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CONTRA
1. DOS FATOS
(...)
Ora mesmo que o autor tenha sido acometido de alienação mental após a sua
aposentadoria, o inciso XIV, do artigo 6º da lei 7.713/88 parte final, lhe garante
de forma expressa o direito à isenção do imposto de renda sobre seus proventos:
Sendo que o Autor protocolou de forma administrativa (processo 2018/190717)
requerimento para que cessasse o desconto de imposto que vinha ocorrendo em
seus vencimentos, e seu pedido foi negado pelo IGEPREV, sob alegação que
não há autorização ou determinação no sistema legal para que seja concedida
a isenção.
De forma que, o INSTITUTO DE GESTÃO PREVIDENCIÁRIA DO ESTADO DO
PARÁ – IGEPREV, ao arrepio da lei, nunca deixou de descontar imposto de
renda dos proventos do Autor, como demonstra os contracheque do autor e as
declarações de imposto de renda juntadas a esta exordial. Por este motivo o
Autor recorre ao judiciário pra ver sanada essa injustiça e garantido o seu direito.
1.1 - ENQUADRAMENTO DE DOENÇAS NO CONCEITO DE ALIENAÇÃO
MENTAL PARA FINS DE ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA.
d) oligofrenias graves.
O enquadramento do aposentado, reformado ou pensionista em um desses
quadros clínicos, bem como em outros que possam se afigurar às
características comentadas, pode indicar a satisfação do critério jurídico de
“alienação mental” para fins de isenção de imposto de renda.
2. DO DIREITO
Assim, pode-se dizer pela redação dos artigos 5º, inciso XII da Instrução
Normativa SRF nº 15/2001 e 6º, inciso XIV da Lei 7.713/1988, alterado pelo
artigo 1º da Lei 11.052/2004, acima mencionados, que o Autor faz jus a isenção
do imposto de renda, haja vista possuir quadro de ALIENAÇÃO MENTAL, e,
portanto, está sim, devidamente enquadrado no que dispõe a legislação
competente acerca do assunto.
Portanto, com base na legislação mencionada, deve ser observada e
adotada pela Autarquia Estadual, a qual remunera o autor, que o autor se
enquadra perfeitamente aos requisitos dos referidos dispositivos legais. O
que se comprova pela documentação acostada aos autos e, sobretudo pelo
conforme laudo médico oficial atestando ser o autor portador de Alzheimer
de CID G30.9 (alienação mental) e Demência não especificada CID F03 em
anexo, devendo o IGPREV se abster de realizar descontos relativo a
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE, dos proventos do Autor.
Dessa forma, o não reconhecimento a isenção do imposto de renda do autor,
seria uma violação frontal ao Ordenamento Jurídico Pátrio. Cabendo, portanto,
o ajuizamento da presente ação.
Por fim, requer desde já, seja declarado o direito do autor a ISENÇÃO do
desconto do imposto de renda retido na fonte.
3. DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
Diante do direito líquido e certo do autor, como possuidor de alienação mental
conforme laudo oficial em anexo, conforme antes já relatado na exposição dos
fatos, não resta outra alternativa ao autor, senão requerer a antecipação da tutela
“inaudita altera pars” preconizada na lei, sob pena de vir continuar a sofrer os
descontos indevidos antes do término da ação.
Desse modo, tendo em vista que já foi explicitado na síntese fática que o autor
é da reserva remunerada do serviço militar, e que foi acometido de doença de
Alzheimer de CID G30.9 e Demência não especificada CID F03. Frise-se que o
Autor protocolou de forma administrativa (processo 2018/190717) requerimento
para que cessasse o desconto de imposto que vinha ocorrendo em seus
vencimentos, e seu pedido foi negado pelo IGEPREV, sob alegação que não há
autorização ou determinação no sistema legal para que seja concedida a
isenção, portanto é claro o “periculum in mora” e o “fummus boni iuris” contido
em seu direito, haja vista que o mesmo vem sofrendo descontos indevido
mensais de imposto de renda, a quase dois anos.
Ora, pois, o “fummus boni iuris” nada mais é que a aparência do bom direito, e a
plausibilidade do direito invocado, havendo esta aparência como no caso dos
autos, é mais do que suficiente para a concessão da tutela antecipada “inaudita
altera pars”. Até porque, o juízo que se faz é sumário e não exauriente. Assim, a
plausibilidade do direito invocado, está consubstanciada no diagnóstico médico
do paciente, através dos laudos e exames médicos. Tais documentos
comprovam, de forma inequívoca, que autor é dono do direito que se busca. Da
mesma forma, o “periculum in mora” é a simples possibilidade de dano,
objetivamente considerado que, contudo, deve ser grave e de difícil reparação.
Isto é, o “periculum in mora” nada mais é do que a urgência. No presente caso
ele é notório e decorre do fato de o Autor está sofrendo descontos indevidos em
seus proventos, enquanto aguarda a decisão definitiva da lide!
Com efeito, estão presentes todos os fundamentos para a concessão da
antecipação da tutela pretendida, a farta documentação especialmente o laudo
e as indicações médicas, não deixam margens à duvidas que, no caso vertente
estão presentes tanto o “fummus boni iuris” como o “periculum in mora”, e,
portanto, deve sim ser concedida a antecipação de tutela “inaudita altera pars”
ora postulada!
Outrossim, o Código de Processo Civil, também, autoriza o Juiz a conceder a
antecipação de tutela “inaudita altera pars” “existindo prova inequívoca”, in
verbis: Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 código de processo civil:
“Art. 300 - A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.”
Bem explica o artigo 497 do Código de Processo Civil, que o juiz concederá a
tutela específica da obrigação nas ações que tenham por objeto o cumprimento
de obrigação de fazer, consoante texto a seguir: "Art. 497. Na ação que tenha
por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido,
concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
De conformidade com o § único do artigo 497, poderá o juiz conceder a tutela
liminarmente, direito plenamente atribuível ao caso em tela, ante a robustez da
documentação acostada e veracidade dos fatos, presentes ainda a
verossimilhança das alegações e o periculum in mora:
Dessa forma, o autor requer desde já LIMINARMENTE seja imediatamente
suspenso o desconto do imposto de renda retido na fonte nos seus proventos de
reserva remunerada. Haja vista a real urgência e emergência existente “in casu”,
tendo em vista ser o autor nos moldes da lei ISENTO DO IMPOSTO DE RENDA,
que seja concedido o pedido de ANTECIPAÇÃO DE TUTELA “inaudita altera
pars”;
Por fim, requer que no mérito a liminar seja reconhecida definitivamente por
sentença, para bem declarar o direito do autor a ISENÇÃO do desconto do
imposto de renda retido na fonte.
5. DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO
O autor faz jus à repetição do indébito acrescido da devida correção monetária
e juros remuneratórios, eis que desde 2018, o Autor protocolou de forma
administrativa (processo 2018/190717) requerimento para que cessasse o
desconto de imposto que vinha ocorrendo em seus vencimentos, e seu pedido
foi negado pelo IGEPREV(carta nº088/2018, em anexo), sob alegação que não
há autorização ou determinação no sistema legal para que seja concedida a
isenção a sua reserva remunerada, até a presente data foram recolhidos
indevidamente o imposto de renda de seus proventos. Haja vista que, a Lei nº
7.713/88 instituiu a isenção do imposto de renda, a portadores de Alienação
mental.
A mens legis da isenção é justamente para não sacrificar o contribuinte que
padece dos motivos elencados no artigo 6º, inciso XIV, da Lei Federal nº
7.713/88, e que gasta demasiadamente com o tratamento, sendo exatamente
este o caso do autor.
Assim, restando demonstrado que o autor é portador de Alienação mental, o
que se comprova com os laudos médicos inclusos, e que, portanto, faz sim jus à
isenção prevista no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988. Logo, os valores
retidos na fonte a título de imposto de renda incidentes sobre o seu benefício de
aposentadoria são indevidos e devem ser restituídos.
Cabendo, portanto, a repetição do indébito com a devida correção monetária
calculada pela SELIC, nos termos do artigo 39, § 4º, da Lei 9.250/95.
É imperioso atentar para a finalidade social da norma que previu a isenção do
imposto de renda, destinada a possibilitar ao enfermo o custeio das despesas
com o tratamento da patologia, consistentes na aquisição de remédios, consultas
médicas e realização periódica de exames, providências que demandam, com
absoluta urgência, maiores recursos financeiros do que os exigidos da pessoa
sadia na mesma faixa etária.
E, nesse sentido, a jurisprudência do TRF4:
“TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. LEI 7713, DE 1988.
ARTIGO 6º, XIV. CARDIOPATIA GRAVE. ARTIGO 30 DA LEI 9250.
LAUDO PERICIAL. A legislação isenta de Imposto de Renda os
proventos de aposentadoria ou reforma, para os portadores de
moléstias graves, dentre elas a cardiopatia grave. É firme a
jurisprudência do STJ (REsp 673.741/PB, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, DJ 9.5.2005 e REsp 677.603/PB, Rel. Min. Luiz Fux, DJ
25.4.2005) no sentido de que o magistrado é livre para apreciar a
prova dos autos. A regra prevista no artigo 30 da Lei nº 9250 resta
atendida se a prova produzida em juízo é suficiente para atestar a
doença que dá ensejo ao benefício”. (AC nº 007478-
88.2011.404.7000, Relatora p/ Acórdão Maria de Fátima Freitas
Labarrère, DJ 8/06/2012).
Por fim, cabe lembrar que o prazo para postular a restituição do indébito é de
cinco anos, a contar da data do pagamento antecipado do tributo, na forma do
art. 150, § 1º e 168, inciso I, ambos do CTN, c/c art. 3º da LC n.º 118/05. Assim,
tendo em vista a data do ajuizamento da ação e o período postulado pelo autor
(janeiro de 2018 até a data de suspensão do desconto do imposto de renda),
não há o que se falar em prescrição.
Cabendo, portanto, a condenação dos requeridos ao pagamento da restituição
do indébito em parcelas vencidas e vincendas com a devida correção monetária
a ser calculada pela SELIC, nos termos do artigo 39, § 4º, da Lei 9.250/95, o que
desde já, se requer.
8. DO PEDIDO
Nestes Termos,
Pede Deferimento.