Você está na página 1de 4

Graduação em Cinema e Audiovisual

Respostas referente as questões da AV1

Alunos: Ingrid Vitória Gomes Dantas (1913367) e


Maurílio Arrais Maia Neto (1913382)
Disciplina: Filosofia da Arte
Professor: Henrique Codato
Turma: 2019.1

Março/2019
Resposta referente a pergunta de número um:
O conceito de aura defendido por Walter Benjamin em seu ensaio sobre
“A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica” trata-se,
simplificadamente, sobre a autenticidade da obra. Esse caráter de autêntico
atribuído a uma obra original é o elemento que a torna única. Um dos significados
da palavra autenticidade é “propriedade daquilo a que se pode atribuir fé”, ou
seja, a legitimidade da obra faz com que a mesma possa ser cultuada e
transmitida pelo e para o espectador.
A singularidade da obra é chamada pelo autor de “o aqui e agora”,
determinando assim, o seu lugar e tempo onde ela se encontra. Com isso, a
reprodutibilidade técnica da obra, a cópia, perde totalmente essa quintessência
presente na original. Um exemplo a ser dito sobre isso é a pintura e fotografia.
Desde dos primórdios da humanidade, o homem sentia necessidade de
representar o seu cotidiano ou seus sentimentos através da arte. A pintura foi
uma das primeiras formas criadas pelo homem de expressar suas emoções. Ela
dependia exclusivamente do artista e, o mesmo, tinha a intenção de eternizar
um momento ou inspiração. Não existia, por tanto, um fator de exibição para
aquela obra. Era puramente por amor ou por dom e exista uma aura fortemente
presente ali.
Passaram-se os tempos e a pintura agora recebia um lugar de apreço. Os
artistas eram aclamados e existia uma paixão nos observadores. Contudo,
apesar da fotografia não ter surgido do dia para noite, ela se fez presente e é
nesse momento que os papéis mudaram.
A foto permitiu que qualquer pessoa pudesse tirar uma “cópia” da
realidade. É claro que, por muito tempo, a pintura teve esse papel, porém, ela foi
substituída pelo ato mecânico de clicar um botão. E, nesse instante, é onde a
nossa relação com a obra se transforma.
É o começo da era da reprodução em massa. O mercado se aproveita
totalmente dessa inovação e transforma tudo em vendas, lucro e capital.
Multiplicar, essa palavra é a definição da arte na modernidade. Perdendo,
completamente a sua unicidade.
A sua essência passa a se equiparar com o seu valor comercial, tornando
a arte, um mero instrumento para a sociedade de classe média-alta, para vender
e implementar ideias. A facilidade que a reprodutibilidade gerou, marcou o meio
artístico pela destruição da sua aura e mudou completamente o futuro da
qualidade.

Resposta referente a pergunta de número dois:


O ensaísta Walter Benjamin utiliza-se de outros dois termos para
identificar as mudanças geradas pelo surgimento da reprodutibilidade técnica.
Os chamados “valor de culto e valor de exposição”, evocam uma ideia de
deslocamento, onde há uma mudança no enxergar artístico sobre a obra.
O culto é a forma de apreciação por meio de rituais ou cerimonias. Ela
independe de um observador e a aura é totalmente presente. Já a exposição,
faz-se o contrário. Necessitando de um público e a aura é perdida através da
comercialização da obra.
Em conjunto disso, o advento da indústria e da produção mecanizada,
durante a Revolução Industrial, trouxe uma mudança radical para o trabalho
artesanal. As máquinas passaram a ser usadas e, assim, substituíam o produtor
em quase todas as fases de produção. Não era mais necessário ter alguém para
fazer o trabalho, pois as máquinas faziam tudo mais rápido e prático. E é claro
que isso não afetou só o mercado comercial, mas também o mercado artístico,
que crescia nessa época.
A economia passou a determinar as atividades sociais presentes em cada
nação, controlando, assim, o tipo de arte que era feita. A produção artística não
era mais focada no valor de culto, mas sim pelo seu valor de exposição. O
exemplo mais útil dessa questão é o cinema. A sétima arte traz consigo o
determinante de que a cópia se faz necessária para a obra. Um filme só é
considerado um sucesso quando é exibido para milhares de pessoas. E isso só
é possível por meio da reprodutibilidade técnica.
A tela dos cinemas e os projetores nos permitem observar uma cópia do
filme original que, por meio de câmeras, é uma cópia da realidade em questão
(seja ela fictícia ou não). Não existe, portanto, uma aura presente nessa exibição.
A pirataria é um exemplo de como a nossa relação com a obra de arte e
a imagem mudou durante o tempo. A reprodução em termos ilegais é totalmente
visada ao lucro em cima da obra. Não existe aura, não existe legitimidade, e
arrisco dizer, que não existe obra. Sua essência foi totalmente perdida e a única
coisa que resta dela é o valor de exposição. E o pior disso tudo, os consumidores
não ligam para isso.
O indivíduo que compra um filme pirata não está interessado em
autenticidade. Ele só está comprando a reprodutibilidade da obra original. As
consequências desse ato são inúmeras, mas a principal delas é a falta de
qualidade. Ou seja, algo pirateado não recebe a propriedade que determina a
sua essência.
As novas tecnologias mudaram totalmente a nossa visão de mundo. O
comércio, a política e, agora, até a arte depende delas e se não usarmos com
sabedoria, elas poderão nos consumir. A mudança era prevista e nada
conseguiria reter a nossa evolução, só não devemos nos deixar guiar pela
facilidade e zelar pela qualidade.

Você também pode gostar