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O nascimento de Pelaios foi um momento de muita tristeza para Arthur Domine, seu pai.

Depois
de uma gravidez complicada e de risco, sua esposa morrera no parto.

Sua tia Annita dizia que sua vida era um milagre. A devoção da mãe e preses pela vida do filho
teriam sido ouvidas pela deusa Tanna-Toh.

Logo nos primeiros dias de vida de Pelaios, Arthur, consumido pela tristeza da perda da esposa e
responsabilizando o filho pela tragédia, renegou os cuidados para com a criança, papel esse
assumido pela sua irmã Annita.

Arthur Domine era o Marques de Kovith, ambicioso, desejava aumentar sua riqueza e influencia
política no reinado de Yuden e para alcançar seus objetivos no "exército que tem uma nação"
sabia de deveria investir em carreira do exército. Ele mesmo se devotou por anos até assumir o
posto de comandante das tropas de Gallienn. Determinou que seus filhos deveriam ter carreiras
militares de destaque para se aproximar da corte do regente.

O Marques de Kovith casou-se novamente e teve outros filhos. Decidido a dedicar o máximo de
esforço nas novas relações sociais conquistadas com o segundo casamento e em dar maior
atenção ao adestramento militar de seus filhos mais novos, Arthur enviou sua irmã e filho para
morar em Valkaria.

Pelaios recebia todo o amor, atenção e carinho de sua tia Annita e teve uma infância sadia e
normal, dentro do possível.

Aos 10 anos, teve um sonho tão vívido e real que quando acordou, não sabia ao certo se a
realidade era o que vivera em seu sonho ou se o que via com seus olhos.

Levantou-se depressa e foi contar para sua tia o sonho que teve com um anjo. Fiel e devotada,
Annita aconselhou a criança a ter um profundo temor e prestar bastante atenção a mensagem
enviada pelo anjo.

Assim, conforme crescia, Pelaios foi descobrindo sua real natureza e origem.

Aos 23 anos, Pelaios já percebia todo os poderes e dons recebidos por sua origem. Desenvolvera
um forte relacionamento com seu guia angelical, Mykiel, percebendo, principalmente quando não
conseguia seguir alguma orientação ou visão dele, que ele era compassivo e esperançoso de que
Pelaios cumpriria seus deveres.

Por essa época, Mykiel ordenou que Pelaios voltasse para Yuden, e fosse buscar uma mochila
que havia deixado guardada na Caverna do Saber.

Sem avisar a sua tia, Pelaios partiu imediatamente para Yuden seguindo um grupo de peregrinos
que iriam adorar a deusa Tanna-Toh na Caverna.

Pelaios tinha deixado Yuden muito novo, educado em Valkaria poderia se confundir facilmente
com um forasteiro. Também não tinha desejo de reencontrar seu pai e irmãos. Havia abraçado
seu destino desde criança.

Na noite anterior à chegada na Caverna Mykiel falou com Pelaios em um sonho.

Pelais se via chegando na Caverna e caminhou para um salão pouco usado pelos visitantes. Lá,
se aproximou de uma parede e conseguiu ativar um pequeno mecanismo que abria uma
passagem pela sala.

Seguindo por esse caminho, ele logo chegou a beira de um abismo. Manifestou suas asas
incorpóreas e voou em direção ao fundo do abismo.

Antes de terminar o efeito desta transformação ele se apoiou em algumas pedras e seguiu para o
fundo do abismo, só que agora, escalava as pedras. Apos uma longa descida encontrou uma
abertura na parede. Caminhou para o interior da passagem e quando estava quase vendo o que
se encontrava em seu fim, foi acordado pelos seus companheiros de viajem.

Ao chegar na Caverna Pelaios seguiu os passos de seu sonho e chegou até o fim da passagem
que não conseguiu ver na noite anterior.

Lá, na parede, tinha um texto escrito em celestial:

"Entre e busque o conhecimento que te pertence."

Pelaios se aproximou e quando estava quase tocando a superfície da parede, foi sugado para
dentro dela.

A parede era um portal para outra plano. Pelaios não sabia se estava despertando. A claridade do
cômodo era tão grande que o segava. Ouviu uma voz familiar concluiu que sim, estava sonhado.

- Não. Você não está sonhando. Estamos aqui, no mesmo lugar. Venha, rápido. Você não pode
ficar muito tempo aqui.

Enquanto tentava ordenar seus pensamentos sobre quais perguntas deveria fazer primeiro, foi
puxado de volta para a sala.

Em uma mesa tinha uma mochila adornada com símbolos celestiais.

- Nesta bolsa reuni alguns manuscritos com um conhecimento antigo e pouco difundido no plano
material. Produzido e seguido por diversas raças, ele lhe dará um conjunto novo de habilidades
que lhes serão uteis no cumprimento dos seus deveres.

Pelaios pegou a mochila e assim que pôs em suas costas foi cegado novamente pela forte luz.
Quando recobrou sua consciência, era noite e ele estava deitado do lado de fora Caverna do
Saber.

Ele estava cansado e com fome. Não planejava visitar Gallienn mas não conhecia outro local para
se reforçar e voltar para Valkaria.

Chegou na cidade ao amanhecer. Não recordava muito dela e tão pouco ela deveria ser a mesma
que ele deixou. Após ser expulso de algumas tabernas, conseguiu se alimentar e descansar
numa estalagem bem simples, na periferia da cidade.

No dia seguinte, conseguiu se empregar numa caravana que iria para Ahlen e passaria por
Valkaria.

As montarias e carroças estariam prontas na manha seguinte.

Pelaios resolveu andar um pouco pela cidade. Usando seu habitual manto com capuz, pegou sua
nova mochila e foi vagar pelas ruas.

Sem perceber por quais caminhos andou, depois de algum tempo encontrou um portão familiar.
Era a entrada do cemitério da cidade. Sua tia Annita o levou lá antes de partirem para Valkaria
para se despedirem de sua mãe.

Foi tomado por um forte impulso e entrou no cemitério. Lá, as coisas não mudaram. Conseguiu
chegar ao mausoléu da família sem dificuldades.

Parou em frente a sua porta e se deteve em pensamentos de como sua vida poderia ter sido
diferente se sua mãe não tivesse morrido. Se seria ainda só um humano. Se estaria servindo ao
regente em seu exército.

Absorto em tais devaneios, não viu o golpe acerta-lo. Quando percebeu, estava cercado por
soldados de Yuden. Preferiu não resistir e lutar contra eles e deixou ser preso.

Tentou argumentar e questionar o motivo do encarceramento mas só ouviu insultos e chacotas.


Mas pode perceber que estavam confundindo ele com um meio-elfo. Tinham certeza que as
escritas na mochila eram insultos ao seu regente escritos em elfico e que Pelaios iria roubar a
tumba da família do comandante deles.

Pelaios ficou preso por dois dias no quartel da guarda. Estava ficando preocupado, até onde
sabia da cultura e costumes de seu povo, não mantinham alguém encarcerado por tanto tempo
por aqueles motivos. Alguma coisa não fazia sentido, pelo menos até aquela manha.

Logo cedo foi acordado por chutes e ordens para ficar em postura respeitosa, afinal, eu estava
na presença do comandante de Gallienn.

Pelaios observou com estranheza o jovem oficial a sua frente, seu pai deveria ser o comandate
de Gallienn.

- Então você é o forasteiro que queria roubar minha família? Péssima escolha.

Pelaios olhou inquisitivo o nobre sem dar atenção a suas palavras.

- Anton, Salazar ou Romero? Qual deles é você?

Surpreso com a pergunta, o jovem ficou desconsertado e procurando uma resposta adequada,
quando foi interrompido.

- Não reconhece seu irmão mais velho?! Sou eu, Pelaios.

Ao ouvir esse nome. O jovem deixou apressadamente o cárcere dando ordens aos soldados.

Pelaios não se espantou com a reação de seu irmão. Apesar de não conseguir reconhecer qual
deles, sabia que se tratava de um deles.

No final daquela manha, foi transferido para um alojamento de algum oficial, levaram para ele
seus pertences. Ainda estava preso, mas começaram a tratar-lo melhor.

Permaneceu por mais duas semanas naquele confinamento. Já na primeira noite, Mykiel
apareceu em sonhos perguntando por que não estava estudando os manuscritos e por quê ainda
estava em Yuden, ele o alertou também para que não intervisse nos assuntos locais e deixasse o
reino o quanto antes. Sabia que suas chances de escapar, principalmente sem algum conflito
eram poucas. Decidiu então iniciar os estudos dos manuscritos enquanto esperava.

Na manha do 15º foi levado até a mansão do Marques de Kovith, sua antiga casa.

Foram colocadas algumas cadeiras no centro do pátio, perto de uma viga de madeira. Pelaios foi
posicionado de frente para as cadeiras deixados pelos guardas da cidade sob custódia dos
soldados da família Domine.

Pouco tempo depois ele viu a figura pouco familiar de seu pai entrando no pátio por uma porta
lateral. Seguido do jovem oficial que o visitara dias antes e alguns outros funcionários.

- Você não foi enviado a Valkaria a passeio ou para fazer algum tipo inútil de intercâmbio. Você foi
exilado de Yuden. Não deveria nunca mais por os pés aqui. Por isso, a pessoa que deveria
manter-lo fora será castigada. Aparentemente você não sabia da sua condição. Que entre a
prisioneira.

Neste momento, sua tia Annita, irmã do Marques, foi trazida ao pátio acorrentada. Pelaios tentou
se livrar de suas amarras e dos soldados que o seguravam e correr para sua tia, mas foi impedido
por um forte golpe em suas pernas, que o fez se ajoelhar.

Aproveitando a posição, implorou para que seu pai não ferisse sua tia. Arthur ignorava seu filho e
acompanhava os preparativos para a execução do castigo.

- 20 chicotadas e vocês voltam para Valkaria- Afirmou seu irmão, com um leve sorriso no rosto.

O carrasco começou a desferir os golpes e a cada chicotada, crescia uma indignação e rancor
com a ordem de Mykiel de não interferir.

"Por que não posso fazer nada? Como podem me impedir de proteger aquela mulher, que foi a
única a me proteger e permitir que eu me torna-se um servo? Como pode Mykiel não fazer
NADA?"

A indignação foi crescendo e se transformando em fúria. Mas logo o castigo acabou. Entretanto o
carrasco se esqueceu de que não castigava um soldado ou prisioneiro e sim um velha mulher.

Pelaios correu para acudir sua tia. Os ferimentos eram muito profundos e escorria muito sangue
deles.

- Você a castigou porque eu não deveria voltar aqui?!

- Sim.

- Ela é sua irmã. Como pode feri-la desse jeito?

Nesse ponto Pelaios começa a tremer e sua fúria o consome por completo.

- Se eu jurar não voltar aqui, você a livra dessa tarefa de carcereira?

- Não impus tal tarefa, ela se voluntariou, tinha outra coisa em mente para você.

- Se eu jurar não voltar aqui, você a livra dessa tarefa de carcereira?

- Sim, mas se você quebrar o seu juramento, terei que quebrar o juramento que fiz a ela e te ferir.

Pelaios manifesta pela ultima vez suas asas, de seus olhos resplandecem uma luz vermelha,
como o sangue de sua amada tia que escorre por suas mãos.

Todos ficam surpresos e sem reação com o que vêem.

Coloca suas mãos em sua tia e cura parcialmente seus ferimentos.

Annita recorda a consciência e vê o vulto de seu sobrinho voando para longe.

Nos dias que se seguiram, Pelaios fugiu de Yuden.

Nos meses que se seguiram, ele fugia de Mykiel.

Ao sair de Yuden, não foi para Valkária. Decidiu evitar por enquanto as grandes cidades. Não
sabia a reação de seu pai, ou se estava sendo procurando por ele.

Ficou furioso ao perceber que não tinha como ter notícias de sua tia, e por isso culpou Mykiel.

A indignação, fúria e responsabilização de Mykiel por tudo que aconteceu fez com que Pelaios
tentasse de todas as maneiras evitar em seus sonhos. Quando não conseguia, deixava
transparecer todo seu ressentimento. Começou a culpar o seu guia até pela morte de sua mãe.

Definitivamente Pelaios deixou de seguir as orientações de Mykiel.

Após alguns meses trabalhando em uma taberna em Ridembarr, percebeu que Mykiel não
aparecia mais em seu sonho. Percebeu que algo tinha mudado. E verificou que seus poderes
angelicais estavam diferentes. Ele não tinha mais asas.

Pelaios ficou confuso e preocupado, mas não queria recorrer novamente a Mykiel. Lembou dos
livros dados pessoalmente por Mykiel, que ele agora os deixara jogados em um canto em seu
alojamento, e decidiu procurar respostas sobre o que vivia naquele momento.

Apesar de não encontrar as respostas que buscava, achou ali alguns ensinamentos e relatos de
poderes que podem ser acessados sem a benção ou manifestação de poderes divinos. Decidiu
praticar e treinar, mas não para usar como um servo, como desejava Mykiel. E sim para se tornar
senhor de seu destino.

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