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infância no Brasil
(Marcílio (1999) discorre sobre assistência à infância desvalida sob a ótica de duas principais
fases, sendo a primeira a caritativa, que compreende o período colonial até meados do século
XIX, e a segunda, filantrópica, que abrange o período posterior ao século XIX e que se estendeu
até meados do século XX. A fase caritativa é marcada pelo sentimento de fraternidade humana e
de inspiração religiosa, sem a pretensão de se promover efetivas mudanças sociais. Ademais, as
ações preconizadas durante esta fase eram caracterizadas pelo imediatismo, tendo como agentes
primários os indivíduos ricos e poderosos da sociedade, que buscavam, através de esmolas e de
boas ações, minimizar o sofrimento dos desvalidos)
A lógica evolucionista e positivista desta época trazia a ideia de que era preciso
vigiar a criança para evitar que ela se desviasse, e faz parte de uma missão eugênica
para recuperar a raça humana.
Logo, passa a ser obrigação do Estado garantir a saúde do corpo social, sendo a
criança a base desse investimento, se constituindo como um dos principais
instrumentos de intervenção do Estado na família.
Cuidar da criança e vigiar sua formação moral era salvar a nação. Logo, salvar a
criança era salvar a nação. Houve uma mudança na percepção que se tinha da
infância e o investimento feito tinha o objetivo de moldá-la para o futuro.
Código de menores de 1927: (Em 1927, foi aprovado o Código de Menores, considerado,
por muitos, um marco na história da assistência à infância, uma vez que esta passou a ser um
atributo do Estado. O discurso da assistência e o Código de Menores definiam um novo projeto
jurídico-institucional voltado para menores, de caráter não punitivo, mas recuperador, tutelar e
paternal (MARCÍLIO, 1999). Apresentava discurso ambíguo. A criança deveria ser
protegida, mas contida, a fim de não causar danos à sociedade. Essa ambiguidade
se relaciona à percepção de infância da época (em perigo vs perigosa) e estava
atrelada aos estratos sociais, onde geralmente a criança perigosa vinha de camadas
populares.
Vale ressaltar também que, no período ao qual este estudo se refere (de 1870 a
1930), “ser civilizado” era tido como um estado.