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TEORIAS DO JORNALISMO:

UM PANORAMA GERAL E HISTÓRICO

Prof.ª Drª. Noêmia Félix da Silva


Linhas de investigação do jornalismo
 Ponto de partida:
 Responder o porque das notícias são como são.
 Principais linhas de investigação sobre o jornalismo
no fim do século XX.

 Produção de uma vasta literatura sobre o


jornalismo enquanto objeto de estudo.
Jornalismo como campo científico
 Os estudos do jornalismo constitui um campo
científico de longas tradições, apesar dos
jornalistas ignorarem estes estudos por acharem
que tudo sabem sobre o seu ofício.

“Desconhecer a história é permanecer criança para


sempre” (filósofo romano – Cícero).
Jornalismo e universidade
 Século XIX – o jornalismo começa a ter espaço nas
universidades (EUA e França).
 Século XX – cursos universitários, pós-graduações
(mestrados e doutorados)
 Em 1910 – Escola de Chicago
 Tese de doutorado sobre o papel social do jornal
 Max Weber (1918) estudou notícias.
 Robert Park – estudou a natureza das notícias
(1922)
Jornalismo e pesquisa
 Walter Lippmann (1922)
 Antecipa em 50 anos a
hipótese do agendamento
 A imprensa é a principal
ligação entre os
acontecimentos do mundo e
as imagens desses
acontecimentos nas nossas
mentes.
Mídia e jornalismo
 Os estudos sobre mídia e jornalismo se misturam
nas pesquisas.
 Os objetos de estudos da mídia são na sua maioria
do próprio jornalismo.
 1940 – Lazarfeld – processo eleitora e voto dos
cidadãos.
 Lideres de opinião
 Nega o poder do jornalismo.
Importância do jornalismo
“Os estudos do trabalho jornalístico são
cruciais para o estudo da questões públicas
porque oferecem a chave para a
compreensão de como questões específicas
são enquadradas e oferecidas ao público”
(Kosicki)
Estudos do jornalismo na década de
1950
 Revista acadêmica mais antiga sobre os estudos do
jornalismo
 Journalism Quartely – artigo do David Manning
White (gatekeeper).
 Processos de escolhas, onde o fluxo de notícias tem
que passar por diversos “portões”, que são
momentos de decisões em relação os quais o
gatekeeper (o jornalista) tem que decidir se vai
escolher este ou as notícias e deixar passar ou não.
Métodos de pesquisa
 1950 – investigação qualitativa e quantifiva
 Metodologia dominante: análise de conteúdo

 1955 – 1ª abordagem sociológica é realizada pelo


Warren Breed (teoria organizacional).
Estudos da década de 1950
 Marcada pelos 1º estudos sobre:
1) Circulação da informação ao nível mundial;
Conclusão: dependências dos países do 3º mundo das
noticias das agências internacionais.
2) Investigação comparativa dos jornais:
Galting e Ruge (1965) – 1ª reflexão teórica sobre um
dos aspectos fundamentais do trabalho jornalístico
(questão dos valores-notícia na seleção dos
acontecimentos.
Estudos do jornalismo na década de
1960
 Grande boom dos estudos de jornalismo
 Comunidade acadêmica passar a estudar a
imprensa e o jornalismo
 Aumento do papel crescente da mídia nas
sociedades modernas, em especial a TV.
 Impacto deste nova mídia na política.
Contexto histórico-social de 1960:
 Crise social nos países capitalistas;
 Os diversos protestos contra a autoridade (Maio
68, luta contra a Guerra do Vietnã)
 Estes movimentos possibilitam a descoberta do
individuo e liberdades individuais e vão contra
valores dominantes da sociedade de consumo,
inclusive o jornalismo e a comunidade jornalística.
 Emerge o novo jornalismo (jornalismo literário)
Novo jornalismo (news journalism)
 Questionando as formas sagradas das noticias e
sacudiu os dogmas tradicionais, como a
objetividade, que ajudavam a orientar a atividade
jornalistica.
 Novas perguntas: a importância da ideologia.
 Influência de autores marxista e estruturaralistas
 Barthes, Stuar Hall, gramsci, entre outros.
 Problemas da linguagem (escola da semiótica)
Conceito de ideologia
 Ideologia é um conjunto de ideias ou pensamentos
de uma pessoa ou de um grupo de indivíduos.
 A ideologia pode estar ligada a ações políticas,
econômicas e sociais.
 O termo ideologia foi usado de forma marcante
pelo filósofo Antoine Destutt de Tracy.
Nova fase dos estudos do jornalismo

Nível do
indivíduos

Nível
organizacional

Nível da
comunidade
profissional
Nova fase de investigação
 A relação entre o jornalismo e a sociedade
conquista uma dimensão central:
 O estudo do jornalismo se debruça sobre as
implicações políticas e sociais da atividade
jornalística, o papel social das notícias, e a
capacidade do 4º poder em corresponder às
enormes expectativas de si depositadas pela
própria teoria democrática.
Novos estudos
 1) alguns estudos ampliam as investigações iniciais
de Breed e apontam a influencia da organização
no trabalho jornalístico;
 2) Outros examinam o peso do fator econômico nos
jornais;
 3) outro filão de investigação examina os próprios
jornalistas (composição sociológica, estrutura e
valores) e do jornalista enquanto profissão.
Novos filões de investigação
 A questão das relações com as fontes e jornalistas
ganham importância.
 As notícias como narrativas e a percepção do
jornalista como “contador de histórias” (Tuchman).
 1980/90: os estudos passam explorar de forma
mais profunda todas as frentes de investigação e
criam novas revistas acadêmicas especifica sobre o
jornalismo.
Jornalismo é escrutinado
 Surge os questionamentos se há ou não
distorções na informação jornalística:
1) pelo dos valores positivistas da verdade;
2) O papel central de valores como objetividade,
equilíbrio e imparcialidade (ideologia jornalística);
3)Crescente importância do desempenho da mídia e
do jornalismo no tecido social e na luta política;
Novo filão de investigação em 1970
 Estudos da parcialidade (news bias studies):
 Parcialidade X objetividade
 Hacket (Teorias da ação política)
 Os cidadãos associam ao papel do jornalismo e
são consagrados nas leis e normas profissionais.
 Presente na mitologia do jornalista como “servidor
público”, como “cão de guarda”, como heróis que
procura a verdade e lutam contra os abusos de
poder.
Estudos da parcialidade
 Parte do principio de que as noticias devem refletir
a realidade sem distorção.
 A questão de pesquisa é se há ou não distorção
partindo da ideia de que é possível reproduzir a
realidade.
Inúmeros estudos e conclusões diferentes e opostas
1ª vertente: jornalistas com claras parcialidades
políticas que distorcem as notícias para a
propagação das suas opiniões anticapitalistas.
Conclusões dos estudos de
parcialidade
 No opostos
 2ª vertente: As noticias são propaganda que
sustenta o sistema capitalista.
 Chomsky e Herman (1979) defende que a
cobertura da mídia americana dos regimes
autoritários da américa latina são distorcidos pela
subordinação da mídia aos interesses norte
americanos.
Novo paradigma de pesquisa
 As notícias como construção
 Autores: Hall, Molotch e Lester, Gay Tuchman,
Schlesinger e muitos outros
 Momento de virada nas pesquisas no sentindo
oposto aos estudos de parcialidade e também
coloca em cheque a ideologia dos jornalistas e a
sua teoria das notícias como espelho.
 A teoria do espelho é claramente rejeitada.
Notícias como construção
 Teoria do espelho é contestada:
1) É impossível estabelecer uma distinção radical
entre a realidade os mídias noticiosos, que devem
refletir essa realidade porque as noticias ajudam a
construir a própria realidade.
2) defende a posição de que a própria linguagem
não pode funcionar como transmissora direta do
significado inerente aos conhecimentos, porque a
linguagem neutra não existe.
Notícias como construção
3) Os mídias noticiosos estruturam inevitavelmente a
sua representação dos acontecimentos devido a
fatores como a organização do trabalho jornalístico,
as limitações orçamentais, a disposição da rede
noticiosa na busca de responder a imprevisibilidade
dos acontecimentos.
Considera os estudos da distorção inadequados e
poucos frutíferos, pois discordam de que as atitudes
políticas dos jornalistas são um fator determinante no
processo de produção das notícias.
Inovação metodológica nos anos
1970
 O que possibilitou novas abordagens e novos
olhares
 A análise do discurso (Van Dijk e outros)
 Abordagem mais sociológica
 Etnometodologia
 Esta última permite investigar as ideologias e
práticas profissionais dos jornalistas e não só o
produto em si.
Importância da etnometodologia
1) Permitiu ver a importância da dimensão
transorganizacional na produção da noticia – como as
relações informais entre os jornalistas e a conexão
cultural de membros de uma comunidade interfere
neste processo.
2) permitiu reconhecer que as rotinas constituem um
elemento crucial nos processo de produção das
noticias. Ou seja, as rotinas e as práticas na
produção é um elemento chave nessa teoria.
Importância da etnometodologia
3) serviu como corretivo às teorias instrumentalistas
da midia
 Teorias instrumentalistas:

1) o processo das notícias envolve o conluio entres os


agentes;
2) A intenção consciente de distorção é crucial na
elaboração das noticias.
 Observando as rotinas foi possível questionar este
paradigma.
Teoria construcionista
 Partilham a ideia de que:

As notícias são o resultado de processos da interação


social dos jornalistas e...
Teoria construcionista

Jornalistas

Fontes de jornalistas
informação

Sociedade
Teoria construcionista
 Defendem a tese de que o mundo social e politico
não e uma realidade predeterminada e dura que
os jornalistas refletem, e os jornalistas não são
observadores passivos, mas participantes ativos na
construção da realidade.

E a atividade jornalística é muito mais complexa de


que a ideologia jornalística sugere.
Fatores construtores da notícia
(Hackett)

Critérios de As caracteristicas Logistica de


noticiabilidade tecnológicas da produção
midia jornalistica

Retraimentos A disponibilidade
orçamentais Inibilições legais da informçaão das
fontes

A necessidade de Necessidade de As formas de


contar “estorias” de empacotar a aparência dos
modo inteligivel e noticia de modo acontecimentos
interessante comercial socias e políticos
Novo paradigma de estudos das
noticias
 Está em pleno desenvolvimento
 Desenvolvida para as investigações em torno dos
profissionais do campo jornalístico ou para as
fontes
Referências
 TRAQUINA, Nelson. O estudo do jornalismo no
século XX. São Leopoldo: Unisinos, 2005, p.49-65.
PARA PRÓXIMA AULA
 LEITURA DO TEXTO:
 TRAQUINA, Nelson. O estudo do jornalismo no
século XX. São Leopoldo: Unisinos, 2005, p.49-65.
 Texto 3:
TRAQUINA, Nelson. As teorias do jornalismo – a
teoria do espelho. In: TRAQUINA, Nelson. Teorias
de jornalismo. Florianópolis: Editora Insular, 2005,
p.145-149. (Capítulo 6)

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