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Mas, assim como os ventos que outrora sopraram ao oeste, hoje sopram ao
leste; Edir Macedo que no passado foi fiel ao PT, hoje se vê tendo apoiado a
candidatura de Bolsonaro na corrida presidencial de 2018. Assim como pudemos ver
o bispo Manoel Ferreira dizendo pessoalmente ao candidato do PSL: “Este é o meu
candidato à Presidente da República.” Oficializando assim, o apoio das assembleias
de Deus Madureira à candidatura do atual presidente.
Tudo isso deveria ser emblemático, exceto na mente de quem defende seu
candidato. Pois a participação do meio evangélico só parece ser problemática
quando apoia o candidato adversário, mas quando apoia o candidato admirado, o
silêncio acaba por fazer parte do cenário
Em outros grupos, porém, pode existir certa dominação pastoral ao ponto dos
membros, por meio de poder hierocrático, serem coagidos a votar em determinado
candidato, como nos dois casos citados acima. Mas, muito cuidado ao dizer que
existe algum tipo de conspiração, ou alienação evangélica para que esse grupo vote
coletivamente em determinado candidato. Esse tipo de discurso tem, inclusive,
gerado ameaças às igrejas e pastores por parte do crime organizado no Ceará, que
culpa os evangélicos pela vitória de Bolsonaro.
Dito isso, talvez as questões que devem merecer nossa atenção sejam: por
que Bolsonaro? Os evangélicos, em geral (lembrando que se trata de um grupo
heterogêneo), se identificam como conservadores, mas o que significa isso? Será
que Bolsonaro representa, de fato, o conservadorismo enquanto filosofia política e
social?
Um dos principais expoentes do conservadorismo moderno é o filósofo e
político Edmund Burke (1729-1797), cujo tema principal de sua construção teórica é
o valor da ordem. Mas cuidado com as pressuposições. Ordem em Burke ou em
qualquer desdobramento do conservadorismo não significa ausência de mudança
(como muitos críticos erroneamente afirmam), mas, sim, a necessidade de
mudanças em uma sociedade respeitando seus fundamentos.
REFERÊNCIAS
ARENDT, Hannah. A condição humana.11. ed. Rio de Janeiro, RJ: Forense, 2010