucro

Neste caso, o lucro é determinado por um percentual sobre os custos. A questão prin-
cipal é o cálculo do custo dos produtos, para que um item não subsidie o outro. Contudo, no
ambiente competitivo tradicional, onde a demanda por produtos supera a oferta, o mercado
aceita pr aticamente qualquer preço e, por isso, nem mesmo o cálculo do custo nece ssita ser
muito acurado.

Na ótica da empresa moder na, o preço de venda é determinado pelo mercado, transfor-
mando a equação anterior em:

Lucro = Preço – Custo

73
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

A diferença entre as duas equações é que na primeira o preço é a variável dependente,

determinada em função do custo obtido e do lucro desejado, ao passo que na segunda ele se
torna uma variável independente. Nesse caso, o lucro é definido em função do preço de

venda fix ado pelo mercado e do custo que a empresa consegue atingir.

Todo o preço calculado para a venda do produto deve ser formado de modo a cobrir
todos os custos, as despesas fixas, as despesas variáveis de ve nda e os impostos, de forma
que o valor re stante propicie o valor esperado, o lucro.

5.1.1 – CONDIÇÕES QUE CONDUZEM À FORMAÇÃO DOS PREÇOS


(Bruni; Famá, 2004, p. 323):

a) forma-se um preço-base;

b) critica-se o preço-base à luz das características existentes do mercado;

c) testa-se o preço às condições do mercado;

d) fixa-se o preço mais apropriado com condições diferenciadas.

Neste sentido, para atender as diferentes necessidades da formação de preços, Wernke

(2001), Br uni e Famá (2004), Sartori (2004) e Coelho (2007) relatam que é preciso observar:

a) volumes diferentes;

b) prazos diferentes de financiamento de vendas;

c) descontos para prazos mais curtos;

d) comissões sobre vendas para cada condição;

e) a qualidade do produto em relação às necessidades do mercado consumidor;

f) a existência de produtos substitutos a preços mais competitivos;

g) a demanda esperada do produto;

74
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

h) o controle de preços impostos pelo Conselho Interministerial de Preços (CIP);

i) os níveis de produção e de vendas que se pretende ou que se pode operar;

j) grau de ocupação da fábrica;

k) nível do custo estrutural ou fixo a ser coberto;

l) nível de capital de giro exigido;

m) nível de concorrência;

n) disponibilidade de matéria-prima no mercado;

o) mix de venda, etc.

A definição do preço final de venda está, portanto, condicionada à elaboração do


resultado projetado, após análise dos reflexos dos novos preços sobre o volume e o lucro que
se pretende obter.

Reflexão

Importância do preço

Empresas
Produtos Sociedade
Mercado

Custo Concorrência Fornecedor/Cliente


São definidores da formulação da política de preços

Figura 13: Importância da Formação de Preços


Fonte: Sartori (2004).

75
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Fatores internos
Neste sentido, cabe destacar que na formação de preços é
São basead os em custos,
vendas e investimentos. preciso observar os fatores internos e externos. Conforme Sartori
(2004, p. 67-68), os fatores inter nos correspondem a gestão inter-
Fatores externos
na, ou seja, às decisões tomadas dentro da empresa a fim de se
São baseados na demanda e
na concorrência.
atingirem determinados objetivos de vendas, lucros, crescimento,

fator de risco, a partir dos dados considerados como externos à


empresa, tais como mercado, disponibilidade de matérias-primas,

ações do governo, etc.

Na Figura14 apresentam-se os métodos de formação de pre-


ços, observando os fatores internos.

Figura 14: Fatores Internos na Formação de Preços


Fonte: adaptado de Sartori (2004).

Na seqüência, apresentamos os fatores externos que inter-


ferem na formação do preço de venda, adaptado de Sartori (2004,
p. 82-84).

76
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Figura 15: Fatores Externos e sua Influência na Formação de Preços


Fonte: adaptado d e Sartori (2004).

77
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Portanto, podemos observar nas figuras apresentadas, que na formação de preços di-

versas variáveis precisam ser observadas, as quais foram relatadas nos fatores internos e
externos, sendo que o custo, objeto deste componente, é um dos fatores classificados como

interno, de gestão da empresa.

Seção 5.2

Formação do Mark-up

A formação do mark-up, de acordo com Santos (1991), tem a seguinte definição: o


mark-up é um índice aplicado sobre o custo de um bem ou se rviço para a formação do preço
de venda. Mark-up também é definido como sendo um valor adicionado ao custo. Usual-
mente expresso como um pe rcentual do preço de venda, ou ainda, como um aumento sobre
um preço de varejo originalmente estabelecido.

Para Bernardi (1996), o mark-up pode ser definido como um índice ou percentual que
irá adicionar aos custos e despesas, o que não significa que deva ser aplicado linearmente a
todos os bens e serviços.

5.2.1 – FINALIDADE

Este índice tem a finalidade de cobrir os custos das seguintes contas:

a) impostos sobre venda;

b) taxas variáveis sobre vendas;

c) despesas administrativas fixas;

d) despesas de vendas fixas;

e) custos indiretos de produção fixos;

f) margem de lucro.

78
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Bruni e Famá (2004, p. 341-342) apresentam as duas formas para encontrar o mark-

up, que são: multiplicador, mais usual, repre senta por quanto devem ser multiplicados os
custos para se obter o preço de venda a praticar; e divisor, menos usual, representa

percentualmente o custo em relação ao pre ço de venda. Acompanhamos as fórmulas e o


exemplo a seguir.

Mark-up multiplicador

Mark-up = Preço de venda ou Mark-up = ___________1_______________


Custo 1 – soma das taxas percentuais

Mark-up divisor

Mark-up = 100 – Soma das taxas percentuais


100

Onde: Soma das taxas percentuais = soma dos valores expressos em percentuais que
influenciam no processo de formação de preços, como percentual de lucro desejado,
taxa percentual de despesas diversas, etc.

79
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Neste cenário precisamos observar que os impostos e taxas que são pagos sobre o

preço de venda dos produtos somam 23,65%. Além destes, o exemplo apresenta todos os
custos fixos, as despesas e a margem de lucro desejada que somam 34,37%. Então, se somar-

mos esses dois itens (ITV + CDFL), chegamos a um percentual de 58,02%.

E agora, como montamos o mark-up divisor ou multiplicador? Observe a Figuraa seguir:

Figura 16: Formação d o Mark-up Multiplicad or e Divisor


Fonte: Adaptado de Santos, Bornia e Sartori.

Agora podemos perceber que, independente do tipo de mark-up (seja multiplicador ou


divisor) que formos utilizar para formar o preço de venda, este terá o mesmo valor final. Isso
significa que possuímos duas maneiras de cálculo para chegar ao preço de venda. Cabe ao
gestor utilizar a forma que ele mais tiver afinidade.

Outro detalhe da importância de entender como se forma preços, é observar que não
basta apli car um percentual sobre o custo e acreditar que isso é precificar. Não basta com-
prar ou produzir um produto por um valor, conforme o exemplo de R$ 38,00, e aplicar o
percentual de 58,02%, ficando com um preço de R$ 60,04 e acreditar que isso pagaria as
despesas, impostos e ainda sobraria a margem de lucro estimada em 20%. Isso não é verda-
deiro, porque tudo o que você paga é sobre o preço de venda final e não sobre o custo. Essa
maneira de colocar preços está, portanto, totalmente equivocada. Por isso, a importância da
utilização do índice de marcação chamado mark-up.

80
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Unidade 6

APURAÇÃO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO,


DO PONTO DE EQUILÍBRIO E DA MARGEM
DE SEGURANÇA OPERACIONAL

Neste capítulo trabalharemos os conceitos e aplicações da margem de contribuição

unitária e total, do ponto de equilíbrio e da margem de segurança operacional. Esses três

indicadores são informações muito importantes na análise do custo, volume e lucr o, diante

da tomada de decisão nas organizações.

Seção 6.1

Margem de Contribuição

Margem de contribuição é a diferença entre o preço de venda e o custo e despesas

variáveis de cada produto ou serviço; é o valor com que cada unidade contribui para o

pagamento dos custos e despesas fixas e para a formação do lucro. A margem de contribui-

ção pode ser: unitária quando a contribuição é oriunda de uma só unidade de produto; ou

total quando provém de diversas unidades de produto e indica quantitativamente a impor-

tância do produto no desempenho global da empresa (Berti, 2006).

Para melhor ente nder esse concei to, suponh a que a empr esa decida produzir e ven-

de r uma unidade a mais de seu produt o. A receita será acrescida de um valor equi valente

ao preço de venda do produto, enquanto que os custos aume nt arão em um montante

igual aos custos variáve is unitários. A diferença é justamente a margem de contribuição

unitár ia.

81
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Resumindo...
Margem de Contribuição Unitária é...
A margem de contribuição unitária é igual ao preço de venda unitário do
produto (PVu) menos seus custos variáveis unitários (CVu) e despesas
variáveis unitárias (DVu).

MCu = PVu – CVu – DVu

Margem de Contribuição Total é …


A margem de contribuição total representa a parcela do preço que está
disponível para a cobertura dos custos fixos e para a geração do lucro.

MC Total = MCu x Quantidade Vendida

Figura 17: Margem de Contribuição Unitária e Total – fórmulas

CUSTO DESPESA TOTAL PREÇO DE MARGEM DE


VARIÁVEL VARIÁVEL VENDA CONTRIBUIÇÃO
PRODUTO A 500,00 50,00 550,00 1.030,00 480,00/unid.

PRODUTO B 1.000,00 100,00 1.100,00 2.060,00 960,00/unid.

PRODUTO C 500 ,00 30,00 530,00 1.320,00 790,00/unid.

Quadro 11: Margem de Contribuição por Unidade

No Quadro11, podemos identificar que cada unidade vendida do produto A contribui

para a empresa R$ 480,00, mas não podemos considerar este valor como sendo o lucro final,

pois ainda precisamos descontar os custos fixos. Por isso, trata-se de uma margem de contri-

buição, para que multiplicada pelas quantidades vendidas e somada às demais, perfaça a

Margem de Contribuição Total. Deste montante, então, chegare mos ao resultado, que pode

ser chamado de lucro. É notável identificar que o produto B contribui mais por unidade
vendida que os demais produtos; em seguida o produto C e por último o A. A diferença está

entre a receita e o custo variável.

82
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Seção 6.2

Ponto de Equilíbrio

Para a formação do ponto de equilíbrio é preciso levar em conta as receitas e as despe-


sas, calculando os parâmetros que indicam a capacidade mínima em que a empresa deve
operar para não ter prejuízo, sendo necessário, para tanto, saber a margem de contribuição
em percentual ou em quantidades unitárias, que é provocada pela ocorrência de custos e
despesas variáveis na produção e comercialização de produtos.

Segundo H orngren, Foster e Datar (1999), o ponto de equilíbrio é o nível de atividade


em que as receitas totais e os custos totais se igualam, ou seja, onde o lucro é igual a zero.

Conforme Leone (2000), a separação das despesas e dos custos fixos e variáveis e o
conceito do custeamento variável destinam-se a desenvolver informações que auxiliam a
gerência no desempenho de suas funções de planejamento e de tomada de decisões. Embora
tanto o planejamento, como a tomada de decisões sejam baseados no curto prazo, o concei-
to do custeio variável fornece meios para que a Contabilidade de Custos e as gerências de
qualquer nível e de qualquer segmento possam visualizar as interações existentes entre
alguns fatores significativos, presentes nas atividades que influenciam os resultados, ou
seja, receitas, volumes de produção e de vendas e despesas e custos variáveis e fixos. O
instrumento que os gestores usam corretamente para obter essas interações e sua influência
nos resultados é a análise das relações custo, volume e lucro.

Em termos gerais, então, o ponto de equilíbrio é o ponto de produção e vendas em que


os custos se igualam às receitas. Refere-se ao nível de venda em que não há lucro nem
prejuízo, em que existe o equilíbrio entre as receitas totais e as despesas e cust os totais.
Através desta análise chega-se a quantidade de unidades que serão necessárias para suprir
os gastos fixos. Se a empresa operar acima de sse nível, passa a ter um resultado positivo
(lucro), abaixo desse nível o resultado é negativo (prejuízo).

Ponto de equilíbrio ou ponto de nivelamento ou ponto de r uptura é onde se encontra


o nível necessário de produção e venda para a cobertura dos custos fixos totais e variáveis
até o ponto de equilíbrio. A receita gerada pelas atividades da empresa é igual ao custo total

83
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

(variável e fixo). Estas relações podem ser utilizadas para estimar o volume necessário para

obter a renda desejada e, também, para estimar o resultado de várias maneiras, a fim de
incrementar o lucro (Bert i, 2006).

6.2.1 – CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO

Segundo Berti (2006), a aplicação do ponto de equilíbrio depende de algumas hipóte-


ses básicas, conforme demonstrado a seguir:

a) terminologia empregada na contabilidade de custos – Os parâmetros de Custos fixos e


custos variáveis, o método de custeio para o cálculo é o custeio variável ou direto;

b) os custos variáveis unitários assumem a posição de fixos, já que o consumo dos fatores
produtivos por unidade não altera;

c) o preço de venda não altera em função de modificações do volume físico de vendas;

d) indiferente ao volume de atividades da empresa se há um produto ou vários produtos sua


distribuição relativa é constante;

e) as políticas administrativas básicas em relação às operações permanecem essencialmente


uniformes;

f) o nível geral de preço, tanto na compra de fatores de produção, como na venda de produ-
tos, permanece constante em curto prazo;

g) há uma sincronização entre vendas e produção, ou seja, os estoques permanecem cons-


tantes ou dependendo da política da empresa, nulos.

6.2.2 – ESQUEMA BÁSICO DO PONTO DE EQUILÍBRIO

Para se identificar o ponto de equilíbrio é necessário conhecer as três principais variá-


veis: rece ita da empresa, custo variável e custo f ixo total.

84
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

CUSTO FIXO

di vidi do
Q uant id ade PR EÇO REC EIT A
Vend ida
Margem de
Contribuiçã o
Q uant idade CU STO CU STO
Produzida VA RIÁ VEL
VAR IÁVEL
TOT AL igual

PONTO DE
EQ UI LI BRIO

Figura 18: Fluxograma para Encontrar o Ponto de Equilíbrio.


Fonte: Berti (2006)

6.2.3 – TIPOS DE PONTO DE EQUILÍBRIO

Berti (2006) esclarece que na gestão de custos como subsídio à tomada de decisão
empresarial, alguns fatores e teorias são importantes a serem avaliadas para que as informa-
ções sejam seguras e aux iliem a empresa a alcançar os objetivos essenciais. Existem três
for mas de calcular o Ponto de Equilíbrio em unidades (Contábil, Econômico e Financeiro),
mas normalmente são atribuídos a um produto ou mercadoria.

a) Ponto de Equilíbrio Contábil: Custos Fixos + Despesas fixas/margem de Contribuição


unitári a.

b) Ponto de Equilíbrio Econômico: Custos Fixos + Despesas Fixas – Depreciaçõe s/margem


de Contribuição unitária.

c) Ponto de Equilíbrio Financeiro: Custos Fixos + Despesas Fixas + Lucro dese jado/mar-
gem de Contribuição unitária.

85
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Figura 19: Exemplo de Cálculo do Ponto de Equilíbrio


Fonte: Bruni; Famá (2004).

86
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

6.2.4 – ANÁLISE GRÁFICA DO PONTO DE EQUILÍBRIO

Figura 20: Representação Gráfica do Ponto de Equilíbrio


Fonte: Wernke (2001, p. 49).

Analisando a Figura20, podemos entender que os custos e despesas fixas permanecem


constante s, independente do volume de unidade s produzidas. Podemos dizer que os custos
e as despesas variáveis representam a diferença entre ambas, demonstrado no gráfico, pelo
ângulo formado.

O ponto no qual as receitas totais se encontram com os cust os e as despesas totais é


chamado de ponto de equilíbrio, ou seja, neste ponto as receitas totais e os custos e as
despesas totais são iguais a zero. Concluindo esta análise, podemos considerar que toda a
demarcação abaixo do ponto de equilíbrio é considerada como prejuízo para a empresa. A
partir do ponto de equilíbrio cada produto que a empresa vender vai contribuir com uma
margem de lucro, formando assim o lucro total.

6.2.5 – BENEFÍCIOS DO PONTO DE EQUILÍBRIO

Segundo Wernke (2001, p. 55-56), “a utilização do PE e respectiva análise proporcio-


nam diversos subsídios aos gerentes. A informação do PE da companhia, tanto do total
global, como por produto individual, é importante porque identifica o nível mínimo de ativi-
dade que a entidade ou cada divisão deve operar ”.

87
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Segundo o autor, o cálculo do PE atende às decisões empr esariais relacionadas com:

a) alteração do mix de vendas, tendo em vista o comportamento do mercado;

b) a alteração de políticas de vendas com relação a lançamento de novos produtos;

c) definição do mix de produtos, do nível de produção e preço do produto;

d) responde perguntas, que exigem respostas rápidas, tais como:

• Quantas unidades de produto devem ser vendidas para se obter determinado montante
de lucro?

• Qual a influência de um desconto promocional nos preços de venda?

• O que acontecerá com o lucro se o preço de venda aumentar ou diminuir?

• O que acontecerá com o PE se determinada matéria-prima aumentar 20% e não tiver


condições de ser repassada ao preço dos produtos?

• Um aumento nos custos fixos terá qual influência no resultado da empresa?

• Útil ao planejamento e controle de vendas e de resultados.

6.2.6 – LIMITAÇÕES DO PONTO DE EQUILÍBRIO

Ao comentar as limitações da análise do PE, menciona que devem ser levados em consideração
os seguintes pontos: a) variação de um componente: considerar mudança no preço sem a influên-
cia dos demais componentes; na realidade, quando muda um componente, muda outro; b ) custos
fixos e variáveis: geralmente o comportamento do custo fixo não é tão constante como mostra o
gráfico do PE, e o custo variável em certos aspectos não varia proporcionalmente ao volume; c)
análise estatística: as dificuldades existentes na montagem dos dados para a análise não levam
em consideração todo o dinamismo envolvido nas empresas e no dia-a-dia dos negócios” (San-
tos, apud Wernke, 2001, p. 56-57).

88
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Percebemos que o PE possui limitações que devem ser consideradas pelo gestor em

face do tipo de atividade e do horizonte de tempo da tomada de decisão na qual será empre-
gado.

Segundo Santos (2000), a análise do equilíbrio entre receitas de vendas e custos é


muito importante como instrumento de decisão gerencial. O sucesso financeiro de qualquer
empreendimento empresarial está condicionado à existência da melhor informação gerencial.
No rol das informações mínimas e indispensáveis para a decisão, está a “análise do ponto de
equilíbrio”.

Seção 6.3

Margem de Segurança Operacional

Segundo We rnke (2001, p. 62), “a margem de segurança é o volume de vendas que


supera as vendas calculadas no ponto de equilíbrio. Ou seja, representa o quanto as vendas

podem cair sem que haja prejuízo para a empresa”. Complementa que a margem de segu-
rança pode ser expressa quantitativamente, em unidades físicas ou monetárias, ou sob for-

ma percentual. Para obtenção da margem de segurança podem ser utilizadas as seguintes


fórmulas:

Margem de Segurança em valor (R$) = vendas efetivas (R$) – vendas do PE em valor (R$)

Margem de Segurança em unidades = vendas efetivas em unidades – vendas em unidades no PE

Margem de Segurança em percentual (%) = margem de segurança (R$)


vendas totais

“A margem de segurança indica a distância física em que a empresa está trabalhando


em relação ao seu ponto de equilíbrio” (Bruni; Famá, 2004, p. 264).

89
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Para Hansen e Mowen (2001), a margem de segurança são as unidades vendidas ou que

se espera que sejam vendidas, ou a receita obtida ou que se espera obter, acima do volume do
ponto de equilíbrio. A margem de segurança pode também ser expressa em receita de vendas.

MSO = Quantidade vendida – quantidade no ponto de equilíbrio

Figura 21: Cálculo da Margem de Segurança Operacional


Fonte: Dados do Quadro 18.

A margem de segurança pode ser vista como uma medida crua do risco. Existem sem-
pre eventos desconhecidos, quando os planos são elaborados, podendo reduzir as vendas
abaixo do nível esperado. Se a margem de segurança de uma empresa for grande dado às
vendas es peradas para o ano vindouro, o risco de sofrer perdas, caso as vendas caiam, é
menor do que se a marge m de segurança fosse pequena. Os gestores que enfrentam uma
margem de segurança baixa podem considerar certas medidas para aumentar suas vendas e
reduzir seus custos.

90
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Unidade 7

GESTÃO DE CUSTO E PREÇOS


NA ATIVIDADE COMERCIAL

Neste capítulo trataremos da formação de preços na atividade comercial. Esta ativida-


de possui uma dinâmica específica: não precisa calcular o custo de produção, nem verificar

qual método de custeio vai utilizar para acumular os seus custos A atividade comercial
envolve apenas o custo da mercadoria adquirida e a partir deste, levantar todas as despesas

mensais do estabelecimento, identificar a m argem de lucro de sejada de cada mercadoria,


formar o mark-up, e a partir deste, sempre comparando o seu preço de venda com o mercado

(demanda), é possível trabalhar toda a análise do custo, do volume e do lucro.

Seção 7.1

Atividade Comercial – definições

Entendemos por comercial toda atividade exercida por prática de atos de comércio;
tudo que envolve troca, permuta, i ntermediação entre o produtor e o consumidor, com obje-
tivo de lucro.

Embora todo o tipo de empresa (industrial, comercial e de serviços) exerça atividade

econômica com finalidade lucrativa, o comércio se diferencia por intermediar o produto


entre as fontes de produção e o consumidor e por ser atuante em duas formas dis tintas de

comercialização: atacado ou varejo.

Segundo Wernke (2005, p. 124), na década de 80, a economia brasileira vivenciou um


important e acontecimento, quando o setor secundário (indústria) foi suplantado pelo setor
terciário (serviços) na condição de setor de maior peso na economia nacional. O grau de

91
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

importância atribuída ao comércio prende-se aos fatos de que este segmento é o responsável

pela maior participação no produto, combinada com o elevado número de e mpresas. Consi-
derando-se a relevância dos dados apresentados pelo setor varejista, é plenamente justificá-

vel a atenção que a área de custos deve dispensar-lhe, suprindo os gestores dessas empresas
com informações de cunho gerencial.

A globalização atingiu economicamente todos os se gmentos de mercado e o varejo


não é exceção. Com uma concorrência acirrada, ocasionando queda real nas margens de
lucros, o foco da atenção voltou-se à correta formação de preços.

Seção 7.2

Cálculo do Preço de Venda no Comércio

A correta formação de preços de venda é questão fundamental para a sobrevivência e


crescimento das empresas, independentemente do porte e da área de atuação. A determina-

ção do preço de venda está sendo cada vez mais influenciada por fatores de mercado e
menos por fatores internos. Entretanto, toda empresa deve saber o preço de venda orientativo,

ou seja, o preço mínimo pe lo qual de ve vender seus produtos/mercadorias (Wernke, 2005).

Precificação é uma atividade de gestão e marketing preocupada com a colocação de


preços para novos produtos e o ajuste de preços para produtos existentes. A precificação faz
parte do composto mercadológico e, do ponto de vista do consumidor, é ele mento inseparável
do produto (bem ou serviço). É através dessa relação que o consumidor pode avaliar a relação
custo-benefício ou, em outros termos, sua possibilidade de extrair valor do dinheiro aplicado.

Preço é a expressão do valor de troca que se oferece por alguma coisa que satisfaça
uma necessidade ou desejo. Conforme Wernke (2001), no cálculo do preço de venda, as
empresas devem procurar valores que maximizem lucros; possibilitem alcançar as metas de
vendas com tal preço; permitam otimização do capital investido e proporcionem a utilização
eficaz da capacidade de produção instalada.

92
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

7.2.1 – MÉTODOS DE PRECIFICAÇÃO

Wernke (2001) e Bruni e Famá (2004) relatam que para a formação do preço de venda
devem ser observados alguns critérios, entre eles:

a) inicialmente calcular o preço orientativo, com base em dados internos da empresa;

b) após, fazer uma crítica deste preço com as características do preço do mercado concorrente;

c) posteriormente testar o preço orientativo nas condições do mercado, relacionando custo/


volume/lucro e considerando os aspectos econômicos e financeiros da empresa;

d) por último, fixar o preço mais apropriado, considerando volumes, prazos, de scontos e
comissões.

O autor e sclarece, também , que muitos são os fatores que interferem na formação do
preço de venda, entre eles:

a) qualidade do produto diante do mercado consumidor;

b) produtos similares;

c) demanda estimada do produto;

d) controle de preços por órgãos reguladores;

e) níveis de venda que se pretende atingir;

f) custos e despesas do produto.

Em geral são adotados pelas e mpresas quatro métodos para a formação de preços:

a) Método com base no custo da mercadoria;

b) Método com base nas decisões de empresas concorrentes;

c) Método com base nas características do mercado;

d) Método Misto (combinação de custos, concorrência e características do mercado).

93
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

O primeiro método é o mais comum na prática empresarial e consiste em adicionar

uma margem fixa a um custo base, conhecido como mark-up. O segundo método é o basea-
do nas decisões das empresas concorrentes, problemático por não se saber se a concorrência

opera com ou sem lucro. Assim, simplesmente adotar o preço igual ou inferior pode compro-
meter a lucratividade da empresa. O terceiro método consiste num conhecimento profundo

do mercado e assim estabelecer preços de acordo com o nicho de mercado que quer atingir.
E o quarto método é o misto, justamente por englobar a combi nação dos diversos fatores

(Wernke, 2005).

7.2.2 – CÁLCULO DO CUSTO DE COMPRA

Todos os esforços despendidos para a aquisição das mercadorias, materiais ou serviços


até o momento de sua utilização participam do custo de compra. Assim, compõem os custos
de compra os seguintes fatores:

GESTÃO DE CUSTOS NO COMÉRCIO

Calculo do custo de compra:


(+) Custo da fatura (valor constante na NF)
( -) Descontos dados na fatura (incondicionais, mencionados no
corpo da NF. Não são os descontos recebidos por pagamento
no vencimento antecipado da duplicata)
(+) Despesas acessórias (fretes, seguros, outros)
(+) Impostos não recuperáveis fiscalmente (IPI no comércio)
( -) Impostos recuperáveis fiscalmente (ICMS no comércio)
(=) Custo de aquisição das mercadorias, materiais e serviços.

Indústria: recupera ICMS e IPI PIS/COF


Comércio: Recupera somente o ICMS. INS

Figura 22: Cálculo do Custo de Compra no Comércio


Fonte: Wernke (2001).

94
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

A diferença básica entre os cálculos de custo de compra para o comércio e para a


indústria está na recuperação de tributos. O ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercado-
rias e Serviços) e IPI (Imposto de Produtos Industrializados) são recuperáveis fiscalmente no
caso industrial, enquanto somente o ICMS é recuperável quando se trata de comércio. Tam-
bém é preciso observar o PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social), que conforme o tipo de mercadoria e o tipo de negó-
cio fazem parte do custo de aquisição.

7.2.3 – TAXA DE MARCAÇÃO (Mark-up)

Quando falamos em definir o mark-up, tanto na indústria quanto no comércio, a for-


ma de elaboração é a mesma, o que diferencia uma atividade da outra são os impostos e o
custo, que na indústria é o custo de produção (que envolve custos fixos e variáveis), en-
quanto que no comércio é o custo de aquisição. Além destas diferenças tributárias, existe
diferença na nomenclatura, no comércio falamos em despesas. Em função disso, apre senta-
mos os conceitos e a formulação do mark-up para comércio.

Segundo Wernke (2001), a taxa de marcação ou mark-up é um índice aplicado sobre o


custo de um bem ou serviço para formação do preço de venda. Tem por finalidade cobrir os
fatores, como tributação sobre vendas (ICMS, IPI, PIS, Cofins ou Simples), percentuais
incidentes sobre o preço de venda (comissões sobre vendas, franquias, comissão da adminis-
tradora do cartão de crédito, etc.), despesas administrativas fixas, despesas de vendas fixas,
custos indiretos de produção fixos e margem de lucro.

No comércio (principalmente) é comum a utilização de margens de lucro m ais baixas


em determinados produtos que servem como “atração” aos consumidores. Por exemplo: os
supermercados anunciam determinado produto (carne) por um preço baixo. Têm intenção
de que os clientes venham comprar o produto e levem junto outras mercadorias (cervejas,
condimentos, legumes, arroz, etc) comercializadas com margens de lucro maior. Assim, com-
pensam a pequena marge m numa mercadoria com margens maiores e m outras.

Quanto à elaboração existem duas formas de utilização do mark-up: divisor ou multiplicador.


Independentemente de qual modo é utilizado, o valor do preço de venda será igual.

95
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

7.2.3.1 – Obtenção do mark-up divisor

Para obtenção do mark-up divisor, é necessário que sejam observadas as fases a seguir
relacionadas:

a) Listar todas as Despesas Variáveis de Venda (DVVs):

– ICMS s/vendas 17%;

– Comissões s/vendas 3%;

– Lucro desejado 5%.

b) Somar as DVVs: (17% + 3% + 5% = 25%);

c) Dividir a soma das DVVs por 100 (para achar a forma unitária): (25% : 100 = 0,25);

d) O quociente da divisão deve ser subtraído de “1”: (1 – 0,2500 = 0,7500);

e) Dividi r o Custo de Compra pelo mark-up divisor.

Exemplo: se o custo unitário da mercadoria é de R$ 500,00, o preço de venda à vista


seria ent ão de R$ 666,67 (pois R$ 500,00/0,7500 = R$ 666,67). A exatidão do cálculo pode
ser verificada pela demonstração a seguir:

(+) Preço de venda orientativo ($)............................................... = 666,67

(-) Percentuais utilizados (17% + 5% + 3% = 25%).................... = (166,67)

(=) Custo da mercadoria ($)........................................................ .= 500,00

Segundo Wernke, caso o lojista deseje incluir um percentual relativo às despesas men-
sais (todas as despesas, exceto os custos de compra e os fatores já considerados na taxa de
marcação) no mark-up, o caminho que pode ser seguido passa pela obtenção do valor total
dos custos indiretos mensais e o respectivo faturamento mensal. Sugere-se o uso de médias
para eliminar fatores sazonais, muito comuns no segmento varejista.

96
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Exemplo: como obter o percentual das despesas a ser incluídas na taxa de marcação,

consider ando que o valor das despesas mé dias mensais seja de R$ 8.000,00 para um
faturamento de R$ 120.000,00.

– Valor total das despesas mensais = 8.000,00

– (/) Valor faturamento m édio mensal = 120.000,00

– (=) Quociente = 0,066667

– (x 100) = Percentual de custos indiretos para o MKM = 6,6667

Com esse procedimento, as despesas mensais são distribuídas aos produtos de acordo
com o preço de venda (faturamento), cabível somente nos casos em que as despesas sejam
pouco relevantes para que não h aja distorções significativas.

Seção 7.3

Relatórios Gerenciais para Empresas Comerciais

As dificuldades que as empresas estão atravessando para se adaptarem ao novo perfil

competitivo têm levado seus administradores a buscarem novas ferramentas gerenciais, e se-

gundo Santos (2000), Wernke (2001) e Wernke (2005), a contabilidade como linguagem de

negócios tem se sobressaído entre as fer ramentas da administração, fornecendo subsídios po-

derosos por meio de gerenciamento das margens de contribuição das mercadorias vendidas.

7.3.1 – RELATÓRIOS DE CONTROLE DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

Para determinação do valor da margem de contribuição, dois elementos são funda-

mentais: as Despesas variáveis e os Custos variáveis.

97
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

É sabido que as despesas variáveis são aquelas que incidem diretamente sobre o preço

de venda, portanto, só ocorrem quando a venda é realizada. Por exemplo, Comissões devi-
das a vendedores e os impostos incidentes sobre a venda. O Custo variável é o valor do preço

de custo da mercadoria adquirida para revenda. No comércio, o custo variável refere-se


somente ao custo da mercadoria que será vendida.

Para apurar a margem de contribuição, aplica-se a seguinte fórmula:

MCu = PVu – (CVu + DVu)

Wernke (2005) propõe a adoção de relatórios gerenciais de controle da margem de


contribuição, que podem ser elaborados pelo tipo de mercadoria ou linha de mercadoria, por
setor ou departamento. Veja um exemplo no Quadro12.

Empresa:

Mercadorias Feijão Arroz

Preço unitário

Custo Unitário

Comissão s/venda unitária

Tributos s/venda unitária

Margem de Contribuição unitária

Margem de Contribuição percentual

Quantidades vendidas

Margem de Contribuição Total

Quadro 12: Controle da Margem de Contribuição


Fonte: Wernke (2005).

98
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

7.3.2 – AS VANTAGENS DO CÁLCULO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

Segundo Assef (1997), a margem de contribuição indica de maneira imediata qual é a


contribuição direta de cada mercadoria vendida aos resultados finais da empresa. Permite a
identificação das mercadorias mais ou menos lucrativas, sem a utilização de cri térios de
rateio totalmente discutíveis.

Nesta linha, Santos (2000) descreve as vantagens de conhece r os índices e o valor da


margem de contribuição, adaptadas ao comércio varejista, da seguinte forma:

a) os índices de margem de contribuição ajudam a administração a decidir quais mercado-


rias deve m me recer maior esforço de venda, serem colocadas em planos secundários, ou
serem toleradas por trazerem benefícios para vendas de outras mercadorias;

b) as margens de contribuição são essenciais para auxiliar os gestores a decidirem se um


segmento de comercialização deve ou não ser abandonado;

c) podem ser usadas para avaliar alternativas relacionadas às reduções de preços, descontos
especiais, campanhas publicitárias e uso de premiações para o aumento do volume de
venda. Normalmente, quanto maior for o índice de margem de contribuição, melhor será
a oportunidade de promover vendas; quanto mais baixo o índice, maior será o aumento
do volume de vendas necessário para recuperar os compromissos de promover vendas
adicionais;

d) quando se chega à conclusão quanto aos lucros desejados, pode-se avaliar prontamente
o seu realismo pelo cálculo do número de unidades a vender para conseguir os lucros
desejados. O cálculo é facilmente feito, dividindo-se os custos fixos mais o lucro desejado
pela marge m de contribuição unitária;

e) muitas vezes é necessário decidir sobre como utilizar determinado grupo de recursos (exem-
plo: equipame ntos ou insumos) de maneira mais lucrativa. A abordagem da margem de
contribuição fornece dados necessários a uma decisão apropriada, porque essa decisão é
determinada pelo produto que der a maior contribuição total aos lucros;

f) a margem de contribuição auxilia os gerentes a entenderem a relação entre custos, volu-


me, preços e lucros, levando a decisões mais sábias sobre preços.

99
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

7.3.3 – OUTRAS INFORMAÇÕES PARA PROJEÇÃO DO PREÇO DE VENDA

A projeção do preço de venda de um produto compreende a análise e o estudo de uma

estrutura de informações básicas, desenvolvidas de forma organizada, a partir das áreas


responsáveis. Dentre os pontos de análise, com base em Sartori (2004), Bruni e Famá (2004),
Wernke (2001 e 2005) e Coelho (2007), destacamos os seguintes exemplos:

I. Análise de aspectos da alta administração

a) Análise dos aspectos de caráter global para uma perfeita definição das políticas básicas
da empresa no tocante aos aspectos de vendas e outros de caráter f inanceiro;

b) Análise dos aspectos de caráter global para aprovação dos objetivos de vendas e produ-
ção a sere m alcançados pela empresa no período orçamentário;

c) Análise do comportamento de custos, preços e resultados para aprovação dos níveis de


margem de contribuição a serem praticados como fator orientativo dos preços de venda a
serem praticados pela empresa;

d) Análise das necessidades de marketing para aprovação de verbas para desenvolvimento


de campanhas especiais de caráter promocional ou institucional;

e) Análise das necessidades da empresa em termos de investimentos técnicos para atendi-


mento de novos produtos ou volumes adicionais de produção;

f) Análise e aprovação de negócios de caráter especial em termos de descontos especiais ou


grau de concentração de risco.

II. Análise de aspectos de vendas e marketing

a) Análise dos prazos necessários a serem concedidos pela empresa por produto, mercado ou
cliente específico;

b) Análise detalhada quando da inclusão de cláusulas especiais de reajustes, extensivos até


a data do pagamento pelo cliente;

100
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

c) Análise dos prazos necessários para aprovação e recebimento de reajustes devidos sobre

vendas;

d) Análise prévia e identificação dos prazos previstos para recebimento dos valores, quando

da realização de vendas a órgãos governamentais;

e) Análise e identificação das bases contratuais de vendas em termos de comissões a serem

pagas sobre vendas e respectivos encargos, bem como os prazos e datas para sua liquidação;

f) Análise do nível de custos adicionais com a participação da empresa em campanhas ou

promoções de vendas junto a clientes especiais, novos mercados e outros;

g) Análise do grau de perdas, quebras, extravio e outros prejuízos quando da venda, entrega

ou devolução ou grau de encalhe e desconto previsto para liquidação de produtos sujei-


tos a sazonalidade, moda e demais condições ou fatores de transitoriedade de vendas.

III. Análise de aspectos de compras e produção

a) Análise e identificação das necessidades de produção em termos de materiais, mão-de-

obra e demai s recursos de caráter operacional;

b) Análise dos custos de m atérias-primas e condições de comercialização, especialmente:

preço bruto, impostos incidentes (IPI) e impostos inclusos (ICMS); prazos de entrega e
condições de pagamento dos valores;

c) Análise dos custos adi cionais com frete e seguro de responsabilidade da empresa;

d) Análise dos custos com embalagens especiais para expedição ou exportação de produtos;

e) Análise da existência de cláusulas especiais de reajustes i ncidentes sobre a compra de


materiais;

f) Análise dos custos adicionais com frete e seguro, quando do despacho ou entrega de
produtos a clientes sob a responsabilidade da empresa.

101
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

IV. Análise de aspectos de controladoria e finanças

a) Análise junto à área de produção, para ide ntificação dos custos de grau de comporta-
mento efetivamente variável em cada produto específico;

b) Análise dos impostos incidentes sobre as vendas, a serem pagos pelo cliente ou inclusos
no preço da mercadoria, de stacando-se os valores de ICMS, IPI e contribuições adicio-
nais a se rem pagas a título de PIS e COFINS apuradas contabilmente;

c) Análise dos prazos para recolhimento de impostos incidentes ou identificação de eventual


saldo credor e a sua provável data para liquidação ou aproveitamento do valor do crédito;

d) Análise dos prazos concedidos, bem como o número de dias de atraso médio ponderado,
tolerado nos últimos meses, para os princi pais clientes da empresa;

e) Análise de custos adicionais para cobrança ou recebimento de duplicatas de re sponsabi-


lidade de clientes;

f) Análise do grau de perdas com clientes considerados como devedores duvidosos;

g) Análise do nível de perdas prováve is no caso de eventual congelamento de preços de


vendas ou aplicação de tablitas redutoras sobre os valores de duplicatas a receber de
clientes.

102
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

Referências

ASSEF, R. Guia prático de formação de preços. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

BERNARDI, L. A. Política e formação de preços. São Paulo: Ed. Atlas; 1996.

BERTO, D.; BEULKE, R. Gestão de custos. São Paulo: Ed Saraiva, 2005.

BERTI, A. Contabilidade e análise de custos. Curitiba: Juruá, 2006.

BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos. São Paulo: Atlas, 2002.

BRUNI, A.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

COELHO, F. S. Formação estratégica de precificação. São Paulo: Atlas, 2007.

COGAN, S. L. Activity-Based Costing (ABC): a poderosa estratégia empresarial. Rio de Ja-


neiro: Pioneira, 1994.

HANSEN, D. R.; MOWEN, M. Gestão de custos – contabilidade e controle. Rio de Janeiro:


Pioneira, 2001.

HORNGREN, C. T.; FOSTER, D.; DATAR, S. M. Contabilidade de custos. Tadução da 9ª ed.


por José Luiz Paravato. Rio de Janeiro: LTCA, 1999.

IUDÍCIBUS, S. Análise de custos. São Paulo: Atlas, 1990.

LEONE, G. S. Custos: planejamento, implantação e controle. São Paulo: Atlas, 2000.

______. Curso de contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 1997.

MARTINS, E. Contabilidade de custos. 6. ed. São Paulo: Atlas; 1998.

______. Contabilidade de custos. 7. ed. São Paulo: Atlas; 2001.

103
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

PADOVEZE, L. C. Curso básico gerencial de custos. São Paulo: Thomson, 2003.

PASSARELI, J.; BONFIM, E. A. Custos: análise e controle. São Paulo: Atlas, 2002.

PASSARELI, J.; BONFIM, E. A. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2003.

PEREZ JR. J. H.; OLIVEIRA, L. M.; COSTA, R. G. Gestão estratégica de custos. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 1999.

SANTOS, J. J. Formação de preços e do lucro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

______. Análise de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

SCHIER, C. U. C. Gestão de custos. 20. ed. Curitiba: IBPEX, 2006.

SARDINHA, J. C. Formação de preços – a arte de negócio. São Paulo: Ed. Markon Books;
1995.

SARTORI, E. Gestão de preços. Estratégia e f lexibilização de preços, fidelização de clientes


e aumento de rentabilidade. São Paulo: Atlas, 2004.

WERNKE, R. Gestão de custos. São Paulo: Atlas, 2001.

______. Análise de custos e preço de venda. São Paulo: Saraiva, 2005.

Sugestão de Leitura

ATKINSON, A. A.; BANKER, R. D.; KAPLAN, R. S.; YOUNG, S. M. Contabilidade gerencial.


Trad. André O Mosselmann Du Chenoy Castro. São Paulo: Atlas, 2000.

BACKER, N.; JACOBSEN, L. Contabilidade de custos: um enfoque de administração de em-


presas. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 1974. 2 v.

______. Contabilidade de custos: uma abordagem gerencial. Trad. José Carlos Marion e
Mussolini Or ru. 2. ed. São Paulo: MacGraw-Hill do Brasil, 1984.

104
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

BERLINER, C.; BRIMSON, J. A. Gerenciamento de custos em indústrias avançados. São


Paulo: T. A. Queiroz, 1992.

CAMPIGLIA, A. O.; CAMPIGLIA, O. R. Controles de gestão. São Paulo: Atlas, 1995.

CHING, H. Y. Gestão baseada em custeio por atividades. São Paulo: Atlas, 1995.

CHURCHI L, G. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Sarai va, 2000.

COGAN, S. L. Custos e preços: formação e análise. São Paulo: Pioneira, 1999.

COOPER, R.; KAPLAN, R. Gestão de custos na nova economia: sistemas integrados de


custeio. HSM Management, n. 19, ano 4, p. 70-78, mar./abr. 2000.

CRC -SP. Custo como ferramenta gerencial. Colaboração: Ibracon – Instituto Brasileiro de
Contadores. São Paulo: Atlas, 1992.

GUIMARÃES, K. M. S. A evolução da Contabilidade de Custos até a era da globalização.


RBC, n. 122, p. 92-98, mar./abr. 2000.

HORNGREN, C. T. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas; 1989. Vol. II.

IUDÍCIBUS, S. Teoria da contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1993.

KAPL AN, S. R.; COOPER, R. Custo e desempenho: administre seus custos para ser mais
competitivo. São Paulo: Futura, 1998.

KAPL AN, R. S.; NORTON, D. Organização orientada para a estratégia. Rio de Janeiro:
Campus, 2000.

LEONE, G. S. Custos um enfoque administrativo. 9. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1987.

MAHER, M. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2003.

MONDEN, Y. Sistemas de redução de custos: custo-alvo e custo Kaizen. Porto Alegre, RS:
Bookman, 1999.

105
C USTOS E FOR MA ÇÃO DO PR EÇO DE VENDA

NAKAGAWA, M. Gestão estratégica de custos: conceitos, sistemas e implementação. São

Paulo: Atlas, 1991.

NAGLE, T.; HOLDEN, R. Estratégia e táticas de preços. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2005.

PADOVEZE, L. C. Contabilidade gerencial – um enfoque em sistema de informação contábil.


São Paulo: Atlas, 2003.

SANTOS, R. V.; NININ, A. C. da Silva. Realidade dos Sistemas de Custos em Empre sas de
Grande Porte. Revista de Contabilidade CRC, São Paulo, n. 14, p. 22-37, dez. 2000.

VIEIRA, E. P.; ROSSI, E.; POCAI, S. Custos na atividade com ercial. Revista Contabilidade e
Informação, Ijuí: Ed. Unijuí, n. 18, p. 35-48, 2003.

VIEIRA, E.; BRANDLI, G.; KLEIN, J. Consideração sobre formação do preço de venda de
produtos e serviços. Revista Contabilidade e Informação, Ijuí: Ed. Unijuí, n. 19, p. 15-24,
2005.

VIEIRA, E.; KELM, M.; CLEBSCH, T. Custos e formação de preços no comercio. Revista
Contabilidade e Informação, Ijuí: Ed. Unijuí, n. 24, p. 15-24, 2007.

106

Você também pode gostar