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2568 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.

o 190 — 17-8-1996

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Artigo 3.o


Princípios orientadores
o
Lei n. 33/96 Os princípios gerais constantes do artigo anterior
de 17 de Agosto implicam a observância dos seguintes princípios orien-
tadores:
Lei de Bases da Política Florestal a) Da produção: as políticas tendentes ao aumento
da produção, para além da expansão da área flo-
A Assembleia da República decreta, nos termos dos restal, devem contemplar o aumento da produ-
artigos 164.o, alínea d), e 169.o, n.o 3, da Constituição tividade dos espaços florestais, na óptica do uso
o seguinte: múltiplo dos recursos e da sua sustentabilidade;
b) Da conservação: as intervenções silvícolas devem
respeitar a manutenção da floresta enquanto
CAPÍTULO I recurso indissociável de outros recursos naturais
Objecto, princípios e objectivos como a água, o solo, o ar, a fauna e a flora,
tendo em vista a sua contribuição para a esta-
bilização da fixação do dióxido de carbono e como
Artigo 1.o repositório de diversidade biológica e genética;
Objecto c) Da concertação estratégica: a participação dos
diferentes grupos sociais, profissionais e sócio-
1 — A presente lei define as bases da política florestal -económicos na definição e concretização da
nacional.
política florestal deve ser promovida e dinami-
2 — A política florestal nacional, fundamental ao zada pelos órgãos competentes da administra-
desenvolvimento e fortalecimento das instituições e pro- ção central, regional e local;
gramas para a gestão, conservação e desenvolvimento
d) Da responsabilização social: os cidadãos devem
sustentável das florestas e sistemas naturais associados,
visa a satisfação das necessidades da comunidade, num participar no estabelecimento dos objectivos da
quadro de ordenamento do território. política de desenvolvimento florestal, no res-
peito pelos valores económicos, sociais, ambien-
tais e culturais da floresta e sistemas naturais
Artigo 2.o associados;
Princípios gerais e) Da intervenção e mediação: a entidade respon-
sável pela execução da política florestal deve
1 — A política florestal nacional obedece aos seguin- normalizar, fiscalizar e informar a actividade dos
tes princípios gerais: agentes interventores, bem como compatibilizar
os diversos interesses em presença e arbitrar
a) A floresta, pela diversidade e natureza dos bens
os conflitos resultantes da sua aplicação;
e serviços que proporciona, é reconhecida como
um recurso natural renovável, essencial à manu- f) Da criação do conhecimento: o conhecimento
tenção de todas as formas de vida, cabendo a gerado pela intervenção científica constitui um
todos os cidadãos a responsabilidade de a con- elemento estratégico para a tomada de decisões
servar e proteger; sobre o planeamento da actividade florestal;
b) O uso e a gestão da floresta devem ser levados g) Da cooperação internacional: a gestão, conser-
a cabo de acordo com políticas e prioridades vação e desenvolvimento sustentável dos recur-
de desenvolvimento nacionais, harmonizadas sos da floresta exigem a procura de soluções
com as orientações internacionalmente aceites concertadas com outros países e organizações
e articuladas com as políticas sectoriais de internacionais, no respeito pelo direito soberano
âmbito agrícola, industrial, ambiental, fiscal e de cada Estado em explorar os próprios recursos
de ordenamento do território; de acordo com as suas políticas de desenvol-
c) Os recursos da floresta e dos sistemas naturais vimento e de ambiente.
associados devem ser geridos de modo susten-
tável para responder às necessidades das gera- Artigo 4.o
ções presentes e futuras, num quadro de desen-
volvimento rural integrado; Objectivos da política florestal
d) Os detentores de áreas florestais são respon- A política florestal nacional prossegue os seguintes
sáveis pela execução de práticas de silvicultura objectivos:
e gestão, de acordo com normas reguladoras
da fruição dos recursos da floresta. a) Promover e garantir um desenvolvimento sus-
tentável dos espaços florestais e do conjunto
2 — A exploração, conservação, reconversão e expan- das actividades da fileira florestal;
são da floresta são de interesse público, sem prejuízo b) Promover e garantir o acesso à utilização social
do regime jurídico da propriedade. da floresta, promovendo a harmonização das
3 — Cabe ao Estado definir normas reguladoras da múltiplas funções que ela desempenha e sal-
fruição dos recursos naturais, em harmonia e com a vaguardando os seus aspectos paisagísticos,
participação activa de todas as entidades produtoras e recreativos, científicos e culturais;
utilizadoras dos bens e serviços da floresta e dos sistemas c) Assegurar a melhoria do rendimento global dos
naturais associados. agricultores, produtores e utilizadores dos sis-
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temas florestais, como contributo para o equi- nos planos regionais de ordenamento florestal, as inter-
líbrio sócio-económico do mundo rural; venções silvícolas de qualquer natureza devem reali-
d) Optimizar a utilização do potencial produtivo zar-se de acordo com um plano de gestão florestal a
de bens e serviços da floresta e dos sistemas submeter à aprovação da autoridade florestal nacional.
naturais associados, no respeito pelos seus valo-
res multifuncionais;
e) Promover a gestão do património florestal Artigo 6.o
nacional, nomeadamente através do ordena- Ordenamento das matas e planos de gestão florestal
mento das explorações florestais e da dinami-
zação e apoio ao associativismo; 1 — O plano de gestão florestal (PGF) é o instru-
f) Assegurar o papel fundamental da floresta na mento básico de ordenamento florestal das explorações,
regularização dos recursos hídricos, na conser- que regula as intervenções de natureza cultural e ou
vação do solo e da qualidade do ar e no combate de exploração e visa a produção sustentada dos bens
à erosão e à desertificação física e humana; ou serviços originados em espaços florestais, determi-
g) Garantir a protecção das formações florestais nada por condições de natureza económica, social e
de especial importância ecológica e sensibili- ecológica.
dade, nomeadamente os ecossistemas frágeis de 2 — Os PROF definirão a área das explorações flo-
montanha, os sistemas dunares, os montados de restais a partir da qual estas serão obrigatoriamente
sobro e azinho e as formações ripícolas e das sujeitas a um PGF, a elaborar pelos proprietários
zonas marginais dulçaquícolas; segundo normas definidas pelo organismo público legal-
h) Assegurar a protecção da floresta contra agentes mente competente.
bióticos e abióticos, nomeadamente contra os 3 — Na elaboração dos PGF deve atender-se ao
incêndios; PROF da respectiva região, designadamente às suas
i) Incentivar e promover a investigação científica opções de natureza social ou ecológica, sendo as opções
e tecnológica no domínio florestal. de natureza económica livremente estabelecidas pelos
proprietários.
4 — Sempre que os proprietários ou outros deten-
CAPÍTULO II tores das áreas florestais não efectuarem as operações
silvícolas mínimas a que estão obrigados pelo respectivo
Medidas de política florestal PGF, pode o organismo público legalmente competente,
em termos a regulamentar, executar as operações em
Artigo 5.o causa, sub-rogando-se ao respectivo proprietário pelo
Ordenamento e gestão florestal — Planos regionais prazo necessário à realização das mesmas.
de ordenamento florestal

1 — A organização dos espaços florestais faz-se, em Artigo 7.o


cada região, através de planos de ordenamento florestal, Explorações não sujeitas a PGF
numa óptica de uso múltiplo e de forma articulada com
os planos regionais e locais de ordenamento do ter- 1 — As explorações florestais de área inferior à defi-
ritório. nida nos PROF como mínima obrigatória a ser sub-
2 — Os planos regionais de ordenamento flores- metida a um PGF, ficam sujeitas às normas constantes
tal (PROF) são elaborados pelo organismo público dos PROF.
legalmente competente em colaboração com os deten- 2 — As explorações florestais ficam obrigadas a decla-
tores das áreas abrangidas, submetidos à apreciação rar com antecedência a natureza e dimensão dos cortes
pública e aprovados pelo Ministério da Agricultura, do que pretendam realizar.
Desenvolvimento Rural e das Pescas. 3 — As intervenções a que se refere o n.o 2 ficam
3 — Os PROF devem contemplar: sujeitas a aprovação do organismo público legalmente
a) A avaliação das potencialidades dos espaços flo- competente, desde que incidam numa área igual ou
restais, do ponto de vista dos seus usos domi- superior ao valor a definir em diploma regulamentar.
nantes;
b) A definição do elenco das espécies a privilegiar Artigo 8.o
nas acções de expansão ou reconversão do patri-
mónio florestal; Reestruturação fundiária e das explorações
c) A identificação dos modelos gerais de silvicul- Compete ao Estado:
tura e de gestão de recursos mais adequados;
d) A definição das áreas críticas do ponto de vista a) Dinamizar a constituição de explorações flores-
do risco de incêndio, da sensibilidade à erosão tais com dimensão que possibilite ganhos de efi-
e da importância ecológica, social e cultural, ciência na sua gestão, através de incentivos fis-
bem como das normas específicas de silvicultura cais e financeiros ao agrupamento de explora-
e de utilização sustentada de recursos a aplicar ções, ao emparcelamento de propriedades e à
nestes espaços. desincentivação do seu fraccionamento;
b) Fixar, em casos devidamente fundamentados e
4 — A gestão das explorações florestais deve ser efec- em função dos objectivos da política florestal,
tuada de acordo com as normas de silvicultura definidas limites máximos da área florestal na posse de
nos PROF. uma única entidade;
5 — Nas matas públicas e comunitárias, bem como c) Ampliar o património florestal público, tanto
nas matas privadas acima de uma dimensão a definir em áreas produtivas para a exploração econó-
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mico-social como em áreas sensíveis, com vista e) Incentivar a participação activa das comunida-
a privilegiar o factor protecção; des rurais, das associações representativas dos
d) Promover, em áreas percorridas por incêndios produtores e das autarquias no apoio a acções
de grandes dimensões, a constituição de uni- de prevenção, detecção e combate aos incêndios
dades de exploração, designadamente de gestão florestais;
mista, de modo a garantir uma rearborização f) Promover a criação de um sistema de previsão
adequada e a sua futura gestão em condições do risco de incêndios florestais e de investigação
adequadas do ponto de vista silvícola;
das suas causas, com vista à tomada de medidas
e) Apoiar as formas de associativismo que pros-
sigam os objectivos fixados nos números ante- tendentes, quer à redução do seu número, quer
riores; da área afectada pelos mesmos.
f) Dinamizar e apoiar a constituição de assem-
bleias de compartes e respectivos conselhos 3 — São apoiadas as iniciativas que visem a educação
directivos e cooperar na elaboração de planos e a sensibilização públicas para a importância da floresta,
integrados de utilização dos baldios. nomeadamente ao nível dos programas de ensino e dos
agentes de opinião.
Artigo 9.o Artigo 11.o
Fomento florestal Gestão dos recursos silvestres

1 — O Estado, através da criação de instrumentos A conservação, o fomento e a exploração dos recursos


financeiros, apoia as iniciativas de fomento florestal com silvestres, nomeadamente cinegéticos, aquícolas e apí-
um horizonte temporal adequado a investimentos desta colas, associados ao património florestal, constituem
natureza, que tenham por objectivo: actividades inerentes ao aproveitamento integrado e sus-
a) A valorização e expansão do património flo- tentável do meio rural.
restal; Sem prejuízo dos regimes jurídicos aplicáveis a cada
b) A melhoria geral dos materiais florestais de um dos recursos referidos no número anterior, devem
reprodução; ser promovidas e adoptadas as formas de gestão opti-
c) A construção de infra-estruturas de apoio e mizadas, nomeadamente de carácter associativo, que
defesa das explorações; conciliem a sua utilização económica e os equilíbrios
d) Acções de formação profissional e assistência ambientais.
técnica a todos os agentes que intervêm no sec-
tor produtivo florestal.
CAPÍTULO III
2 — É criado um órgão de recurso dos actos da Admi-
nistração Pública, relativos a decisões sobre projectos Instrumentos de política
de arborização e planos de gestão florestal, presidido
pela autoridade florestal nacional. Artigo 12.o
Administração florestal — Autoridade florestal nacional
Artigo 10.o
1 — O organismo público legalmente competente,
Conservação e protecção investido nas funções de autoridade florestal nacional,
1 — Compete ao Estado definir as acções adequadas colabora na definição da política florestal nacional e
à protecção das florestas contra agentes bióticos e abió- é responsável pelo sector florestal.
ticos, à conservação dos recursos genéticos e à protecção 2 — As atribuições e competências do organismo
dos ecossistemas frágeis, raros ou ameaçados e promo- público referido no número anterior serão objecto de
ver a sua divulgação e concretização. definição legal própria.
2 — Para a prossecução das acções definidas no 3 — A gestão do património florestal sob jurisdição
número anterior, importa: do Estado compete ao organismo público referido no
a) Promover e apoiar as iniciativas tendentes à con- n.o 1, directamente ou por outras formas que venham
servação dos espaços florestais, nomeadamente a revelar-se adequadas.
através de intervenções que garantam a susten-
tabilidade dos seus recursos; Artigo 13.o
b) Considerar os montados de sobro e azinho,
enquanto parte de sistemas agrários de parti- Comissão interministerial para os assuntos da floresta
cular valia sócio-económica e ambiental, como 1 — Com a finalidade de garantir uma efectiva arti-
objecto de um plano específico de conservação culação entre as diferentes políticas sectoriais com inci-
e desenvolvimento;
dências no sector florestal, bem como avaliar as con-
c) Manter informação actualizada sobre o estado
sanitário e a vitalidade dos povoamentos flo- sequências das respectivas medidas de política na fileira
restais; florestal e nos seus agentes, é criada uma comissão
d) Instituir uma estrutura nacional, regional e sub- interministerial.
-regional com funções de planeamento e coor- 2 — Integram esta comissão, que é presidida pelo
denação das acções de prevenção e detecção Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e
e de colaboração no combate aos incêndios das Pescas, os ministérios cujas políticas interagem com
florestais; o sector florestal.
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Artigo 14.o Artigo 17.o


Conselho Consultivo Florestal Organizações dos produtores florestais

1 — O Conselho Consultivo Florestal é um órgão de 1 — As organizações dos produtores florestais asse-


consulta do Ministro da Agricultura, do Desenvolvi- guram a representatividade do sector produtivo privado
mento Rural e das Pescas. no acompanhamento das medidas decorrentes da polí-
2 — Ao Conselho Consultivo Florestal compete pro- tica florestal nacional.
nunciar-se sobre: 2 — A criação e reforço técnico de organizações de
produtores florestais é estimulada através de incentivos
a) Medidas de política florestal e sua concreti- de natureza diversa.
zação;
b) Medidas legislativas e regulamentadoras dos
instrumentos de fomento, gestão e protecção CAPÍTULO IV
dos sistemas florestais e das actividades a eles
associadas; Instrumentos financeiros
c) A aplicação, no quadro interno, da legislação
comunitária mais relevante para a área florestal; Artigo 18.o
d) O estabelecimento de limites à posse de áreas Fundo financeiro
florestais previsto na alínea b) do artigo 8.o
1 — Compete ao Estado a criação de um fundo finan-
ceiro de carácter permanente, destinado a:
3 — O Conselho Consultivo Florestal pode propor
ao Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural a) Apoiar as medidas de fomento a que se refere
e das Pescas a adopção de medidas legislativas que con- o artigo 9.o
sidere necessárias ao desenvolvimento florestal do País. b) Financiar projectos de rearborização de áreas
4 — O Conselho Consultivo Florestal é ainda con- afectadas por incêndios;
sultado sobre todas as questões sobre as quais o Governo c) Ressarcir economicamente os proprietários de
considere útil ouvir o Conselho. ecossistemas sensíveis pelos prejuízos que adve-
nham de restrições impostas pela necessidade
da sua conservação;
Artigo 15.o d) Financiar acções de investigação específicas, pri-
Composição e funcionamento do Conselho Consultivo Florestal vilegiando a forma de contratos-programas;
e) Instituir um sistema bonificado de crédito flo-
1 — O Conselho Consultivo Florestal é constituído, restal, destinado, nomeadamente:
nomeadamente, por representantes da Administração
Pública, das autarquias locais, das associações de pro- 1) À viabilização das intervenções silvícolas
dutores florestais, do comércio e das indústrias florestais, de resultados líquidos imediatos nega-
dos baldios, das confederações agrícolas e sindicais e tivos;
dos jovens agricultores, das associações de defesa do 2) Ao pagamento de tornas a herdeiros em
ambiente e das instituições de ensino e de investigacão acções de emparcelamento florestal;
florestal. 3) Às acções de emparcelamento florestal
de vizinhos confinantes.
2 — O Conselho Consultivo Florestal é convocado
e presidido pelo Ministro da Agricultura, do Desen-
2 — A criação do fundo referido no número anterior,
volvimento Rural e das Pescas e funcionará nos termos a origem das respectivas receitas, bem como a sua gestão,
a definir em regulamentação específica. serão objecto de regulamentação específica.

Artigo 16.o Artigo 19.o


Investigação florestal Incentivos fiscais
1 — As instituições de investigação florestal devem Serão objecto de incentivos fiscais as acções com vista
privilegiar as acções de investigação que reforcem a a estimular:
capacidade de intervenção sustentada do sector florestal
e assegurar a transmissão do conhecimento gerado. a) O associativismo das explorações florestais;
2 — A descentralização das estruturas de investigação b) As acções de emparcelamento florestal;
florestal e a criação de unidades de experimentação e c) As acções tendentes a evitar o fraccionamento
demonstração a nível regional devem ser promovidas da propriedade florestal;
pelo Estado, de forma articulada com as instituições d) O autofinanciamento do investimento florestal,
de ensino, os serviços de natureza operativa e os agentes nomeadamente no domínio da prevenção activa
da fileira florestal, visando o reforço da capacidade inter- dos incêndios florestais.
ventiva a nível regional.
3 — O Estado deve promover e apoiar a participação Artigo 20.o
e responsabilização dos agentes da fileira na definição Seguros
e execução de projectos de investigação, experimentação
e desenvolvimento, por forma a dotá-los de objectivos 1 — É instituído um sistema de seguros florestais, de
mais relevantes e capazes de melhor tipificar as lacunas custo acessível, nomeadamente um seguro obrigatório
de conhecimento necessário ao desenvolvimento flores- de arborização para todas as áreas florestais que sejam
tal do País. objecto de financiamento público.
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2 — Este seguro obrigatório deve ser gradualmente público competente em matéria florestal, do Ins-
estendido a todas as arborizações. tituto Nacional do Ambiente e das entidades
3 — O seguro obrigatório de arborização destina-se com competência em matéria de ordenamento
a garantir os meios financeiros necessários à reposição do território, institutos de investigação, univer-
da área florestada em caso de insucesso acidental ou sidades, empresas e organizações de produtores;
de destruição do povoamento. l) Elaboração de normas regionais de silvicultura
a integrar nos PROF e nos PGF, que deter-
minem as diferentes e mais adequadas aptidões
CAPÍTULO V ecológicas e reflictam os princípios de uso múl-
tiplo, da utilização social, da biodiversidade e
Disposições finais e transitórias do desenvolvimento sustentado da floresta;
m) Fomento e apoio das organizações dos produ-
Artigo 21.o tores florestais;
n) Promoção, a todos os níveis, de acções de sen-
Acções com carácter prioritário
sibilização dos cidadãos, em particular dos
São de carácter prioritário as seguintes acções de jovens, para a importância da salvaguarda e
emergência, a desenvolver pelo Ministério da Agricul- valorização dos recursos florestais.
tura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas:
a) Reforço e estruturação dos processos de pre- Artigo 22.o
venção, vigilância e de apoio ao combate aos Convenções e acordos internacionais
fogos florestais;
b) Definição e implementação de normas técnicas A legislação que regulamentará a aplicação da pre-
relativas à estrutura e composição dos povoa- sente lei terá em conta as convenções e acordos inter-
mentos e à rede de infra-estruturas nos espaços nacionais aceites e ratificados por Portugal e que tenham
florestais, com vista à minimização dos riscos a ver com a questão florestal, bem como as normas
de incêndio; e critérios aprovados multi ou bilateralmente entre Por-
c) Reforço e expansão do corpo especializado de tugal e outros países.
sapadores florestais; Artigo 23.o
d) Reforço, valorização profissional e dignificação
do corpo de guardas e mestres florestais; Legislação complementar
e) Diagnóstico do estado sanitário dos principais Todos os diplomas legais necessários à regulamen-
sistemas agro-florestais, promoção dos estudos tação do disposto no presente diploma serão obriga-
e investigação para apuramento das respectivas toriamente publicados no prazo de um ano a partir da
causas e adopção das medidas profiláticas data da sua entrada em vigor.
adequadas;
f) Adopção de todas as medidas tendentes à rea-
lização do cadastro da propriedade florestal; Artigo 24.o
g) Definição e introdução de normas de ordena- Entrada em vigor
mento de práticas culturais que favoreçam a
recuperação dos sistemas agro-florestais e asse- 1 — Na parte em que não necessite de regulamen-
gurem a sua vitalidade; tação, esta lei entra imediatamente em vigor.
h) Identificação de ecossistemas de grande impor- 2 — As disposições que estão sujeitas a regulamen-
tância e sensibilidade ecológica, designada- tação entrarão em vigor com os respectivos diplomas
mente sistemas dunares e de montanha, zonas regulamentares, a publicar por decreto-lei.
em risco de desertificação, endemismos e mon-
tados de sobro e azinho; Aprovada em 12 de Julho de 1996.
i) Aplicação de medidas de protecção e recupe-
O Presidente da Assembleia da República, António
ração, com vista a garantir a especificidade da
de Almeida Santos.
função ecológica dos ecossistemas, manutenção
ou melhoramento do seu património genético,
Promulgada em 25 de Julho de 1996.
aumento da produtividade e rentabilidade dos
sistemas produtivos e melhoria da qualidade dos Publique-se.
produtos, designadamente da cortiça;
O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
j) Identificação das áreas mais carenciadas de
estudo, investigação aplicada, experimentação
Referendada em 1 de Agosto de 1996.
e divulgação e promoção da coordenação entre
as várias entidades com atribuições ou interesses O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira
neste domínio, designadamente do organismo Guterres.

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