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ECONOMIA I - Economia na era primitiva – uma introdução

O trabalho do homem é feito sempre visando apropriar-se dos recursos oferecidos pela natureza e usufruí-los. O
sistema de apropriação destes recursos varia consideravelmente no tempo e no espaço e depende da forma de
propriedade dominante. Assim, nas sociedades primitivas a propriedade da terra e, conseqüentemente, dos seu frutos
pertencia à comunidade e era explorada pelo conjunto de pessoas, pela comunidade, em benefício da mesma. Este tipo
de organização social ainda é o dominante entre os indígenas brasileiros que vivem na selva, com um mínimo de
contato com os civilizados. Também dominou na Europa, nos primeiros tempos. Com a evolução social, passou a
haver uma apropriação dos meios de produção terra e bens confeccionados pelo homem —, surgindo a propriedade
privada, ora do Estado, ora de pessoas, e esta mudança provocou transformações no sistema de relações de trabalho
entre os homens, de vez que uns passaram a trabalhar sob a direção de outros e a produzir excedentes — quantidades
não necessárias ao seu consumo — que eram apropriados por outros. Vê-se, assim, que o sistema de relações de
produção e, conseqüentemente, de trabalho está profundamente ligado ao sistema de propriedade. E é o conjunto
destes sistemas que dá origem ao conceito teórico de modo de produção. Os estudiosos costumam admitir que tenha
havido, na evolução da humanidade, uma seqüência, nem sempre cronológica, de modos de produção, formada pelo
da comunidade primitiva, o asiático, o escravista, o feudal. o capitalista e o socialista.’ Cada modo de produção
estava ligado a um típo de relação de produção e a um sistema de propriedade. No primeiro e no
último dominava a propriedade social, segundo a qual a terra e os instrumentos de produção pertencem à comunidade
ou à sociedade onde a forma de apropriação do produto é feita pelo grupo, pela sociedade. Nos outros modos de
produção, existe uma apropriação privada, de indivíduos, de associações ou do próprio Estado, do produto do
trabalho; existe um trabalho social contrastando com uma apropriação individual. Daí a divisão da sociedade em
classes.

O modo de produção é uma categoria teórica, não é encontrado em forma pura na sociedade; coexistem com um nodo
de produção dominante, sobrevivências de um modo de produção que dominou anteriormente e que foi suplantado;
assim como pode ocorrer a existência de modos de produção que nunca se tornaram dominantes, exercendo-se apenas
em determinadas áreas ou setores. A tendência, porém, é que o modo de produção dominante consolide, cada vez
mais, a sua influência e vá gradativamente eliminando os modos de produção dominados. Isto ocorre até que o
próprio desenvolvimento do sistema social crie condições tais que desajustem o modo de produção dominante,
fazendo com que ele seja paulatina ou rapidamente substituído por um novo modo de produção.

Ao estudarmos a realidade em determinado país ou região, devemos dar grande importância à formação econômico-
social que é o “modo de produção junto com sua superestrutura”, constituindo um todo equilibrado de existência real.
Assim ela se forma pela infra-estrutura representada pelo modo de produção, coroada com as superestruturas político-
sociais e ideológicas por ela geradas. Ao analisarmos os sistemas agrícolas, devemos levar em consideração não
apenas os modos de produção, mas sobretudo, as formações econômico-sociais para melhor compreendê-los. A
formação econômico-social dá uma visão mais segura porque engloba tanto o modo de produção dominante como os
dominados e até os resquícios ainda existentes dos modos de produção dominantes no passado. Ela fornece melhor
base para se ter uma compreensão total da realidade, o que não é fornecido pelo modo de produção, por resultar de
posições mais teóricas.

A formação econômico-social estrutura-se em um modo de produção (base econômica) que dá origem a uma
superestrutura social e política, de vez que provoca a divisão da sociedade em classes e possibilita o aparecimento e a
organização de um poder político que mantém esta estrutura, e provoca ainda a formação de uma segunda estrutura
baseada em princípios, idéias e crenças, que justificam as formas sociais organizadas (superestrutura cultural e
ideológica), fazendo que não só os beneficiados como até os prejudicados pelo sistema o aceitem e o considerem
como de origem natural e não como o resultado de um processo social. Daí a transferência de modos de pensar e de
agir favoráveis às classes e grupos dominantes aos grupos dominados, que passam a agir e a pensar nos moldes que
lhes são ditados.

Os sistemas de cultura que examinaremos a seguir refletem os modos de produção e as formações econômico-sociais
em que se realizam.

Referências Bibliográficas
ANDRADE. M. C. Geografia econômica. 12 ed. São Paulo: Atlas, 1998.
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QUESTÃO DE ANÁLISE DO TEXTO

Com a leitura do texto, o que pode ficar evidente sobre o modo de produção na economia primitiva e na
economia contemporânea? Dissertar sobre o assunto.
Nas sociedades primitivas o resultado do trabalho (coleta de frutos e raízes, caça e pesca) era distribuído
comunitariamente. Os povos da época eram nômades e abandonavam uma região assim que os recursos para seu
sustento escasseavam.

Esses povos, no momento que iniciam cultivos agrícolas, fixam-se na terra e tornam-se proprietários,
originando a propriedade privada e as primeiras cidades. A diferença principal entre as sociedades primitiva e
capitalista é a existência da propriedade social ou comunitária na primeira e a propriedade privada na segunda.

Num regime de propriedade privada o trabalho não é mais distribuído comunitariamente: indivíduos não
proprietários produzem mais do o necessário ao seu sustento (o excedente é apropriado pelo proprietário dos meios de
produção - o patrão), e vendem o único bem que possuem, a força de trabalho.

A humanidade continuou evoluindo até o atual estágio de sociedade capitalista. Mas o filme exibido mostra
que apenas proclamar que uma sociedade é capitalista pode não significar muita coisa se não for feita uma análise de
sua “formação econômico-social”.

Cidades como Manari (PE) e Jordão (AC), onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é baixíssimo,
contrastam com a realidade conhecida das regiões Sul e Sudeste, já que mantém um cotidiano de salários baixos,
assistencialismo governamental e até mesmo trabalho escravo. Tamanha desigualdade regional nem pode ser
explicada pela ausência ou exuberância de recursos naturais, já que as cidades citadas situam-se no sertão nordestino
e floresta amazônica.

Portanto, numa sociedade capitalista, diferenças de classes entre proprietários e não-proprietários convivem
com significativas desigualdades regionais e até mesmo com modos de produção não capitalistas (que aparecem
principalmente nas regiões mais atrasadas).

Daniele Costa Torres


Edson Luiz Fogo
Marcelo Ribeiro Custódio
Suzete Augusta da Silva

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