Você está na página 1de 5

RESUMO DE ECONOMIA

As falhas do mercado

Daniel Contarini Salgado Ferreira


Direito Noturno
Sala: 660
Prof: Maria das Graças / Economia Geral
Considerações Introdutórias
Neste capítulo será colocado, numa posição intermédia, a constatação histórica
e a abordagem analítica, e o funcionamento dos sistemas econômicos fundamentais.
Ambas mais próximas do Direito do que da Economia.

Rigidez de fatores
A mobilidade dos fatores de produção, que é uma presunção básica para a
funcionalidade dos mercados, tem uma importante capacidade de autocorreção do
mercado, chamado de automatismo.
Altos preços do café , por exemplo, normalmente levam à plantação de extensos
cafezais, todavia, a plantação demora até 5 anos para entrar em fase de produção, o
que causa uma superprodução e provoca uma baixa nos preços.
A substituição do café por outras culturas tem sido - em grande número de casos
- estimulada ou facilitada pelos governos, como ocorreu em São Paulo no fim da
década de 1930, quando o algodão substituiu o café em algumas terras de produção,
até então cafeeiras. Esse processo ocorreu, não só com o café, mas também com o
cacau, arroz, madeira e também o petróleo, até que este passasse a ser monopólio da
União.
A grande crise econômica de 1929, iniciada nos Estados Unidos, alastrou-se por
quase todo o mundo, a qual gerou desemprego em massa, achatamento salarial e
diversas outras consequências. O economista inglês Lord Keynes mostrou ser possível
haver o equilíbrio em subemprego e que , ao contrário do que se acreditava, não
haveria forças automáticas de mercado aptas a levar a economia de volta ao plano
emprego.

Acesso às informações relevantes


Havia a clássica crença de que o preço era a informação essencial que daria o
sinal inconfundível da escassez ou da abundância, das características e informações
dos produtos nele negociados. Com isso, a notícia de uma geada numa grande área
produtora de café, por exemplo, acarretaria numa alta de seus preços diante da
perspectiva de escassez na próxima safra. É possível também que, essa notícia não se
espalhe, e aqueles que a possuem irão comprar o produto para se locupletarem com a
futura alta, à custa daqueles que não ficaram à par da futura geada.

As informações e o Direito - São muitas as normas legais que obrigam determinados


agentes econômicos a prestarem às partes interessadas as informações relevantes
para tomada de decisões.
Com a moderna tecnologia , os produtos diversificam-se de forma acentuada, o
que causa ao consumidos algumas dúvidas quanto à procedência dos produtos
oferecidos, como ocorre com o cigarro e até mesmo com automovéis, quando estes
são levado posteriormente ao sistema do recall.
O Brasil conta com o chamado “Código do Consumidor” - Lei 8.058/90 - que
consiste na obrigatoriedade dos produtores e vendedores, a informar aos consumidores
quanto aos perigos, efeitos e propriedades dos bens oferecidos ou anunciados.

A concentração econômica
É muito específico o conceito de grande ou pequena unidade em economia. O
que determina se uma empresa é grande ou pequena é sobre a capacidade da mesma
influir nas condições do mercado.
É fácil imaginar que se um vendedor de uma feira ausentar por um dia do
trabalho, não levará a qualquer alta dos preços dos produtos oferecidos pelo tal
vendedor, pois os concorrentes suprirão os artigos demandados. Porém, não se pode
dizer o mesmo de uma empresa automobilística que venha a abandonar a produção, tal
impacto será notado no simples ato da decisão.

As economias de escala- Economia de escala é o processo pelo qual reduz de forma


acentuada, o preço unitário de produção, ou melhor, o custo unitário, à medida que
o volume produzido aumenta, isto é, a escala de produção. Exemplo disso é o preço
acessível de eletrodomésticos , automóveis e tantos outros, o que caracteriza uma
evolução tecnológica.
As economias de escala decorrem das chamadas indivisibilidades técnicas, ou
seja, a inviabilidade econômica de se produzirem equipamentos para serem aplicados a
um número reduzido de peças. Sendo assim, ou comporta-se uma produção em série
ou não são adotados.

Demais causas da concentração - Os monopólios ou oligopólios naturais também


são fatores que conduzem à concentração. Um exemplo, no caso de prestação de
alguns serviços públicos, por não ser imaginável várias empresas, todas com tubulação
própria, fornecendo água para o mesmo local.

A falha estrutural - A estrutura prevista para o funcionamento do mercado passa a


não corresponder ao que é verificado na maioria dos mercados, pois a concentração
representa uma falha de estrutura do sistema de mercado a inibir os mecanismos
decisores e controladores do mercado.

A concentração econômica e o Direito - Nos países do Ocidente existem leis para


combater ou suavizar o poder controlador dos oligopólios e monopólios, e também a
tutelar a concorrência, que visam impedir as práticas comerciais abusivas. Exemplo
disso é o cartel, acordo entre vendedores para a fixação de preços comuns.

Externalidades
Esse fenômeno e o da concentração formam um dos pontos fracos do sistema
de mercado. Ele decorre do fato de que quando , em uma atividade econômica, todos
custos e os respectivos benefícios recairem sobre a unidade responsável pela sua
condução. Tal fato é sério empecilho ao funcionamento do sistema, pois grande parte
de todo o cálculo econômico dos centros decisórios passa a ser viciado por não poder
incorporar todas as informações relevantes.
As externalidades correspodem a custos e benefícios circulando externamente
ao mercado, ao efeitos ocorridos fora do mercado, externos ou paralelos a ele,
podendo ser vistos como efeitos parasitas.

Externalidades negativas- Esses tipo de externalidade é também chamado de custo


externo ou custo social e é caracterizada por originar algum custo para alguém.
Exemplos de externalidades negativas são: os riscos de acidente de trabalho,
as “doenças profissionais” adquiridas por atividades insalubres, etc..

Externalidades positivas - Esse tipo de externalidade é caracterizada por beneficiar


alguém, chamado também de benefício social. Exemplos disso são: uma fábrica
que, ao se instalar numa região de baixo nível econômico e social, promove
desenvolvimento para o local. Outro exemplo é o apiário instalado próximo a um pomar
de cujas flores as abelhas sugam o néctar, o que melhora a produção da planta.

Natureza e causas das externalidades- Decorre e uma separação entre escassez


e propriedade. A propriedade privada, quer de produção, quer de consumo, embora
os preços do mercado. A escassez impõe uma contenção no uso do bem escasso,
contenção essa que só é obtida pela imposição do preço, sendo assim, a ausência da
propriedade torna-se impossível.

A externalidade e o Direito - O Direito Urbanístico e o Direito Ambiental são dois ramos


importantes que, encontraram no fenômeno da externalidade, sua base e justificativa,
por proporem-se a realizar a tarefa de promover a internalização daqueles custos
pela suas unidades geradoras, ou então, impedir a própria geração desses custos. No
campo do Direito Trabalhista,por exemplo, aplica-se normas que asseguram segurança
e higiene no trabalho, bem como condições que visam à incolumidade de um modo
geral.

Bens coletivos
Os bens coletivos podem atender concomitantemente à necessidade de um
grupo mais ou menos amplo de pessoas e, até mesmo dos cidadãos de um país, como
um todo. Um exemplo, embora não seja econômico, é o ar. O ar atende a todos, e
mais ar para um não significa menos ar para outro. Outro exemplo é a defesa nacional,
a segurança que ela oferece é igual para todos.
A falha do mercado no caso dos bens coletivos é pela falta de sinal decorrente
da ausência de incentivos desse tipo de necessidade, a qual deve ocorrer pelos canais
de representação política.

Consequências das falhas de mercado


Rejeitado da economia pelos postulados do liberalismo, o poder público dele
saiu pela porta da frente, mas voltou gradualmente pelos fundos, e este reingresso,
nem sempre desejado, mas resultado de uma grande necessidade, e assim o poder
público foi fazendo parte do processo decisório do mercado, impedindo consequências
indesejáveis do seu funcionamento e agindo de forma corretiva quanto às limitações
dos diferentes tipos de mercado.

Bibliografia
Bruna, S.V. o poder econômico, São paulo, 1997
Campos, M.V. Código de Defesa do Consumidor: uma avaliação da perspectiva
empresarial. São Paulo, 1991.
Forgioni, P.A. Funcamentos do “antitruuste”. São paulo, 1996
Lajugie, J. Os Sistemas econômicos. Engrewood Cliffs, 1974
North, Douglass C. INstituions, institutional change and economic performance,
Cambridge University Press, 1990
NUSDEO, F. “Ambiente”. In Enciclopédia Saraiva de Direito. São Paulo, 1977.
_____. “Custo Social”. In Enciclopédia Saraiva de Direito, São paulo, 1979.
_____. Fundamentos para uma codificação do Direito Econômico. RT, São paulo,
1997, Caps 1 e 2.
NUSDEO, A. M. de Oliveira. “Agências reguladoras e concorrências”. In: SUNDFELD,
Carlos Ari (coord.) Direito administrativo econômico. São Paulo, 2000.p. 159-189
WILLIAMSON, Oliver E. Markest and hierarchies: analysis and antitrust implications,
New York: Free Press, 1975.
______. The conomics institutuions of capitalism. New York: Free Press, 1985

Você também pode gostar