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Limoeiro – Hoje é dia de festa aqui,eu num quero ver ninguém parado! Quando o
sinhozinho opontar eu quero ver o papoqueiro de fogos pelo mei do mundo!
Domingos – Sim, sinhô, esta tudo na orde.
Domingos – mas meu sinhô eu nunca vi coisa mais linda! É coqueiro de banda da qui
É coqueiro de banda dali... Ô coisa linda!
Limoeiro – Você vai é muito sabido viu domingos?!
Domingos – Um escravo de meu sinhô!
Limoeiro – Esse povo de pau grande vem ou não vem?
Domingos – Falei ontem com o seu tenente-coroné, sim sinhô, dei recado de meu sinhô,
e ele disse que vinha com a cambada toda: Sinhá perpetua e sinhá rosinha.
Limoeiro – pois já deveriam ter chegado aquele homi nunca se atrasa...
Limoeiro – Hoje qui o dia é de festa! Amanhã ninguém pega numa enchada...
Domingos – viva o sinhô Henrrique!
Limoeiro – Viva!
Domingos (para os escravos) – Dobrem a língua! Digam: viva sinhô moço douto!
Os negros - Viva!
Cena – II
(Limoeiro pensando andando de um lado para o outro do cenário calmamente)
(Domingos chega gritando e interrompendo a calma)
Cena III
( Limoeiro e Chico Bento)
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Chico Bento – Nos ganhamos dentro dos limites da democracia...
Limoeiro – É eu sei... (irônico)
Chico Bento – Os conservadores já fizeram muita coisa por este país. Lembra do
barnabé Antunes? Que grande homem.
Limoeiro – Era liberal...
Chico Bento – Ele foi conservador em 62, liberal em 63, conservador de novo em 64
mas em 65 virou moderador e hoje em dia ele é pastor.
Limoeiro – Realmente um homem de convicções assumidas!
(Ouve-se um alvoroço e então limoeiro e Chico bento gritão chegou o rapaz!!! )
Cena IV
Perpetua – Que tanta fusaca é essa? Parece que o mundo vem se acabando!
Limoeiro – É o meu Henrique, o doutor! Viva ao senhor doutor!
Perpetua – Se apruma menina! Ajeita esse pescoço! Nunca vi gente desse jeito, sem
jeito pra nada!
Henrique – Meu tio! Meu mestre! Meu pai! Eu sou a sua sombra! Assuma logo que
você pulou a cerca com mamãe. Porque você só pode ser meu pai.
Limoeiro – Hora deixe de besteiras! Tu és meu filho de coração.
Chico Bento – Estas cenas de família me deixam muito emocionado!
Rosinha (cutuca a mãe e pergunta) – o que é aquilo comprido, grande e grosso?
Limoeiro – você ainda conhece o povo do pau grande?
Henrique – Mais é claro como posso esquecer esse povo maravilhoso.
Limoeiro – esse vai dar um político!
Henrique – como vai sua filha e sua senhora?
Chico Bento – Tão ali.
(Henrique cumprimenta a ela e fala para Chico:)
Henrique – A velha ainda da pro caldo.
Chico Bento – Eu que o diga.
Henrique – E quem e essa menina tão bonitinha? Bilu bilu!
(Perpetua empurra rosinha em direção de henrique e ela sempre se esconde)
Cena V
(apenas Chico e limoeiro)
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Chico Bento – Eu quero saber o que ele pensa a respeito da política...
Limoeiro – É sobre isso mesmo que eu quero conversar com tenente.
sexta-feira traga umas cadeiras para gente se sentar!
(Domingos traz duas cadeiras limpando a que limoeiro vai se sentar)
Domingos – Sinhô sou seu escravo a trocentos anos e o senhor ainda não aprendeu meu
nome?
Limoeiro – Ora! Mas ta... sexta-feira, domingo, num e tudo dia da semana?
(Chico e Limoeiro sorriem)
Limoeiro – Mas como tava eu tava dizendo... é preciso ajeitar o rapaz... se é que o
amigo me entende... neste país num há negocio melhor do que a política.Pela política eu
cheguei a major e comendador(se levanta com se fosse um discurso)
e o amigo a tenente coronel e a inspetor da instrução pública aqui destas bandas.
Chico Bento – Opa! Pela política não! Quem tava no poder era o partido contrario. Eu
conseguir pelos meus merecimentos.
Limoeiro – Limoeiro o que importa e que apesar de tudo o tenente coronel é e sempre
será a primeira influencia do lugar. Como o amigo tenho um dinheiro ai guardado... o
amigo tem muita influencia na região... tem o nosso doutor que precisa de um futuro...
tu ta me entendendo?
Chico Bento – Não! Como é? Eu vou influenciar o dinheiro que Henrique vai ter no
futuro?
Limoeiro – Não homi! Eu tô chamando você para modi a gente se associar pra apoiar a
candidatura de Henrique.
Chico Bento – Ah... To entendendo. Você entra com o dinheiro e eu entro com a
influencia do pau grande.
Limoeiro – É meio diferente do que o amigo ta dizendo, mais e igual,
E tem mais pra selar de vez o casamento dos nossos interesses, agente casa Henrique e
rosinha.
Chico Bento – Mas como foi que eu nunca pensei nisso? Esse negocio de casamento
por amor e coisa de pobre que num tem dinheiro pra negociar e inventa esse
desdobrinho de casar por amor, mais com esse plano o negocio fica bom! Se o partido
conservador ganhar, a gente tem o governo em casa! Mais se o partido liberal ganhar...
Limoeiro – agente continua com o governo em casa!
Chico Bento – E se o menino for mesmo esperto e se associar ao partido progressista, ai
e que da certo! mais tu é mesmo um maganão.
Limoeiro – o amigo também não fica atrás...
(Cruzam-se no palco fazendo a rizada que Américo fez em Lazarilio)
(Henrique se aproxima)
Limoeiro – Lá vem Henrique, me deixe sozinho com ele... deixe comigo...
(Chico Bento as sorrindo)
Limoeiro – Como vai, meu digníssimo filho?
Henrique – Vou muito bem, meu querido tio! Já disse um escritor que a vida na roça
arredonda a barriga e estreita a terra o cérebro! Aqui e me sinto poeta!
Limoeiro – Que historia de poeta menino! Poesia é coisa pra vagabundo! Isso num
enche barriga de ninguem não! Por falar nisso, que carreiria pretendes seguir?
Henrique – Tenho muitas diante de mim ... a advocacia, diplomacia carreira
administrativa...
Limoeiro – Mas eu to falando de algo que traga prestigio...
Henrique – mas eu não sei nem pegar num bola! Com é que vou ser jogador de futbol?
Limoeiro – eu num to falando nisso.. eu to falando do de alguem que fale do povo.
Henrique – Radialista?
Limoeiro - O negocio ta dificil... Eu to falando e de politica! O que é que você acha?
Henrique – eu num ligo muito pra essas coisas não!
Henrique – ôchi! E ela já naum ta feita?
Limoeiro (impaciente) – Você vai ser candidato ou num vai?
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Henrique – e é do agrado do meu tio?se for eu me candidato. O senhor já fez muito por
mim,eu lhe sou muito grato... faço o que quizer.
Limoeiro – É do meu agrado sim. Eu fico muito satisfeito.
Henrique – mas de que partido vou ser? Liberal como meu tio?
Limoeiro – e oq eu acha de ser conservador?
Henrique – tanto faz, muda o nome...
Limoeiro – pois já que muda o nome você vai ser dos dois!
Henrique – Mas isso e uma indignidade!
Limoeiro – Indginidade e ser ao mesmo tempo do P.P.F.B.
Henrique – o que é isso? Um partido politico?
Limoeiro – Não. É ser Pobre, Preto, Feio e Burro...
Henrique – Nisso eu concordo!
Cena VI
(sai Henrique)
Chico Bento – E ai cumpadri! Já ajeitei com a menina réa e a perpetua. Já ta tudo certo!
e com o doutor?
Limoeiro – Também já acertei tudo! Vamos logo fazer a indicação dele para deputado!
Vá pegar ali dentro um papel e uma caneta que eu vou lhe ditar a carta!
Chico bento – pronto. Manda!
Limoeiro – Escreve ai: excelentíssimo, digníssimo, meretissimo sinho doutor: dois
pontos, esta carta tem por fim recomendar-lhe muito especialmente o doutor Henrique
da costa limoeiro,virgula que pretende uma vaga pra mamar nos peitim do
governo,quero dizer, não anote isso coronel, busca uma vaga para representar
dignamente a população no governo.
Chico bento – Agora e preciso colocar as virtudes do rapaz.
Limoeiro – Deixe com nos! Bote ai: o doutor e bacharel em direito sem falar que lhe
indico é poeta, escritor, fazendeiro, faz menino muito bem, sabe cozinhar, varre a casa,
lava os pratos e etc etc etc...
Chico Bento – e eticetera e com “c” ou com “s”?
Depois tem um “ i”?
Limoeiro – Não seja burro! Quero dizer, não se atrapalhe! Basta botar e t c.
Chico Bento – Prossiga...
Limoeiro – Sim, Não...
Chico Bento - E sim ou não?
Limoeiro – Risque o sim.
Chico bento – e deixo o não?
Limoeiro – Não, risque o ambos.
Chico Bento – mas eu ainda nem escrevi “ambos”
Limoeiro – ora.... risque tudo!
Chico Bento – desde o começo?
Limoeiro – Não, o sim e o não. E continue.
Chico Bento – Diga ....
Limoeiro – Henrique pretende retalhar a província com estradas e bibliotecas, bondes.
Pretende construir casas para população carente, animar industrias, o comercio, lutar
contra o terrorismo, prender Osama Binladen, acabar com as guerras no oriente e ganhar
a copa do mundo.
(Chico Bento sempre pedindo calma desde o inicio da carta, perainda)
Chico Bento – Já to quase apaixonado! Ô rapaz prendado! O Homem e muito bom!
Limoeiro – Deixe de besteiras Homem! Escreva, escreva! Agora termine dizendo: o
doutor limoeiro e um primor, só falta o pão,o Brasil está com fome de pão com
manteiga; Alimente-o! (em tom de poesia)
Gostou, gostou?
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Chico Bento – mais menina isso vai provar um efeito danado com os conservadores. E
com os liberais? vão ficar tudo doido.
Limoeiro – Menino! Vamos mandar uma copia para cada partido,sem perder tempo,
pois tempo e dinheiro...
Cena VII
( Henrique e Rosinha, Perpetua Chico Bento e Limoeiro )
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(Henrique, Chico e Limoeiro inicialmente. Henrique esta aflito com o nervosismo da
eleição. Faz gestos como se estivesse com dor de barriga e pergunta a toda hora se vai
da certo. Limoeiro esta tranqüilo)
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(Gregório se alonga como se fosse correr mais vai apenas fazer um dicurso)
Gregório – Major Limoeiro! Todos aqui presentes incubiram-me, a mim mesmo,
inclusive eu, humilde professor publico desta região, de saudar tão saudoso dia,
saudando ao mesmo tempo o ditoso tio, que vê ta ditoso sobrinho em tão ditosa carreira.
Ditosa condição, ditosa gente como diz o ditoso poeta! Viva ao senhor Henrique!
(todos gritam viva e Henrique sai correndo pra ao banheiro)
Gregório – Viva ao senhor limoeiro!
Povo – Viva...
Gregório – Viva ao senhor tenente coronel Chico Bento do Pau grande!
Povo – Viva...
(Chega domingos correndo)
Gregório – Viva ao doutor Domin....
(então gregório engole o grito e solta domingos com nojo)
Custodio – Mas cadê o nobre deputado?
Chico Bento-foi pra casa cag...(limoeiro tampa a boca de Chico)
Limoeiro – Foi pra casa ca...ca... , calcular os gastos da campanha, e isso calcular!
Flavio – Logo agora que queria lhe dar meus cumprimentos.
Chico Bento – Não faz mal meu caro amigo Flavio, Henrique e um Homem de povo...
é um homem dado...
Custodio – Pois nos já vamos se adiantando que as eleições já vão começar.
Chico Bento – E eu já vou assumir o meu papel de fiscal de urna. (Chico Bento fica na
porta da igreja. Onde está localizada a urna).
Limoeiro – Tu já ta pronto, Domingos?
Domingos – já sim, sinhô.
Limoeiro – Pegou a lista dois deputados?
Domingos – Peguei sim sinhô! Ta aqui.
Limoeiro – Já de corou todos seus nomes?
Domingos – Já sim sinhô.
Limoeiro – Pois num se esqueça do que eu lhe falei; e votando e trocando de roupa (
varias vezes repete o votando e trocando de roupa)
Entendeu? (domingos fica zonzo)
Domingos – Entendi sim sinhô...
Limoeiro – E num se esqueça de que quando o homem ganhar você ganha sua
liberdade!
Domingos – Sim sinhô, (de joelhos abraçando as pernas de limoeiro) o sinhô e um
santo!
(Domingos ia saindo quando limoeiro o chama e )
Limoeiro – Domingos pere ai agora vamos fazer um belo de um teste drive...
Domingos – Sim sinhô.
Limoeiro – Como é mesmo seu nome?
Domingos – Meu nome e Domingos sim sinhô!
Limoeiro – Eu to falando e do outro homem!
Domingos – Outro dia o sinhô me chamou de sexta-feira...
Limoeiro – Eu to falando é do primeiro nome da lista dos defuntos!
Domingos – Sim é, deixa eu vê... (fica pensando)
Limoeiro – assim num dá...; me de essa lista pra ca. Seu nome é Manoel Maneco
Manduba de Mandiroba.
Domingos – Sim agora eu sei eu me chamo mane maneco!
Limoeiro – Muito bem vá embora. Você tem que vota hoje pelo menos uma
quatrocentas vezes.
(Enquanto domingos vai para igreja Henrique aparece e vai apertar o mão do tio
porem Limoeiro nega)
Henrique – Já vai começar meu tio?
Limoeiro – Já, Já começou... Agora quem quer ir pra casa sou eu!
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Vamos Henrique.
(Chico Bento na porta da igreja fiscalizando votantes, a porta da igreja dá para a
cochia.)
Chico Bento – Como é seu nome?
1º Votante – Jacinto pinto Aquino Rego
Chico Bento – (procura na lista) Pode entrar.
(faz a zoada da urna eletrônica)
Chico Bento – Próximo?! E o nome?
2º Votante – Vadauco Junior
Chico Bento – Vadauco..... vadauco..... ta aqui pode entrar.
(toda vida que entrar um votante toca a zoada da urna)
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Escucha, o señor! ?quanto me voy a ganar?
Limoeiro – Vinte mil réis. . .
Pascoal – O siñor no pudes pagar um poquito mas?
Limoeiro – ora; pra isso você num é besta! É vinte e pronto! Se quiser bem, se num
quiser chau!
Pascoal – no, bole, bole...
(na hora que pascoal vai conversar com Chico na entrada chega o povo protestando)
(chega perpetua,Henrique e rosinha para lugar onde está limoeiro e Chico Bento vem
correndo da igreja com o pascal do protesto, atrás pascoal também vem correndo com
Chico. O povo grita que esta havendo fraude)
Povo – É marmelada! E marmelada! Ate um estrangeiro ta votando. Só o escravinho do
major votou 500 vezes.
(aparecem os capangas do coronel)
Pé – de - ferro – O que passa dessa linha que eu vou riscar aqui com o meu pé num
volta mais.
Arranca – Queixo – É isso mermo! Aqui tem é um homi, meu nome é arranca queixo!
(os capangas fazem um escuda na frente das famílias, e limoeiro empurra Chico pra
frente para que este resolva a situação )
Chico Bento – Ordem, senhores! Perca-se tudo1 mas salvem-se a moralidade publica!
( o povo avança e Chico volta pra o seu lugar dessa vez empurrando Henrique)
Henrique – Não percam a moralidade publica!
Cena IX
( sai o povo)
(Quando abrem-se as cortinas passa a festa de comemoração da eleição de
Henrique,qual é carregado e levado pelo o povo. Aparece um reporte noticiando)
Reporte: Ontem as eleições no distrito de (nome da cidade) quase foram ameaçados por
um ataque violento de anarquista subversivos. Felizmente a autoridade local se fez
presente mediante a situação, impedindo que o ato de vandalismo viesse a machucar a
família do digníssimo major limoeiro e bem como a família do coronel Chico bento do
pau grande e o recém deputado e futuro presidente Henrique limoeiro. É lamentável a
presença destas atitudes, mas a democracia prevaleceu.
(a multidão que carregava Henrique vai embora a ficam em cena os atores do elenco
principal, incluindo Henrique)
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(todos ficam espantados com a decisão de domingos)
Cena X
(cena do casamento)
(Toca a valsa do casamento. Vão casar os 3 na mesma cerimônia, 1 rosinha, depois os
dois casais um de cada lado ai casa a escrava e depois domingos)ai entra todos os
integrantes para dançar da peça e com alguns minutos apagam-se as luzes.
Cena XI
(limoeiro e Chico bento sentado em uma poltrona em uma sala, caracterizados como
bem velhos comentando o passado, dando a entender que toda a narrativa foi na
verdade uma lembrança do passado dos dois que ressurgem em uma converssa de fim
de tarde)
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