Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Este trabalho apresenta o desenvolvimento teórico sobre a análise de projetos de exploração e produção
de petróleo, desde a avaliação econômica tradicional através do Fluxo de Caixa Descontado até a
apresentação da Teoria da Utilidade Multiatributo (MAUT), que possibilita a consideração dos riscos e
incertezas típicos dos investimentos internacionais no setor upstream do petróleo em um novo ambiente
competitivo entre as firmas. Por fim, o trabalho inclui um estudo de caso sobre a aplicação da MAUT
na priorização de dez oportunidades exploratórias offshore ao redor do mundo oferecidas a uma
multinacional brasileira fictícia de acordo com as preferências dos tomadores de decisão sobre aspectos
operacionais, políticos e tecnológicos.
Abstract
1. Introdução
2. Teoria da Utilidade
U ( x) = −e − cx (5)
Alguns prospectos exigem grandes inovações tecnológicas para tornar sua produção viável.
No entanto, muitas empresas decidem enfrentar o ônus financeiro de um enorme desafio
tecnológico, ou seja, o risco tecnológico, motivadas por um objetivo maior de diferenciação
4. Estudo de Caso
Durante a década de 80, Walls et al. (1996) realizaram um estudo empírico nas 18 maiores
companhias de petróleo e verificaram que, de um modo geral, elas apresentam tolerância ao
risco operacional (T) igual a um quarto do seu capital exploratório anual (K), expresso em
milhões de dólares. Como o capital exploratório anual da companhia fictícia é de US$ 400
milhões, seu coeficiente de aversão ao risco operacional (c) é igual a:
1 4 4
c= = = = 0, 01
T K 400
Partiremos agora para o cálculo do Equivalente Certo e do nível ótimo de participação em
cada um dos projetos nacionais, como demonstraremos a seguir para o projeto angolano.
Aplicando a fórmula (9) aos níveis de participação em um intervalo de 10%, construímos o
gráfico da Figura 1, permitindo-nos definir visualmente o nível de participação (np) que
maximiza o Equivalente Certo do projeto.
1
EqC (np) = − ln ( pe− c (VPL ) np + (1 − p )e− c ( −C ) np ) (9)
c
Angola
60
50
40
EqC (milhões de US$)
30
20
10
0
-10 0% 20% 40% 60% 80% 100%
-20
-30
Nível de Participação
Angola Argentina Canadá Casaquistão China EUA Nigéria Reino Unido Rússia Venezuela
0.90 0.80
0.80 0.70
0.70 0.60
0.60
0.50
0.50
VEU
VEU
0.40
0.40
0.30
0.30
0.20 0.20
0.10 0.10
0.00 0.00
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Nível de Participação Nível de Participação
Os resultados de nossa avaliação de risco político por informações e indicadores, que estão
na Tabela 3 apresentados em uma escala de 0 a 100 – onde 0 representa risco mínimo e 100
risco máximo –, foram divididos em quatro aspectos: político, econômico, comercial/
mercadológico e social, considerados pelos tomadores de decisão com igual importância em
cada um dos países.
Apresentamos então a Tabela 4, que consolida os resultados obtidos para cada um dos cinco
fatores analisados, com adequadas ponderações, e também explicita o risco político final de
cada um dos projetos nacionais.
Quanto maior o grau de controle sobre a mídia e menor a experiência operacional da empresa
ou de outras multinacionais do petróleo na região, maior foi importância e peso dados à
percepção da realidade local pelos executivos da companhia e menor às avaliações por
informações e indicadores.
Consideramos que a função-utilidade da companhia é a mais freqüente entre os tomadores de
decisão do setor petrolífero mundial, e, além disso, que o coeficiente de aversão ao risco
político é duas vezes superior ao operacional. Isso se deve ao fato de que, para a empresa
fictícia, uma situação de intervenção do governo local sobre sua atividade produtiva é duas
vezes mais temida que uma outra de fracasso exploratório motivado por variáveis
operacionais.
Apresentamos a utilidade do risco político, cuja obtenção pode ser vista em Margueron
(2003) (ver Anexo 3)
e −2c (91,56) − e−2c ( RP )
U ( RP ) = (12)
e −2c (91,56) − e−2c (23,84)
Na definição das duas constantes de escala kop e kpol, que assumem valores de 0 a 1 e
somadas são iguais à unidade, devemos buscar o mesmo número de situações de indiferença
para os tomadores de decisão, ou seja, que fiquem igualmente satisfeitos entre duas
oportunidades de negócio apresentadas. O resultado foi que eles se consideraram igualmente
preferíveis entre o maior VPL do projeto no Casaquistão e um menor risco político na
Argentina para sua empresa multinacional. Sendo assim, pudemos definir que:
U op , pol (VPLCas , RPCas ) = U op , pol (VPLArg , RPArg )
U op , pol (350; 70, 04) = U op , pol (280;62, 20)
kop × U op (350) + k pol × U pol (70, 04) = kop × U op (280) + k pol × U pol (62, 20)
kop + k pol = 1
kop = 0,88965
k pol = 0,11035
Angola Argentina Canadá Casaquistão China EUA Nigéria Reino Unido Rússia Venezuela
0.80 0.80
0.70 0.70
0.60 0.60
0.50 0.50
VEU
VEU
0.40 0.40
0.30 0.30
0.20 0.20
0.10 0.10
0.00 0.00
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Nível de Participação Nível de Participação
Figura 3 – Gráficos dos Valores Esperados das Utilidades operacional e política (VEUop,pol,).
Angola Argentina Canadá Casaquistão China EUA Nigéria Reino Unido Rússia Venezuela
0.80 0.80
0.70 0.70
0.60 0.60
0.50 0.50
VEU
VEU
0.40 0.40
0.30 0.30
0.20 0.20
0.10 0.10
0.00 0.00
0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100%
Nível de Participação Nível de Participação
Figura 4 – Gráficos dos Valores Esperados das Utilidades operacional, política e tecnológica
(VEUop,pol,tec).
5. Conclusões
Apresentamos a Teoria da Utilidade Multiatributo com três atributos que jamais haviam sido
integrados em um único modelo. Incorporamos a função-utilidade tecnológica desenvolvida
a partir de Suslick et al. (2001) no modelo multiatributo de Nepomuceno (1997), que
apresentava apenas as variáveis operacionais e políticas.
Chegamos à conclusão de que a priorização de investimentos em um setor como o de
petróleo requer a participação de um grupo bastante multidisciplinar para a consideração de
todos os aspectos que podem influenciar no futuro, positiva ou negativamente, a geração de
fluxo de caixa de um projeto exploratório internacional.
Agradecimentos
Referências Bibliográficas
(1) Cozzolino, J.M. (1977). Management of oil and gas exploration risk. West Berlin,
Cozzolino Associates.
(2) Folha de São Paulo (2002). Corrupção piora na América Latina, diz ONG. 29/08/2002.
(3) Global Invest (2003). Rankings soberanos das principais agências de classificação de
risco. Relatório Mensal de Janeiro de 2003. Material consultado na Internet:
<http://www.globalinvest.com.br/relatorios/Cenar%20jan-03.pdf>
(4) Gomes, L.F.A.M.; Gomes, C.F.S. & De Almeida, A.T. (2002). Tomada de Decisão
Gerencial: Enfoque Multicritério. 1ª ed., Ed. Atlas S.A, São Paulo.
(5) Hargreaves, D.; Eden-Green, M. & Devaney, J. (1994). World index of resources and
population. England, Dartmouth.
(6) Margueron, M.V. (2003). Processo de Tomada de Decisão sob Incerteza em
Investimentos Internacionais na Exploração & Produção de Petróleo “Offshore”: Uma
Abordagem Multicritério. Tese de M.Sc., COPPE/Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ.
(7) Margueron, M.V. & Carpio, L.G.T. (2003). Processo de Tomada de Decisão em
Projetos Internacionais de Risco na Exploração & Produção “Offshore” de Petróleo:
Um Enfoque Multicritério. Anais do XXXV Simpósio Brasileiro de Pesquisa
Operacional, 1821-1832.
(8) Nepomuceno, F. (1997). Tomada de Decisão em Projetos de Risco na Exploração de
Petróleo. Tese de D.Sc., Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.
(9) Newendorp, P.D. (1975). Decision Analysis for Petroleum Exploration. 1ª ed.,
PPC Books, Oklahoma.
(10) Suslick, S.B.; Furtado, R. & Nepomuceno, F. (2001). Integrating Technological and
Financial Uncertainty for Offshore Oil Exploration: An Application of Multiobjetive
Decision Analysis. Report SPE 68579, Society of Petroleum Engineers (SPE).
(11) The World Factbook (2002). Publicação da CIA. Material consultado na Internet:
<http://www.odci.gov/cia/publications/factbook>
(12) Walls, M.R. (1995). Corporate risk tolerance and capital allocation: a practical
approach to implementing an exploration risk policy. Jorn. of Petroleum Technology,
47(4), 307-311.
(13) Walls, M.R. & Dyer, J.S. (1996). Risk propensity and firm performance: A study of the
petroleum exploration industry. Management Science, 42(7), 1004-1021.
Anexo 1
p U (VPL1)
(1-p)
U (VPL2)
U (EqC)
1
(
EqC = − ln pe− c (VPL1 ) + (1 − p )e− c (VPL2 )
c
)
Ao considerarmos o nível ótimo de participação (np) em cada um dos projetos passamos a
trabalhar com a equação (6).
1
(
EqC (np ) = − ln pe − c (VPL1 ) np + (1 − p )e − c (VPL2 ) np
c
) (6)
Anexo 2
p 1000
(1-p)
(-100)
EqC
Figura 6 – Árvore de decisão para se definir a função-utilidade do Equivalente Certo.
e − c ( −100) − e− c ( EqC )
VEU op = U ( EqC ) =
e − c ( −100) − e− c (1000)
Anexo 3
p 23,84
(1-p)
91,56
RP0
Figura 7 – Árvore de decisão para se definir a função-utilidade política normalizada.