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1 MEMORIAL DESCRITIVO

1.1 CIDADE HIPOTÉTICA

Projetar a Rede de Esgotos para uma cidade hipotética conforme cotas e arruamento
fornecido, de acordo com a ABNT, Norma NBR 9649, e segundo os dados apresentados.

2 DADOS DE PROJETOS

Dados da população e do dimensionamento do Sistema de esgotamento de esgoto a ser


proposto.

Tabela 1. Dados de dimensionamento do Sistema de esgotamento de esgoto a ser proposto.


Contribuições DADOS A UTILIZAR
pontuais/Parâmetro
Densidade Populacional Inicial 150
(hab/ha)
Densidade Populacional Final 230
(hab/ha)
Coeficiente de retorno 0,8
Per Capita de Água ( l/hab.d ) 170
Coef. de Contrib. Diária ( K1 ) 1,2
Coef. de Contrib. Horária ( K2 ) 1,5
Taxa de Infilt. (TI ) – l/s.km Adote conforme especificação do
material da tubulação, permeabilidade
do solo e nível do NA
Coef. de Manning (n ) 0,013
Hospital QP1
Número de Leitos inicial e final 100
Per Capita de Esgoto – l/hab.d 200
Edifício QP2
Moradores 180
Per Capita de Esgoto – l/hab.d 200
Indústria de Móveis QP3
Nº de Operários - Inicial (Pi ) 200
Nº de Operários - Final ( Pf ) 320
Per Capita de Esgoto – l/hab.d 70
Colégio QP4
Pop. Inicial (Pi ) 1100
Pop. Final ( Pf ) 1400
Per Capita de Esgoto – l/hab.d 50
De acordo com os dados apresentados a população a ser atendida é calculada de acordo
com a densidade inicial e final multiplicada pela área a ser esgotada.
As máximas entre os Poços de Visitas (PV), e Terminai de Inspeção e Limpeza (TIL)
serão adotados conforme a norma NBR 9649, ao qual determina distancia máxima de 100
metros entre essas singularidades.
Embora pela NBR 9649 de 1986, o diâmetro mínimo seja de 100 mm, foi utilizado no
projeto diâmetro mínimo de I50mm.
Recomenda-se como profundidade mínima 1,5 m (em relação à geratriz inferior dos
tubos), para possibilitar as ligações prediais e proteger os tubos contra cargas externas.
Todavia esse valor deve ser considerado apenas nos trechos de situação desfavorável.
A norma brasileira citada acima estabelece que quando a velocidade final (v f),
verificada no alcance do plano, é superior a velocidade crítica (vc), a lâmina de água máxima
deve ser reduzida para 0,5do, sendo vc = 6(gRH)1/2, onde g = aceleração da gravidade e RH =
raio hidráulico de final do plano.
A norma estabelece também que a declividade máxima admissível é aquela que
corresponde à velocidade final (vf) de 5 m/s.

3 MEMORIAL DE CALCULO

3.1 VAZÃO DOMÉSTICA

A vazão máxima inicial de esgoto doméstico (Qdi) pode ser calculada pela expressão.
C x ai x di x q
Qdi  K 2
86400

A vazão máxima final de esgoto doméstico (Qdf) pode ser calculada pela expressão.

C x af x df x q
Qdf  K 1K 2
86400

C = coeficiente de retorno;
ai; af= área a ser esgotada inicial e final, ha;
di: df = densidade populacional inicia e final, hab/ha;
qi ; qf = consumo de água efetivo per capita inicial e final, l/hab. dia.

O trecho a ser esgotado possui uma área de aproximadamente 95,71 ha

Qdi  K 2
C x ai x di x q
Qdi  1,5
0,8 x 95,71 x 150 x 170 Qdi  tantos L/s
86400 86400

C x af x df x q C x af x df x q Qdf  Tantos L/s


Qdf  K 1K 2 Qdf  K 1K 2
86400 86400
3.2 TAXA DE CONTRIBUIÇÃO LINEAR

A determinação da taxa de contribuição linear é efetuada do seguinte modo:


Taxa de contribuição linear inicial e final.
Onde;
Segundo a NBR 9649/86 ABNT, a taxa de contribuição de infiltração (L/s.km) varia de 0,05 a
1,0, sendo que este valores são definidos pelo Plano Diretor do Município, para o projeto foi
adotado conforme especificação do material da tubulação, permeabilidade do solo e nível do
NA, considerado a pior situação no valor de 1,0 (L/s.km).

Li ; Lf = comprimento da rede inicial e final =


Qdi ; Qdf = vazão doméstica máxima inicial e final =
Tinf = taxa de infiltração (L/s.km) =

Qdf
Txi 
Qdi
 T inf Txi f  T inf
Li Lf

Qdi Qdf
Txi   T inf Txi f  T inf
Li Lf

Txi  valor Txi f  valor

3.3 VAZÃO SINGURAR

A contribuição singular ou vazão (descarga) concentrada geralmente provém de indústrias,


hospitais, escolas, quartéis etc., e também de áreas de expansão previstas no projeto.

3.4 VAZÃO SINGULAR DO HOSPITAL (QP1)


É importante destacar que a vazão singular de projeto inicial e a final são equivalentes neste
caso.
Leito x qe 100 x 200
Qp1  Qp1 
86400 86400

Qp1i  Qp1f  0,231 L/s

3.5 VAZÃO SINGULAR DO EDIFICIO (QP2)

É importante destacar que a vazão singular de projeto inicial e a final são equivalentes neste
caso.
Moradores x qe 180 x 200
Qp2  Qp2 
86400 86400
Qp2i  Qp2f  0,417 L/s

3.6 VAZÃO SINGULAR DA INDÚSTRIA DE MÓVEIS (QP3)

É importante considerar que há duas vazões singulares de projeto a inicial e final.

Pi x qe 200 x 70
Qp3  Qp3i 
86400 86400

Qpi  0,162 L/s

Pf x qe 320 x 70
Qp3f  Qp3f 
86400 86400

Qp3f  0,260 L/s

3.7 VAZÃO SINGULAR DO COLEGIO (QP4)

É importante considerar que há duas vazões singulares de projeto a inicial e final.

Pi x qe 1100 x 50
Qp4  Qp4i 
86400 86400

Qp4i  0,636 L/s

Pf x qe 1400 x 50
Qp4f  Qp4f 
86400 86400

Qp4f  0,810 L/s


4 CÁLCULO DO TRECHO 1-1

3.6.1 Traçado dos Coletores

Na planta, escala 1:2000, com levantamento topográfico plani-altimétrico, com


curvas de nível de metro em metro, foi traçada a rede coletora de esgotos, onde
foram indicados as singularidades (PV, TIL,) e o sentido de escoamento
dos esgotos. Para a fixação dos sentidos de escoamento dos esgotos, deve-se procurar seguir,
tanto quanto possível, os sentidos de escoamento natural do terreno, para diminuir a
profundidade dos coletores. Outros aspectos que influem no traçado devem ser também
considerados, tais como:

 Localização dos coletores (rede simples ou rede dupla);


 Interferências;
 Influência do PV e TIL no traçado;
 Profundidades máximas e mínimas;
 Aproveitamento de tubulações existentes;
 Planos diretores de urbanização;

3.1- As condições hidráulicas exigidas

O esgoto sanitário além de substâncias orgânicas e minerais dissolvidas, leva também


substâncias coloidais e sólidos de maior dimensão, em mistura que pode formar depósitos nas
paredes e no fundo dos condutos, o que não é conveniente para o seu funcionamento
hidráulico, ou seja, para o escoamento.
Assim, no dimensionamento hidráulico deve-se prover condições satisfatórias de fluxo
que, simultaneamente, devem atender aos seguintes quesitos:

- transportar as vazões esperadas, máximas (caso das vazões de fim de plano Qf), e mínimas
(que são as de início de plano Qi);

- promover o arraste de sedimentos, garantindo a auto-limpeza dos condutos;


- evitar as condições que favorecem a formação de sulfetos (anaerobiose séptica) e a formação
e desprendimento do gás sulfídrico (condições ácidas). O gás sulfídrico, em meio úmido,
origina o ácido sulfúrico. Esse ácido age destruindo alguns materiais de que são feitos os
condutos (o concreto, por exemplo), além de causar desconforto em razão de seu cheiro
ofensivo.
O dimensionamento hidráulico consiste, pois em se determinar o diâmetro e a
declividade longitudinal do conduto, tais que satisfaçam essas condições.
Outras condições que comparecem no dimensionamento hidráulico decorrem de
vazões instantâneas devidas às descargas de bacias sanitárias, muitas vezes simultâneas; são
elas:

- máxima altura da lâmina d’água para garantia do escoamento livre, fixada por norma em
75% do diâmetro, para as redes coletoras;

- mínima vazão a considerar nos cálculos hidráulicos, fixada em 1,5 L/s ou 0,0015 m3/s.

3.2- Critérios de projetos das canalizações

a) O cálculo do diâmetro

Os coletores são projetados para trabalhar, no máximo, com uma lâmina de água igual
a 0,75do, destinando-se a parte superior dos condutos à ventilação do sistema e às imprevisões
e flutuações excepcionais de nível.
A equação, de Manning com n=0,013 permite o cálculo do diâmetro para satisfazer a
máxima vazão esperada (Qf) que atende ao limite y = 0,75 do. A expressão para se determinar
esse diâmetro é a seguinte:

3/8
 Qf 
d o  0,3145 1 / 2 
 Io 

Nessa expressão deve-se entrar com a vazão em (m3/s), resultando o diâmetro em (m),
ajustado para o diâmetro comercial (DN) mais próximo (em geral, adota-se o valor
imediatamente acima do calculado).

O diâmetro mínimo dos coletores sanitários é estabelecido de acordo com as condições


locais. Em São Paulo são utilizados:
- Áreas exclusivamente residenciais..............................150 mm (DN 150)
- Áreas de ocupação mista e áreas industriais................200 mm (DN 200)

A NBR 9649 (NB 567) de 1986 da ABNT admite o diâmetro mínimo DN 100.
A Tabela 3.2. (a) relaciona os valores de n para diferentes tipos de tubos.

Tabela 3.2 – Valores de n para diferentes tipos de tubulações


Tipos de tubulação Valores de n
Aço galvanizado 0,015 a 0,017
Aço rebitado 0,015 a 0,017
Aço soldado 0,011 a 0,014
Cimento-amianto 0,010 a 0,012
Cobre e latão 0,009 a 0,012
Concreto muito liso 0,011 a 0,012
Concreto bem acabado 0,013 a 0,014
Concreto ordinário 0,014 a 0,016
Cerâmica 0,012 a 0,015
Ferro fundido novo 0,011 a 0,015
Ferro fundido em uso 0,015 a 0,025
Ferro ondulado 0,020 a 0,022
Madeiras em aduelas 0,011 a 0,013
Plástico 0,009 a 0,010
Tijolos 0,014 a 0,016

b) Profundidade

Recomenda-se como profundidade mínima 1,5 m (em relação à geratriz inferior dos
tubos), para possibilitar as ligações prediais e proteger os tubos contra cargas externas.
Todavia esse valor deve ser considerado apenas nos trechos de situação desfavorável.
A profundidade ótima, geralmente, está compreendida entre 1,8 e 2,5 m para facilitar o
esgotamento dos prédios e evitar interferências dos coletores prediais com outras
canalizações.
A NBR 09649 (NB 567)/ 1986 permite, para situações excepcionais, por exemplo ruas
periféricas com baixo trânsito de veículos, recobrimento mínimo (em relação à geratriz
superior dos tubos) de 0,90m, para assentamento no leito da via e de 0,65 m, quando no
passeio.

c) Velocidade crítica e velocidade máxima

A norma brasileira citada acima estabelece que quando a velocidade final (vf),
verificada no alcance do plano, é superior a velocidade crítica (vc), a lâmina de água máxima
deve ser reduzida para 0,5do, sendo vc = 6(gRH)1/2, onde g = aceleração da gravidade e RH =
raio hidráulico de final do plano. Isso decorre da possibilidade de emulsão de ar no líquido,
aumentando a área molhada no conduto.
A norma estabelece também que a declividade máxima admissível é aquela que
corresponde à velocidade final (vf) de 5 m/s. A razão disso é evitar a erosão da tubulação, que
no entanto não tem sido observada em instalações em que ocorrem velocidades bem maiores.

d) Tensão trativa

A disposição normativa é que cada trecho de canalização deve ser verificado, para que
a tensão trativa média  t seja igual ou superior a 1Pa, para coeficiente de Manning n = 0,013.
A declividade mínima que satisfaz essa condição é expressa por Io mín  0,0055Qi0, 47 , onde Qi
é vazão de jusante do trecho no início do plano, em L/s e Iomín em m/m.

e) Vazão mínima

A norma recomenda que, em qualquer trecho, o menor valor de vazão a ser utilizado
nos cálculos é 1,5 L/s.
f) Materiais

As manilhas cerâmicas podem ser consideradas o material usual para redes de esgoto
sanitário.
Outros materiais comumente empregados são: tubo de concreto, de cimento amianto,
de ferro fundido, de PVC, de fibra de vidro, etc.
Os materiais à base de cimento são menos resistentes aos despejos agressivos (resíduos
industriais e líquidos em estado séptico).
Os tubos de ferro fundido somente são aplicados em situações especiais (trechos de
pequeno recobrimento, trechos de velocidade excessiva, travessias, etc.)
Os tubos de PVC são os mais recomendáveis quando o nível de lençol freático é alto
(beira-mar).

g) A auto-limpeza dos condutos. Tensão trativa

Tradicionalmente utiliza-se a associação de uma velocidade mínima com a mínima


relação de enchimento da seção do tubo (y/do), para assegurar a capacidade do fluxo de
transportar material sedimentável nas horas de menor contribuição, ou seja, a garantia de
auto-limpeza das tubulações.
Por exemplo, a normalização brasileira de várias entidades previa limites mínimos, tais
como y/do = 0,2 e vmin = 0,5m/s.
Na realidade, tratava-se de um controle indireto, pois a grandeza física que promove o
arraste da matéria sedimentável é a tensão trativa que atua junto à parede da tubulação na
parede da tubulação na parcela correspondente ao perímetro molhado.
A tensão trativa, ou tensão de arraste, nada mais é do que a componente tangencial do
peso do líquido sobre a unidade de área da parede do coletor e que atua portanto sobre o
material aí sedimentado, promovendo o seu arraste, vide Figura 3.2 (a).
Figura 3.2 (a) – Desenho esquemático para cálculo da tensão trativa

F  peso( . A.L)
 = peso específico (N/m3)
T = componente tangencial
T  F.sen
A = área molhada
 t  tensão trativa

T Fsen A.L.sen
t      .RH .sen
P.L P.L P.L

Para  pequeno, sen  tg  I o (declividade). Então:

 t   .RH .I o  10 4.RH .I o em N/m2 ou Pa (pascal).

Essa tensão é um valor médio das tensões trativas no perímetro molhado da seção
transversal considerada.
O estudo e a conceituação da tensão trativa vem se desenvolvendo desde o século XIX,
para a solução de problemas de hidráulica fluvial e de canais sem revestimento. Muitos
pesquisadores se aprofundaram na quantificação de valores levando em conta as muitas
variáveis envolvidas, apoiando-se em numerosos resultados experimentais, buscando definir
as fronteiras entre as regiões de repouso e de movimento das partículas. As pesquisas
realizadas indicam em sua maioria que, no caso de coletores de esgoto, os valores da tensão
trativa crítica para promover a auto-limpeza , se situam entre 1Pa e 2Pa.
Em São Paulo, a Sabesp, responsável estadual pelo saneamento básico, desenvolveu
estudos e experiências desde 1980 e, através de norma interna de 1983, passou a utilizar o
critério da tração trativa para a determinação da declividade mínima, adotando o valor de
 t  1Pa . Estudos posteriores constataram que esse limite é desfavorável à formação de
sulfetos em canalizações com diâmetros maiores que DN 300, sulfetos esses responsáveis
pela formação de ácido sulfúrico junto à geratriz superior dos tubos, causando a deterioração
de materiais não imunes à ação desse ácido.
O eng. Miguel Zwi traçou em papel bi-logarítmico as curvas “lugar geométrico” de
 t  1Pa no plano vazão X declividade, a partir de relações geométricas e trigonométricas
simples, associadas às fórmulas de Manning e da continuidade. O resultado foi um feixe de
curvas de fraca curvatura, relativas aos diâmetros usuais, que substituídas por uma única reta,
resultou na seguinte equação, para n = 0,013;

I o  0,0055.Q 0, 47 com Q em L/s e Io em m/m

Os pontos correspondentes aos diâmetros DN 100 a DN 400 e a reta resultante são


mostrados na Figura 3.2. (b), onde  t > 1Pa na região acima da reta.
Figura 3.2. (b) – Declividade mínima Iomín em função da vazão para tensão trativa  =1,0 Pa.

Observa-se que a declividade que promove a auto-limpeza é inversamente


proporcional à vazão e conseqüentemente ao diâmetro, o que possibilita maiores valores da
tensão trativa para os grandes condutos, com resultados favoráveis para evitar a formação de
sulfetos (vide “Tensão trativa: critério econômico para dimensionamento”Tsutiya e Machado
Neto – Revista DAE 140, março 1985).
Posteriormente a norma brasileira NBR 09649/1986 adotou esse procedimento no
dimensionamento de redes coletoras de esgoto sanitário.

h) Velocidade crítica

A norma NBR 09649 (NB 567) da ABNT traz a seguinte disposição:

“5.1.5.1 – Quando a velocidade final vf é superior à velocidade crítica, a maior lâmina


admissível deve ser 50% do diâmetro do coletor, assegurando-se a ventilação do trecho; a
velocidade crítica é definida por vc  6( gRH )1 / 2 , onde g = aceleração da gravidade”.
A preocupação é devida ao fato de que escoamentos muito turbulentos propiciam a
entrada de bolhas de ar na superfície do líquido, resultando numa mistura ar-água (não é ar
dissolvido), que ocasiona um aumento da altura da lâmina líquida. Caso o conduto venha a
funcionar como conduto forçado em razão desse gerar pressões que levam à destruição da
tubulação (cavitação). Para condutos de elevada declividade e maior essa possibilidade se
torna certeza de ser evitada. Duas medidas são necessárias:

- garantir o escoamento em conduto livre;


- estabelecer a fronteira da entrada de ar no escoamento.

Para a primeira, estudou-se a grandeza do acréscimo de altura da lâmina no


escoamento aerado. Considerando a situação mais desfavorável da lâmina máxima
admissível, no caso de esgoto sanitário 75% do diâmetro para lâmina sem mistura, conclui-se
ser inviável a manutenção desse limite, reduzindo-o portanto para 50% do diâmetro quando a
fronteira fosse atingida. Isso permite um acréscimo de até metade da lâmina para atingir o
limite anterior (condição segura de operação), restando ainda 25% de altura livre. Não resolve
todos os casos, mas é suficiente para as situações mais comuns. Nos casos extremos, os
acréscimos de lâmina devem ser calculados e adotados dutos de ventilação para evitar os
transientes hidráulicos.
Quanto à segunda medida, a análise dimensional, pesquisas e medições concluíram
que entre os adimensionais relacionados ao escoamento, números de Reynolds, Weber,
Froude e Boussinesq, este último, B  v( gRH ) 1 / 2 , é o mais importante para retratar o
fenômeno da entrada de ar no escoamento. Pesquisas efetuadas por Volkart (1980)
concluíram que a mistura ar-água se inicia quando o número de Boussinesq é igual a 6,
definindo-se assim uma velocidade crítica (vc) para o início do fenômeno:

B  vc ( gRH ) 1 / 2  6
vc  6( gRH )1 / 2
vc = velocidade crítica em m/s
RH = raio hidráulico em m
g = aceleração da gravidade (9,8 m/s2)

3.3 – Grandezas e notações

Conforme NBR 09649/1986 da ABNT, as grandezas se encontram relacionadas na


Tabela 3.3.(a).

Tabela 3.3 (a) – Grandezas e notações


1. População e correlatos Notação Unidade
1.1 Densidade populacional inicial di hab / ha
1.2 Densidade populacional final df hab / ha
1.3 População inicial Pi hab
1.4 População final Pf hab

2. Coeficientes ligados à determinação de vazões Notação Unidade


2.1 Coeficiente de retorno C -
2.2 Coeficiente de máxima vazão diária k1 -
2.3 Coeficiente de máxima vazão horária k2 -
2.4 Coeficiente de mínima vazão horária k3 -
2.5 Consumo de água efetivo per-capita (não inclui perdas do
sistema de abastecimento):
2.5.1 Consumo efetivo inicial qi L / hab.dia
2.5.2 Consumo efetivo final qf L / hab.dia

Continuação da Tabela 3.3 (a)


3. Áreas e comprimentos Notação Unidade
3.1 Área esgotada inicial para um trecho da rede ai ha
3.2 Área esgotada final para um trecho da rede af ha
3.3 Comprimento de ruas L Km
3.4 Área edificada inicial Aei m2
3.5 Área edificada final Aef m2

4. Contribuições e vazões Notação Unidade


4.1 Contribuição de infiltração I L/s
4.2 Contribuição média inicial de esgoto doméstico  L/s
Qi
4.3 Contribuição média final de esgoto doméstico  L/s
Qf
4.4 Contribuição singular inicial L/s
Q ci
4.5 Contribuição singular final L/s
Q cf
4.6 Vazão inicial de um trecho de rede:
4.6.1 Inexistindo medições de vazão utilizáveis no projeto, Qi = Qi L/s

(k 2 . Q f )  I   Qci (não inclui k1 )
4.6.2 Existindo hidrogramas utilizáveis no projeto, Qi L/s
Qi= Qi máx   Qci ( Qi máx = vazão máxima do
hidrograma, composto com ordenadas proporcionais às do
hidrograma medido)
4.7 Vazão final de um trecho de rede:
4.7.1 Inexistindo medições de vazão utilizáveis no projeto, Qf L/s

Q f  (k1 .k 2 . Q f )  I   Qcf
4.7.2 Existindo hidrogramas utilizáveis no projeto, Qf L/s
Q f  Qf máx   Qcf . ( Qf máx = vazão máxima do
hidrograma, composto com ordenadas proporcionais ao
hidrograma medido)

5. Taxas de cálculo Notação Unidade


5.1 Taxa de contribuição inicial de superfície esgotada Tai L/s.ha
Qi   Qci
Tai 
a
5.2 Taxa de contribuição final por superfície esgotada Taf L/s.ha
Qf   Qcf
Taf 
af
5.3 Taxa de contribuição linear inicial para uma área esgotada Txi L/s.km
Qi   Qci
de ocupação homogênea Txi 
L
5.4 Taxa de contribuição linear final para uma área esgotada de Txf L/s.km
Qf   Qcf
ocupação homogênea Txf 
L
5.5 Taxa de contribuição de infiltração TI L/s.km

Continuação da Tabela 3.3 (a)


6. Grandezas geométricas da seção Notação Unidade
6.1 Diâmetro do m
6.2 Área molhada de escoamento, inicial Ai m2
6.3 Área molhada de escoamento, final Af m2
6.4 Perímetro molhado P m

7. Grandezas utilizadas no dimensionamento hidráulico Notação Unidade


7.1 Raio hidráulico RH M
7.2 Declividade Io m/m
7.3 Altura da lâmina de água inicial yi m
7.4 Altura da lâmina de água final yf M
7.5 Declividade mínima admissível Io min m/m
7.6 Declividade máxima admissível Io máx m/m
7.7 Qi vi m/s
Velocidade inicial vi 
Ai
7.8 Qf vf m/s
Velocidade final vf 
Af
7.9 Tensão trativa média  t   .RH .I o , sendo  = peso  t Pa
específico da água = 104 N/m3

8. Valores de coeficientes e grandezas Notação Unidade


Inexistindo dados locais comprovados oriundos de
pesquisas, podem ser adotados os seguintes:
8.1 C, coeficiente de retorno 0,8
8.2 k1 , coeficiente de máxima vazão diária 1,2
8.2 k 2 , coeficiente de máxima vazão horária 1,5
8.3 k 3 , coeficiente de mínima vazão horária 0,5
8.4 TI, taxa de contribuição de infiltração; depende de 0,05 a 1,0 L/s.km
condições locais tais como: NA do lençol freático, natureza
do subsolo, qualidade da execução da rede, material da
tubulação e tipo de junta utilizada. O valor adotado deve
ser justificado

3.4- Rede coletora. Traçado

A planta topográfica em escala convencional (1:2000, por exemplo) deve indicar ao


menos o arruamento, as curvas de nível, as cotas de pontos característicos (cruzamento de
ruas), os talvegues, a rede existente eventual, os cursos d’água ou outros locais de descarga do
esgoto coletado e as interferências ao caminhamento dos coletores, porventura existentes
(adutoras, galerias, etc.).
Sobre essa planta devem ser indicadas a área a ser esgotada e as áreas de expansão
futura, identificando os pontos dessas futuras contribuições, bem como os pontos de
contribuições singulares significativas (indústrias ou hospitais).
Seguindo o traçado das ruas e as declividades naturais do terreno, indicam-se os
trechos de coletores e seu sentido de escoamento, limitando-os com os órgãos acessórios
(PV’s PI’s ou Tl’s) adequados a cada situação, respeitando a distância máxima entre eles (100
m, por exemplo).
Em cada PV ou PI representado, indicam-se as canaletas de fundo necessárias para o
escoamento, podendo ter várias entradas, mas uma única saída. Essa indicação das canaletas é
que define o traçado decidido do projeto.
Em seguida devem ser identificados os coletores e seus respectivos trechos, recebendo
o número 1 o coletor principal, o de maior extensão da bacia. Os outros coletores recebem
números seqüenciais na mesma ordem em que chegam ao coletor principal. Dessa forma ter-
se-á sempre números maiores contribuindo para números menores. Os trechos dos coletores
também recebem numeração seqüencial crescente de montante para jusante.
Entre os tipos de traçados, releva-se o tipo distrital ou radial, específico para regiões
planas (litorâneas), que divide a área em distritos de coleta onde, para evitar aprofundamento,
se concentra o esgoto em um único ponto e daí afasta-se-o por uma elevatória.

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