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PUCMINAS – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Instituto Politécnico – IPUC


Curso: Eng. Elétrica
Prof. Flávio Maurício de Souza

NOTAS DE AULAS

ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I

UNIDADE I – GENERALIDADES SOBRE


ELETRÔNICA DE POTÊNCIA

Prof. Flávio Maurício de Souza


2/2017

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1.1 – INTRODUÇÃO

A Eletrônica de Potência (EP) é um dos ramos da Eletrônica que mais tem se


desenvolvido nos últimos tempos. Com o crescente número e variedades de
circuitos e equipamentos eletrônicos em diversas áreas de aplicação, este ramo
de estudo torna-se importante haja vista ser o campo da engenharia responsável
pela conversão da forma de energia elétrica disponível em uma outra adequada à
carga ser alimentada. Ou seja, a EP é a responsável pelo sistema de alimentação
desses equipamentos eletrônicos.

Os tipos de conversão estudados nesta área são: CA para CC (fixa ou variável),


CC para CA (com tensão e frequência variáveis), CC (fixa) para CC (variável) e
CA (frequência fixa) para CA (frequência variável).

Como exemplo, é a EP que trata da conversão de um sinal CA possuindo tensão e


freqüência constantes que chega a uma indústria proveniente diretamente de uma
subestação, em outro sinal CA variável em amplitude e freqüência, necessário
para o controle da velocidade e do acionamento de motores de uma correia
transportadora.

Como pode ser notada neste exemplo, a EP é uma área multidisciplinar já que
para realizar a operação citada deve-se ter conhecimento de máquinas (motor
CA), controle e de eletrônica.

Portanto, quando se fala em EP, fala-se necessariamente de:

POTÊNCIA referindo-se a equipamentos para operação e distribuição de potência


elétrica

ELETRÔNICA referindo-se a dispositivos de estado sólido e circuitos para


processamento de sinal para alcançar os objetivos de controle desejados

CONTROLE referindo-se às características estáticas e dinâmicas de sistemas de


malha fechada

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1.2 – CARACTERIZAÇÃO DA ELETRÔNICA DE POTÊNCIA

Desta explanação inicial, pode-se definir EP como as aplicações da eletrônica de


estado sólido para controle e conversão de potência elétrica.
A figura abaixo indica uma configuração em blocos de um sistema de eletrônica de
potência.

PROCESSADOR DE ENERGIA  Conversor Estático de Potência – CEP. Faz a


adaptação ou conversão entre a forma de energia elétrica disponível e a forma de
energia elétrica requerida pela carga.

CONTROLADOR  Realiza as correções no processamento da energia em


função dos valores pré-estabelecidos (set-point ou referência) e dos valores
medidos pós-processamento.

O campo de aplicação é muito vasto e refere-se principalmente ao domínio da


indústria moderna abrangendo aplicações militares e residenciais.
Pode-se listar algumas aplicações:

 Indústria: controle e acionamento de máquinas CA e CC;

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 Controle de processos e automação de fábricas: Robôs, máquinas CNC, e


soldagem;
 Transportes: Trens, metrôs e veículos elétricos;
 Residencial: Aquecimento, alarmes e controle de iluminação;
 Transmissão de energia: HVDC
 Conservação e eficiência energética: Compensação de harmônicos, filtros
ativos e correção de fator de potência.

1.3 – GENERALIDADES SOBRE O CONVERSOR ESTÁTICO DE


POTÊNCIA - CEP

A conversão de potência anteriormente era realizada por conversores


eletromecânicos e essencialmente por máquinas girantes. Hoje, estas técnicas
não são mais utilizadas já que com o surgimento dos conversores estáticos
obtém-se uma performance mais adequada em todos os sentidos.

Um circuito conversores estático de potência, CEP, é um circuito eletrônico


constituído por um conjunto de elementos estáticos formando uma rede e constitui
um órgão de ligação e transmissão entre um gerador e um receptor.

Um CEP ideal permite a transferência de energia elétrica do gerador ao receptor


com um rendimento unitário (sem perdas).

Os elementos que constituem o CEP são, fundamentalmente de dois tipos:


 Interruptores estáticos: São elementos semicondutores de potência que
atuam como chaves e são chamados de elementos não lineares
 Elementos reativos: São capacitores e indutores (e transformadores)
responsáveis pelo armazenamento da energia e filtragem dos sinais de tensão
e corrente. Também são os principais responsáveis pelo peso, volume e custo
dos equipamentos.

Quando em funcionamento, o CEP conecta, por intermédio dos seus interruptores,


as malhas dos sistemas elétricos (gerador e receptor) permitindo um fluxo
controlado de energia entre esses sistemas.

Como pode ser notado, os interruptores estáticos de potência são os principais


componentes de um CEP. Eles são os responsáveis diretos pela conversão.
Através de um chaveamento adequado pode-se obter os vários tipos de
conversão que foram citados anteriormente e que poderão ser melhor visualizados
no quadro a seguir.

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Assim, pode-se concluir que para o bom entendimento do funcionamento dos


conversores estáticos torna-se então necessário inicialmente, o conhecimento
tanto das características dos interruptores, bem como dos fenômenos de
comutação entre eles.

Os tipos de dispositivos semicondutores de potência usados como interruptores


estáticos são:
 Diodos: Retificadores de potência
 Tiristores: SCR, MCT,TRIAC e DIAC
 Transistores: Bipolares de potência, Mosfet de potência e IGBT

Atualmente, com o crescente desenvolvimento da tecnologia de fabricação de


semicondutores, consegue-se atingir altos índices de capacidade de operação em
alta potência (acima de 5MW) e velocidade de chaveamento (frequência acima de
100 KHz) o que traz como consequência a redução do tamanho físico dos
elementos reativos reduzindo assim o peso, o volume e também o custo do
equipamento. Além também da criação de novos componentes (IGBT por
exemplo) e da evolução em termos de circuitos integrados dedicados a realizar o
chaveamento desses interruptores (LM3524, CA3059, TCA785, etc) como também
a utilização crescente de microcontroladores (PIC, por exemplo).
Estes fatos são consequência da crescente demanda dos conversores estáticos
no mercado, exigindo, cada vez mais pesquisas e assim uma evolução no campo
da eletrônica de potência.

O quadro a seguir também fornece uma classificação dos conversores estáticos


de potência:

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TIPOS

CONVERSOR CA/CC – RETIFICADOR

Durante os semiciclos positivos a chave é fechada e durante os negativos, é


aberta

Forma de onda de tensão na carga

VOMED = Componente contínua


Retificador não controlado

VOMED = VMAX/

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Controlando o fechamento da chave no semiciclo positivo, isto é, escolher em que


instante de tempo durante o semiciclo positivo a chave deve ser fechada 
retificador controlado.

VOMED = f (d, VMAX)

Não Controlado  DIODO


Controlado  TIRISTOR (SCR)

CONVERSOR CC/CA – INVERSOR

O sinal CA de saída pode ter:


 A amplitude e frequência variáveis – VVVF
Aplicações: acionamento e controle de velocidade de motores de indução

 A amplitude e frequência fixas – CVCF


Aplicação: No-break, UPS

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T1  fechamento simultaneo de S1 e S4
T2  fechamento simultaneo de S2 e S3
T  período de chaveamento

Observações:
 Para variar a frequência do sinal de saída basta variar o período de
chaveamento
 Para variar a amplitude pode-se utilizar algumas técnicas como:
 geração e variação do tempo morto (intervalo onde todas as chaves
estão abertas)
 PWM
 inversores em série com saídas defasadas

CONVERSOR CC/CC - CHOPPER

O sinal CC de saída pode ser variável:


 Se a saída for menor do que a entrada  chopper abaixador
 Se a saída for maior do que a entrada  chopper elevador

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Mas a potência de entrada sempre será igual a de saída (CEP ideal)

Observações:
 T1  chave fechada e T2 chave aberta
 A carga perceberá o valor médio da tensão de saída caso a frequência de
chaveamento seja elevada.
 Aplicações: Acionamento e controle de velocidade de motores CC e
reguladores em fontes chaveadas

Vomed = E [T1/T] (componente contínua)


onde T1/T = D ciclo de trabalho

Para variar Vomed  variar D


 PWM: variação de D através da variação de T1 mantendo T constante
 FM: variação de D através da variação de T mantendo T1 constante

CONVERSOR CA/CA - CICLOCONVERSOR

Se ocorrer a variação somente da amplitude (valor eficaz) do sinal CA de saída 


GRADADOR

Se ocorrer a variação somente da frequência (sempre menor que a de entrada) do


sinal CA de saída  CICLOCONVERSOR propriamente dito

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 GRADADOR

T1  S1 e S2 ABERTAS T3  S1 E S2 ABERTAS
T2  S1 FECHADA T4  S2 FECHADA
Variação do valor eficaz pela variação de T2 e T4 (ou T1 e T3)

 CICLOCONVERSOR

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Exemplo: fo=1/5 fi

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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

1º EXERCÍCIO

A resistência do circuito abaixo é a resistência de aquecimento de um forno


resistivo. A relação empírica abaixo indica a dependência da temperatura do forno
com a tensão contínua aplicada sobre a resistência. Baseando-se nesta relação,
pede-se:

a) Determine a faixa de variação do ângulo de disparo do SCR para que a


temperatura do forno varie entre 200oC e 500oC.
b) Desenhe a forma de onda de tensão nos terminais da resistência e também nos
terminais do SCR, no mesmo referencial de tempo, (dois períodos ou ciclos de
funcionamento) para a temperatura de 500oC.

T= K E2 + 20 oC
T é a temperatura do forno
K é uma constante do forno que vale 3, oC/V2
E é a tensão contínua aplicada a resistência de aquecimento

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2º EXERCÍCIO

Determine a faixa de variação da rotação do motor abaixo que está sendo


acionado através de um chopper abaixador (operando em regime de condução
contínuo de corrente na carga) cujo circuito de comando do transistor (MOSFET)
está também indicado abaixo.
DADOS DO MOTOR
Va  IaRa
N  N = rotação em RPM
Ka
onde Va = tensão contínua de armadura
Ia = corrente de armadura
Ra = Resistência ôhmica do circuito de armadura
CL = Torque ou conjugado de carga
dados:
Ra = 0,25 Ohms
Kb = 0,18 N.m/A; Ka = 0, 2 V/RPM
CL = 5 N.m

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