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1. HIERARQUIA E DISCIPLINA 09
1.1 AS FORçAS ARMADAS E A SINGULARIDADE DO SEU EMPREGO 09
1.2 DIREITO DISCIPLINAR MILITAR 14
2. ILíCITOS DISCIPLINARES 15
2.1 CRIME E TRANSGRESSãO DISCIPLINAR: UMA DISTINçãO BASEADA
NO CONCEITO ANALíTICO TRIPARTITE DE CRIME 16
2.2 AS CONSEQUêNCIAS DAS PRáTICAS DE UM CRIME MILITAR OU DE
UMA TRANSGRESSãO DISCIPLINAR 18
2.3 A SUBMISSãO A CONSELHO DE JUSTIFICAçãO (CJ) E DE DISCIPLINA
(CD) COMO CONSEQUêNCIA DE COMETIMENTO DE CONDUTA QUE EM
SENTIDO LATO AGRIDA A HIERARQUIA E A DISCIPLINA 19
3. SANçõES DISCIPLINARES 21
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
de julho de 1965). Além disso, o artigo 16 da referida lei prevê o seu emprego
na cooperação com o desenvolvimento nacional e com a defesa civil, inclusive
“em campanhas institucionais de utilidade pública ou de interesse social”.
Este amplo e diversificado emprego das FA exige dos militares, além dos
deveres de qualquer servidor do Estado, uma normatização especial militar
disciplinar, administrativa e penal. Assim, em consequência desse [amálgama] Amálgama: liga; mistu-
ra de elementos que, embora
regulamentar, surge um rígido e extenso rol de deveres militares.
diversos, contribuem para
formar um todo.
Para que esses profissionais estejam aptos a cumprir tantas e tão complexas
atribuições que lhes impõe a Nação, é necessário, portanto, a existência de
dois pilares históricos de sustentação das instituições militares – a hierarquia e
a disciplina.
Esses institutos são pilares, seja das Forças Armadas, de acordo com o animus
normativo constitucional do artigo 142, seja das Forças Policiais Militares e dos
Corpos de Bombeiros Militares dos Estados e do Distrito Federal, como prevê
o artigo 42 da CF: “Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina,
são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”.
CAPíTULO III
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
§ 1º A hierarquia militar é a ordenação da auto-
ridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura
das Forças Armadas. A ordenação se faz por postos ou
graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação
se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. O
respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de
acatamento à sequência de autoridade.
CAPíTULO II
SEçãO I
Conceituação
[...]
[...].
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
O Compromisso Militar, descrito na Seção II, se refere ao compromisso de hon-
ra que todo cidadão solenemente deve prestar ao ingressar nas Forças Arma-
das, destacando-se, nele, a aceitação consciente dos deveres militares:
SEçãO II
Do Compromisso Militar
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
“Princípio é, por deinição, 1.2 DIREITO DISCIPLINAR MILITAR
mandamento nuclear de um
sistema, verdadeiro alicerce
A hierarquia, a disciplina, o comando e a subordinação são baluartes das insti-
dele, disposição fundamental
que se irradia sobre as diferen- tuições militares e, fundamentalmente, do Direito Disciplinar Militar, que os
tes normas, compondo-lhes o tutela. Esse Direito figura como uma das modalidades do Direito Administrati-
espírito e servindo de critério
para sua exata compreensão e vo Militar, que, por sua vez, tem o Direito Militar como gênero.
inteligência, exatamente por
deinir a lógica e racionalida- Para Assis (2011, p. 75), o Direito Militar é “composto por toda a legislação
de do sistema normativo, no material que se refere à organização e ao funcionamento das Forças Armadas
que lhe confere tônica e lhe dá
sentido harmônico” (MeLLO, e das Forças Auxiliares, seja de natureza administrativa, civil ou penal militar”.
1995, p. 545).
O Direito Administrativo Militar, ao seu turno, pode ser entendido como:
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
2 ILÍCITOS DISCIPLINARES
Objetivo específico
O estatuto dos Militares (e1) Um dever submete o homem ao cumprimento de uma ação a que se obriga.
trata contravenção discipli-
Se a obrigação é jurídica, o dever lhe segue a natureza, é jurídico; se disci-
nar e transgressão disciplinar
como sinônimos. plinar, o dever é disciplinar. O seu descumprimento caracteriza uma ilicitude,
passível de sanção.
.......................................................................................
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Competência é “o conjunto de 2.1 CRIME E TRANSGRESSÃO DISCIPLINAR: UMA DISTINÇÃO
atribuições das pessoas jurídi-
cas, órgãos e agentes, ixadas
BASEADA NO CONCEITO ANALÍTICO TRIPARTITE DE CRIME
pelo direito positivo [direito
previsto em lei]” (di PieTRO, Costa, Ramos e Roth (2011), com perspicácia e baseados na Teoria Geral do
2009, p. 203). a competência Delito, elaboraram um conceito analítico da transgressão disciplinar,
para a aplicação das punições
disciplinares, para o exército baseando-se no conceito analítico tripartite do crime: fato típico, anti-
Brasileiro (eB), está positivada jurídico e culpável. Na ausência de qualquer destes elementos não há de se
no artigo 10 do Regulamento
considerar a existência de crime.
disciplinar do exército (Rde),
infra, em 7.2.2 Capítulo i: das
disposições Gerais. Uma conduta humana é classificada como crime quando se atende à descrição
abstrata do fato tipificado como tal na norma legal. Por exemplo, comete o
crime de “reunião ilícita” todo aquele que age em conformidade com esse fato
típico previsto no artigo 165 pelo Código Penal Militar:
Ato administrativo Quanto à transgressão, há ainda, na doutrina, uma grande divergência no que
discricionário: na prática
tange a sua atipicidade ou tipicidade. Entretanto, há uma forte corrente jurí-
dos atos administrativos, em
regra, o administrador públi- dica, em relação à transgressão, que aceita uma tipicidade mitigada, ou seja,
co não tem liberdade, sendo moderada, pois, caso contrário, o transgressor poderia ficar ao inteiro arbítrio
obrigado a praticá-los. entre-
tanto, existem aqueles atos da autoridade disciplinar com a competência de aplicar a punição.
que, embora obrigatórios,
a autoridade tem alguma Ademais, é possível identificar no Regulamento Disciplinar do Exército
liberdade na sua execução: (RDE) uma tipicidade menos estrita, presente no artigo 14, pelo qual a trans-
são os atos administrativos
discricionários. exemplo: gressão disciplinar é entendida como todo ato de militar, contrário às prescri-
se um agente administra- ções normativas, ofensivas à ética, aos deveres e às obrigações militares, ou
tivo tem notícia da prática
“que afete a honra pessoal, o pundonor militar e o decoro da classe”. Some-se
de alguma indisciplina de
subordinado, é obrigado a a isso o rol descritivo das agressões à hierarquia e à disciplina constantes do
apurá-la, entretanto, a sanção Anexo I do RDE – Relação das Transgressões.
disciplinar devida e o seu
quantum serão objeto de sua
análise para a aplicação.
É importante perceber que essas transgressões não se apresentam com os
estreitos limites dos fatos típicos criminais (a cada tipo positivado, uma pena
prevista). Os limites estabelecidos para a punição, entretanto, são mais amplos
− próprios dos [atos administrativos discricionários]− e dependem da análise
de quem tem a competência para a sua aplicação. Essa análise deve levar em
conta, segundo o artigo 16 do RDE, a pessoa do transgressor, as causas que
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
determinaram o seu cometimento, a natureza dos fatos ou atos que a envolve-
ram e as consequências que dela resultarem. Em razão dessa discricionarieda-
de, de acordo com o artigo 24 do RDE, as punições poderão se configurar em:
• Advertência;
• Impedimento disciplinar;
• Repreensão;
• Detenção disciplinar;
• Prisão disciplinar;
• Licenciamento;
• Exclusão a bem da disciplina.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Por fim, vale o princípio traduzido pela expressão latina usada em direito
“nullum crimen sine culpa”, ou seja, não há crime se não há culpa. Portanto, a
culpabilidade é um fundamento da pena que permite a aplicação de uma pena
ao transgressor ou autor de um fato típico e antijurídico.
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
Art. 47 Os regulamentos disciplinares das Forças Armadas
especificarão e classificarão as contravenções ou transgres-
sões disciplinares e estabelecerão as normas relativas à am-
plitude e aplicação das penas disciplinares, à classificação do
comportamento militar e à interposição de recursos contra
as penas disciplinares (grifo nosso).
Dessa forma, os crimes militares serão julgados pelo Código Penal Militar Sobre a constitucionalidade
– Decreto-Lei nº 1.001/69 – que trata desses ilícitos e das suas consequências do Rde, o Supremo Tribunal
Federal já se posicionou ex-
em tempo de paz e de guerra. pressamente a respeito, ao jul-
gar a ação direta de inconsti-
As transgressões disciplinares são especificadas e tem as suas sanções tucionalidade nº 3.340-9/dF,
normatizadas através dos regulamentos disciplinares especiais de cada uma em 3 de novembro de 2005.
Veja o acórdão na ínte-
das três Forças Armadas: gra no link: <http://re-
dir.stf.jus.br/paginador-
• Regulamento Disciplinar da Marinha – Decreto nº 88.545/1983.
pub/paginador.jsp?docTP
• Regulamento Disciplinar do Exército – Decreto nº 4.346/2002. =aC&docid=409292>
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
3 SANÇÕES DISCIPLINARES
Objetivo específico
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
As sanções disciplinares são atos administrativos disciplinares pra-
ticados por quem tem competência para tal. Assim, a punição traduz
uma manifestação unilateral da vontade da Administração Pública no desem-
penho de suas funções, visando produzir algum efeito jurídico, nesse caso,
de caráter disciplinar.
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
Assim, portanto, é legítimo dizer que a natureza jurídica da sanção disci- Revelia: juridicamen-
plinar é de ato administrativo, Sendo abusiva ou estando em desobediên- te falando, é a situação na
qual aquele que é citado
cia ao que determina a lei, poderá ser anulada diretamente pela própria Admi- para apresentar defesa deixa
nistração Pública, sem a necessidade de socorro do Judiciário. Por outro lado, transcorrer o prazo legal
sem apresentar resposta ou
a sanção disciplinar também poderá ser invalidada pelo Judiciário, mediante contestação.
ação judicial, à [revelia] da Administração.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
4 CONSELHOS DE JUSTIFICAÇÃO
E DE DISCIPLINA
Objetivo específico
Os processos que apresentam Quando o fim estatal for administrativo, este conjunto de atos coordenados
litígio distinguem-se pelo denomina-se processo administrativo. Se exigir solução para uma controvér-
conlito de interesses entre o
estado e o administrado e são sia, no âmbito administrativo, entre o administrado e o Estado, trata-se de um
decididos, na esfera adminis- processo litigioso. Por outro lado, se o fim do processo for uma decisão final
trativa, pelo estado. Os proces-
sos não litigiosos, ao contrá- da administração, sem envolver litígio entre o particular e o Estado, o processo
rio, não apresentam conlito. será não litigioso (CARVALHO FILHO, 2010).
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Entendido o significado de processo, deve-se distingui-lo, para maior clareza
doutrinária, de procedimento. Para tanto, conceitua-se procedimento como
uma sucessão de atos destinados a promover a execução de um ato final; em
complemento, pode ser também definido como o rito a que devem obedecer
todos os atos de um processo (DI PIETRO, 2009; ASSIS, 2011).
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
• Instrução é a fase de elucidação dos fatos. É a etapa de um proces-
so litigioso em que são produzidas as provas da acusação no processo
punitivo, ou de complementação das iniciais no processo de controle e
de [outorga]. Incluem, desde o depoimento da parte, até as inquirições Outorga: cede; concede.
de testemunhas, as inspeções pessoais, as perícias técnicas e a juntada de
documentos pertinentes. O acusado deve ser notificado para o acompa-
nhamento da produção das provas, inclusive as testemunhais, podendo
até formular perguntas. Não há a obrigatoriedade do acompanhamento
por advogado, todavia, se assim ocorrer, não pode ser impedido de estar
presente no curso do processo. Deve ser garantido o constitucional exer-
Carvalho Filho (2010, p.
cício da ampla defesa com liberdade de produção de provas (testemu-
1082) airma que a autori-
nhais, documentais e periciais), desde que lícitas, e do contraditório, tudo dade com competência para
dentro do devido processo legal, nos termos do inciso LV do art. 5º da CF. julgar o processo, ao tomar a
decisão de divergir de quem
• Decisão é a última fase. Deve conter um relatório, síntese do que foi apu- o presidiu, pode “adotar uma
das seguintes posições: a)
rado no processo, promovido por quem o presidiu, com apreciação das
conceder ou não o objeto do
provas, dos fatos apurados, do direito debatido e elaboração de proposta processo, no processo não liti-
conclusiva – opinativa – para decisão da autoridade julgadora competente. gioso; b) no caso de litigioso,
sancionar o acusado, se o en-
Nela, quem tem a competência para julgar o processo – autoridade carregado do processo o tiver
ou órgão com essa atribuição – com base nos autos, poderá concordar absolvido, absolvê-lo, se tiver
sido apenado e aplicar sanção
com a apreciação de quem conduziu o processo, inclusive com a
mais grave ou mais leve, diver-
punição, ou discordar, adotando a medida que entender mais correta. sa da sugerida no relatório”.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
regramento, o processo administrativo federal se vê uniformizado pela Lei
nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que “regula o processo administrativo
Destarte: assim sendo, no âmbito da Administração Pública Federal”; [destarte], a Administração
desse modo.
Pública direta e indireta e também os órgãos administrativos dos Poderes
Legislativo e Judiciário da União passam a submeter-se a este instrumento
regulador e uniformizador (CARVALHO FILHO, 2010).
Normas infralegais são todas Carvalho Filho (2010) aponta que os princípios informadores do proces-
as normas que não foram ela-
so administrativo são: o devido processo legal, da oficialidade, do contra-
boradas pelo Poder Legislativo
através de rito próprio. São ditório e ampla defesa, da publicidade, do informalismo procedimental e da
regramentos de abrangência verdade material.
mais limitada que uma lei,
emanados de autoridade com
I. O princípio do devido processo legal consta do artigo 5º, LIV, da CF
competência para editá-las.
São exemplos os decretos, as e significa a [subsunção] de todo processo às normas que o regulam. A
resoluções, as portarias, as ins- lei, portanto, estabelece os limites de atuação não só de toda a Socieda-
truções normativas etc.
de como, também, do próprio Estado e de seus agentes. Dessa forma,
os processos devem submeter-se às normas legais que os regulam.
Subsunção: ato de II. O princípio da oficialidade (ou impulsão) está consignado no artigo
submeter, de subjugar.
29 da Lei nº 9.784/99. Permite que um processo, ainda que instaurado
por provocação de particular, se submeta ao impulsionamento da Admi-
nistração Pública, favorecendo a rapidez na sua conclusão. Faculta, ainda,
à Administração Pública, instaurar e impulsionar o processo ex officio, ou
seja, sem que haja necessidade de provocação das partes envolvidas.
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
IV. O princípio da publicidade está presente no texto constitucional do
artigo 37, caput. Sua aplicação importa no “dever do Estado de dar a
maior divulgação possível aos atos que pratica. É o dever de transparên-
cia das atividades administrativas” que, quando aplicado ao processo excepcionalmente, a eicácia
do princípio da publicidade
administrativo, traduz-se no direito que as partes (ou qualquer pessoa
pode ser reduzida, de acordo
com interesse público a ser preservado) têm de dar vista nos autos. com o artigo 5º, XXXiii, da
CF, quando, justiicadamente,
V. O princípio do informalismo procedimental estabelece que o o sigilo deve se sobrepor.
processo administrativo prescinde de ritos sacramentais e formas
rígidas, particularmente para os atos a cargo do particular; bastam as
formalidades estritamente necessárias à obtenção da certeza jurídica e
à segurança procedimental.
Como adverte Carvalho Filho (2010, p. 1067), a lei é federal e não nacional,
aplicando-se, portanto, na tramitação processual da administração federal, em
qualquer dos seus poderes constituídos. Por ser federativa, a organização do
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Estado brasileiro, os Estados-membros, Distrito Federal e Municípios não se sub-
sumem a ela, automaticamente, eis “que são titulares de competência privativa
para estabelecer as próprias regras a respeito de seus processos administrativos”.
O artigo 2º da Lei nº 9.784/99 Existem leis que tratam de determinados processos administrativos, com sin-
determina que a “administra-
gularidade. Esses regramentos, pela sua especialidade, se sobrepõem à Lei nº
ção Pública obedecerá, dentre
outros, aos princípios da lega- 9.784/99, de caráter geral e subsidiário. Logo, na ausência de norma especial que
lidade, inalidade, motivação, regule determinada modalidade de processo administrativo federal, vige a geral.
razoabilidade, proporcionali-
dade, moralidade, ampla de-
O caput do artigo 2º apresenta alguns dos mais importantes princípios aplicáveis
fesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e à Administração Pública federal direta e indireta. O seu parágrafo único elenca
eiciência”. a Constituição Fe- os critérios processuais que devem ser observados. Por pertinente, ainda importa
deral airma no seu artigo 37
que a “administração pública dizer que a Administração Pública se subordina, também, aos princípios elenca-
direta e indireta de qualquer dos no caput do artigo 37 da CF, nominados princípios expressos da Administra-
dos Poderes da União, dos es-
ção Pública, por estarem expressamente previstos no texto constitucional.
tados, do distrito Federal e dos
Municípios” também obede-
cerá aos mesmos princípios. É importante esclarecer que a norma em apreço faculta a deflagração do
processo, ex officio, de acordo com o princípio da oficialidade, como acima
referido, ou por provocação do interessado, na medida em que houver um
interesse a ser legalmente atendido pela administração.
Leia o artigo Comentários à nova Impropriamente chamado de inquérito administrativo, o processo adminis-
Lei do Processo Administrativo Fede-
trativo-disciplinar − também denominado processo disciplinar principal −
ral (Lei 9784/99). disponível
em: <http://jus.com.br/arti- “é o instrumento formal através do qual a Administração apura a existência de
gos/409/comentarios-a-no- infrações praticadas por seus servidores públicos e demais pessoas sujeitas ao
va-lei-do-processo-adminis-
trativo-federal-lei-9784-99> regime funcional da Administração e, se for o caso, aplica as sanções adequa-
das” (CARVALHO FILHO, 2010, p. 1073).
Cada pessoa federativa tem seu estatuto funcional e cada um estabelece normas
específicas para apurar as infrações de seus servidores públicos. É esta a razão
de existir uma diversidade normativa de processos administrativo-disciplinares.
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
Apurada a falta infracional através do pertinente processo, resta à Administra-
ção aplicar a sanção devida ao servidor ou arquivar o feito, caso se demonstre
a ausência de transgressão funcional (CARVALHO FILHO, 2010).
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
4.6 O CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO (CJ)
Leia o artigo O Conselho de Jus- A fundamentação legal desta modalidade de processo administrativo disci-
tiicação e o Processo de Indignidade
plinar no EB se encontra na Lei nº 5.836/72, porém o Regulamento Interno e
para o Oicialato. disponível em:
<http://www.tjmsp.jus.br/ dos Serviços Gerais (R1) e o Regulamento Disciplinar do Exército (R-4) também
exposicoes/art014.pdf> fazem alusão a esse instituto.
Incide, portanto, sobre todos os oficiais de carreira das Forças Armadas e das
Forças Auxiliares, da ativa, reserva ou reformado e julga a incapacidade do
oficial de permanecer na ativa, podendo propor a sua reforma ou até mesmo a
perda do posto. O Conselho também poderá julgar o oficial da reserva remu-
nerada ou reformado, nesse caso, podendo propor a perda do posto; não se
aplica ao oficial da reserva não remunerada.
• Arquivamento do processo;
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
• Instrução preliminar ou extrajudicial do julgamento da indignidade ou
incompatibilidade com o oficialato realizado no Superior Tribunal Militar.
No Estatuto dos Militares, a submissão de oficial a CJ encontra-se prevista no O CJ instaurado ex oficio (ou
artigo 48: de ofício) é aquele em que o
comandante tem a autoridade
Art. 48. O oficial presumivelmente incapaz de perma- para punir e solicita a instau-
necer como militar da ativa será, na forma da legislação ração sem haver a necessida-
de de receber comunicado
específica, submetido a Conselho de Justificação.
de algum fato desabonador.
........................................................................................ O comandante requer a ins-
tauração quando ele próprio
§ 3º O Conselho de Justificação poderá, também, ser veriica que o procedimento
submetido o oficial da reserva remunerada ou reformado, do oicial motiva legalmente o
início desse processo.
presumivelmente incapaz de permanecer na situação de
inatividade em que se encontra.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Deve-se considerar que os tipos de acusação descritos nas alíneas desse artigo
são excessivamente subjetivos em função da norma não descrever detalha-
damente o que é um procedimento incorreto no desempenho do cargo ou
conduta irregular.
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
da República, com base na lei, tem competência para escolher entre os oficiais
incluídos em Lista de Escolha os mais credenciados para o desempenho dos
altos cargos de comando, chefia ou direção. Para as demais promoções de
oficiais, a inclusão deverá constar em Quadro de Acesso.
O artigo 15 da referida Lei prevê que o oficial, para ser incluído em Quadro de
Acesso, deve preencher os seguintes requisitos:
a. Condição de acesso:
I) Interstício;
b. Conceito profissional.
c. Conceito moral.
Esse instituto legal, portanto, não tem mais aplicação, pois se referia ao artigo
24 do Estatuto dos Militares, vigente em 1969 (Decreto-Lei nº 1.029, de 21 de
outubro de 1969) e revogado pelo Estatuto atual (Lei nº 6.880/80), que não
contém mais esse comando.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Os crimes de natureza culposa envolvendo os crimes de natureza culposa. Para os casos de penas superiores
referem-se à responsabilida-
a dois) anos, independente de crime culposo ou doloso, mesmo não haven-
de atribuída a um pessoa que
pratica um ato que gere pre- do previsão de instauração de CJ, o oficial será submetido a julgamento no
juízo material, moral ou espi- Superior Tribunal Militar (STM) para que esse decida sobre a perda do posto e
ritual para ela mesma ou para
um terceiro. patente, por previsão constitucional dos artigos 142, incisos VI e VII.
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
c. Se eleito, será, no ato da diplomação, transferido para a reserva remunera-
da, percebendo a remuneração a que fizer jus em função do seu tempo de
serviço (CF, artigo 14, §8º, artigo 142, V, §3º, e E1, artigo 82, xIV, § 4º).
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
ou de Zona de Defesa ou dos mais altos comandantes das Forças Singulares
isoladas, para os oficiais sob seu comando e no caso de fatos ocorridos na área
de sua jurisdição, quando em campanha no país ou no exterior”.
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
São proibidos de compor o Conselho de Justificação: o oficial que formulou
a acusação, para que haja imparcialidade no processo; o oficial com algum
grau de parentesco com o acusado, para que não haja motivo de nulidade por
suspeição; e o oficial subalterno, por motivo de pouca experiência para julgar.
Ademais, é de bom procedimento não admitir amigo ou inimigo pessoal do
justificante na composição do Conselho; caso isto seja suscitado pelo Justi-
ficante, a procedência ou não da alegação deve ser objeto de apreciação do
Conselho e sua decisão constar da ata respectiva. No caso de substituição de
membro do CJ impedido, sua substituição, em caráter excepcional, deve ser
solicitada à autoridade nomeante.
Recebida a Portaria pelo seu Presidente, este deverá se reunir com os seus
membros para que possam tomar conhecimento da Portaria e de toda a docu-
mentação que a acompanhou, a seguir:
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
O Libelo acusatório é a ex- Determinará ao escrivão, para que este a) autue os docu-
posição articulada do fato ou mentos, devendo o prazo dos trabalhos correr a partir da
dos fatos que são imputados
autuação; b) noticie ao Comandante do acusado, requisi-
ao justiicante. deve conter a
descrição detalhada dos fa- tando-o a comparecer perante o órgão processante, onde
tos que envolvem a acusação, será citado, devendo lhe ser entregue o Libelo Acusatório
com as respectivas qualiica- onde constem o ato e fato pelos quais está sendo proces-
ções jurídico-administrativas.
sado, e as testemunhas arroladas inicialmente para depor;
Constitui-se em elemento im-
prescindível para o exercício c) faça juntar aos autos os documentos que interessem ao
do contraditório e da ampla processo, dentre eles as alterações funcionais e os antece-
defesa, pois o acusado so- dentes criminais do justificante (ASSIS, 2011, p. 257).
mente poderá se defender, se
souber, com clareza, o que lhe
estão imputando. O justificante e o seu defensor deverão estar presentes a todas as sessões do
Conselho, em cumprimento ao princípio da ampla defesa e sob pena de nuli-
dade do processo. A ausência do justificante somente será admitida quando
Revel: quando a tenha sido declarado [revel], após ser regularmente intimado para comparecer
parte, sendo citada em uma
ao ato processual.
ação, não comparece em
juízo, nem por si nem por
outrem, ou que declarou que Uma eventual sindicância ou Inquérito Policial ou Militar (IPM) que o tenham
não iria à audiência, ainda precedido, por serem processos autônomos, não podem simplesmente ser
que citada para esse im. É
juntadas aos autos sem que as provas ali constantes sejam refeitas pelo CJ, sob
aquele que não responde a
uma ordem judicial, citação pena de nulidade processual.
ou mandato legítimo.
O Código de Processo Penal Militar (CPPM) – criado pelo Decreto-Lei Nº
1.002/69 – informa que antes da realização da qualificação e interrogatório
(CPPM, artigos 302-306) do acusado, os membros do Conselho podem prestar
o compromisso legal do artigo 400 do CPPM, no que couber, certificando nos
autos, embora não haja previsão específica nesse sentido na Lei nº 5.836/72.
Todavia, Assis (2011) recomenda pela aplicação subsidiária do CPPM e devido
à solenidade de que é revestido o processo, o que irá facultar mais uma garan-
tia de um julgamento justo e imparcial.
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
O Conselho de Justificação deverá assegurar ao justificante a ampla defesa e o
contraditório, como prescreve o artigo 9º da Lei nº 5.836/72, consubstancian-
do o artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal de 1988: “Aos litigantes, em
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados
o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ele inerentes”.
No prazo de até 5 (cinco) dias após o interrogatório, o acusado apresentará a
sua defesa prévia, arrolará testemunhas e solicitará às diligências que entenda
necessárias, bem como requererá a produção de provas. Note-se, em con-
formidade com os ditames constitucionais da ampla defesa que “no proces-
so especial do Conselho de Justificação, fica assegurada a ampla defesa do
Justificante, tanto na fase administrativa quanto na fase judicial (se houver) [no
STM], podendo na primeira, e devendo na segunda, ser exercida por Advoga-
do” (ASSIS, 2011, p. 272).
O acusado que, após ter sido citado (intimado) regularmente, quer esteja na
ativa, quer na inatividade, não se apresentar para ser interrogado, deve ser
declarado revel, mediante certificação nos autos, não sem que antes se efetue
41
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Citação editalícia ou citação uma citação editalícia, publicada em órgão de divulgação na área de seu domi-
por edital é uma forma de
cílio. O processo corre à revelia, devendo a autoridade que instaurou o processo
citação feita quando o réu
é desconhecido ou incerto; designar defensor dativo mediante pedido do Conselho.
quando ignorado, incerto ou
inacessível o lugar em que Assis (2011) sugere que nessa fase o Conselho se reúna para sanear o proces-
se encontrar e nos casos ex-
so, identificando eventual conveniência de complementar os esclarecimentos
pressos em lei. a parte que
requerer citação por edital, até essa fase, coligidos na instrução, com outras diligências.
alegando dolosamente que
o réu é desconhecido ou in- Após terem sido cumpridas as diligências julgadas complementares para a elu-
certo; ou que se encontra em
cidação dos fatos objeto do Conselho, com base no artigo 427 do CPPM, será
lugar ignorado, incerto ou
inacessível, deverá pagar uma facultado o prazo de cinco dias ao Justificante para requerer o que lhe for de
multa no valor de cinco vezes direito com o fim de exercitar a sua ampla defesa. Cumpridas as eventuais dili-
o salário mínimo, revertido
em benefício do citando. gências requeridas pelo Justificante, se julgadas pertinentes, ou se não houver
outras diligências, deve ser dada vista à defesa no prazo de cinco dias para que
apresente sua razões finais de defesa (artigo 428 do CPPM).
42
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
a) É, ou não, culpado da acusação que lhe foi feita; ou
Assis (2011, p. 258) orienta que o Relatório se assemelha a uma sentença, pois
adentra no mérito da culpa ou não do Justificante em relação aos fatos que
lhe são imputados, “dando condições à autoridade que instaurou o processo
de aceitar ou não o julgamento”. Sugere-se que o corpo do Relatório apresen-
te uma parte expositiva, a fundamentação e a parte dispositiva (ou conclusão).
43
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
que pode ou não aceitar o julgamento dos membros do Conselho. O prazo é
de 20 (vinte) dias, contados do recebimento dos autos.
Nos termos do comando legal, vê-se que a solução a ser dada pelo Coman-
dante da Força pode:
• Reformar o oficial, caso conclua que definitivamente ele não reúne con-
dições de ser promovido;
• O Relator abre prazo de cinco dias ao justificante para manifestar-se, por es-
crito, acerca da decisão do CJ e da Solução dada pelo Comandante da Força;
44
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
• Após a manifestação do justificante, o Procurador-Geral da Justiça Mili-
tar manifesta-se como fiscal da lei;
• O processo é então relatado pelo revisor (um dos ministros), como pres-
creve o artigo 15 da Lei nº 5.836/72;
O artigo 16 da Lei nº 5.836/72 regula que se o acusado tiver sido considerado Saiba mais sobre o processo
culpado por estar incurso nos incisos I, III e V do artigo 2º ou inciso IV do mesmo oriundo de Conselho de Jus-
tiicação lendo os artigos 157
artigo, é incapaz de permanecer na ativa ou na inatividade. Nestes casos, poderá e subsequentes do Regimento
perder o posto ou patente, com a consequente demissão ex officio (artigo 16, do STM. disponível em:
I ), ou reforma (artigo 16, II). O E1 também regula a perda do posto e patente <http://www.lex.com.br/le-
gis_5930365_ReGiMenTO_
e a declaração de indignidade de oficial decorrentes de condenação em CJ, nos inTeRnO_dO_SUPeRiOR_
artigos 118-120 e no artigo 106, V, a reforma ex officio ao condenado em CJ. TRiBUnaL_MiLiTaR.aspx>
45
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
A instalação do CJ independe da ação penal, mas se o justificante estiver sendo
processado criminalmente pelo mesmo fato que o levou a Conselho, o feito no
STM é suspenso até o trânsito em julgado da sentença proferida na ação penal.
Instituto da prescrição: O [instituto da prescrição] também se aplica aos fatos que levam um oficial
perda do direito de punir
pelo não exercício desse a ser submetido a CJ que não podem ser objeto de deliberação pelo CJ, sob
direito no determinado lapso pena de nulidade. O artigo 18 da Lei nº 5.836/72 estabelece que os fatos ou
de tempo previsto.
atos atribuídos ao justificante prescrevem em 6 (seis) anos. Entretanto, se estes
fatos forem tipificados como crime pelo CPM, sua prescrição ocorrerá nos pra-
zos a estes estabelecidos pela codificação penal especial.
46
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
4.7.1 Causas de submissão ao CD
O artigo 2º, III do Decreto 71.500/72 e o artigo 2º, IV, da Lei nº 8.536/72 apre-
sentam o mesmo texto: “III - condenado por crime de natureza dolosa, não pre-
visto na legislação especial concernente à segurança do Estado, em tribunal civil
ou militar, a pena restritiva de liberdade individual até 2 (dois) anos, tão logo
transite em julgado a sentença”. Os comentários afeitos ao CJ aplicam-se ao CD.
47
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
102 que “a condenação da praça à pena privativa de liberdade, por tempo
superior a 2 (dois) anos, importa sua exclusão das Forças Armadas”. Da mesma
forma, há essa previsão legal no artigo 125, inciso I, do E1. Desse modo, a
praça que for condenada por crime doloso à pena principal privativa de liber-
dade superior a 2 (dois) anos receberá a pena acessória de exclusão das Forças
Armadas, não cabendo a instalação do Conselho de Disciplina. O juiz deverá,
ainda, encaminhar cópia da sentença ao Comandante da Força a que pertence
a praça, para que seja providenciado o ato administrativo de exclusão.
O texto do inciso IV, do artigo 2º, do Decreto Lei nº 71.500/72, que estabe-
lece como causa de submissão à CD o fato de pertencer a partido político ou
associação suspensos ou dissolvidos legalmente, ou que exerçam atividades
prejudiciais à segurança nacional, é em tudo similar ao do inciso V da Lei que
trata do CJ:
Da mesma forma e pelo mesmo motivo são pertinentes a ele e suas alíneas os
mesmos comentários do artigo, inciso e alíneas congruentes relativas ao CJ.
48
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
submetidos a Conselho de Disciplina e afastados das atividades que estiverem
exercendo, na forma da regulamentação específica”. No Conselho de Justifica-
ção, os oficias podem ser afastados das suas funções, a critério do Comandan-
te da Força, já no caso do CD, as praças, obrigatoriamente, o serão, conforme
preceitua o artigo 3º do Decreto 71.500/72.
Do Licenciamento
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II - ex officio.
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c) a bem da disciplina.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
O artigo 5º do Decreto discorre quanto à composição do CD: três oficiais da ativa
da Força Armada da praça a ele submetida – o presidente, que deve ser pelo me-
nos um oficial intermediário (os demais podem ser oficiais subalternos); o seguin-
te em antiguidade será o interrogante/relator e o mais moderno será o escrivão.
As atribuições dos componentes do CD apresentam simetria com as dos nomea-
dos para o CJ, cuja análise doutrinária, retro, é pertinente para os dois institutos.
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50
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
Desse modo, para o exercício da ampla defesa, o acusado tem o direito a ter
um oficial para orientá-lo, se assim o quiser, ou constituir advogado. É preciso
lembrar que, no caso de revelia, ainda assim, o Conselho funciona, devendo
a autoridade nomeante designar oficial para acompanhar o processo de sorte
que sejam observados os direitos da praça acusada.
Essa decisão deve constar do relatório que, depois de ser elaborado juntamen-
te com o termo de encerramento, são remetidos pelo Conselho, juntamente
com todas as peças do processo, à autoridade nomeante.
51
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
O artigo 13 da Lei 5.836/72 disciplina que o Comandante da Força, após o
recebimento do relatório oriundo do Conselho de Justificação, dentro do prazo
de 20 (vinte) dias, acatando ou não o julgamento naquela instância, justifica-
damente, determina:
52
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
O artigo 15 desse decreto prescreve que cabe ao Comandante do Exército, em
última instância, no prazo de 20 (vinte) dias, contados da data do recebimento
do processo, julgar os recursos que forem interpostos nos processos oriundos
dos CD. Vale ressaltar que se trata de um recurso administrativo.
Art. 1º [...]:
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53
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
e) exclusão, a bem da disciplina, dos subtenentes, pri-
meiros-sargentos, segundos sargentos, terceiros-
-sargentos, taifeiros, cabos e soldados condenados,
em sentença transitada em julgado, por tribunal
militar ou civil, a pena restritiva de liberdade indi-
vidual superior a dois anos, ou a pena de qualquer
duração, nos crimes previstos na legislação espe-
cial concernente à segurança do Estado, quando os
militares citados forem inativos (reformados ou da
reserva remunerada) e estiverem vinculados à RM
para efeito de remuneração; (grifo nosso).
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
5 DIREITO DE DEFESA
NOS PROCESSOS DISCIPLINARES
Objetivos específicos
Para saber mais sobre a Car- O constitucionalismo moderno apresenta a Constituição como um repositório
ta Fundamental de Bönn, de de normas superiores ao restante do ordenamento jurídico, com força vincu-
1949, consulte o link a seguir:
<http://www.dw.de/lei-fun- lante em relação a todo o sistema jurídico nacional. É uma tendência identifi-
damental-marcou-nascimen- cada na evolução do Direito denominada de neoconstitucionalismo, destaca-
to-da-rep%C3%Bablica-fede-
ral-da-alemanha/a-4272523> damente, a partir de dois importantes marcos: a Carta Fundamental de Bönn
(Constituição da República Federal da Alemanha), de 1949, e a criação, logo
após, do Tribunal Constitucional Federal Alemão.
a Constituição Federal é con- Adotando essa tendência contemporânea de supremacia constitucional, no Bra-
junto de normas fundamen-
sil, a Constituição Federal de 1988 albergou em seu texto princípios e precei-
tais e supremas de uma nação,
também é chamada de lei das tos básicos de elevada ordem. Dada a sua posição hierárquica máxima no sistema
leis, magna carta, carta magna, jurídico pátrio, tais normas informam toda a estrutura legal infraconstitucional:
carta mãe, carta da república
ou texto magno.
[...] a Constituição passa a ser a lente através da qual se leem e se interpre-
tam todas as normas infraconstitucionais. A Lei Fundamental e seus princípios
deram novo sentido e alcance ao direito civil, ao direito processual, ao direito
penal – enfim a todos os demais ramos jurídicos (BARROSO, 2008, p. 327).
55
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
sem o devido processo legal;
• Legalidade;
• Finalidade;
• Motivação;
• Razoabilidade;
• Proporcionalidade;
56
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
• Moralidade;
• Ampla defesa;
• Contraditório;
• Segurança jurídica;
• Interesse público;
• Eficiência.
Em seu sentido mais amplo, no CJ, pode ser exercido tanto na fase essencial-
mente administrativa, na OM, como na sua fase mais judicial, no STM. Na
OM, a defesa pode ser conduzida por oficial designado como defensor dativo
ou por advogado constituído. A possibilidade dessa defesa ser exercida por
advogado está garantida no artigo 133 da CF e a sua ausência não afronta o
princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório, como se infere da
súmula vinculante nº 5, do STF: “A falta de defesa técnica por advogado no
processo administrativo não ofende a Constituição Federal”.
57
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
A Emenda Constitucional nº 45 regulou a aprovação de súmulas vinculantes:
58
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
Após distribuído o processo, o defensor tem 5 (cinco) dias para contraditar o
que foi imputado ao justificante, conforme previsão do artigo 15 da mesma lei:
A autoridade nomeante, após ter recebido o relatório e [exarada] a solução, Exarada: consignada
ou registrada por escrito;
o acusado, para o exercício do contraditório, ainda tem o direito de dirigir, ao
lavrada.
Comandante da Força, recurso, no prazo de 10 dias, contado da data em que
tomou conhecimento da solução dada.
59
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
lhe interessarem, formular quesitos em cartas precatórias e em prova pericial e
requerer o que mais entender que possa auxiliá-lo, tudo no exercício de defesa
do sindicado, consta do artigo 16.
60
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
6 CONTROLE JUDICIAL
COMPETÊNCIA DO STM
Objetivo específico
Este assunto pretende levar à reflexão do papel da Justiça no controle dos atos
administrativos disciplinares. Se esta espécie de ato é praticada na seara admi-
nistrativa, como pode o Judiciário controlá-lo, se for o caso, e em que circuns-
tâncias isto é permitido.
61
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
O Poder Judiciário tem o “monopólio da função jurisdicional”, independente
da demanda abranger ou não interesses da Administração Pública. A CF sinali-
zou essa opção no artigo 5º, xxxV: “A lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
O sistema político brasileiro adota essa tripartição limitadora dos poderes, por
distingui-los, possibilitando que exerçam um controle recíproco de seus atos. É
Inferir: infere, conclui; o que se [infere] do artigo 2º da CF: “São poderes da União independentes e
entende; deduz.
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
62
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
........................................................................................
Doutrina Vinculada
63
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo
Presidente da República dentre brasileiros maiores de
trinta e cinco anos, sendo:
II - a Auditoria de Correição;
64
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
Cabe esclarecer, ademais, que em relação a esse remédio consti-
tucional em face de punições disciplinares, há vedação a sua utili-
zação no texto da Carta Magna, no artigo 142, § 2º: “não caberá
habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”.
65
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
7 O REGULAMENTO DISCIPLINAR
DO EXÉRCITO (RDE OU R4)
Objetivo específico
67
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Embora não tenha sido expressamente declarada constitucional, em que rema-
nesça alguma discussão no campo doutrinário, a doutrina e a jurisprudência
não têm, até agora, suscitada nova discussão quanto a sua constitucionalidade.
68
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
O regulamento apresenta, nos artigos 3º - 5º, da Seção II, do Capítulo I, seus
Princípios Gerais, dos quais se destacam: a indispensabilidade da camarada-
gem entre si, a civilidade, o dever de tratar com interesse e bondade o subor-
dinado e com deferência os superiores hierárquicos. Também padroniza a pala-
vra comandante, como gênero, quando usada genericamente, para significar,
também, chefe ou diretor.
69
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
No que se refere à competência dos chefes de divisão, seção, escalão regio-
nal, ajudante-geral, serviço e assessoria, tratada no §2º, do inciso II, esta
“limita-se às ocorrências relacionadas com as atividades inerentes ao serviço
de suas repartições”.
70
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
Em uma guarnição, se houver mais de uma organização militar, a coordenação
das ações que envolvem a ação disciplinar, conforme o artigo 13, é do seu
comandante. O parágrafo único deste artigo versa quanto ao caso do fato en-
volver indisciplina de militares de mais de uma OM: a apuração será procedida
pelo comandante da guarnição.
Art. 14 [...].
........................................................................................
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
§ 5º Na hipótese do § 4º, a autoridade competente para
aplicar a pena disciplinar deve aguardar o pronuncia-
mento da Justiça, para posterior avaliação da questão no
âmbito administrativo.
........................................................................................
I - a pessoa do transgressor;
72
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
As circunstâncias que justificam uma conduta tipificada como transgressão
disciplinar estão estabelecidas no artigo 18, e são:
Por outro lado, uma determinada conduta, mesmo lesando deveres militares,
pode apresentar circunstâncias que permitem atenuá-la. Estão previstas no
artigo 19:
I - o bom comportamento;
Ademais, em vez de ser atenuada, uma conduta pode ser agravada, desde que
presentes as causas estabelecidas pelo artigo 20:
73
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Art. 20. São circunstâncias agravantes:
I - o mau comportamento;
b) em presença de subordinado;
c) com premeditação;
d) em presença de tropa; e
e) em presença de público.
74
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
I - a advertência;
II - o impedimento disciplinar;
III - a repreensão;
IV - a detenção disciplinar;
V - a prisão disciplinar; e
75
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
d. Detenção disciplinar limita o deslocamento e a permanência do punido
à subunidade ou a outro lugar, desde que assim seja determinado. Não há
restrição ao detido às atividades de instrução e de serviços internos à OM:
76
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
sem nota nas seguintes circunstâncias: por determinação das autorida-
des relacionadas nos incisos I e II, do artigo 10; para preservar a disci-
plina e o decoro da instituição, em conformidade com o § 2º, do artigo
12; e quando houver presunção ou indício de crime, embriaguez e uso
de drogas ilícitas.
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FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Seara: expressão latina O instituto da reabilitação, empregado na [seara criminal], também se aplica à
que signiica “campo semea-
do” e, por associação, usado
disciplinar, aos licenciados ou excluídos a bem da disciplina. Deve obedecer ao
para deinir qualquer campo prescrito no E1 e está previsto no artigo 33, do RDE, onde consta a competên-
de atividade humana.
cia e a forma para sua concessão.
........................................................................................
II - ser ouvido;
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CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
V - ter oportunidade, no momento adequado, de contra- É possível traçar um paralelo
por-se às acusações que lhe são imputadas; doutrinário entre a prisão em
lagrante por cometimento
VI - utilizar-se dos recursos cabíveis, segundo a legislação; de crime, em que se inverte
a imposição da pena de pri-
VII - adotar outras medidas necessárias ao esclarecimento são, antecedendo a completa
dos fatos; e instrução e julgamento, com
a transgressão disciplinar em
VIII - ser informado de decisão que fundamente, de lagrante, na qual se impõe a
forma objetiva e direta, o eventual não-acolhimento de punição de prisão por 72 ho-
ras, antes mesmo da instrução
alegações formuladas ou de provas apresentadas.
e julgamento disciplinares.
Assim, o regramento do artigo 37 estipula que a punição seja “proporcional Égide: termo derivado
à gravidade da transgressão”: se leve, “de advertência até dez dias de impedi- do grego que signiica “escu-
do, amparo ou proteção”.
mento disciplinar, inclusive”; se média, “de repreensão até a detenção discipli-
nar”; e se grave, “de prisão disciplinar até o licenciamento ou exclusão a bem
da disciplina” (artigo 37, caput, inciso I, e suas alíneas).
79
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
conformidade com a que se sobrepor (artigo 3, inciso III). Ainda, de acordo
com o artigo 37, inciso IV: “por uma única transgressão não deve ser aplicada
mais de uma punição disciplinar”.
Quando a punição for prisão disciplinar, a sua aplicação só pode ser efetuada
pelo Comandante do Exército, comandante, chefe ou diretor de OM (artigo 38).
80
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
§ 2º A anulação poderá ocorrer nos seguintes prazos:
81
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Após a aplicação da sanção, tem-se o seu cumprimento. O início deve se dar
por ocasião da publicação do Boletim Interno da OM e, só então, o “militar
deve ser recolhido ao local de cumprimento da punição disciplinar”. O termo
inicial da contagem do tempo de aplicação da punição, quando houver, se dá
a partir do momento do impedimento, da detenção ou recolhimento à prisão;
seu termo final ocorre quando o punido é posto em liberdade (artigo 47).
Quando a punição tiver sido imposta a um militar pronto para o serviço, não
haverá maiores dificuldades para a sua aplicação. Todavia, se o transgressor
se encontrar afastado totalmente do serviço, em caráter provisório, somente
poderá dar início ao cumprimento da sanção quando estiver pronto em sua
OM. Excetua-se o cumprimento imediato da punição quando envolver a tutela
da preservação da disciplina e do decoro da classe, quando a publicação da
nota de punição ocorrerá, “tão logo seja possível” (§1 º do artigo 49). Os casos
de punição aplicada a militares afastados temporariamente estão regrados nos
parágrafos 2º - 6º do artigo 49:
82
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
§ 6º Comprovada a necessidade de LTSP, LTSPF, baixa a
enfermaria ou a hospital, ou afastamento inadiável da
organização, por parte do militar cumprindo punição dis-
ciplinar de impedimento, detenção ou prisão disciplinar,
será esta sustada pelo seu comandante, até que cesse a
causa da interrupção (grifo nosso).
I - excepcional:
83
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
b) quando, tendo sido condenada por crime culpo-
so, após transitada em julgado a sentença, passe
dez anos de efetivo serviço sem sofrer qualquer
punição disciplinar, mesmo que lhe tenha sido con-
cedida a reabilitação judicial, em cujo período somente
serão computados os anos em que a praça estiver classifi-
cada nos comportamentos “bom” ou “ótimo”; e
II - ótimo:
III - bom:
84
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
IV - insuficiente:
V - mau:
85
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
A praça pode ter seu comportamento reclassificado, por ter melhorado,
conforme a progressão estabelecida pelo § 7º:
86
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
7.4 RECURSOS E RECOMPENSAS
O prazo para que se requeira tal pedido é de cinco dias úteis, contados “a par-
tir do dia imediato ao que tomar conhecimento, oficialmente, da publicação
da decisão da autoridade em boletim interno, para requerer a reconsideração
de ato”. Já o prazo para que a autoridade destinatária decida é de dez dias,
“iniciado a partir do dia imediato ao do seu protocolo na OM de destino”, cujo
conteúdo deve ser publicado em boletim interno (artigo 53, §§ 2º - 4º §).
De acordo com o §5º do artigo 54, a autoridade a quem for dirigido o recurso
(a que estiver imediatamente subordinado o requerente) tem “três dias úteis a
contar do dia seguinte ao do seu protocolo na OM” para dar o seu encaminha-
mento. Além disso, ela não pode deixar de encaminhá-lo sob o pretexto de:
87
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
§ 4º [...]:
Caso o recurso seja julgado procedente, a sanção será anulada com todas as
consequências desta nulidade; se apenas em parte for procedente, “a punição
aplicada poderá ser atenuada, cancelada em caráter excepcional ou relevada”
(artigo 55). Se o recurso disciplinar contrariar as prescrições constantes do R4
será considerado prejudicado e mandado arquivar (artigo 57, caput).
88
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
Após terem sido estudados a transgressão disciplinar, seu julgamento, a sanção
disciplinar e os recursos cabíveis, o RDE regula o cancelamento de Registro de
Punições, com previsão no artigo 58 e seguintes. Seu pedido, assim como a so-
lução que lhe for dada, deverá ser objeto de publicação em boletim interno da
OM (artigo 60). Ao requerimento de cancelamento deve ser juntada a folha de
alterações que contenha a punição ou o registro por cancelar (artigo 62). Seus
requisitos de concessão, mediante requerimento, estão previstos no artigo 59:
89
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Quando o cancelamento se referir a registros criminais:
90
CURSO DE HABILITAÇÃO AO QUADRO AUXILIAR DE OFICIAIS
O elogio é individual e “somente deverá ser formulado a militares que se
tenham destacado em ação meritória ou quando regulado em legislação espe-
cífica”. A referência elogiosa, por outro lado, pode ser individual ou coletiva.
O artigo 67 estabelece que “a concessão de dispensa do serviço, como recom- Para que a dispensa total do
serviço possa ser gozada fora
pensa, no decorrer de um ano civil, deve obedecer à seguinte gradação”:
da guarnição, deve ser seme-
I - o Chefe do Estado-Maior do Exército, os chefes dos lhante à concessão de férias,
quanto às normas de afasta-
órgãos de direção setorial e de assessoramento e os co- mento da guarnição. Seu pe-
mandantes militares de área: até vinte dias, consecutivos ríodo de concessão é de 24
ou não; horas, iniciada a contagem de
boletim a boletim, devendo
II - os oficiais-generais, exceto os especificados no inciso I, ser antecedida sua publica-
e demais militares que exerçam funções de oficiais-gene- ção, em regra, de pelo menos
24 horas antes do seu termo
rais: até quinze dias, consecutivos ou não;
inicial, salvo motivo de força
III - o chefe de estado-maior, o chefe de gabinete, o co- maior (parágrafos 1º e 2º do
artigo 66).
mandante de unidade, os comandantes das demais OM
com autonomia administrativa e os daquelas cujos cargos
sejam privativos de oficial superior: até oito dias, consecu-
tivos ou não; e
91
FUNDAMENTOS DO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - U2
Os incisos i e ii do artigo 10 § 1º A competência de que trata este artigo não vai além
e o artigo 68 preveem que as dos subordinados que se acham inteiramente sob a juris-
recompensas, mediante pu-
dição da autoridade que conceda a recompensa.
blicação em boletim no prazo
de quatro dias úteis, também
§ 2º O Comandante do Exército tem competência para
podem sofrer anulações, res-
trições ou ampliações. a com- conceder dispensa do serviço aos militares do Exército,
petência para tal é a mesma de como recompensa, até o máximo de trinta dias, consecu-
quem as concede, ou seja, a de tivos ou não, por ano civil.
quem pode impor sanções.
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Anexo II: Modelo de Nota de Punição
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interessado possa produzir as provas que julgar necessá-
rias à sua defesa.
A forma, requisito deste ato administrativo, está estabelecida no item “5. Forma
e da Escrituração”. O processo se inicia “com o recebimento da comunicação
da ocorrência” e é processado pelo comando que detém a competência para
apurar e punir o transgressor. O Formulário de Apuração de Transgressão Disci-
plinar é preenchido, sem emendas ou rasuras. Quaisquer textos a serem escritos
de próprio punho devem ser feitos “com tinta azul ou preta e em letra legível”.
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referida garantia constitucional. Portanto, a autoridade competente deve, ao
preencher o relato do fato, por prudência, relembrar o ensinamento contido
no artigo 12, §1º do RDE, no tocante à clareza, precisão e concisão. Obvia-
mente, não se falará em testemunhas, descrição de bens e valores, mas o local,
data e hora, bem como circunstâncias relevantes que envolverem os fatos
devem ser registrados.
O militar, então, é ouvido pela autoridade competente, que passa a julgar com
base nas provas constantes do processo. Em seguida, lavra sua decisão de pró-
prio punho. O Formulário, ao final, deverá ter registrado o número do boletim
interno que publicou a decisão.
• Nº do processo e data;
• Identificação do militar;
• Identificação do participante;
• O relato do fato;
• As Justificativas/Razões de Defesa;
• O fechamento do documento.
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Anexo VI: Ficha Disciplinar Individual
A ficha contém:
• A identificação do militar;
• Os recursos disciplinares;
• As recompensas;
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