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O MESTRE DO

CUIDADO E O ENSINO
DE FILOSOFIA NA
EDUCAÇÃO BÁSICA
Antônio Alex Pereira de Sousa
Universidade Federal do Ceará
Mestrando em Filosofia
Secretaria do Educação do Estado do Ceará
alexsousa.filosofia@gmail.com

Sócrates e Alcebíades (1816)


Christoffer Wilhelm Eckersberg (1783-1853
MOTIVAÇÃO DO TRABALHO:
APRESENTAÇÃO DA PESQUISA DE MESTRADO
• Motivações para a pesquisa:
Ver o ensino de filosofia como um problema filosófico
(Sílvio Gallo e Alejandro Cerletti);
• O problema filosófico:
como o ensino de filosofia na educação básica pode ser um
ensino efetivamente filosófico? Dentre as diversas possibilidades
de resposta, a leitura foucaultiana sobre a antiguidade Greco-
romana, especificamente a do cuidado de si/mestre do
cuidado, orienta a presente pesquisa.
EXPOSIÇÃO PARA O EVENTO CARIRI
O professor de filosofia estabelece um jogo com os discentes no qual
o discurso filosófico (conteúdo), relacionado a um problema imanente à vida
dos discentes, se apresenta como potencial mecanismo para que aula de
filosofia seja um momento de cuidado de si e cuidado do outro, na
perspectiva ética proposta por Foucault. Entretanto, de nada essa afirmação
valerá e se fixará como um instrumento para fomento de uma subjetividade
efetivamente ética, senão usar o discurso de verdade como ferramenta de
auto constituição de si mesmo.
QUAL A IDEIA DE JOGO?
Ex.: Jogo parresiástico cínico
Tomemos como exemplo a inversão de papeis
característica da parresia cínica:
Apesar da superioridade de Diógenes [vida livre e autossuficiente/
virtude moral e naturalista] em relação ao Rei, Alexandre aceita
entrar no jogo parresiástico proposto por Diógenes, que se inicia,
em alguns aspectos, igual ao diálogo socrático na medida em
que uma troca de perguntas e respostas. Há, entretanto, no mínimo duas diferentes: é Alexandre quem pergunta e Diógenes a
responder; enquanto Sócrates joga com a ignorância do outro, Diógenes fere o orgulho, no caso de Alexandre. No limite do jogo
parresiástico, Alexandre desiste ou parte para a agressão. Neste ponto, Diógenes tem duas formas de trazer Alexandre de volta
ao jogo. Uma é o desafio: Diógenes diz “bem, certo, sei que você está ofendido e é livre. Você tem tanto a habilidade quanto o
amparo legal para me matar. Mas você será corajoso o suficiente para ouvir a verdade de mim, ou é tão covarde que irá me
matar?” Estabelece-se um novo jogo parresiástico diante da questão: “Bem, você pode me matar, mas se assim o fizer ninguém
mais lhe dirá a verdade”. Esse destemor de Diógenes impressiona Alexandre que aceta continuar no jogo da verdade.
QUAL O JOGO DE VERDADE DEVE SE ESTABELECER
ENTRE O PROFESSOR DE FILOSOFIA DO ENSINO
MÉDIO E O SEU DISCENTE?

• Há diversas possiblidades.

• Concluímos, a partir das observações e das leituras


do referencial teórico foucaultiano, que a fala e a
escrita são dois instrumentos para que o jogo de
verdade entre o professor (mestre) e o estudante
(discípulo) possa se realizar.
A fala: fomentar uma reflexão sobre si mesmo.
A escrita: um exercício que estimula o cuidado
sobre si mesmo.
A FALA (PARRESIA) E A ESCRITA (PRÁTICA DE SI)
Estes dois instrumentos devem estimular no discente um embate de si
consigo mesmo (agonística). Entretanto, esse processo deve partir da escolha livre
do estudante. Mesmo que o professor de filosofia exerça um poder sobre ele que
não seja disciplinador/normatizador/assujeitamento, é preciso que a liberdade seja
a condição de possibilidade para a auto constituição livre da subjetividade discente.
E a parresia surge aí como ferramenta singular (fala). Só assim será possível o
fomento de um querer filosófico. A partir disso se constitui uma subjetividade com
fins éticos e estéticos.
OBRIGADO!

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