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Caracterização Biológica de duas Cavernas do Parque das Mangabeiras,

Belo Horizonte, Minas Gerais.

KATIA MACIEL LIMA1; LUCIANO EMERICH FARIA2; EVANDRO GAMA DE OLIVEIRA3

Resumo
Existe no Brasil um número ainda desconhecido de cavernas em litologias ferruginosas, e
estas cavernas têm recebido pouca atenção no que se refere a estudos bioespeleológicos.
O presente trabalho teve como objetivo fazer um levantamento espeleológico em uma área
do Parque das Mangabeiras e caracterizar biologicamente as comunidades de artrópodes
associadas a duas cavidades. Estas cavernas se desenvolvem sob canga, típicas dos
campos ferruginosos do Quadrilátero Ferrífero. Para a amostragem da fauna de artrópodes
foram realizadas coletas bimensais com uso de armadilhas tipo “Solo” além de coletas
manuais. Durante o estudo, foram capturados 215 indivíduos, pertencentes a 11 ordens e 47
morfoespécies. A caverna maior (GPMI) apresentou 31 espécies e a caverna menor
(GPMIII) 29 espécies. O índice de diversidade para a caverna GPMI foi 2,39 (H’) e 2,42 para
a caverna GPMIII. Os índices de similaridade entre essas duas cavernas foram 0,43
(Sorensen qualitativo) e 0,28 (Sorensen quantitativo). Apesar destas cavernas serem
relativamente pequenas, apresentaram alta diversidade e baixa similaridade faunística, o
que enfatiza seu valor biológico e a importância de serem preservadas.

Palavras-chave: Artrópodes. Canga. Cavernas. Comunidade. Parque das Mangabeiras.

1
Aluna concluinte do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário UNA, Faculdade
de Ciências Biológicas, Belo Horizonte, Minas Gerais. Email: katiamaciellima@yahoo.com.br
2
Mestre em Química. Email: luemfa@hotmail.com
3
Professor Doutor do Centro Universitário UNA. Email: evandro_gama@uol.com.br
2

Caracterização Biológica de duas Cavernas do Parque das Mangabeiras,


Belo Horizonte, Minas Gerais.

KATIA MACIEL LIMA1; LUCIANO EMERICH FARIA2; EVANDRO GAMA DE OLIVEIRA3

Abstract
In Brazil, it is not yet how the number of caves in ferruginous outcrops, and these caves
there have been few biospeleological studies of such caves. This study aimed at conducting
a speleological survey in a area of Parque das Mangabeiras (Belo Horizonte, MG) and
describing the arthropod community living in two caves found. These caves developed in
ferruginous rocks ands are typical of the area known as Quadrilátero Ferrífero, in the Minas
Gerais. Samplings of the arthropod community were conducted every two months with the
aid of “Solo” traps, in addition to manual samplings. During the study period, 215 specimens
were captured. These specimens comprised 11 orders and 47 morphospecies. Thirty-one
morphospecies were found in the larger cave (GPMI), while 29 species were found in the
smaller cave (GPMIII). Shannon-Wiener diversity index for cave GPMI was 2,39 and e 2,42
for cave GPMIII. Similarity indexes between these two caves were 0.43 (Sorensen
qualitative) and 0.28 (Sorensen quantitative). Although these two caves are small, the
diversity within them was relatively high and the faunistic similarity between them was low.
These results highlight the biological value of these two caves and the need to preserve
them.

Key words: Arthropods. Canga (“ferruginous outcrops”). Caves. Communities. Parque das
Mangabeiras.

1
Aluna concluinte do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário UNA, Faculdade
de Ciências Biológicas, Belo Horizonte, Minas Gerais. Email: katiamaciellima@yahoo.com.br
2
Mestre em Química. Email: luemfa@hotmail.com
3
Professor Doutor do Centro Universitário UNA. Email: evandro_gama@uol.com.br
3

INTRODUÇÃO

Como conseqüência da evolução por seleção natural, as várias formas de vida que
existem no Planeta estão intimamente relacionadas ao ambiente em que vivem, e isto
acontece também nas cavernas.
Caverna ou cavidade natural subterrânea é definida pelo Decreto n° 99.556/90 – art.
1°- parágrafo único - como todo e qualquer espaço subterrâneo penetrável pelo homem,
com ou sem abertura identificada, incluindo seu ambiente, conteúdo mineral e hídrico, a
fauna e flora que a habita e o corpo rochoso onde estes se inserem, desde que sua
formação tenha ocorrido por processos naturais, independentemente de sua dimensão ou
de sua litologia. São conhecidas popularmente também como grutas, lapas, tocas, abismos,
furnas ou buracos, variando de acordo com cada região do Brasil.
As cavernas, em sua grande maioria, são componentes subterrâneos de uma
formação geológica que se desenvolve na superfície terrestre a partir da dissolução de
rochas carbonáticas (calcários e/ou dolomitos), conhecida como carste (Karmann & Sallun-
Filho, 2007). São espaços que geralmente possuem continuidade com o ambiente externo e
por isso susceptíveis à colonização por espécies pré-adaptadas (Gilbert et al., 1994).
Também existem numerosas cavernas em litologias diversas como arenito e quartzito.
Dentre o universo de rochas, o minério de ferro e seu produto de alteração, a canga -
uma deposição superficial de brecha abundante em hematita e cimentado por limonita -
nunca foram promissoras do ponto de vista espeleológico. A pequena dimensão das
cavernas nesta litologia, quando comparadas com suas congêneres em calcário, arenito ou
quartzito foi, sem dúvida, um dos motivos que levaram os espeleólogos a negligenciarem
estas cavidades (Simmons, 1963; Auler & Piló, 2005).
Existem no Brasil duas grandes regiões que concentram a quase totalidade das
cavernas reportadas em minério de ferro: o Quadrilátero Ferrífero, na porção centro-sul de
Minas Gerais e a Serra dos Carajás, a sudoeste do estado do Pará (Auler & Piló, 2005).
As cavernas em minério de ferro e em canga são importantes devido a diversos
aspectos como: a) os mecanismos envolvidos em sua formação, pois podem ser resultantes
de processos erosivos, dissolutivos, uma combinação destes fatores (Simmons, 1963) ou
ainda devido a atuação de agentes microbiológicos, como evocam os autores McFarlane &
Twidale (1987) citados por Piló & Auler (2009); b) sua ecologia e as formas de vida que as
habitam, que somente agora estão começando a ser estudadas (Auler & Piló, 2005).
O ambiente cavernícola é considerado um dos mais peculiares e estáveis na
biosfera. Não se verifica variações climáticas bruscas em relação ao ambiente externo,
proporcionando assim uma série de características próprias que condicionam a diversidade
4

de vida animal que se desenvolve em seu interior (Lino, 2001; Culver, 1982; Poulson &
White, 1969).
A principal característica desse ambiente é a completa ausência de luz nas zonas
mais profundas. Esse fato propicia a existência de uma fauna cavernícola especializada e,
por vezes, com significativas diferenças morfológicas, fisiológicas e comportamentais em
relação à fauna epígea, ou seja, externa à cavidade (Lino, 2001). A constante temperatura
do ar é outra característica, sendo geralmente igual à média anual das temperaturas
externas em cada região e depende, sobretudo, da localização da cavidade. A temperatura
e a circulação do ar influenciam a dinâmica de outro fator de grande importância ecológica:
a umidade relativa do ar. Salvo em algumas exceções, o grau de umidade na maioria das
cavernas é extremamente elevado, próximo de 100% (Lino, 2001). Em cavernas extensas, a
temperatura e a umidade variam pouco em locais mais distantes da entrada (Howarth,
1983).
A ausência permanente de luz inviabiliza a existência das plantas. Devido a isso,
predominam nesse ambiente os organismos detritívoros, que usam como alimento recursos
provenientes do meio epígeo (externo), os quais se tornam a base da cadeia trófica em
comunidades cavernícolas. A entrada destes recursos do meio epígeo para o meio hipógeo
(cavernícola) pode ocorrer por três vias principais: por água, pelo vento ou por animais
(Poulson & White, 1969; Culver, 1982; Ferreira & Martins, 2001; Prous, 2007).
Em algumas cavernas dos campos ferruginosos existe uma situação pouco
convencional. Uma vez que os recursos orgânicos são relativamente raros, há um tipo de
recurso bastante inusitado e pouquíssimo comum em cavernas brasileiras: raízes de plantas
da vegetação externa que se desenvolvem através dos interstícios da canga e alcançam a
galeria das cavidades. Tais recursos, embora incomuns neste ambiente, assumem papel
fundamental em certos sistemas subterrâneos (Ferreira, 2005).
A disponibilidade dos diferentes tipos de recursos alimentares, o modo como são
disseminados e sua distribuição espacial influenciam a composição da fauna cavernícola e
sua diversidade (Ferreira & Martins, 2001).
Em função das características do ambiente cavernícola, os organismos mantêm
diferentes níveis de relações ecológicas e evolutivas com este habitat, podendo ser
classificados em três categorias (Holsinger & Culver, 1988, baseado na classificação de
Schinner – Racovitza):
1) Troglóxenos - são encontrados no interior da caverna, mas necessariamente têm que
retornar ao meio epígeo para se alimentarem. Não são exclusivos desse ambiente e
nem conseguem desenvolver todo o seu ciclo vital nesse meio. Como exemplo, tem-se
os morcegos e aves.
5

2) Troglófilos - são os cavernícolas facultativos, passam pelo menos uma parte do seu ciclo
vital no interior da caverna, possuindo populações tanto subterrâneas quanto epígeas da
mesma espécie. Compreendem a maioria dos invertebrados encontrados em cavernas
brasileiras (Scatolini et al, 2007). Dentre estes organismos encontramos, por exemplo,
os aracnídeos e muitos insetos.
3) Troglóbios - já são restritos ao meio cavernícola e, somente podem ser encontrados
nestes locais. Eles nascem, reproduzem-se e morrem nas cavernas (Ferreira & Martins,
2001). Apresentam em geral modificações associadas ao isolamento neste ambiente,
denominadas troglomorfismos (Scatolini et al, 2007). Eles apresentam especializações
morfológicas evolutivas de caráter regressivo como atrofia e/ou ausência dos olhos,
despigmentação, adelgaçamento de cutícula, diminuição do tamanho das asas em
alguns insetos e por outro lado, a hipertrofia e aumento da complexidade de órgãos
sensoriais, como antenas e palpos. São também percebidas alterações fisiológicas, tais
como, diminuição da atividade metabólica. E exibem também comportamentos que
provavelmente evoluíram em resposta às pressões seletivas presentes em cavernas,
como escassez de alimentos, e/ou à ausência de pressões típicas do meio externo,
como a luz (Ferreira & Martins, 2001). Esta categoria engloba tanto animais vertebrados
como invertebrados.
A fauna cavernícola brasileira começou a ser mais estudada somente a partir da
década de 80 (Trajano e Moreira, 1991), porém tais estudos só foram intensos em poucas
cavernas, todas calcárias (Ferreira & Martins, 2001).
Cavernas associadas a campos ferruginosos foram, até pouco tempo, ignoradas
também em estudos bioespeleológicos. Embora se soubesse da existência de algumas
destas cavidades, suas dimensões reduzidas levavam à uma interpretação errônea de que
elas pudessem ser pouco ricas biologicamente. Porém recentes estudos desenvolvidos em
cavernas de minério de ferro têm revelado, ao contrário do que se poderia imaginar,
comunidades extremamente complexas vivendo sob condições bastante peculiares
(Ferreira, 2005).
A pouca importância dada no passado a este tipo de caverna, aliada à ausência de
legislação de proteção ao patrimônio espeleológico, certamente levou à perda de várias
cavernas no Quadrilátero Ferrífero, que se tornou atualmente uma região prioritária para a
conservação da biodiversidade de Minas Gerais (Drummond et al, 2005), pois os campos
ferruginosos onde se concentram as cavernas desenvolvidas sob canga estão entre os
ecossistemas mais ameaçados do país devido à intensa atividade mineradora.
O presente trabalho teve como objetivo fazer um levantamento espeleológico do
Parque das Mangabeiras e caracterizar biologicamente as comunidades de invertebrados
artrópodes associadas a duas cavidades na área de estudo. Mais especificamente, este
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trabalho objetivou: (a) fazer o mapeamento topográfico e identificação cartográfica das


cavidades encontradas; (b) realizar um levantamento faunístico e caracterização biológica
das comunidades de invertebrados artrópodes que vivem neste ambiente; (c) procurar
refinar a metodologia utilizada para amostragem da fauna de artrópodes que emprega a
armadilha tipo Solo (Rocha 2004, Rocha & Oliveira, 2005); (d) trazer ao público a
importância de preservar e manter o ecossistema subterrâneo brasileiro.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo
O estudo foi desenvolvido dentro dos limites do Parque das Mangabeiras (PM),
localizado na regional centro-sul de Belo Horizonte, Minas Gerais (Figura 1) e no limite norte
do Quadrilátero Ferrífero (19°56’S e 43°54’O) (Azevedo; Bahia et al, 2009). O Parque das
Mangabeiras é considerado como um dos maiores parques urbanos do Brasil, com uma
área de 337 hectares, abrangendo uma parte da Serra do Curral (Bahia et al., 2009), uma
extensa cadeia montanhosa com direção SW-NE, de aproximadamente 80km de extensão e
com altitudes variando entre 1.300 e 1.500 metros (Arenare & Costa, 2004). As formas de
relevo apresentam rochas características do Quadrilátero Ferrífero, como o itabirito, o
dolomito, o quartzito e o filito. O PM apresenta uma cobertura vegetal heterogênea com
Campos de Altitude, Cerrado, Mata Atlântica e Mata de Galeria (PBH, 2009) que serve como
refúgio para diversos animais.

Figura 1. Localização do Parque das Mangabeiras, BH/MG. Fonte: Azevedo, s.d.


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Prospecção e Amostragens

A prospecção do Parque foi feita por meio de visitas regulares e se concentrou na


área a oeste do Parque Esportivo do PM, numa região conhecida como Curva da Copasa,
onde foi feito o mapeamento topográfico e a identificação cartográfica das cavidades
encontradas.
Uma vez identificadas e mapeadas as cavernas, deu-se início ao levantamento da
fauna de invertebrados, bem como a caracterização da comunidade de invertebrados
artrópodes presentes nestes ambientes (composição, riqueza e diversidade de espécies),
incluindo sua distribuição em relação aos fatores abióticos (temperatura e umidade relativa
do ar) variando ao longo do tempo (estação chuvosa e seca) e espaço (interior versus
entrada das cavernas).
As amostragens foram realizadas em duas cavernas denominadas como GPMI e
GPMIII (ver anexo), pois nelas foram constatadas comunidades de invertebrados
artrópodes. Na Caverna GPMII não foi feito o estudo faunístico.
As coletas foram realizadas de maneira passiva, com uso da armadilha tipo “Solo”
(Figura 2). Este método pode ser considerado uma inovação, uma vez que amostragens e
coletas destes animais, na maior parte dos estudos, são feitas de maneira ativa ou através
da armadilha “pitfall”. A armadilha “Solo” representa uma modificação da armadilha “pitfall” e
foi elaborada especialmente para amostragem da fauna de artrópodes terrestres
cavernícolas. Ela utiliza um pedaço de fígado bovino (2x2cm2) como isca e dispensa a
abertura de buracos no chão da caverna (Rocha 2004, Rocha & Oliveira, 2005).

Figura 2. (A) Armadilha “Solo” em ambiente epígeo e (B) em ambiente hipógeo - Caverna GPMI -
(Fotos EG Oliveira).

O número de armadilhas utilizado foi de acordo com o tamanho das cavidades,


sendo que o distanciamento linear entre as armadilhas foi de aproximadamente 3-5 metros.
Na caverna maior (GPMI) foram colocadas cinco armadilhas e na caverna menor (GPMIII)
8

foram colocadas três armadilhas. A localização das armadilhas em cada caverna está sendo
mostrada nos Anexos 1 e 3.
As amostragens foram feitas em intervalos de aproximadamente sessenta dias, e em
cada período amostral as armadilhas permaneceram ativas por vinte e quatro horas em
cada caverna. Em cada amostragem, após a retirada das armadilhas, foi feita coleta manual
com uso de pinças durante cinco minutos. Esta prática permitiu a coleta de espécies não
capturadas nas armadilhas.
No total, foram feitas cinco amostragens, assim distribuídas no tempo:
novembro/2008, janeiro/2009, março/2009, maio/2009 e agosto/2009.
Os animais coletados foram armazenados em potes plásticos contendo formol a 10%
devidamente etiquetados com a data da coleta, o número da armadilha e o nome da
caverna. Em laboratório, foi feita a triagem dos espécimes, na qual os animais foram
separados por ordem e por morfoespécie em cada ordem, com auxílio de chaves de
identificação e conhecimento prévio sobre taxonomia de invertebrados artrópodes. Os
animais foram também caracterizados quanto a sua relação ecológica com o ambiente
cavernícola (se apresentavam ou não características troglomórficas), e mantidos em álcool
70% em frascos de plástico. Todos os espécimes que foram coletados estão armazenados
no Laboratório de Zoologia do Centro Universitário UNA.
As amostragens dos meses de março e maio não foram satisfatórias devido à ação
destrutiva das armadilhas por animais vertebrados não visualizados. Algumas armadilhas,
no dia de sua retirada das cavernas, foram encontradas tombadas, danificadas e sem a isca
e a haste que serve de suporte para a mesma. Imagina-se que tal ação tenha sido realizada
por quatis Nasua nasua (Linnaeus, 1766), muito comuns no PM ou pequenos roedores. No
total, nove armadilhas nas duas cavernas foram danificadas por ações de vertebrados nas
coletas de março e maio/2009 (março/2009: GPMI, armadilha 1; GPMIII, armadilhas 1 e 2;
maio/2009: GPMI, armadilhas 1, 3, 4 e 5; GPMIII, armadilhas 2 e 3).
Para solucionar este problema para as coletas subseqüentes, foram confeccionados
protetores individuais para as armadilhas. Estes foram feitos com arame e tela e mediam
50x50x25cm (Figura 3). A confecção destes protetores provocou um atraso na quinta
amostragem (agosto/2009), inicialmente prevista para julho/2009.
Em cada amostragem, a temperatura e a umidade relativa do ar foram medidas em
cada uma das cavernas (GPMI e GPMIII) no dia da montagem das armadilhas e no dia
seguinte (quando da remoção das armadilhas) tanto no interior como na entrada das
cavernas. Estas medidas foram obtidas com auxílio de um termo-higrômetro (Kestrel 3000).
É importante ressaltar que as amostragens compreenderam tanto o período de chuvas
(novembro, janeiro e março), quanto o período de seca (maio e agosto).
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Figura 3. Protetor e armadilha no ambiente hipógeo (Foto E. G. Oliveira).

Levantamento e caracterização da fauna cavernícola


Para o levantamento da fauna e caracterização da comunidade de artrópodes de
cada uma das duas cavernas estudadas, foram calculados/plotados: (i) riqueza de
morfoespécies; (ii) abundância de indivíduos e abundância relativa das diferentes ordens;
(iii) composição e distribuição da fauna ao longo do tempo (estação chuvosa versus estação
seca) e espaço (interior versus entrada); (iv) diversidade (índices Shannon-Wiener e
Simpson) e (v) a equabilidade (medida de como os indivíduos se distribuem entre as
morfoespécies). Para comparação das amostras de artrópodes obtidas nas cavernas GPMI
versus GPMIII, e entre estação seca e chuvosa em cada caverna, foram utilizados (i) teste-t
para o índice de diversidade Shannon-Wiener; e (ii) índices de similaridade qualitativos
(Jaccard; Sorensen) e quantitativos (Sorensen; Morista-Horn) de acordo com Magurran
2004. Estes cálculos foram feitos com uso do programa BioDAP.

RESULTADOS

Levantamento espeleológico, mapeamento e identificação cartográfica das cavidades


encontradas no Parque das Mangabeiras
Com base em prospecção realizada numa região de aproximadamente 1km2,
conhecida pelos responsáveis do PM como Curva da Copasa (Figura 4), duas novas
cavernas foram descobertas e outra foi “redescoberta”, pois esta já se encontra cadastrada
e registrada na Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) como “Gruta Parque das
Mangabeiras”, com o código MG-525 (SBE, 2007). Esta caverna veio a conhecimento
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público no fim da década de 80 quando jornais de veiculação em massa noticiaram sua


existência (Hoje em Dia, 1988; ver anexo). O assunto motivou o Núcleo de Atividades
Espeleológicas (NAE), um grupo ativo de espeleologia de Belo Horizonte, a explorar a
cavidade. Foram eles os responsáveis pelo cadastramento desta caverna como “Gruta
Parque das Mangabeiras” (GPM) no Cadastro Nacional de Cavidades (CNC) da Sociedade
Brasileira de Espeleologia (SBE). Neste cadastro são encontradas poucas informações
espeleométricas e não consta a localização exata desta cavidade.
As duas cavernas que foram descobertas no presente trabalho foram chamadas de
“Gruta Parque das Mangabeiras II” (GPMII) e “Gruta Parque das Mangabeiras III” (GPMIII) e
serão cadastradas na SBE.

Figura 4: Mapa da região conhecida como “Curva da COPASA”.

As cavidades encontradas são formadas sob canga laterítica, são típicas dos
campos ferruginosos do Quadrilátero Ferrífero e estão localizadas em uma área do PM
caracterizada pela transição entre Cerrado e Mata de Galeria. Estas cavernas encontram-se
escondidas pela vegetação e próximas a um curso d’água, e assim como o parque de modo
geral, sofrem danos devido à ação antrópica, principalmente pelo descarte de lixo em seu
entorno.
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Destaca-se que estas cavernas representem apenas uma pequena porcentagem do


número de cavernas que possam existir na área do parque (Faria, 2009 com. pessoal).
Foi feito o mapeamento topográfico e a identificação cartográfica da GPMI (Anexo 1),
GPMII (Anexo 2) e GPMIII (Anexo 3).

Gruta Parque das Mangabeiras I (19°57’6.23”S e 43°54’35.04”O)


Esta caverna apresenta aproximadamente 18,5m de desenvolvimento linear e 3m de
desnível descendente em relação à entrada. As dimensões de largura da entrada
compreendem quase todo seu desenvolvimento linear (para o interior da caverna) e é
somente neste local que se pode permanecer em pé. O teto da gruta apresenta uma canga
com dimensão de calhau a seixos irregulares, onde é notada a presença de alguns cristais
de quartzo. Poucos espeleotemas são encontrados nas reentrâncias da canga próximos à
entrada e estes se assemelham a coralóides. O piso da caverna apresenta um sedimento
fino, há grandes blocos abatidos próximo à entrada e uma aglomeração de pequenos blocos
na porção central.

Gruta Parque das Mangabeiras II (19°57’7.71’’S e 43°54’35.74”O)


Esta caverna foi encontrada no paredão que se impõe como borda de vale à um
pequeno riacho (que é responsável pela formação da Cascatinha, uma das atrações do
PM). Ela tem sentido de desenvolvimento oposto ao da caverna GPMI e é a menor das
cavidades estudadas, com apenas 7,0m de desenvolvimento linear. Apresenta dois
canalículos impenetráveis, cujo tamanho e direção sugerem uma ligação com a GPMI,
porém este fato ainda não foi confirmado. Então estas duas cavernas foram identificadas
como GPMI e GPMII. Destaca-se a presença de exoesqueletos de insetos e fezes de
morcegos que possivelmente utilizam a caverna como abrigo.

Gruta Parque das Mangabeiras III (19°57’9.94”S e 43°54’35,31”O)

Esta terceira caverna foi encontrada na borda sul do mesmo vale onde estão
localizadas as Cavernas GPMI e GPMII. Apresenta aproximadamente 9m de
desenvolvimento linear, uma única entrada e pequeno desnível. Dentre as três cavernas
estudadas, é a única na qual se pode permanecer em pé em seu interior.

Fatores abióticos

Os dados de temperatura e umidade relativa do ar nas duas cavidades estudadas


são mostrados nas Figuras 5 e 6. Em cada amostragem, foram realizadas duas medidas em
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cada local da caverna (interior e entrada), uma no dia da instalação das armadilhas e outra
no dia seguinte (quando da remoção das armadilhas).

Figura 5. Médias de temperatura (C) e umidade relativa do ar (%) obtidas a partir de medidas
tomadas na entrada e no interior da caverna GPMI nos meses de chuva (janeiro e março) e seca
(maio e agosto) nas amostragens realizadas em 2009.

Figura 6. Médias de temperatura (C) e umidade relativa do ar (%) obtidas a partir de medidas
tomadas na entrada e no interior da caverna GPMIII nos meses de chuva (janeiro e março) e seca
(maio e agosto) nas amostragens realizadas em 2009.

De modo geral, tanto a temperatura quanto a umidade relativa do ar apresentaram


valores mais baixos na estação seca.
Na estação seca, o interior da caverna GPMI apresentou maior umidade. Na GPMIII,
diferente da GPMI (ver Figura 5), os valores de umidade relativa do ar na estação seca
foram praticamente os mesmos na entrada e no interior da caverna. Esta diferença entre as
cavernas pode ser devido à menor dimensão da GPMIII.
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Caracterização biológica das comunidades de artrópodes cavernícolas


Foram encontrados nas cavernas 215 indivíduos, distribuídos em 47 morfoespécies
pertencentes às seguintes Ordens: Araneae, Opiliones, Orthoptera, Coleoptera, Collembola,
Diptera, Heteroptera, Hymenoptera, Lepidoptera, Trichoptera e Blattodea.
Dentre as ordens de invertebrados cavernícolas presentes nas duas cavidades
(Figura 7) Hymenoptera (10 morfoespécies) foi a mais rica em espécies. Os dípteros (8)
também apresentaram uma alta riqueza assim como os aracnídeos (8). As ordens menos
ricas foram Blattodea, representada por uma única morfoespécie (e um único indivíduo) e
Heteroptera, também com uma única morfoespécie.

100
Riqueza de espécies

10

1
a

a
a
ra

la

ra
ra

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Figura 7. Riqueza de morfoespécies de artrópodes nas diferentes ordens capturadas nas cavernas
GPMI e GPMIII entre novembro/2008 e agosto/2009. Dados das duas cavernas reunidos.

Quando a riqueza de morfoespécies em cada ordem é analisada por cavidade,


observa-se que na Caverna GPMI as ordens mais ricas foram Hymenoptera (6
morfoespécies) e Araneae (6), com o mesmo número de morfoespécies (Figura 8). A ordem
Diptera (5) também apresentou uma alta riqueza. Já Heteroptera (1), Trichoptera (1) e
Lepidoptera (1) foram as ordens menos diversas, com apenas uma morfoespécie cada uma
delas. Já na Caverna GPMIII Hymenoptera (6) e Diptera (6) foram as ordens mais ricas, com
o mesmo número de morfoespécies (Figura 8). A ordem Collembola (4) também mostrou
uma alta riqueza. E as ordens Blattodea (1), Trichoptera (1) e Opiliones (1) foram pouco
diversas, com apenas uma morfoespécie cada uma delas.
14

Riqueza de espécies
100 Caverna I
Caverna III
10

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a

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Figura 8. Riqueza de morfoespécies de artrópodes nas diferentes ordens capturadas nas cavernas
GPMI e GPMIII entre novembro/2008 e agosto/2009. Dados das duas cavernas mostrados
separadamente.

Com relação à abundância de indivíduos em cada ordem, reunindo as amostragens


das duas cavernas, verificou-se que a ordem Diptera foi a mais abundante (35,3%) com 76
indivíduos. Em seguida Orthoptera (27%) com 58 indivíduos e Hymenoptera (15,3%) com 33
indivíduos (Figura 9).

100
Abundância de indivíduos (%)

35,3

27

15,3

10
7

4,7

4,7

1,4

1,4

1,4

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Figura 9. Abundância relativa (% do número total de indivíduos) das diversas ordens de invertebrados
artrópodes cavernícolas capturados entre novembro/2008 e agosto/2009. Dados das duas cavernas
reunidos.

Se a abundância de indivíduos em cada ordem for analisada separando as


amostragens de cada caverna, observa-se que na Caverna GPMI as ordens mais
abundantes foram Orthoptera (41%) e Hymenoptera (21,3%) (Figura 10). Já na Caverna
GPMIII a ordem mais abundante foi Hymenoptera (62,4%). Foram coletados representantes
15

da ordem Heteroptera (3 indivíduos) somente na Caverna I e da ordem Blattodea (1


indivíduo) somente na Caverna III.

62,4
100
Abundância de indivíduos (%) Caverna I

41

21,3
Caverna III

14,8
8,6

8,2
7,5

7,6
10

5,7
5,4

3,2

2,5

2,5

2,1
1,6

1,6
1,08

1,08

1,08
0

0
1
ra

ae

a
a
ra

a
ra

ra

s
la

er

de
er

er
ne
te

te
te

bo

te
e

pt
pt

pt
an
op

to
lio
ip
op

op
m

ho
eo

do

at
D
rt h

Ar

pi
en

le

er

Bl
ic
ol

pi
O
ol
O

et
ym

Tr
C

Le
C

/H
H

ra
te
ip
em
H

Figura 10. Abundância relativa (% do número total de indivíduos) das diversas ordens de
invertebrados artrópodes cavernícolas capturados nas Cavernas GPMI e GPMIII entre
novembro/2008 e agosto/2009. Dados das duas cavernas mostrados separadamente.

O número de morfoespécies e de indivíduos distribuídos nas diversas ordens e em


cada uma das cavidades estudadas está sendo mostrado nas Figuras 11 (GPMI) e 12
(GPMIII). Na caverna GPMI foram coletados 122 indivíduos, distribuídos em 31
morfoespécies pertencentes aos seguintes taxa: Orthoptera, Diptera, Hymenoptera,
Heteroptera, Collembola, Trichoptera, Opiliones, Araneae, Coleoptera e Lepidoptera (Figura
11). Na Caverna GPMIII foram coletados 93 indivíduos, distribuídos em 29 morfoespécies
pertencentes aos seguintes taxa: Orthoptera, Diptera, Hymenoptera, Blattodea, Collembola,
Trichoptera, Opiliones, Araneae, Coleoptera e Lepidoptera (Figura 12).

Caverna I

100
N° morfoespécies
N° indivíduos

10

1
ra
eo a
a
ra

a
ra

a
ra

l
er

ne
er
bo

er

te
ea
te

te

te

pt

pt

op
pt
l io
op

m
op
ip

an

ho

do
le
D

pi

er
en

rth
Ar

ol

ol

O
ic

pi

et
ym

Tr

Le

/H
H

ra
te
ip
em
H

Figura 11. Número total de morfoespécies e número total de indivíduos de cada ordem amostrados
na Caverna GPMI entre novembro/2008 e agosto/2009.
16

Caverna III

N° morfoespécies
100 N° indivíduos

10

eo a

ho a
ra

a
a

a
Ar ra

l
er

ne

de
er
er

bo

er
ea
te

te

pt

pt
t

pt
l io

to
op

m
op
ip

an

do

at
le
D

pi
en

rth

Bl
ol

ol

ic

pi
ym

Tr

Le
H

Figura 12. Número total de morfoespécies e número total de indivíduos de cada ordem amostrados
na Caverna GPMIII entre novembro/2008 e agosto/2009.

Enquanto na Caverna GPMI a ordem Orthoptera foi a que mostrou maior abundância
de indivíduos, na Caverna GPMIII foram os dípteros que apareceram em maior número.
O número de morfoespécies e de indivíduos nas diversas ordens (composição da
fauna) em cada estação (chuvosa e seca) estão sendo mostrados nas Figuras 13 (GPMI) e
14 (GPMIII). Os cálculos foram feitos a partir das amostragens realizadas em janeiro/2009 e
março/2009 (estação chuvosa) e maio/2009 e agosto/2009 (estação seca).
Na Caverna GPMI, na estação chuvosa, foram coletados 81 indivíduos, distribuídos
em 23 morfoespécies, pertencentes a 10 ordens de invertebrados artrópodes. Na estação
seca, foram coletados 24 indivíduos, distribuídos em sete morfoespécies, pertencentes a
cinco ordens de invertebrados artrópodes (Figura 13).
Na Caverna GPMIII, na estação chuvosa, foram coletados 60 indivíduos, distribuídos
em 18 morfoespécies, pertencentes a sete ordens de invertebrados artrópodes. Na estação
seca, foram coletados 31 indivíduos, distribuídos em 13 morfoespécies, pertencentes a sete
ordens de invertebrados artrópodes (Figura 14). Assim, tanto na GPMI quanto na GPMIII, a
abundância de indivíduos e a riqueza de espécies foram maiores na estação chuvosa.
17

Caverna I - Estação Chuvosa

100 N° morfoespécies
N° indivíduos
10

a
h o o la

do a
a

O tera
em H D ra

Ar nes

a
ra eno ra

ol ea e
r

pi ter
et er

er
C pte
i p ym ip te
te

Tr mb
/H pt

pt
l io

Le op
p
op

an
o
le

pi
er

e
rth

ol
ic
O

C
te
H

Caverna I - Estação Seca

100 N° morfoespécies
N° indivíduos

10

1
le ra
h o o la

do a
er a

O tera
em H D ra

Ar nes

a
ra eno ra

ol ea e
pi ter
et er

er
C pte
te
i p ym ip te

Tr mb
/H pt

pt
l io

Le op
p
op

an
o

pi

e
rth

ol

ic
O

C
te
H

Figura 13. Composição da fauna amostrada na Caverna GPMI na estação chuvosa (janeiro e
março/2009) e na estação seca (maio e agosto 2009).

Caverna III - Estação Chuvosa

100 N° morfoespécies
N° indivíduos

10

1
ho a

pi era
Bl tera

O era
le a
ra

Ar es

a
en ra

e e
i c bo l
C ode

er
ea
te

te

Le opt
pt

pt
l io
op
op

m
H Dip

an
t

do
at

pi
rth

ol

ol
ym
O

C
Tr

Caverna III - Estação Seca

100
N° morfoespécies
N° indivíduos

10

1
h o la

pi era
Bl era

pi a
le a
ra

a
en ra

ol a e
de

ne
r
o

er
e
te
te

Tr mb

Le opt
t

pt

pt
to

l io
op
op

H Dip

an

do
at

e
rth

Ar
ol

ic

O
ym
O

Figura 14. Composição da fauna amostrada na Caverna GPMIII na estação chuvosa (janeiro e
maio/2009) e na estação seca (maio e agosto/2009).
18

A distribuição das comunidades de artrópodes presentes nas duas cavidades variou


ao longo do espaço (interior versus entrada), como mostra a Tabela 1.

Tabela 1. Abundância, riqueza e diversidade de espécies de artrópodes (Índices Shannon-Wiener) no


interior e na entrada das cavernas GPMI e GPMIII obtidas a partir de amostras realizadas no Parque
das Mangabeiras entre novembro/2008 e agosto/2009.

Abundância
Riqueza Diversidade Shannon-
(Nº total de Equabilidade
Caverna de espécies (S) Wiener (H’)
indivíduos)

Interior Entrada Interior Entrada Interior Entrada Interior Entrada

Caverna
87 28 16 12 1,81 2,10 0,62 0,85
GPMI

Caverna
58 28 10 14 1,31 2,25 0,57 0,85
GPMIII

Similaridade entre a fauna do interior e da entrada na caverna GPMI: Jaccard (qualitativo) = 0,217;
Sorensen (qualitativo) = 0,357; Sorensen (quantitativo) = 0,209; Morista-Horn (quantitativo) = 0,617.

Similaridade entre a fauna do interior e da entrada na caverna GPMIII: Jaccard (qualitativo) = 0,200;
Sorensen (qualitativo) = 0,333; Sorensen (quantitativo) = 0,220; Morista-Horn (quantitativo) = 0,188.

A abundância relativa das espécies encontradas nas duas cavidades durante o


estudo está sendo mostrada na Figura 15 (ver também Tabela 3), enquanto as abundâncias
relativas das espécies encontradas separadamente em cada caverna estão mostradas nas
Figuras 16 e 17. Em todos os casos, pode-se observar que a maioria das espécies esteve
representada por um único espécime (“singletons”).

Figura 15. Abundância relativa das espécies encontradas nas cavernas GPMI e GPMIII durante todo
o período amostral (entre novembro/2008 e agosto/2009). Dados das duas cavernas reunidos.
19

100 Ranqueamento das espécies da Caverna GPMI

N° de indivíduos de cada
morfoespécie
10

0,1
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50

N° de morfoespécies

Figura 16. Abundância relativa das espécies encontradas na caverna GPMI durante todo o período
amostral (novembro/2008-agosto/2009).

Ranqueamento das espécies da Caverna GPMIII


100
N° de indivíduos de cada
morfoespécie

10

0,1
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50

N° de morfoespécies

Figura 17. Abundância relativa das espécies encontradas na caverna GPMIII durante todo o período
amostral (novembro/2008-agosto/2009).

Em ambas as cavernas, os dípteros foram os animais mais coletados. Os


himenópteros (especialmente formigas) estiveram também bem representados nas duas
cavernas. (Tabela 3). Em termos de abundância de indivíduos, os ortópteros aparecem em
destaque.
A abundância, a riqueza (S), a diversidade (H’) e a equabilidade (J) de artrópodes
coletados durante todo o período amostral (novembro/2008-agosto/2009) nas duas
cavidades e em cada uma delas, ao longo das estações do ano (chuvosa versus seca) são
apresentadas na Tabela 2. Para os cálculos referentes à estação chuvosa foram
consideradas as amostras realizadas em janeiro/2009 e março/2009, enquanto para a
estação seca foram consideradas as amostras realizadas em maio/2009 e agosto/2009.
20

De modo geral, a similaridade faunística entre as estações chuvosa e seca em cada


uma das cavernas foi muito baixa (Tabela 2). Nestas comparações, o único índice que
mostrou um valor relativamente alto foi o Morista-Horn (quantitativo) para a caverna GPMI
(0,719).
Considerando o total de indivíduos capturados (estação chuvosa e seca), a caverna
GPMI apresentou maior abundância (122 indivíduos) e riqueza (31 morfoespécies),
entretanto apresentou uma menor diversidade (H’ = 2,39) de espécies e equabilidade (J =
0,70), se comparada com a Caverna GPMIII (Tabela 2). Vale destacar a baixa similaridade
faunística entre as duas cavernas, considerando tanto os índices qualitativos
(presença/ausência de espécies) quanto os índices quantitativos (que levam em
consideração a abundância relativa das espécies). Claramente, muitas espécies que foram
encontradas numa caverna não apareceram na outra (Tabela 3). Não foi observada uma
diferença significativa entre os índices de diversidade (Shannon-Wiener) entre as duas
cavernas (t = 0,177; d.f. = 203,940; p>0,5).

Tabela 2. Abundância, riqueza de espécies e diversidade (Índices Shannon-Wiener e Simpson) para


as amostras de artrópodes obtidas nas cavernas GPMI e GPMIII do Parque das Mangabeiras entre
novembro/2008 e agosto/2009.

Abundância (№ total Riqueza de espécies Diversidade Shannon-


Caverna Índice Simpson (1-D) Equabilidade (J)
de indivíduos) (S) Wiener (H')

Chuvosa Seca Total Chuvosa Seca Total Chuvosa Seca Total Chuvosa Seca Total Chuvosa Seca Total

Caverna
81 24 122 23 7 31 2,19 1,25 2,39 0,192 0,402 0,187 0,70 0,64 0,70
GPMI

Caverna
60 31 93 18 13 29 1,86 2,09 2,42 0,311 0,159 0,176 0,64 0,81 0,72
GPMIII

Similaridade entre as cavernas GPMI e GPMIII (para o total de indivíduos coletados): Jaccard
(qualitativo) = 0,277; Sorensen (qualitativo) = 0,433; Sorensen (quantitativo) = 0,279; Morista-Horn
(quantitativo) = 0,257.

Similaridade entre as estações na caverna GPMI: Jaccard (qualitativo) = 0,111; Sorensen (qualitativo)
= 0,200; Sorensen (quantitativo) = 0,324; Morista-Horn (quantitativo) = 0,719.

Similaridade entre as estações na caverna GPMIII: Jaccard (qualitativo) = 0,107; Sorensen


(qualitativo) = 0,194; Sorensen (quantitativo) = 0,132; Morista-Horn (quantitativo) = 0,266.
21

Tabela 3. Listagem das ordens e morfoespécies encontradas, número de indivíduos pertencentes a


cada uma e em qual caverna foram coletados.

Ordem Morfoespécies Número de indivíduos Caverna GPMI Caverna GPMIII


Orthoptera Orthoptera 1 54 X X
Orthoptera 2 3 X X
Orthoptera 3 1 X
Diptera Diptera 1 1 X
Diptera 2 2 X
Diptera 3 39 X X
Diptera 4 13 X X
Diptera 5 18 X X
Diptera 6 1 X
Diptera 7 1 X
Diptera 8 1 X
Hymenoptera Hymenoptera 1 1 X
Hymenoptera 2 1 X
Hymenoptera 3 21 X X
Hymenoptera 4 3 X X
Hymenoptera 5 1 X
Hymenoptera 6 1 X
Hymenoptera 7 1 X
Hymenoptera 8 2 X
Hymenoptera 9 1 X
Hymenoptera 10 1 X
Heteroptera Heteroptera 1 3 X
Blattodea Blattodea 1 1 X
Collembola Collembola 1 9 X X
Collembola 2 3 X X
Collembola 3 1 X
Collembola 4 1 X
Collembola 5 1 X
Trichoptera Trichoptera 1 2 X
Trichoptera 2 1 X
Opiliones Opiliones 1 2 X X
Opiliones 2 1 X
Araneae Araneae 1 3 X X
Araneae 2 1 X
Araneae 3 1 X
Araneae 4 1 X
Araneae 5 1 X
Araneae 6 1 X
Araneae 7 1 X
Araneae 8 1 X
Coleoptera Coleoptera 1 2 X X
Coleoptera 2 6 X X
Coleoptera 3 1 X
Coleoptera 4 1 X
Lepidoptera Lepidoptera 1 1 X
Lepidoptera 2 1 X
Lepidoptera 3 1 X
22

DISCUSSÃO
Este foi o primeiro trabalho bioespeleológico conduzido no Parque das Mangabeiras.
As cavernas encontradas são desenvolvidas sob canga, típicas do Quadrilátero Ferrífero, e
podem ser apenas uma fração do número total de cavernas que o PM abriga. Apesar de
possuírem dimensões reduzidas, estas cavernas merecem proteção especial, já que
apresentaram uma rica e diversa fauna de artrópodes.
Os táxons encontrados (Araneae, Opiliones, Orthoptera, Coleoptera, Collembola,
Diptera, Heteroptera, Hymenoptera, Lepidoptera, Trichoptera e Blattodea) nas duas
cavernas estudadas (GPMI e GPMIII) foram basicamente os mais comuns em cavernas
ferruginosas.
Como em outros estudos realizados em cavernas de diferentes regiões do país, os
grupos mais diversos são representados por organismos que apresentam hábitos
alimentares detritívoros ou predadores generalistas, capazes de encontrar alimentos nestes
ambientes, com recursos escassos e pouco diversificados (Gnaspini & Trajano, 1994; Pinto-
da-Rocha, 1995; Trajano, 2004; Jordão-Silva, 2006; Souza-Silva, 2008; Zampaulo &
Ferreira, 2009). Além disso, tais táxons apresentam ampla ocorrência epígea, o que
favorece a colonização do meio subterrâneo (Zampaulo & Ferreira, 2009).
Os dípteros, em sua maioria mosquitos, e os grilos foram abundantes nas cavernas.
Os grilos do gênero Endecous são amplamente distribuídos nas cavernas brasileiras, não
sendo diferente do observado nestas cavernas do Parque das Mangabeiras.
Algumas espécies encontradas são troglófilas bem especializadas à vida
cavernícola, como Endecous sp. (Ensifera: Phalangopsidae) e Zelurus sp.
(Heteroptera:Reduviidae). Embora não tenha sido capturada nenhuma aranha-marrom
(Loxosceles sp), foram visualizados alguns indivíduos em ambas as cavernas durante a
realização do trabalho.
Este presente estudo evidenciou ainda a existência de artrópodes com
características troglomórficas (despigmentação e anoftalmia) nas duas cavernas estudadas
no Parque das Mangabeiras. Dentre estes, foram coletados espécimes pertencentes às
ordens Collembola e Diptera.
Alteração na umidade relativa do ar, no padrão de circulação do ar e na temperatura
no interior da caverna são aspectos determinantes para o declínio populacional de muitos
grupos (Trajano, 1986). A transição entre a estação chuvosa e a estação seca, na qual tanto
a umidade relativa do ar quanto a temperatura apresentaram valores mais baixos, parece ter
influenciado de forma diferente os táxons existentes nas duas cavidades estudadas.
De maneira geral, houve redução do número de indivíduos coletados na estação
seca em comparação com a estação chuvosa tanto na GPMI quanto na GPMIII. Na caverna
GPMI algumas populações sofreram variações bem evidentes, como a ausência de
23

representantes das Ordens Hymenoptera, Trichoptera, Opiliones, Coleoptera e Lepidoptera


na estação seca. Similarmente, na caverna GPMIII, as ordens Opiliones, Araneae e
Coleoptera, presentes na estação chuvosa, não estiveram representadas nas amostras
realizadas na estação seca. Por outro lado, nesta mesma caverna (GPMIII), na estação
chuvosa não foram coletados indivíduos das Ordens Orthoptera, Blattodea e Trichoptera,
porém houve a presença de indivíduos destas ordens na estação seca.
A redução do número de indivíduos e de espécies coletadas na estação seca se
comparada com a estação chuvosa observada neste estudo contradiz resultados obtidos por
Rocha & Oliveira (2005) em estudo realizado em duas cavernas calcárias no município de
Pains (MG), no qual foi observada maior abundância de indivíduos e maior riqueza de
espécies na estação seca. Rocha & Oliveira (2005) argumentaram que, na estação seca, as
cavernas podem servir como um refúgio úmido para muitas espécies troglóxenas.
No presente estudo, dois fatores podem ter contribuído para a menor abundância de
indivíduos e riqueza de espécies na estação seca. Primeiro, na coleta de maio/2009, várias
armadilhas em ambas as cavernas foram destruídas por pequenos vertebrados
(possivelmente quatis, muito abundantes no Parque das Mangabeiras, ou por pequenos
roedores vivendo nas cavernas ou em seus arredores). Além disso, os protetores utilizados
em cada armadilha na última coleta (agosto/2009) contra o ataque dos vertebrados podem
ter impedido a entrada de artrópodes de maior porte.
Segundo Ferreira & Pompéu (1997), a distribuição dos organismos no meio
cavernícola pode ser determinada por muitos fatores, dentre os quais a disponibilidade de
alimentos. De acordo com Poulson (1992), a estrutura de comunidades cavernícolas é
fortemente influenciada por interações ecológicas como competição, parasitismo e
predação, e estas interações devem influenciar a distribuição espacial dos organismos. Um
ou mais destes fatores podem estar influenciando as comunidades de artrópodes das duas
cavidades estudadas no Parque das Mangabeiras, pois foi constatada variação espacial na
distribuição dos organismos.
Na caverna GPMI a abundância de indivíduos e a riqueza de espécies foram maiores
no interior da caverna, entretanto a diversidade de espécies foi maior na entrada da
cavidade. Já na caverna GPMIII, a abundância de indivíduos foi maior em seu interior,
porém a riqueza e a diversidade de espécies foram maiores na entrada da cavidade.
Estes resultados tornam-se ainda mais intrigantes quando se destaca que o esforço
amostral nos dois ambientes (entrada e interior) tenha sido diferente. Em ambas as
cavernas, um maior número de armadilhas foi instalado em seu interior (GPMI: três
armadilhas no interior e duas na entrada; GPMIII: duas armadilhas no interior e uma na
entrada). Uma explicação para a maior diversidade de espécies na entrada de ambas as
cavernas (em comparação com seu interior) é que as armadilhas instaladas na entrada
24

podem ter capturado espécies pertencentes tanto à fauna epígea quanto à fauna
cavernícola, enquanto as armadilhas instaladas no interior capturaram somente espécies
típicas do meio cavernícola.
As diferentes características geomorfológicas e bióticas entre cavernas podem
explicar diferenças na riqueza e diversidade de espécies. Outros fatores que podem
influenciar a estrutura da comunidade de invertebrados no ambiente cavernícola incluem
eventos naturais e as atividades antrópicas (Jordão-Silva, 2006). No presente estudo, a
caverna GPMI apresentou uma maior abundância de indivíduos e uma maior riqueza de
espécies, porém a diversidade foi menor (índices de Shannon-Wiener e Simpson). Uma
possível explicação para este resultado é o acesso mais fácil dos turistas à GPMI, quando
comparada à GPMIII (mais escondida dentro da mata), o que pode estar impactando
negativamente a fauna desta caverna.
As cavernas estudadas apresentaram uma baixa similaridade faunística. Esta baixa
similaridade entre duas cavernas tão próximas entre si (distância linear de aproximadamente
100 metros) leva a crer que a meta comunidade de artrópodes nas cavernas ferruginosas do
Quadrilátero Ferrífero é muito alta. Por exemplo, no estudo realizado por Ferreira (2005) em
cavernas dos complexos Capão Xavier e Rola-Moça foram observadas 334 morfoespécies
de invertebrados de diversas ordens como Coleoptera, Collembola, Diptera, Acarina,
Heteroptera, Hymenoptera, Lepidoptera, Psocoptera, além de outras.
Vale ainda ressaltar que a grande maioria das espécies encontradas nestas duas
cavidades foi representada por apenas um (singletons) ou dois (doubletons) indivíduos
capturados (ver também Jordão-Silva, 2006). Este resultado aponta para a fragilidade do
ecossistema cavernícola, no qual muitas espécies (raras ou raríssimas) podem desaparecer
em virtude de impactos naturais e/ou humanos neste meio.
Enfim, estas cavidades apresentaram considerável riqueza e diversidade biológica, o
que reafirma a importância de serem preservadas.

CONCLUSÃO

A manutenção da vida em qualquer caverna depende dos processos ecológicos


governando a estrutura da comunidade, que incluem as interações inter-específicas (e.g.,
competição, predação) e as interações dos organismos que ali vivem com o mundo físico,
tanto do interior da caverna quanto do meio epígeo. Estes são processos complexos e que
recentemente começaram a ser estudados em cavernas ferruginosas. É necessário um
maior conhecimento sobre a ocorrência de cavernas ferruginosas, principalmente
desenvolvidas sob canga e sobre a fauna habitando estes ambientes (sua composição,
riqueza, diversidade, distribuição espacial e temporal, ocorrência de espécies troglóbias e as
25

interações determinando todas estas variáveis). Este maior conhecimento só poderá ocorrer
se estudos como este que foi feito nas cavernas do Parque das Mangabeiras tiverem
continuidade. As informações obtidas em tais estudos poderão servir como fundamento
teórico para a preservação destes ambientes únicos e altamente vulneráveis frente aos
impactos negativos da atividade mineradora e do turismo predatório.

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Evandro Gama de Oliveira e ao meu co-orientador Luciano Emerich Faria
por despertar em mim o interesse pela pesquisa e pela ajuda constante; à Luana Silva pela
companhia no campo, no laboratório e pelo apoio em todas as etapas deste trabalho; ao
Fernando Apolinário e ao Alan Oliveira pela ajuda principalmente no campo; ao Emilson
Miranda, biólogo responsável pelo Parque das Mangabeiras, pela colaboração e apoio ao
projeto; à Fundação de Parques e Jardins da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte pela
parceria; ao Centro Universitário UNA pela concessão da bolsa de Iniciação Científica; e a
todos os amigos e familiares que direta ou indiretamente contribuíram para a realização
deste trabalho.

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uma topossequência no Parque das Mangabeiras. Anais 11 Simpósio de Geografia
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29

Anexo 1. Mapa topográfico da caverna Gruta Parque das Mangabeiras (GPMI).


30

Anexo 2. Mapa topográfico da Gruta Parque das Mangabeiras II (GPMII).


31

Anexo 3. Mapa topográfico da Gruta Parque das Mangabeiras III (GPMIII).


32
33

Anexo 4. Reportagem sobre a Gruta Parque das Mangabeiras (GPMI).


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Anexo 5: Reportagem sobre o presente trabalho desenvolvido no Parque das Mangabeiras.

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