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Filosofia

Distinção entre raciocínio dedutivo e raciocínio indutivos


No raciocínio dedutivo a premissa inicial apresenta maior extensão do que a
conclusão, pelo que esta está contida nas premissas e, por isso, totalmente fundamentada
por elas. Se as premissas forem consideradas verdadeiras, a conclusão tem de o ser
necessariamente, uma vez que nada acrescenta ao que é dito nelas. Quem aceita a verdade
das premissas tem de aceitar necessariamente a conclusão a verdade da conclusão, se não o
fizer comete uma contradição.
O raciocínio indutivo apresenta uma conclusão que tem maior extensão do que as
premissas, ou seja, a conclusão contém informação não presente nas premissas. Se
aceitarmos como válidas as premissas, não temos de aceitar necessariamente, a conclusão
uma vez que esta é mais abrangente.

Silogismos Categóricos
A primeira proposição afirma ou nega de forma absoluta ou incompleta.

Regras
 O silogismo tem três termos e só três termos: maior (p), menor (s), médio (m).
 O termo médio (m) não pode entrar na conclusão.
 O termo médio deve ser tomado pelo menos uma vez em toda a sua extensão (ser
universal).
 Nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas.
 A conclusão segue-se sempre a parte mais fraca (particular/ negativo).
 De duas premissas negativas nada se pode concluir.
 De duas premissas particulares nada se pode concluir.
 De duas premissas afirmativas não se pode ter uma conclusão negativa.

A forma do silogismo categórico


Figuras

 Primeira figura
MP
SM
SP

 Segunda figura
PM
SM
SP

 Terceira figura
MP
MS
SP
 Quarta Figura
PM
MS
SP

Modos
É a classificação (tipo) individual de cada uma das premissas, e no final vemos
qual é o modo que fica.

Tipo A - Universal, afirmativa


Tipo E – Universal, negativa
Tipo I – Particular, afirmativa
Tipo O – Particular, negativa

A forma é o modo mais a figura.

Silogismos Hipotéticos
Se A então C.
A – antecedente 1ª Premissa (tem sempre o “se” no inicio e “então” no meio)
C – consequente

Regras
 Modus Ponens (modo em que se afirma algo) – Sempre que na segunda premissa se
dá a afirmação do antecedente, a conclusão tem de afirmar o consequente.

A então C Exemplo:
A Se estudo então passo.
C Estudo.
Logo, passo.

 Falácia da afirmação do consequente – Sempre que na segunda premissa se dá a


afirmação do consequente nada se pode concluir necessariamente.

Exemplo:
A então C
Se estudo então passo.
C
Passo.
Nada se pode concluir necessariamente.
Logo, nada se pode concluir.
 Modus Tollens (modo em que se nega algo) – Sempre que na segunda premissa se
dá a negação do consequente a conclusão terá de negar o antecedente.

A então C Exemplo:
~C Se estudo então passo.
~A Não passo.
Logo, não estudei.

 Falácia da negação do antecedente – sempre que na segunda premissa se dá a


negação do antecedente, nada se pode concluir.

A então C Exemplo:
~A Se estudo então passo.
Nada se pode concluir. Não estudo.
Logo, nada se pode concluir.

Silogismos Disjuntivos
A 1ª premissa apresenta sempre uma alternativa. Tem sempre “Ou” no inicio da frase
e “ou” entre as alternativas.

Regras
 Modus tollendo-ponens – sempre que na segunda premissa se nega um dos polos da
alternativa exposta na premissa inicial. A conclusão afirmará necessariamente o
outro.

Exemplo:
Ou é professor ou é treinador de futebol.
Não é treinador de futebol.
Logo, é professor.

 Modus ponendo-tollens – quando na segunda premissa se afirma um dos polos da


alternativa só é válido concluir negando o outro polo se a disjunção disposta na
premissa inicial for completa, isto é, se os termos em alternativa forem incompatíveis,
completamente opostos.

Exemplo:
Ou está céu limpo ou está céu nublado.
Está céu nublado.
Logo, não está céu limpo.

Quando na premissa inicial não se apresenta uma disjunção completa nada se pode
concluir necessariamente da afirmação de um polo da alternativa.
Exemplo:
Ou é professor ou é treinador de futebol. Inválido porque “professor” e
É professor. “treinador de futebol” não são
Logo, não é treinador de futebol. opostos.

Falácias
O homem conhece todas as regras lógicas que existem, contudo, está sujeito ao erro
e engana-se, ou seja, raciocina mal, construindo argumentos errados, aos quais se dá o nome
de falácias ou sofismas.
É importante distinguir entre paralogismo e falácia.
O paralogismo é um erro construído sem intenção de enganar, apesar de ser inválido.
O sofisma ou falácia é um argumento defeituoso elaborado com intenção de
enganar.
Existem dois grandes tipos de falácias: as falácias-informais e as falácias-formais.

Falácias-formais: são argumentos inválidos, isto é, argumentos cujas premissas são


erradamente consideradas como prova de uma determinada conclusão.
Estas falácias violam a formalidade dos argumentos, ou seja, são falácias formais
porque violam alguma regra lógica.

Falácias não-formais: resultam do uso defeituoso do conteúdo do argumento, não são


detectáveis pela simples análise da forma ou estrutura do argumento. A conclusão não é
justificada pelas premissas.

 Falácias da não-relevância – as premissas deste argumento são psicologicamente


relevantes para a conclusão, mas, embora pareça, a conclusão não encontra nelas
qualquer suporte lógico.

 Falácias de dados insuficientes – estes argumentos falaciosos acontecem não


propriamente porque as premissas são logicamente irrelevantes para a conclusão,
mas porque a relação entre aquelas e a conclusão não é suficientemente forte para
a sustentar.

 Falácias da ambiguidade – acontecem em virtude do argumento conter na sua


formulação termos ou frases cujo significado muda ao longo do raciocínio.

Falácias da não-relevância
 Falácia do apelo à força (argumentum ad baculum) – Verifica-se quando quem
argumenta a favor de uma conclusão sugere ou afirma que algum mal ou algum
problema acontecerá a quem não a aceitar. Este tipo de argumentação baseia-se em
ameaças explícitas ou implícitas ao bem-estar físico ou psicológico de um individuo
ou conjunto de indivíduos.
 Apelo ao povo e à emoção (argumentum ad populum) – esta falácia verifica-se
quando, por falta de razões convincentes, ou pertinentes, se manipulam e exploram
sentimentos da audiência para fazer adoptar o ponto de vista de quem fala. O
“argumento” dirige-se ao conjunto de pessoas (povo) e tira partido de preconceitos,
desejos, e emoções para tornar persuasiva uma ideia ou uma conclusão para a qual
não se encontram nem dados, nem provas racionais.

 Ataque pessoal (argumentum ad hominem) – esta falácia comete-se quando alguém


tenta refutar o argumento de outra pessoa atacando não o argumento mas a pessoa
através de uma censura ou de uma desvalorização ou desacreditação da pessoa que
defende o argumento.

 Apelo à autoridade não-qualificada (argumentum ad verecundiam) – quando, para


provarmos a verdade de certa ideia ou conclusão, nos apoiamos numa tradição em
desuso/obsoleta, na reputação de uma pessoa que não é uma autoridade nem um
especialista do assunto em causa.

 Apelo à ignorância (argumentum ad ignoratiam) - esta falácia ocorre quando se


argumenta que uma proposição é verdadeira porque não foi provado que é falsa ou
falsa porque ninguém provou que é verdadeira.

 Apelo à piedade (argumentum ad mesiricordium) – acontece quando alguém


argumenta recorrendo a sentimentos de piedade e de compreensão por parte da
audiência de modo a que a conclusão defendida seja aprovado.

Falácias de dados insuficientes


 Generalização apressada ou inadequada – verifica-se quando uma conclusão acerca
de um conjunto de pessoas, de situações, ou de objectos, se baseia na observação de
um número pouco representativo ou mal seleccionado dos membros do conjunto em
questão.

 Falsa causa – cometemos esta falácia quando julgamos que o facto de um


acontecimento preceder outro é prova suficiente de uma relação de causalidade
entre os dois acontecimentos.

 Petição de princípio – consiste em provar um conclusão tendo como premissa a


própria conclusão (raciocínio circular).

 Encosta escorregadia ou bola de neve – consiste em dizer que uma vez desencadeada
certa acção, esta não terminará enquanto não chegar às últimas consequências.
Falácias da ambiguidade
 Falácia da equivocação – verifica-se quando, acidentalmente ou deliberadamente
usamos no argumento um termo em dois sentidos diferentes.
 Falácia da composição – argumenta-se que um todo tem certas características
porque cada uma das suas partes tem essas características.
Exemplo:
Cada membro da equipa é excelente.
Logo, a equipa é excelente.

 Falácia da divisão – argumenta-se transferindo ilegitimamente uma característica do


todo para as partes (para cada um dos membros do conjunto).
Exemplo:
A universidade é uma instituição de prestígio.
Logo, cada professor universitário tem prestígio.

 Falsa dicotomia (oposto/incompatível) ou falso dilema – consiste em repartir uma


classe de objectos em dois polos que se supõem serem os únicos possíveis e
incompatíveis, ignorando o facto de poder existir uma alternativa a ambos.

Argumentação e Retórica
Meus apontamentos

Argumentar é apresentar razões para fundamentar a conclusão/tese/opinião. É algo


espontâneo e natural.
Todos os dias argumentamos porque cada dia que passa, temos de justificar as
nossas opiniões, as nossas acções, e o mostrar o nosso ponto de vista ao outro.
O objectivo da argumentação é: convencer o outro do nosso ponto de vista para que
ele aceite a nossa opinião/tese/conclusão.

Principais elementos do discurso argumentativo:


 Orador – emissor
 Auditório – receptor
 Tese fundamentada através das premissas (mensagem)
 Contexto do auditório (o orador tem de conhecer as características do auditório, ou
seja tem de conhecer os seus interesses, cultura, sonhos, emoções, nível social, etc.
e o orador também tem de ser flexível para conseguir adaptar o discurso às reacções
que o auditório vai mostrando.)

A argumentação tem de ser contextualizada, ou seja, o orador tem de conhecer o


auditório e utilizar uma linguagem subjectiva para convencer o auditório. Se o orador tentar
convencer um auditório que faz compras no continente de que o pingo doce é o melhor
supermercado, o orador não vai conseguir convencer muitas pessoas.
A argumentação sem ser ensinada é apenas uma habilidade que é subjectiva,
contudo, argumentação pode ser ensinada, e depois de o ser, deixa de ser uma habilidade e
passa a ser uma técnica objectiva e rigorosa.
Quando uma argumentação convence grande parte do auditório, então podemos
dizer que é uma boa argumentação e que o orador possui a arte de bem falar.

A realidade não é evidente, por isso, tem vários pontos de vista. Se não fosse evidente
era igual para todos nós.

A linguagem da argumentação tem vários significados, é natural, pode estar errada


ou não (e por isso pode ser discutida), e é subjectiva e pessoal.

Comparação entre argumentação e demonstração

“Ou os triângulos têm três ângulos ou os triângulos não têm três ângulos.
Não é verdade que os triângulos não têm três ângulos. Demonstração
Logo, os triângulos têm três ângulos.”

Demonstração
 Pretende mostrar que a conclusão é fundamentada pelas premissas, e assim, se
aceitarmos as premissas, temos de aceitar necessariamente a conclusão.
 Não tem como objectivo convencer o auditório.
 Utiliza uma linguagem rigorosa e objectiva, ou seja, utiliza uma linguagem lógica, que
tem apenas um significado/interpretação, e por isso, não pode ser discutida.
 Independente do orador e do auditório porque não necessita que haja alguém para
convencer nem ser convencido.
 A única coisa que pode ser discutida é forma, ou seja, se viola ou não as regras lógicas.
 A sua validade não depende da opinião de ninguém.
 Não precisa de ser contextualizada.

“Ou o ser humano é totalmente livre u o ser humano é totalmente determinado.


O ser humano não é totalmente livre. Argumentação
Logo, o ser humano é totalmente determinado.”

Argumentação
 As proposições são discutíveis e por isso, o conteúdo é discutível.
 Pretende convencer o auditório.
 A única coisa que pode ser discutida é o conteúdo.
 Utiliza uma linguagem subjectiva.
 Tem várias interpretações.
 É pessoal porque dirige-se a pessoas, e tenta convencer estas mesmas a aderir à sua
tese.
 Necessita de contextualização.

Livro
Durante os nossos dias, deparamo-nos com a necessidade de argumentar
constantemente para:
 Justificarmos algumas acções nossas;
 Defender de acusações;
 Defender a nossa opinião.

A realidade não é evidente, e por isso suscita discussão uma vez que cada pessoa tem
um ponto de vista diferente.
Para mostrarmos o nosso ponto de vista, é necessário convencer a outra pessoa. E
este é o objectivo da argumentação: convencer o auditório a fim que este mesmo adira à
nossa tese.

O Homem argumenta desde que comunica, porque desde que comunica que tem de
mostrar a sua opinião aos outros.
A argumentação pode ser ensinada, isto é, trata-se de transformar a habilidade
espontânea e natural numa técnica rigorosa, pensada e sistematizada.

Demonstração e Argumentação
Uma vez que a racionalidade humana não tem apenas forma, passo a dar-se
importância, também, a argumentos que não dependem de critérios lógicos, ou seja,
argumentos desencadeados a partir de opiniões geralmente aceite.
Enquanto os raciocínios demonstrativos partem de premissas
irrefutáveis/indiscutíveis, que levam a conclusões igualmente indiscutíveis e necessárias, os
raciocínios argumentativos, parte de premissas prováveis, que podem ser discutidas e que
levam a conclusões válidas segundo a forma mas discutíveis.
Quando se trata de avançar argumentos para defender teses meramente prováveis
encontramo-nos no domínio da retórica e da argumentação.
Retórica é a arte de argumentar, a arte de bem falar, cujo objectivo é persuadir e convencer
um auditório a respeito de determinado assunto, levando-o a aceitar que uma certa tese ou
opinião é preferível àquela que se lhe opõe.
Em suma, para conduzir alguém a uma conclusão necessária e universal, precisamos
de o demonstrar seguindo os critérios da lógica formal; para conduzir alguém a uma
conclusão que é apenas verosímil (que é verdadeira ou não), plausível, preferível e razoável,
teremos de argumentar seguindo os critérios da retórica.

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