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ANÁLISE COMPARATIVA DE SOLUÇÕES DE PILARES PARA


GALPÕES: PILARES DE AÇO, PRÉ-MOLDADOS E MISTOS DE AÇO E
CONCRETO
Silvana De Nardin (1), Alex Sander Clemente de Souza (1), Margot Fabiana Pereira (2),
Jorge Augusto Serafim (3)

(1) Prof. Dr. Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos
(2) Bolsista de Iniciação Científica no Departamento de Engenharia Civil da Universidade
Federal de São Carlos
(3) Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Construção Civil da Universidade
Federal de São Carlos
Universidade Federal de São Carlos. Rodovia Washington Luís, km 235 - SP-310. São
Carlos - São Paulo – Brasil. CEP 13565-905

Resumo
O objetivo deste estudo é analisar as soluções mais comuns para pilares de galpões industriais e
comerciais que são constituídos por seções em aço ou em concreto pré-moldado e também a
apresentar a possibilidade do uso de pilares mistos de aço e concreto parcialmente revestido. Foram
avaliados 18 galpões variando se o vão, altura e a condição de vínculo viga-pilar e pilar-fundação.
Cada um dos galpões foi projetado com pilar metálico em seção tipo I, pilar de concreto pré-
moldado de seção retangular e pilar misto parcialmente revestido constituído de seção tipo I com a
região entre as mesas preenchidas com concreto. As soluções foram comparadas entre si com
relação a custos de materiais e mão de obra além de aspectos construtivos relativos à fabricação,
transporte e montagem. As estruturas foram analisadas em 2ª ordem e dimensionadas de acordo
com as normas brasileiras específicas. Os custos foram levantados considerando a construção na
região central do estado de São Paulo. De acordo com os resultados percebe-se que o uso de pilares
mistos é viável em galpões trazendo redução de custos em relação aos pilares de aço e,
principalmente em relação ao pilares em concreto pré-moldados. Além disso, em relação aos pilares
pré-moldados há também reduções nos prazos de construção quando se utiliza pilares de aço ou
pilares mistos de aço e concreto.

1. Introdução

Tem-se observado nas últimas décadas um aumento progressivo na utilização da construção


metálica, o que se reflete no aumento da competitividade desse tipo de solução estrutural em
diversas áreas da construção civil como em edifícios comerciais, shopping centers, edifícios
residenciais, pontes, viadutos, passarelas, etc. No Brasil, uma parcela significativa das construções
metálicas se referem a estruturas de grandes coberturas e edifícios industriais, como os galpões
industriais.

Os galpões industriais são, em geral, estruturas de um único pavimento com grande área construída
e diferentes funções na indústria. Os elementos em aço também podem ser empregados em
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coberturas de depósitos, ginásios, garagens, academias esportivas, entre outras. Essas edificações
são construídas com estruturas metálicas ou com estruturas pré-moldadas de concreto. Além destas
duas, outra solução bastante empregada e que se mostra competitiva economicamente é a estrutura
híbrida, assim denominada quando diferentes materiais são empregados em diferentes elementos
estruturais; por exemplo, no caso do galpão industrial, pilares pré-moldados e cobertura em aço. Na

Figura 1 – Exemplos de galpões industriais

A concepção estrutural (ou seja, o sistema estrutural) de galpões pode conduzir a diferentes
tipologias dependendo da geometria da cobertura, do tipo de perfis, do tipo de pilares, das ações
atuantes, etc. A Tabela 1 apresenta uma classificação genérica dos sistemas estruturais e
construtivos para galpões.

Tabela 1 – Classificação de galpões quanto ao sistema estrutural/construtivo

Edifícios com vãos simples Estruturas com vãos múltiplos Edifícios com estruturas especiais
Cobertura em uma água Cobertura em múltiplos de uma Estruturas reticuladas espaciais
água
Cobertura em duas águas Outras estruturas especiais
Cobertura em múltiplos de duas
Cobertura em arco
águas
Fonte: Chaves (2007)

Segundo essa classificação, os galpões podem ou não ter pontes rolantes, os perfis utilizados podem
ser seções de alma cheia ou em treliça e a escolha depende das necessidades impostas no projeto.
Além disso, Chaves (2007) emprega a denominação galpões industriais leves para edifícios
industriais sem ponte rolante ou com ponte rolante de pequena capacidade (até 50kN).

A fim de dar subsídios para uma escolha adequada do sistema estrutural e que conduza ao menor
custo, Chaves (2007) fez um estudo comparativo considerando cinco tipologias de sistemas

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estruturais para galpões em aço: galpões em alma cheia (AC); treliça em arco (TA); treliça de
banzos paralelos (BP); Treliça trapezoidal (TP) e treliça triangular com vãos variando entre 16 e
32m. O autor observou que a influência da tipologia no consumo de aço torna-se maior à medida
que o vão livre do pórtico torna-se maior. Os pórticos em alma cheia apresentaram maior consumo
de aço e maiores deslocamentos verticais se comparados a pórticos treliçados. Já a tipologia em
treliça triangular, para vãos de 20m, apresentou a menor eficiência entre os sistemas testados se
aproximando muito dos pórticos em alma cheia. A comparação entre as tipologias de treliça em
arco e treliça com banzos paralelos mostrou comportamento estrutural muito semelhante entre estas
duas opções. A treliça trapezoidal apresentou as menores taxas de consumo de aço e também os
menores deslocamentos, mostrando-se o sistema mais eficiente para o caso estudado.

Com relação à escolha do material estrutural, esta é muito influenciada pela condição do mercado
que ora tende para as estruturas em aço ora para as estruturas pré-moldadas de concreto. No entanto,
não há estudos comparativos consistentes sobre custos para estas duas soluções. Exemplo recente de
uma obra já executada apontou redução de custos da ordem de 35% obtida com a substituição da
estrutura pré-moldada de concreto por estrutura de aço. O estudo foi publicado na Revista Guia da
Construção (outubro de 2011) e trata-se de uma edificação de um único pavimento, de uso
comercial, e que inicialmente havia sido concebida com pilares e vigas pré-moldadas de concreto e
cobertura metálica. Além da redução de custos, a substituição dos elementos pré-moldados de
concreto por elementos em aço resultou em redução do tempo de execução, que passou de 70 para
45 dias.

O crescimento econômico brasileiro verificado nos últimos anos tem levado a um crescimento da
demanda por galpões para uso comercial e industrial, fazendo-se necessário não apenas um estudo
sobre custos para as soluções consagradas como também o desenvolvimento de novas soluções que
aliem custos competitivos a facilidade de fabricação, montagem e manutenção. Aqui vale ressaltar
que, além da demanda por galpões industriais estar em crescimento, também há a escassez da mão-
de-obra e, estes dois fatores, juntos, favorecem a utilização de elementos com maior grau de
industrialização.

Neste sentido, as estruturas mistas de aço e concreto entram no conjunto das possíveis soluções e,
no caso específico do presente estudo, o uso de pilares mistos do tipo parcialmente revestido. Neste
estudo será analisada a viabilidade da utilização dos pilares mistos parcialmente revestidos e estes
serão comparados aos pilares de aço e pré-moldados de concreto. O sistema estrutural será sempre
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em pórtico com vigas de alma cheia e telhado de duas águas. Para este sistema, serão analisadas as
seguintes possibilidades para os pilares: pilar de aço, pilar pré-moldado de concreto e pilar misto
parcialmente revestido.

O comportamento estrutural e os procedimentos de dimensionamento para pilares de aço e pré-


fabricados de concreto já são bem conhecidos e estão consolidados; no entanto, os elementos mistos
de aço e concreto ainda são pouco utilizados e merecem ter seu comportamento definido e
detalhado.

Os elementos estruturais mistos compreendem componentes de aço associados ao concreto moldado


no local ou pré-moldado, formando a seção resistente dos elementos. Assim, em um elemento misto
de aço e concreto, o aço é utilizado na forma de perfis que trabalham em conjunto com o concreto
simples ou armado (Erro! Fonte de referência não encontrada.). Um perfil de aço trabalhando
em conjunto com o concreto pode dar origem a: pilar misto (Erro! Fonte de referência não
encontrada.c), viga mista (Erro! Fonte de referência não encontrada.a), laje mista (Erro! Fonte
de referência não encontrada.b) e ligação mista. Uma breve descrição das principais
características dos elementos mistos de aço e concreto pode ser encontrada em De Nardin et al.
(2005). Em relação ao comportamento conjunto aço-concreto, há diversas maneiras de promover o
comportamento conjunto: a interação pode ser mecânica via conectores de cisalhamento, mossas e
saliências, por atrito ou por aderência e repartição de cargas.

a) Vigas b) Lajes c) Pilares

Figura 2 – Exemplos de elementos mistos de aço e concreto

A utilização de elementos mistos tem crescido nas últimas décadas devido às suas boas
características econômicas, construtivas e estruturais. Neste sentido, merecem destaque: a redução
das dimensões dos elementos com conseqüente economia de materiais, mão-de-obra e maior área
livre por pavimento; grande resistência, rigidez e ductilidade, especialmente com o advento dos
aços e concretos de alta resistência; redução ou eliminação das fôrmas e cimbramentos.
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Além da variedade de opções e combinações possíveis para as estruturas mistas, especificamente


em relação às estruturas em concreto armado, verifica-se a possibilidade de reduzir ou dispensar
fôrmas e escoramentos, diminuindo custos com materiais e mão-de-obra, reduzindo o peso próprio
da estrutura devido à utilização de elementos mistos estruturalmente mais eficientes e aumentando a
precisão dimensional dos elementos. Por outro lado, em relação às estruturas de aço, as estruturas
mistas permitem reduzir o consumo de aço estrutural. Aqui é importante frisar que o emprego de
elementos mistos constitui não só uma opção de sistema estrutural, mas também de processo
construtivo e, como tal, suas vantagens estendem-se também a estes aspectos, desde que sejam
adotadas técnicas construtivas adequadas ao sistema. Além disso, o surgimento dos elementos
mistos e sua associação com elementos em concreto armado e de aço impulsionaram o surgimento
das estruturas híbridas. É cada vez mais comum compor o sistema estrutural de uma edificação com
pilares de aço, vigas mistas, núcleos ou paredes de concreto armado que garantem a estabilidade
horizontal.

No tocante aos pilares mistos (Figura 3), em função da posição que o perfil de aço ocupa na seção
transversal estes elementos são classificados em: seções preenchidas, que podem ser circulares ou
retangulares; seções revestidas e seções parcialmente revestidas. Em qualquer dos casos, os perfis
de aço devem ser compactos o suficiente para respeitar os limites de esbeltez local impostos pela
NBR 8800:2008 e evitar a ocorrência de instabilidade local. No presente estudo daremos ênfase aos
pilares do tipo parcialmente revestido destacando que este tipo de pilar apresenta grande
potencialidade de utilização uma vez que permite ganhos consideráveis de capacidade resistente
sem aumento da seção transversal, podendo ser pré-fabricados e posteriormente, posicionados no
local definitivo; no entanto, sua utilização ainda é bastante restrita.

a) Preenchidos b) Revestidos c) Parcialmente revestidos

Figura 3 – Exemplos de pilares mistos de aço e concreto

Não há registro da utilização de pilares parcialmente revestidos em galpões industriais, mas


acredita-se que tais elementos tenham grande potencial de emprego neste tipo de construção,

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sobretudo naqueles que apresentam grande pé-direito. Assim, estes elementos estruturais podem ser
uma alternativa aos pilares de aço e pré-moldados de concreto que, atualmente, são de utilização
predominante em galpões industriais.

Os pilares mistos revestidos (Figura 3b) caracterizam-se pelo completo envolvimento, por concreto,
do elemento estrutural em aço, composto por um ou mais perfis de aço. Já os pilares mistos
preenchidos são formados por perfis tubulares preenchidos com concreto e encontrados no formato
circular, retangular, triangular, etc. O não envolvimento por completo do elemento estrutural de aço
do pilar misto de aço e concreto, resulta num terceiro tipo de elemento misto, denominado pilar
misto parcialmente revestido (Figura 3c).

Ao contrário dos pilares revestidos, os pilares parcialmente revestidos podem dispensar total ou
parcialmente o uso de fôrmas e permitem a pré-fabricação uma vez que o pilar pode ser concretado
horizontalmente e posicionado na estrutura após o endurecimento do concreto entre as mesas. As
porções da mesa que ficam expostas podem receber algum tipo de proteção contra incêndio, por
exemplo, pintura; além disso, é obrigatório o uso de armadura longitudinal e transversal para
aumentar a resistência ao fogo e, sobretudo, para prevenir fissuras e fendilhamento do concreto.

Os pilares mistos parcialmente revestidos tem sido algo de vários estudos no exterior, merecendo
destaque os estudos de ELNASHAI e BRODERICK (1994), ELNASHAI et al.(1990), HUNAITI et
al. (1994), e PLUMIER et al. (1995). Dentro deste contexto, HUNAITI et al. (1994) testou 19
pilares parcialmente revestidos submetidos a compressão simples, visando avaliar a existência do
comportamento conjunto aço-concreto. Os resultados experimentais revelaram que os pilares têm
comportamento misto e atingem a ruptura por esgotamento da capacidade resistente da seção mista.

Outra linha que vem ganhando vários estudos é voltada para desenvolvimento de pilares
parcialmente revestidos compostos por perfis de chapa fina, ou seja, perfis conformados a frio e,
para os quais, as instabilidades locais podem ser importantes. Neste contexto, merecem destaque os
estudos de TREMBLAY et al. (1998), VINCENT et al.(2001), CHICOINE et al. (2002),
TREMBLAY et al. (2002), CHICOINE et al. (2003), PRICKETT & DRIVER (2006).

No Brasil, o que se verifica é o pouco uso dos pilares parcialmente revestidos por parte dos
profissionais de engenharia. Alguns trabalhos surgiram no final do século XX, mais precisamente
na década de 90 e representam as primeiras iniciativas no sentido de introduzir este elemento
estrutural no rol de opções oferecidas aos profissionais. Passo importante foi dado pela Associação

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Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que, ao revisar e atualizar a NBR 8800:1986, inseriu o
dimensionamento de elementos mistos de aço e concreto. A versão da NBR 8800:2008 aborda,
além dos pilares, o dimensionamento de vigas, lajes e ligações mistas de aço e concreto.

Algumas universidades e centros de pesquisa brasileiros vêm realizando estudos sobre o


comportamento e a viabilidade das estruturas mistas de aço e concreto, merecendo destaque, no
caso de pilares mistos os trabalhos de DE NARDIN (1999), ALVA (2000), QUEIROZ (2001), DE
NARDIN (2003), DE NARDIN (2005) e DE NARDIN et al. (2010). Universidades como UFOP,
UFMG, USP e UFSCar vem estudos os elementos mistos em geral.

ALVA (2000) e QUEIROZ (2001) destacam que a combinação aço-concreto na forma de pilares
mistos proporciona estruturas mais rígidas para resistir aos carregamentos horizontais e às
solicitações provenientes de ações sísmicas, além de um comportamento mais “dúctil” que aquele
apresentado por um pilar de concreto armado. QUEIROZ (2003) simulou numericamente o
comportamento de pilares mistos parcialmente revestidos submetidos a flexo-compressão. DE
NARDIN et al. (2010) fez um estudo de viabilidade para utilização de pilares parcialmente
revestidos em sistemas estruturais aporticados de edifícios de múltiplos pavimentos. Neste estudos,
os pilares de aço foram substituídos por pilares mistos do tipo parcialmente revestido. O estudo
mostrou a viabilidade da utilização proposta e produziu reduções de até 41% no consumo de aço na
forma de perfis. Além disso, foi observado que a substituição de pilares de aço por mistos de aço e
concreto resultou em um aumento de até 13% na área livre por pavimento. Este aumento na área
livre decorre da redução das dimensões do pilar quando se emprega pilares mistos do tipo aqui
investigado. Naturalmente, NARDIN et al. (2010) fizeram um estudo de caso mas os resultados
obtidos se mostraram bastante promissores.

Outro aspecto importante para o desenvolvimento e uso dos elementos mistos e em particular os
pilares mistos é o detalhamento das ligações. Em DE NARDIN et al. (2007) são apresentadas
diversas alternativas de ligação viga-pilar, destinadas a pilares do tipo preenchido. DE NARDIN
(2003) apresenta alternativas para as ligações envolvendo pilares mistos preenchidos e vigas de aço.
Uma dessas alternativas, composta de parafusos passantes e chapas de extremidade, apresentou
comportamento bastante satisfatório na transmissão de momentos fletores e foi escolhida para
posteriores análises. Dando continuidade, SILVA (2006) analisou a transferência de forças nessa
ligação mediante ensaios de push-out, com a presença de diferentes tipos de conectores de

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cisalhamento. FARIAS (2008) introduziu as lajes na ligação para avaliar a sua contribuição nos
mecanismos de transferência de momentos e cortantes.

Atualmente, verifica-se que, além dos estudos voltados para os elementos mistos de aço e concreto,
a utilização de estruturas híbridas, compostas por elementos mistos de aço e concreto e pré-
moldados de concreto também está sendo apontada como uma alternativa bastante viável para a
melhoria da qualidade da construção civil no Brasil. No entanto, poucos são os estudos direcionados
para a viabilidade de aplicação destes elementos em estruturas correntes. Além disso, percebe-se
que os estudos sobre ligações estão voltados para aplicação em edifícios, assim como os estudos
sobre os pilares mistos parcialmente revestidos.

Portanto, o estudo aqui proposto visa preencher essa lacuna analisando a possibilidade de utilização
de pilares mistos parcialmente revestidos frente a duas soluções consagradas para essa finalidade
que são os pilares de aço e os pilares pré-moldados de concreto. Ressalta-se que a questão da
ligação entre os elementos mistos ou pré-moldados de concreto é um ponto importante para a
viabilidade técnica, mas que não será objeto de estudo deste trabalho.

2. Síntese da formulação para dimensionamento/verificação de pilares mistos –


!BR 8800:2008
Segundo a NBR 8800:2008, o dimensionamento de pilares mistos submetidos à compressão simples
é baseado na plastificação da seção mista e a instabilidade global deve ser verificada pela mesma
curva de resistência aplicada aos perfis de. Na flexão simples também se admite plastificação total
da seção mista como estado limite último. Tanto na compressão como na flexão as instabilidades
locais devem ser evitadas havendo limites de esbeltez local para que tal fenômeno não ocorra. No
Tabela 2 são dados alguns limites de aplicabilidade da NBR 8800:2008, bem como recomendações
relativas a esbeltez local e global, taxa de armadura, fator de contribuição do perfil de aço (δ) e
rigidez a flexão.

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Tabela 2 – Limites de aplicabilidade e outras limitações (NBR 8800, 2008)


ex
y

ey
d=hc
x
Seção parcialmente revestida

tf
bf=bo

Resistência do aço ao escoamento Resistência do concreto


f yk ≤ 420 MPa 20 MPa ≤ f ck ≤ 50 MPa
Obs.: concreto de densidade normal

N Rpl
Limite de índice de esbeltez global λ o ,m = ≤ 2,0
Ne

bf E
Limite de esbeltez local ≤ 1,49
tf f yd

A a ⋅ f yd
Fator de contribuição do perfil de aço 0,2 ≤ δ ≤ 0,9 com δ =
N pl ,Rd
(EI )e = E a ⋅ I a + 0,6 ⋅ E c,red ⋅ I c + E s ⋅ I s
Ec
E c,red = ; E c = 4760 ⋅ f ck
Rigidez efetiva a flexão N 
1 + ϕ ⋅  G ,Sd 
 N Sd 
ϕ = 2,5 (pilares parcialmente revestidos)

Em relação à taxa de armadura longitudinal As, obrigatória no caso dos pilares mistos parcialmente
revestidos, não deve ser inferior a 0,3% e nem superior a 4% da área de concreto. Porcentagens
maiores podem ser necessárias para verificação em alta temperatura; neste caso, na verificação em
temperatura ambiente deve ser adotado o valor máximo correspondente a 4% da área de concreto.

Quanto ao comportamento conjunto, como hipótese de dimensionamento, admite-se


comportamento conjunto com interação completa entre o perfil de aço e o concreto. Isto é válido
quando a aplicação das forças advindas do pavimento se dá de forma simultânea nos dois
componentes da seção mista: perfil e concreto. No entanto, para verificação os pilares são divididos,
ao longo de sua altura, em duas regiões: regiões de introdução de cargas e região entre pontos de
introdução de cargas. A primeira consiste naquela em que ocorre variação localizada dos esforços
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solicitantes. A segunda fica localizada entre trechos de introdução de cargas. Em ambas as regiões,
deve-se verificar se as tensões solicitantes de cisalhamento na interface aço-concreto não excedem
os valores resistentes.

No caso de pilares parcialmente revestidos submetidos a compressão simples, a determinação da


capacidade resistente a compressão (NRd) requer que se determine a capacidade resistente da seção
mista à plastificação dos materiais aço e concreto (Npl,Rd)

A força normal resistente à plastificacao (Npl,Rd) é dada pelo somatório das resistências à
plastificação total de cada componente comprimido que compõe a seção transversal do pilar misto
de aço e concreto, ou seja: perfil de aço, concreto e armadura longitudinal como segue:

Npl,Rd = Npl,a,Rd + Npl,c,Rd + Npl,s,Rd

Sendo:

1) Capacidade resistente do perfil de aço: Npl,a,Rd = f yd ⋅ A s

2) Capacidade resistente do concreto: Npl,c,Rd = fcd1 ⋅ A c , fcd1 = 0,85 ⋅ fcd

3) Capacidade resistente da armadura longitudinal: Npl,s,Rd = fsd ⋅ A s

De forma semelhante ao que ocorre com os elementos de aço submetidos a compressão simples, a
instabilidade por flexão é considerada por meio do parâmetro de redução χ, que depende,
essencialmente, do índice de esbeltez reduzido. A curva que representa a relação entre χ e λ 0,m é

dividida em dois trechos, como mostrado na Figura 4, que foi extraída a NBR 8800:2008.

A força axial resistente de cálculo para elementos a compressão simples (NRd) sujeitos a
instabilidade por flexão é expressa por:

NRd = χ ⋅ Npl,Rd

No caso de pilares mistos submetidos à flexo-compressão, a verificação também é análoga àquela


dos pilares em aço apresentada pela NBR 8800:2008. Portanto, são utilizadas expressões de
interação momento-normal adaptadas para levar em conta a presença do concreto na seção mista
parcialmente revestida. Basicamente, a verificação consiste em analisar isoladamente os efeitos da
compressão e da flexão e, posteriormente, considerar a interação entre estes esforços via diagrama
ou equação de interação.

10
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1,0
λ 0, m 2
χ = 0,658
0,8
2
λ 0 ,m
χ = 0,658 → λ 0,m ≤ 1,5
0,6
χ
0 ,8 7 7
χ =
0,4 λ 0 ,m
2
0,877
χ= → λ 0,m > 1,5
λ 0 ,m 2

0,2

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0


λ0,m

Figura 4 – Relação entre o parâmetro χ e o índice de esbeltez reduzido λ 0,m

Diferentemente do que ocorre com os pilares em aço, no caso dos pilares mistos, são permitidas
duas equações de interação: uma idêntica à empregada para elementos em aço (Modelo I) e outra
sugerida especificamente para elementos mistos (Modelo II). Para o Modelo I são válidas as
seguintes equações de verificação da interação momento-normal, lembrando que este modelo
representa o diagrama de interação real por dois segmentos de reta:

NSd N 8  Mx,Sd My,Sd 


≥ 0,2 → Sd +  + ≤1
NRd NRd 9  Mx,Rd M y,Rd 

NSd NSd M My,Sd 


< 0,2 → +  x,Sd +  ≤1
NRd 2 ⋅ NRd  Mx,Rd My,Rd 

O Modelo II é inspirado nas curvas de interação Momento-Força Normal adotadas pelo Eurocode 4
(2004), que representa a curva de interação por três trechos de reta. Na equação geral de interação, o
coeficiente µ assume, em função do eixo de flexão, os valores mostrados a seguir. Para flexão em
torno do eixo y, basta alterar adequadamente as expressões a seguir, considerando as características
geométricas neste eixo.

Mx,tot,Sd My,tot,Sd
+ ≤ 1,0 ; Com NSd ≤ NRd
µ x ⋅ Mc,x µ y ⋅ Mc,y

Os momentos fletores Mc e Md são expressos por:

11
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M c ,x = 0,9 × Mpl,x,Rd e M c ,y = 0,9 × Mpl,y,Rd

M d,x = 0,8 × Mmax,pl,x,Rd e M d,y = 0,8 × Mmax,pl,y,Rd

Nas situações em que Md,x < Mc,x , Md, x deve ser tomado igual a Mc , x . O mesmo procedimento
deve ser adotado em relação ao eixo y.

Em toda a formulação apresentada até o momento, o índice x corresponde à flexão em torno do eixo
x e o índice y corresponde à flexão em torno do eixo y.

Na equação geral de interação, os momentos M x,tot,Sd e M y,tot,Sd representam os momentos fletores

totais solicitantes de cálculo, em relação aos eixos x e y, respectivamente. No cálculo destes


esforços solicitantes devem ser levados em conta os efeitos das imperfeições iniciais nos pilares, da
seguinte forma. Caso não seja feita análise mais rigorosa, as imperfeições geométricas no pilar
misto parcialmente revestido devem ser levadas em conta por meio da consideração de um
momento devido às imperfeições ao longo do pilar, dado por:

Eixo x: M x,tot,Sd = Mx,Sd + M x,i,Sd Eixo y: M y,tot,Sd = M y,Sd + M y,i,Sd

NSd ⋅ L x NSd ⋅ L y
Mx,i,Sd = e M y,i,Sd =
 N   N 
200 ⋅ 1 − Sd 
 150 ⋅ 1 − Sd 
 N 
 Ne 2,x   e 2,y 

Sendo:

(EI)e,x (EI)e,y
Ne 2,x = π 2 ⋅ e Ne 2,y = π ⋅
2

(L x )2 (L )
y
2

Vale ressaltar que as imperfeições iniciais ao longo do pilar devem ser consideradas em apenas um
dois eixos, devendo-se levar em conta sua ocorrência no eixo que produzir o resultado mais
desfavorável.

Para determinação dos momentos fletores de plastificacao (Mpl,Rd e Mmax,pl,Rd) nos eixos x e y sao
empregadas as expressões a seguir:

12
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y
fcd1
Mpl,Rd = f yd ⋅ (Z a − Z an ) + ⋅ (Z c − Z cn ) + fsd ⋅ (Z s − Z sn )
2
hn x
fcd1
Mmax,pl,Rd = f yd ⋅ Z a + ⋅ Z c + fsd ⋅ Z s
2

Quanto aos módulos plásticos resistentes, as expressões para cálculo em relação ao eixo x são dadas
no Tabela 3. Para o eixo y, as expressões são mostradas na Tabela 4.

Tabela 3 – Módulos de resistência plásticos em relação ao eixo x

x
y
1) Perfil Ι: fornecido pelo fabricante (tabelado)
n
ey
hn 2) Armadura, eixo x: Z s = ∑A ⋅ ey
d=hc

si
i =1
hn x

tf b c ⋅ h c2
3) Concreto, eixo x: Zc = − Za − Zs
4
bf=bc

Linha neutra distante hn do eixo que passa pelo centróide da seção mista

A c ⋅ fcd1 − A sn ⋅ (2 ⋅ fsd − fcd1 )


Posição da linha neutra: h n =
2 ⋅ b c fcd1 + 2 ⋅ t w (2 ⋅ f yd − fcd1 )
a) Linha neutra na alma
Perfil: Z an = t w ⋅ h n
2
do perfil I:
n
hn ≤ d / 2 − t f Armadura: Z sn = ∑A
i =1
sni ⋅ e yi

Concreto: Z cn = b c ⋅ hn2 − Z an − Z sn
Posição da linha neutra:

b) Linha neutra na mesa A c fcd1 − A sn (2fsd − fcd1 ) + (bf - t w )(d - 2t f )(2fyd - fcd1 )
hn =
do perfil I: 2b c fcd1 + 2 bf (2fyd − fcd1 )

( − t )(d − 2t f )2
d / 2 − t f < hn ≤ d / 2 Perfil: Z an = b f hn2 − bf w
4
Armadura e concreto: semelhante à posição a)

13
14

Tabela 4 – Módulos de resistência plásticos em relação ao eixo y

ey x tf 1) Perfil Ι: fornecido pelo fabricante (tabelado)


n

hn 2) Armadura, eixo y: Z s = ∑ A si ⋅ e x
bf=bc

i =1
y
ex hn
b c ⋅ h c2
3) Concreto, eixo y: Zc = − Za − Zs
4
d=hc
Linha neutra distante hn do eixo que passa pelo centróide da seção mista

A c fcd1 − A sn (2fsd − fcd1 )


Posição da linha neutra: hn =
2h c fcd1 + 2d ⋅ (2f yd − fcd1 )
a) Linha neutra na alma do
Perfil: Z an = d ⋅ h n2
perfil I:
n
hn ≤ d / 2 − t f Armadura: Z sn = ∑A
i =1
sni ⋅ e xi

Concreto: Z cn = hc ⋅ hn2 − Z an − Z sn
Posição da linha neutra:

b) Linha neutra na mesa do A c fcd1 − A sn (2fsd − fcd1 ) + t w ⋅ (2t f - d) ⋅ (2f yd - fcd1 )


hn =
2h c ⋅ fcd1 + 4 t f (2f yd − fcd1 )
perfil I:
2
t w / 2 < hn ≤ b f / 2 (d − 2t f ) ⋅ t w
Perfil: Z an = 2 ⋅ tf ⋅ h + 2
n
4
Armadura e concreto: semelhante à posição a)

Com a formulação apresentada até aqui, é possível dimensionar/verificar um pilar misto


parcialmente revestido submetido a compressão axial, flexo-compressão reta e flexão oblíqua. A
seguir, esta formulação será aplicada na verificação dos pilares mistos parcialmente revestidos
utilizados no sistema estrutural de galpões industriais.

3. Metodologia
Para analisar a viabilidade do uso de pilares mistos em galpões e a influência do tipo de pilar no
custo do galpão foram comparadas as soluções mais usuais, ou seja, pilar de aço e pilar pré-
fabricado de concreto com uma alternativa em pilar misto parcialmente revestido. Foram

14
15

dimensionados 18 galpões com cobertura em duas águas em aço variando se o tipo de pilar (aço,
pré-moldado e mitos parcialmente revestido), altura, vão e as condições de vinculação viga-pilar e
pilar fundação. Na Tabela 5 apresenta-se um resumo dos galpões analisados.

Tabela 5 – Características dos galpões analisados

Altura do Distância entre Comprimento Ligação viga- Ligação


Modelos Vão (m)
Pilar (m) pórticos (m) total (m) pilar pilar-base

G1 Rígida Rígida
G2 5,0 Rígida Flexível
G3 Flexível Rígida
20,0 6,0
G4 Rígida Rígida
G5 10,0 Rígida Flexível
G6 Flexível Rígida
G7 Rígida Rígida
G8 5,0 Rígida Flexível
G9 Flexível Rígida
24,0 6,0 60
G10 Rígida Rígida
G11 10,0 Rígida Flexível
G12 Flexível Rígida
G13 Rígida Rígida
G14 5,0 Rígida Flexível
G15 Flexível Rígida
28,0 6,0
G16 Rígida Rígida
G17 10,0 Rígida Flexível
G18 Flexível Rígida

Para os galpões com pilares pré-fabricados de concreto foi analisada somente a situação com pilar
engastado na base e ligação viga metálica – pilar do tipo flexível; esta é a solução usual e a que
conduz a maior facilidade de montagem.

Nos pilares metálicos foram utilizadas seções tipo I soldadas em aço ASTM A36. Nos pilares
mistos seção tipo I soldadas em aço ASTM A36 parcialmente revestido com concreto estrutural
C25 além de armaduras longitudinais em aço CA-50. No caso dos pilares pré-fabricados de
concreto foi utilizado concreto classe C45 e armadura em aço CA-50.

15
16

Para determinação dos esforços foi utilizada análise de 2a ordem de acordo com os critérios na
NBR 8800:2008 e NBR 6118:2003. No caso dos pilares mistos foram geradas seções equivalentes
para considerar, de forma adequada, a contribuição do aço e do concreto para a rigidez da seção.

Para as ações atuantes foram utilizados valores compatíveis para essa tipologia estrutural; o peso
próprio foi gerado automaticamente e a sobrecarga adotada foi aquela da NBR 8800:2008 de 0,25
kN/m2. A ação do vento foi determinada segundo as recomendações na NBR 6123:1988
considerando implantação dos galpões em terreno plano na cidade de São Carlos-SP.

Para avaliação dos estados limites últimos e de serviço foram utilizadas as combinações de ações da
NBR 8800:2008.

Para análise da viabilidade técnica e econômica do uso de pilares mistos parcialmente revestidos em
galpões foram avaliados os deslocamentos das estruturas para cada tipo de pilar (aço, misto e pré-
fabricado de concreto), além de avaliar comparativamente o peso próprio da estrutura que pode
influenciar o projeto das fundações e da logística de transporte e montagem.
O levantamento de custos foi realizado com base nos índices da revista Construção Mercado –
Editora PINI (mês de referência: julho de 2011) e também nos índices de custos praticados pela
empresa CONSTRUAÇO. A empresa CONSTRUAÇO está sediada na cidade de São Carlos – SP e
tem como produto principal o projeto e a construção de galpões para uso diversos em aço e híbrido
de aço e pré-fabricados de concreto. No levantamento de custos foram incluídos os custos de
materiais, transporte e mão-de-obra considerando que os galpões seriam construídos na cidade de
São Carlos, localizada no interior do estado de São Paulo.

3 Análise dos Resultados


Os elementos vigas e pilares que compõem os galpões foram dimensionados segundo as normas
NBR 8800:2008 e NBR 6118:2003. Não foi realizado um processo de otimização da seção
transversal, porém cada perfil foi dimensionado visando a melhor taxa de aproveitamento possível
dentre os perfis soldados padronizados. Em alguns o dimensionamento foi governado por condições
de serviço. Um resumo do dimensionamento está apresentado na Tabela 6.

16
17

Tabela 6 – Seções I, armaduras e dimensões dos pilares pré-fabricados de concreto

Pilar em Aço Pilar Misto Pilar Pré-Fabricado de


Concreto
Viga Pilar Viga Pilar Armadura Viga Pilar (cm)
longitudinal

G1 VS 375x53 VS 400X39 VS 375x53 VS 300X31 4 φ 10 VS 400x53 30x40


G2 VS 375x53 VS 400X39 VS 375x53 VS 300X31 4 φ 10 - -
G3 VS 550x88 VS 350X26 VS 550x88 VS 200X19 6 φ 10 VS 500x75 30x40
G4 VS 400X49 VS 500X86 VS 400X39 VS 350X39 4 φ 10 VS 400x44 25x50

G5 VS 450X51 VS 600X81 VS 500X61 VS 450X59 6 φ 10 - -


G6 VS 550x64 VS 550X88 VS 550X64 VS 350X51 4 φ 10 VS 500x73 25x50

G7 VS 400X53 VS 450X51 VS 400X53 VS 350X38 4 φ 10 VS 400x53 25x50


G8 VS 400X53 VS 450X60 VS 400X53 VS 350X38 4 φ 10 - -

G9 VS 600X81 VS 450X51 VS 600X95 VS 300X25 4 φ 10 VS 500x88 25x50


G10 VS 450X49 VS 600X81 VS 450X59 VS 400X39 4 φ 10 VS 450x59 25x50
G11 VS 500X61 VS 650X84 VS 500X61 VS 500X61 6 φ 10 - -
G12 VS 650X84 VS 600X81 VS 650X84 VS 400X32 4 φ 10 VS 650x84 25x50
G13 VS 500X61 VS 500X61 VS 500X61 VS 400X44 4 φ 10 VS 550x75 25x50
G14 VS 500X61 VS 500X61 VS 500X61 VS 400X44 4 φ 10 - -
G15 VS 700X105 VS 450X51 VS 700X105 VS 400X44 4 φ 10 VS 700x105 25x50
G16 VS 550x64 VS 650X84 VS 550X64 VS 450X51 4 φ 10 VS 550x75 25x50
G17 VS 600X81 VS 650X98 VS 550X64 VS 550X64 6 φ 10 - -

G18 VS 700X105 VS 600X81 VS 700X105 VS 450X51 4 φ 10 VS 700x105 25x50

No caso dos pilares mistos, para a armadura longitudinal foram utilizados os valores mínimos
recomendados pela NBR 8800:2008 e as mesmas não foram consideradas na capacidade resistente
da seção mista.
Na Tabela 7 são apresentados os quantitativos de peso de aço estrutural, peso de armadura e volume
de concreto relativo a um pórtico principal de cada galpão analisado.

17
18

Tabela 7 – Quantitativo para um pórtico

Aço estrutural (Kg) Armadura (Kg) Volume de concreto (m3)


Pilar em Pilar Pilar Pilar Pilar Pilar misto Pilar concreto
aço misto concreto misto concreto
G1 1450 1370 1060 14,8 100 0,2 1,2
G2 1450 1370 - 14,7 - 0,2 -
G3 2020 1950 1500 22,0 42 0,5 1,2
G4 2700 1560 880 29,4 272 0,6 2,5
G5 2640 2400 - 44,1 - 1,1 -
G6 3040 2300 1460 29,4 232 0,5 2,5
G7 1782 1652 1272 14,7 150 0,3 1,25
G8 1872 1652 - 14,7 - 0,3 -
G9 2454 2530 2112 14,7 75 0,2 1,25
G10 2796 2196 1416 29,4 275 0,7 2,5
G11 3144 2684 - 44,1 - 1,2 -
G12 3636 2656 2016 29,4 237 0,7 2,5
G13 2318 2148 2100 14,7 170 0,4 1,25
G14 2318 2148 - 14,7 - 0,4 -
G15 3450 3380 2940 14,7 127 0,4 1,25
G16 3472 2812 2100 29,4 342 0,8 2,5
G17 4228 3072 - 44,1 - 1,3 -
G18 4560 3960 2940 29,4 268 0,8 2,5

Os gráficos seguintes permitem uma análise comparativa mais imediata do consumo de material em
cada alternativa de galpão.

Comparando as opções com pilar de aço e pilar misto, o consumo de aço estrutural é menor para
galpões com pilares mistos, porém a diferença é significativa apenas nos galpões com 10m de
altura. Obviamente, nos pilares mistos existe a necessidade de armaduras na forma de barras,
porém, como pode ser visto na Figura 6 e Tabela 7, o consumo de armadura é baixo neste caso,
sobretudo se comparado com os pilares de concreto armado. Quanto ao volume de concreto, o
consumo nos pilares mistos é, em média, menor que a metade do consumo nos pilares pré-
fabricados como é possível perceber analisando a Figura 7.

18
19

5000 400
Pilar de aço Pilar de aço
4500 350
Pilar Misto Pilar Misto

Peso de aço armadura (Kg)


Peso de aço estrutural (Kg)

4000 Pilar de concreto Pilar de concreto


300
3500
3000 250
2500 200
2000
150
1500
100
1000
500 50
0 0
G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10G11G12G13G14G15G16G17G18 G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10G11G12G13G14G15G16G17G18
Galpão Galpão
Figura 5 – Consumo de aço estrutural Figura 6 – Consumo de armadura
3,5 5500
Pilar de aço 5000 Pilar de aço
3,0 Pilar Misto Pilar Misto
4500
Volume de concreto (m )
3

Pilar de concreto Pilar de concreto


2,5 4000
Peso próprio (Kg)

3500
2,0 3000
2500
1,5
2000
1,0 1500
1000
0,5
500
0,0 0
G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10G11G12G13G14G15G16G17G18 G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10G11G12G13G14G15G16G17G18

Galpão Galpão

Figura 7 – Consumo de concreto Figura 8 – Peso próprio dos pilares

É importante conhecer a composição das seções transversais em relação ao consumo de materiais


(Figura 5, Figura 6 e Figura 7), pois variação diferente na cotação dos insumos pode alterar
significativamente o custo total. Atualmente o aço estrutural é o material de maior custo, enquanto o
concreto, o de menor custo. Naturalmente, o peso próprio dos pilares de aço é bastante inferior aos
demais (Figura 8). Quanto aos pilares mistos, mesmo com a introdução do concreto na seção
transversal estes ainda resultam, em média, 40% mais leves que os seus equivalentes em concreto
pré-fabricado. O parâmetro peso próprio é importante, pois pode impactar de forma importante as
fundações.

A solução adotada para o pilar de galpões tem grande influência na deslocabilidade da estrutura. As
Figura 9 e Figura 10 apresentam os deslocamentos horizontais e verticais em situação de serviço
para os galpões analisados.

19
20

120 45
110 Pilar de aço Pilar de aço

Deslocamento horizontal (mm)


Pilar Misto 40
Deslocamento vertical (mm)

100 Pilar Misto


Pilar de concreto Pilar de concreto
90 35
80 30
70
60 25
50 20
40
15
30
20 10
10 5
0
G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10G11G12G13G14G15G16G17G18 0
G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10G11G12G13G14G15G16G17G18
Galpão
Galpão
Figura 9 – Deslocamentos verticais Figura 10 – Deslocamentos horizontais

Verifica-se que os deslocamentos são maiores nos galpões com pilares mistos em comparação com
os mesmos galpões com pilares de aço. A redução na seção transversal de aço não foi compensada
pela adição do concreto reduzindo a rigidez equivalente da seção mista e, conseqüentemente, a
rigidez global da estrutura. De modo geral, os deslocamentos para as alternativas com pilares pré-
fabricados de concreto também resultaram superiores àqueles com pilares de aço e mistos. Neste
caso, isto ocorreu devido à consideração das ligações como flexíveis entre vigas de aço e pilares de
concreto, fato que reduziu o efeito de pórtico e, conseqüentemente, elevou os deslocamentos
horizontais. Nos galpões G5, G6, G11 e G12 o dimensionamento dos pilares foi condicionado pelos
limites de deslocamento em serviço; por essa razão, esses galpões apresentam deslocamentos
maiores em relação aos demais casos analisados.

Para a análise da viabilidade econômica foram levantados os custos para cada solução incluindo
material, transporte e mão-de-obra. Os custos são referentes ao mês de julho de 2011 para as
estruturas montadas na cidade de São Carlos – SP (Tabela 8).

Tabela 8 – Comparativo de custos

Pilar em Pilar misto Pilar pré- Pilar misto Pilar misto / pilar Pilar aço / pilar
aço fabricado de / pilar em pré-fabricado de pré-fabricado
concreto aço concreto de concreto
G1 14.500,00 13.819,01 15.785,60 0,95 0,87 0,9
G2 14.500,00 13.819,01 - 0,95 -
G3 20.200,00 19.743,97 19.257,60 0,98 1,01 1,0
G4 27.000,00 15.825,33 19.999,50 0,59 0,78 1,4
20
21

Pilar em Pilar misto Pilar pré- Pilar misto Pilar misto / pilar Pilar aço / pilar
aço fabricado de / pilar em pré-fabricado de pré-fabricado
concreto aço concreto de concreto
G5 26.400,00 24.387,11 - 0,92 -
G6 30.400,00 23.213,15 25.159,50 0,76 0,91 1,2
G7 17.820,00 16.676,09 20.535,00 0,94 0,80 0,9
G8 18.720,00 16.675,29 - 0,89 -
G9 24.540,00 25.420,19 26.055,00 1,04 0,97 0,9
G10 27.960,00 22.229,95 25.407,50 0,80 0,86 1,1
G11 31.440,00 27.260,32 - 0,87 -
G12 36.360,00 26.812,26 30.799,50 0,74 0,86 1,2
G13 23.180,00 21.660,99 27.455,00 0,93 0,78 0,8
G14 23.180,00 21.660,99 - 0,93 - -
G15 34.500,00 33.975,53 35.167,00 0,98 0,96 1,0
G16 34.720,00 28.411,60 41.719,50 0,82 0,74 0,8
G17 42.280,00 31.173,53 - 0,74 - -
G18 45.600,00 39.894,76 40.535,50 0,87 0,98 1,1

Verifica-se que, para maioria dos galpões analisados, o uso de pilares mistos parcialmente
revestidos conduz à redução de custo monetário. A redução de custo dos galpões com pilares mistos
em relação à solução com pilares de aço é, em média, de 13%; para os pilares com 10m de altura
essa média sobe para 21%. Na comparação entre os custos de galpões com pilares mistos e pilares
pré-fabricados, há redução de custo em favor dos pilares mistos que, em média, chega a 10% para
pilares com 5m de altura e 14,5% para pilares com 10m.

Além do custo total, é interessante avaliar também a composição de custos de cada solução, pois os
materiais têm variações de preço bastante expressivas, sendo o aço estrutural o mais sensível a
variações mercadológicas e o mais caro por unidade de peso/volume.

Para os pórticos com pilares mistos parcialmente revestidos onde se observa que a participação do
concreto e da armadura no custo total gira em torno de 1%. Por outro lado, nos pórticos com pilares
em concreto pré-fabricado, os componentes de concreto e armadura têm predominância na
composição do custo total. Vale salientar que nas análises não foram incluídos os custos com
instalações e equipamentos, que dependem do tempo de execução da obra e que tende a ser maior
para os galpões com pilares pré-fabricados e menor para galpões com pilares de aço e misto de aço
e concreto.
21
22

Por fim, com base no exposto e nos resultados apresentados, acredita-se na viabilidade da utilização
de pilares mistos parcialmente revestidos trazendo vantagens construtivas, estruturais e econômicas
para galpões com usos diversos. Sendo assim, os pilares parcialmente revestidos surgem como uma
alternativa aos pilares de aço e de concreto pré-fabricado. No entanto, a escolha do projetista não
pode ser pautada unicamente neste estudo, devendo-se considerar também as especificidades de
cada obra, além das condições do mercado no momento da construção.

4 Comentários finais

O principal objetivo deste estudo foi apresentar e inserir o pilar misto parcialmente revestido como
uma alternativa aos pilares de aço e em concreto pré-fabricados comumente empregados na
composição do sistema estrutural de galpões. Com este intuito, foram avaliados 18 galpões com
características variadas e foi desenvolvida uma análise comparativa entre as três alternativas de
pilares (aço isolado e misto e pré-fabricado de concreto) por meio de parâmetros como consumo de
aço, concreto e armadura, deslocamentos horizontais e verticais. Verificou-se que:

 Para a maioria dos galpões analisados, o uso de pilares mistos parcialmente revestidos
conduz à redução de custo monetário;

 A solução com pilares mistos do tipo parcialmente revestido resultou em menores


dimensões para os pilares e isto se reflete em redução nas interferências com a arquitetura;

 Quanto ao consumo de aço, este é menor para a solução com pilares mistos do que para a
solução com pilares de aço. A redução de custo dos galpões com pilares mistos em relação à
solução com pilares de aço é, em média, de 13%; para os pilares com 10m de altura essa
média sobe para 21%;

 Na comparação entre os custos de galpões com pilares mistos e pilares pré-fabricados, há


redução de custo em favor dos pilares mistos que, em média, chega a 10% para pilares com
5m de altura e 14,5% para pilares com 10m.

 Acredita-se, com base nos resultados apresentados, que é viável a utilização de pilares
mistos em galpões industriais e, que esta solução deve fazer parte das alternativas para este
tipo de edificação podendo trazer vantagens estruturais e construtivas além de econômicas.
Naturalmente, são necessários novos estudos para comprovar estes resultados iniciais.

22
23

Agradecimentos:
Os autores agradecem a FAPESP e ao CNPq pelo suporte financeiro para realização deste trabalho.

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