Você está na página 1de 4

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Num. Processo : 0000099-84.2015.8.05.0080
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : JAMESON ARAUJO DA SILVA
Recorrido(s) : BANCO SANTANDER S A
RAMOS SILVA SOLUCOES EM FINANCAS E NEGOCIOS LTDA ¿
ME

Origem : 3ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - FEIRA DE SANTANA


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. BANCO. EMPRÉSTIMO


CONSIGNADO. ALEGAÇÃO DE DESCONTOS INDEVIDOS
RELATIVOS A SEGURO PRESTAMISTA NÃO CONTRATADO. .
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA QUE NÃO SE DÁ DE FORMA
AUTOMÁTICA. INEXISTÊNCIA DE PROVAS ACERCA DA
COBRANÇA, BEM COMO DO PAGAMENTO. FATO
CONSTITUTIVO DO DIREITO DO AUTOR NÃO PROVADO.
(ART.333,II DO CPC). FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS
NÃO CONFIGURADA. ATO ILÍCITO NÃOCONFIGURADO.
SENTENÇA MANTIDA.

ACÓRDÃO

Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e


Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA AUXILIADORA
SOBRAL LEITE – Relatora , CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ e
ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA, Presidente, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. de acordo com a ata do julgamento.
Sem custas e honorários advocatícios, por ser a parte beneficiária da justiça gratuita

Salvador, Sala das Sessões, 21 de Junho de 2016.

Bela. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora
Bela. ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA
Juíza Relatora
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Num. Processo : 0000099-84.2015.8.05.0080


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : JAMESON ARAUJO DA SILVA
Recorrido(s) : BANCO SANTANDER S A
RAMOS SILVA SOLUCOES EM FINANCAS E NEGOCIOS LTDA ¿
ME

Origem : 3ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - FEIRA DE SANTANA


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. BANCO. EMPRÉSTIMO


CONSIGNADO. ALEGAÇÃO DE DESCONTOS INDEVIDOS
RELATIVOS A SEGURO PRESTAMISTA NÃO CONTRATADO. .
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA QUE NÃO SE DÁ DE FORMA
AUTOMÁTICA. INEXISTÊNCIA DE PROVAS ACERCA DA
COBRANÇA, BEM COMO DO PAGAMENTO. FATO
CONSTITUTIVO DO DIREITO DO AUTOR NÃO PROVADO.
(ART.333,II DO CPC). FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS
NÃO CONFIGURADA. ATO ILÍCITO NÃOCONFIGURADO.
SENTENÇA MANTIDA.

RELATÓRIO

Dispensado o relatório nos termos da Lei n.º 9.099/95.


Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro, saliento
que o Recorrente JAMESON ARAUJO DA SILVA,,, por meio de seu patrono devidamente
constituído, pretende a reforma da sentença lançada nos autos que julgou improcedente
os pedidos constantes na inicial, por entender que : “Desta forma, tendo em vista que a parte
autora teve PRÉVIA CIÊNCIA DA CONTRATAÇÃO DO SEGURO, constato a impossibilidade de
atendimento dos pedidos realizados pelo consumidor, por não vislumbrar a existência de qualquer ato
abusivo praticado pela empresa Ré e passível de aplicação das sanções previstas no Código de Defesa do
Consumidor (Lei nº 8.078/90). Isto posto, com base no inciso I do Art.269 do Código de Processo Civil ,
JULGO TOTALMENTE IMPROCEDENTES os pedidos realizados pela Autora na . inicial Sem
Custas e sem honorários nesta fase processual..”
O recorrente busca a reforma da sentença, argumentando, em síntese, que
sofreu cobranças relativas a seguro prestamista, que não efetuou a contratação do
referido seguro, motivo pelo qual requer a devolução em dobro dos valores pagos, bem
como indenização pelos danos morais sofridos.
Apresentadas as contrarrazões, vieram-me os autos conclusos.
Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,
apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.
VOTO

A sentença vergastada não merece reforma.

Insta salientar que a regra da inversão do ônus da prova não opera de modo
automático, devendo existir requisitos próprios elencados na lei e jurisprudência para a
sua plena incidência,tais quais a verossimilhança das alegações da parte autora, bem
como a sua hipossuficiência técnica, ante a insuficiência de meios técnicos para a
comprovação do direito alegado pelo consumidor. Tal não é o caso, devendo a questão
ser dirimida de acordo com as normas ordinárias do ônus da prova, prevista no art.333, I
do CPC. Nesse sentido:

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL.


CONSUMIDOR. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA QUE NÃO É
AUTOMÁTICA, DEPENDENDO DO PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS DO ART. 6º , VIII , DO CDC , INOCORRENTES NO
CASO CONCRETO. AUTORA QUE NÃO SE DESINCUMBIU DO
ÔNUS PROBATÓRIO, NOS TERMOS DO ART. 333 , I , DO CPC .
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO
MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. NEGADO SEGUIMENTO
AO RECURSO. (Recurso Cível Nº 71003897477, Primeira Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Pedro Luiz Pozza,
Julgado em 03/04/2013

Com efeito, a demonstração do fato básico para o acolhimento da pretensão


é ônus do autor, segundo o entendimento do art. 333, I, do CPC, partindo daí a análise
dos pressupostos da ocorrência de indenização por danos morais, recaindo sobre o réu o
ônus da prova negativa do fato, segundo o inciso II do mesmo artigo supracitado.
Nesta senda, incumbia á parte autora a comprovação nos autos do quanto
alegado, a saber, de que vinha sofrendo cobranças relativas a seguro prestamista não
contratado. Inobstante, da análise dos autos, percebo que a parte autora não junta
qualquer comprovante de pagamento de parcela relacionada ao mencionado seguro,
descabendo, na presente hipótese, a análise acerca do direito à restituição, eis que este
apenas surge com o pagamento indevido ou maior do que o devido.

Ausente a prova do fato constitutivo do direito, sucumbe a parte autora às


regras ordinárias do ônus da prova, previstas no art.333,I do CPC.Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL - FATOS CONSTITUTIVOS DO DIREITO -


EXISTÊNCIA - ÔNUS DA PROVA - PARTE AUTORA. Incumbe à parte
autora o ônus de provar, de forma segura, a existência dos fatos
constitutivos de seu direito (inciso I do artigo 333 do Código de Processo
Civil ), sob pena de desacolhimento do seu pedido inicial. V.V.: O fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora deve ser
provado pelo suplicado e deve caracterizar um direito fundamentado na lei e
no contrato sob pena de não elidir o pedido inicial. ((TJ-MG - AC:
10145130087573001 MG , Relator: Maurílio Gabriel, Data de Julgamento:
25/09/2014, Câmaras Cíveis / 15ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
03/10/2014)

Neste sentido, não há que se falar, portanto, em cobrança indevida na


presente hipótese, diante da falta de provas, não restando portanto caracterizada a
prática de ato ilícito, pelo quê se faz desnecessária a eventual discussão acerca da
ocorrência de dano moral.
Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e NEGAR
PROVIMENTO ao recurso interposto pela recorrente JAMESON ARAUJO DA SILVA ,
para manter a sentença objurgada pelos próprios fundamentos. Sem custas e
honorários advocatícios, por ser a parte beneficiária da justiça gratuita.

Salvador, sala de sessões, 21 de Junho de 2016.


Bela. Maria Auxiliadora Sobral Leite
JUIZA DE DIREITO – Relatora

Você também pode gostar