Você está na página 1de 16

Possíveis temas:

Tráfico de pessoas
História da PRF
Atribuições constitucionais e institucionais da PRF e seu papel no Estado Democrático
Embriaguez ao volante – Crime e infração
Crimes contra a administração pública – Contrabando, descaminho
Tráfico de drogas, tráfico de armas
Direitos e garantias fundamentais – Direitos humanos
Crimes transfronteiriços – tráfico pessoas, tráfico de drogas, tráfico de armas, contrabando,
descaminho.
Corrupção ativa e passiva
Tecnologia no auxílio as atribuições da PRF

Tráfico de pessoas
Causas: vulnerabilidade social, pobreza, falta de trabalho, situações de violência doméstica, baixa
perspectiva de vida.

Crime é o terceiro que mais movimenta dinheiro no mundo., porém não é muito exposto na mídia
como o tráfico de drogas e o tráfico de armas, que são os dois primeiros. Tráfico de pessoas é a
escravidão da atualidade. Maioria são mulheres, jovens, negras, baixa renda e baixa escolaridade.
O crime se intensificou com o fenômeno da globalização.

Legislação: Declaração Universal dos Direitos Humanos: Artigo IV – Ninguém será mantido em
escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidas em todas as suas
formas. (Escravidão e tortura são práticas que não podem ser relativizadas, são absolutas
essas vedações).

Código Penal: Crime de tráfico de pessoas. Artigo 149-A inserido pela lei do tráfico de pessoas
13.344/2016, que dispõe sobre prevenção e repressão ao tráfico interno e internacional de pessoas.
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa,
mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: I - remover-lhe
órgãos, tecidos ou partes do corpo; II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; IV - adoção ilegal; ou V - exploração sexual.

Decreto 5948/2006 – Politica nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas.


Decreto 6347/2008 – Plano Nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas.

Efeitos: Desrespeito à dignidade humana, condição primordial que deve ser respeitada segundo
vários tratados internacionais e normas internas.

Como combater: mecanismos de inteligência, cooperação entre as polícias, tanto nacionais quanto
internacionais, fortalecimento de policiamento na área de fronteira, mais informação sobre o tema
nas mídias sociais, pois o tópico é pouco explorado, atuação conjunta e articulada das esferas de
governo no âmbito das respectivas competências, incentivo à participação da sociedade em
instâncias de controle social, estímulo à cooperação internacional, cooperação entre órgãos do
sistema de justiça e segurança, nacionais e estrangeiros, integração de políticas e ações de repressão
aos crimes correlatos e da responsabilização dos seus autores, formação de equipes conjuntas de
investigação.

PRF atua de forma preventiva em fronteiras, postos de combustíveis, motéis e bares às


margens das rodovias federais, pontos considerados mais vulneráveis para essa prática
criminosa.
Lei Seca – 2008/2018 – 10 anos de Lei seca. Em 2008 tinha aumentado mortes por causa da
embriaguez
Hábitos para não dirigir alcoolizado: Uber, táxi, motorista da rodada.
Faixa etária dos envolvidos em acidente de trânsito: Jovens, homens, de 19 a 30 anos.
Acidentes de trânsito geram impacto econômico e custo ao estado, causam a perda de vidas,
prejudicam a saúde pública. É um grave problema de saúde pública, conforme OMS.
Segundo ONU: acidentes de trânsito matam 1,25 milhão de pessoas por ano no mundo.
Causas de acidentes: álcool, imprudência, más condições dos veículos, más condições das vias
(pavimento, sinalização).

Como combater: estratégias voltadas para o grupo específico que mais está envolvido; fiscalização
intensiva; campanhas na mídia de educação para o trânsito; campanhas em escolas e nas vias; ações
preventivas.

Dos Crimes em Espécie – Vem se admitindo a participação nos crimes culposos

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:


Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor.

§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;

IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.

§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra


substância psicoativa que determine dependência: (homicídio culposo qualificado, absorve o 306)
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor.

Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: (A.P. Pública
Condicionada a representação)
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor.

§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei n o 9.099,
de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;

II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou


demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;

III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por
hora).

§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1 o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação
da infração penal.

§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1 o do art.
302. (A.P.Pública condicionada a representação)

§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas
previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar
lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. (qualificado - A.P. Pública Incondicionada)

Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato


socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar
auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.

Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja
suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à


responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor. Exame de sangue: >= 6Dg/L Etilômetro: >= 0,34mg/L → infração+crime

§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por:

I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama
de álcool por litro de ar alveolar; ou
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora.
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame
clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à
contraprova.

§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de
caracterização do crime tipificado neste artigo.

Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para


dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código:
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de
suspensão ou de proibição.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º
do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou
competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à
incolumidade pública ou privada: (crime de perigo concreto)
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir v e í c u l o automotor.

§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias
demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade
é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Qualificado)

§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não
quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10
(dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Qualificado)

Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir
ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: (Crime de
perigo concreto)

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem,
por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de
conduzi-lo com segurança: (Crime de perigo abstrato)
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de


escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros
estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo
de dano: (Crime de perigo concreto)
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na
pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo
penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o
perito, ou juiz:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o
procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.

Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações
em que o juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de
direitos, esta deverá ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em
uma das seguintes atividades:
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades
móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito;

II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de
trânsito e politraumatizados;

III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito;

IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito.

Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o
condutor do veículo cometido a infração:
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial
a terceiros;

II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;

III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;

V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros
ou de carga;

VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que


afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas
especificações do fabricante;

VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.

As ações de fiscalização influenciam diretamente na segurança e fluidez do trânsito,


contribuindo para a efetiva mudança de comportamento dos usuários da via e do condutor
infrator, através da presença ostensiva e, também, pela imposição de sanções, propiciando,
assim, a eficacia da norma jurídica.
Os acidentes de trânsito são reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um
grave problema de saúde pública e uma das principais causas de mortes e lesões em todo o mundo.
Acarretam uma série de consequências negativas, tais como o elevado custo para os serviços de
saúde, perda de considerável fatia da população em idade produtiva, além de traumas para a sociedade
pelas mortes e sequelas físicas e psíquicas geradas.
Nesse quesito, o Brasil, infelizmente, ocupa lugar de destaque: é o quinto país no mundo em mortes
por acidentes no trânsito. A cada ano, cerca de 45 mil brasileiros perdem a vida em acidentes de trânsito,
representando uma das principais causas de morte no país. Os acidentes nas rodovias federais respondem
por cerca de 20% dessas mortes (8.227 mortes em 2014), com cerca de 26 mil feridos graves por ano.
No que se refere aos custos, os acidentes nas rodovias federais significaram uma perda superior a
R$ 12 bilhões para a sociedade, considerando as perdas referentes à produção, custos veiculares e
hospitalares. Se considerada toda a malha rodoviária brasileira, esses custos beiram a R$ 40 bilhões por ano,
o que é, por exemplo, um montante muito superior ao gasto público na melhoria da infraestrutura rodoviária
e nas campanhas educativas realizadas no país.
2. O Pnatrans
As ações de segurança viária tiveram maior notoriedade a partir da Conferência Mundial sobre
Segurança Viária, realizada em 2009. Nesse encontro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou
a criação de uma campanha mundial pela redução dos acidentes de trânsito.
No ano subsequente, seguindo a essa diretriz, proclamou-se, em 2010, que o período de 2011 a
2020 seria considerado como a Década de Ações para a Segurança Viária, no qual cada país membro
deveria elaborar um plano, comprometendo-se a reduzir em 10 anos a quantidade de mortos em acidentes
de trânsito em 50%.
Depois de um longo prazo de tramitação no Congresso, somente em 2018, foi publicada a Lei n°
13.614/2018, que cria o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans) e
acrescenta dispositivo à Lei no 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro - CTB), para dispor sobre regime
de metas de redução de índice de mortos no trânsito por grupos de habitantes e de índice de mortos no
trânsito por grupos de veículos.
Segundo o §1° do art. 326-A do CTB, incluído pela referida lei, o objetivo geral do estabelecimento
de metas é, ao final do prazo de dez anos (2019-2028), reduzir à metade, no mínimo, o índice nacional de
mortos por grupo de veículos e o índice nacional de mortos por grupo de habitantes, relativamente aos
índices apurados no ano da entrada em vigor da lei que cria o Pnatrans.
Em resumo: o objetivo do Pnatrans é reduzir o número de morte no trânsito pela metade. Para isso,
haverá metas anuais fixadas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), para cada Estado, para o
Distrito Federal e para a Polícia Rodoviária Federal (no caso das rodovias federais), mediante propostas
fundamentadas dos Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), do Conselho de Trânsito do Distrito Federal
(Contrandife) e do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das respectivas circunscrições.
Antes de submeterem as propostas ao Contran, os Cetran, o Contrandife e o Departamento de Polícia
Rodoviária Federal realizarão consulta ou audiência pública para manifestação da sociedade sobre as metas a
serem propostas. Sendo assim, para cada ano, uma redução percentual dos índices estabelecidos deve
ocorrer para o alcance da meta global estipulada, demonstrado no esquema abaixo:
PNAredTRANS: redução do número de mortos
metas apuradas por Estado e por ano do índice de mortos por grupo de veículos e do índice de mortos por
grupo de habitantes
detalhando-se
dados levantados e ações realizadas por vias federais, estaduais e municipais
Segundo a referida lei, o Pnatrans deve ser elaborado em conjunto pelos órgãos de saúde, de
trânsito, de transporte e de justiça, e deve conter:
 Os mecanismos de participação da sociedade em geral na consecução das metas estabelecidas;
 A garantia da ampla divulgação das ações e procedimentos de fiscalização, das metas e dos prazos
definidos, em balanços anuais, permitindo consultas públicas por meio da rede mundial de computadores;
 A previsão da realização de campanhas permanentes e públicas de informação, esclarecimento,
educação e conscientização visando a atingir os objetivos do Pnatrans.
Mais do que conhecer quais as iniciativas que compõem cada um dos pilares, é importante que
você saiba que o Plano se constitui como um passo adiante na resolução de problemas
relacionados à infraestrutura viária brasileira, organização e alinhamento dos órgãos do Sistema
Nacional de Trânsito (SNT), mobilidade urbana, convivência harmoniosa entre pedestres,
ciclistas, motociclistas, entre outros aspectos.
Importante perceber que o espírito do plano é de integração entre diversos órgãos, reconhecendo
que somente por meio da atuação conjunta será possível o alcance das metas propostas. É necessário
contar com o empenho de todos os setores e a responsabilidade deve ser compartilhada entre os vários
atores sociais: o Poder Executivo, o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, os órgãos e entidades pertencentes
ao Sistema Nacional de Trânsito, os setores de saúde, transporte e indústria automobilística, as organizações
não governamentais e a sociedade.
Por fim, não há como negar o fato de que se constitui um avanço na legislação sobre o tema e sobre
o entendimento da relevância de se discutir as questões do trânsito no Brasil, permitindo que o planejamento
e a responsabilidade de todos sejam definidos de antemão a fim de que as ações previstas sejam
efetivamente acompanhadas e desempenhadas com eficiência.
História da PRF
24 de julho de 1928 – criação da polícia das estradas – Dia da PRF
23 de julho de 1935 – criação do 1º quadro de patrulheiros rodoviários – Dia do PRF

Contexto histórico da criação da PRF:


1897 – 1º registro de um automóvel no Brasil, importado da França.
1910 – redução do preço do automóvel a partir da ideia da mudança para o modelo de produção em
massa de Henry Ford.
1915 – cerca de 5.000 automóveis. Aí veio a necessidade de criação de leis de trânsito.
1926 – Convenção/Conferência de Paris. Destinada a estabelecer regras para o trânsito, já que
aumentara a frota de veículos em todo o mundo. Ela sugere que todos os países signatários criem
uma polícia para fiscalização do trânsito e suas infrações. O Brasil é signatário. Então em 24 de
julho de 1928 o presidente Washington Luis baixa o decreto 18323/1928 que cria a Polícia das
Estradas, embrião da PRF.

PRF na atualidade
Policiamento, Educação para o trânsito, Atendimento pré-hospitalar, levantamento estatístico.

Portaria 308/MJ em 1999– capacitação dos servidores da PRF


Trânsito → constituído de pessoas, veículos, estradas, cargas, animais.

Eventos
2007 – pan-americano
2013 – copa das confederações e jornada mundial da juventude
2014 – copa do mundo
2016 – olimpíadas
2018 – greve dos caminhoneiros

Brasil - 4º maior malha rodoviária do planeta – 1º país em dependência de malha rodoviária do


planeta

Década de prevenção ao acidente de trânsito – 2011 a 2020


De 2011 a 2017 houve redução no número de acidentes e número de mortes. Em 2018 foi criado o
Pnatrans, para ser aplicado de 2019 a 2028.

LEGISLAÇÃO ESPECIAL: 1 Lei nº 10.826/2003 e suas alterações (Estatuto do Desarmamento). 2


Lei nº 5.553/1968 (apresentação e uso de documentos de identificação pessoal). 3 Lei nº 4.898/1965
(direito de representação e processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de
abuso de autoridade). 4 Lei nº 9.455/1997 (definição dos crimes de tortura) 5 Lei nº 8.069/1990 e
suas alterações (Estatuto da Criança e do Adolescente): (arts. 83 a 85), (art. 98) , (arts. 99 a 102),
(arts. 131 a 140) (arts. 225 a 258-C). 6 Lei nº 11.343/2006 (Sistema Nacional de Políticas Públicas
sobre Drogas). 7 Lei nº 9.605/1998 e suas alterações (Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente):
Capítulos III e V. 8 Decretos nº 5.948/2006, nº 6.347/2008 e nº 7901/2013 (tráfico de pessoas)
História da PRF

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) em seu processo de surgimento passou por


várias etapas. Desde a sua criação em 1928 até os dias atuais ela esteve vinculada a vários órgãos e
além disso aumentou o seu rol de competências. Um dos marcos mais importantes em sua história é
a inserção como órgão integrante da segurança pública nacional, o que aconteceu na promulgação
da Constituição Federal de 1988. Além de realizar o patrulhamento ostensivo das rodovias federais,
a PRF passou a desenvolver ações em grandes eventos que acontecem no país, integrando-se a
diversos órgãos. Atualmente a PRF atua em diversas áreas como moto-policiamento, escolta,
operações aéreas, operações com cães, resposta rápida em situações de distúrbios, entre outros.
O rol de competências da instituição passa pelo patrulhamento ostensivo das
rodovias federais, levantamento dos locais de acidentes de trânsito, cumprir e fazer cumprir a
legislação e as normas de trânsito, aplicar e arrecadar multas, assegurar a livre circulação nas
rodovias federais, coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre o trânsito no país, promover e
participar de projetos e programas de educação para o trânsito, integrar-se a outros órgão do
Sistema Nacional de Trânsito, fiscalizar níveis de poluentes e ruido de veículos.
Além disso, o órgão exerce papel importante na promoção dos Direitos Humanos,
tanto que é chamada de “polícia Cidadã”. Essa polícia age sempre em prol do bem comum atuando
na prevenção e repressão de inúmeros ilícitos que ferem a dignidade humana. Nesse contexto, atua
diretamente no combate aos crimes de tráfico de drogas, tráfico de armas, tráfico de pessoas,
exploração sexual; delitos esses que lesionam direta ou indiretamente os direitos humanos e
fundamentais inscritos em muitos tratados internacionais e normas internas.
Por fim, além dos crimes já citados, a PRF combate ainda crimes contra a
Administração Pública, como o contrabando e o descaminho; os crimes de trânsito, como
embriaguez ao volante, homicídio e lesão corporal culposos na direção de veículo automotor.
Enfim, qualquer tipo de delito praticado em rodovias federais enseja a atuação desse que é um dos
mais importantes órgãos para a manutenção da segurança do trânsito no país, a Polícia Rodoviária
Federal.
Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das rodovias e estradas federais:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições;

II - realizar o patrulhamento ostensivo, executando operações relacionadas com a segurança pública, com o objetivo de
preservar a ordem, incolumidade das pessoas, o patrimônio da União e o de terceiros;

III - aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações de trânsito, as medidas administrativas decorrentes e os valores
provenientes de estada e remoção de veículos, objetos, animais e escolta de veículos de cargas superdimensionadas ou
perigosas;

IV - efetuar levantamento dos locais de acidentes de trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e salvamento de vítimas;

V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas aos serviços de remoção de veículos,
escolta e transporte de carga indivisível;

VI - assegurar a livre circulação nas rodovias federais, podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção de medidas
emergenciais, e zelar pelo cumprimento das normas legais relativas ao direito de vizinhança, promovendo a interdição de
construções e instalações não autorizadas;

VII - coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre acidentes de trânsito e suas causas, adotando ou indicando medidas
operacionais preventivas e encaminhando-os ao órgão rodoviário federal;

VIII - implementar as medidas da Política Nacional de Segurança e Educação de Trânsito;

IX promover e participar de projetos e programas de educa e segura, de acordo com as diretrizes estabeleci pelo CONTRAN;

X - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e compensação de
multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e à celeridade das
transferências de veículos e de prontuários de condutores de uma para outra unidade da Federação;

XI - fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos automotores ou pela sua carga, de acordo
com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio, quando solicitado, às ações específicas dos órgãos ambientais.
O contrabando e suas implicações

O contrabando está capitulado no Código Penal Brasileiro entre os crimes contra a


Administração Pública, mais especificamente, no artigo 334-A. Esse artigo assevera que pratica
infração penal quem importa ou exporta mercadoria proibida, além de outras formas equiparadas.
Trata-se de uma norma penal em branco, ou seja, a definição do que é mercadoria proibida é dada
por outras normas. Outra circunstância que integra esse tipo penal é que o agente só é punido se
pratica o ilícito com dolo na sua conduta, ou seja, não existe o contrabando na forma culposa.
Ademais, é um crime comum (não exige uma característica especial do agente) e de ação penal
pública incondicionada, sendo também a tentativa cabível e punível.
O território brasileiro, diariamente, é inundado com diversas mercadorias e cargas
contrabandeadas, pois tem uma fronteira muito extensa e, portanto, difícil de ser fiscalizada por
completo. Assim, alguns produtos como bebidas, cigarros, produtos alimentícios, medicamentos,
combustíveis (que serão contrabando se forem de comércio proibido sem autorização de órgão
competente) são introduzidos no país em grande escala, exigindo medidas do poder público para a
prevenção e repressão desse tipo de ilícito.
Esses produtos de contrabando, quando atravessam a fronteira e chegam ao território
nacional acarretam problemas para a economia, bem como para a saúde pública no país. Os
econômicos ocorrem, pois dos produtos contrabandeados não são recolhidos os devidos impostos,
prejudicando não só o Estado (porque não arrecada) como também o comerciante que paga os
impostos, porque se estabelece nesse caso uma concorrência desleal. Além disso, a saúde pública
também é afetada porque os produtos contrabandeados não tem aprovação do órgão de vigilância
sanitária. Isso causa um sério risco à população, pois pode estar consumindo produtos fora dos
padrões sanitários mínimos. Não é incomum pesquisas revelarem em produtos contrabandeados
várias irregularidades como substâncias raticidas nos cigarros, queijos com validade vencida,
bebidas com teor alcoólico adulterado, entre outros.
Diante de tudo isso é indispensável um esforço conjunto dos órgãos de segurança
pública e órgãos de fiscalização, principalmente na atuação em zonas de fronteira. A troca de
informações entre unidades de inteligência desse órgãos, nesse contexto, é de fundamental
importância para um combate eficiente. O investimento em tecnologia, aparelhamento material e
humano dos órgãos policiais e fazendários também se faz necessário para que se possa coibir esse
ilícito que traz tantos malefícios à sociedade.
OS DIREITOS DA PESSOA PRESA

A Constituição Federal de 1988 (CF), assim como o Código de Processo


Penal (CPP), elenca inúmeros direitos que são assegurados à pessoa presa, seja em flagrante delito
seja por ordem judicial. A Carta Magna e a lei que rege o processo penal no Brasil garantem ao
preso, além de outros direitos, a assistência técnica de advogado, imediata comunicação ao juiz
competente e à pessoa de sua família quando da sua prisão, direito ao silêncio como forma de não
produzir prova contra si mesmo, direito a um devido processo legal com contraditório e ampla
defesa, julgamento justo e imparcial ao observar regras de suspeição e impedimento de seus
julgadores.
Diante disso, o arcabouço normativo do país traz que a inobservância de
alguns dos direitos elencados acima (assim como de outros espalhados pela CF e CPP) gera a
responsabilidade da autoridade policial. As consequências podem ser de ordem administrativa
(advertência, suspensão, demissão), cível (direito de regresso que cabe ao Estado em caso de dolo
ou culpa do servidor público) e penal (responsabilidade por abuso de autoridade). Assim, caso a
autoridade policial deixe de comunicar imediatamente ao juiz a prisão de um indivíduo, por
exemplo, cometerá um crime e deverá ser responsabilizado por ele. Essa falta, a depender do caso
concreto, poderá também gerar sua responsabilidade cível e administrativa.
Ademais, o preso também é sujeito de direitos em relação à atuação dos
meios de comunicação, principalmente na seara cível. É fato que antes da sentença criminal
condenatória ser transitada em julgado ninguém deve ser considerado culpado. Nesse caso, a
exposição de uma pessoa pela mídia como sendo culpada de um crime antes de todo o processo
penal pode lhe causar dano moral e até mesmo material. Desse modo, é necessária cautela por parte
dos meios de comunicação para que não se viole os direitos de intimidade, imagem e honra de
pessoa presa.
O CTB e as alterações da Lei 13.546/2017

No momento em que uma pessoa (no caso em tela, Arnaldo), culposamente, atropela
outra(s) (Fábio e Leonora), poderá ocorrer um crime de trânsito. Como a vítima Fábio foi a óbito,
em relação a ele configurou-se o crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor. Já no
que diz respeito à Leonora, o crime foi de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.
Esses dois crimes estão configurados no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que sofreu alterações
recentes em relação aos denominados crimes de trânsito com a vigência da Lei 13.546/2017.
Nos crimes mencionados acima, praticados por Arnaldo, não há a possibilidade de
concurso com o descrito no artigo 306 do CTB, o de embriaguez ao volante. Nesse caso, o crime de
conduzir veículo automotor com a capacidade psicomotora alterada em razão da ingestão de álcool
ou outra substância psicoativa é absorvido pelos crimes de homicídio e lesão corporal culposos na
direção de veículo automotor, desde que o agente esteja sob influência de álcool ou outra substância
psicoativa que determine dependência, o que configura uma hipótese qualificada.
Cumpre esclarecer também que nos crimes de trânsito elencados no CTB, destacam-
se as alterações trazidas pela Lei 13.546/2017 no que diz respeito à dosimetria das penas. A nova
norma dispõe que ao aplicar a pena o juiz deverá utilizar institutos do Código Penal e do Código de
Processo Penal, caso não estejam regrados no CTB. Assim, quanto à dosimetria, o magistrado deve
levar em consideração a culpabilidade do agente, as circunstâncias do acidente e as consequências
do crime para fixar a pena final.
Nesse contexto, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) exerce papel de destaque quando
se fala em acidentes nas rodovias federais. Isso porque é de competência desse órgão exercer o
patrulhamento ostensivo em tais rodovias, empreendendo esforços para um trânsito seguro, zelando
pela segurança das pessoas e do patrimônio por meio da fiscalização efetiva. Ademais, é
competência da PRF efetuar levantamento dos locais de acidentes de trânsito e, na situação em
destaque, o Policial Dionísio cumpriu com exatidão a sua função quando empreendeu diligências no
sentido de esclarecer a dinâmica do acidente ocorrido.
O tráfico de drogas

O tráfico de drogas ilícitas têm íntima relação com o crime organizado, visto que é a
atividade criminosa que mais movimenta dinheiro em todo o mundo, segundo a Organização das
Nações Unidas. A forte globalização ocorrida nas últimas décadas fez crescer ainda mais o consumo
e a movimentação de drogas ilícitas pelos quatro cantos do planeta, fazendo com que organizações
criminosas se disseminassem e se tornassem mais poderosas. Muitas dessas organizações são
transnacionais, atravessam fronteiras, possuem braços em diferentes países e movimentam milhões
em drogas ilícitas todos os dias, tornando o combate a elas um enorme desafio para a sociedade
contemporânea.
O tráfico de drogas está relacionado também com a violência. Por um lado, como é uma
atividade altamente rentável, as organizações criminosas lutam entre si para dominar determinadas
regiões estratégicas e ali praticarem o tráfico. Com isso, ocorrem muitos confrontos armados e,
consequentemente, muitas mortes em decorrência dessa verdadeira guerra pela disputa de espaço e
de poder. Por outro lado, há também a violência perpetrada por uma parcela dos usuários que, não
vendo alternativa, praticam furtos, roubos e até homicídios na busca pelos meios de sustentarem o
seu vício.
Assim, há que se pensar em soluções para o combate às drogas sob dois aspectos: não só
como uma questão de segurança, mas também como uma questão de saúde pública. É preciso que
haja cooperação internacional entre países, principalmente os fronteiriços, no que diz respeito à
inteligência estratégica para que se possa desmantelar grandes organizações e interceptar grandes
carregamentos. Também, é imprescindível o fortalecimento de políticas públicas relacionadas à
questão sanitária dispensada aos usuários de drogas. É necessário diminuir o número de
consumidores, seja por meio de tratamentos médicos adequados, seja pelo oferecimento de
oportunidades de emprego, moradia, lazer, cultura, entre outros.

Sobre o tráfico de drogas e o problema social: causa violência, desestruturação familiar, graves
questões de saúde pública, superlotam prisões, pois um terço dos presos é decorrente do tráfico de
drogas.
Direito penal e CTB – estudo de caso

Semprônio, na condição de agente público, não pode solicitar qualquer vantagem a


Mévio, tendo em vista que isso configura o crime de Corrupção Passiva elencado no Código Penal.
Dessa forma, Semprônio comete crime passível de reclusão, enquanto a conduta de Mévio é atípica,
pois não teve o dolo (a intenção, a vontade) de oferecer dinheiro ao policial. Mévio, nesse caso,
responderá apenas pela infração de trânsito de não portar documento obrigatório para dirigir em
vias públicas.
Ademais, ao crime praticado por Semprônio (corrupção passiva) não pode ser
aplicado o princípio da insignificância. O Superior Tribunal de Justiça já assentou que os crimes
praticados contra a Administração Pública violam a regularidade, a integridade, a honra e a
moralidade dos órgãos públicos e, portanto, não podem ficar impunes. Mesmo que o valor do dano
seja ínfimo, não existe a possibilidade de aplicação daquele princípio.
Há, também, uma majorante de pena no crime de Corrupção Passiva praticado por
Semprônio. Como deixou de praticar um ato de ofício infringindo dever funcional, ou seja, deixou
de aplicar a penalidade administrativa à infração cometida por Mévio, há previsão no Código Penal
de aumento de pena.
Por fim, quando Semprônio deixa de aplicar a penalidade à infração de trânsito
cometida por Mévio por tê-lo reconhecido como seu amigo, sem solicitar qualquer vantagem,
altera-se o tipo penal. Nesse caso, passa-se a ter o crime de Corrupção Passiva Privilegiada. Esse
delito pune o agente público que deixar de praticar, omitir ou retardar ato de ofício, infringindo
dever funcional, sob influência ou a pedido de alguém.
Dez anos da Lei Seca: avanços e desafios

Desde 2008, quando foi instituída a Lei 11.705 – mais conhecida como Lei Seca -, o país
vem gradativamente alterando a legislação no que diz respeito à direção de veículo automotor sob
influência de álcool ou outra substância psicoativa que cause dependência. Nesse período, avanços
aconteceram e bons resultados foram alcançados. Contudo, ainda existem grandes desafios que
precisam ser enfrentados para que os números positivos cresçam ainda mais.
Durante os dez anos de vigência da primeira versão da Lei Seca, algumas modificações das
normas se fizeram necessárias tendo em vista uma maior eficácia na prevenção e repressão às
infrações e crimes de trânsito que envolvem condutores alcoolizados. Assim, houve diminuição dos
níveis de álcool tolerados, tanto no exame de sangue como no teste de etilômetro. Hoje, para se
configurar infração de trânsito o nível aceitável é zero, descontando-se apenas o erro do medidor
(no caso de teste com etilômetro). Nessa linha, houve também aumento das penas e incluiu-se a
punição administrativa na mesma medida de quem dirige embriagado para o condutor que se
recusar a realizar qualquer dos testes solicitados pelo agente de trânsito.
Com isso, ao longo desses anos, registraram-se números positivos como a diminuição de
acidentes de trânsito e, também, de mortes causadas por eles. Pesquisam apontam que milhares de
pessoas deixaram de perder a vida desde a implantação da Lei Seca em 2008. Ademais, em alguma
medida, houve maior conscientização da população acerca do tema. Atualmente, é comum ver
pessoas deixarem seus carros em casa e utilizar serviços de táxis e Uber ou, até mesmo, eleger uma
pessoa do grupo para que não beba e, dessa forma, possa conduzir o veículo usado por eles.
Por fim, é inegável que a instituição da Lei Seca e de todas as suas atualizações trouxe
resultados positivos na luta por um trânsito mais seguro. Contudo permanecem os desafios de
continuar a busca por resultados ainda melhores. Assim, é necessário o aumento da fiscalização,
principalmente em locais estratégicos (como saída de boates) e datas especiais (como o carnaval e
feriados prolongados). Mais que isso, ações na área de educação para o trânsito são imprescindíveis
para que a população se conscientize que a combinação de álcool (assim como qualquer outra
substância psicoativa) com a direção de veículos automotores provoca danos irreparáveis à
sociedade.
Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito – PNATRANS

As mortes e lesões causadas por acidentes de trânsito são inegavelmente um grave problema
de saúde pública no mundo. Tanto que na Conferência Mundial Sobre Segurança Viária, realizada
em 2009, a Organização Mundial de Saúde estabeleceu que de 2011 a 2020 seria a Década de Ações
para a Segurança Viária e que cada país participante firmaria compromisso de reduzir em 50% os
acidentes de trânsito no período de 10 anos.
No Brasil, a implantação desse compromisso veio por meio da lei que criou o Plano
Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS), mas somente no ano de 2018.
Depois de uma longa tramitação no Congresso Nacional, a lei que instituiu o PNATRANS entrou
em vigor e trouxe objetivos, metas e compromissos para os diversos segmentos da sociedade nos 10
anos seguintes a partir de 2019.
Um desses objetivos, e também o principal deles, é o de reduzir em 50% o índice de mortes
por grupo de veículos e o índice de mortes por grupo de habitantes entre os anos de 2019 e 2028.
Para além disso, tem-se como objetivo também a integração dos diversos setores da sociedade
(como órgãos públicos e organizações não governamentais) na busca pela redução dos acidentes de
trânsito.
Há, também, características que fazem do PNATRANS um avanço no que se refere a
questão de legislação de trânsito no país. Ele institui os mecanismos de participação da sociedade
na consecução das metas estabelecidas. Além disso, garante ampla divulgação das ações e
procedimentos de fiscalização, das metas e prazos anuais e prevê a realização de campanhas
permanentes e públicas de informação, educação e conscientização da população, entre outros.
Dessa forma, percebe-se que o espírito do PNATRANS é o de integração entre órgãos
públicos e sociedade civil, reconhecendo que somente por meio da atuação conjunta será possível o
alcance das metas propostas e vislumbradas na conferência de 2009. Apesar de tardia, a lei que
instituiu o PNATRANS marca a relevância de se discutir questões de trânsito no Brasil, com a
finalidade de que as ações sejam efetivamente acompanhadas e desempenhadas com eficiência.
Crimes de trânsito – Estudo de caso

Em uma fiscalização de trânsito, caso haja teste com etilômetro, o resultado de até 0,04
miligrama de álcool por litro de ar alveolar (mg/L) isenta o condutor de qualquer penalidade.
Porém, se apresentar resultado entre 0,05 mg/L e 0,33 mg/L estará sendo cometida uma infração
administrativa. Ainda, se a medição apresentar resultado igual ou superior a 0,34 mg/L, o condutor
cometerá um crime de trânsito, tipificado no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em seu artigo
306. Assim, a consequência do teste realizado por Mévio é a sua prisão em flagrante e condução à
Delegacia de Polícia, pois cometeu um crime de trânsito.
O teste com etilômetro, contudo, não é o único modo de verificar a capacidade psicomotora
de um motorista. O CTB elenca outros meios tais como o exame clínico para verificar a ingestão de
outras drogas que não o álcool e a verificação de sinais pelo agente de trânsito tais como o odor
etílico, fala arrastada, sonolência, olhos vermelhos. Enfim, como forma de comprovação de
alteração da capacidade psicomotora é possível ainda se utilizar qualquer prova admitida em direito,
tais como vídeo, foto, testemunhas.
Na situação em análise, Tício acerta ao afirmar que seu colega não está obrigado a fazer o
teste de etilômetro. Nesse caso, ele se refere ao princípio constitucional da não autoincriminação
(nemo tenetur se detegere). Esse princípio diz que o indivíduo não é obrigado a produzir provas
contra si mesmo e, portanto, Mévio não poderia ser submetido ao teste compulsoriamente.
Por fim, a doutrina e a jurisprudência são firmes no entendimento de que o crime de
embriaguez ao volante (artigo 306 do CTB) é de perigo abstrato, ou seja, não há a necessidade de se
demonstrar um perigo real (concreto) para a sua consumação. Assim, não se exige nenhum outro
elemento, basta que o condutor esteja com sua capacidade psicomotora alterada (comprovada pelos
meios admitidos nas normas legais) para que o condutor seja responsabilizado pelo crime.

Você também pode gostar