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CURSO DE
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
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CURSO DE
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
MÓDULO II
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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MÓDULO II
3 FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS
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controle de temperatura, apetite, hidratação, sono, emoção e comportamento
sexual). Além disto, é área central do sistema límbico (que será detalhado mais à
frente, ainda neste módulo).
Cerebelo
Medula
Espinhal
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O encéfalo é protegido pelo crânio e a medula espinal pela coluna vertebral.
Após esta proteção óssea, existe ainda uma proteção formada por tecido conjuntivo,
são as meninges, organizadas em três camadas: a dura-máter, a aracnoide e a pia-
máter. Entre a aracnoide e a pia-máter está o líquido cefalorraquidiano (líquor), que
é produzido dentro dos ventrículos cerebrais e, na ausência de patologia, flui de um
ventrículo ao outro, e então para fora do cérebro, por meio da medula espinhal. Se
houver alguma obstrução das vias de drenagem do líquor, o fluido se acumula no
cérebro, causando um inchaço conhecido como hidrocefalia. Em bebês, ocorre um
alargamento da cabeça; nas crianças mais velhas e em adultos, não ocorre esse
alargamento porque os ossos do crânio já estão unidos e impedem essa expansão
do fluido.
A maior parte do encéfalo é composta pelo telencéfalo, que se divide em
dois hemisférios: o hemisfério direito (HD) e o hemisfério esquerdo (HE). Estes
hemisférios estão unidos pelo corpo caloso, uma estrutura composta de fibras
nervosas separadas por uma lâmina de dura-máter, a foice cerebral.
Atualmente, sabe-se que existe uma lateralização do hemisfério cerebral,
isto é, ocorre uma dominância de um hemisfério sobre o outro. Algumas funções são
facilmente diferenciadas por hemisfério, como a linguagem, gnosia (capacidade de
interpretar estímulos sensoriais) e a praxia (realização de atos motores complexos).
Assim, no HE fica o controle de habilidades como: linguagem; raciocínio lógico; de
padrões gerais de comportamentos; destreza manual; e demais membros do lado
direito do corpo etc. O HD é responsável pela resposta a estímulos inesperados;
pelo processamento de informação visuoespacial e não verbal; e pela habilidade de
reconhecer faces.
As superfícies dos hemisférios cerebrais estão divididas em estruturas
chamadas de giros que são delimitadas por depressões chamadas de sulcos. Além
disto, os hemisférios estão dispostos em grandes regiões ou lobos (ver Figura 8).
Estes lobos são: o frontal, o parietal, o temporal, o occipital e a ínsula (localizada na
parte interna do cérebro). Os sulcos são: sulco central (entre o lobo frontal e o
parietal), sulco lateral ou de Sylvius (entre os lobos temporal, frontal e parietal) e
sulco parieto-occiptal (entre o parietal e o occiptal).
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FIGURA 8 - LOBOS CEREBRAIS
As funções gerais dos lobos cerebrais foram descritas por Machado (1988),
conforme apresentado na Figura 9, e podem ser resumidas da seguinte maneira:
a. lobo frontal – funções de planejamento de ações estão associadas área
pré-frontal e controle de movimentos sob responsabilidade do córtex e da
área pré-motora localizada neste lobo;
b. lobo temporal – processamento das informações auditivas, pois nele
situa-se a área auditiva primária; funções da linguagem na área de
Wernicke; processamento da informação visual ocorrem em suas porções
inferiores e ainda funções associadas a aprendizagem e memória ocorrem
na parte mais medial deste lobo. Divide os lobos temporal e frontal, destaca-
se a fissura de Sylvius, esta área é conhecida como “zona da linguagem
perisylviana”;
2) lobo parietal – recebe as informações sensoriais vindas do meio externo
(por exemplo, dor e temperatura) e interpreta estas informações;
3) lobo occipital – associado à visão, nele estão situadas as áreas visual
primária e visual de associação;
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4) lobo da ínsula – está envolvido no processamento de estímulos
emocionais e respostas fisiológicas.
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4) giro cingulado – é a região de processamento de odores e também de
alguns estímulos visuais;
5) amígdala – é a região que percebe o perigo e, portanto, associadas as
sensações de medo e ansiedade. As amígdalas também estão associadas
ao processamento das memórias emocionais;
6) hipocampo – é a estrutura responsável pela memória recente.
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O sistema nervoso é constituído pela substância branca e a substância
cinzenta (ver Figura 11). A substância branca é encontrada, principalmente, na parte
interna da região cerebral e nela estão localizados os axônios. A substância cinzenta
corresponde à camada mais externa do cérebro e nela estão os corpos celulares
dos neurônios.
Os neurônios são as células do tecido nervoso responsáveis por
transmissão de impulsos elétricos. São compostos de três partes (corpo celular,
dendritos e axônios), cada uma com uma função específica. A estrutura do neurônio
(Figura 12) é composta por: corpo celular, onde ocorre a síntese proteica; dendritos,
que são ramificações cuja principal função é receber estímulos; e axônios, que são
prolongamentos que se originam, em geral, do corpo celular e por meio deles são
transmitidos os impulsos (LEVADA, 1996). A porção terminal do axônio sofre várias
ramificações formando milhares de terminais onde ficam armazenados os
neurotransmissores. Ao redor do axônio são encontradas as “bainhas de mielina”,
responsáveis por acelerar o transporte de impulsos elétricos.
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As áreas do córtex são divididas em áreas primárias, correspondem às
regiões, sensitiva primária e motora primária, e em áreas de associação secundária
e terciária. As áreas de associação secundária recebem informações das áreas
primárias e as repassam para outras áreas do córtex, enquanto as áreas de
associação terciária recebem e integram informações sensoriais que já passaram
por processamento nas áreas secundárias (MACHADO, 1988).
As áreas de associação primária do cérebro, segundo Seeley et al. (2006),
podem ser vistas na Figura 13, e suas principais funções estão resumidas na Tabela 1.
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TABELA 1 - ÁREAS CORTICAIS E SUAS PRINCIPAIS FUNÇÕES
Área Cortical Função
Córtex de Associação
Coordenar movimento complexo
Motor
Área de Associação
Processar informação auditiva
Auditiva
Área de Associação
Processar informação multissensoriais
Somestésica
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que o indivíduo deixe de fazer qualquer atividade diária que já realizava (RAZ,
1999). Por outro lado, na presença de quadros patológicos (tema do Módulo IV
deste curso), as perdas cognitivas acontecem em intensidade maior, provocadas por
alterações significativas do sistema nervoso central, e resultam em graves prejuízos
funcionais (CANÇADO; HORTA, 2002).
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por um curto período de tempo, e que envolve participação consciente no processo
de escolha e manipulação das informações a serem lembradas (BERTOLUCCI,
2000). Um exemplo desse tipo de operação é a realização de cálculos feitos
mentalmente (sem o uso de papel e lápis para visualizar os números). A memória
operacional também é chamada de memória de trabalho, mas este é um termo mais
recomendado pelos especialistas e foi empregado no português em função de uma
tradução literal do termo em inglês working memory.
O termo memória imediata é, em geral, utilizado para falar do
armazenamento de informações que dura apenas alguns segundos e não implica na
manipulação das informações como ocorre com a memória operacional. Contudo,
algumas vezes a memória imediata aparece na literatura citada como correlato da
memória operacional.
O tempo de armazenamento da memória operacional é apenas o suficiente
para que a informação seja utilizada para conclusão de uma tarefa. Depois de
concluído o procedimento que demandava a informação armazenada, ela é
descartada (BERTOLUCCI, 2000). O processo de repetição e atenção é o que
garante a manutenção deste tipo de memória e pode aumentar o tempo de
armazenamento da mesma, mas não a torna permanente. Quando a informação
precisa ser armazenada para além do cumprimento de uma tarefa ela passa a ser
uma memória de longo prazo.
A memória de longo prazo é dividida em memória explícita ou declarativa e
memória implícita ou não declarativa. A memória explícita corresponde ao
armazenamento e à recordação de eventos, de lembranças que podem ser
declaradas verbalmente ou com a lembrança de imagens do fato ocorrido (BUENO;
OLIVERIA, 2004).
A memória explícita está subdivida em memória semântica e memória
episódica. A semântica envolve o conhecimento de fatos que não estão
temporalmente delimitados, isto é, o indivíduo não é capaz de identificar em que
momento adquiriu determinada informação. Trata-se da memória de conceitos, de
conhecimentos gerais sobre o mundo adquiridos ao longo da vida. A memória
episódica é relacionada ao tempo, e a memória dos acontecimentos da vida
conhecida como a memória autobiográfica, embora não se restrinja aos eventos
pessoais (BUENO; OLIVERIA, 2004).
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A memória implícita envolve o armazenamento de habilidades motoras e
condicionadas que exigem a participação consciente para que sejam emitidas,
isto é, não é necessário pensar nelas ou declará-las verbalmente para emissão
do conhecimento aprendido. Fazem parte da memória implícita as memórias
obtidas por condicionamento, como: memórias de procedimento; memórias
associativa e não associativa; e memória de representação perceptual (BUENO;
OLIVERIA, 2004).
A memória de procedimento envolve toda habilidade e comportamentos
habituais como, por exemplo, escovar os dentes e andar de bicicleta. As memórias,
associativa e não associativa são àquelas obtidas por condicionamento clássico,
como aprendizados obtidos a partir da exposição a estímulo associados (BUENO;
OLIVERIA, 2004). Por exemplo, uma sirene pode ser um alerta para o qual nosso
reflexo seria ficar atento à fonte que causou o barulho, contudo, se a sirene ocorrer,
frequentemente, em seu ambiente e não exigir reação, sem que você se dê conta
conseguirá ouvi-la e ignorá-la de forma automática, pois um armazenado da
memória implícita indica que este barulho corresponde a algo a ser ignorado e não a
um alerta que demanda resposta. A memória de representação perceptual
corresponde àquelas memórias para as quais podemos não ter registros
padronizados, mas permitem algum tipo de reconhecimento evocado por “pistas”
(priming). Por exemplo, fragmentos de imagens, odores, sons, partes de um texto
podem ser armazenados mesmo sem que sejam estabelecidas conexões completas
sobre esta informação, ou seja, mesmo sem saber o que é ou para que serve algo é
possível armazená-lo em nossa memória de representação perceptual.
Os subsistemas da memória de longo prazo, bem como as diferentes
regiões cerebrais envolvidas em cada um deles, foram resumidos no esquema de
Helene e Xavier (2003), apresentado na Figura 14.
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FIGURA 14 - TAXONOMIA DOS SISTEMAS DE MEMÓRIA DE LONGO PRAZO
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do lobo temporal medial – parece ser a responsável por modular alguns conteúdos
da memória declarativa conferindo-lhes uma espécie de alerta, um destaque
(BUENO; OLIVERIA, 2004). As experiências de caráter afetivo seriam processadas
na fase de codificação via amígdala, que lhes confere uma facilitação na percepção.
Assim, no momento da evocação estas lembranças emocionalmente armazenadas
estariam mais vívidas que aquelas não processadas no sistema límbico.
3.3 ATENÇÃO
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estímulo é influenciada pelo significado que os estímulos têm para quem o processa.
Então, por exemplo, na situação onde uma pessoa focada em conversa escuta seu
nome em uma conversa paralela, da qual não está participando, imediatamente o
sistema atencional o filtra como informação relevante, à qual precisa responder. O
próprio nome é sempre tido como estímulo relevante pelo sistema atencional pelo
significado que a história de vida atribuiu a este estímulo.
O efeito Stroop evidencia que estímulos sobrepostos influenciam no
processo atencional resultando na redução da velocidade de processamento das
informações e, consequente aumento do tempo de resposta. No teste de Stroop
(1935) observa-se que ao solicitar ao respondente que diga em voz alta a cor com a
qual uma palavra está escrita (estímulo a ser focado), o tempo de resposta é maior
quando a palavra colorida (estímulo a ser ignorado) é o nome de uma cor diferente
daquela que deve ser mencionada (resposta esperada), por exemplo, a palavra
“verde” escrita na cor vermelha demanda a reposta vermelho, mas para emiti-la o
respondente tem que inibir o estímulo verde dado pela palavra escrita.
O efeito das pistas visuais é observado quando, diante de pistas visuais,
ocorre uma melhora do tempo de resposta atencional que pode ser explicada pelo
aumento do tempo de alerta diante de um estímulo visual (uma pista) (NABAS;
XAVIER, 2004). Um exemplo dos benefícios dos efeitos das pistas para melhora no
tempo de resposta é o uso de placa de advertência nas rodovias onde o motorista
ao visualizar a placa (pista) fica alerta e responderá mais prontamente ao estímulo
que virá adiante (curvas, desvios, etc.) do que responderia se não houvesse a placa
de advertência.
O funcionamento da atenção relaciona-se com o de outras funções
cognitivas. Desta forma, prejuízos atencionais podem resultar na alteração de outras
funções cognitivas e vice-versa. No caso da memória, por exemplo, a atenção é
imprescindível no momento da seleção da informação a ser armazenada e lembrada
posteriormente (NABAS; XAVIER, 2004).
Prejuízos nas funções executivas também podem estar associados a
alterações da atenção como distração, perseveração, suscetibilidade para intrusão,
lentidão das reações aos estímulos, dificuldade da manutenção em um único foco e
na inibição de estímulos irrelevantes (LEFEVRE; PORTO, 2006).
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Alterações da atenção relacionadas ao aumento da idade são citadas como
a base para diversas ineficiências cognitivas entre idosos e podem resultar em
dificuldades na realização das tarefas diárias (BERTOLUCCI, 2000). Além disto,
alguns mecanismos gerais que mostram declínio associado à idade e podem
interferir na atenção são:
a diminuição da velocidade de processamento da informação;
a piora na memória de trabalho;
os déficits sensoriais como diminuição da acuidade visual e auditiva.
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QUADRO 1 - FUNÇÕES E DESORDENS
RELACIONADAS AOS LOBOS FRONTAIS
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3.5 RACIOCÍNIO E LINGUAGEM
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1) instrumentos não padronizados, 2) instrumentos padronizados de
avaliação do desempenho comunicativo e 3) escalas de mensuração da
linguagem funcional. Essas três classes de instrumentos de avaliação
neuropsicológica da linguagem podem ser subdivididas em formais ou
funcionais, a partir do grau de aproximação com o dia a dia da
comunicação. Os instrumentos de avaliação formal da linguagem podem ser
considerados mais artificiais. Isso porque avaliam a linguagem com tarefas
distantes do dia a dia comunicativo dos pacientes. As avaliações funcionais
da linguagem complementam as formais. São constituídas por subtestes ou
itens que examinam a linguagem funcional, ou seja, consistem em
avaliações orientadas para a demanda comunicativa da vida diária dos
pacientes que sofreram lesões cerebrais.
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4) execução da série de movimentos elementares que integram um ato
(chamada fórmula cinética global do movimento).
Alterações das habilidades visuoconstrutivas podem ocorrer sem que
prejuízos do funcionamento visuoperceptivo estejam presentes, de forma que os
testes neuropsicológicos devem ser empregados para distinguir entre alterações
sensoriais, apraxias, desorientação espacial e dificuldades atencionais e/ou
resultantes da motivação (LEFEVRE; PORTO, 2006). No caso de apraxia, por
exemplo, ocorre uma disfunção da motricidade que não pode ser explicada por
paralisia, fraqueza muscular ou prejuízo na compreensão sobre o que se deve fazer.
O declínio ocorre nas habilidades de planejamento, organização e execução da
sequência correta para concluir o ato desejado. As desordens cognitivas estão
detalhadas por função cognitiva no Módulo IV deste curso.
FIM DO MÓDULO II
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