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Projeto de pesquisa:
O EURO E SEU FUTURO: CRISES, IMPASSES, INICIATIVAS
Versão revisada em atenção ao parecer do Departamento de Economia – 27/04/2015
Pesquisador:
Prof. Dr. CARLOS EDUARDO FERREIRA DE CARVALHO
Departamento de Economia – 006348
Passada a fase aguda da crise, a estagnação econômica e os sinais de deflação deram lugar à
reorientação expansionista da política monetária, com o "quantitative easing" do BCE, já em
curso. Essa política reforça as sinalizações de uma "solução exportadora", com desvalorização
do euro e maior agressividade comercial da Europa.
As diferenças nacionais tomaram novas formas nos anos recentes. Alguns dos países mais
afetados pela crise exibem recuperação forte, como a Irlanda, e outros mostram sinais nesse
sentido, como a Espanha. Ao mesmo tempo, a área do euro continua se expandindo para
Leste, com o ingresso pleno dos três países bálticos, concluída em janeiro último com a
Lituânia, e negociações em andamento com outros seis países.
OBJETIVOS
4. Analisar o processo de adesão ao euro de países selecionados do Leste Europeu, com vistas
a verificar as possibilidades de ampliação da união monetária para esses países.
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METODOLOGIA
JUSTIFICATIVA
O enfrentamento da longa crise econômica e política que afeta a Europa envolve diversas
iniciativas e muitas interrogações sobre seus resultados possíveis e sobre suas implicações
atuais. O agravamento da crise em 2010-2011 deu lugar a diversas iniciativas voltadas para
preservar o euro por meio do aprofundamento da centralização monetária e financeira.
Passado o momento mais crítico, a partir de 2013 o crescimento lento e a ameaça de deflação
passaram ao centro das preocupações da autoridades europeias. O desfecho desse movimento
foi o lançamento do "quantitative easing" europeu, implementado no começo de 2015, com a
previsão de várias rodadas de compra de títulos pelo BCE, um programa de forte expansão
monetária anunciada previamente. Nessa mudança de foco da política monetária, pode-se
apontar o objetivo de desvalorizar o euro e estimular uma saída "exportadora" para recuperar
o crescimento e o dinamismo econômico. Pode-se ver também o reconhecimento de que as
políticas de austeridade deflacionárias teriam ido longe demais, a ponto de comprometer a
recuperação econômica e a adesão social e política à moeda única e à centralização de poderes
na UE e nos países mais ricos, notadamente a Alemanha.
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dessa exigências esbarrou na dificuldade que um programa de socorro menos recessivo
enfrentaria nos países mais fortes da Europa, em especial a Alemanha.
A ameaça de ruptura foi contornada pelo recuo dos partidos, movimentos e coalizões que se
opunham a essas políticas nos países fragilizados, inclusive pelos receios das consequências
imprevisíveis de sair do euro. O triunfo das propostas de manter o euro e aprofundar a
centralização, apesar dos custos sociais e econômicos das políticas recessivas, mostrou a
profundidade do comprometimento com a unificação europeia, tanto nos países mais fracos
como nos países líderes.
O primeiro movimento envolve as diferentes formas da crise nos países mais afetados e a
evolução desigual desses países a partir dos efeitos das políticas gerais da área do euro e das
políticas específicas adotados em cada um. Desde o início da crise, o processo geral foi
condicionado por fatores nacionais específicos: a revelação da gravidade dos problemas
fiscais da Grécia e de problemas bancários em países como a Irlanda e a Espanha, com
natureza e motivações muito distintas, aceleraram o que se pode chamar de "crise do euro" e
evoluíram com relativa autonomia em meio aos problemas gerais da região. No período
recente, a Irlanda mostra crescimento robusto, a Espanha mostra sinais tímidos de
recuperação, da mesma forma que a própria Grécia.
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Grécia. É nesse quadro que o eleitorado grego deu quase maioria a um agrupamento novo e
que pretende redefinir as relações com a Europa, ou, mais precisamente, com a Alemanha.
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Subtema 1:
A crise europeia e as relações comerciais e financeiras com a América Latina
Bolsista: Julia Caroline Brandão Camilo Rezende
A Europa tem sido um dos principais parceiros comerciais da América Latina e um dos
maiores investidores diretos em diversos ramos produtivos. Há tempos são discutidas formas
de estreitar esses laços, caso da proposta de acordo de livre comércio entre o Mercosul e a
União Europeia.
Este subtema pretende investigar os efeitos da crise sobre os diversos aspectos das relações
comerciais e financeiras entre as duas áreas econômicas e sobre as propostas de aproximação
institucional.
A pesquisa procurará também avaliar a presença da América Latina nos planos e propostas em
curso no âmbito da União Europeia, seja na diplomacia da região, seja no âmbito dos
governos dos três países destacados.
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Aglietta, Michel (2012). "The European Vortex". New Left Review, may/june, p. 15-36.
Cordoba,Natalia (2012). "Snapshot of MERCOSUR and the EU". Belgische Universität Wuppertal
Europäische Wirtschaft und Internacionale Makroökonomik.
Gomez, A. (2014). "Does the EU need the right momentum to promote regionalism abroad?
Disponível em: http://www.psa.ac.uk/journals/pdf/5/2010/317_41.pdf
Kegel, P., Amal, M. (2013). "Perspectivas das negociações entre o Mercosul e a União Europeia em
um contexto de paralisia do sistema multilateral e da nova geografia econômica global".São Paulo,
Revista de Economia Política, vol. 33, nº2.
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Subtema 2:
Integração e convergência econômica na área do euro: efeitos da crise e das políticas
adotadas a partir de 2007
Bolsista: Pedro Henrique de Moraes Silva
O debate sobre as origens e as causas do agravamento da crise financeira e fiscal da Europa
tem destacado elementos que já haviam sido apontados como ameaças potenciais para a
formação de uma moeda única, caso das grandes assimetrias entre os países membros.
A unificação dos mercados financeiros foi concebida como um substituto das reconhecidas
limitações na mobilidade de fatores, um dos elementos que deveriam estar presentes nas
condições ideais para a unificação monetária. O mercado financeiro único permitiu a
convergência das taxas de juros soberanas dos vários países, mas deu lugar à ampliação do
endividamento público em alguns e a bolhas de crédito em outros. Além disso, o processo não
levou à desejada convergência de produtividade, o que acentuou o desalinhamento do câmbio
real entre os países, em proveito da Alemanha.
Este subtema analisará os efeitos da crise sobre a convergência econômica nos países da área
do euro. A hipótese adotada é que a crise e as políticas adotadas para enfrentá-la acentuaram o
processo de diferenciação entre os países membros. Será dada especial atenção à questão da
produtividade e da competitividade, tendo em conta inclusive o enfoque exportador presente
entre os objetivos das políticas de "afrouxamento monetário" praticadas desde o final de 2014.
- análise dos conceitos de convergência econômica a partir dos trabalhos de Diniz e Jayme Jr.;
Freitas; e Ito;
O levantamento bibliográfico será ampliado com trabalhos mais recentes sobre o tema.
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CRONOGRAMA DE TRABALHO DE PEDRO HENRIQUE DE MORAES SILVA
Atividades/meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Levantamento e análise de dados econômicos X X X X X X
selecionados dos países do euro em anos recentes
Análise de documentos oficiais sobre convergência X X X X X X X X X
entre os países do euro
Levantamento de bibliografia acadêmica sobre X X X X X X X X
convergência econômica na área do euro
Leitura e discussão de bibliografia selecionada e X X X X X X X X X X
análise dos dados com o orientador
Apresentações no grupo de trabalho X X X X X
Elaboração do relatório parcial X X
Apoio na estruturação do artigo acadêmico X X X X
Redação do relatório final X X
Apoio na finalização do artigo acadêmico X X
Aglietta, Michel (2012). "The European Vortex". New Left Review, may/june, p. 15-36.
Allard et alii (2013). "Toward a fiscal union for the euro area". IMF, Staff Discussion Note 13/09, 29p.
Bibow, Jörg (2012). "The euro debt crisis and Germany's euro trilemma". Levy Economics
Institute or Bard College, Working Paper 721, 42 p.
Bordo, Michael; Markiewicz, Agnieszka; Jonung, Lars (2011). "A fiscal union for the euro: some
lessons from history". Cambridge, NBER, Working Paper 17380, 33 p.
Cohen, Benjamin J. (2012). "The future of the euro: Let's get real". Review of International Political
Economy, 19:4, p. 689-700.
Diniz, André S.; Jayme Jr., Frederico G. (s/d). "Divergências estruturais, competitividade e restrição
externa ao crescimento: uma análise das crises e das limitações da zona do euro". Belo Horizonte,
UFMG, Departamento de Economia e Cedeplar, 20p.
Feldstein, Martin S. (2011). "The euro and european economic conditions". Cambridge, NBER,
Working Paper 17617, 15p.
Freitas, Maria C. P. (2011). "A crise na área do euro". São Paulo, Fundap, Boletim de Economia, n. 10,
p. 21-39.
Freitas, Maria C. P. (2011). "A crise na área do euro". São Paulo, Fundap, Boletim de
Economia, n. 10, p. 21-39.
Ito, Elcio Mitsuhiro (2009). "Integração financeira na Europa do euro: avanços, desafios,
perspectivas". São Paulo, PUCSP, Dissertação de Mestrado em Economia Política, 93 p.
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Subtema 3:
A Europa Central e a crise do euro: o caso da Hungria
Bolsista: Fernando Melo Pissardo
Os efeitos da crise do euro sobre a Europa Central têm sido muito diferenciados. Como
exemplos, a Polônia apresenta desempenho econômico muito superior aos países da área
monetária comum, a Hungria sofre com ameaças de crise financeira e cambial, os países
bálticos fizeram ajustes recessivos dramáticos, semelhantes ao que está sendo realizado na
Grécia, com efeitos sociais muito negativos e resultados econômicos contraditórios.
Apesar dos problemas, a proposta de adesão ao euro se mantém nesses países, mesmo no caso
emblemático da Polônia, em que o bom desempenho é creditado à maior liberdade de
condução da política econômica permitida pela manutenção da moeda própria.
A tendência de realinhamento da Hungria deve ser analisada com atenção, em especial quanto
a seus possíveis significados de enfraquecimento do poder de atração do euro e de avanços na
disputa entre a União Europeia e a Rússia por influência na Europa Central.
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CRONOGRAMA DE TRABALHO DE FERNANDO MELO PISSARDO
Atividades/meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Levantamento e análise de dados X X X X X X
Levantamento e análise de documentos oficiais X X X X X X X X X
sobre as relações da Hungria coma UE e o BCE
Levantamento de bibliografia acadêmica sobre a X X X X X X X X
economia e a política econômica na Hungria
Leitura e discussão de bibliografia selecionada com X X X X X X X X X X
o orientador
Apresentações no grupo de trabalho X X X X X
Elaboração do relatório parcial X X
Apoio na estruturação do artigo acadêmico X X X X
Redação do relatório final X X
Apoio na finalização do artigo acadêmico X X
Bibow, Jörg (2012). "The euro debt crisis and Germany's euro trilemma". Levy Economics
Institute or Bard College, Working Paper 721, 42 p.
Cohen, Benjamin J. (2012). "The future of the euro: Let's get real". Review of International Political
Economy, 19:4, p. 689-700.
Habib, Maurizio M. Is There a Case for Unilateral Euroisation? Evidence from Bulgaria,
Hungary, the Czech Republic and Poland. Discussion Paper Series, Number 19. 2000.
Horniková, Martina. Spontaneous Euroization in the Czech Republic (is it a problem and why
not?). Prague Economic Papers, 2. 2005.
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instead of EMU Membership . In: Bléjer, M.; Škreb, M. (Ed). Financial policies in
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Rostowski, Jacek. Why Unilateral Euroization Makes Sense for (some) Applicant Countries.
In: Dabrowski, M.; Slay, B.; Neneman, J. (Ed). Beyond Transition: Development
Perspectives and Dilemmas. Burlington: Ashgate Publishing Company, 2004, pp 75-88
Scheiber, Thomas; e Stix, Helmut. Euroization in Central, Eastern and Southeastern Europe -
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Schinasi, Garry J.; Teixeira, Pedro G. (2006). "The Lender of Last Resort in the European Single
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Tirole, Jean (2012). "The euro crisis: some reflections on institutional reform". Paris, Banque de
France, Financial Stability Review, p. 225-242.
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