Você está na página 1de 76

A GASTRONOMIA E O AMOR

Os alimentos afrodisíacos

Soraya Sousa de Albuquerque


Aluna

Rita Akutsu
Orientadora

Monografia apresentada ao Centro de


Excelência em Turismo da
Universidade de Brasília como
requisito parcial para a obtenção do
certificado de Especialista em
Gastronomia e Segurança alimentar.

Brasília - DF, 06 de novembro de 2004.


UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Centro de Excelência em Turismo
Curso de Especialização em Gastronomia e Segurança Alimentar

A GASTRONOMIA E O AMOR
Os alimentos afrodisíacos

Soraya Sousa de Albuquerque


Aluna

Banca Examinadora:

Rita Akutsu
Orientadora

Wilma Araújo
Membro da Banca

Brasília-DF,06 de novembro de 2004.


3

SORAYA SOUSA DE ALBUQUERQUE

A GASTRONOMIA E O AMOR
Os alimentos afrodisíacos

Comissão Avaliadora:

Rita Akutsu
Orientadora

Wilma Araújo
Doutora

Brasília-DF, novembro de 2004.


4

Aos meus mestres do Centro de Excelência em Turismo-CET,


com carinho...
5

Agradeço a nossa Coordenadora, Raquel Botelho, pela


competência, carinho, talento e atenção com que nos
tratou no decorrer do curso, à Professora Rita Akutsu por
ter me aceito como sua orientanda e embarcado comigo
nesta deliciosa viagem, aos queridos Pedro e Graça pelo
imenso carinho dispensados nesta minha agradável
passagem pelo CET, e agradeço a Deus pela grande
força e fé que me mantém sempre firme, mesmo diante
de todas as adversidades.
6

“Comer e fazer amor são atividades tão intensamente relacionadas que, às


vezes, se confundem...”
(Ferran Adriá)
7

RESUMO

O presente trabalho estudou a relação existente entre a Gastronomia e o Amor, dando


destaque aos alimentos afrodisíacos e todas as lendas e histórias que envolvem os
mesmos. Para tanto foi realizada uma revisão de literatura contemplando a história da
gastronomia, conhecendo o mito de Afrodite, deusa grega da beleza, do amor e da
sedução que deu origem ao nome destes alimentos. Juntamente com a definição dos
alimentos afrodisíacos, viu-se os seus constituintes alimentares. A comida afrodisíaca
na gastronomia veio acompanhada da relação das ervas, essências, vegetais, bebidas,
frutas, frutos do mar, flores, plantas e outros deliciosos afrodisíacos. Nessa mesma
direção foi realizada uma comparação entre a comida e o sexo, conhecendo algumas
curiosidades milenares da sedução. Estudou-se o corpo humano como um poderoso
afrodisíaco, as verdades e mentiras existentes sobre estes alimentos e, finalmente, a
relação existente entre a gastronomia e o amor.

Palavras-chaves: História; Gastronomia; Amor; Afrodisíacos.


8

ABSTRACT

This work investigates the relationship between Gastronomy and Love (Eroticism),
highlighting aphrodisiac foods, and the legends and stories concerning them. It
begins with a short review of gastronomic history, and selected writings
surrounding the Greek goddess of Beauty, Love and Seduction, Aphrodite, after
whom this special kind of food is named. It provides a definition of aphrodisiac
foods, lists several important ones. Recipes for several aphrodisiac dishes are
accompanied by a list of flowers, essences, herbs, fruits, vegetables, seafoods,
drinks, and other heady aphrodisiacs. The study closes with a a comparison
between food and sex, recounting several ancient curiosities of seduction on the
way. The human body as a powerful aphrodisiac, as well as truths and myths
about aphrodisiac foods and, finally, the relationship between Gastronomy and
Eroticism are among the topics.

Keywords: History; Gastronomy; Love (Eroticism); Aphrodisiacs.


9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 11
I . JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 13
II. OBJETIVOS ................................................................................................. 13
III. DESENHO DE ESTUDO E ESTRATÉGIA METODOLÓGICA ................... 14
REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 15
1. HISTÓRICO DA GASTRONOMIA ............................................................... 15
2. AFRODITE, A DEUSA DO AMOR? ........................................................... 21
2.1 O Arquétipo da Sensualidade .................................................................... 22
3. OS ALIMENTOS AFRODISÍACOS ............................................................ 24
2.1 Os constituintes alimentares e seus poderes afrodisíacos ...................... 26
2.2 Afrodisíacos: verdade ou mentira? ........................................................... 28
4. A COMIDA AFRODISÍACA NA GASTRONOMIA ...................................... 32
4.1 Ervas e Essências...................................................................................... 33
4.2 Os Vegetais Afrodisíacos ........................................................................... 38
4.3 As Bebidas Afrodisíacas ............................................................................ 41
4.4 As Frutas Afrodisíacas ............................................................................... 44
4.5 Os Frutos do Mar Afrodisíacos .................................................................. 46
4.6 As Flores e Plantas Afrodisíacas ............................................................... 48
4.7 Outros deliciosos Afrodisíacos ................................................................... 51
5. COMIDA E SEXO ................................................................................... 53
5.1 Curiosidades da arte milenar da sedução ................................................. 54
5.2 O corpo como afrodisíaco ........................................................................ 56
6. A GASTRONOMIA E O AMOR ..................…............................................. 58

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 60


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 63
FONTES MIDIÁTICAS...................................................................................... 64
ANEXOS
. Receitas Afrodisíacas ............................................................................. 65
10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Afrodite ...................................................................................... 20


Figura 2 – Receitas Afrodisíacas ................................................................ 65
11

INTRODUÇÃO:

“Apetite e sexo são os grandes motores da história; preservam


e propagam a espécie, provocam guerras e canções,
influenciam religiões, a lei e a arte. Toda criação é um processo
ininterrupto de digestão e fertilidade; tudo se reduz a
organismos devorando-se uns aos outros, reproduzindo-se,
morrendo, fertilizando a terra e renascendo transformados.
Sangue, sêmen, suor, cinza, lágrimas e a incurável imaginação
poética da humanidade buscando significados...”
(ISABEL ALLENDE, 2002)

É inegável o fascínio e a curiosidade que envolvem o tema trabalhado nesta


monografia, pois, desde a antigüidade, a gastronomia, o amor, o desejo e os
alimentos afrodisíacos já despertavam o interesse das pessoas, instigando-as a
procurar, cada vez mais, fórmulas e receitas para aumentar não apenas o prazer
em se alimentar, mas, principalmente, potencializar o efeito que determinados
alimentos, supostamente, causavam nos amantes e apaixonados.
Através dos tempos, as substâncias afrodisíacas sempre destacaram-se na
cultura popular e na literatura universal.
Segundo pesquisas realizadas pela Nutricionista Ana Miranda (2004), vários
alimentos e bebidas, assim como receitas de pratos completos, foram se
destacando por suas propriedades como estimuladores sexuais.
A Dra. Ana Miranda lembra que algumas ervas aromáticas e especiarias, e
algumas partes dos animais, como miolos e órgão genitais, além de outros
ingredientes tanto ou mais exóticos, já fizeram prova das suas potencialidades e
são as mais indicadas para a estimulação sexual. Afirma, ainda, que, no caso das
especiarias, os seus efeitos eram tão surpreendentes que algumas até foram
proibidas nos mosteiros e conventos.
Segundo Miranda, é a simbologia de um dado alimento que o associa à
força, ao poder ou à raridade do ser que o origina. Como exemplos disso, os
testículos ou o pênis de certos animais, as barbatanas de tubarão ou as línguas
de ganso têm historicamente sido associados a poderes mágicos.
No que diz respeito à gastronomia e ao amor, deve-se considerar que a
alimentação é mais do que um modo de obtenção de nutrientes. Ela é também
tradição, educação e fonte de prazer. A comida e o contexto em que é ingerida
são tidos por alguns especialistas como afrodisíacos indiretos.
12

Miranda ressalta que independentemente dos efeitos positivos que os


afrodisíacos possam ter, em nível psicológico, não podemos esquecer que os
especialistas no assunto dizem que: “o verdadeiro afrodisíaco é a fantasia
humana.” Sem deixar de lado, é claro, o amor; que é, sem sombra de dúvida, o
grande estimulante de qualquer apetite.

Para melhor compreensão, o trabalho foi dividido em 06 capítulos: o capítulo


1, faz uma revisão de literatura acerca da história da gastronomia; o capítulo 2,
relata a lenda da deusa Afrodite, cujo nome deu origem à denominação
“Afrodisíacos” para determinados alimentos; o capítulo 3, discute as definições de
alimentos afrodisíacos e observadas as verdades e mentiras existentes em torno
destes alimentos; o capítulo 4, trata da importância da comida afrodisíaca na
gastronomia; o capítulo 5, relata a questão da comida e sua relação com o sexo e
o corpo humano como afrodisíaco; o capítulo 6, estuda a percepção acerca do
encantamento existente entre a gastronomia e o amor;

É neste contexto que se buscou fazer uma viagem pelo mundo da


gastronomia, tendo como rota principal o amor e os alimentos afrodisíacos.
13

I – JUSTIFICATIVA:

O tema deste trabalho surgiu da necessidade de investigar até que ponto


esta relação “gastronomia – amor – afrodisíacos” é verdadeira. A hipótese se
justifica no fato de que tudo não passa de uma grande fantasia, uma vez que,
segundo estudos científicos, na maioria dos casos, apesar do grande fascínio que
exercem sobre o ser humano, os afrodisíacos não passam de meras superstições
surgidas do acaso e da vontade do homem.
As características que são atribuídas a vários alimentos afrodisíacos,
geralmente, não encontram respaldo científico. Por vezes, é a configuração do
alimento que induz a essa idéia.
Devido à escassa informação científica existente sobre o tema, fez-se
necessária uma revisão mais consistente da literatura correlata como forma de
subsidiar estas discussões.
A proposta maior deste trabalho, além da grande curiosidade que o tema
desperta, foi conhecer, de forma simples e abrangente, os alimentos afrodisíacos
e suas potencialidades; desvendar alguns mitos existentes em torno destes
alimentos, procurando dar a opinião científica; conhecer o mito de Afrodite, as
relações existentes entre os alimentos afrodisíacos e a gastronomia.

II – OBJETIVOS:

O objetivo geral do presente trabalho é:

• Investigar os alimentos afrodisíacos e algumas histórias que envolvem


este tema, relacionando-o com o amor e as lendas existentes.

Os objetivos específicos são:

• Identificar os alimentos considerados afrodisíacos;

• Revisar a literatura acerca da gastronomia afrodisíaca;

• Relacionar os alimentos afrodisíacos e

• Confrontá-los com as lendas e histórias acerca dos seus poderes


afrodisíacos;

• Analisar o mito de Afrodite e o arquétipo da sensualidade.


14

III – DESENHO DE ESTUDO E ESTRATÉGIA METODOLÓGICA:

Com o intuito de facilitar a consulta e a leitura do presente trabalho, buscou-


se desenvolvê-lo a partir de um desenho de estudo exploratório com estratégia
metodológica baseada em revisão de literatura.

Cervo e Bervian (2002, p.69) definem a pesquisa exploratória como sendo a


que realiza descrições precisas da situação e que visa descobrir as relações
existentes entre os elementos componentes da mesma. Essa pesquisa requer um
planejamento bastante flexível para possibilitar a consideração dos mais diversos
aspectos de um problema ou situação. O estudo exploratório é recomendado
quando há pouco conhecimento sobre o problema a ser estudado, como ocorre
com o tema deste trabalho.

A pesquisa bibliográfica, por sua vez, procura explicar um problema a partir


das referências teóricas publicadas em documentos. Busca conhecer e analisar as
contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado
assunto, tema ou problema. Este tipo de pesquisa é o meio de formação por
excelência e constitui o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos
quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema (Cervo e
Bervian, 2002, p.65).

A revisão de literatura teve como base pesquisas feitas em livros e artigos


publicados em língua portuguesa sobre os temas: gastronomia, amor e alimentos
afrodisíacos, nos bancos de dados da Universidade de Brasília - UNB, da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES e do
Scientific Electronic Library Online – SCIELO – Brasil, utilizando-se as palavras
chaves: gastronomia, amor e alimentos afrodisíacos.
15

1. HISTÓRICO DA GASTRONOMIA:

É necessário esclarecer que esta revisão de literatura não tem a pretensão


de esgotar o tema, mas de ampliar e ancorar as discussões sobre a gastronomia
desde os seus primórdios até os dias atuais.

De acordo com Ariovaldo Franco (2001, pp. 18-27), o início da arte culinária
está associado à invenção dos utensílios de pedra e de barro, pois, graças a eles,
diferentes processos de cozimento permitiram maior variedade na dieta humana.
O autor segue informando que as preparações culinárias não passariam dos
níveis mais simples sem vasilhame para ferver líquidos e manter alimentos sólidos
em temperatura constante. Só com a fabricação desses artefatos puderam os
homens iniciar-se na culinária propriamente dita, isto é, cozer os alimentos,
condimentando-os com ervas e sementes aromáticas.

O autor ressalta que os hábitos culinários de uma nação não decorrem


somente do mero instinto de sobrevivência e da necessidade do homem de se
alimentar. São expressões de sua história, geografia, clima, organização social e
crenças religiosas, fazendo parte da cultura de cada povo.

Destaca, ainda, que o homem é cerimonioso ao comer e tem uma atitude


complexa em relação ao alimento, uma vez que não come apenas para saciar a
fome. Para o homem, o alimento se reveste também de um valor simbólico e,
eventualmente, se transforma em objeto ritual.

Maria Leonor Leal (1998, p. 35), relata que logo no início da Idade Moderna,
nos séculos XV e XVI, portugueses e espanhóis se lançaram em grandes
aventuras marítimas, com grandes conseqüências para o mundo, inclusive para a
gastronomia. E esse período também foi muito rico em termos de idéias e de
novos comportamentos, e recebeu o nome de Renascimento.

O Renascimento surgiu na Itália e foi uma época marcada pela beleza das
músicas, pelo brilho e exuberância das artes plásticas e pela liberação dos
prazeres, dentre os quais estavam os prazeres gastronômicos. Neste tempo, o
destaque na gastronomia foi Taillevent, cozinheiro de reis, e que foi o grande chef.
Taillevent ficou famoso pela importância que deu aos molhos, engrossados com
16

pão, e também pelas receitas de sopas, dentre as quais estavam as de cebola, de


mostarda, de favas e de peixes. Estas sopas, segundo estudos feitos neste
trabalho, têm grandes apelos afrodisíacos, não apenas pelos seus componentes,
mas também por todo o ritual realizado em seus preparos. A contribuição de
Taillevent foi decisiva para o requinte e a sofisticação da cozinha francesa.

Ariovaldo Franco (2001, p.157), destaca que no início do século XVII,


Henrique IV e Maria de Médicis reinavam na França e tinham La Varenne como
mestre cozinheiro, o mais famoso dos chefs de então, e os preceitos de La
Varenne levaram a inúmeras inovações, dentre as quais a invenção do molho
béchamel sendo a ele atribuída a criação da técnica de clarificar consommé com
casca e clara de ovo.

Franco (2001) esclarece que, nessa fase, observa-se maior importância no


uso da manteiga e menor uso de especiarias em favor das ervas frescas. A
generalização do uso da manteiga representa o triunfo dos padrões culinários do
norte da França, em oposição à tradição mediterrânea de cozinha à base de
azeite.

O autor continua dizendo que no reinado de Luís XIV, emerge uma nova
cozinha francesa, em que se acrescentou grandeza e protocolo às mesas da
corte. Suas refeições se tornaram espetáculos dos quais o Rei Sol era o principal
protagonista.

Nesta mesma direção Franco lembra que a Revolução Francesa deu ao país
muitos de seus restaurantes e estes iniciaram um processo de democratização da
culinária.

Cabe acrescentar, segundo Maria Leonor Leal (1998, p.50), que uma das
figuras que se destacou na Idade Contemporânea foi o Imperador da França
Napoleão Bonaparte, que começou o seu governo dez anos depois da Revolução
Francesa e ficou quinze anos no poder. Uma das poucas contribuições do Império
Napoleônico à gastronomia foi o frango cortado e frito no azeite doce, que é,
inclusive, um prato mais italiano do que francês. Outra contribuição ocorreu
quando o Imperador, preocupado com a boa alimentação do seu exército,
ofereceu alto prêmio a quem criasse uma técnica para conservar alimentos por
longo tempo. Assim surgiu a conserva em vidros, que evoluiu para os enlatados,
17

dando grande impulso à indústria. A conservação de alimentos com o uso do gelo


só viria mais tarde, primeiro com gelo natural e, depois, com gelo artificial.

Depois de Napoleão Bonaparte, segue informando a autora, a França viveu


um período chamado de Restauração. Neste período nasceu a cozinha burguesa,
que misturava os aromas do campo com a elegância da alta gastronomia.
Combinou a cozinha da terra com a de laboratório, a profissional com a amadora,
a provinciana com a internacional e a antiga com a moderna. Foi um encontro da
tradição com a invenção. Uma combinação perfeita dos bons e velhos tempos
com a incorporação das receitas inéditas.

Como afirma Leal, no final do século XIX, a França vivia uma fase de grande
prosperidade, com muitos cafés, restaurantes, cervejarias e comércios de vinho.
Nesta época foi inaugurada a Le Cordon Bleu, primeira escola destinada ao
ensino da cozinha francesa para as filhas das famílias ricas. Hoje a escola é
reconhecida em todo o mundo, e é procurada por amadores e profissionais da
cozinha.

Na segunda metade do século XX, continua a autora, surgiu um movimento


chamado nouvelle cuisine, que significa cozinha nova, quando muitos cozinheiros,
chefs e gastrônomos passaram a defender uma culinária que realçasse mais o
sabor dos alimentos. O importante, para eles, era dar um tratamento inteligente
aos alimentos, sem destruir o trabalho feito pela natureza. A nouvelle cuisine,
acima de tudo, valoriza a técnica, pois só com conhecimento é que se pode
trabalhar o alimento, sem perder o seu sabor natural.

Leal informa-nos que os portugueses, quando chegaram ao Brasil,


estranharam não apenas a alimentação dos nossos índios, mas também o fato
deles não terem um horário determinado para se alimentar. Ao contrário dos
europeus, os índios podiam comer a qualquer hora do dia ou da noite e preferiam
o alimento assado ou tostado ao cozido, e não conheciam frituras.

Conjugada a esta última informação, Leal ressalta que, ao longo dos anos, a
dieta indígena mudou relativamente pouco; manteve-se bastante fiel aos padrões
de 1500, deixando uma herança extremamente significativa para a alimentação
brasileira.
18

Para a compreensão mais ampla do surgimento da nossa cozinha, a autora


relata que, juntamente com os negros que desembarcavam em nosso país, os
portugueses iam entrando com suas famílias, muitos deles instalando-se aqui em
definitivo. Nascia assim, o brasileiro, no início do século XVI, filho de indígenas,
portugueses e africanos. E com este brasileiro, nascia também a cozinha
brasileira, resultado de uma primeira integração da culinária portuguesa com a
indígena, que depois foi mesclada à cozinha africana, mas tendo um forte domínio
do colonizador sobre os demais.

Após todas estas informações, a autora destaca o fenômeno da globalização


na gastronomia, onde afirma que, hoje em dia, os segredos da culinária correm
rapidamente de uma região para outra, eliminando fronteiras. Técnicas modernas
de conservação colocam diferentes alimentos ao alcance do consumidor mais
distante. Animais, frutas e vegetais são adaptados fora de suas regiões de origem,
criados ou cultivados nas mais diversas partes do mundo, até desafiando a
natureza.

Tais mudanças se dão em função dos avanços tecnológicos que ocorreram


em uma velocidade espantosa, em especial no que diz respeito à agronomia e à
industrialização. No caso dos alimentos, por exemplo, a sua indústria foi facilitada
por modernas técnicas de refrigeração e de enlatamento, possibilitando o
comércio e a exportação de uma enorme variedade de produtos para os quatro
cantos da Terra.

Vale a pena ressaltar, de maneira clara, que a globalização trouxe, por outro
lado, alguns problemas. Ariovaldo Franco (2001, p.253) observa que, sob a forma
de facilidades, algumas inovações vieram a prejudicar a saúde do homem, uma
vez que, atualmente, mesmo os trabalhos manuais exigem muito menos esforço
físico que no passado, pois a mecanização e a automação reduzem
consideravelmente o dispêndio de energia humana. Deste modo, dispende-se
menos energia e necessita-se de menos calorias. O resultado dessa equação,
muitas vezes, é a obesidade. O autor comenta que, recentemente, a consciência
de que o excesso de peso é nocivo à saúde e a moda do corpo delgado como
padrão estético ideal têm levado as pessoas a evitar pratos e molhos
considerados pesados.
19

Completando essas especificações, o autor esclarece que este debate entre


alimentação e saúde não é novo. A novidade é a fonte de onde provém essa
informação e os seus termos. Até os anos 60, eram sobretudo os usos sociais que
condicionavam a maneira de comer. Desde então, o marketing, a publicidade e os
meios de comunicação de massa têm papel decisivo nesse terreno.

Lonise Gerstner (2004) acrescenta que em meio a toda esta globalização e


cultura do Fast Food, há na Europa um grande movimento, surgido na Itália em
1989 e com ramificações na França e Espanha, chamado Slow Food, cujo
símbolo é um caracol e que tem como proposta principal a convicção de que as
pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, “curtindo” o
seu preparo, no convívio com a família e os amigos, sem pressa e com qualidade.
A idéia é se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo
de vida.

Para o autor, esta atitude sem pressa não significa fazer menos, tampouco
menor produtividade. Significa sim, fazer as coisas e trabalhar com mais
qualidade, com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos stress.
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das
pequenas comunidades, do “local” presente e concreto – em contraposição ao
“global” – indefinido e anônimo.

Vale ressaltar que produtos industrializados, pré-cozidos e enlatados passam


longe da cozinha dos adeptos do Slow Food. Para eles, somente alimentos
frescos, locais e de safra podem garantir o sabor que o movimento procura.

Isto nos leva a refletir que, por mais que as sociedades se desenvolvam e
que o mundo se mecanize, estaremos, por outro lado, sempre procurando meios
de nos humanizarmos um pouco mais, de podermos compartilhar momentos e nos
sentirmos acolhidos. E a gastronomia pode nos proporcionar estes momentos,
seja através do movimento Slow Food, ou seja, no simples ato de nos reunirmos
em torno de uma mesa para compartilharmos uma refeição.

No capítulo seguinte conheceremos a lenda de Afrodite, a deusa do amor e


da beleza, que deu origem às estórias sobre os alimentos afrodisíacos.
20

Afrodite

Ilustração obtida no site: http://www.afrodite333.ubbi.com.br


21

2 . AFRODITE, A DEUSA DO AMOR?

Priscila Manhães (2004) relata a lenda de Afrodite, baseada no poema


“Teogonia” de Hesíodo, onde o poeta narra que Urano estava banindo seus filhos
para o Tártaro, quando Gaia, sua esposa, incitou o filho mais poderoso, Cronos, a
enfrentar o pai e tomar seu poder. Durante a luta, Cronos castrou seu pai com
uma pequena foice e jogou seus genitais no mar. Os genitais de Urano foram
carregados nas ondas por um longo tempo. Em torno deles, uma espuma branca
surgiu, formando uma concha, que se aproximou de Cítera e de lá foi a Chipre.
Chegando à praia, a concha se abriu e surgiu uma deusa modesta e bela,
com um suave sorriso. À medida que caminhava pela areia, flores brotavam sob
os seus pés. Afrodite foi acolhida pelas Horas, que a vestiram com roupas
perfumadas, uma coroa de ouro e colares. Em seguida, Afrodite foi levada por
pombas ao mundo dos deuses.
A vida era nova e frágil quando Afrodite chegou com o suspiro da renovação,
esclarece a autora. Tão graciosa e sedutora era a deusa, que os deuses logo se
colocaram de pé, saudando-a como uma nova rainha. Desde então, Afrodite reina
sobre o Olimpo.
Manhães observa ainda que, em Afrodite, os gregos representavam sua
sabedoria em relação a vida e a morte: na rápida juventude, seguida por uma
idade de pleno poder e, enfim, a velhice. Para os gregos, Afrodite era o poder
reprodutor da natureza e, portanto, aquela que promove a perpetuação da vida e
das espécies.
Nessas circunstâncias, segue esclarecendo que, em seu aspecto luminoso,
Afrodite expressa a vida primaveril, presidindo o esplendor anual das plantas e a
renovação dos animais através do amor e do desejo – sem primavera não há
fertilidade e sem fertilidade não há futuro. Portanto, Afrodite é a personificação do
instinto natural de fecundação e reprodução e é também considerada a Deusa do
Amor em seus diversos aspectos: Vênus-Urânia (o amor puro e ideal), Afrodite-
Nínfia (o amor universal), Vênus Genitália (o amor conjugal), Afrodite Pândemos
(o amor sensual) e até Afrodite Metaira (o amor luxuriante).
A autora afirma que, em seu aspecto obscuro, Afrodite é representada como
uma deusa guerreira, associada a Marte/Ares (deus da guerra e da morte);
22

algumas estátuas inclusive a apresentam com elmo e armas. Nesse aspecto,


segundo observação da autora, ela simboliza a paixão descontrolada, capaz de
matar por prazer ou por fúria. É o desejo que não admite recusa; a sexualidade
instintiva que não conhece limites, como transparece na lenda de Príamo, filho de
Afrodite, com um pênis enorme e sempre ereto.
Nessas circunstâncias, a autora acrescenta que esta paixão é capaz de
provocar guerras através de intrigas mortais, como na lenda de Páris e Helena de
Tróia; gera amores impossíveis, como na lenda de Pigmaleão, e desejos
homossexuais, como nos mitos de Hermafrodito e de Lesbos.
Finalizando as suas observações, a autora informa-nos que, mesmo diante
de tantas designações, a atribuição mais conhecida de Afrodite é mesmo a de
deusa da beleza e do amor, defensora do prazer pelo prazer, simbolizado pela
atração sexual com o poder de satisfazer ou de frustrar todo e qualquer desejo
amoroso.

2.1 O Arquétipo da Sensualidade:

Rosane Volpatto (2004), em seus estudos sobre a deusa Afrodite, afirma


que quando uma mulher se apaixona por alguém e é correspondida, obtém a
personificação do arquétipo de Afrodite. Incorporando um corpo mortal, a deusa
do amor se sente atraente e sensual, tornando-se, desse modo, irresistível.
Segundo a autora, quando Afrodite está ativa e presente em nosso íntimo,
um magnetismo pessoal nos induz a caminhar em um campo eroticamente
carregado de intensa percepção sexual. Tornamo-nos mais “quentes”, atraentes e
vibrantes. Há uma magia no ar e um estado de encantamento e louca paixão é
evocado.
A autora afirma ainda que é a energia sutil de Afrodite que nos faz ver o
mundo não como algo codificado, mas sim, se apresentando com uma fisionomia,
um rosto, revelando sua imagem interior. Volpatto segue dizendo que é só através
dos olhos de Afrodite que vislumbramos o mundo nas suas diversas e infindáveis
cores, cheiros, sabores e sons.
Nessa mesma direção, esclarece que perder esta deusa dentro de nós, é
morrer no deserto árido, seco, sem cor e sem vida. Afrodite é uma necessidade
23

imperativa. Ela é a Beleza e a Deusa Dourada que nos sorri. É somente através
dela que os outros deuses se manifestam e deixam de ser meras abstrações
teológicas.
Se o mundo é tão belo, por que não sofisticarmos nossa percepção? –
Pergunta a autora. Perceber é o modo de conhecer o mundo e a nossa deusa
Afrodite é pura sedução e nos revela a nudez das coisas, de modo a nos mostrar
a sua imaginação sensual.
É inegável a imensa carga de poesia existente nos textos de Manhães e
Volpatto, mas também não se pode negar o quanto o poder do mito estimula o
nosso imaginário, a ponto de nos sentirmos deusas quando estamos
verdadeiramente envolvidas e correspondidas.
Com base nessas perspectivas, pode-se afirmar que as duas autoras
procuraram ressaltar o que de mais belo e intenso expressa a figura de Afrodite e
todo o universo de encantamento que envolve estas lendas.
E esta deusa foi aqui citada não apenas pela beleza de sua estória, mas
pelo fato de ter dado origem ao nome “afrodisíaco” e como introdução ao próximo
capítulo que trata destes alimentos.
24

2. OS ALIMENTOS AFRODISÍACOS :

“... o único afrodisíaco verdadeiramente infalível é o amor.


Nada consegue deter a paixão acesa de duas pessoas
apaixonadas. Neste caso não importam os achaques da
existência, o furor dos anos, o envelhecimento físico ou a
mesquinhez das oportunidades; os amantes dão um jeito de
se amarem porque, por definição, esse é o seu destino.”
(ISABEL ALLENDE, 2002)

Segundo Alessandra Petitinga (2004), é costume falar que tais alimentos,


tais cores e tais aromas são “afrodisíacos”, sem saber de onde se origina essa
palavra.
A autora esclarece que o termo “afrodisíaco” vem do grego “aphrodisiakós” e
é utilizado desde o século I a.C., tendo suas origens, desde a Grécia Antiga, no
nome de Afrodite, a deusa do amor, da beleza, da ternura e da sensualidade.
Petitinga segue informando que um afrodisíaco é qualquer substância que,
teoricamente, aumente o apetite sexual.
Por outro lado, a nutricionista Sheila Pasquarelli(2004) afirma que os
afrodisíacos são agentes químicos ou odores que estimulam o desejo sexual ou
elevam a potência masculina. Segundo ela, um prato bem arranjado e apetitoso à
percepção de seus odores e sua degustação, tende a gerar um estado de euforia,
capaz de conduzir ou resultar em ampliação do desejo sexual.
Pasquarelli acredita que uma comida saudável e gostosa, preparada com
especiarias pode, verdadeiramente, estimular a paixão.
Para Isabel Allende (2002, p. 29), os afrodisíacos são a ponte entre a gula e
a luxúria. Em um mundo perfeito, a autora supõe que qualquer alimento natural,
saudável, fresco, atraente para a vista, saboroso e leve, seria afrodisíaco, mas a
realidade é bem mais complicada. Na busca incansável de fortalecer o frágil
membro masculino e curar a indiferença das mulheres distraídas, chega-se ao
extremo de engolir pó de baratas. O estudo das virtudes estimulantes dos
alimentos é tão antigo que se perde na noite das civilizações enterradas há
séculos.
Segue informando que os antigos valorizavam a arte da sedução e
desenvolviam “fórmulas mágicas” para aumentar o vigor sexual. No antigo Egito,
25

os sumo-sacerdotes desenvolveram o uso das essências afrodisíacas que, no


início, eram apenas usadas pelas famílias reais. Contudo, com o passar do
tempo, o povo também passou a ter acesso às essências afrodisíacas. Os
médicos egípcios tinham um completo conhecimento dos poderes afrodisíacos de
um grande número de ervas.
De acordo com a Nutricionista Michelle Delboni (2003), os afrodisíacos
classificam-se em: químicos, derivados de lendas e fálicos:
• Os químicos: a arginina, um aminoácido existente nos laticínios, na
carne e no chocolate, tem a função de liberar o óxido nítrico, um
neurotransmissor que, segundo as pesquisas, ajuda o pênis a manter
uma ereção sólida.
As ostras possuem uma grande quantidade de zinco, que ajuda a
produção de testosterona.
O álcool dilata os vasos sangüíneos, faz o sangue afluir aos genitais, só
não pode ser bebido em exagero.
A vitamina B3, encontrada nos peixes, aspargos e amendoins, também
tem como princípio a dilatação dos vasos sangüíneos, fazendo com que
os genitais se encham de sangue e, desse modo, todo o seu corpo
reaja.
No mel, a alta presença de vitaminas do complexo B e C e de minerais
do pólen das flores estimula a produção de hormônios sexuais.
• Os que derivam das lendas: na Idade Média, as bruxas preparavam
poções mágicas para o amor, e um grande antiafrodisíaco da época, o
mau hálito, era curado com um preparado de ervas, hoje consideradas
afrodisíacas.
As ervas e especiarias são campeãs neste aspecto, para quase todas há
uma lenda e algumas chegaram a ser proibidas.
Além de ser um afrodisíaco químico, o mel é conhecido como o néctar
de Afrodite.
• Os fálicos: segundo a lei da semelhança, as comidas que se parecem
com os órgãos sexuais fazem com que eles despertem o desejo pelo
sexo. Exemplos disso são os aspargos, que também possuem vitamina
B3, o morango, o figo (em alguns países da Europa, significa vulva).
26

Na Alemanha medieval, preparava-se para a mulher prestes a dar à luz


uma torta em forma de vulva. Daí vê-se que não era apenas o órgão
sexual masculino a forma mais representada. Os romanos ofertavam à
deusa Ísis pequenos pães semelhantes à vulva.

Baseado em afirmações da Dra. Ana Miranda (2004), além destes tipos


descritos acima, os cientistas ainda afirmam que, de todas as substâncias
alimentares intituladas afrodisíacas, a única que poderá ter efeito real é a ioimbina
vegetal que causa vasodilatação da região lombossagrada e, portanto, dos
órgãos genitais. Os demais alimentos apenas proporcionam um bem-estar geral,
indispensável ao desejo sexual. Porém, as pessoas defendem que “comendo e
bebendo, o amor vai crescendo”, e o nutricionista californiano Bernard Jensen
(2001) aponta a alimentação deficiente como a causa para a baixa qualidade do
sexo contemporâneo. Esta afirmação é sustentada do ponto de vista científico,
pela ação dos constituintes dos alimentos sobre os neurotransmissores
envolvidos no prazer sexual.

3.1 Os constituintes alimentares e seus poderes afrodisíacos:

Em pesquisas desenvolvidas pela Dra. Ana Miranda (2004), Nutricionista do


Hospital Santa Maria em Portugal, detectou-se que alguns constituintes
alimentares atuam sobre os neurotransmissores, podendo influenciar a
predisposição sexual.
Conjugando as informações da Dra. Miranda com as da Dra. Lilian Cuppari
(2002, pp.49-50), estes constituintes alimentares são:

• Hidratos de Carbono:
São necessários como fonte de energia para o sistema
nervoso central. São uma das fontes de energia mais
econômica e asseguram a utilização eficiente de proteínas e
lipídios.
Alimentos que os contém: arroz, milho, farinhas, pães,
verduras, legumes e frutas;
27

• Gorduras:
Têm sido consideradas importantes para a manutenção de
uma sexualidade satisfatória, principalmente como participante
no transporte e absorção das vitaminas lipossolúveis. São
fontes alternativas de energia e influem na temperatura
corporal, além de darem sabor às preparações e sensação de
saciedade.
Alimentos que as contém: azeite, óleos, manteiga e alimentos
de origem animal;
• Proteínas:
Provenientes das carnes e cereais. São determinantes do
erotismo. Estão envolvidas na formação e manutenção das
células e dos tecidos do corpo e órgãos.
Alimentos que as contém: leite, queijo, iogurte, aves, peixes,
carnes, ovos, feijão;
Os três próximos itens são aminoácidos e, como tal, são
componentes das proteínas que são os principais constitutivos
dos tecidos do organismo:
• Triptofano:
É um aminoácido essencial usado pelo cérebro que reduz a
ansiedade, a tensão e a sensibilidade à dor que age também
como antidepressivo, aliviando perturbações dos processos
químicos do organismo relacionados ao álcool.
Alimentos que os contêm: carnes magras, peixes, leite e
iogurte desnatados, queijos brancos e magros, nozes e
leguminosas;
• Tirosina:
É um neurotransmissor importante, devido ao papel que
desempenha na estimulação e na modificação da atividade
cerebral.
Alimentos que a contêm: peixes, algas, abacaxi;
28

• Arginina:
É um aminoácido necessário para garantir o funcionamento
da glândula pituitária. Esta necessidade é especialmente
acentuada nos homens, pois os fluidos seminais chegam a
conter 80% desse consistente protéico e a sua deficiência
pode causar esterelidade.
Alimento que a contêm: frutos secos;
• Zinco:
É um mineral que auxilia na cicatrização, conserva a pele e o
cabelo, permite que o crescimento e o desenvolvimento
sexual ocorram normalmente e controla as atividades de
várias enzimas.
Alimentos que os contêm: ostras, fígado, feijão, leite e
derivados, farelo de trigo;
• Cálcio:
É um mineral que forma e mantém ossos e dentes, participa
das contrações musculares e impulsos nervosos e ajuda na
coagulação do sangue.
Alimentos que o contêm: leite e derivados, sardinha, tofu
(queijo de soja), folhas de nabo;
• Ferro:
É um mineral presente na hemoglobina e mioglobina, que
levam oxigênio para as hemácias e para as células
musculares; também contribuem com a produção de enzimas,
as quais estimulam o metabolismo.
Alimentos que os contêm: fígado, carne, ostras, gema do ovo,
folhas verdes, castanhas e leguminosas;
• Vitaminas:
As vitaminas antioxidantes, A, C, e E, combatem a fadiga
física e psicológica. São essenciais na transformação de
energia, ainda que não sejam fontes e intervêm na regulação
do metabolismo, além de favorecerem as respostas
imunológicas, dando proteção ao organismo.
29

Alimentos que as contêm: frutas, verduras, legumes e alguns


alimentos de origem animal (leite, manteiga, carnes, fígado);
• Álcool:
Desinibidor e excitante dos instintos sexuais, desde que não
seja ingerido em quantidade excessiva.
• Ioimbina Vegetal:
Substância retirada da casca de uma árvore africana que
causa vasodilatação da região lombossagrada e, portanto,
dos órgãos genitais.

3.2 Afrodisíacos: verdade ou mentira?

Existe uma grande polêmica em torno dos afrodisíacos. De um lado estão


aqueles que acreditam no seu papel fisiológico e do outro os que acham que não
passam de mero “efeito psicológico”. Embora algumas virtudes dos afrodisíacos
ainda não sejam comprovadas cientificamente, muitos estudos vêm sendo feitos
na busca de explicações convincentes para os efeitos que determinados
alimentos exercem sobre o organismo humano.
Especialistas no assunto afirmam que alguns alimentos estimulam a corrente
sangüínea e, combinados a outros fatores, tais como o aspecto, o aroma e a
sensação na boca, fazem despertar o desejo.
Os cientistas Robert Zatorre (2002) e Anne Blood (2002) afirmam que as
substâncias que alegadamente produzem efeitos sexuais não trazem nenhuma
prova científica para que o efeito ocorra e que, nesse aspecto, não são diferentes
de qualquer outra substância e que não servem para tratar qualquer disfunção
sexual que se manifeste em qualquer pessoa.
Os cientistas afirmam que há mais de 500 anos que as culturas humanas
buscam a melhoria do desempenho sexual através de plantas, drogas e mágica.
E, mesmo que existam provas científicas de que os afrodisíacos não sejam
efetivos e algumas vezes até perigosos, as pessoas ainda continuam a procurar
estas substâncias para alcançar o sucesso sexual.
Continuam afirmando que, algumas vezes, a reputação lendária de algumas
substâncias não condiz com a verdade. Exemplificam dizendo que é fácil imaginar
30

como é que órgãos sexuais de animais (bodes e coelhos) são considerados


afrodisíacos, quando são associados à reprodução e capacidade de grande
fertilidade, e passam a gozar de um status de auxílio amoroso em várias culturas.
Seguem dizendo que pimentas, curry, comidas carregadas de especiarias e
temperos têm a reputação de serem afrodisíacos desde longa data na história
humana. Muitas vezes devido ao efeito fisiológico: aumento das batidas do
coração, o calor e o suor, que são similares aos sinais de excitação sexual e a
maneira como muitas pessoas se sentem durante a atividade sexual.
Consideram que algumas comidas foram glorificadas como afrodisíacos por
serem raras ou misteriosas. Muitos povos antigos acreditavam na “lei da
similaridade”, o que os faziam crer que objetos semelhantes aos órgãos genitais
teriam efeitos sexuais. A similaridade do formato do chifre do rinoceronte com o
pênis é o que lhe deu a reputação mundial de aumentar o desejo por sexo, uma
vez que o próprio formato, induzia sobremaneira, facilitando a auto-sugestão. Mas
os cientistas explicam que o chifre contém uma porção significante de cálcio e
fósforo, e, numa dieta pobre destas substâncias, conduz ao maior vigor físico e
possível melhoria do interesse sexual. Pessoas com alimentação deficiente em
determinadas substâncias básicas têm diminuição do desejo sexual em qualquer
parte do mundo. Nos países do chamado Primeiro Mundo, países com
abundância de comida e nos quais as substâncias básicas sempre se encontram
presentes, o acréscimo de cálcio e fósforo não será significativo para a melhoria
do desejo sexual e nem mesmo o desempenho físico do cotidiano.
A nutricionista Heloísa Guarita (2003) afirma que as virtudes dos
afrodisíacos não são comprovadas cientificamente, no entanto, existem algumas
justificativas para a boa fama desses alimentos.
Segundo Guarita, os legumes e hortaliças servem pra obter vitaminas do
complexo B, que influenciam a saúde do aparelho reprodutor feminino e são
essenciais para a produção dos hormônios que trabalham na função nervosa. Já
as verduras contribuem com a vitamina C, que fortalece as paredes dos vaso
sangüíneos, permitindo um bom fluxo para todo o corpo. Os frutos do mar, como
ostras, contêm zinco, essencial para o homem, que necessita dessa fonte para a
produção do esperma.
31

Com base nestes estudos, questiona-se se existem realmente alimentos que


podem ser considerados afrodisíacos. Muitos pesquisadores e sexólogos já
afirmaram e continuam afirmando que o pensamento é o maior afrodisíaco que
existe. Quando se fala que uma comida é afrodisíaca, quem estiver comendo já
passará a se predispor ao efeito afrodisíaco. As expectativas começam a ser
criadas, a pessoa pensa sobre o que pode ocorrer, a própria fantasia assume o
controle e os efeitos ocorrem.
Diante de toda esta polêmica, percebe-se que, embora os cientistas tentem
provar que os alimentos ditos “afrodisíacos” são muito mais frutos de lendas do
que realidade, não se pode negar a imensa atração que este assunto e estes
alimentos exercem sobre as pessoas e seus imaginários e, mesmo que não
possuam nenhum poder “mágico”, o que vai importar mesmo é a intenção com
que o alimento foi preparado e todo o clima criado para a sua degustação, além, é
claro, da carga de amor, envolvimento e excitação dos parceiros.
Com base nessas afirmações vemos que o que se tem comprovado é o
efeito químico de alguns nutrientes, mas tratando-se de tema com forte conotação
psicológica, a percepção do homem, sobre si e sobre o que come, tem o efeito de
potencializar os nutrientes.
O capítulo seguinte trata exatamente da cozinha afrodisíaca e de como
estes componentes são utilizados no universo da gastronomia.
32

4. A COZINHA AFRODISÍACA NA GASTRONOMIA:

“Foi na cozinha que se preparou a atmosfera dos


romances que hoje estampam os livros de História, foi
em meio às panelas e ao fogo que os banhos de
Cleópatra se tornaram famosos ao longo dos séculos e
objeto do desejo de cada mulher do planeta. Foi na
cozinha que se elaborou o filtro de Tristão e Isolda e foi
também lá que se temperou a maçã da Branca de
Neve... Minha avó costumava dizer: “a arte do amor se
inicia na cozinha e coitado do amante que não conhece o
poder das panelas!”... É na cozinha que são preparados
os óleos que massagearão o ser amado e o deixarão
rendido ao calor das mãos. É na cozinha que as ervas
revelam o misterioso poder de conquistar o objeto do
desejo e torná-lo súdito da luxúria.”
(MÁRCIA FRAZÃO, 2003)

Em seu livro Afrodite, Isabel Allende (2002, p.71), alerta para o fato de que
um jantar bem pensado é um crescendo que começa com as notas suaves da
sopa, passa pelos arpejos delicados da entrada, culmina com a fanfarra do prato
principal, seguido finalmente dos doces acordes da sobremesa. O processo é
comparável ao de fazer amor com estilo, começando com insinuações,
saboreando os jogos eróticos, chegando ao clímax com o estrondo habitual e por
fim deslizando em um afável e merecido repouso. A pressa no amor deixa
irritação na alma e a pressa na comida altera os humores fundamentais da
digestão. As papilas gustativas, assim como os órgãos maiores e outros nem
tanto, também se cansam.
Segundo informações fornecidas por Martha de Dueñas (2001), os
afrodisíacos são mencionados na Bíblia e em muitos outros livros sagrados no
mundo. A primeira menção aos afrodisíacos de que se tem registro provém de
papiros médicos egípcios, sem data. Acredita-se que correspondam aos anos de
2200 e 1700 antes da nossa era, e que floresceram na Idade Média.
De acordo com Dueñas, a literatura antiga está cheia de relatos sobre os
alimentos afrodisíacos e na época da Idade de Ouro Grega, seu uso era
perfeitamente normal. Os romanos, que herdaram sua cultura, estavam ligados
intimamente com a arte da sedução culinária. O homem primitivo copulava nos
campos acreditando que alimentos ali cultivados compartilhariam sua fertilidade.
A conexão psicológica entre alimento e sexo é muito conhecida nos círculos
científicos. Sem dúvida, a comida, assim como o sexo, é desfrutada ao máximo
33

quando todos os sentidos são chamados a participar do banquete, convertendo-


se em uma festa para o organismo inteiro.
Allende (2002, p. 54) afirma que assim como o aroma do corpo é excitante,
também o é o da comida fresca e bem preparada. Os perfumes da boa cozinha
não só fazem salivar, como também fazem palpitar de um desejo que, se não é
erótico, é a este semelhante. Às vezes, ao evocar o aroma de um prato saboroso,
a pessoa é invadida pela nostalgia e o prazer de momentos inesquecíveis que
vivenciou.
A autora afirma ainda (2002, p.60) que a comida também entra pelos olhos.
O frescor dos ingredientes naturais deveria ser suficiente, mas a incansável e
inventiva cozinha humana mistura, transforma e decora os alimentos com a
mesma paixão utilizada no arranjo pessoal. A associação entre as formas e as
cores dos alimentos e as do corpo é inevitável.
Allende constata que a combinação de diversas reações sensuais, a
satisfação dos olhos ante a visão de um manjar apetitoso; sua fragrância
prazerosa; a combinação das cores e as diversas consistências dos alimentos, se
dispõem a criar um estado de euforia que conduz à expressão sexual, dando
assim um sentido todo especial aos pratos, fazendo desta gastronomia uma
manifestação completa de sensualidade e prazer.
E é exatamente neste sentido que as ervas e essências afrodisíacas são
tratadas.

4.1 – Ervas e Essências Afrodisíacas:

Isabel Allende (2002, p.72) relata que, quando ainda não existiam métodos
de conservação de alimentos, as especiarias eram mais valiosas que o ouro.
Ainda hoje, quanto mais quente for o clima de um país, mais especiarias são
usadas na cozinha popular, porque em temperaturas mais altas a decomposição
ocorre mais rapidamente: o curry foi inventado na Índia, não na Noruega.
A autora segue dizendo que as especiarias não foram usadas só para
temperar alimentos e fabricar perfumes. Foram usadas também para os filtros
amorosos. Elas eram cultivadas nos jardins domésticos e nas hortas dos
34

conventos e mosteiros, mais para uso medicinal que culinário; muitas delas eram
remédios para impotência e para a esterilidade.
Allende afirma que as plantas são afrodisíacos sutis e, como o amor, agem
sem alarde, discretamente e a longo prazo. Como não confiar nelas se quase
toda a farmacopéia moderna está baseada nas plantas? E, assim como costuma
acontecer no amor, as mais comuns e modestas também são as mais preciosas.
De acordo com Isabel Allende, estas são algumas das especiarias
afrodisíacas:
• Açafrão (Crocus sativa) – Especiaria vermelho-alaranjada, em
filamentos ou em pó, que pinta tudo de amarelo, por isso na Ásia
era usado para tingir tecidos. No Tibete a cor açafrão é sagrada.
Em geral é muito caro, mas para evitar seu sabor amargo,
geralmente usa-se pouca quantidade. Tem prestigio como
estimulante no Oriente.
• Açafrão da Índia (Curcuma longa) – Vem da Índia e tem gosto
meio amargo, fragrância sutil e intensa cor amarela. Deve ser usado
moderadamente, porque pode se sobrepor a todos os outros
sabores.
• Alcaparra (Capparis spinosa) – Frutos redondos e pequenos, de
sabor muito forte, é um perfeito acompanhamento para peixes.
• Anis (Pimpinella anisum) - É uma planta de flores brancas e
sementes pequenas e aromáticas, usada na fabricação de
confeitos, xaropes, essências, temperos e licores. É a base do
Pernod, licor da moda na Europa do século XIX, que, bebido em
excesso, como o absinto, produz loucura e morte. Em muitos países
do Oriente Médio se usa para incitar o amor dos recém-casados e
curar a impotência.
• Baunilha (Vainilla fragans, Vainilla planifolia) - Tempero
indispensável para doces, bolos, sorvetes, cremes, café, chocolate
e etc. Vem em estojos (ou cápsulas) e em extrato ou essência.
• Canela (Cinnamomum zeylanicum e Cinnamomum cassia) - É
extraída da casca da árvore da canela e usada em lascas e em pó,
não só em doces, mas também em carnes e diferentes tipos de
35

curry na Ásia e Oriente Médio. É o tempero clássico das receitas de


Natal.
• Cardamomo (Elettaria cardamomum) – Pode ser vendido em
sementes, que são moídas para cozinhar, ou em pó, que perde o
aroma rapidamente. Nos países árabes, é colocado no café para
enriquecer o sabor e estimular a benevolência entre os amigos. As
sementes são mastigadas para refrescar a boca. Em alguns rituais
tântricos é usado como símbolo do yoni, genitália feminina.
• Cominho (Cuminum cyminum) - Sementes minúsculas que dão um
sabor característico à comida oriental e, em geral, às receitas de
lentilhas e feijão, cuja essência de óleo é utilizada para loções
balsâmicas e filtros do amor.
• Cravo (Caryophyllus aromaticus) - É tão aromático e picante, que
deve ser usado com precaução e retirado da comida antes de servi-
la, mas o pó é mais suave. Usa-se como tempero de sobremesas e
carnes, e em muitos pratos orientais exóticos.
• Curry – Não é uma especiaria, mas uma mistura de várias delas:
coentro, cardamomo, pimenta caiena, pimenta, gengibre, canela,
sementes de mostarda, açafrão da índia, etc. Na cozinha da Índia
ou da Indonésia, o curry é preparado especialmente para cada
comida e sempre se cozinha com óleo ou banha para obter o
máximo de aroma e sabor. No Ocidente, contenta-se com um pó
amarelo, chamado genericamente de curry, que é oferecido nas
opções suave ou forte.
• Endro (Anethum graveolens) – As folhas e sementes são usadas
sobretudo em peixes. Está sempre presente nas mesas das casas
escandinavas. As sementes, colocadas em uma garrafa de óleo ou
vinagre, aromatizam delicadamente, enquanto as folhas são ideais,
para fazer cócegas nos pés.
• Erva-cidreira (Melissa officinalis) - Tem sabor de limão e serve
para maionese, receitas com queijo fresco e creme, molhos e
saladas, inclusive algumas sobremesas de frutas.
36

• Estragão (Artemisia dracunculus) – É muito melhor fresco do que


seco. Pode ser conservado submerso em uma garrafa de vinagre,
de modo que perfuma o vinagre, e quando se precisar das folhas,
estarão ao alcance das mãos.
• Feno-grego (Trigonella foenum-graecum) - De folhas um pouco
peludas e sementes amarelas, tem cheiro repugnante para as
pessoas com chiliques. Provoca paixões e sonhos sensuais.
• Gengibre (Zengiber officinalis) – A raiz fresca, que dura duas ou
três semanas em lugar seco, é mais saborosa, mas também pode
ser adquirida em pó ou em xarope. Seu sabor característico, um
pouco picante, realça doces, sobremesas e inúmeras comidas
exóticas.
• Hortelã (Mentha veridis, Mentha rotndifolia) – Seu sabor fresco e
popular em doces e bebidas, mas também é usado em muitas
comidas. Shakespeare se refere a ele , junto com a lavanda e o
alecrim, como estimulante para cavalheiros de meia-idade.
• Lavanda (Lavandula vera) – As sementes aromatizam perfumes e
sabonetes, mas antigamente também eram usadas na cozinha
como afrodisíacos. São um pouco amargas e picantes, podem
arruinar sua salada, mas realçam sua sopa (que deve ser coada
antes de servir.
• Louro (Laurus nobilis) – Os heróis romanos eram coroados com
ramos de louro, símbolo da virilidade. Na comida o louro é usado
em pouca quantidade, só uma folha pequena ou média, porque tem
um sabor muito forte, um pouco amargo.
• Manjericão (Ocinum bacilicum e Ocinum minimum) – Tem cheiro
de almoço dominical no sul da Itália. Suas folhas aromáticas são
indispensáveis em toda cozinha que se preze. Ainda hoje, no vodu
do Haiti, o manjericão é associado à fecundidade e à paixão.
• Mostarda (Brassica nigra e Sinaps alba) – Pode ser comprada em
semente, em pó e preparada. É um antigo remédio contra a
impotência, que consistia em esfregar mostarda no membro
masculino.
37

• Noz-moscada (Myristica fragans) – É uma noz dura usada para


aromatizar doces e sobremesas, mas que também realça o sabor
de alguns vegetais, como espinafre e carnes suaves.
• Orégano (Origanum vulgare e Origanum onite) – Não deve faltar
em sua cozinha. De sabor e aroma fortes e penetrantes, é típico da
comida mediterrânea. Jogar um punhado no banho de água quente
e compartilhar com seu parceiro é uma experiência erótica.
• Pimenta (Piper nigrum) – Traz alegria para os viúvos e alivia a
impotência dos tímidos. É melhor moer os grãos conforme a
necessidade, não só para obter mais sabor, mas também pelo
ritual.
• Salsa (Petroselim hortensis) – Era usada pelas bruxas como um
dos ingredientes da poção mágica para voar. Alguns textos dizem
que elas preparavam um bálsamo para untar o corpo – sobretudo
as zonas erógenas – com a finalidade de produzir alucinações:
outros, que esfregavam com salsa a fálica vassoura dos seus vôos
noturnos. Existem mais de trinta variedades comestíveis; usa-se em
carnes, peixes, saladas, etc. Seu frescor alivia o hálito de cebola ou
alho. Como o endro, serve para cócegas e outras carícias sensuais.
• Sálvia (Salvia officinalis) – É uma das ervas favoritas para carnes
fortes, como porco e animais ou aves de caça. É muito melhor
fresca do que seca. Os soldados da Grécia antiga eram recebidos
com infusão de sálvia pelas suas mulheres, pra estimular a
fertilidade e perpetuar a raça grega, sempre em perigo de extinção
pela tradição de seguir os heróis de guerra. Tem aroma muito
penetrante e deve ser usada com moderação.
• Tomilho (Thymis herba-barona e outras variedades) – Acompanha
com graça as carnes vermelhas e é praticamente indispensável no
patê e em vários molhos com vinho tinto. Desde a antigüidade tem
sido amplamente usado em terapias por suas propriedades
estimulantes e purificadoras. O aroma desta planta é considerado
energizante.
38

4.2 - Os Vegetais Afrodisíacos:

Dando continuidade aos seus estudos sobre os alimentos afrodisíacos,


Isabel Allende (2002, p. 196) afirma que, embora não exista um acordo em
relação ao poder estimulante dos vegetais, pode-se citar os mais
reconhecidamente famosos por estes poderes:
• Alho: não pode faltar na cozinha. Supõe-se que seja uma planta
sagrada, erótica, medicinal e reconstituinte, por isso era oferecida
aos atletas nas olimpíadas da Grécia. É usado como afrodisíaco há
muito tempo, e a única condição, como no caso da cebola, é que
ambos os amantes o comam, porque o cheiro impregna até a pele.
• Alcachofra: diz-se das pessoas envolvidas em muitos amores que
elas têm “coração de alcachofra”, porque compartilham o
sentimento com muitas pessoas. Este vegetal é comido com a mão
e lentamente; existe uma espécie de ritual no processo de despir a
alcachofra, retirando as folhas uma por uma para untá-las em um
tempero de azeite, limão, sal e pimenta, e compartilhá-la com o
amante.
• Aipo: a marquesa de Pompadour inventou uma sopa de aipo para
estimular Luís XV quando o fogo da paixão estava reduzido a tristes
cinzas, mas a verdade é que sua fama de afrodisíaco provém da
época dos gregos e romanos.
• Arroz: é símbolo de fertilidade. Quando se joga arroz nos noivos à
saída da igreja com a maior inocência, poucos sabem que o gesto
representa a ejaculação e o sêmen.
• Berinjela: supõe-se que tenha vindo da Índia e chegado à Europa
com a invasão dos Árabes à Espanha. É considerada excitante,
sobretudo quando preparada junto com outros ingredientes eróticos,
como alho , cebola, pimentão e algumas especiarias.
• Agrião: são folhinhas de aspecto inócuo e sabor um pouco picante,
que os romanos chamavam de “sem-vergonha”, por suas supostas
propriedades estimulantes.
39

• Cebola: fundamental em todas as cozinhas, da mais erótica à mais


casta. É originária da Ásia. Caldeus, egípcios, romanos, gregos e
árabes consideravam-na afrodisíaca antes que os europeus
soubessem de sua existência.
• Cogumelos: por seu aspecto, cor e cheiro, faz lembrar a cabeça e
um pênis. Quanto mais simples for a sua preparação, mais intenso
será seu sabor.
• Endívia, escalora, alface: em alguns textos europeus, todas as
variedades de alface são consideradas estimulantes. Em
compensação, em outras regiões a infusão das folhas é calmante e
antiafrodisíaca.
• Aspargos: os de talo grosso, de cor pálida e com a ponta que varia
de rosada para roxa, são os mais afrodisíacos. O aspargo verde é
mais popular, mas seu aspecto é menos erótico.
• Espinafre: originário da Pérsia, rico em vitaminas e minerais,
fortalece o corpo e as ânsias de amar.
• Feijão: para teutões e romanos era estimulante, e a flor simbolizava
o prazer sexual. A sopa de feijão tinha reputação de alimento
erótico quando foi proibida no século XVII no convento das freiras
de São Gerônimo para evitar excitações inoportunas.
• Grão-de-bico: em O Jardim Perfumado, o jovem Abou el Heidja
realiza a epopéica tarefa de deflorar oitenta virgens em uma só
noite, graças ao ímpeto obtido previamente com um suculento
jantar de grão-de-bico, carne, cebolas e leite de camelo.
• Milho: planta sagrada entre os índios americanos, simboliza
fertilidade e abundância.
• Nabo: pode-se dizer que, junto com a cebola e o alho, é o
afrodisíaco dos pobres. Este humilde vegetal é um excelente
alimento.
• Pepino: parece que a única coisa que tem de erótico é a forma.
Existem controvérsias sobre suas virtudes, em algumas regiões é
considerado estimulante, enquanto em outras é um antiafrodisíaco.
40

• Pimentão doce e/ou picante: é universalmente considerado


afrodisíaco, especialmente o vermelho e de sabor picante, rico em
capsiacina, um alcalóide. É o audaz componente de todos esses
pratos exóticos que deixam a boca em chamas e estimulam a
imaginação e o apetite para o amor.
• Alho-poró: na Roma e na Grécia antigas era-lhe atribuído valor
afrodisíaco, possivelmente por sua forma fálica.
• Tomate: originário da América, deveria estar catalogado entre as
frutas. Os espanhóis levaram-no à Europa com o nome de “maçã
peruana” e “maçã do amor”. Sua polpa vermelha, suculenta e
sensual causou escândalo; confiava-se tanto em seu poder
estimulante que pagavam-se fortunas por um tomate. As mulheres
virtuosas rejeitavam-no, ao contrário das outras, que podiam jogar a
culpa dos seus deslizes no irresistível tomate.
• Trigo: é o alimento mais antigo e leal da humanidade e, assim
como o arroz, representa a fertilidade. A forma da espiga é
considerada fálica, o que prova que a imaginação humana não tem
limites. Antigamente fazia-se pão com a forma de órgãos genitais
para as cerimônias dionisíacas.
• Trufa: também chamada de testículo da terra, tem cheiro e sabor
intensos, e por isso é usada em pouca quantidade. É considerada
indispensável na cozinha tradicional francesa.
• Cenoura: esta raiz, vulgarmente chamada de “consolo de viúva”,
começou a ser cultivada na Europa no século XVII e foi trazida para
a América pelos primeiros colonos ingleses. Por seu conteúdo de
vitamina A e sua forma, atribui-se a ela o poder de exaltar a luxúria.

Vale ressaltar que estas são visões ocidentais do que é ou não afrodisíaco
de acordo com os estudos da autora.
41

4.3 - As bebidas Afrodisíacas:

Em se tratando de bebidas, Isabel Allende (2002, p. 178) afirma que todos


os povos, mesmo os que proíbem por motivos religiosos, conhecem as
propriedades medicinais do álcool. Antes de se descobrir a anestesia e os anti-
sépticos, as bebidas alcoólicas eram usadas para desinfetar ferimentos ou
desacordar os pacientes antes de uma cirurgia dolorosa. Seu pior defeito é que
pode se transformar em vício e destruir quem o beber; sua maior virtude é que,
em quantidade moderada, produz ilusão de felicidade e levanta o ânimo para
qualquer festejo. A primeira bebida alcoólica da história foi o hidromel, vinho doce
feito de mel, usado na Europa até o século XVIII. Os árabes, com sua refinada
cultura, desenvolveram a técnica da destilação e chamaram de alkuhul o espírito
do vinho.
A autora segue informando que, na antigüidade, Dionísio e Baco ocupavam
lugares predominantes no culto; eram os deuses grego e romano do vinho, do
êxtase e do erotismo, e tiveram seu equivalente em quase todas as mitologias
panteístas. Em sua honra eram celebradas festas orgiásticas, em que a
população saía às ruas para se embriagar e copular sem quaisquer limitações.
São bebidas consideradas afrodisíacas, segundo Isabel Allende:

• Vinho: néctar dos deuses, consolo dos mortais, não se pode negar
o poder afrodisíaco do vinho: em quantidade moderada dilata os
vasos sangüíneos, levando mais sangue aos órgãos genitais e
prolongando a ereção, desinibe, relaxa e alegra, três requisitos
fundamentais para um bom desempenho. Os vinhos realçam o
sabor da comida. A escolha do mais adequado para cada prato é
uma ciência e uma arte. Uma pesquisa demonstra que o vinho
bebido com mesura e regularidade reduz o desgaste do coração e
limpa as artérias. O vinho é considerado uma bebida viva e, como
tal, necessita de determinados cuidados;
• Champanhe: rei indiscutível dos vinhos, indispensável em todas as
festas. É um vinho branco espumante da região de Champagne, na
França, produzido com êxito em outros lugares, mas só o autêntico
pode ter esse nome. O champanhe é bebido sempre em companhia
42

de alguém e em momentos de celebração, e talvez por isso atue


como afrodisíaco mesmo sem ter essa intenção. Espumante e leve,
bebe-se sem pressa e embriaga mais que o vinho, porque, graças
às borbulhas, o álcool penetra rapidamente na corrente sangüínea.
É considerado um vinho feminino e se supõe que cause maior efeito
erótico nas mulheres que nos homens. Nas festas da antiga Roma
imperial, enchiam-se piscinas com este vinho borbulhante, onde
homens e mulheres se acariciavam nus.
• Absinto: licor verde extraído da planta do mesmo nome (Artemisia
absinthium) ao qual se acrescenta ervas. Com fama de poderoso
afrodisíaco desde a época dos gregos, porém é tão tóxico que foi
proibido na França em 1915, e depois em outros países do mundo.
No século XIX, era a bebida favorita dos intelectuais e artistas da
praça Pigalle em Paris, porque se imaginava que ele convocava as
musas. Na Inglaterra, em contraste, era usado em clubes de
flagelação.
• Anis: popular na França e na Espanha, é um líquido transparente
que adquire um aspecto leitoso quando misturado à água. De
sabor semelhante ao absinto, porém menos tóxico, é a base de
vários licores afrodisíacos, como o Pernod, o Ricard, o Pastis e o
licor nacional de gregos e turcos: o arak.
• Amaretto: prepara-se com amêndoas, tem sabor doce e forte; usa-
se como digestivo e na preparação de coquetéis e sobremesas.
Sua reputação erótica deve-se à amêndoa, fruto mitológico surgido
do ventre de uma deusa.
• Benedictine: o nome vem de seus inventores, os monges
beneditinos de uma abadia da França, varões castos, que com
certeza não suspeitaram ter contribuído com outro afrodisíaco para
a longa lista de tentações que a humanidade tem de suportar.
• Calvados: originário da Normandia é um licor de maçã, intenso e
aveludado como todo bom brandy, ao qual se atribui o mesmo
poder estimulante dessa fruta. Antigamente era usado como tônico
para preservar a juventude.
43

• Conhaque, brandy ou armagnac: Henrique IV, da França, fê-lo


entrar na moda como afrodisíaco; a idéia foi divulgada rapidamente
e logo os cavalheiros começaram a tomar um cálice antes de ir para
a cama. Batido com açúcar e gema de ovo é um tônico formidável
para a depressão da gravidez e dos dias de chuva.
• Grand Marnier: é um conhaque francês com sabor de laranja,
muito semelhante ao curaçao, uma bebida doce fabricada com
casca de laranjas amargas na ilha caribenha do mesmo nome. Os
holandeses que colonizaram a ilha atribuíram a sensualidade das
belas mulatas a este licor, e se encarregaram de exportá-lo para o
resto do mundo, com grandes lucros.
• Xerez e vinho do Porto: vinhos fortes e doces, muito populares na
Espanha, servidos a toda hora, menos durante as refeições.
Antigamente era o preferido das damas por sua textura delicada.
• Kirsch: à base de cereja, está muito na moda por aromatizar
champanhe ou vinho branco, a bebida dos elegantes. O poder
afrodisíaco desta mistura baseia-se, sobretudo, na festiva reputação
do champanhe e, com certeza, também na cor rosada do coquetel,
um prazer para a vista.
• Parfait Amour: raro licor perfumado que era servido em alguns
prostíbulos refinados na França, porque acreditava-se que
estimulava instantaneamente a libido.
• Vodca: como muitos licores fortes, só é afrodisíaco em quantidades
moderadas, devido ao efeito inibidor do álcool, é o complemento
indispensável do caviar.
Vale ressaltar que, assim como as especiarias, o álcool deve ser apreciado
com moderação, principalmente as bebidas de teor alcoólico elevado que, se
ingeridas em demasia, além de não agirem como afrodisíacos, são extremamente
prejudiciais à saúde em virtude do efeito tóxico do álcool.
4.4 - As Frutas Afrodisíacas:

Para enriquecer a pesquisa sobre os alimentos afrodisíacos, Isabel Allende


(2002, p. 158) não deixou de fora os chamados “frutos proibidos”, que são frutas
44

que através da comprovação científica ou através de lendas que perduram até os


nossos dias, são consideradas afrodisíacas.
São elas:
• Amêndoa: na mitologia, a amêndoa surge da vulva da deusa
Cibele. Associa-se à paixão e fertilidade, é o componente mais
sensual da confeitaria árabe. Na Itália era usada como remédio e
excitante amoroso, e talvez provenha daí o costume de oferecer
amêndoas antes das refeições para acompanhar o coquetel.
Supõe-se que seu aroma, penetrante, persistente, às vezes
levemente amargo, excite as mulheres. Por isso, é usada com
deleite em cremes, sabonetes e loções para massagem.
• Abacate: em algumas partes é considerado vegetal, mas na
verdade é uma fruta que os astecas chamavam de “ahuacat”, que
quer dizer testículo. No entanto, é uma fruta “feminina”, de textura e
sabor delicado, que evoca mais sensualidade nas mulheres que nos
homens. Foi levada para Europa pelos conquistadores espanhóis,
que se encarregaram de propagar sua fama de estimulante.
• Banana: associa-se à energia erótica no Tantra e é o símbolo fálico
por excelência. Supõe-se que de afrodisíaco tenha apenas a forma,
mas isto já é um mérito.
• Coco: na Índia acredita-se que aumenta a qualidade e a quantidade
do sêmen e que cura doenças das vias urinárias. A uma bebida
feita com leite de coco, mel e especiarias, são atribuídas
propriedades estimulantes, mas podem ser as especiarias, mais do
que o coco, as responsáveis por tal efeito.
• Tâmara: contém muitas vitaminas e calorias; uma porção delas
equivale a uma refeição completa, dá energia e aumenta a potência
viril e a sedução nas mulheres, razões de sobra para ser um dos
pilares da dieta na África e no Oriente Médio, onde nunca falta nos
alforjes das caravanas de camelos pelo deserto. Com o suco
fermentado da coroa da tamareira prepara-se um licor afrodisíaco
chamado vinho de palmeira.
45

• Pêssego e Damasco: talvez as mais sensuais entre todas as


frutas, pelo seu perfume delicioso, sua textura suave e suculenta e
sua cor encarnada, são representação eloqüente das partes íntimas
das mulheres. O pêssego é originário da China, onde é cultivado há
mais de dois mil anos. Shakespeare conhecia sua mágica
reputação e, em sua peça “Sonho de uma Noite de Verão”, as
fadas usam-no como afrodisíaco.
• Ameixa: como o pêssego, na arte chinesa representa um símbolo
das partes íntimas da mulher.
• Morango e framboesa: delicados mamilos frutíferos que, no código
do erotismo, convidam ao amor. São o complemento ideal do
champanhe nos rituais da sedução.
• Romã: chegou à Europa junto com a invasão dos árabes. Em
alguns textos eróticos orientais são atribuídas a ela virtudes
afrodisíacas e é associada a cerimônias de fertilidade, daí provém a
tradição de usar os grãos em festas de casamento, assim como se
usa arroz no Ocidente. Na Grécia era a fruta cerimonial nos rituais
dionisíacos, junto com a uva e o figo.
• Figo: na antiga Grécia, esta fruta era um dos alimentos associados
à fertilidade e ao amor físico. Na China era presenteada aos
namorados e na Europa é considerada afrodisíaca por sua forma e
cor; em algumas partes chama-se de figo a vulva, em outras, os
homossexuais.
• Manga: como tantas outras frutas tropicais, tem odor e sabor
intensos. A polpa de cor alaranjada, rica em vitaminas, é a base de
muitos pratos na Ásia e na Polinésia, onde é considerada um
alimento masculino, por sua forma de testículo, associação um
pouco exagerada, levando-se em conta o tamanho das mangas.
• Maçã: é o símbolo da tentação. A fama da maçã nas lides do amor
é universal. Era usada em muitas poções mágicas, filtros e
encantamentos. Os licores de maçã, como o calvados e a sidra, são
estimulantes e acredita-se que rejuvenesçam.
46

• Marmelo: junto com a maçã, é a fruta simbólica de Afrodite, a


deusa do êxtase sexual e da juventude.
• Pêra: favorita da arte erótica por sua forma do corpo feminino,
contém diversas vitaminas. A salada de pêras em fatias finas,
agrião fresco e nozes descascadas é uma forma interessante de
começar um jantar amoroso, entre outras coisas, porque pode ser
comida com os dedos e tem um cheiro delicioso.
• Uva: em nenhuma orgia que se preze podem faltar as uvas, a fruta
associada ao prazer, à fertilidade, a Dionísio, Príapo, Baco e todos
os deuses alegres que existem em todas as tradições, porque da
uva se faz o vinho e sem vinho qualquer tentativa de orgia torna-se
um tédio coletivo.
• Pistache: é um pequeno fruto muito popular em toda a Ásia,
mencionado na Bíblia e em escritos persas e árabes. Nos haréns,
as mulheres consumiam com determinação tortas de pistache para
manter suas formas redondas e sua covinhas, que na época eram
apetecíveis , diferentemente de hoje em dia.

4.5 - Os Frutos do Mar Afrodisíacos:

Dando continuidade aos estudos dos afrodisíacos, Isabel Allende (2002,


p.135), afirma que quase todas as criaturas do mar são afrodisíacas. Os produtos
do mar são ricos em vitaminas, minerais e proteínas, têm pouca gordura, sabor
delicioso e um cheiro que evoca os mais íntimos aromas do corpo humano.
Vejamos agora alguns mariscos mais afrodisíacos:
• Abalone: é chamado de loco no Chile, talvez porque o espancam
sem misericórdia para amaciá-lo, como antes faziam com os
pacientes mentais. Mora em uma concha grossa, grudado às
pedras, geralmente em águas frias. Seu cozimento requer alguma
ciência, e quem não a conhece costuma terminar com um pedaço
de borracha duríssimo entre os dentes. mas quando bem preparado
é delicioso, sendo muito usado nas cozinha chinesa e japonesa.
• Amêijoa e mexilhão: são os parentes humildes das ostras e, como
elas, podem ser comidos crus e com limão, mas ficam mais
47

gostosos em sopas, cozidos e também levemente assados no forno


com suas conchas, com queijo parmesão ralado, pimenta e
algumas gotas de vinho branco. Sua forma faz lembrar os órgãos
femininos. Na Itália são chamados de cozza, que também é o nome
atribuído a uma mulher muito feia.
• Vieira: a carne roliça e branca normalmente é vendida limpa e
pronta para cozinhar. Se encontrar as conchas, convêm guardar
algumas para seus jantares amorosos, porque servem para ser
recheadas como as coquilles St. Jacques, tão famosas na França.
• Lula e polvo: estes moluscos parecem extraterrestres, mas são
uma delícia para quem sabe comê-los. Na Espanha prepara-se um
prato de arroz negro com a tinta da lula, tão erótico, que não ficaria
bem servi-lo para freiras e viúvas.
• Camarão, lagostim, caranguejo, lagosta e outros crustáceos:
são saborosos, decorativos e muito afrodisíacos. Também são
fáceis de preparar – simplesmente fervidos ou assados. Antes de
oferecer crustáceos a um novo amante, verifique se ele não sofre
de alergia.
• Ouriços do mar: é comido na Ásia e na América do Sul, onde é
considerado mais afrodisíaco que a ostra. É uma bola escura cheia
de espinhos; dentro dele, há línguas – que não são línguas, mas
órgãos genitais – carnudas, da cor dos pêssegos. Exala um intenso
cheiro de mar profundo e algo mais. Algo indefinível, mas
francamente erótico.
• Ostras: as ostras são as rainhas da cozinha afrodisíaca,
protagonistas de todos os jantares eróticos registrados na literatura
ou no cinema. A melhor maneira de comê-las é crua, depois de
colocar limão para verificar se estão vivas, porque, quando velhas,
são muito tóxicas. A carne deve parecer firme e inchada, de cor
cremosa, flutuando em um líquido transparente e sem cheiro ruim.
48

4.6 As Flores e Plantas Afrodisíacas:

Allende (2002) segue informando que não é de hoje que flores e plantas em
geral estão relacionadas a poderes mágicos. E nesse aspecto, um dos usos mais
comuns tem sido como afrodisíacos.
Afirma que alguns estudiosos defendem que o mecanismo que desperta o
prazer nos humanos é resultado de uma série de estímulos recebidos por meio
dos sentidos (olfato, tato, visão, paladar e audição) somados a uma boa dose de
fantasia.
Seja pelo perfume, pelas substâncias quando ingeridas, pelo óleo usado em
banhos e massagens, algumas flores e plantas ficaram famosas como poderosos
afrodisíacos.
São elas:
• Rosa (Rosa sp.): uma das flores mais famosas é, também,
considerada um afrodisíaco. Ninguém menos que Cleópatra, a
rainha do Egito, a utilizava com essa finalidade. Conta-se que a
rosa era um dos ingredientes básicos de suas receitas de beleza e,
além disso, a sábia rainha cobria seu leito com pétalas de rosas
para garantir uma “tórrida noite de amor”. O óleo de rosas era muito
usado pelas mulheres do Oriente – elas o espalhavam por todo o
corpo, ao se prepararem para o amor.
• Jasmim (Jaminum officialis): outra flor há séculos considerada
afrodisíaca. Várias espécies de jasmim apresentam um perfume
doce e envolvente. O óleo dessa flor – um dos mais caros do
mundo – é usado como ingrediente na preparação dos mais
valiosos perfumes que hoje existem no mercado (o Chanel nº 5 é
um deles). Muito ligado ao aspecto feminino, o jasmim inspirava as
canções ardentes e lascivas dos poetas árabes.
• Ylang Ylang (Cananga odorata): assim como o óleo de jasmim, a
aromaterapia considera o óleo obtido das flores do Ylang Ylang um
poderoso afrodisíaco, que estimula o apetite sexual aguçando os
sentidos. Aplicado em massagens ou simplesmente vaporizado no
49

ambiente, acredita-se que esse óleo essencial é capaz de


maravilhas.
• Sândalo (Santalum album): considerada uma árvore sagrada na
Índia. Existem registros em documentos antigos escritos em
sânscrito e chinês que atestam seu uso como incenso em
cerimônias religiosas e rituais onde se busca a elevação da alma. A
destilação da madeira interna produz um óleo grosso e amarelado,
de fragrância doce, picante, intensamente oriental. Na
aromaterapia, o óleo de sândalo é utilizado no tratamento de
problemas ligados ao aparelho genito-urinário, especialmente
impotência e frigidez. Por sua ação tônica e estimulante das
funções sexuais, é considerado um afrodisíaco.
• Catuaba (Trichilia catigua): este afrodisíaco tipicamente nacional
tornou-se conhecido internacionalmente. A planta é usada em forma
de chás e tinturas. Acredita-se que suas propriedades estimulantes
atuem combatendo o stress e aumentando a disposição orgânica.
• Ginseng (Panax ginseng): a raiz do ginseng, contorcida e
ramificada, lembra uma figura humana. Chineses e indianos
consideravam a planta um afrodisíaco, pois ao agir contra o stress,
o cansaço e a falta de energia, melhoraria o desempenho sexual,
equilibrando o indivíduo como um todo.
• Jacinto (Hyacinthus): a raiz desta flor era utilizada cozida, para
tratar tumores dos testículos. Considerada uma flor masculina, era
usada por povos antigos como um tônico para aumentar o vigor e o
desempenho sexual nos homens.
• Narciso (Narcissus poeticus): os bulbos são muito ricos em vários
alcalóides e um deles – a narcisina – mesmo sendo utilizado na
medicina popular é altamente tóxico. Tidos como potentes
afrodisíacos, os bulbos do narciso eram usados no preparo de
infusões, “filtros do amor” e, principalmente, na produção de uma
água destilada que aumentaria a secreção do esperma. Mas, é
provável que o efeito produzido era mais narcótico do que
estimulante.
50

• Guaraná (Paulinia cupana): quando os primeiros europeus


chegaram ao Brasil, os índios já consumiam o guaraná como
alimento e para afastar o cansaço. A planta foi estudada pela
primeira vez pelo botânico Karl von Martius que, em 1826, visitou a
região amazônica. Sua fama como afrodisíaco viria do fato de que a
planta apresenta propriedades tônicas e estimulantes que agastam
o esgotamento físico e mental, aumentando a disposição geral do
organismo.
• Urucum (Bixa orellana L.): o urucum tornou-se muito conhecido
graças ao pigmento extraído de suas sementes. Originária da
América tropical, é planta espontânea na região que vai das
Guianas até a Bahia. A pintura do corpo com o pó de urucum faz
parte das tradições indígenas, sendo usada há séculos, em
cerimônias e rituais. Na medicina popular, o urucum é utilizado
desde o século XVII. Os indígenas usam o pó das sementes como
afrodisíaco e como remédio contra a intoxicação pela ingestão da
mandioca-brava.

4.7 - Outros deliciosos Afrodisíacos:

Dentro dos chamados afrodisíacos, Isabel Allende (2002, p. 162), ainda


classifica:
• Café (Coffea arabica, Coffea liberica, Coffea Robusta e outras
variedades) : deveria estar entre as ervas e especiarias, mas,
assim como o chocolate, merece capítulo à parte. Excita pela
cafeína, um alcalóide de efeito poderoso. Por isso, os mórmons –
que tampouco bebem álcool – não o experimentam. Por outro lado,
em muitos países muçulmanos, sobretudo entre os árabes, onde o
Alcorão proíbe o álcool e outros estimulantes, o café é de praxe. O
valor afrodisíaco do café é questionado por alguns, mas
amplamente defendido por outros.
• Chá: é cultivado principalmente em climas quentes e úmidos na
Ásia e existem inúmeras variedades, cujo valor afrodisíaco depende
51

da fé do consumidor. O chá com especiarias, leite e muito açúcar,


chamado chai, é popular na Índia, enquanto na Rússia bebe-se com
limão, açúcar e umas gotas de brandy. A refinada cerimônia do chá
no Japão, chanoyu, é considerada uma arte gestual e uma forma de
meditação de acordo com os princípios Zen: harmonia, respeito,
pureza e tranqüilidade. Estes quatro princípios, aparentemente
opostos à sensualidade, podem chegar a ser a essência da mesma,
mas para isso deve-se percorrer duas vezes o caminho completo
dos sentidos.
• Chocolate (Theobroma, que quer dizer “fruto dos deuses”): era a
bebida sagrada dos astecas, estava relacionado à deusa da
fertilidade Xochiquetzal e só era consumido pela nobreza. Vicia e
excita tanto quanto o café – contém o alcalóide teobromina - , mas
além disso lhe é atribuído um simbolismo nos rituais do cortejar
romântico. O sabor, tão popular na Europa e na América, não é
apreciado do mesmo modo na Ásia ou na África. É também rico em
fenoletilamina, um componente natural que tem efeitos semelhantes
à anfetamina.
• Mel: néctar de Afrodite, dourado tesouro da terra, resultado da alma
das flores e do trabalho das abelhas, tem servido para adoçar a
vida muito antes da descoberta do açúcar. Sua reputação como
afrodisíaco é enorme: os noivos partem em “lua-de-mel”, e em
muitas culturas faz parte da cerimônia e do banquete de
casamento. O alto conteúdo de vitamina B, C e minerais do pólen
estimula a produção de hormônios sexuais. Reaviva
instantaneamente os amantes esgotados, porque o corpo absorve
em um tempo mínimo.
• Ovos: em todas as culturas são atribuídos poderes eróticos e
reconstituintes aos ovos; supõe-se que eles estimulam os mais
velhos, curam a indiferença e regeneram o ventre seco das
mulheres inférteis. No Chile existe a tradição do comer ovos “à
ostra”, isto é, crus, como estimulante da virilidade e para recompor
52

o corpo e recuperar a memória. Os ovos de codorna são vendidos


como afrodisíaco.
• Caviar: o caviar é um dos afrodisíacos mais caros do mundo, quase
tanto como os famosos ninhos de andorinha comidos na China. Ele
é extraído da fêmea do esturjão, não do centurião. Este peixe dos
mares frios costuma atingir até quatro metros de comprimento.

O capítulo que se segue, tratará da relação existente entre a comida e o


sexo.
53

5. COMIDA E SEXO :

“Comer e copular depende menos dos sistemas digestivo e sexual


que do cérebro, como quase tudo o que nos acontece, que não
passa de sonho, ilusão, enganos. O estudo das virtudes
estimulantes dos alimentos é tão antigo que se perde na noite de
civilizações enterradas há séculos.”
(ISABEL ALLENDE, 2002)

David Steinberg (2003) faz um estudo no qual afirma que embora comida e
sexo sejam coisas distintas, os dois estão intimamente ligados, o que não é
surpreendente, já que comida e sexo são as nossas mais primárias necessidades
físicas. Não importa qual diferença a mente racional possa oferecer para distinguir
a necessidade de comida da necessidade de sexo: no reino não-racional da
psique, estas se tornam profundamente indistintas. O que conta para a psique é a
conexão entre as coisas, e não as diferenças.
Steinberg segue explicando que, no mundo simbólico e essencial da psique,
comida e sexo são, de vários modos, duas maneiras paralelas de se relacionar
com assuntos mais primais do que comer ou fazer amor. Pois tanto a comida
quanto o sexo, por exemplo, são caminhos para a busca primal de prazer físico.
Nós comemos ou fazemos sexo porque tentamos satisfazer nossas necessidades
essenciais de conforto e segurança física e emocional. Nós comemos e fazemos
sexo para nos sentirmos fisicamente em nosso corpo, para prover nossa
sobrevivência biológica e emocional, e para nos assegurarmos que somos
capazes de nutrir nosso bem-estar físico, emocional e espiritual. Se a comida ou o
sexo forem tirados de nós, em um grau significativo, nós, inconscientemente,
substituímos um pelo outro, como se fosse seu equivalente psíquico. Em algumas
culturas, nas quais as expressões de desejo sexual são severamente restritas e a
comida, para a maioria das pessoas, é abundantemente disponível, é mais
comum que a busca por satisfação sexual seja transferida para o alimento, do que
o contrário. Na ausência de sexo satisfatório, realizador e abundante, as pessoas
se voltam para a comida com uma intensidade que não tem conexão com a
necessidade do corpo por calorias ou nutrientes químicos específicos.
Tais afirmações levam a refletir sobre este assunto e ver até que ponto
podem-se tomar estas observações como verdades, uma vez que, existem
grupos que se abstêm de sexo e nem por isso engrossam a estatística dos
54

obesos. Acredita-se que tudo irá depender do equilíbrio de cada indivíduo e do


valor que ele dará a cada campo de sua vida.

5.1 Curiosidades da arte milenar da sedução:

Margarida Peçanha (2004) relata algumas curiosidades em relação à comida


e a arte da sedução. Afirmou que alguns alimentos podem desencadear reações
sensuais psicológicas e fisiológicas. Não importando a origem, nem a raça, nem a
crença das pessoas, pois até quem diz que não, na verdade, tem as suas receitas
afrodisíacas.
Mas vamos às curiosidades encontradas:
< Comer alcachofra, dizem, é como ser acariciado. Catarina de Médicis
teria escandalizado a corte francesa por deixar clara sua paixão por
alcachofras. Apreciar tanto um afrodisíaco não era uma atitude muito
adequada para uma mulher. Mas não há registro de queixas por parte
do marido, Henrique II;

< Na Grécia, acreditava-se que os testículos de asno, cozidos ou mesmo


pendurados no pescoço dos homens, serviam como amuletos para a
virilidade;

< Os testículos de leão são muitos apreciados na África, por transmitirem


força e coragem;

< No Chile, churrasco com testículos de gado são pratos comuns entre os
homens do campo;
< Catarina, a Grande Imperatriz da Rússia, ganhou fama de sexualmente
insaciável. Defendia relações sexuais 6 vezes ao dia e talvez tenha
cumprido a prescrição até morrer, aos 77 anos. De manhã, gostava de
chá com vodca e omelete de caviar, extremamente afrodisíacos;
< Os astecas conheciam bem o poder do chocolate: dizem que
Montezuma bebia 50 xícaras de chocolate ao dia para bem servir suas
600 mulheres;
< Os chineses consideravam o damasco como um símbolo de
sensualidade da natureza. É tido como um dos frutos de Eros;
55

< O Kama Sutra ensina como receber uma mulher. “O quarto deve ser
banhado com ricos perfumes, deve ter uma cama macia e agradável
aos olhos, coberta com lençol branco e limpo. Nela devem ser
colocadas fragrâncias para a noite, flores e potes com perfumes
especiais”;
< Gengibre quente mata a sede, reanima e estimula o cérebro. E na idade
madura, desperta os amores como novos;
< Segundo Shakespeare, a hortelã, a lavanda e o alecrim seriam
grandes estimulantes para homens de meia-idade;
< O incenso egípcio mais famoso é o Kyphi, uma mistura de 16
ingredientes, entre eles, açafrão, canela, zimbro, mel e uvas-passas.
Foi descrito como “um aroma apreciado pelos deuses”. Era queimado
depois do pôr-do-sol para garantir a volta de Rá, o deus Sol, e também
por seu efeito inebriante;
< O chá de jasmim é um maravilhoso auxiliar de Afrodite. A flor é utilizada
em incensos, na culinária, como óleo, em perfumes e sachês;
< Paulina Bonaparte, a irmã de Napoleão Bonaparte, é descrita como
ninfomaníaca incorrigível. Sua poção do amor consistia em morangos e
champagne;
< Márcia Frazão, em seu livro “O Gozo das Feiticeiras”, recomenda uma
massagem com óleo de noz-moscada antes do ato sexual e garante a
magia;
< Ou se ama ou se odeia o aroma característico do patchuli. O óleo,
obtido através das folhas secas de um arbusto asiático, lembra cheiro
de terra. É também um importante antidepressivo, além de ser
considerado afrodisíaco;
< O óleo de rosas, um afrodisíaco famoso, é sedativo, tonificante e tem
notáveis propriedades antidepressivas;
< O doce cheiro de madeira e sândalo é um dos aromas mais atraentes
de todos os óleos essenciais. Com propriedades afrodisíacas, é
tradicionalmente usado com perfume e incenso. O melhor óleo de
sândalo vem da Índia, onde é usado há mais de 4000 anos;
56

< A uva é associada ao prazer, à fertilidade, aos deuses Baco e Dionísio,


e ainda aos vinhos, à alegria e às orgias;
< A vitamina B3 é responsável pela produção de histamina, uma
substância que dilata os vasos sangüíneos e torna as terminações
nervosas mais sensíveis. É muito recomendada para mulheres que têm
dificuldades em se excitar (encontrada onde?);
< “Na água se contempla o próprio rosto, mas no vinho se vê o coração
dos outros.” (Provérbio Francês).

Tais diversidades se devem à importância da relação existente entre a


comida e o sexo para o homem, principalmente no que está relacionado à
preservação da espécie.

5.2 O corpo como afrodisíaco:

Dando continuidade ao tema, destaca-se um artigo de Juan Hernadez


(2001) que fala do corpo como afrodisíaco, onde, afirma que os animais e os
insetos emitem odores naturais que atraem o sexo oposto. Os cientistas chamam
de feromônios as substâncias que produzem estes odores. Não faz muito tempo
que foi descoberto um feromônio humano radicado na transpiração.
Aparentemente, o centro deste feromônio se encontra nas axilas e nas zonas
anogenitais.
Estes aromas sexuais, de acordo com as informações obtidas, podem
transformar-se em um poderoso afrodisíaco. O odor da transpiração, o aroma dos
genitais e determinadas substâncias que emanam do corpo humano com
características distintas, compõem um universo de odores que predispõem à
prática sexual como se fosse o melhor dos afrodisíacos. A vantagem é que, neste
caso, não existe nenhum tipo de contra-indicação e, para seu uso, tudo vai
depender do tipo de relação que se estabeleça com o seu parceiro.
Vale a pena ressaltar que, de acordo com os estudos, acredita-se que os
melhores afrodisíacos são a boa saúde, os exercícios físicos, o amor e a ausência
de estresse. A mente é o afrodisíaco mais potente. O verdadeiro poder, segundo
os estudos, está na mente e que, portanto, se alguém consome determinados
57

alimentos com a convicção de que podem ajudá-lo em seu desempenho sexual,


os resultados podem ser os esperados.
Afirma-se, ainda, que os maiores afrodisíacos sexuais somos nós mesmos,
e que é necessário descobrir e estimular o que se sente por outras pessoas e se
deixar levar pelos instintos. Esta é a melhor maneira de acender o desejo sexual.
A imaginação de cada um pode levar a conseguir as metas propostas, melhor que
qualquer alimento.
Não restam dúvidas de que cada pessoa é responsável por grande parte de
todas as reações que ocorrem em seus corpos, é necessário apenas que estejam
com todos os canais abertos e predispostos a embarcar neste jogo fascinante da
alimentação, da sedução e do prazer.
O capítulo seguinte, dá a oportunidade de analisar a relação existente entre
a gastronomia e o amor e o que leva a fazer esta associação em tantos
momentos de nossa existência.
58

6. A GASTRONOMIA E O AMOR:

“Arrependo-me das dietas, dos pratos deliciosos rejeitados por


vaidade, tanto como lamento as oportunidades de fazer amor
que deixei passar para me dedicar a tarefas pendentes ou por
virtude puritana. Passeando pelo jardim da memória, descubro
que minhas recordações estão associadas aos sentidos...”
(ISABEL ALLENDE, 2002)

Durante todas as pesquisas realizadas em torno deste tema, percebeu-se


que, continuamente, as pessoas buscam o alimento não apenas para satisfazer
uma necessidade fisiológica, mas também como uma fonte inesgotável de prazer,
capaz de proporcionar momentos agradáveis e inesquecíveis para quem os
compartilha.
Sobre esses momentos, Isabel Allende (2002, p. 17) recomenda que após
se preparar e servir um jantar delicioso, tendo a secreta tepidez do vinho e as
cócegas das especiarias percorrido os caminhos do sangue e a antecipação das
carícias ruborescido a pele, é necessário parar alguns minutos para que os
amantes possam valorizar cada um dos sentidos que foi aguçado primeiramente
com a comida e, em seguida, com o envolvimento. Isto faz com que cada
encontro seja muito mais que um mero encontro. Trata-se de prolongar o prazer,
pois o ímpeto amoroso ganho com o jantar não deve ser desperdiçado, e a
pessoa tem a oportunidade de transformar algo às vezes tão trivial como o sexo
em uma ocasião inesquecível.
A autora segue dizendo que comer e copular dependem menos dos
sistemas digestivo e sexual que do cérebro, como quase tudo o que nos
acontece, que não passa de sonho, ilusão e engano. No que se refere à
alimentação e à sexualidade, a natureza exige um mínimo, bastante simples,
destinado à preservação do indivíduo e da espécie; as demais coisas são
ornamentos ou subterfúgios que inventamos para festejar a vida. E são esses
ornamentos e subterfúgios que dão graça aos nossos dias e nos impulsionam a
realizar as mais diversas fantasias em busca do prazer de viver.
Isabel Allende (2002, p. 33), argumenta que se os livros de culinária devem
fazer parte da sua biblioteca, os de erotismo também devem, pois embora
pensemos que sempre sabemos de tudo, na verdade temos muito mais a
aprender, principalmente no que se refere ao amor. Pois o amor, assim como a
59

sorte, chega quando não é chamado, instala-nos na confusão e se desmancha


como neblina quando tentamos retê-lo. Do ponto de vista de seu valor estimulante
é, portanto, luxo de uns tantos afortunados, mas inatingível para os que não foram
feridos pelo seu dardo.
A autora sugere que a variedade, tanto no cardápio quanto no ardor
amoroso, é um grande estimulante e renovador, e que para isso não é preciso
esgotar a fantasia, pois tudo já foi inventado e experimentado; basta ter um
espírito curioso e alguma literatura estimulante.
Márcia Frazão (2003, p. 17), relata que no aconchego do fogo aprende-se
que a cozinha não é um espaço destinado apenas aos cozimentos. Nela se
aprende a criar perfumes e óleos aromáticos, a elaborar filtros amorosos com
vinhos, azeites, vinagres, flores e ervas. Aprende-se a arte dos sonhos, aprende-
se a misturar desejos com farinha e ovos e assá-los no forno do velho fogão. É na
cozinha que encontramos a perfeita harmonia com os quatro elementos, os cinco
sentidos e as iluminações do amor. É nela que a água se integra à terra e dá
origem aos pratos saborosos e aromáticos. Dentro dela o fogo arde no coração
dos amantes, e o vento arrepia os pêlos da luxúria. Na cozinha o alimento é
misturado aos desejos e delírios, originando alimentos que unem os amantes e
inspiram os encantamentos dos poetas.
É, por muitas vezes, inacreditável o poder de sedução que envolve a
gastronomia que, quando associada ao amor, torna-se simplesmente irresistível.
E faz de cada um de nós, simples mortais, vítimas perfeitas dos seus encantos,
aromas, texturas e sabores.
O capítulo seguinte fará uma reflexão final sobre tudo o que foi apresentado
no decorrer deste trabalho.
60

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Após esta deliciosa viagem pelo mundo dos afrodisíacos, da gastronomia e


do amor, concluiu-se que o homem, desde os seus primórdios, vem buscando
formas e fórmulas para incrementar a sua capacidade física e o seu desempenho
sexual, não apenas com o intuito de perpetuar a espécie, mas, principalmente,
procurando a satisfação dos seus desejos, na busca incessante do prazer.
Percebeu-se que a culinária afrodisíaca, nos dias atuais, além de estar
presente nos livros, encontra-se também em restaurantes especializados e, até
mesmo, em feiras livres onde ela se difunde através do conhecimento popular
que, muitas vezes, supervaloriza a função de alguns alimentos, endeusando-os
mais do que, verdadeiramente, possuem de propriedades afrodisíacas.
Esclareceu-se durante o trabalho, que os afrodisíacos são substâncias que
aumentam o apetite sexual e estimulam os cinco sentidos, proporcionando
sensações prazerosas e grande excitação. Tais substâncias geralmente estão
contidas nos alimentos, e estes alimentos podem ser classificados como
afrodisíacos não apenas pelas características químicas, mas também pela
raridade, pelos mitos e lendas envolvidos em sua história e pela forma fálica de
alguns alimentos. Mas tudo isto só terá realmente algum sentido se a pessoa que
o manipula e os que irão degustá-lo, tenham a predisposição para apreciar estes
alimentos como tal.
Viu-se que não existe um consenso sobre a existência ou não de alimentos
com poderes afrodisíacos. Mas isto não importa tanto, uma vez que grande parte
das pessoas tem consciência de que o poder afrodisíaco relaciona-se mais à
mente que ao corpo, e utilizam-se de todos os recursos, tais como, cores,
aromas, texturas, temperos e boas intenções para compor não apenas as
receitas, mas também todo um ambiente afrodisíaco.
Com o intuito de dar a mais ampla informação a respeito do tema,
enumeraram-se os afrodisíacos mais conhecidos, bem como os seus usos e
algumas curiosidades a seu respeito.
Observou-se, no decorrer do trabalho, que a humanidade vem ensaiando
sempre diversas possibilidades na eterna busca de novos estimulantes.
61

Pôde-se perceber que a exuberância da comida está em permanente


relação com a satisfação sexual, e para que isto ocorra, as pessoas lançam mão
de vários artifícios e estímulos que favoreçam a sensualidade. Uma vez que em
todas as culturas e em todas as épocas, um dos maiores objetivos sempre foi
encontrar a fórmula do eterno prazer, a substância que desse o poder, o desejo e
a potência para prolongar a intimidade sexual do ser humano.
O nosso corpo também é um potente afrodisíaco, quando bem cuidado e
bem trabalhado para este fim. Sabe-se que uma boa saúde, exercícios físicos e a
ausência de estresse são importantíssimos para que se obtenha o melhor dos
resultados nos jogos amorosos. Mas não se deve esquecer que a mente humana
é o mais potente de todos os afrodisíacos e cabe a cada pessoa aprender a
estimular e descobrir a melhor forma de encontrar o que, verdadeiramente, nos dá
prazer.
No que diz respeito à comida e ao sexo, viu-se que embora não sejam a
mesma coisa, estão intimamente ligados, já que as mais primárias necessidades
físicas. E tornou-se bastante interessante a relação que se fez entre os dois, uma
vez que comer e fazer amor são caminhos para a busca do prazer físico.
A necessidade que o homem tem de alimentar o organismo foi se
transformando em um prazer, em uma arte e também em uma ciência o que
ocasionou o surgimento da gastronomia que, como foi visto no decorrer do
trabalho, consegue transformar a comida numa ante-sala da sedução,
potencializando o poder de cada alimento e dando-lhe uma vestimenta
irresistivelmente sedutora.
É importante ressaltar que a exuberância da comida e o ambiente que a
acompanha são fatores determinantes para converter um prato em afrodisíaco,
juntando-se a tudo isto uma grande dose de fantasia e amor.
Ficou claro, no decorrer do trabalho, que a percepção do ser humano sobre
a alimentação e o amor, está muito mais concentrada em um plano filosófico do
que comprovadamente científico e tais percepções estão intimamente vinculadas
à cultura de cada povo.

Fez-se um apanhado geral dos mais diversos tipos de afrodisíacos e


buscou-se relacioná-los não apenas à gastronomia, mas a todos os sentidos que
62

envolvem desde a preparação do alimento até a sua degustação e a sua


apreciação.
Tais considerações, em momento algum chegam a esgotar o tema em
questão, acredita-se que um estudo muito mais amplo e aprofundado deveria ser
feito, não apenas pela curiosidade e complexidade do tema, mas também pela
escassa literatura científica existente, o que leva a sugerir que esta pesquisa
tenha a sua continuidade, principalmente nos aspectos relacionados à
gastronomia e o amor e como esta relação comida/sexo vem permeando a
existência humana.
Não restaram dúvidas de que as associações que se faz entre os alimentos
e os seus poderes afrodisíacos estão, muitas vezes, diretamente ligadas às
nossas fantasias. Como sabiamente nos disse Isabel Allende: “o maior de todos
os afrodisíacos é o amor”. Quando se está abastecido de amor, tudo é magia,
tudo é fantasia, tudo é sentimento, e tudo é incrivelmente afrodisíaco.
63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALLENDE, Isabel. Afrodite – Contos, Receitas e Outros Afrodisíacos. 2ª


Edição. Rio de Janeiro. Editora Bertrand Brasil. 2002.
CERVO, Amado e BERVIAN, Pedro, Metodologia Científica, Editora Prentice
Hall, 5ª Edição, São Paulo, 2002.
CUPPARI, Lilian, Nutrição – Nutrição Clínica no Adulto, Editora Manole Ltda,
São Paulo, 2002.
FRANCO, Ariovaldo. De Caçador a Gourmet. Uma História da Gastronomia.
São Paulo. Editora Senac. 2ª Edição. 2001.
FRAZÃO, Márcia. Amor se Faz na Cozinha. Rio de Janeiro. Editora Bertrand
Brasil. 2003.
JACKSON, Eve. Alimento e Transformação – Imagens e Simbolismo da
Alimentação. São Paulo. Editora Paulus, 1999.
LEAL, Maria Leonor de Macedo Soares. A História da Gastronomia. Rio de
Janeiro. Editora SENAC.DN, 1998.
NOGUEIRA, Márcia Ferraz. Gastronomia Mágica para o Amor. São Paulo.
Tornado Editorial. 2ª Edição. 2002.
WOOLGER, Roger J. e WOOLGER, Jennifer Barker. A Deusa Interior. São
Paulo. Editora Cultrix. 1999.

FONTES MIDIÁTICAS:
BLOOD, Anne. Massachusetts General Hospital-EUA. Disponível em
<http:/www.terra.com.es> . Acesso em: 03/04/2004.
DUEÑAS, Marta Figueroa de. Membro da Sociedad de Gastronomia y Enología
de España. Disponível em <http:/www.terra.es> . Acesso em: 03/04/2004.
GERSTNER, Lonise. Disponível em <http:/www.terra.com.br/internacional> .
Acesso em: 22/05/2004.
GUARITA, Heloísa. Disponível em <http:/www.terra.com.br/istoé/saúde> . Acesso
em: 01/05/2004.
HERNANDEZ, Juan. Colunista. Disponível em <http:/www.soyles.com.ar> .
Acesso em: 03/04/2004.
64

JENSEN, Bernard. Disponível em <http:/www.sapo.pt> . Acesso em: 20/04/2004.


MANHAES, Priscila. Disponível em <http:/www.luanegra.net>. Acesso em
12/04/2004.
MIRANDA, Ana Cristina Marques. Disponível em < http:/www.sapo.pt >. Acesso
em: 20/04/2004.
PASQUARELLI, Sheila. Disponível em <http:/www.zaz.com.br/istoegente/saúde>
.Acesso em: 25/04/2004.
PASSOS, Michelle Delboni dos. Universidade Federal de Ouro Preto-MG.
Disponível em <http:/www.terra.com.br/afrodisiac>. Acesso em: 22/04/2004.
PEÇANHA, Margarida. Disponível em <http:/www.unimeds.com.br> . Acesso em:
25/03/2004.
PETITINGA, Alessandra. Disponível em <http:/www.historiadeamor.com.br>.
Acesso em: 21/04/2004.
STEINBERG, David. Colunista e pesquisador. Disponível em
<http:/www.sexuality.org/davids.html> . Acesso em: 11/04/2004.
VOLPATTO, Rosane. Disponível em < http:/www.feiticoecia.blgspot.com>. Acesso
em: 01/04/2004.
ZATORRE, Robert. Universidade de McGill-Canadá. Disponível em
<http:/www.terra.com.es> . Acesso em: 03/04/2004.
65

Foto retirada do site: http://www.estadao.com.br/magazine/materias/2003/jun/10/141.htm


66

ANEXOS:

RECEITAS AFRODISÍACAS

A cozinha afrodisíaca é uma simbiose de diversos fatores.


De acordo com o Chef Luís Cintra, a combinação de alimentos apetitosos,
agradáveis aromas, mesa com velas, cristais e um bom vinho, criam o ambiente
ideal para a sedução e o prazer.
Seguem algumas receitas afrodisíacas desenvolvidas pelo Chef Luís Cintra:
MARISCOS E CAMARÕES COM LEITE DE COCO

Ingredientes:
1 kg de mariscos na concha
12 camarões médios limpos
1 cebola pequena picada
1 colher (sopa) de gengibre ralado
1 tomate pequeno cortado em cubinhos
1 colher (sopa) de coentro picado
1 colher (sopa) de cebolinha picada
¼ xícara de leite de coco
1 dente de alho picado
1 colher (sopa) de manteiga
sal e pimenta-do-reino

Modo de Preparo:
Lave bem os mariscos com uma escovinha. Reserve. Coloque em uma panela a manteiga, cebola,
gengibre e o alho picado. Refogue por 2 minutos e acrescente os mariscos. Tampe imediatamente
a panela e abaixe o fogo. Cozinhe até que os mariscos se abram e soltem seus líquidos. Os que
não abrirem devem ser descartados. Retire a tampa e acrescente os camarões. Cozinhe por 2
minutos e adicione o leite de coco, sal e pimenta-do-reino. Ferva por mais 3 minutos. Apague o
fogo e adicione o coentro, cebolinha e os cubinhos de tomate. Arrume um pouco dos camarões no
fundo dos pratos e coloque sobre eles alguns mariscos. Regue com o molho.
Fonte: Revista Água na Boca
Categoria: Frutos do mar Cozinha: Brasileira Temperatura: Quente
Dificuldade: Fácil
67

MORANGOS EM GASTRIQUE E CHAMPAGNE

Ingredientes:
500 g de morangos firmes
1/2 xícara de açúcar
1 colher (chá) de pimenta branca em grãos
1/4 xícara de vinagre branco
1/4 xícara de champanhe brut
1 maço de menta
creme de chantilly a gosto

Modo de Preparo:
Quebre grosseiramente os grãos de pimenta-do-reino e coloque-os em um apequena panela.
Acrescente o açúcar, vinagre e champanhe. Misture bem e leve ao fogo baixo, fervendo, por cerca
de 6 minutos, até obter ponto de caramelo leve. Reserve. Lave bem os morangos e retire os talos.
Coloque em uma tigela e despeje a redução de champagne sobre os morangos. Misture bem e
leve à geladeira por cerca de 2 horas. Na hora de servir, salpique com menta picada e cubra com
creme chantilly.

Dicas:
Para o chantilly, bata na batedeira 1 xícara de creme de leite fresco com 2 colheres (sopa) de
açúcar. Quando estiver firme, misture delicadamente ¼ colher (chá) de essência de baunilha.
Fonte: Revista Água na Boca
Categoria: Sobremesas: Doces Temperatura: Frio Dificuldade: Fácil

MUSSE DE CHOCOLATE COM LARANJA

Ingredientes:
para decorar
cereja tipo marasquino CICA

1 vidro de alimento à base de glucose de milho karo


350 g de chocolate meio amargo picado
2 colheres (sopa) de margarina DORIANA CREMOSA
4 claras
raspas de 1 laranja

Modo de Preparo:
1-Derreta o chocolate em banho-maria, junte a margarina DORIANA cremosa e misture. Reserve.
2-Em uma panela, coloque o alimento à base de glucose de milho KARO® e leve ao fogo médio
por 5 minutos. Reserve. 3-Bata as claras em neve e sem parar de bater, junte, aos poucos, o
68

alimento à base de glucose de milho KARO® e o chocolate, até formar uma mistura cremosa. 4-
Acrescente as raspas de laranja, misture e coloque em taças individuais. Decore com a cereja tipo
marasquino CICA e leve à geladeira por, no mínimo, 2 horas. Sirva em seguida.

Dicas:
Derreta o chocolate no microondas por 3 minutos na potência média.
Fonte: Revista Água na Boca
Categoria: Sobremesas: Doces Temperatura: Frio

NOZES PECAN AO CURRY

Ingredientes:
500 g de nozes pecan descascadas
3 colheres de sopa de molho inglês
1 colher de sopa de curry em pó
1 colher de sopa de sal
1 colher de chá de pimenta-do-reino

Modo de Preparo:
Coloque as nozes em uma tigela, regue com o molho inglês e misture bem. Acrescente os
temperos restantes e misture bem para envolver todas as nozes nos temperos. Aqueça o forno em
baixo (140 graus), coloque as nozes em uma assadeira e leve ao forno assando por cerca de 35
minutos. Apague o forno e deixe que as nozes esfriem dentro dele. Sirva como salgadinho
acompanhando aperitivos.
Fonte: Revista Água na Boca
Categoria: Acompanhamentos Temperatura: Morno Dificuldade: Fácil

OSTRAS AFRODISÍACAS

Ingredientes:
molho
1 colher de sopa de molho inglês
1/2 colher de chá de tabasco
1 colher de sopa de pasta de raiz forte
1/2 xícara de suco de tomate
2 colheres de sopa de suco de limão
1 colher de chá de cebola bem picada
1 colher de sopa de salsão picado
sal e pimenta do reino
12 ostras frescas
69

gelo triturado
gomos de limão

Modo de Preparo:
Compre somente ostras frescas e vivas de um fornecedor de confiança. Para abri-las coloque uma
a uma sobre um pano limpo, colocando o lado mais arredondado da ostra para baixo, introduza
uma faca pequena no meio da concha para separar as metades, torça a faca para fazer pressão
na concha e assim que sentir que a pressão aliviou, passe a faca em torno da concha para cortar
o músculo da ostra. Retire a parte superior da concha preservando o liquido da ostra na concha
inferior. Arrume as ostras na meia concha sobre uma camada de gelo triturado. Prepare o molho
batendo bem os ingredientes em um liqüidificador, coe em uma peneira fina e coloque em uma
molheira, sirva à parte acompanhando as ostras.
Fonte: Revista Água na Boca
Categoria: Frutos do mar Temperatura: Quente Dificuldade: Difícil

OSTRAS EMPANADAS

Ingredientes:
molho
1/2 xícara de molho de tomates
2 colheres (sopa) do líquido das ostras
3 colheres (sopa) de maionese
4 gotas de molho de pimenta vermelha
1 colher (sopa) de pasta de raiz forte
1 colher (chá) de mel
sal
18 ostras frescas médias
¼ xícara de fubá mimoso
2 colheres (sopa) de farinha de trigo
¼ colher (chá) de páprica picante
½ colher (chá) de sal
1 colher (sopa) de suco de limão
óleo para fritura

Modo de Preparo:
Abra as ostras e reserve o líquido e metade das conchas. Prepare o molho batendo os
ingredientes em um liqüidificador. Leve à geladeira. Retire as ostras das conchas e tempere com o
suco de limão e um toque de pimenta-do-reino. Reserve. Misture a farinha de trigo, fubá, sal e
páprica. Coloque em uma tigela. Aqueça óleo vegetal a 190°. Passe as ostras pela mistura de
fubá, retire o excesso e doure-as no óleo quente. Escorra em papel absorvente. Coloque uma
ostra em cada meia concha e sirva com o molho à parte.
Fonte: Revista Água na Boca
Categoria: Frutos do mar Cozinha: Brasileira Temperatura: Quente Dificuldade: Fácil
70

OVOS DE CODORNA PICANTES

Ingredientes:
sal
pitada de orégano
1 colher (chá) de vinagre
pimenta calabresa à gosto
4 colheres (sopa) de azeite de oliva
48 ovos de codorna
1 colher (sopa) de salsinha picada

Modo de Preparo:
Cozinhe os ovos em água fervente por 10 minutos. Escorra e coloque imediatamente em uma
tigela com água e gelo. Deixe esfriar completamente e descasque os ovinhos. Em um pequeno
recipiente, coloque o azeite de oliva, vinagre, pimenta calabresa e sal. Misture bem e despeje
sobre os ovos. Misture e salpique com salsinha e orégano. Leve à geladeira por 1 hora e sirva.
Fonte: Revista Água na Boca
Categoria: Saladas Cozinha: Brasileira Temperatura: Frio Dificuldade: Fácil

PAVÊ DE MARACUJÁ AO LEITE

Ingredientes:
20 biscoitos champagne
1 xícara (chá) de leite gelado
1 colher (sopa) de conhaque
1 caixinha de leite condensado gelado
1 caixinha de creme de leite gelado
1 xícara (chá) de suco de maracujá gelado
1/2 xícara (chá) de polpa de maracujá gelada
2 colheres (sopa) de açúcar de confeiteiro

Modo de Preparo:
Parta os biscoitos champanhe ao meio e reserve. Em uma tigela, coloque o leite e o conhaque e
misture bem. Passe os biscoitos pelo leite e distribua-os uniformemente em 7 taças individuais.
Reserve. Coloque no liqüidificador o leite condensado, o creme de leite e o suco de maracujá e
bata até obter um creme homogêneo e encorpado. Em seguida, despeje o creme sobre os
biscoitos e reserve. Em uma tigela pequena, coloque a polpa de maracujá, o açúcar e misture bem
até dissolver. Despeje a polpa sobre o creme e sirva. Se preferir, decore com folhas de hortelã.

Fonte: Revista Água na Boca


Categoria: Sobremesas: Doces Temperatura: Gelado Dificuldade: Média
71

Tempo de preparo: 15 min Rendimento: 7 porções


QUEIJO BRIE COM MEL E AMÊNDOAS

Ingredientes:
2 colheres de sopa de mel silvestre
1 queijo brie pequeno (200 g)
torradas de baguete
1 colher de sopa de amêndoas torradas e picadas
Modo de Preparo:
Coloque o queijo brie em um prato redondo. Leve ao microondas em potência máxima por 1 a 2
minutos, dependendo da potência do forno, ou até que o queijo esteja bem quente e macio. Retire
e regue imediatamente com o mel, salpicando com as amêndoas. Arrume as torradinhas em volta
do queijo e sirva bem quente.

Fonte: Revista Água na Boca


Categoria: Acompanhamentos Temperatura: Quente Dificuldade: Fácil

RISOTO AO CHAMPANHE

Ingredientes:
1 e 1/2 xícara (chá) de arroz arbóreo
3 colheres (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) de azeite de oliva
3 talos de alho-poró em rodelas
1 xícara (chá) de champanhe
1 colher (sopa) de sálvia desidratada
sal a gosto

Modo de Preparo:
Aqueça a manteiga e o azeite em uma panela. Adicione o alho-poró e frite por 7 minutos em fogo
baixo, ou até murchar e ficar dourado. Acrescente o arroz e frite por mais 3 minutos. Em outra
panela, coloque o champanhe e 2 xícaras (chá) de água e leve ao fogo alto. Assim que levantar
fervura, despeje no arroz. Junte a sálvia, acerte o sal e cozinhe em fogo baixo por 17 minutos, ou
até o arroz ficar al dente. Retire do fogo e sirva. Se preferir, salpique mais sálvia e queijo ralado.

Dicas:
O champanhe de todas as receitas pode ser substituído por sidra.

Fonte: Revista Água na Boca

Categoria: Grãos e Massas Cozinha: Brasileira Temperatura: Quente


72

Dificuldade: Fácil Tempo de preparo: 40 min Rendimento: 5 porções


SANGRIA DE MORANGOS

Ingredientes:
750 ml de vinho tinto leve
250 ml de vinho branco frisante seco
200 ml de conhaque
4 colheres (sopa) de calda de açúcar
2 laranjas
250 g de morangos maduros

Modo de Preparo:
Misture 750 ml de vinho tinto leve com 250 ml de vinho branco frisante seco e 200 ml de
conhaque. Acrescente 4 colheres (sopa) de calda de açúcar (metade água e metade açúcar), 2
laranjas cortadas em fatias de e 250 g de morangos maduros. Coloque na geladeira por pelo
menos 2 horas antes de servir.

Fonte: Revista Água na Boca

Categoria: Bebidas Cozinha: Brasileira Temperatura: Frio Dificuldade: Fácil

YAM SOM THAM

Ingredientes:
2 mamão papaia bem verdes
1 dente de alho pequeno
1 pimenta dedo-de-moça pequena
2 colheres de sopa de suco de limão
1/4 de limão sem semente
1 colher de sopa de açúcar mascavo
2 colheres de sopa de nam pla
1 colher de sopa de camarão seco picado
1 colher de sopa de amendoim torrado
folhas de coentro para decorar
alface crespa para montagem
tomate para a montagem

Modo de Preparo:
73

Descasque os mamões e rale-os no ralo grosso. Coloque em um recipiente e reserve. Coloque em


um pilão o dente de alho e a pimenta sem as sementes e o camarão seco, soque levemente,
acrescente o açúcar mascavo e o suco de limão, continue socando e acrescente o ¼ de limão
com a casca, coloque o nam pla * Coloque este molho sobre o mamão ralado e misture bem,
salpique com o amendoim torrado sem pele e sem sal. Decore com folhas de coentro e se desejar
sirva a salada acompanhada de tomates cortados em 4 e folhas de alface. * Nam pla é um
fermentado à base de peixe utilizado na Tailândia, pode-se preparar um substituto misturando 1
xícara de água fervente com 1 colher (chá) de açúcar mascavo, 1 colher (sopa) de shoyu e 2 filés
de anchovas bem lavados e picados. Misture bem e deixe descansar por 8 horas, coe em um filtro
de papel e conserve em geladeira.
Fonte: Revista Água na Boca
Categoria: Saladas Cozinha: Tailândia Temperatura: Frio Dificuldade: Fácil

SPAGHETTI ALLE VONGOLE CON POMODORO

Ingredientes:
400 g de espaguete
400 g de tomates cereja
1 kg de vongoles na concha
1/4 de xícara de vinho branco seco
4 colheres de sopa de azeite de oliva
4 dentes de alho
1 pimenta dedo-de-moça pequena
2 colheres de sopa de salsinha picada
sal e pimenta do reino

Modo de Preparo:
Lave bem os vongoles e coloque-os de molho em 2 litros de água com 4 colheres (sopa) de sal.
Deixe que fiquem nessa solução por 30 minutos. Lave-os novamente e reserve. Corte os
tomatinhos ao meio e esprema levemente para retirar as sementes. Reserve as metades. Pique
finamente os dentes de alho e corte a pimenta dedo-de-moça em fatias finas. Em uma panela
grande e com tampa, aqueça o azeite de oliva e acrescente o alho picado e a pimenta. Refogue
por 2 minutos e acrescente os vongoles nas conchas. Misture rapidamente e tampe a panela,
abaixe o fogo e cozinhe até que todas as conchas se abram. As que não se abrirem devem ser
descartadas. Cozinhe os espaguetes em água fervente. Regue os vongoles com o vinho branco e
deixe que evapore um pouco. Acrescente os tomatinhos, sal e pimenta-do-reino, Misture
rapidamente e salpique com a salsinha. Escorra a massa e acrescente-a ao molho. Misture bem e
sirva regando com um fio de azeite de oliva.

Fonte: Revista Água na Boca

Categoria: Grãos e Massas Cozinha: Italiana Temperatura: Quente Dificuldade: Média


74

ZABAIONE AO CHAMPANHE

Ingredientes:
15 gemas
12 colheres (sopa) de açúcar
9 colheres (sopa) de champanhe

Modo de Preparo:
Bata as gemas e o açúcar na batedeira por 5 minutos, ou até formar um creme esbranquiçado.
Junte o champanhe e bata por mais 1 minuto. Transfira para um refratário e apoie-o em uma
assadeira com água. Leve ao fogo alto por 10 minutos. Retire, deixe esfriar e sirva gelado com a
Torta de Maçã.
Fonte: Revista Água na Boca

Categoria: Sobremesas: Doces Temperatura: Gelado Dificuldade: Fácil

ZABAIONE AO MARSALA

Ingredientes:
4 gemas
6 colheres (sopa) de açúcar
6 colheres (sopa) de vinho marsala seco

Modo de Preparo:
Coloque as gemas em uma tigela de inox que possa ir ao banho-maria, acrescente o açúcar e
bata energicamente com uma colher de pau até obter um creme liso, espumoso e aveludado.
Acrescente aos poucos o vinho e misture, leve ao banho-maria batendo ininterruptamente com um
batedor (fouet) até que o creme esteja bem aerado e cozido. Atenção, pois a água do banho-maria
não deve ferver. Despeje em taças individuais e sirva morno ou gelado acompanhando de
biscoitos ou uvas. Pode substituir o Marsala por vinho do Porto ou vinho Izidro seco.
Fonte: Revista Água na Boca
Categoria: Sobremesas: Doces Cozinha: Italiana Temperatura: Frio Dificuldade: Fácil
75

UM JANTAR AFRODISÍACO:

Receitas do Chef Eric Thomas, do restaurante Tantra em São Paulo:

ENTRADA:
PAPILOTE DE PALMITO
Ingredientes (para duas pessoas):
• 200g de palmito fatiado
• 1 colher (chá) de pimenta dedo-de-moça
picada
• 1 colher (sopa) de abacaxi picado
• 2 colheres (sopa) de alho-poró fatiado
• 1 colher (sobremesa) de manjericão
• ½ colher (sobremesa) de cebolinha
• 1 colher (sobremesa) de alecrim
• 1 colher (café) de alho picado
• 1 colher (sobremesa) de manteiga
• 1 dose "mirim" de saquê
• Sal a gosto
Preparo:
Misture todos os ingredientes. Faça um envelope de papel alumínio (com duas dobras). Deposite
a mistura dentro do envelope, feche e leve a uma chapa quente ou frigideira de fundo grosso por
cinco minutos.

PRATO QUENTE:
SALMÃO AFRODISÍACO
Ingredientes (para duas pessoas) :
• 400g de filé de salmão fatiado
• 150g de alho-poró picado
• 150g de pimentão vermelho fatiado
• 2 ½ colheres (sopa) de molho de ostras
• 2 ½ colheres (sopa) de caldo agridoce
• 1 colher (sopa) de gergelim
• 1 colher (sopa) de cebolinha
• ½ colher (sopa) de pimenta vermelha
Preparo:
Junte o salmão e o pimentão fatiados aos temperos e molhos, leve-os a uma chapa quente ou
frigideira de fundo grosso e com uma espátula misture-os cuidadosamente por alguns minutos. Se
preferir, regue-os com azeite antes de servir.
76

SOBREMESA:
POTE DE VÊNUS
(Receita extraída do livro Gastronomia Mágica
para o Amor, de Márcia Ferraz Nogueira)
Ingredientes (quatro porções) :
• 4 ovos
• 400g de chocolate
• 2 folhas de gelatina branca
• ½ xícara de café de água
• 1 lata de creme de leite sem soro
• 2 mangas médias
Preparo:
Separe as gemas dos ovos e reserve as claras. Bata as gemas até que cresçam e fiquem claras.
Enquanto isso, derreta o chocolate em banho-maria e dissolva a gelatina na água. Sem parar de
mexer as gemas, acrescente a gelatina dissolvida, o creme de leite e o chocolate derretido.
Depois, misture delicadamente as claras batidas em neve. Derrame em uma travessa funda e leve
à geladeira até ficar com a consistência de musse. Corte as mangas em fatias com forma de meia-
lua e, quase na hora de servir, cubra a musse com elas.

Você também pode gostar