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Sentença Mandado de Segurança - Procedente PDF
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SENTENÇA
Se impresso, para conferência acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 0002757-56.2010.8.26.0053 e o código 1H00000019K33.
CONCLUSÃO
Em 13 de julho de 2010, faço estes autos conclusos ao(à) Juiz(ª) de Direito Dr.(ª): Fernão Borba
Franco
Vistos.
Segue sentença.
Se impresso, para conferência acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 0002757-56.2010.8.26.0053 e o código 1H00000019K33.
AGNELO QUEIROZ RIBEIRO impetrou este mandado de segurança contra
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aparelhos homologados pelo Contran, permitam certificar seu estado; seu parágrafo 2º estabelece
que, no caso de recusa do condutor a realizar os testes, exame ou perícia, a infração poderá ser
caracterizada por outras provas, acerca dos 'notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor
apresentados pelo condutor'..
Anote-se, em primeiro lugar, que a infração é 'dirigir sob a influência de álcool
ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência'. A norma é de ser
interpretada em seu sentido finalístico, ou seja, pretende impedir a direção de veículo automotor
sob a influência de alguma substância que a torne perigosa. A esse respeito, Arnaldo Rizzardo
salienta, embora com base na redação anterior desses dispositivos, mas suficientemente similar,
que "atualmente, não importa mais o teor ou a quantidade de álcool encontrada no sangue. Desde
que constatada a influência de álcool ou de qualquer substância entorpecente ou que determine
dependência física ou psíquica, caracteriza-se a infração. Como se percebe do dispositivo, o
condutor deve dirigir sob a influência do álcool ou substância entorpecente. Diferente é a hipótese
de se encontrar a existência de álcool ou substância entorpecente. Não havendo a influência, não
se caracteriza a infração. Todavia, cabe ater-se ao art. 276, que tem como alcoolizado o indivíduo
que se acha com concentração de seis decigramas de álcool por litro de sangue. Em decorrência, a
ilegal, por motoristas, mas em sua influência na condução do veículo automotor. É esse o
conteúdo da proibição, com a observação, já mencionada, de que se presumia essa influência se a
concentração de álcool no sangue for superior a determinado limite.
O verbo foi colocado no passado de forma proposital, pois também o artigo
276 do CTB foi modificado, e agora dele consta que 'Qualquer concentração de álcool por litro de
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sangue sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165 deste Código'.
Assim, a presunção, no caso de álcool, qualquer que seja sua concentração por
litro de sangue, é absoluta, e pode ser determinada por qualquer dos exames previstos no art. 277,
inclusive exames clínicos.
A regra atual é draconiana. Estúpida, no sentido de excessiva e no sentido de
não ser inteligente.
Excessiva, porque impede um consumo reduzido e saudável de álcool pelo
motorista, e não inteligente, porque o consumo excessivo se detectaria pela presença de uma
determinada, e razoável, concentração de sangue no organismo (e não 'no sangue', o que pode,
dependendo da interpretação que se tornar vitoriosa, inutilizar o exame de concentração alveolar),
ou pelas evidências de condução anormal do veículo.
Entretanto, embora criticável a norma, legem habemus, e deve ser aplicada. Só
que, não sendo inteligente a regra, deve ser aplicada inteligentemente, no mínimo, a fim de se ter
como caracterizada a infração ainda que seja difícil determinar a existência de álcool no sangue.
Não foi o que ocorreu no caso dos autos.
mas não a ingestão de álcool, a não ser em casos evidentes. Suponhamos que o impetrante
estivesse saindo de um clube, onde por acidente alguém derramou uísque, ou cachaça, em sua
camisa. Ele não teria consumido álcool, mas – suponhamos – fumou maconha e ingeriu ecstasy.
Apresentaria odor alcoólico, olhos vermelhos e rubor nas faces (aliás, essa mistura esquisita só
caracterizaria a infração se houvesse direção alterada). Ou não consumiu drogas, mas seus olhos
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estavam irritados e estava com calor. Mesmo resultado. As observações dos policiais, portanto,
ainda que presumida, equivocadamente, sua veracidade, não levam a um resultado
suficientemente seguro, para caracterizar a infração.
E esse resultado, insuficientemente seguro, torna-se manifestamente inseguro
quando se verifica que, submetido a exame clínico no mesmo dia, o impetrante não apresentou
qualquer sinal de embriaguez; especificamente, seu hálito e sua face não eram característicos, e
sua pupila reagia normalmente, de modo que o cheiro, o rubor e os olhos vermelhos deviam ser
devidos a outras causas.
Ora, o impetrante foi submetido a exame, previsto em lei, para atestar eventual
embriaguez, o que não foi constatado. O fato de se ter recusado a utilizar o aparelho de
concentração alveolar (bafômetro), ou mesmo exame de sangue, não caracteriza a infração. Logo,
não se pode ter como cometida essa infração.
Pode-se argumentar que conduzir veículo automotor embriagado é
extremamente perigoso. Claro que é. Como o fato de conduzir veículo em ruas esburacadas, mal
conservadas e mal sinalizadas. Como o fato de conduzir veículo em excesso de velocidade, ou de
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comprovada a ocorrência dos fatos que justificam a prática do ato administrativo sancionatório, o
que não ocorreu no caso em exame. Consequentemente, a autuação é de ser anulada porque não
há prova da ingestão de álcool.
Pelo exposto, e pelo mais que dos autos consta, decido, para julgar procedente
o pedido e anular o auto de infração impugnado. Custas pela impetrada. Não há condenação em
honorários.
PRI.