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https://archive.org/details/b28774243_0001
PHARM ACOPEIA
GERAL
PARA O REINO, E DOMÍNIOS
D E
PORTUGAL»
PUBLICADA POR ORDEM
O A
RAINHA FIDELÍSSIMA
D. MARIA 1.
TOMO I.
ELEMENTOS DE PH AR MJ Cl A.
LISBOA
^A REGIA OFFICINA TYPOGRAFICA.
ANNü HL DCq. XGIV.
) r
'
>
I
:aj
\
HIBTOKicai. i
MC» CAU l
'
,
rações, e compoíiçóes ,
por falta de hu-
ma Pharmacopeia ,
que íirva para regular
a neceífaria uniformidade das ditas prepa-
rações, e compofiçóes ;
fendo certo, que
fem que haja eíta uniformidade ,
he im-
poifivel que a Medicina fe pratique fem
rifcos da vida ,
e faude de Meus Fieis
Vaífallos ,
deixando-fe á vontade ,
e ca-
pricho de cada hum dos Boticários ado-
ptar diíferentes methodos de compor ,
e
preparar os remedios de toda, e qualquer
Pharmacopeia ,
ou elía feja de Univeríi-
dades ,
Collegios Médicos ,
ou de Pef-
foas particulares : Fui fervida Mandar fa-
macopeia ,
prohibo não fomente que os
Boticários preparem ,
e componhao Me-
dicamentos por outra alguma Pharmaco-
peia ;
mas também que nenhum Medico
ou Cirurgião poífa receitar qualquer pre-
paração ,
ou compoíição debaixo de ti tu-
los geraes ,
que nella fe não contenhao.
E fendo cafo ,
que tanto fiem de alguma
formula de Medicamento de outra Phar-
macopeia ,
ou de algum Author particu-
lar ,
que delia efperem a felicidade da
cura, a receitarão por extenfo, e não de-
baixo do titulo ,
que neífe Author ,
ou
Pharmacopeia tiver ;
nem os* Boticários
do debaixo de penas ,
que em feu lugar
Fui fervida Determinar.
Pelo que : Mando á Meza do Def-
embargo do Paço ;
Tribunaes ,
c Juíliças
de Meus Reinos ,
que aílim o fação cum-
prir, guardar, e executar. E valerã como
• .
‘
Car-
:
annos ?
fem embargo das Ordenações que
,
príncipe
de Seabra da Silva.
 Lvard ,
por que FoJJa Magejlade ha por
bem Determinar a Pharmacopeia Geral
para o Reino }
e Domínios de Portugal ?
na
forma ajfmia declarada .
*
/
P JlYf
CONHECIMENTOS
PRELIMINARES.
DEFINIÇÃO OBJ EC TO, ,
E FINS DA PHARMACIA .
D
çao ,
ÀS
ca
Eleição
,
d i verías
aquella que íe
,
da
emprega na
Chy mi-
Goníerva-
7
na lua preparação ,
miftura ,
ou com-
poíiçao ,
he a que fe chama Pharmacia ,
ou Arte Pharmaceutica* Houve tempo ,
em que íe dividio em Galenica , e Chy-
anica ,
íegundo a maior , ou menor fa-
cilidade da preparação ,
e compoíição
dos remedios : mas feja ella qual for ,
eíta preparação ,
ou compoíição he toda
Chymica ,
á excepçao daquellas ,
que são
puramente mechanicas ,
como adiante ve-
remos.
Tom. L A Os
)
( *
Os conhecimentos da Hiíloria natu-
ral ,
e da Chymica sáo os fundamentos
defta Arte ;
e os produ£los da Natureza y
.
inftrumentos ,
e dos pezos ,
e medidas,,
I
,
Vafos ,
e injirumenlos Phârmaceuücos.
S vafos ,
e inílrumentos ufados oa
Pharmacia diífercm em razão do of-
ficio, e em razão da matéria, de que são
feitos, e da forma, que fe lhes dá. Pelo
oíEcio huns são aftivos ,
e outros palll-
vos. Os aftivos são o Fogo ,
e o Ar : dos
paílívos huns fervem á confervaçao ,
ou-
tros á preparação dos remedios. A maté-
ria he diífererite ,
qual he a pedra ,
páo
terra ,
vidro ,
metaes ,
marfim ,
couro ,
( 4 )
vidro he feito ,
e que he notoriamente-
havido,como nocivo ao corpo humano.
Pela mefma razão os iníhumentos e va- ,
go feguinte ^
nho-
Balanças de differentes tamanhos..
Cadinhos de barro vidrados ,, e nao vi-
drados ,
e de molybdena.
Caixas de pão ,
ou bocetas,.
Coa
)
( s
Coadores de la ,
linho ,
e papel pardo.
Colheres de páo, vidro, e metaes.
tão, e ferro.
Fornos ,
ou fornalhas de varias caílas ,
<5
( )
dro, e metaes.
Vafos para banho da areia ,
e para
banho de Maria.
E outros.
0
7. -dez partes de barro em pó, e penei-
rado ,
duas de fezes d’ouro unidas com
cabello miudamente cortado, e fangue de
boi : os últimos quatro Lutos fe usão
quando a operação requer hum calor
mais forte ,
e para iífo fe defendem in-
tei-
,
( 7 )
teiramente os vafos ,
que tem de o fup-
portar.
Pezos ,
e Medidas , e fetts fmaes .
em quanto os Francezes ,
os Hefpanhoes
e os Portuguezes tem o feu efcropulo de
vinte e quatro grãos.
Ef-
( 8 )
ra as preparações ,
e compoíiçòes dos me-
dicamentos mais fortes. Nós ufamos da
oitava de fetenta e dous graos ,
ou tres
2.° A Libra ,
ou Quartilho também,
de doze onças a Medicinal ,
e de deze-
- * -
feis a Civil.
3.
0
A Onça igual a oito oitavas.
4.
0
A Gotta ,
que equivale ao grão
ponderai.
0
5. Colher reputa-fe por meia onça.
Todos os pezos ,
e medidas tem
ametades : e aíHm fe determinão ,
v. g.
meia libra ,
meia oitava ,
&c. As medidas
tem fomente ufo nos liquidos ,
cuja gra-
vidade efpecifíca em pouco, ou nada dif-
fere ,
como são aguas ,
cozimentos ,
infu-
sões ,
&c. porque os oleos ,
efpiritos ,
e
xaropes fe deyem pçzar ,
e não medir.
Tom. I. B Ain-
±
(
10 )
Lb. í. ij
,
ifto he ,
huma ,
ou duas libras*.
g; huma onça.
g/3 meia onça.
gi. . . - huma oitava.
- - - meia
g/3 oitava.
hum efcropulo..
3 3 - - - meio efcropulo.
Gr.j hum grão.
Man. - - - manipulo..
Pug. - - - pugillo.
P. e - - - partes iguaes..
C^S. - - - quantidade fuiEciente,.
S. A. » E. A. - fesundo
Ü a Arte ',
Ex Arte
,
( 11 )
B. M. - - - Banho de Maria.
B. V. - - - Banho de Vapor.
B. A. - - - Banho de Areia.
R. J^. Rec. 2^. - Recipe.
M. - - - - Miíture.
F. - - - - Faça-fe.
S. - - - - Signa tura.
Salfa hortenfe j
e Gilharbeira. O melhor , e
B ii o
(' 11 )
PRIMEIRA PARTE.
Da Eleição, Colheita ,
Repolição, e Dur-
ração dos Sim pl ices..
CAPITULO UN1CO.
Regras geraes relativas d collecçao ,
e arr e-
O
proveitofos.
S medicamentos tirados dos tres
Reinos da Natureza demandao hu-
ma particular
Nos Vegetacs
attençao
,
para fcr
que forne-
cem a maior parte da matéria Pharmaceu-
tica
,
he que fe deve ter efcrupulofa at-
tençao fobre o lugar nativo proprio a ca-
da hum '
y
. fendo certo ,
que a diveriidade
maneira y
que he diíHcultofo conhecer as
: ,;,
r
( 3 )
reno ,
em que a obfervação tem moftra-
do ,
que confervao lem mudança as quali-
porque ,
nao obílante achar-fe no mefmo
terreno plantas de diveríiílima virtude ,
gares húmidos ,
exceptuando muito poucas.
0
2. Que as plantas Eílrelladas ,
Af-
perifolias, Columniferas ,
Siliquofas ,
Bul-
bofas venenofas ,
e innocentes ,
Chicora-
ceas ,
e La&efcentes amargas ,
Gramas,
e Cereaes fe devem colher nos terrenos
humofos, aonde melhor fe dáo.
3.
0
Que da mefma maneira ha plan-
tas ,
cujo lugar nativo he em montes ele-
vados ,
rios, aguas eíbignad as ,
mar, lu-
gares areentos ,
pedregofos ,
fombrios ,
as bulbofas yenenofas ,
as íiliquofas ,
as
( *<)
planta inteira ,
ou alguma de fuas partes
naes de grandeza ,
figura ,
cor ,
cheiro ,
e
fabor ,
havendo attenção ao lugar de feu
nafeimento. Iíto nas plantas do noífo paiz ,
fioreícencia ,
nada importa que fe apa-
nhem nefta, ou naquella eftação do anno ,
ou menos cuidadoíamente ,
conforme fo-
rem ou inodoras ,
ou aromaticas. As rai-
e outras ,
não devem efperar efíe tempo..
Todas as que pertencem á familia dos
Fetos ,
e as aíflm chamadas Capillares,,
como sao a Avença, Douradinha, Lingua
Cervina ,
e femelhantes ,
efião capazes do
fer
) ,
( ’?
fer colhidas ,
quando as fuas folhas tem
adquirido o maior vigor, e natural tama-
nho. As fummidades porém ,
cimas ,
ou
pontas das plantas colher-fe-hão, eftando
ainda as folhas implicadas.
As hervas feccão-fe do mefmo mo-
do, e com asmefmas cautelas, que as rai-
zes ;
exceptuando a lavagem ,
e o fer cor-
tadas : ou polias fobre pannos fufpenfos
para dar livre paílagem ao ar ,
mudando-
fe-lhes frequentes vezes a fuperficie ,
fe
(
t
des.
fe confervão ,
e rcnovao todos os annos..
Mas as flores labiadas y
cujo cheiro lhes.
res.
tei-
( )
\
;
renovadas. As cafcas ,
que dos frutos fe
confervão ,
tem precisão de fer feccas ao
Sol ,
para fe poderem confervar hum an-
no ,
e não mais ,
em lugar fecco ,
e não
quente.
Os ANIMAES, eMINERAES de-
vem fer em toda a fua perfeição e em ; ,
SEGUNDA PARTE.
Das Preparações Pharmaceuticas.
CAPITULO I.
Da Pulverização >
e Pós compojlos Officinaes.
A Pulverização
verdadeiramente mechanica
la
he huma operação
e outra ,
fegundo a tenacidade dos cor-
pos ,
que fe querem reduzir a pó, e a te-
nuidade ,
e fubtileza ,
que nelle fe requer.
Os corpos feccos ,
quebradiços ,
e não
muito duros pizao-fe ,
fem outro algum
apparato mais ,
do que almofariz ,
e fua
mao , ou piftillo ;
porém os mais duros,
como são os mineraes, precisão da contu-
são ,
da limadura ,
e de ferem extin&os
ifagua fahindo do fogo &c. e fujei*
, ,
( H )
ros ,
caroços, e femelhantes, hão de pre-
viamente fer rafpados á lima ,
ou groza
antes que fe pizem no almofariz.
° As raizes fibrofas fe farão em
pó , rafpando-lhes primeiramente a cuticu-
la ,
partindo-as em bocadinhos ,
fendo
bem feccas ,
e limpas de fubítancias ef~
lhes .
,
(
1S )
licadas ,
e fummidades das plantas ,
que
facilmente amollecem ao ar livre ,
fequem-
fe ao fogo entre papéis ,
para poder re-
duzir-fe a pó. O mcfmo fe pratique com
o Açafrão,
0
5. As fementes farinhofas não re-
querem entremeio para fe pizarem j
mas
as oleofas emulílvas ,
havendo de reduzir-fe
a pó ,
fe pizaráó em companhia de fub-
ílancias feccas ,
pois que d’outro modo fe
tornão em paíla : o mais commum he a-
juntar-fe-lhes aífucar.
6 .° Para fe pizarem ,
e fazer em pó
as gomas-relinas ,
he neceíTario que ad-
quirão primeiramente hum gráo de feccu-
ra ,
que as faça capazes de fe reduzir a
D e
(
*6 )
e fecco ,
e nao fe devem contundir ,
ou
batercom a mão do almofariz mas re- ,
chamáo Triturar ,
Trituração ;
e ifto fo-
mente ,
quando fe quizerem pôr ein ufo ,
7.
0
Em tempo fecco ,
e aquecendo
primeiramente o fundo do almofariz ,
e
fu a mão ao fogo, he que fe devem pizar
as verdadeiras Gomas , como a Arabica,,
e a Alcatira,, &e*
8.° Para pulverizar as refinas feccas r
e quebradiças ,
baila a trituração.. Deve
evitar-fe a miltura de oleo ,
que alguns-
aconfelhárão, e evitar também que fe ba-
tão com o piíHllo ;
porque fe pegão ao
fundo do almofariz, e á mão y
e refiítem
te-
,
( *7 )
11. com
mofariz hum couro ,
que fique froxo
e atado ao meio do piUillo ,
he precifo
defender a boca ,
tapando-a com hum pan-
no ,
e metter nos narizes algodão molha-
do em oleo de amêndoas.
° Para feparar o pó fubtil do feu
refiduo ,
fe mctte n’huma peneira fina de
feda, a que também nas Oificinas fe cha-
ma Tcmiis. Separado o refiduo ,
fe confer-
1 ° Os pós ophtalmicos ,
ou colly-
rio fecco ,
aílim chamados , porque fervem
D ii pa-
)
( *s
I
do, e fe trabalha ,
até que o pó fe torne
porcellana ,
ou dc barro ;
e em eítando
perfeitamente feccas, fe guardão debaixo
do titulo de Preparadas. Se as fubfíancias
a matéria ,
que fe quer em pó , não he fo-
luvel n’agua ,
nem efpecificamente mais
leve do que ella ,
para obter o pó aíliin
pó pela contusão ,
fe moe na pedra, ou
deixa de moer-fe ,
fe o pó íimplesmente
pizado he baftantemente fino ;
depois em
vafo grande fe miítura com agua em gran-
de quantidade ,
e fe mexe muitas vezes,
de maneira que ella fe faça turva ,
em ra-
zão
,
( 30 )
de. O
pó entáo mais grofib , e pezado
vai aflentando no fundo do vafo ;
o liqui-
do turvo fc decanta ,
iíto he ,
fe muda do
antigo vafo para outro novo ,
aonde em
focego fe deixa alfentar o pó finiífimo ,
obtido ,
fe livra da humidade rcítante ou
expoíto ao Sol ,
ou ao calor de forno ,
e
fe conferva em lugar fecco.
Deites pós fimples miíturados fe fa-
naes ,
ou Magiítraes ;
mas nem por ilfo fe
CA-
( 3 1 )
CAPITULO II.
Da EJprefsaOy Çumos ,
e Oleos efpremidos „
jei-
,
( 3* )
ra a fua feparaçao.
tas ,
além de fer precifo que fejao recen-
tes ,
devem colher-fe antes do nafcer do
Sol ,
lavar-fe ,
e limpar-fe da terra ,
e cou-
fas eftranhas ,
que pofsao ter.
0
2. Para fe efpremerem os çumos
mucilaginofos de plantas não cheirofas
fe lhes deve ajuntar huma pequena por-
ção d’agua ,
e dcixallas em maceração por
algumas horas ,
e depois metter-fe-hão na
cilagem ,
a faz mais fluida ,
e facil de ef-
premer-fe.
0
3. Faz-fe a mefma addição de agua
para os fuccos mucilaginofos das plantas
aro-
C 33 )
mentação ,
e efta á perda dos princípios
voláteis,
4.
0
O que he dito das folhas ,
e ta-
los das plantas mucilaginofas fe entende
das raizes femelhantes ,
as quaes algumas
vezes fe devem primeiramente rafpar.
5\° O çumo de flores fe obtem da
mefma maneira,
6,° Os frutos de cafca groíTa ,
e de
efmiuçaráo em ralo ,
antes de fe metter no
facco : e os que tem pelle fina ,
e caroço
duro, fe lhes tira efte, e fe fujeitão á ef-
lavadas ,
e eortadas miudamente ,
met*
tem-fe no facco ,
e fe efpremem fem pe-
rigo ,
de que com o çumo fala o paren-
chyma ., porque as palhas o embaraçao.
As maçans, para melhor darem o çumo,
ralão-fe ,
e ás ameixas ,
ou femelhantes
bafta tirar-lhes o caroço. Todos eíles dif-
fermentação ,
e á corrupção. Por ilfo mef-
mo he que, fe tem grã, ou fementes, fc:
rente tenacidade ,
he conveniente ajuntar-
as mais feccas ,
e vifeofas com as que
abundão cm principio aquofo ,
e pizallas
aflim mifhiradas ,
para fe poderem efpre-
mer melhor. Iíto porém fomente no cafe
de que fenão queirão determinadas quan-
tidades de cada hum dos çumos ,
ainda
que
,
( 3? )
rem.
8.° Para a oonfervação dos íuccos fe
deve evitar ,
que lhes chegue o ar. He
por iífo, que fe mandão guardar em vafo
de vidro, lançando-lhes em fima tanto de
-azeite commum ,
que tenha altura de
dous dedos.
<?.° Antes de fe arrecadarem, fe hão
de fervir para ufo interno ,
depurao-fe
como fe dirá no Capitulo feguinte ;
mas,
fendo fomente dellinados para ufo exte-
rior, e para entrar em compolição de em-
plaftros, unguentos, ou femelhantes for-
mulas, não he precifa a depuração.
io.° Durão ,
quando muito ,
dous
annos ;
mas he da prudência renovallos *
todos os annos.
Nos frutos, fementes ,
cafcas, e ca-
untofo ,
ou ejjencial : hum ,
e outro fe no-
mea nas oíHcinas com a addição de feito
E ii por
( 3<5 )
por efprefsao ,
para livrar da confusão ,
que
podia haver deites com os oleos feitos
por cozimento ,
e os eífenciaes deltilla-
zadas ,
ainda precisão de fer expoltas ao
calor d’agua fervendo, para facilitar a ef-
prefsão : e outras final mente tem neceíli-
C 37 )
As fementes emulfivas ,
que tem fa-
As de fubftancia forte ,
e dura ,
moí-
das em almofariz ,
ou moinho ,
fe expo-
rão fobre peneiros de tecido fino ao va-
por de agua fervendo j
e depois de fe ter
di-
,
( 38 )
rer o oleo ,
que fahe das cellulas rotas,
para hum vafo para eíTe fim difpoho. Os
bocadinhos da cafca ,
femelhantes então
a huma polpa, incluídos n’hum facco, fe
efpremem na imprenfa ,
entre duas lami-
nas de vidro defendidas com as rodas de
pao já ditas ,
e aílim hum e outro
,
oleo
eifencial miíturado he de hum cheiro era-
tifiimo , menos fiuido do que os deíHlla-
dos em razão de mucilagem ,
que encer-
ra ;
e por ifib de menor duração , do que
elles.
CAPITULO III.
Da Depuração ,
ou Purijicação das fubftan-
das liquidas ,
e fitas diferentes efpedes.
D
que
Ebaixo do nome Depuração , ou Pu-
rificação
fe pòem em
entendemos aquelles meios,
prática para feparar as
partes eftranhas ,
heterogeneas ,
ou mais
groflas daquillo ,
que he mais liquido ,
e fe
FIL-
,
( 4° )
FILTRAÇÃO ,
ou COADURA:
faz-fe dc differentes modos ,
conforme a
matéria ,
que fe' ha-de coar. i.° Os liquidos
aquofos, cozimentos, infusões, foro, e
oleos coao-fe por coadores de vários fei-
tios ,
e ordinariamente por panno de la,
ou linho, fem mais diíferença : o melhor he
ufar da chamada manga de Hippocrates , ou
facco de panno de linho, ou de lã, termi-
nando cm ponta aguda ,
e fegura mente co-
( 4i )
o liquido tranfparente ,
e claro do fedi-
mento ,
que fica depolitado no fundo.
Tem lugar ,
quando por neceífaria brevi-
ma ,
e ella fe fepara com huma colhér fii-
Tom. I. F ou
( 42 )
ou coa-fe fomente ,
e fe aproveita o li-
quido claro*
CLARIFICAÇÃO : pratica-fe nos
( 43 )
( 44 )
CAPITULO IV.
Da Evaporação ,
Çumos efpejjos ,
ou condenfi-
dos y
e Polpas
feito fe pratica ,
fe chama Evaporação,
Quanto mais extenfa he a fuperficie do
liquido expoíla ao toque do ar, conforme
for mais forte ,
ou rcmiííò o gráo de ca-
lor, a evaporação ferá mais prompta , ou
menos expedita. Em confequencia os va-
fos ,
em que deve fazer-fe ,
fejão largos T
( 4? )
efpatula ,
para evitar o pegar-fe ,
e eftur-
rar-fe. Todas as fubfiancias ,
ou fejão çu-
mos de vegetaes ,
foluçoes ,
extracçòes
ou geleias de animaes reduzidas a huma
coníifiencia mais efpefla, dizem-fe EfpeJJa-
das ;
e particularmente os çumos ,
para
diíferença dos extra£los verdadeiros ,
de
que em feu lugar trataremos ,
fe chamao
nas oíHcmas Cimos efpcjjados. Difíerem em
razão da coníiftencia ,
que fe lhes dá : os
que tem perdido a maior fluidez pela eva-
poraçáo ,
e tem a coníiftencia de mel des-
feito, fe chamao Arrobes , que fendo mif-
turados com alguma porção de aflucar,
ou mel ,
fe chamavao antigamente Arrobes
compojios. Os que tem huma coníifiencia
mais firme são indevidamente chamados
extra cios.
As polpas ,
que fe querem dos fru-
tos ,
ou raizes ,
são ou cruas ,
ou obtidas
pela evaporação. As primeiras fazem-fe
pela fimples pizadura dos frutos recentes,
e pela coadura por fedaço, para fe fepa-
rarem as cafcas ,
e fementes. As que fe
fa-
,:
C 4á )
fos verdes ,
maduros ,
ou feccos ,
tirada a
cafca ,
e cortados em pedaços ,
fe cozem
em pouca agua ,
até que amolleçao bem
efpremao-fe em íima de fedaço ,
e a pol-
pa ,
que por elle paífa, a fogo brando fe
1
CAPITULO V.
truos ,
e das operaçoes a ejla fubfidiarias.
N
mada
Ào
pelos
tratamos neíte Capitulo da DiJJh-
liiçao radical
Chymicos
dos corpos aTim cha-
,
porque por ella
tratámos ,
a Digejlão ,
a Maceração , e a
Circulação. A Digejião entende-fe pela de-
mora ,
que diverfas fubíbmcias folidas ,
e
em vafo fechado, (dei-
fluidas mifturadas
opera çao ,
empregando ou fimplesmente
huma cucurbita alta, ou o inftrumento , ti
que chamao os Chymicos Pelicano , ou
dous matrazes applicados hum contra ou-
tro. De qualquer deftes modos com pou-
ca differença fe confegue o mefmo effeito.
Os menllruos ,
que fervem á DiíTolu-
çao Medicinal das fubftancias foi idas, são
a Agua , os Efpiritos ardentes ,
os Olcos ,
os
Liquores ácidos ,
e alcalinos • e cada hum
delles diífolve fubftancias difterentes, que
lhe são como peculiares.
maior ,
ou menor pureza ,
e conforme o
grão de calor diíferente he também mais,
ou menos extenfo o feu poder : de modo
que
,
C 49 )
folver ,
retendo fomente huma porção de
fubíhutcia diifolvida ,
igual á que diífolve-
ria a mefma quantidade de agua fria por
hum proceífo mais tardo ?
qual he a ma-
ceração» .
ber em íi
,
ainda que em menor perfei-
ção ,
as gomas-reíinas ,
e partes de metaes
e femimetaes. Carrega-fe também dos
principios do cheiro proprio dos vegetaes ?
e goza finalmente das virtudes das fubítan-
cias, que diifolveo.
( ?°
notar a refpeifo da folubilidade dos facs
que eJfta também pende muito da fua fec-
cura ,
perfeição ,
e pureza ,
e que a mefma
quantidade de agua já faturada de hum
determinado fàl ,
iíto he, havendo já dif-
5-1
( )
folvem os faboes ,
que delles sao feitos.
calinos voláteis ,
e os neutros de alca-
lino fixo vegetal ,
e do acido igualmente
vegetal. Miílurão-fe com os ácidos, e os
dulciiicão ,
como fe dirá ,
tratando da
Deftillação.
Ou os Oleos íejao dos pingues mi-
tofos ,
ou dos eífenciaes ,
sao menftruo
das refinas ,
balfamos ,
cera ,
canfora
gorduras dos animaes, enxofre ,
e de al-
gumas fubíhncias metallicasr ,
particular-
mcnfiruos ,
fcm fe alterarem ,
e por iííb
precifo ,
que por meio dlium vehemente
gráo de calor fe lhe una em forma de
va-
,
,,
- ( *3 )
acido Marino ,
diíTolve o Ouro , e Regulo.
vo-
,,
( Í4 )
voláteis ,
e femivolateis : alguns balíamos
efpiritos ,
&c.
CAPITULO VI.
Da Cryjlallização ,
e dos Sacs.
O
por
S faes
fua antiga figura
efieito
diílol vidos
da operação
,
n’agua
,
que
tornão
e cryftaes proprios
fe chama
á
do eftrellinhas falinas ,
ou huma como pel-
lezinha ,
a qual então começa a apparecer
quando diminuida huma certa quantidade
des do vafo ;
e formados ,
fe decanta o
liquido reftante ,
que fe exporá a fegun-
da ,
e mais evaporações ,
fendo neceffa-
rio ;
e os cryítaes tirados com cautela ,
e
poílos fobre papel pardo ,
fe feccaráo a
ção da evaporação ,
mas também para que
não defmanche a fôrma devida dos cryf-
taes ,
precipitando-fe fobre elles.
0
4. Que por iífo em tanto fe deve
continuar a evaporação, até que algumas
ga-
,
( i6 )
za ;
mas ,
e muito particularmente ,
para
feparar huns de outros faes ,
e tiraJlos de
outros produétos da natureza. Eítes tres
grãos são : o primeiro infenfivel ,
que fe
ceiro forte ,
defde o calor jã moleíto ao ta-
£k> até á fervura do liquido. Em cada hum
deites grãos fe cryítallizao diferentes faes.
6.° Que
1
( Í7 )
reduzem a cryítaes ,
e que dos alcalinos
fomente a barriiha.
0
7. Que além da evaporação necefli-
tao os faes metallicos para maior facili-
dade da cryftallização de fe ajuntar pou-
co a pouco ao liquido evaporado liuma
porção de efpirito de vinho ,
pela qual
addição os cryítaes fe formão por preci-
pitação.
CAPITULO m
Da Precipitação »
( ys
CAPITULO VIII.
'
Da Extracção ,
e das diverfas efpecies
de extraã os.
A Extracçao he a operação
intervindo menftruo appropriado
feparao dos corpos y
em que
,
ella
pela qual
fe faz ?
,
fe
,
as fubftancias ,
que são diífoluveis no
menfl-
( S9 )
mcnílruo npplicado ,
com o qual mefnio
unidas ,
ou delle feparadas ,
são de ufo
na Medicina. Daqui bem fe ve ,
que fe
fazem , em I. Aqnofos ,
Mucilaginofos ,
ou
Gomofos , II. em Efpirittwfos ,
ou Refmofos ,
e III. em Aqueo-efpirituofos ,
ou Gomofo-re-
fmofos.
H 11 SE-
(
6o )
SECÇÃO I.
Das Infusões ,
e fitas àiverfas efpecies .
r
A
foluçao
Digcílao
dêmos
,
,
e
noticia
maceração
no Capitulo da Dif-
de que já
Infusão ,
feja qual for o menftruo ,
em
que fe fação ,
he com tudo fomente ufa-
do o nome de Infusão em Pharmacia ,
dentes ,
ainda que feitas pelo mefino mo-
do, que as mais infusões. Segundo elles
AR-
,,
(
6i )
ARTIGO I.
mos ,
por hum menftruo univerfal
fcja mais ,
ou menos a£Hva ,
fegundo for
( 6* )
ou infusão theijorme ,
he ncceiraria a di-
gefião.
1
3. Conforme he a diíferente denfi-
dade ,
e natureza das fubltancias ,
que fe
mandáo infundir ,
aílim também a infusão
deve durar mais ;
ou menos tempo. Os
páos ,
cafcqs ,
raizes ,
e frutos carnofos fc
cortao ,
fe machucao ,
e fe pizão ,
e fe
macerao ,
ou digerem ;
particularmcnte ,
ou quente.
f.* Conhece-fe bem feita a infusão,
( «3 )
maneira ,
que fe lhe hajão communicado
vendo ,
quando toda a fubftancia infundi-
fusões ,
em que he necefiaria a coadura
previne-fe efta, incluindo a fubftancia em
nó
i
,
ou ligadura de panno de linho não
muito tapado ,
com a cautela ,
de que fe
(<4 )
ra evitar,
7. que não eftoure em a fubflancia
embebendo o liquido ,
em que fe infunde.
® Seja qual for o modo de feparar
a infusão feita da fubftancia ,
de que fe
pios voláteis.
*
Como as mais das vezes fe pe-
dem as infusões fem mais clareza do que
v. g. Infusão de flor de Sabugueiro ,
recei-
bom ,
que fe pudeflem dar regras íbbre a
proporção ,
que deve haver entre o liqui-
( 6f
geral fe pode dizer, que para fubítancias
na fegunda ,
e huma na terceira. A infu-
ARTIGO IL
Infusões cm vinagre , ou Vinagres medicinaes-
P Ara
naes ,
fe fazerem
he precifo que
os Vinagres mediei-
feja o vinagre*
em que fe faz a infusão ,
puro ,
feito de
vinho, e não deftiílado. Nelfe menílruo y
e em vafo de vidro fe infundem as fub-
ftancias ,
cuja virtude fe lhe quer commu-
nicar ;
e para eíle effeito ferao cuidadofa-
mente limpas de toda a impureza, corta-
das miudamente ,
machucadas ,
ou piza-
das ;
e fe forem vegetáveis, ferão mode-
radamente feccas 3
para que não alterem
a
( 67 )
inaceraçao ,
fegundo for mais ,
ou menos
forte a contextura da matéria infundida.
Conhecida a perfeição deita infusão pelo
modo ,
que fica dito no Artigo antece-
dente ,
e havendo de confervar-fe ,
he
precifo precaver toda a alteração ,
e de-
pofito de fezes ,
ajuntando a qualquer de-
terminada quantidade huma duodécima
parte de agua ardente ,
v. g. para huma
dente.
ARTIGO III. %
D E dous modos
medicinaes
medicamentos no tempo
,
ou
fe fazem os Vinhos
ajuntando-lhes
em que os
os
vi-
,
(
<8 )
ção ,
que em nada diífere ,
em quanto d
cífencia, das duas antecedentes.
O vinho reune as propriedades de
meníliruo aquofo, efpirituofo, e acido ,
e
he por tanto capaz de fe encarregar da-
quel-les princípios dos medicamentos ,
que
fe dilTolvem em cada hum dos menítruos y
ou para fe confervar y
ou para fe dar prom-
pta-
,
(
6? )
ptamente ,
ailim fe faz a infusão ou por
maceração, ou em banho de Maria. Efte
fegundo modo ferve fomente, quando he
pequena a quantidade de infusão vinhofa
e fe faz ,
como he fabido ,
mettendo o
vafo ,
em que fe faz a infusão ,
dentro
d’outro ,
que tenha agua fervendo ,
para
que mais facilmente fe faça a extracção
lor maior ,
do que póde fer o do banho.
A maceração porém fe deve fazer em va-
fo tapado exaftamente ,
e em lugar frio
confervar-fe a infusão por oito ,
dez ,
ou
mais dias ,
conforme a facilidade ,
que
houver da parte do medicamento para
communicar ao menftruo a fua virtude.
Eftes medicamentos devem fer perfeita-
mente feccos ,
exceptuando as plantas cha-
madas antifcorbuticas ,
as quaes fe infun-
ARTIGO IV.
Infusões em azeite ,
ou Oleos por infusão.
fundem ,
fejao bem feccos ;
e que depois
de huma aturada digefião em calor fum-
mamente brando , ou feita ao Sol ,
quan-
do pelo cheiro ,
cor ,
ou fabor confiar,
que fe lhe tem communicado a virtude
da fubfiancia infundida ,
então fe coe ,
ef-
premendff fortemente ;
fe deixe em def-
canço ,
para que algumas fezes ,
ou hu-
midade aíTentem no fundo ;
e fe decante
( 71 )
S E C Ç Ã O II.
D:js Cozimentos.
O Cozimento ,
ou Apozema não
da infusão, fenão pelo diverfo giáo
de calor, que precifa ;
porque fe
diifere
não faz
pela íimples maceração ,
ou digeMo ,
fusões ,
tirada dos tres Reinos da Natu-
reza : e o menítruo póde fer diverfo tam-
bém •
mas o ordinário he a agua ,
porque
tem a vantajem de fe não alterar pela
fervura ,
como fuccede aos outros menf-
truos. Por iífo, quando fem determinação
de menítruo particular fe manda fazer
hum cozimento de certas fubíhmcias ,
fe
deve fazer em agua commum.
No modo de praticar eíta operação
he neceífario attender as feguintes leis
i.
a
Que o menJftruo feja appropriado
á fubílancia ,
cuja virtude fe requer ;
e que
fe não póde obter com a mefma commo-
di-
,
,
( 72 )
didade ,
e brevidade pela maceração ,
ou
digeílão ,
como fe obtem pela fervura : e
diífipe ,
ou mude pelo Cozimento ;
porque
femelhantes fubílancias fervem para as in-
fusões ,
como v. g. as partes de vegetá-
veis recentes, e tenras, as aromaticas vo-
láteis ,
os mais dos purgantes ,
&c.
2/ Por cila razão he miller averi-
guar a confiílencia ,
ou textura do medi-
camento ,
que fe ha de cozer ;
porque
fendo mais dura ,
fe fujeita primeiramente
á maceração ;
fendo menos dura ,
aífini
tras
‘
y
ou também aquelles ,
que pelo Cozi-
mento fe mudão, ainda fendo fixos ,
co-
mo fuccede na raiz de Alcaçuz ,
que
communicando ao Cozimento hum fabor
doce, fendo infundida, o faz amargo, e
naufeofo, fe por algum tempo ferve.
3
-‘ Se '
( 73 )
3.
a
Semelhantemente hc precifo at-
tem ufo ,
quando nas receitas fe póe em
geral, v. g. de raiz de Chicória ,
Ceva-
da ,
flor de Sabugueiro de cada huma
quanto bajle ,
para fazer Cozimento S. A»
e fe deixa ao arbitrio do Boticário a quan-
tidade de cada hum dos íimplices ,
e a
ordem, em que fe devem cozer, e o tem-
fem cheiro ,
e reíinofas ,
requerem ,
e foi-
cafcas ,
e raizes menos compaftas ,
mas
igualmente fem cheiro ;
as adílringentes y
( 75 )
muito cheirofas ;
frutos ,
cafcas ,
e fomen-
tes femelhantes ;
alguns purgantes ;
a raiz
também a neceífldade
,
que ha de diver-
fosvafos, para fe fazerem os Cozimentos,
conforme nelles entrao fubftancias mais
K ii ou
t 7& )
ou menos voláteis ,
e acres :
para aílim fe-
rem os vafos mais, ou menos altos; def-
ta ,
cu d a que 11a matéria ;
tapados ,
ou dcí-
cubertos ,
&c. Quando fe quer das fub-
ftancias ,
que fe mandão cozer , os priu-
6 O grão de fogo ,
e o modo de
fe applicar pende do conhecimento da
diverfa textura ,
e mais propriedades do
medicamento ,
que fe coze ,
e que fe tem
até aqui mencionado. Para fulientar a
igualdade do calor ,
e para livrar o Cozi-
mento de matérias eíhanhas, que poraca-
fo lhe pofsao cahir dentro ,
fe faz ordi-
( 77 )
conhece ,
lançando no fogo huma gotta
do oleo: fe ella arde fem eílalar, eprom-
ptamente , eítá a humidade confumida ,
e
o oleo fe coa ,
e guarda. Porétn ,
como o
azeite adquire para ferver hum gráo de
calor muito fuperior ao de agua fervendo
e fe faz empyreumatico ,
e altera aflim a
virtude do medicamento ,
fe faz agora ef-
te Cozimento em calor muito brando. Ten-
do primeiramente lançado no azeite as
plantas recentes levemente machucadas
em almofariz de pedra ,
fe poe o vafo
em cinzas quentes ,
para que fe evapore
parte da humidade. Coa-fe depois com
efprefsão forte ;
e depois de aífentarem
algumas fezes mais ,
fe livra delias ,
e da
humidade, que ainda pode ter, por meio
-
da decantação. Já hoje são de tão pouco
ufo , que a exemplo das Pharmacopeias
melhores da Europa ,
julgámos neceífario
fupprimir as fórmulas dos oleos cozidos.
SE-
( 78 )
SECÇÃO III.
Das Tinturas ,
EJJencias ,
Elixires ,
Balfamos
cheirofos liqiiidos.
liquidos
menftruo efpi-
fe coin-
dc
( 79 )
to efpirito ,
que lhe fobrenade tres ,
ou
quatro dedos de altura.
Algumas miíluras fe mandão fazer
cura ,
nem por iífo augmentao a extrac-
ção ;
antes pelo contrario mudão as quali-
fubftancía infundida ,
que precife maior
calor ,
ou fe aíEm o pedir ncceílária b re-
vi-
(
8° )
vidade ,
pòde-fe fazer por digeilão em
banho de Maria. Então he precifo cuida-
do em moderar o calor , devendo fer bran-
diíTimo em todo o tempo ,
deixando-fe
por fim augmentar até huma leviífima fer-
vura.
Os vafos ,
em que fe devem fazer as
Tinturas ,
são os vafos circulatórios ,
ou
garrafas de gargalo alto ;
e eílas fe de-
no fundo do vafo ,
he de razão ajuntar d
ça parte ,
ou alguma coufa mais de areia
fina ,
e lavada ,
e mifturalla de modo que ,
Teima ,
e diüolver toda quanta for poíTiveh
gado.
SECÇÃO IV.
ARTIGO I.
17 Eita a infusão
,
ou cozimento das
fubílancias vegetaes do modo ,
que
dito fica
, fe pela continuação do calor fe
Tom. I, L eya-
( íi )
Outras fubftancias ,
que a beneficio deftas
( )
poração ,
reíta tão fomente advertir
° Que lie maisfacil fazer eftes Ex-
tratos ,
fe fe empregao os vegetaes mo-
deradamente
2. feccos ;
porque fendo recen-
tes ,
a humidade natural ,
que confervão
embaraça a acção da agua fobre os prin-
cipios ,
que deve diífolver.
° Que os cozimentos ,
de que fe
e ,
aífim depoftas ,
o liquido tranfparente
deve decantar-fe. O liquido decantado ha
de novo ferver-fe, pôr-fe em defcanço, e
decantar-fe depois de frio ,
para que aíEm
fe feparem aquellas fubítancias ,
que fo-
mente fe confervão apparentemente dif-
folvidas n’agua em quanto dura o calor.
0
3. Que a fubílancia vegetal, de que
fe faz o cozimento ,
dentro de faquinho
de panno de linho fe efprema na impren-
fa, ajuntando-lhe no fim da efprefsap agua
L ii fria
( 84 )
folvido ,
e obtido tudo o que fe queria.
Efte liquido fe póe também em defcan-
ço ,
e fe deixa aífentar ;
então coa-fe ,
e fe-
( >
go ,
de que o extra&o faia empyreumati’-
co, a pezar de toda a cautela : e he por
iífo, que he melhor continuar a evapora-
ção em banho de Maria até á jufta con-
fiftencia de Extra&o duro»
y.° Que a confiftencia dos Extratos
he boa , quando de alguma fôrma refiftem
á imprefsao do dedo ,
fem que fe peguem
á fua ponta r e por tanto a coníiftencia
mais firme ,
e mais para quebradiça ,
do
que para molle ,
he a melhor de todas.
A cor dos extra&os ha de fer louraou ,
(80
dece ao ar tão facilmente. Pela mefma ra-
tremulo ,
e pegajofo. Em eftando quaíi
frio ,
fe lhe ajunta huma pequena porção
de vinho generofo ,
e alguma fubftancia
aro-,
*
( 87 )
aromatica ,
e fe faz aíllm mais agradavel
ta quantidade de agua ,
fervendo-o duas
rezes, e efpremendo-o fortemente outras
tantas vezes ,
em vafo conveniente ,
em
banho de areia ,
e em calor proximo ao de
'agua a ferver, e fempre igual, conferva-
va a diíToluçao poir tres mezes ,
continu-
ando fem interrupção de noite ,
e de dia
a evaporação 7
ou por feis mezes ,
fe a
operação era tão fomente feita de dia,
accrefcentando novas quantidades de agua
,
í medida que a antecedente fe hia evapo-
rando. PaíTado efte tempo , o liquido ref-
tante coado e efpeíTado até confiJftenda
,
de-
:
< 88 )
devida ,
he chamado por Bcuimé Extravio
de Opto por longa digefiao.
ta preparação ,
facilitando a miltura de
algum outro principio ,
que não feja a
pura goma.
Pertencem aos Extraftos folidos go-
tnofos os extraftos chamados Saes eíTen-
( 9° )
ARTIGO II.
AR»
O >
ARTIGO III.
refmofos.
vinho retificado ;
e feparada efta da ma-
téria ,
que fica no fundo do vafo por de-
cantação ,
fe lança fobre a matéria dita
huma porção de agua pura. Evapora-fe
então huma ,
e outra folução ;
e por fim
mifturão ,
e fe continua a evaporação até
feccura. .
I
( 91 )
CAPITULO IX..
Da DeJüllaçãOi.
-
} : f »
C Hama-fe
fiuidos.,.
cor-
t
,
( 93 )
eorrem em gottas ,
ou fio para hum rech-
piente.
Faz-fe a deflillação para feparar dos
corpos folidos os liquidos ,
que nelles fe
contém :
para feparar liquidos de diverfa
gravidade efpecifica huns dos outros ;
e
para unir mais intimamente fluidos da mef-
ma gravidade. A Ahjlracção , Dejiegmação 7
e Retificação ,
ainda que são fynonymos da
Deflillação, he com tudo bom faber a ra-
C 94 )
Sta ,
quando os vapores elevados do li-
no alambique ,
pafsao em gottas pelo bi-
co delle. 2/ A obliqua ,
ou de lado ,
ou
fecca ,
que he a que fe faz em retortas : e
a
3- a que chamao por defeenfo ,
quando o
fogo fe applica pela parte fuperior ,
e
obriga o liquido ,
que deve deílillar-fe a
gotejar, cm vafo ,
que o receba. As duas
primeiras efpecies p»ouco diiferem ,
a ter-
A R T I G O I.
C Hamao Agua
aquella
bre quaefquer fubítancias
,
dejlillada
fe faz deítillar*
,
D ou-
,
-
( 95 )
das de fubftancias ,
que carecem deftes
princípios ,
sao inúteis ,
e não tem mais
virtude do que a agua commum ,
ainda
que pareçao diíFerir delia. Determina a
denominação de Simples ,
ou de Compqfla
ter fido deítillada de hurna fó iubílancia,
ou de mais.
Tanto as aguas deílilladas ílmplices,,
IX.
,:
( 96 )
II.
quantidade ,
que fe evite queimarem-fe
ou fazer-fe empyreumatica a agua deílil-
lada ;
ou ,
o que he o mefmo ,
adquirir
hum cheiro ingrato a eilurro ,
ou fumo.
Para as plantas recentes baila tresdobrada
agua :
para as feccas he precifa maior
As plantas ,
que contém em abun-
dancia hum oleo mais tenue ,
e mais vo-
látil devem deílillar-fe promptamente
,
IV.
( 97 )
IV.
A’ cucurbita encha- fe tão fomente até
duas terças partes, para dar lugar no ref-
to vazio á fervura ,
fem que o liquido fer-
Y.
Não havendo precedido maceração,
comece a applicação do fogo por hum
gráo muito moderado, que pouco a pou-
co vá augmentando ,
até que o liquido
ferva ;
o que fe conhece pelo eftrepitó,
que dentro da cucurbita fe fente ;
e pelo
Tom. I. N ca-
( J8 )
do fogo ,
com pannos molhados em agua
e
ra r-fe a força ,
e tumultuofa perturbação
da fervura.
VIL
Em quanto a agua fahe com fabor*
ou cheiro ,
ou com huma ,
e outra coufa
VIII.
- , * è
As plantas ,
que contém princípios
ácidos ,
nao fe deltillem cm alambiques
de eíhnho , chumbo ,
ou cobre ,
ou mef-
mo neftes eftanhados. Devem dcílillar-fe
cm alambiques de vidro.
IX.
Sobrenadando algumas gotas de oleo
eííencial, tirem-fe com cautela primeiro 5
X.
Para melhor coníervação das aguas
defbilladas fe lhes ajunte a vigeíima parte
N ii AR-
I
(
too )
ARTIGO II.
Por
:
( I°I )
a evaporação da agua ,
e a fua miítura
com o efpirito ;
o que he fumma mente
diílicultofo. E fuccedendo eíta miítura ,
C 101 ')
lor ,
a fim de que o efpirito ,
que fe le-
vanta ,
poífa vencer a refiftencia ,
que lhe
faz a columna de ar frio ,
que no Serpen-
tino fe contém ,
o que pode damnificar a
operação. E ainda que eíte inconveniente
fe pòde remediar ,
fendo o tubo de hum
diâmetro maior do ordinário ,
eíte remé-
dio facilita a fahida de vapores fem fe
haverem condenfado ,
e affim a perda do
efpirito. Os tubos mais eftreitos ,
nao dan-
do fahida aos vapores ,
que em razão do
maior calor applicado neceífariamente fe
hão de levantar em tumulto ,
dão occafião
a que o alambique poífa arrebentar com
perigo do Operário. He pois o melhor
methodo fazer a deíhllação em alambi-
ques de tal altura ,
que em brandiílímo
calor de banho de Maria dê lugar á fubi-
cfelles ,
íem que os vapores aquofos lá
pofsáo chegar ,
ou mefmo fe nao levan-
tem. Aílim he que fem receio dos incom-
modos ditos ,
e feguindo a natureza das
coufas ,
fe podem obter os efpiritos na
maior pureza poílivel ;
e re£tificar-fe ,
quan-
do aíTim pareça juíto 7
e neceífario.
He de notar ,
que o Efpirito de vi-
nho ,
podo que extrahido feja da miílura
de plantas aromaticas huma ,
e mais ve-
zes ,
fahe com tudo pela deítillação ou
puro ,
ou pouco carregado do cheiro da
planta miíhirada; e particularmente fe os
feus principios cheirofos fe náo podem
levantar em vapor no mefmo gráo de ca-
lor que o efpirito. Por iífo he mais fá-
t: j
•
,
•. •
,
; yjCJ ,
_ :: j. {
AR-
(-104 )
ARTIGO % *.
III.
D
tura
Â-fe o
pirituofa áquella,
de efpirito
nome de Agua
de vinho
que
,
e
dejhllada
fe tira
ametade agua
da mif-
cf-
I.
As plantas ,
de que fe ha de fazer
a deítillaçao ,
fejão moderadamente fec-
cas ,
fe nao fe pedirem recentes. A humi-
dade natural pode embaraçar a acção do
efpirito ,
e a diífoluçao dos principios ,
de
que elle fe póde encarregar.
II.
(
IO)' )
no efpirito de vinho ;
e ,
não fendo ella
III.
tranfparente ,
a que chamão efpirito ,
co-
mo o fegundo ,
que fahe esbranquiçado
e mefmo fem fer depurado ,
fe mifturem
para que haja o liquido deftillado todas
as virtudes da planta.
IV.
Deftillem-fe eftas aguas efpirituofas
em banho de Maria ,
e nunca a fogo nú
commendada ,
deftillão turvas
,
pela con-
tinuação do tempo ,
e pela quietação fe
fazem depois claras. Sahem mais perfei-
- Tom. L O tas
( 'cá )
tas aquellas ,
cm que na maceração da
fubítancia infundida fc empregou o efpi-
rito de vinho reflificado ,
ao qual ao de-
pois fe ajuntou agua ,
do que aquellas
aguas ,
que são deítilladas depois da ma-
ceração cm agua ardente branda.
Effas aguas efpirituofas algumas ve-
zes parecem não ter couía alguma do chei-
ro efpcciíico da planta infundida logo dc-
pen-
\
/
C I0 7 )
ARTIGO IV.
O ii tras
(
io8 )
do anno ,
idade da planta ,
e feu citado
recente ,
ou fecco ,
e mefmo o modo da
operação para extrahir o Oleo eíTenciaF,
também concorrem para a fua abund arr-
eia ,
ou falta, perfeição, ou imperfeição.
E por cfta razão fe devem praticar as re-
gras dadas na Parte primeira, Capitulo tini-
co da Eleição , Colheita , &c. que ahi fe po-
dem ver ;
e para poupar trabalho fem fru-
to aos Boticários ,
que quizerem fazer a
deílillação dos Oleos eflenciaes > damos a
feguinte Taboa das differentes partes das
Na Raiz Caryophillata.
Alho. Enula Campana*
Angélica. Galanga.
Çalamo aromatleo. Gingibre.
Carlina. Imperatoria.
Le-
(
r °9 )
Alecrim. Alfazema.
Arruda. Nas Sementes .
Endros. Aipo.
Camedrios. AlcoroYia.
Cochlearia. Cardamomo.
Herva Cidreira. Endros.
Hortelã. Funcho.
HyíTopo. Moftarda.
Manjericão. Nigella.
Manjerona. Salfa das hortas.
Maro. No Fruto.
Matricaria. Amorno.
Alillefolio. Cravo da índia.
Poejos. Cúbebas,.
Sabina. Loureiro.
Segurelha. Noz mofcada.
Serpao. Pimenta.
Squenanto. Na Cafca.
Tomilho. Bergamota.
Nas F/ores Canella branca,
Camonuila. Canella fina.
:
( ”0 )
Cafcarilha. Peruviano.
Cidra. Terebinthina.
Laranja. Gomas-refmas.
Limão. Aílafetida.
SaíTafraz. Benjoim.
Na cubertnra daí fo- Galbano.
mentes. Myrrha.
Anis eftrellado. Sagapcno.
Flor de noz mofcada. Nos ejiatnes da for.
Balfamos naturaes. Açafrão.
Copaíba.
tuofas ,
fe pôe em execução do mefmo
modo para a deílillação dos Oleos eíTen-
ciaes ,
obfervando além diíTo as regras
feguintes
I.
C ”i )
II.
A maceração ,
geralmente fallando,
deve continuar, até que amolleção os cor-
pos infundidos ,
prevenindo que a fermen-
tação não principie : fallando porém o
mais particularmente que he poífivel ,
at-
( II*
nar tanta ,
que baile para precaver o em-
pyrctmm.
III.
a fermentação ,
fe póde ajuntar á mefma
agua por cada libra meia onça de Sal
commum ,
de Tartaro cru ,
ou de Nitro.
Os faes alcalinos ,
unindo-fe facilmente
pelo calor com os Oleos ,
que devião def-
tillar
,
embaraçao a operação ,
e a deílroem.
IV.
A agua ,
que fe ajunta ,
deve fer agua
commum ;
mas havendo-a deftillada do
mefmo vegetal ,
cujo Oleo eífencial fe
quer, fe fará nella a maceraçao, e deílil-
( ”3 )
binão mutuamente ;
mas o que apparece
lie muito mais tenue ,
e em toda a per-
feição.
VI.
O calor applicado feja de maneira
que feja fuperior ao que fe precifa ,
para
que a agua ferva •
e continue aíHm ,
para
que a deftillaçao fe entretenha correndo
pelo bico para o recipiente em fio. He
neceífario ,
que fe ajuntem os vapores da
agua em tanta abundancia ,
que pofsao
trazer comfigo o Oleo eífencial ;
e por
VII.
t
!
~*Tom. I. P que
,,
( lr 4 )
£m ,
e para dar lugar á fihida de vapo^
res, quando feja neceíTario*
VIII.
Porque alguns dos Oleos efíenciaeâ
tem facilidade em fe coalhar por acção
do frio , fe não deve fazer a defiillação
por bexiga ‘ iílo he ,
havendo agua fria,
contida em vafo ,
por onde paífe o bico
da
( uy )
do alambique ,
antes de chegar ao reci-
piente.
IX.
Acabada a deílillaçao, fe feparará o
recipiente ,
no qual fe achará o Oleo ou
fobrenadando na agua, ou no fundo ,
con-
forme for a fua gravidade efpecifica. Nef-
te mefmo recipiente fe ha de facolejar o
liquido ,
para que o Oleo, que eítá con-
tido na agua ,
e a faz alvacenta ,
fe una
com aquelle ,
que eftá feparado ;
o que
mais feguramente fe obtem ,
ficando em
defeanço por efpaço de dous dias ,
antes
que fe fepare o Oleo.
X.
A feparaçao faz-fe por diverfos mo-
dos : i.° Applicando huma torcida de al-
P ii hum .
,:
( )
leve ,
fe faz pelo contrario ,
impedindo-
lhe a fahida ,
depois que toda a agua ti-
0
ver paliado. 3. Se o Oleo he mais leve
do que a agua ,
e em muita quantidade ^
fe pode tirar com huma eolhér oti com
0
huma feringa de vidro. 4. Os Oleos ef-
nudo de vidro ,
em cujo meio haja hum
globo. Eíte canudo mergulha-fe, até que
a ponta toque no Oleo : chupa-fe o ar pe-
la outra extremidade ,
e fe continua a chu-
par ,
para ,que o Oleo fuba até ao globo
tapa-fe então com o dedo a extremidade
fuperior ,
e fe tira affim para fóra do li-
( 11 7 )'
cortiça ,
ou de outra matéria sao atacadas
pelos Oleos eífenciaes dão lugar á per- ,
e
e modo da colheita ,
e muito particular-
mente do grão de fogo ,
dos vafos ,
em
que fe guardao os Oleos ,
e do acceífo
do ar. Todas eftas caufas juntas ,
ou fe-
de fer retificados.
(
ll 9 )
'( lio )
çao ?
he fummamente diíHcultofo conhecer
o engano.
0
4. Efta mefma falfificaçao com Oleo
de Terebinthina fe defcobre ,
ajuntando
partes iguaes do Oleo ,
que fe examina ,
1
( 1 ** )
papel ,
que he bem conhecida ,
e fem ref-
nho reftificadiílimo ,
ou efpirito de nitro
doce ,
ou efpirito de fal ammoniacp, ou
licor anodyno mineral ,
e fe digerirem em
calor brandiflimo ,
ficará o Oleo pingue
no fundo fem fe diífolver.
( 111 )
mifturados ,
mas que fendo da mefma gra-
vidade efpecifica, huns sao recentes, ou-
tros antigos ,
e alterados ;
huns de mais
preço ,
e outros de muito inferior ,
exa-
minão-fe ou esfregando-os entre as mãos ,
ou molhando nelles huma tira de panno
de linho, para que feita a evaporação do
que he melhor, e mais volátil, appareça
o cheiro do que he menos bom.
io.° Se a miflura he de Oleos eífen-
ciaes ,
dos quaes hum he coagulavel pelo
frio ,
e outro não ,
defeobre-fe a miftura
pela applicação do frio natural
,
ou arti-
ficial.
ARTIGO V.
Vos Efpiritos ,
e Saes alcalinos Tolateis ,
e da
combinação deftes com os Efpiritos bifam
maveis , Oleos effenciaes ,
c refinas
A
volátil, fe
Os liquidos aquofos, fubtis, mais,
ou menos pejados
dá nas oificinas
de fal
o nome Efpiri-
alcalino
tos
2
1
( 3 )
tos alcalinos ,
c cíles mefrnos puros ou im-
,
ferente quantidade ,
força ,
e pureza.
A deítillação deve fazer-fe a fogo
defcuberto ,
ou em banho de areia ,
ou
em fogo de reverberio ,
ora mais brando,
ora mais intenfo ,
conforme for a deníida-
de ,
e coníiílencia dos corpos fujeitados á
v
deftillação. -
Se as fubílancias vegetaes ,
ou ani-
(
i*4 )
do-íhes areia ,
cinzas peneiradas ,
ou bar-
ro em pó ,
não devem occupar na retorta
mais lugar, do que o de huma terça par-
te do feu bojo.
Ou a deíHlIaçao fe faça em alambi-
que, ou em retorta, fegundo a fubftancia
for ou liquida ,
ou falida ,
o recipiente ha
de fer efpaçofo ,
e além diíTo tubulado ,
forrada ,
e defendida ,) fe applique o fogo
,
( )
nú ,
ou em banho de areia ,
ou ,
melhor
que outro qualquer , o de reverberio , ha-
vendo todo o cuidado em que fe vá gra-
dual ,
e fucceíTivamente augmentando ,
e
A primeira coufa ,
que começa a def-
tillar, he huma agua, ou fiegma infipida.
Eíla pouco ,
e pouco entra a apparecer
fenílvelmente mais carregada de fal volá-
çao 3
,,
(
Ilá )
ca ,
que para fe tornarem mais ativos
nao precisão de nenhuma outra prepara-
çáo ,
que nao feja a addiçao de tanto fal
volátil alcalino ,
quanto fe pofla diflfolver
áquella ,
de que fe hão de deílillar os Ef-
Pi-
C 1*7 )
piritos alcalinos ;
ou fe ajunta ao Efpirito
já deftillado ,
e fe faz a deftillação a fogo
muito brando ,
ou em banho de Maria
por alambique de vidro de altura propor-
cionada á volatilidade de femelhantes fub-
ftancias, e do modo que fica aconfelhado
no Artigo fegundo deite Capitulo. Efte
fegundo methodo he o melhor ,
e mais
praticado.
ARTIGO VI.
\ i
C Ontinuada
tigo antecedente, fe
empyreumáticos. Dá-fe
a deftillaçao dita
eíte
obtem os
nome
no Ar-
aos Oleos
Oleos
gu~
) ,
hum mais ,
do que o outro de cheiro ,
e
fabor mais ingrato, e de mais, ou menos
efpeíTa confiffencia. Effa differença ainda
he menor naquelles ,
que já sáo retifica-
dos ,
e que muitos tem aconfelhado para
uíb interno. Por . . .
iffo
«
he de neceífidade
i • . * .
fa-
çáo fe feguíráo ,
( ou por funil de vidro
como diffemos dos Oleos effenciaes ,
ou
por papel pardo molhado primeiramente
em agua ,
e fuftentado em funil ,
como
diffemos da filtraçao, deixando aílim paf-
far o efpirito ,
e ficando o Oleo fobre o
papel,) femetteráo em retorta, que tenha
xi-
,
,
r
(
I2 9 )
xivia alcalina ,
a que fe tenha mifturado
cal viva, eftando a lixívia fervendo, e la-
co vezes ,
precedendo fempre a lavaçao
da retorta como dito fica
, ,
e feguindo-fe
o- lançar fora huma oitava parte do Oleo
que deve deixar-fe na retorta ,
relativa á
Tom. I. R me-
(
1
3 o )
iriclhantes Oleos ,
deixamos de apontar*
c defcrever os outros methodos por meio
dc agua ,
por meio de terras ,
por meio
d’huma, e outra coufa ,
e finaimente pela
tida a deílillação ,
até que o Oleo adqui-
ra as qualidades ditas..
Oleos ,
tornao a fazer-fe empyreumaticos ?
1 3 1
( 3
ta ,
e que fc em pequenos
guarde o Oleo
valos, que levem fomente cada hum dei-
les huma oitava de pezo ,
fendo cuberta
a rolha com couro ,
e algum emplaítro s
ou pez.
ARTIGO VIL
Dos Efpiritos adãos .
O
neral
S tres Reinos da Natureza
particularmente o Vegetal
,
dão pela deítillaçao os Efpiritos
,
,
e
mas
Mi-
ácidos ,
de que fe faz ufo na Medicina;
diverfos entre íl pelo pezo ,
acrimonia
volatilidade ,
e diverfa indole de cada
hum; e que por iííb mefmo requerem di-
i.
a
Devem os vafos fer de vidro, ou
de terra muito bem lutados ,
fortes ,
e
grandes,
R ii 2.
s
A
(
r 3> )
2.
a
A deftillação deve fazer-fe a íb^
go nú ? ou em banho de areia.
3-
a
O fogo deve fucceíliva ,
e gra-
dualmente ir crefcendo ,
até á maior vio-
lência ,
conforme he diverfa a gravidade
do acido y
que fe quer deílillar ‘
r por iífo
do acido Vítriolico ?
e allim diminuindo
para os outros.. ^
a
4. As retortas não íejao de bojo
muito avultado ,
nem o feu collo faça
hum grande arco ;
e aquellas ,
que houve-
rem de fervir á deftillação fobre o banho,
de areia ,
fejão foterradas até ao meio,
fendo mais ?
ou menos mettidas na areia
á proporção da qualidade 7 e pezo do
acido.
Os ácidos perdem a fua força pela
abundancia de agua ,
que contenhão ,
e
com a qual tem eftreitifíima afinidade y
i
r
( 33 ?
centrados. Eíta retificação fe faz ou pela
fimples evaporação ,
ou pelas repetidas
deítillaçôes : e os ácidos retificados, ou
concentrados fe guardao em vafos de vi-
dro ,
com tapadoura de vidro em rofeas,
ARTIGO VIII.
O
mente
Ccultar, ou mudar
e acrimonia dos ácidos,
dos mineraes,) pela combinação
a antiga
(principal-
indole,
a effervefcencia ,
que logo fe excita
,
e fem
mecher o liquido ,
movendo o vafo ,
para
que de todo fe acabe. Seja qual for o aci-
2.
do ,
ou Vitriolico, ou Nitrofo, ou Ma ri-
no ,
que fe queira adoçar ,
he neceíTario
que aíHm fe faça a miftura ;
porque fendo
feita ,
lançando o efpirito de vinho fobre
o acido ,
a effervefcencia he muito mais
violenta ,
e arrifcada a fazer effalar os va-
3.
0
A deffillaçao ha de fazer- fe em
retorta ,
a cujo bico fe adapte hum reci-
1
-* pi- ;
( 13 ? )
fi
;
porque fe he maior a quantidade do
acido ,
eíte fica na retorta ,
e fe torna a
çao.
He de notar ,
que o efpirito de Vi-
triolo adoçado ,
fe levanta em fórma de
vapores tenues ,
e fubtis ,
os quaes con-
denfados ,
apparecem no recipiente em
fios reftos ,
e tranfparentes. Além diíto
he bom faber ,
que fegundo a obfervaçao
de Baiimé , na deílillaçao vão apparecendo
eltes diíferentes produ&os na feguinte or-
,
ou Canjlico antimo-
nial ,
praticando-fe do modo, que he in-
CAPITULO X.
* •
Da Sublimação.
- . 1
'
• s. . .
• ‘
1
( 37 )
pódc conhecer ;
pois que na deítillação fe
feparão as partes voláteis ,
que fe procu-
rao ,
em fórma liquida •
e na Sublimação
fe obtem em fórma fecca : e conforme a
fubítancia fublimada tem maior ,
ou mc*
nor denfidade ,
afiim he diverfo o nome,
que lhe dão. Chamão Flores quando em
fórma de frocos ,
de agulhas tenuiííimas
ou de lã fe ajuntão no vafo fublimatorio >
mar ;
para feparar partes voláteis das fi-
xas ,
a que eítejao unidas ;
para unir as
mefmas voláteis com outras de igual vo-
latilidade ;
e até para unir fubítancias fi-
blimar ,
como também a diverfa volatili-
>
CAPITULO XI.
Da Calema cao.
> l y,i/j y,i\j
Q
tal modo
dos menifruos
fe aparta
huma
de feu antigo eftado,
fubítancia
,
ou pela
de
e confiítencia ,
que fe reduz a pó ,
o.u a
S ii hu-
(
» 4° )
fe torra* US-
( i4i )
USTÁO ,
ou COMBUSTÃO ferve
também paia aquellas fubítancias
,
que fe
DECREPITAÇÃO he própria do
Sal commum ,
ou marino ,
quando expoíto
ao calor do fogo em vafo deítapado ,
fe
( 14 * )l
A DETONAÇÃO do Nitro ,
que
fe faz miíturando-o com fubífancias in-
fa ,
ou Filofofica ,
também em
diífcrindo
pouco ,
diífere com tudo no modo , por
que fe faz. Os corpos ,
que aífim fe defe-
jáo calcinados ,
fe cxpóem ao vapor, ou
fumo de menítruo corrofivo ,
ou de outro
capaz de defmanchar a união dos ditos
corpos, atacando o principio, que une as
fuas partes conífitutivas ;
e ifio fe execu-
ta ou ao mefmo ar livre ,
ou íufpcndendo
os corpos fó por li
,
ou dentro em facco
de panno de linho dentro da cucurbita
d’hum alambique ;
ou ao vapor de agua
fervendo ,
fe elles sáo de natureza tal
íhncias mineraes ,
deflroe-lhes pela acção
~
CAPITULO XII.
Da Fusão ,
e Vitrificaçao.
Os
( 144 )
tnonio.
TERCEIRA PARTE.
Da Mijlura ,
ou Compofiçao dos medica-
mentos.
A
D uniáo de diverfos medicamentos
íimplices
aqui fe tem dito
ção de medicamentos já compoílos
,
preparados
,
ou da combina-
como
,
reful-
até
ta a Compqfiçao ,
e Mijlura delles: e da di-
verfa coníiftencia de todos vem a differen-
ça de fórma liquida ,
molle ,
e dura ,
ou fec-
ca.
( 143 )
formulas ,
e exemplos fe acharáò no Se-
gundo Tomo ,
ha muitas ,
ds quaes por
juílo titulo pode competir o nome de
CompofiçÕes ,
ou Mj/luras ;
porém eíta de-
nominação tem fido propriamente refer-
vada para aqucllas combinações, quepre-
iuppõem preparações antecedentes ,
ou
fimplesmente mecanicas ,
ou ChymicaSy
das quaes combinações refulta hum medi-
camento compojlo . He poriífo, que fe ajun-
tou eíte titulo a todas aquellas formulas
de medicamentos preparados ,
nas quaes
ha mais fubítancias do que aquella ,
que
conítitue a bafe
,
que lhes dá o primeiro
Tom. L T no-
( ná)
nome. Das compoílçócs Pharmaceuticas,
a que proximamente fe chega á razão de
Preparação Chymica he acompofição dos
diíferentcs Sabões ,
e por tanto começa-
remos a tratar delles.
CAPITULO L
Dos Sabões*
T
ou
Oda
com
volátil •
a
fal
combinação de qualquer olea
alcalino ,
,
ou
menos fecca ,
molle, ou liquida ;
a qual
combinação feita ,
fe una com os oleos,
e com a agua ,
e faça unir eílas duas fub-
ftancias ,
fendo também diífoluvel em ef-
titulo de alcalino r ,
ou ácidos ; fixos , ou vo-
láteis , ou femimlateis , fegundo a natureza
das fubílancias ,
que entrao neíla compo-
íição : chamando-fe ácidos ,
ou alcalinos
aquelles ,
que são feitos com femelhantes
íaes ;
fixos aquelles ,
cujos ingredientes
tem tal natureza; voláteis
,
quando aflim o
oleo ,
como o fal são voláteis ;
femivola-
teis ,
fe hum fó delles he volátil, e o ouJ
tro he fixo.
macopeias. ,
e fummamente diificil de fe
confeguir ,
tem confumido o tempo ,
e il-
muda de virtudes ,
(o que he fácil de
T ii pre-
( >48 )
de fe fazer ,
qual he o Sabão acido ;
o qual
ainda não tem fido incluído nas formulas
Oíficinaes de alguma outra Pharmacooeia ,
fenão deita ,
e cuja formula fe achará no
feu lugar competente. Efperamos ,
que
as repetidas experiencias feitas com as
cautelas ,
que são neceíTarias , e que fe
:
pro-
,;
( *49 )
alcalino ,
mas pingue ,
e alguma coufa
falgado :
7/ de nenhum cheiro ,
ou pou-
co ingrato. Aquelles Artiltas porém ,
que
quizerem fazer eíte Sabão deítinado para
o ufo Medicinal ,
acharáò a formula no
feu competente lugar.
CA-
( u° )
CAPITULO II.
Das Efpecies.
E
outra
Sta qualidade de medicamento
temporâneo
coufa mais
,
ou Magiftral
do que a miftura
,
não he
ex-
de
,
muitos fimplices ,
cortados ,
e machuca-
dos ,
para delles fe fazerem infusões ,
ou
cozimentos. São eiles fimplices do Reino
Vegetal ordinariamente ,
poucas vezes do
Reino Animal , e pouquiílimas do Mineral.
Tempo houve ,
em que fe deo elle nome
ás compofiçóes ,
a que agora fe dá o ver-
dadeiro nome de Pós compoftos. Quando
fe receitao determinadas plantas, ou fuas
partes ,
e fe conclue a receita ,
ajuntando
Façao-fe Efpecies S. A. ,
he neceflario : i.®
CAPITULO III.
Do Xarope ,
Mel, e Oxymel , e Looch.
O Xarope he
que
cozimentos com aíTucar
fe faz
hum medicamento
dos çumos, infusões, ou
,
para fe uíar
fluido,
fó
( »f* )
feja ,
ou o Xarope fe faça ao fogo ,
ou
nao. A razão he, porque nao fendo qual-
quer das duas fubítancias muito purifica-
da ,
ellas são muito expoftas a fermentar
em fe ajuntando com as partes extrafHvas
42 ,
e fe ferva depois até. ficar na confif-
tencia própria de Xarope. Efta fervura
ou
( *S) )
rmes ,
que os diílingão entre íi. i.° Co-
ze-fe o aíTucar afiim desfeito ,
e clarifica-
do, até que lançando-fe huma gotta fobre
pedra fria
,
e limpa ,
ou fobre hum prato
de louça ,
ou de eítanho ,
fique pegada ,
hiclinando-a ,
para que fe entorne : íè o
que cahe fe reduz a fios ,
que voão ,
ou
como a frocos de neve, eftá o aíTucar per-
feitamente cozido ;
e quanto maiores ,
e
He melhor ,
e mais expedito fazer
' Tom. I. V
( )
fação de fubílancias ,
cujos principios são
fixos ,
ou das que os poíTuem voláteis. À
quantidade do aílucar para o liquido ain-
da que gcralmente fe tenha eíhbelecido
dobrada ,
tem todavia eíta regra fuas ex-
cepçócs. Tacs sao as feguintes. I. Para
dezefete onças de qualquer infusão ,
co-
zimento ,
ou çumo aquoíb ,
não havendo
de fe evaporar coufa alguma ,
fe toma-
rão duas libras civis de aílucar purificado ,
(
iyí
tos fubacidos ,
fe não fação em vafos dc
cobre nem mefmo nos que sao ellanha-
,
1
retido no çumo ,
infusão ,
ou cozimento
fe deve clarificar tudo; menos que o Xa-
rope feja de M.econio ,
Diacodio ,
ou Papoi-
las. brancas ,
o qual nunca fe deve clarifi-
car ;
e para evitar qualquer defeuido ,
fe
ficação ;
e tomando n’huma colher huma
pequena quantidade ,
e inclinando-a ,
para
que o Xarope caia : fe fe forma na mar-
gem da colher huma lagrima ,
tem o pon-
to neceífario. Também efte fe conhece
afibprando fobre huma quantidade peque-
V ii na
:
(
! 56 )
rece fugir ,
e encolher-fe para ao bordo
da colher. Eíl e peuto , e coníiílencia devi-
da he muito precifo fer bem examinado,
para que o Xarope fe conferve liquido ,
e
fe nao crydallize.
Para fe fazer o Mel medicinal o pro-
eeíTo he o mefmo ,
que para os Xaropes
fó com differença no modo de examinar
o ponto ,
porque efte fe examina de duas
maneiras: i.° lançando huma pequena por-
ção do Mel ,
que íe eftá cozendo ,
n’hum
prato frio ,
e fe deixa em defeanço até
que arrefeça ,
e depois de esfriado fe di-
(
i57 )
mafía molle ,
fem que falte em pequenas
gottas, como fazem as fubftancias mais li-
(
iy« )
tempo ,
que podem confervar-fe ellas com-
poíiçôes fem alteração, pouco pòdc exce-
der de hum anno ,
e por iífo fe hão de
renovar todos os annos ao menos.
Da miílura dos diíferentes Xaropes
femelhantes ,
refulta huma compofiçao dc
confiftencia entre xarope ,
e ele&uario, a
I 5'9
( )
deixão á intelligencia ,
e arbítrio do Bo-
ticário ,
debaixo da íimples palavra mijiu-
re-fe ,
ou fem determinar a quantidade do
aíTucar ,
fe receita deite quanto bajie ,
e F.
S. A. ,
he preciíb advertir: i.° Que ,
fe fe
/
( lio)
;
de aíTucar refinado em pó ,
e alguns pós
de Alcatira ,
ou Goma Arabia : bem en-
tendido ,
que antes o Looch feja mais ef-
• , * j í
CAPITULO
i i . . i
IV.
• r
Da Emulsão .
D Á-fe o
lidade de
fo-aquofo, cor de leite, feito de fubítan-
nome de Emulsão
medicamento liquido, oleo-
áquella qua-
ftancias ,
que fendo oleofas ,
são muito
dif-
C 161 )
cos ,
e deípidos das fuas cafcas ,
c que
não tenhão adquirido fabor acre ,
fendo
alteradas pelo tempo ,
ou pelo máo modo
da fua colheita ,
e çonfervação.
3. a
O menítruo da Emulsão deve fer
Tom. I. X de
( )
media ,
e alguma coufa efpejjd. A média he
a recomniendavel : ncíla para huma libra
As fementes ,
ou caroços limpos;
de fuas cafcas, e pelles fe pizem em gral
de
( i8j )
*
Havendo de adoçar-fe a Emul-
7.
são com aífucar, eile fe lhe mifturará de-
pois de coada, fendo purificado; mas feiv
do de outro modo ,
então ajunte-fe a quan-
tidade- determinada no mefmo teifipo ,
em
que fe pizao as fementes emulílvas ;
mif-
ture-fe o liquido ,
e fe coe ,
como dito
he ,
porque no coador ficaráô: as impure-
zas do aífucar. .:<•;? *
a
Quando nas Emulsões verdadei-
ras fe manda ajuntar alguma fubilancia.it>-
X ii dif-
(
1 *>4 )
diííbluvel na agua ,
fem fe declarar o en--
tremeio ,
pelo qual fe polia íufpender ,
v.
famo ,
o Boticário ajuntará a efias fubítan-
miíturará a Emulsão.
a
8. Deita mefma maneira fe faráo as
Emulsões efpurias ,
quando as fubítancias
reíinofas ,
ou goraofo-refmofas fe mandão
miiturar com líquidos aquofos , fem fer
CAPITULO V.
Das Mifturas *
A
>
Simples combinação de medicamen-
tos fluidos deftinados para ufo in-
terno fe dá o geral nome de Mifittra. A
diverfa cor y diverfa quantidade y e
a maior
/ . eL
( iés )
cia.
dos ,
que fazem a bafe da formula ,
do
modo que diílemos fallando da Emulsão. ,
cobre ,
mas nos de pedra ,
ou de vidro,
como para maior aífeio ,
e fegurança fe
! CAPITULO VL
Das Confervas.
*
• * • *•» • .
hum a compoíição
C Onferva he
vegetaes recentes
cortados machucados
,
muito miudamen-
e miíturados
feita de
,te , ,
C í^7 }
fnolle da confíftencia de Cm pies eletua-
rio. Efta fórma de medicamento tem ufa
para fe poder no Inverno ter as plantas
médios.
Para fe confeguirem utilmente os der
fejados fins ,
e boa manufatura das Con-
fervas, he neceíTario advertir: :
c calyces ,
para que na Conferva não ap-
pareção fios.
0
2. Que oaftucar feja refinado, bran-
co, fecco ,
reduzido a pó fino, e penei-
rado. A proporção da quantidade de aífu-
bro ;
mas fe cila tiver muito çumo além
do ordinário ,
então pode cada parte da
planta admittir tres de aiTucar. ,>
3*° Qtie
t
,
( i88 5
0
3. Que a planta ,
ou fuas partes
igual, e uniforme.
0
Que as plantas menos çumaren-
4.
çar ,
fe guardem por efpaço de algumas
femanas em vafo tapado, para fe pizarem
depois de repaífadas do aífucar ,
e fe fa-
é corrupção j
nem por dura venha a fec-
car-fe totalmente.
0
rr
7. Que
( 'b )
e lhes altera ,
e deítroe inteiramente a
natureza. Tem-fe aconfelhado para evitar
eíte incommodo ,
que fe mechao de novo
com efpatula cada femana ,
para fe miíhir
rarem de novo, ainda quando a fermenta-
ção já tem começado ;
o que fe conhece
Tom. I. Y pe-
,
,
(
' 7° )
feccão ,
em pó , e fe guardaa
fe fazem
em vafos de vidro bem tapados. Deite
pó fe faz a Conferva no mefmo tempa ,
fa-
( '7i )
famentc ,
e reduzindo a pafta da coníiftcn-
tar.
CAPITULO VII.
Do EkcUtario ,
e fitas efpecies.
com xarope,
ou de
molle,
e femelhante a terebinthina hum poucò
mais efpeíTa ,
he o que fe chama EleSlua-
Y ii rio :
( J 7* )
dos ^
/
,
( *73 )
dos oleos ,
arrobes ,
xaropes ,
confer-
,
vas efpiritos ,
e tinturas sao a íua ma-
,
to he ,
com poucas excepções ,
ou addi-
ções.
Se no Eleéluario entrão polpas ,
ef-
tas fe efpeífaráõ ,
fazendo-fe-lhes evapo-
rar a humidade fuperflua ,
ou fe cozeráõ
no mel ,
no xarope ,
ou no cozimento
que fe prefcrever ,
até ficarem na devida
( 174 )
vel a proporção ,
que entre humas ,
e ou-
quantidade ,
he miíter advertir ,
que n ao
fomente fe ha de attender ao volume ,
e
natureza das fubítancias feccas, e reduzi-
das a pó ,
mas também á tenuidade ,
ou
efpeífura maior do liquido ,
em que fe
hão de miíturar ,
e formar cm Eleftuarioi
ças ;
fe o liquido for menos efpeífo ,
tres
onças ;
e fe for tenue, quaíí como agua,
duas onças.
Os liquidos ,
que commummente fer-
/
;
( 177 )
)'
(
A facilidade ,
com que mais cedo,
ou mais tarde fe alteráo ,. e corrompem os
Ele&uarios ,
que nas boticas fe guardao
fez que Baiimé fe lembra íle de aconfe-
Ihar a prática ,
que para as confervas
tinha aconfelhado ,
de ter cm vafos de
vidro bem tapados os pós já miílura-
dos, de que ha de fazer-fe o Eleftuario
para fe miíturarem com mel ou xarope ,
commum ,
na occafiao mefma em que fe ,
hao de adminiArar ;
evitando afiim a cor-
rupção dos Eleftuarios ,
e a mudança ,
e
alteraçáo de fuas virtudes medicinaes. Pa-
ra não deixar incompleta a fua judiciofa
obferYaçao ,
havendo notado ,
que nem
todos os pós embebem a mefma porção
de humidade ,
eftabeleceo as feguintes re-
gras :
de xarope ,
ou mel para huma de pós: c
ao fim de vinte e quatro horas tem a
devida confiftencia.
As Gomas-reíínas com igual quanti-
dade do feu pezo.
As refinas ,
e balíamos íeccos com
alguma coufa menos do feu pezo.
Os corpos mineraes metallicos como
são limalha de ferro, a pedra hematites,
o antimonio, &c. com a ametade do feu
pezo.
Os faes alcalinos fixos demandáo do
xarope tão fomente a decima parte de feu
pezo j
e os faes neutros ametade ,
pouco
mais ,
ou menos.
Bcitmé todavia ob ferva, que eftas re-
gras aífim fixas ,
e gera es fomente tem
lugar nos Elefluarios ,
cujos fimplices não
tem acção huns fobre os outros ,
da qual
fe figão novas combinações ,
ou decom-
pofiçóes ,
que fação alterar de dia para
dia a fua confiítencia : porque nefte cafq
fòmente a obfervação do prudente Phar-
maceutico ,
e o eftado do Eleftuario he
Z ii que
,
(
38o )
CAPITULO VIII.
Das Pílulas.
D Á-fe o nome de
huma fórma de medicamento folido f
de huma confifiencia menos molle do que
Pílula ,
ou P ir ala
,
x
a do elefhiario ;
de figura esferiea ;
e do*
tencia ;
e deftinado para fer engolido in*-
(
i8i )
de formar Pílulas ,
aqui he forçofo que fe
temente ,
que fe faça huma maíla igual
uniforme ,
liza ,
e capaz de fe eílender de
algum modo fem partir- fe. Prefere-fe o
xarope a outra qualquer fubítancia liqui-
da ,
ou molle ,
porque a maífa de Pilulas
feita com elle não endurece tão breve-
mente ;
e por iífo a mucilagem nunca
deve fervir para eíle ufo ,
pois que as
Pilulas formadas com ella em poucos dias
adquirem huma dureza de pedra.
Às fubítancias tenazes, como são as
gomas , gomas-reíinas ,
extraflos ,
e ele-
ftuarios hum pouco mais efpeífos ,
e que
já tem por ella razão a coníiftencia analo-
ga á das Pilulas ,
ou fe machuquem com
a mão do gral quente para fe fazer mais
igua-
)
ftancias algumas ha ,
que diíficilmente fe
reduzem pó , como he a canfora , e ou-
a
tar os pós ,
c mifturar- fe tudo da fórma
dita ,
e de modo ,
que a confiftencia feja
( i8 3 )
Vez em quando com algum liquido apro-
precifa ,
para ellas fe formarem. Se efta
maíTa OfEcinal ,
não obftante a cautela ,
fe
maíTa de Pilulas ,
em que entrem polpas
e extra&os ,
ou femelhantes fubíbmeias
que fe não reduzem a pó : podendo aliás
fer de utilidade ,
quando todos os medi-
camentos da compoíição das Pilulas po-
dem reduzir-fe a pó ,
e efte confervar-fe
em vidros bem tapados. Pa-
,,
( = 84 )
íim trabalhada ,
ha huma particular má-
quina ,
da qual póde carecer o Boticário ,
' 4
:
- Tom. I. Aa CA-
(
i8< )
CAPITULO IX.
Vos Trocifcos.
N Âo
êluarios
fenao na figura
dififerem
,
e
e
das pi lulas
dos bolos os
em pouco mais
?
dos ele-
Trocifcos
;
tanto
y
aífim ,
que de antigo tempo tiverao o no-
me de ele&uario folido ,
deflinados para
disfarçar o fabor ingrato de alguns medi-
camentos ;
para fe trazerem na boca nas.
molcftias de língua ,
fauces ,
e fuas vizi-
nhanças ,
em figura de trocifcos ,
paflas ,
ou pafiilhas , morfidos ,
rotulas y
ou rodinhas
triangulares r
orbiculares ,
quadrados ? py-
ramidaes, cylmdrkos, & c. fegundoogof-
to de quem os reduz a forma.
Bem fe vê ,
que em confequencia
quanto fe tem dito fobre o modo de fa-
zer os ele&uarios ,
e pílulas y
tem lugar
para à fafhira dos Trocifcos y
bem adver-
tido ,
que para efies são neceífarios pós
reduzidos á maior tenuidade, edelgadeza
poflivel ,
havendo de fervir para trazer na
bo-
,
;
( )
(
i8S )
defendidos do ar ,
para não humedece-
rem ,
e durão hum anno. Parece efeufado
dizer ,
que fendo eha fórma de medica-
mento analoga ao elefluario, e ás pilulas,
fe podem ter os pós ingredientes miílura-
dos ,
e guardados para fe formar Trocif-
cos na occalião ,
em que fe pedem.
Para os Morfulcs recommcnda-fe que
,
fejao folidos ,
quebradiços ,
e a fua con-
4
fif-
. , . 4
,
( i8j> )
do ,
fem haver adquirido empyreuma ,
fe
lance fobre pedra fria plana ,
e horizon-
tal ,
aonde depois de fria a maífa ,
ou
próxima a esfriar de todo, fe formará da
figura que fe quizer. Entrando nefta com-
poíição çumos azedos ,
em vez dos vafos
de metal ,
fe ufe dos de barro não vidra-
dos. i
C 1 9o )
CAPITULO X.
Da Cataplafma.
• *
. !
t
j
•
•;
; ;
A
de papas
Cataplafma
Magiftral
,
( cujo
,
he
molle
nome também tem )
hum medicamento
,
de conliJftencia
coherente ,
e que fe não derrete com o
calor. Ha Cataplafmas cruas ,
e cozidas,
fegundo o modo ,
por que são feitas. A
humas ,
e outras dão matéria todos os
tres Reinos da Natureza ,
mas muito par-
ticularmente o Reino Vegetal em toda a
íua extensão. O Reino Animal poucas fub-
ftancias fubminillra ;
e o Mineral apenas
os preparados do chumbo.
A Cataplafma crua para fe fazer não
he precifo outro algum trabalho ,
do que
pizar ,
e reduzir a confiftencia de papas
em gral de pedra com mao depáo as her-
vas ,
raizes ,
ou frutos ,
quando são recen-
tes ,
fe nada mais entra na cataplafma. Se
na falta de vegetaes recentes fe hão de
empregar os feccos ,
então fe amollecem
pri-'
( )
quido ,
e mechidos com efpatula fem in-
terrupção ,
até que fe formem papas de
igual, e uniforme confifíencía ,
como di-
to he.
Daqui fe infere, que a matéria, que
ha de fervir para as Cataplafmas cruas,
ou cozidas ,
deve fer de fua natureza mol-
le ,
ou fazer- fe tal pela Arte ;
e que por
çm
( )
tem os medicamentos ,
que houver feitos
em pó ,
mechendo-fe com efpatula ,
ao
mefmo tempo que vagarofamente fe vão
lançando os pós ,
afim de que fiquem
uniformemente diílribuidos por toda a Ca-
taplafma. Se ella fica menos molle ,
do
que he proprio ,
ajunta-fe-lhe huma por-
ção do cozimento coado baftante para
abrandar, a confiftencia da maífa ;
e fe e fi-
fiftencia devida ;
mechendo entre tanto
continuamente com efpatula de pão, para
que nao adquira empyreuma ,
queimam
do-fe.
.
As fubftancias duras ,
que não podem
cozer-fe até o ponto indicado ,
e as aro-
maticas ,
que perderião a fua natureza ,
e
propriedades ,
cozendo-fe ,
fe fação em
pó >
,,
( 193 )
diíferença ,
que as fubítancias não aroma-
ticas fe ajuntem em todo o tempo ;
as
ma ,
ou quaíi fria. O mefmo fe entenda
dos oleos eífenciaes ,
efpirito de vinho,
tinturas ,
e femelhantes ,
que por ventura
hajão de fe ajuntar. Havendo de fe ajun-
fas ,
e os frutos ,
taes como as maçans
não fe cozão ,
mas aífem-fe debaixo de
cinzas quentes ,
e fe pizem igualmente
com as fubítancias ,
que forão cozidas : e
fendo da formula a addição de unguentos,
gema de ovo ,
e algumas outras fubítan-
cias untofas ,
eftas fe miíturem ,
quando
ainda a Cataplafma eíliver tépida.
Receitando-fe qualquer Cataplafma
determinando os ingredientes delia fetn
determinação das quantidades de cada
hum e deixando-fe
,
eíles ao arbitrio do
Tom.L Bb Bo-
( >94 )
Da mefma maneira ,
que para as
CA-
;
C »9sr )
CAPITULO XI.
Do 'Linimento.
oleos eífenciaes ;
fabáo; mel; mucilagens ;
cia juíta ,
c devida do Linimento tem o
exemplo na miílura de quatro onças de
azeite ,
em que feja derretida huma onça
de cera.
dos ,
nada mais fe precifa para fe fazer
do que miíturarem-fe os ingredientes : fe
te a gema de ovo ,
para que fe pofla
igualmente diíhibuir fem fe coalhar»
En-
,,
( 197 )
nas ,
gomas-reíinas ,
ccra ,
e emplaílros
fe combinão ,
também fe devem desfazer
ao fogo dentro dos oleos ,
que fem perda
de fuas qualidades podem fupportar o ca-
lor. E ultimamente ,
fe a efta combinação
feita tem de fe ajuntar fubftancias efpi-
rituofas ,
aromaticas ,
e oleos eífenciaes
frio o Linimento : e ,
conforme for a na-
CAPITULO XIL
Do Unguento -
.
‘ '
• •*
, ,
\» ' • r ••
t « -
1
1
D
tro
E fubftancias também
gues, como o linimento,
medicamento para ufo externo
oleofas, e pin-
fe faz ou-
mas
;
de coníiítencia tal ,
que nem fe coalhe y e
en-
( r 98 )
( i?9 )
íamos naturaes ,
refinas, alcanfor, almif-
car ,
e femelhantes : e o de Pomada teve
origem antigamente da addiçao das ma-
çans j
hoje dá-fe ede nome nao fomente a
qualquer Unguento de cheiro agradavel
mas a outros de ufo ccfmetico.
Do que fe tem dito íe conhece qual
he a matéria dos Unguentos ,
a fua con-
fidencia ,
e o modo de íe fazerem ,
de
forma, que pouco reda para accrefcentar,
que feja peculiar a cada huma dedas ef-
(
200 )
d’ ovo ,
enxúndia ,
ou algum unguento,
que haja dc fer ingrediente da compofi-
ção, que fe quer fazer, triturando-fe mui-
to bem em gral de pedra com mão de pão.
Havendo pós ,
que fe ajuntem ao Ungu-
ento ,
fe elles sao em tanta quantidade
pelo contrario ,
fendo ella mais molle ,
e
rala, fe efpelfe mais pela miftura de nova
quantidade de pós, ou cera.
A definição, que dêmos do Unguen-
to cozido ,
inculca a neceílidade ,
que ha
na fua fa£lura de ter em viíta ,
e execu-
tar quanto fe diífe dos oleos feitos por
cozimento, e ajuntar-lhes depois as mais
fubílancias, que nelle fe podem derreter,
que fe oxhale ,
e confuma a humidade , o
que bem fe conhece pelos feus finaes.
Tanto jjihuns ,
como n’ outros Unguen-
tos ,
fe fubílancias ,
de que elles fe
com-
. ,
( *01 )
compõem ,
nao são inteiramente i Tentas
de matérias cfiranhas ,
que as fazem me-
nos puras, em eftando tudo derretido, fe
coe por fedaço ,
e depois fe lhe ajuntem
os pós ,
fe a receita os pede. O modo de
ajuntar os pós he lançando-os em peque-
na porção ,
e efpalhando-os por toda a
fuperficie do Unguento ,
como fe faria
quida ;
mas ao mefrao tempo mechendo
continuamente tudo ,
e fem defcançar com
efpatula de páo, até que chegue de todò
a esfriar.
nição fe diíTe ;
o Balfamo cfpefjb porém he
feito a fogo ,
ou por íimples miftura ao
frio. He feito a fogo aquelle, que confia
de azeite ,
enxofre ,
alambre ,
fal de chum-
bo ,
ou femelhantes ,
fervendo no azeite
cadahuma defias matérias ,
até adquiri-
porada ,
fe evapore fegundo as leis da
Arte. Se porém ,
para fe lavar ,
e fazer
branca a Pomada ,
fe manda ajuntar agua
pura ,
ou alguma deítillada ,
com ella fe
fiítencias ,
a faber ,
liquidas y molles ,
e
fec-
(
2 °3 )
feccas ,
tem difficuldade aílinar os limites
da coníiftencia devida ,
marcando a pro-
porção deftas difíerentes fubftancias. As
molles em qualquer proporção tem a de-
vida coníiftencia. Parahuma onça de azei-
te ,
duas até tres oitavas de cera ,
ou de
coufa femelhante farão hum Unguento de
devida coníiftencia mas havendo de fe
;
ajuntar pós ,
ou alguma matéria mais fec-
ca ,
deve-fe diminuir a quantidade da ce-
ra ?
e proporcionar tudo de maneira ,
que
fe configa huma jufta molleza ,
e mais ca-
•
CAPITULO *
t
XIII.
Do Emplajlro.
Cc ii dL
( 104 )
e fe derrete ,
e fe pega facilmente aflim
ao couro ,
ou panno ,
fobre o qual fe ef-
tende, como á parte do corpo, á qual fc
cios, fabao ,
pós de fubítancias de todos
os Pveinos da Natureza ,
e caes metalli-
cas ;
e fegundo a fua diverfa dureza ,
ou
molleza ,
c mefmo fegundo a forma ,
por
que são applicados ,
fc lhe dão diverfos
nomes. Emplaflro ,
ou Ceroto folião sao os,
fe involvem de maneira ,
que fiquem de
for-
( *oy )
I
(
20 6 )
períicies ao ar ,
e fc facilita a evaporação
ceira ,
e mais quantidades ,
fendo neceíla-
rias ,
efperando que cada huma delias fe
haja inteiramente evaporado. A nova agua ,
que fc ajunta ,
deve fer quente ,.
para nao
retardar a operação começada ,
e para evi-
metallica ,
mechendo com a efpatula :
0
3. huma pequena porção deita miítura
lan-
,:
( 207 )
liquida :
$.° batida com a efpatula muito
levemente, fe levantao frocos de efcuma
femelhantes aos de fabão batido com agua.
Cozida aílim a cal metallica ,
e conhecido
o cozimento por eíles ditos íinaes ,
he
então que fe ajuntao o pêz ,
refinas ,
fe-
bo ,
gomas, e os pós, ou outros ingredi-
entes, que da receita fejão ,
pelo mefmo
modo, que diífemos no Capitulo antece-
dente.
Porém para evitar toda a equivoca-
çao ,
e incerteza na ordem ,
em que os
ingredientes fe devem fucceder huns a
outros, efte he o procefib geral. i.°) Der-
retem-fe as fubítancias pingues mifturadas
com as mais tenazes a fogo brando ;
de-
pois i.°) fe ajuntao os oleos ,
e outros lí-
( 2o8 )
0
vinagre ,
ou cm terebinthina : e 4. ) eva-
porada a humidade ,
(e conhecida pelos
íinaes ,
que dêmos ,
tratando dos Oleos co-
Secção fegunda ,
pag. 77.) fe ajuntão os pós
pelo modo ,
que fe mandão ajuntar aos
0
unguentos. 5'.
)
Tudo o que he volátil fe
ajunta ,
quando he já esfriado o Emplaf-
tro ;
e o azougue ,
mortificado primeira-
mente com terebinthina, fe miftura eftan-
mediana ,
ou dura : e aílim
cera ,
J pós.
Huma onça onça e maia 1 íeis oitavas de
Bem entendido ,
que fe deve attender á
analogia ,
que entre fi tem as fubftancias
pin-
,
( 2 °9 )
boa ,
que fomente tem ufo para o Phar-
maceutico fe governar naquellas formu-
las, em que, nomeados os íimplices, fe
gulo agudiílimo ,
e de mais de hum pal-
mo ,
ou palmo e meio de comprimento:
efta fe mergulhe na maíTa cmplaíhica der-
retida deforma, que fe enfope por igual
tire-fe para fora do liquido ,
c fe deixe
nelle efeorrer ,
pegando-lhe pela bafe do
triângulo ,
ou pela fua extremidade mais
larga. Em citando quaf frio o panno em-
bebido ,
e capaz de fe enrolar ,
com os
dedos fe comece eíta operação ,
e depois
ga 3
:
(
211 )
gar ,
para que íe forme a Detinha ,
ou Bugia
de diverfo tamanho ,
e groífura ,
mas em
toda a extensão bem liza. Pelo que per-
tence á groíTura delias ,
efta fe determina
fegundo a largura da cavidade ,
para a qual
fe deítinao ;
e em confequencia também
fe talha mais ,
ou menos larga a tira de
panno, que fe ha de enfopar ,
e da qual
ao depois fe formará a Velinha.
T A B O A
Da diverfa quantidade dos vários faes de ufo
medicinal ,
que fe dijfolve nhwna dada
.
quantidade de agua ,
fendo o . calor da
atmosfera de 50 grãos do Thermometro de
Farenheit ,
conforme as obferva coes de SPF
.
ELMANN.
324.
— de Tartaro, ou Alcali vegetal 240*
Tartaro tartarizado, ou foluvel - 212,
Dd ii De
(
111 )
Sal -------
gcmma
, ,
200.
— Ammoniaco ----- 176.
— Comraum ------ 170.
. — De -----
Glauber 168.
,í. —
>
DigciHvo de Sylvio - - - 160.
•
— De -137.
Seignette - - - -
relativamente no liquido ,
e ás quantida-
des ,
que antes da miílura nelle fe diíTol-
viao.
T A B O A
Das afinidades das diferentes fnbftancias , fe-
gundo LEWIS
N. B. A fubftancia, que ferve de titulo a cada hum
dos artigos efcrito em letra grifa ,
tem maior affinida-
de com a fubftancia ,
que lhe fica immediata ; menor
com a fcgunda ;
e affim cada vez menor á proporção
da diftancia , cm que fica cada huma dcftas.
Todas as vezes ,
que fe achão unidas duas fub-
ftancias ,
fe fe ajunta terceira fubftancia ,
que tenha
maior affinidade com huma delias ,
une-fe com ella ,
reas ,
ou alguma das outras fubftancias ,
que na Lifta
tem primeiro lugar , do que o ferro , efta fe combi-
nará com o acido, largando elle o ferro e refultará ;
I. signa*
. '
( 114 )
I. Agua.
Sal alcalino fixo.
Efpirito infiammavel.
II. Agtuu
Efpirito infiammavel.
Sal alcalino volátil.
III. Agita.
Efpirito infiammavel.
Vários compoflos falinos.
*
IV. Efpirito ittjlammaveL
*/
.•
Agua. .
Oleos, e Refinas.
V. Acido
-
Vitriolico
O principio infiammavel.
Cobre.
Prata.
VI. Acido Nitrofo.
Principio infiammavel.
Saes alcalinos fixos.
( )
Zinco.
Ferro.
Cobre.
Chumbo.
Mercúrio.
Prata.
Alcanfôr.
VIL Acido marinho.
Saes alcalinos fixos.
Mercúrio.
)
Ferro.
Cobre.
IX. Soes alcalinos .
Acido Vitriolico.
Nitro fo.
Marinho.
Vinagre.
Tartaro crú.
Oleos ,
e Enxofre.
X. Terras foluveis.
Acido Vitriolico.
Marinho.
Nitrofo.
XI. Principio 'inflammavel.
Acido Nitrofo.
Vitriolico.
Subftancias metallicas.
Saes alcalinos fixos.
XII. Enxofre .
Sal alcalino fixo, e a Cal.
Ferro.
Cobre.
Chumbo.
( *17 )
Prata.
Régulo de Antimonio.
Azougue.
Arfenico.
XIII. Ouro.
Ether.
Ácidos.
XIV. Azougue.
Acido Marinho.
Vitriolico.
Nitrofo.
XV. Chumbo .
Acido Vitriolico.
Marinho.
Nitrofo.
Vinagre.
Olcos.
XVI. Prata .
Acido Marinho.
Vitriolico.
Nitrofo.
XVII. Cobre.
Acido Vitriolico.
Marinho.
Tom. I. Ee Aci-
#
(
“8 .
)
Acido Nitroíb.
XVIII. Ferro.
Acido Vitriolico.
Marinho.
‘
Nitro fo.
XIX. Régulo cVAntimcnio.
Acido Vitriolico.
Nitrofo.
Marinho.
LISTA
Das abbreviatiiras ,
e carafteres Cbymicos.
F-IS.
Marinho -----
Nitrofo • - +0.N.0'
- - - -
Vitriolico - - - -
Agua - -- -- -- --
——*
ardente ------- ^
de chuva ------ \P
de fonte ----- S/Font.
( )
Arfenico - -- -- -- -• oo§
Azougue, veja-fe Mercúrio.
Banho de areia - - - -
de Maria ----- BM
de Vapor ------
Borax . ou Trincai - - - -
Bifmutho - -- -- -- - W
Cadinho - -------
-
Cal em geral - -- -- -- C
— metailica - -- -- CM -
— ---------Sp
viva
Caput mortuum ------ ç*)
Caranguejos -------
Chumbo ou Saturno ^
Cinnabre
,
------- ê*IÉ-3S
Ee ii Cin-
.
(
220 )
------ vQ
Cinzas clavelladas - -
Cobre ,
7
ou Venus ~T“
Corno de veado - - - - - CC
queimado - - CCV
Cucurbita - -- -- -- Z\.cc
Deílillar -------
Dia ---------- cT
Dia , -------
e noite Cfo
Enxofre -- -- --
- -
alcoholizado - -
re£iificado - -
"y
Flores - -- -- -- -- PL
Fogo --------- A
de reverberio ©.ZR - - - -
Garrafa ------ -- ^ -
Goma --------- G
Herva - -- -- -- - _Hb
Ho-
(
MI )
Hora ----- X
Júpiter, veja-fe Eílanho.
Kobalto - -- -- -- - K
Magnefia - - -
-
-
-
------ T M
Maffa de pirolas M?
Marte, veja-fe Ferro.
Mercúrio - - - - «
precipitado - --
íublimado ^.y=o=
Mez - - '
- - - -
'
0
Nitro ----- ©
Noite ----.- - '
P
Numero - - - - - - - - N.°
Oleo ----- o°o
Ourina - - - - - - - - CD
Ouro, ou Sol - - - - - - - O
Ouropimente - - - - - - o=o.^f
Pedra ahume - - - _ _ - - o
Por deliquio - - - - - - - p. d.
Phlogifto - - - - - - c^b
Prata, ou Lua - -
l-D
Preparado _ _ -
Pò ----- $£
Quanto baile - - - ;
! - - - - q. b.
Quan-
(
222 )
vis - - - - - - - - q. v.
Régulo - - - - - - - - -
— de Antimonio eílrellado -
- - -
Eílrellado - XX
Retortas ----- - - - o^>
Sabao - - - - - - -
•
Sal em geral - - - -
o
— Alcali, veja-fe Alcali.
— Awvmoniaco - - - ----- |
— Fixo - - - - - 0^
— Gema -----
-
8
— Sedaíivo - - - - - - - ss
- Volátil ----- Ov0v//e
Saturno ,
veja-fe Chumbo.
Sem vinho - - - - - - - - SV
Signatura ----- - - - - s
Sol ,
veja-fe Ouro.
Subílancia metallica - - - - - SM
Sublimar ~ - - - - -
Talco ------ X
Tartaro ^ - - - ^
Terra - - - - - - ~ - A
Ter-
'
( )
de pederneira ,
ou vitrifcivel ^e
Tintura - -- -- -- -
Tutia ---------
Venus ?
veja-fe Cobre.
Verdete - -- -- -- - fp
Vidro - -- -- -- -
Vinagre - -- -- -- -
deíhllado - - - - -
Vinho --------- V.
Vitriolo - -- -- -- - ©v
azul
de Cobre
de Venus
de Ferro
de Marte ©x/cT
V erde
Branco
dH/X
de Zinco > >
Volátil 'O.Jl
Zinco X%>
,
(
22 4 )
ÍNDICE
Do que fe contém no Primeiro Tomo
ou nos Elementos de Pharmacia.
C Onhecimentos preliminares.
objeflo ,
e fins da Pharmacia. Pag.
Definição
-
i.
,
Vafios ?
e infirmientos Pharmaceuticos. 3 .
PRIMEIRA PARTE.
Da Eleição ,
Colheita ,
Repoíiçao ,
e Du-
ração dos Simplices,
lecçao ,
e arrecadação dos Simplices* 1 2.
SEGUNDA PARTE.
Das Preparações Pharmaceuticas.
Cap. I. Da Pulverização y
e Pos compofios
Ojficinaes. - -- -- -- - 23 .
Cap. II. Da Efprefsão ,
Cumos , e Óleos efi-
premidos. - -- -- -- - 31 .
Cap.
1 ,.
( i2jr ) .
fos menjlruos y
e das operaçoes a efta fubfi-
diarias. - -- -- -- - 46.
Cap. VI. Z>tz Cryflallização ? £ dos Saes. 5 4.
Cap. VIL Da Precipitação. - - - 57.
Cap. VIII. Da Extracção ?
diverfas
66.
ARTIGO III. Infusões feitas em vinho ,
ou
Vinhos medicinaes. - - - - - 6j.
ARTIGO IV. Infusões em azeite
,
ou Oleos
por infusão. - - - - - -
*—
_ yQ .
(
I2Í )
mofos ,
miicilaginofos y
e geleias dos ani-
maes. - -- -- -- -- 8 r.
rejlnofos. - -- -- -- - 90.
ARTIGO III. Dos Extrafios aqueo-efpirituo -
'
•
fos ou gomofo-refinofos. - - - 91.
,
tuofas. - -- -- -- - 104.
ARTIGO IV. Dos Óleos cffenciaes deflilla-
dos. - -- -- -- -- 107.
ARTIGO V. Dos EJpiritos ,
Saes alcali-,
nos voláteis ,
e ^ combinação dejles com os
Efpiritos inflammaveis ,
Oto ejfenciaes ,
5
tillados. - - - - - - - -127..
ARTIGO VIL Dos Efpiritos ácidos. 1 3 1
4R--
.
(
I2 7 )
dos. ------- - - 13 3.
TERCEIRA PARTE.
Da Miílura ou Compoíição dos medica-
mentos.
,
------- - 144.
Cap. I. Dos Sabões. - - - - - 146.
Cap. II. Das Efpecies. - - - - i^o..
Looch. - - - - - - - - 5 1.
1
17 1,
Cap. VIII. Das Eilulas. - 180.
Cap. IX. Dos Trocifcos, - 1 8 d.
TA-
1
elmann. - - - - - - - - 21 .
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