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TEORIA

GERAL DO DIREITO CIVIL II

RELAÇÃO JURÍDICA, COISAS E PATRIMÓNIO

 OBJECTO DA RELAÇÃO JURÍDICA – é o quid sobre que incidem os poderes do


seu titular activo, isto é, todo o quid, todo o ente, todo o bem sobre que pode recair
direitos subjectivos.
 OBJECTO – é aquilo sobre que recaem os poderes do titular do direito.
 Objecto Imediato – do direito do credor (exemplo) é o comportamento
do próprio devedor (a prestação).
 Objecto Mediato – própria coisa que deve ser dada ao credor.
 CONTEÚDO – conjunto dos poderes ou faculdades que o direito subjectivo
comporta.

 PATRIMÓNIO – conjunto de relações jurídicas activas e passivas (direitos e


obrigações) avaliáveis em dinheiro de que uma pessoa é titular (património global).
 PATRIMÓNIO BRUTO OU ILÍQUIDO – conjunto de direitos avaliáveis em dinheiro,
pertencentes a uma pessoa, abstraindo, portanto, das obrigações.
 PATRIMÓNIO LÍQUIDO – o saldo patrimonial.
 PATRIMÓNIO AUTÓNOMO OU SEPARADO - na esfera jurídica de uma pessoa nem sempre
existe somente um património, temos também um conjunto de relações
patrimoniais submetido a um tratamento jurídico particular, como se fosse de
uma pessoa diferente, tendo assim presente o património autónomo ou
separado. Sendo que o património tem como base a resposta às dívidas do seu
titular, o património autónomo ou separado será, assim, o que “responde por
dívidas próprias”, isto é, só responde e responde só ele por certas dívidas.
 PATRIMÓNIO COLECTIVO – surge quando um único património tem vários sujeitos, ou
seja, duas ou mais pessoas, que possuem – cada uma – o seu património que
lhes pertence globalmente.
 CONTEÚDO – conjunto dos poderes ou faculdades que o direito subjectivo
comporta.

 COISA – “diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objecto de relações jurídicas.” As
coisas, no sentido jurídico do art. 202º devem apresentar as seguintes
características:
 Existência autónoma ou separada;
 Possibilidade de apropriação exclusiva por alguém;
 Aptidão para satisfazer interesses ou necessidades humanas.

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FACTOS JURÍDICOS

 FACTOS JURÍDICOS – são todos os actos ou acontecimentos naturais relevantes


juridicamente, são relevantes porque produzem efeitos jurídicos.
 FACTOS VOLUNTÁRIOS OU ACTOS JURÍDICOS – resultam da vontade como elemento
juridicamente relevante, as acções humanas são tratadas pelo Direito como
manifestações de vontade.
 Lícitos – são contrários à ordem jurídica e reprovados por esta,
deliberando uma sanção para o autor.
 Ilícitos – são conformes à ordem jurídica e consentidos por esta.
 FACTOS INVOLUNTÁRIOS OU NATURAIS – são estranhos a qualquer processo valorativo,
resultam de causas naturais sendo independentes da vontade.

 FACTOS VOLUNTÁRIOS:
 NEGÓCIOS JURÍDICOS – são factos voluntários cujo núcleo essencial se traduz em
uma ou mais manifestações de vontade a que o ordenamento jurídico atribui
efeitos concordantes com o conteúdo da vontade de ambas as partes. Os efeitos
dos negócios jurídicos produzem-se ex voluntate.
 SIMPLES ACTOS JURÍDICOS – são factos voluntários cujos efeitos se produzem mesmo
que não tenham sido previstos ou queridos pelos seus autores, embora haja
várias vezes concordância entre a vontade destes e os efeitos produzidos. Os
efeitos dos simples actos jurídicos produzem-se ex lege.
 Quase Negócios Jurídicos – resultam da manifestação exterior de
vontade (art. 805º nº1).
 Actos Reais ou Operações Jurídicas – resultam da efectivação
ou realização de um resultado material ou factual ao qual a lei atribui
determinado efeito jurídico (criação artística, inovação industrial,
descoberta de um tesouro).

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AQUISIÇÃO, MODIFICAÇÃO E EXTINÇÃO DAS RELAÇÕES JURÍDICAS

 AQUISIÇÃO DE DIREITOS – consiste na ligação de um direito a uma pessoa, pessoa


esta que se torna titular desse direito. A Aquisição diverge da Constituição de
Direitos, esta consiste na criação de um direito, sendo que implica sempre uma
aquisição, dado que não existem direitos sem sujeitos, contudo esta aquisição pode
ou não ser feita no momento em que surge esse direito.

 AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA – quando o direito adquirido não depende da existência ou


extensão do direito anterior, assim, diz-se originária quando o direito atribuído ao
titular não possui qualquer vínculo com um anterior titular, quer seja por se
tratar de um novo direito, quer por ser um direito abandonado (art. 1287º e
1318º).
 AQUISIÇÃO DERIVADA – quando o direito adquirido se funda ou adopta na existência
de um direito na titularidade de outra pessoa, a existência anterior desse direito
e a sua extinção ou limitação é que gerem a aquisição de um novo titular
(aquisição de um direito de propriedade através de um contrato).
 Aquisição Derivada Constitutiva – o direito adquirido associa-se a um
direito do anterior titular, aqui o direito adquirido baseia-se no mesmo que
pertencia ao titular anterior (constituição de uma servidão por o
proprietário de um prédio a favor de outrem, art. 1060º e seguintes).
 Aquisição Derivada Translativa – o direito adquirido é o mesmo que
pertencia ao direito do anterior titular, assim o direito passa de um titular
para outro titular (aquisição do domínio de um prédio por compra, doação
ou sucessão, art. 424º e seguintes).
 Aquisição Derivada Restitutiva – gera-se a hipótese de o titular de um
direito real limitado se demitir dele, unilateral ou contratualmente,
recuperando ipso facto o proprietário a plenitude dos seus poderes.

 Aquisição Derivada – só transporta direitos.
 Sucessão – transporta direitos e obrigações.

 DISTINÇÃO ENTRE AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA E DERIVADA


Na aquisição originária a extensão do direito adquirido depende apenas do facto
aquisitivo; já, na aquisição derivada a extensão do direito do adquirente depende do
conteúdo facto aquisitivo, mas depende ainda da amplitude do direito transmitente,
não podendo em regra se for maior que esse direito (princípio em que ninguém pode

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transmitir a outrem mais do que aquilo que possui ou mais dos direitos que tem) 
Princípio Nemo Plus Iuris, este princípio suporta três excepções:

 REGISTO – relativamente a determinados bens existe a necessidade de registo,


porém não é um acto obrigatório, bem como não se trata de um meio de
aquisição dos direitos mas sim um requisito de eficácia do acto em relação a
terceiros. Assim sendo, quem regista primeiro adquire, sendo que a falta de
registo tem como consequência a ineficácia do acto.
 Terceiros para efeitos de registo – pessoas que do mesmo autor ou
transmitente adquirem direitos incompatíveis sobre o mesmo bem
(exemplo 1: Se A vender um automóvel a B e depois a C, B e C são
terceiros entre si e prevalece a compra a C, se for primeiramente
registado, embora A já não fosse o verdadeiro proprietário, pois a sua
venda a B é válida e eficaz, assim C não pode adquirir um direito visto que
este já não existia na titularidade do transmitente A; exemplo 2: A vende a
B e posteriormente a C, nem B nem C registam, face ao art. 879º alínea a)
a propriedade pertence a B, C não terá qualquer direito sobre a coisa
transaccionada).
 A eficácia é independente de boa ou má fé de quem regista, os
direito não inscritos no registo devem ser tratados como direitos
clandestinos que não produzem quaisquer efeitos sobre terceiros.
 O registo tem duas funções: a função positiva, na qual todos os
actos registados se consideram conhecidos, e a função negativa,
na qual onde os actos não registados são actos não conhecidos.
 O registo transporta três espécies de efeitos: efeito imediato ou
automático, efeito lateral e efeito essencial ou central.

 DA INOPONIBILIDADE DA SIMULAÇÃO A TERCEIROS DE BOA FÉ – consiste sobretudo num


meio de protecção de terceiros de boa fé em particular.
 Art. 243º – os negócios simulados são nulos, aquele que adquire a
propriedade por acto simulado e que depois a vende, por acto verdadeiro a
um terceiro e este ignorar a simulação, o terceiro adquire validamente esse
bem.

 DA INOPONIBILIDADE DAS NULIDADES E ANULABILIDADES A TERCEIROS DE BOA FÉ – consiste


sobretudo num meio de protecção de terceiros de boa fé em geral.

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 Art. 291º – estabelece um regime de inoponibilidade a terceiros de boa


fé, adquirentes a título oneroso, das nulidades e anulações de negócios
sujeitos a registo, desde que a acção de declaração não seja proposta e
registada dentro dos três anos posteriores à conclusão do negócio. Sendo
considerado terceiros de boa fé aqueles adquirentes que, no momento da
aquisição, desconhecia, sem culpa, o vício do negócio nulo ou anulável.

 MODIFICAÇÃO DE DIREITOS – tem lugar, quando alterado ou mudado um


elemento de um direito, permanece a identidade do referido direito, apesar da
vicissitude ocorrida, ou seja, o direito em questão é tratado pelo ordenamento
jurídico como se não tivesse sido alterado.
 MODIFICAÇÃO SUBJECTIVA – substituição do respectivo titular, permanecendo a
identidade objectiva do direito (art. 577º e 589º).
 MODIFICAÇÃO OBJECTIVA – muda-se o conteúdo ou o objecto do direito,
permanecendo este idêntico. (mudança de conteúdo – concessão pelo credor ao
devedor de uma prorrogação do prazo para o cumprimento; mudança de objecto
– não cumprindo o devedor culposamente a obrigação, o seu dever de prestar é
substituído por um dever de indemnizar).

 EXTINÇÃO DE DIREITOS – tem lugar, quando o direito deixa de existir na esfera


jurídica de uma pessoa.
 EXTINÇÃO SUBJECTIVA – quando o direito muda de titular, mas subsiste na esfera
jurídica.
 EXTINÇÃO OBJECTIVA – quando o direito desaparece, não existe no seu titular nem
para outra pessoa.

 PRESCRIÇÃO E CADUCIDADE – se o titular de um direito o não exercer durante
certo tempo fixado na lei, extingue-se esse direito.
 Art. 298º nº2 – quando um direito deve ser exercido durante um certo prazo,
aplicam-se as regras da caducidade, salvo se a lei se referir expressamente à
prescrição.

Prescrição Caducidade
 Admitem-se estipulações convencionais
 Regime inderrogável (art. 300°)
(art. 330°)
 Tem de ser invocada, não  Apreciada oficiosamente pelo tribunal
podendo o tribunal supri-la de ofício (art. 333°)

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(art. 303°)
 Suspende-se e interrompe-se nos  Não comporta causas de suspensão nem
casos previstos na lei (arts.318°e ss
e 323°e ss) de interrupção (art. 328°)
 Interrompe-se pela citação ou  Só é impedida pela prática do acto
notificação judicial (art. 323°) (art.331°)

NEGÓCIOS JURÍDICOS

 NEGÓCIOS JURÍDICOS – são actos jurídicos constituídos por uma ou mais


declarações de vontade, dirigidas à realização de certos efeitos práticos, com
intenção de os alcançar sob tutela do direito, determinando o ordenamento jurídico a
produção dos efeitos jurídicos conformes à intenção manifestada pelo declarante ou
declarantes. Manifesta-se como um meio de auto-ordenação das relações jurídicas
de cada sujeito.

 EFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO – três teorias:


 TEORIA DOS EFEITOS JURÍDICOS – os efeitos jurídicos produzidos, tais como a lei os
determina, são perfeitamente correspondentes ao conteúdo da vontade das
partes.
 TEORIA DOS EFEITOS PRÁTICOS – para esta teoria as partes manifestam apenas uma
vontade de efeitos práticos ou empíricos, normalmente económicos, sem
carácter ilícito; a estes efeitos práticos ou empíricos manifestados, faria a lei
corresponder os efeitos jurídicos concordantes.
 TEORIA DOS EFEITOS PRÁTICO-JURÍDICOS – os autores dos negócios jurídicos visam
certos resultados práticos ou materiais e querem realizá-los por via jurídica. A
vontade dirigida a efeitos práticos não é única nem decisiva, decisivo para existir
negócio jurídico é a vontade de os efeitos práticos queridos, serem juridicamente
vinculativos.

CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

 NEGÓCIOS UNILATERAIS E BILATERAIS


 NEGÓCIOS UNILATERAIS – há uma só declaração de vontade, ou várias, mas
paralelas, formando um só grupo (testamento).

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 NEGÓCIOS BILATERAIS ou Contratos – há duas ou mais declarações de vontade, de


conteúdo oposto, mas convergente na sua comum pretensão de produzir
resultado jurídico unitário (contrato compra e venda).
 A eficácia do negócio não carece do consentimento de outrem;
 Vigora o Princípio da Tipicidade (art. 457°)

 Negócios Unilaterais Receptícios – a declaração só é eficaz
quando for dirigida e levada ao conhecimento de certa pessoa (art.
268º, 448º, 458º, 1170º).
 Negócios Unilaterais não Receptícios – basta a emissão da
declaração, sem necessidade de comunicá-la (art. 302º, 459º,
2179º).

 NEGÓCIOS BILATERAIS OU CONTRATOS
 Cada uma das declarações (proposta e aceitação) é emitida em vista do
acordo;
 A proposta do contrato é irrevogável após chegar ao conhecimento do
destinatário (art. 230°);
 O momento da perfeição nos contratos entre ausente está assente na
Doutrina da Recepção, ou seja, o contrato está perfeito quando a resposta
contendo a aceitação chega à esfera de acção do proponente (art. 224º).

 CONTRATOS BILATERAIS E CONTRATOS UNILATERAIS


 Contratos Unilaterais – geram obrigações apenas para uma das partes
(doação).
 Contratos Bilaterais – geram obrigações para ambas as partes,
obrigações essas que estão ligadas entre si por um nexo de causalidade e
correspectividade (compra e venda).

 NEGÓCIOS ENTRE VIVOS E NEGÓCIOS "MORTIS CAUSA"


 NEGÓCIOS "INTER VIVOS" – destinam-se a produzir efeitos jurídicos em vida das
partes.
 NEGÓCIOS "MORTIS CAUSA" – destinam-se a só produzir efeitos, depois da morte da
respectiva parte ou de alguma delas.

 NEGÓCIOS FORMAIS E NEGÓCIOS CONSENSUAIS

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 NEGÓCIOS FORMAIS OU SOLENES – aqueles para os quais a lei prescreve a


necessidade da observância de determinada forma.
 NEGÓCIOS CONSENSUAIS OU NÃO SOLENES – são os que podem ser celebrados por
quaisquer meios declarativos, aptos a exteriorizar a vontade negocial.

 Art. 219º – Princípio da Liberdade Declarativa ou Liberdade de Forma ou
Consensualidade

 NEGÓCIOS REAIS – negócios em que se exige, além das declarações de vontade


das partes, formalizadas ou não, a prática anterior ou simultânea de um certo acto
material (art. 1185°, 1129°).

 Art. 408º – estabelece um princípio fundamental nos contratos com
efeitos reais.

 NEGÓCIOS OBRIGACIONAIS, FAMILIARES E SUCESSÓRIOS


Esta distinção resulta do critério da relação jurídica constituída, modificada ou extinta
pelo negócio. A importância desta classificação resulta da diversa extensão que o
princípio da liberdade contratual reveste em cada uma das categorias do Princípio da
Liberdade Contratual – art. 405º.
 NEGÓCIOS SUCESSÓRIOS – o princípio da liberdade contratual sofre importantes
restrições, resultantes de algumas normas imperativas do direito das sucessões
(testamento, pactos sucessórios, renúncia à herança).
 NEGÓCIOS FAMILIARES PESSOAIS – a liberdade contratual está praticamente excluída
(casamento, perfilhação, adopção).
 NEGÓCIOS OBRIGACIONAIS – quanto aos contratos, vigora o princípio da liberdade
negocial quase sem limites; quanto aos negócios unilaterais, vigora o princípio
da tipicidade (art.457°).

 NEGÓCIOS PESSOAIS E NEGÓCIOS PATRIMONIAIS


 NEGÓCIOS PESSOAIS – negócios cuja disciplina, quanto a problemas como o a da
interpretação do negócio jurídico e o da falta de vícios de vontade, atendem
apenas à vontade real, psicológica do declarante, sem atender às expectativas
dos declaratórios e aos interesses gerais da contratação (casamento,
perfilhação, legitimação, adopção).

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 NEGÓCIOS PATRIMONIAIS – por exigência de tutela da confiança do declaratório e dos


interesses do tráfico, a vontade manifestada ou declarada, triunfa sobre a
vontade real assim se reconhecendo “o valor social da aparência”.

 NEGÓCIOS ONEROSOS E NEGÓCIOS GRATUITOS


A distinção entre estes faz-se através do critério do conteúdo e finalidade do negócio,
e ganha importância prática em matéria de impugnação pauliana (art. 612°) e
protecção do terceiro adquirente de boa fé (art. 291° nº1).
 NEGÓCIOS ONEROSOS – os negócios onerosos pressupõem atribuições patrimoniais
de ambas as partes, ligadas por nexo ou relação de correspectividade
(arrendamento, aluguer, compra e venda, empreitada).
 NEGÓCIOS GRATUITOS – caracterizam-se pela intervenção de uma intenção liberal,
assim, uma parte tem a intenção, devidamente manifestada, de efectuar uma
atribuição patrimonial a favor do outro, sem contrapartida ou correspectivo
(doações, depósitos).

 Contratos Unilaterais Onerosos – nestes a correspectividade
estabelece-se entre uma prestação contemporânea da formação do
negócio, a entrega de uma soma em dinheiro para ser utilizada, e uma
obrigação, a de restituir o capital e pagar os juros (mútuo oneroso -
art.1145°).

 CONTRATOS COMUTATIVOS E CONTRATOS ALEATÓRIOS


 CONTRATOS COMUTATIVOS – as atribuições patrimoniais são certas.
 CONTRATOS ALEATÓRIOS – as partes submetem-se à possibilidade de perder ou
ganhar (art. 881º).

 NEGÓCIOS PARCIÁRIOS – caracterizam-se pelo facto de uma pessoa prometer


certa prestação em troca de uma qualquer participação nos proventos que a
contraparte obtenha por força daquela prestação (art. 1121°).

 NEGÓCIOS DE MERA ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS DE DISPOSIÇÃO


 ACTOS DE MERA ADMINISTRAÇÃO – são os correspondentes a uma gestão comedida,
limitada e prudente, onde se afastam os actos arriscados, que podem causar
grandes lucros e consequentemente grandes quedas, assim, baseia-se numa

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actuação dirigida a manter o património e a aproveitar as suas virtualidades


normais de desenvolvimento.
 ACTOS DE DISPOSIÇÃO – são os que dizendo respeito à gestão do património
administrado, afectam a sua substância, alteram a forma ou a composição do
capital administrado, atingem a raiz dos bens.

ELEMENTOS ESSENCIAIS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

 CAPACIDADE E LEGITIMIDADE
A Capacidade e a Legitimidade traduzem-se em requisitos ou pressupostos gerais de
validade dos negócios jurídicos.
 CAPACIDADE – modo de ser ou qualidade do sujeito em si. A capacidade
negocial de gozo é susceptível de ser titular de direitos e obrigações
provenientes de negócios jurídicos, ao contrário da incapacidade negocial de
gozo. A capacidade negocial de exercício é a idoneidade para actuar
juridicamente, exercendo ou adquirindo direito, cumprindo ou assumindo
obrigações.
 LEGITIMIDADE – relação entre o sujeito e o conteúdo do acto.

DECLARAÇÃO NEGOCIAL

 DECLARAÇÃO NEGOCIAL
O comportamento que, exteriormente observado, cria a aparência de exteriorização
de um certo conteúdo de vontade negocial, sendo esta caracterizada como a
intenção de realizar certos efeitos práticos, com ânimo de que sejam juridicamente
tutelados e vinculantes.

 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS NORMAIS DA DECLARAÇÃO NEGOCIAL:


 Elemento Externo  Declaração propriamente dita –
comportamento declarativo.
 Elemento Interno  Vontade negocial – consiste no querer, na
realidade volitiva que normalmente existirá e coincidirá com o sentido
objectivo da declaração.
 Vontade de Acção – consiste na voluntariedade (consciência e
intenção) do comportamento declarativo. Pode faltar a vontade de
acção se por acto reflexo ou distraidamente sem se aperceber do

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facto, faz um gesto inadvertido considerado como uma declaração


negocial (leilão).
 Vontade de Declaração – consiste em o declarante ter consciência
e vontade que o seu comportamento declarativo tenha significado
negocial vinculativo, produza efeitos negociais no campo do direito.
Pode faltar a vontade da declaração (alguém subscreve um contrato,
julgando assinar uma carta de felicitações).
 Vontade Negocial – consiste na vontade de celebrar um negócio
jurídico de conteúdo coincidente com o significado exterior da
declaração. Pode haver um desvio na vontade negocial (é o caso de
o declarante quer comprar a quinta do Mosteiro e declara querer
comprar a Quinta da Capela)

 DECLARAÇÃO NEGOCIAL EXPRESSA E DECLARAÇÃO NEGOCIAL TÁCITA


O critério da distinção entre declaração tácita e declaração expressa consagrada pela
lei (art. 217°).
 DECLARAÇÃO NEGOCIAL EXPRESSA – quando é feita por palavras, escrito ou qualquer
outro meio directo de manifestação da vontade (art. 731º, 957º, 1737º).
 DECLARAÇÃO NEGOCIAL TÁCITA – quando do seu conteúdo directo se infere um outro,
ou seja, quando se deduz de factos que, com toda a probabilidade, a revelam
(art. 217º, 302º, 2056º).

 O VALOR DO SILÊNCIO COMO VALOR DECLARATIVO  art.218° – o silêncio


vale como declaração negocial, quando esse valor lhe seja atribuído por lei, uso ou
convenção.

 DECLARAÇÃO NEGOCIAL PRESUMIDA E DECLARAÇÃO NEGOCIAL FICTA


 DECLARAÇÃO NEGOCIAL PRESUMIDA – tem lugar quando a lei liga a determinado
comportamento, o significado de exprimir uma vontade negocial, em certo
sentido, podendo elidir-se tal presunção mediante prova em contrário 
presunção "juris tantum" (art. 926º, 2187º nº2, 2225º, 2315° nº1, 2316º nº 3).
 DECLARAÇÃO NEGOCIAL FICTA – tem lugar sempre que a um comportamento seja
atribuído um significado legal tipicizado, sem admissão de prova em contrário 
presunção "juris et de jure" (art. 484º nº1, 923º nº2; 1054º)

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 O regime-regra é o de as presunções legais poderem ser elididas,


mediante prova em contrário, só deixando de ser assim quando a lei o
proibir (art. 350º nº 2).

 PROTESTO E RESERVA
 PROTESTO – contradeclaração, do autor dum certo comportamento declarativo,
que visa impedir que lhe seja imputado, por interpretação, um certo sentido que
não corresponde ao seu intuito.
 RESERVA – o protesto, quando consiste na declaração de que um certo
comportamento não significa renúncia a um direito próprio, ou reconhecimento
de um direito alheio.

 FORMA DA DECLARAÇÃO NEGOCIAL


 VANTAGENS:
 Assegura uma mais elevada dose de reflexão das partes.
 Separa os termos definitivos do negócio da fase pré-contratual
(negociação).
 Permite uma formulação mais precisa e completa da vontade das partes.
 Proporciona um mais elevado grau de certeza e segurança sobre a
celebração do negócio.
 Possibilita uma certa publicidade do acto.

 DESVANTAGENS:
 Redução da fluência e celeridade do comércio jurídico.
 Eventuais injustiças, derivadas de uma desvinculação posterior de uma
parte do negócio, com fundamento em nulidade por vício de forma.

 Decorrente das vantagens e desvantagens o art. 219º consagra o
Princípio da Liberdade de Forma ou da Consensualidade.
 O formalismo exigível por um certo negócio pode ser imposto pela lei
 Forma Legal, ou pode resultar de uma estipulação ou negócio
jurídico das partes  Forma Convencional (art. 223º).
 Quando a forma não é observada a consequência é a nulidade (art.
230º).

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 O art. 221º reconhece a validade de estipulações verbais acessórias


anteriores ao documento legalmente exigido para a declaração
negocial, ou contemporâneas dele, desde que se verifiquem as
seguintes condições: que se trate de cláusulas acessórias; que não
sejam abrangidas pela razão de ser da exigência do documento; e,
que se prove que correspondem à vontade das partes.
 Coordenando o art. 221º com o 394º resulta que as estipulações
adicionais não formalizadas, anteriores ou contemporâneas do
documento, não abrangidas pela razão determinante da forma, só
produzirão efeitos, se tiver lugar a confissão ou se forem provadas
por documento, embora menos solene do que o exigido para o
negócio.

 CONSEQUÊNCIAS DA INOBSERVÂNCIA DA FORMA


 FORMALIDADES "AD SUBSTANCIAM" – insubstituíveis por outro género de prova,
gerando a sua falta a nulidade do negócio jurídico (art.364º nº1).
 FORMALIDADES "AD PROBATIONEM" – a sua falta pode ser suprida por outros
meios de prova (art. 364º nº2).

O Código Civil sanciona com a nulidade a inobservância da forma legal, excepto em
casos particulares, onde a lei determine outra consequência (art. 220°)

 PERFEIÇÃO DA DECLARAÇÃO NEGOCIAL


 Art. 224º – a declaração negocial com um destinatário torna-se eficaz logo que
chega ao seu poder ou é dele conhecida, já, as declarações não receptivas
tornam-se eficazes logo que a vontade do declarante se manifesta na forma
adequada.
 Negócio Bilaterais – segue-se pela doutrina da recepção, ou seja, o
negócio está perfeito quando a resposta, contendo a aceitação, chega à
esfera de acção do proponente.
 Proposta contratual – depois de recebida pelo destinatário ou dele ser
conhecida, é irrevogável, sendo que se mantém durante os prazos
referidos no art. 228º nº1.
 Convite para contratar – quando se dirige uma proposta a pessoas
indeterminadas, não há ainda oferta de contratar (anúncio num jornal
enviando uma lista de preços).

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 Retractação – a proposta só fica sem efeito, se o destinatário receber


uma retractação do proponente ou dela tiver conhecimento, antes de
receber a proposta ou ao mesmo tempo que esta (art. 230º nº2).
 Rejeição – uma proposta é rejeitada, se foi aceite com aditamentos,
limitações ou outras modificações.
 Responsabilidade pré-contratual – esta responsabilidade tanto vale
no caso de ruptura de negociações, como no de o contrato se concluir e vir
a ser nulo ou ineficaz (art. 227º).
 Dano da confiança – é o dano a ser ressarcido pela responsabilidade
pré-contratual, resultante de lesão do interesse contratual negativo.

INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO
INTEGRAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

 INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS


Actividade dirigida a fixar o sentido e alcance decisivo dos negócios, segundo as
respectivas declarações integradoras.
 Art. 236º e seguintes – Teoria da Interpretação dos Negócios ou
Hermenêutica Negocial deu lugar a concepções distintas:
 Posições Subjectivistas (interpretação psicológica) – o intérprete deve
buscar através de todos os meios adequados, a vontade real do declarante.
O negócio valerá com o sentido subjectivo, isto é, como foi querido pelo
autor da declaração.
 Posições Objectivistas (interpretação normativa) – o intérprete não vai
pesquisar a vontade real do declarante, mas um sentido exteriorizado
através de certos elementos objectivos. O objecto da interpretação é a
declaração como acto significante.
 Teoria da Impressão do Destinatário (posição objectiva) – a
declaração deve valer com o sentido que um destinatário razoável,
colocado na posição concreta do real declaratório, lhe atribuiria (art.
236°).
 No caso de a interpretação nos remeter um resultado duvidoso, o
problema deve ser resolvido nos termos do artigo 237º.

 INTEGRAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS


 Art. 239º – o problema da integração coloca-se quando há uma lacuna na
declaração negocial.

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DIVERGÊNCIA ENTRE VONTADE E DECLRAÇÃO

 DIVERGÊNCIA ENTRE VONTADE E DECLARAÇÃO


Normalmente o elemento interno (vontade) e o elemento externo da declaração
negocial (declaração propriamente dita) coincidirão. Pode, contudo, verificar-se por
causas diversas, uma divergência entre esses dois elementos da declaração negocial.

 DIVERGÊNCIA INTENCIONAL – quando o declarante emite, consciente e livremente


uma declaração com um sentido objectivo diverso da sua vontade real.
 Simulação – o declarante emite uma declaração não coincidente com a
sua vontade real, por força de um conluio com o declaratório, com a
intenção de enganar terceiros (art.240º).
 Reserva mental – o declarante emite uma declaração não coincidente
com a sua vontade real, sem qualquer conluio com o declaratório, visando
precisamente enganar este (art.244º).
 Declarações não sérias – o declarante emite uma declaração não
coincidente com a sua vontade real, mas sem intuito de enganar qualquer
pessoa. O autor da declaração está convencido que o declaratório se
apercebe do carácter não sério da declaração (art.245º).

 DIVERGÊNCIA NÃO INTENCIONAL – quando o dissídio em apreço é involuntária, porque


o declarante se não apercebe da divergência ou porque é forçado
irresistivelmente a emitir uma declaração divergente do seu real intento.
 Falta de consciência da declaração – o declarante emite uma
declaração sem sequer ter consciência (vontade) de fazer uma declaração
negocial, podendo até faltar completamente a vontade de agir (art.246º).
 Coacção física ou violência absoluta – o declarante é transformado
num autómato, sendo forçado a dizer ou escrever o que não quer, não
através de uma mera ameaça mas por força do emprego de uma força
física irresistível que o instrumentaliza e leva a adoptar o comportamento
(art.246º).
 Erro-obstáculo ou na declaração – o declarante emite a declaração
divergente da vontade, sem ter consciência dessa falta de coincidência
(art.247º).

 TEORIAS QUE VISAM RESOLVER O PROBLEMA DA DIVERGÊNCIA

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TEORIA
GERAL DO DIREITO CIVIL II

 TEORIA DA VONTADE – defende a invalidade do negócio (não vale nem a vontade


real nem a declarada), desde que se verifique uma divergência entre a vontade e
a declaração e sem necessidade de mais requisitos.

 TEORIA DA CULPA “IN COTRAHENDO” – baseia-se na teoria da vontade, mas


acrescenta-lhe a obrigação de indemnizar a cargo do declarante, uma vez
anulado o negócio com fundamento na divergência, se houve dolo ou culpa deste
no dissídio entre a vontade e a declaração e houve boa fé por parte do
declaratório.

 TEORIA DA RESPONSABILIDADE – assenta na mesma ideia da teoria anterior, com a


diferenças de, em caso de dolo ou culpo do declarante, e estando de boa fé o
declaratório, o negócio ser válido.

 TEORIA DA DECLARAÇÃO – enquanto a teoria da vontade arranca da consideração de


que a essência do negócio está apenas na vontade do declarante, a teoria da
declaração, embora de modo diverso, em conformidade com as suas
modalidades, dá relevo fundamental à declaração, ou seja, ao que foi
exteriormente manifestado. Comporta diversas modalidades:
 Modalidade Primitiva e Externa – consagra-se uma adesão rígida à
expressão literal, se a forma ritual foi observada, produzem-se certos
efeitos, mesmo os que não foram queridos.
 Modalidades Modernas e Atenuadas (doutrina da confiança) – a
divergência entre a vontade real e o sentido objectivo da declaração, isto é,
o que um declaratório razoável lhe atribuíra, só produz a invalidade do
negócio se for conhecida ou cognoscível do declaratório.

SIMULAÇÃO

 SIMULAÇÃO – consagrada no art. 240º, o negócio simulado pede três requisitos:


1. Intencionalidade da divergência entre a declaração e a vontade das partes;
2. Acordo entre declarante e declaratório;
3. Intuito de enganar terceiros.

 MODALIDADES DE SIMULAÇÃO
 Simulação Inocente – se houve o mero intuito de enganar terceiros,
sem os prejudicar

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TEORIA
GERAL DO DIREITO CIVIL II

 Simulação Fraudulenta – se houve o intuito de prejudicar terceiros


ilicitamente ou de contornar qualquer norma da lei (art. 241º nº1).
 Simulação Absoluta – as partes fingem celebrar um negócio jurídico e
na realidade não querem nenhum negócio jurídico.
 Simulação Relativa – as partes fingem celebrar um certo negócio
jurídico e na realidade querem um outro negócio jurídico de tipo ou
conteúdo diverso.
 Art. 241º nº2 – enquanto o negócio simulado é nulo, e na simulação
absoluta se não põe mais nenhum problema, na simulação relativa
surge o problema do tratamento a dar ao negócio dissimulado ou
real que fica a descoberto com a nulidade do negócio simulado.

 EFEITOS DA SIMULAÇÃO ABSOLUTA


 A simulação importa a nulidade do negócio simulado (art. 240º nº2).
 Qualquer interessado pode invocar a nulidade e o Tribunal declará-la
oficiosamente (art. 242º e 286º).
 A simulação pode ser deduzida tanto por via de acção como por via de
excepção (art. 287º nº2).
 A invalidade dos negócios simulados pode ser arguida a todo o tempo
(art. 286º).
 EFEITOS E MODALIDADES DA SIMULAÇÃO RELATIVA
 Tal como a simulação absoluta, o negócio fictício ou simulado está ferido
de nulidade. No negócio real ou dissimulado, será objecto do tratamento
jurídico que lhe caberia se tivesse sido concluído sem dissimulação (art.
241º).
 A simulação relativa manifesta-se em, espécies diversas consoante o
elemento do negócio dissimulado a que se refere (simulação subjectiva ou
sobre os sujeitos e simulação objectiva ou sobre o conteúdo). Podem ser,
desde logo, simulados os sujeitos do negócio jurídico, o que se verifica com
a chamada interposição fictícia de pessoas. Como também, a simulação
pode consistir não na intervenção de um sujeito aparente, mas na
supressão de um sujeito real.
 A simulação objectiva ou sobre o conteúdo do negócio pode ser:
 Simulação sobre a natureza do objecto – se o negócio ostensivo
ou simulado resulta de uma alteração do tipo negocial corresponde
ao negócio dissimulado.

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TEORIA
GERAL DO DIREITO CIVIL II

 Simulação de valor – incide sobre o “quantum” de prestações


estipuladas entre as partes.

 RESTRIÇÕES À ARGUIÇÃO DA SIMULAÇÃO PELOS PRÓPRIOS SIMULADORES

 Art. 242º nº1 – dá legitimidade aos próprios simuladores, mesmo na


simulação fraudulenta.
 A prova da simulação pelos simuladores é restringida à prova documental
e à confissão, não é admissível a prova por presunção (art. 351º).

 ARGUIÇÃO DA SIMULAÇÃO POR TERCEIROS INTERESSADOS NA NULIDADE DOS NEG.SIMULADOS

 Art. 242º nº2 – após a morte do autor da sucessão qualquer herdeiro


podem arguir a nulidade dos actos simulados.
 Bem como, os herdeiros forçosos podem agir em vida do autor da
sucessão contra os negócios simulados feitos por ele com a intenção de os
prejudicar.

 ARGUIÇÃO DA SIMULAÇÃO CONTRA TERCEIROS INTERESSADOS NA VALIDADE DOS NEG.JURIDICOS

 Art. 243º – consagra a regra da Inoponibilidade de simulação a terceiros


de boa fé, ou seja, a inoponibilidade é inoponível a quaisquer terceiros de
boa fé, quer derivem os seu direitos de um acto oneroso ou gratuito (A
vende a B por negócio simulado, B doa a C, e C desconhece a simulação. A
arguiu a simulação e o negócio é nulo. Invocando o artigo 243º, C está
protegido pela boa fé.).

 PROVA DE SIMULAÇÃO

 A prova do acordo simulatório e do negócio dissimulado por terceiros é


livre, podendo ser feita por qualquer dos meios admitidos por lei (confissão,
documentos, testemunhas, presunções) dado que lei não estabelece
qualquer restrição.
 Quanto à prova da simulação pelos princípios simuladores, a lei
estabelece, quando o negócio simulado conste de documento autêntico ou
particular, a importante restrição constante do art. 394º nº2.

 RESERVA MENTAL – consagrada no art. 241º

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GERAL DO DIREITO CIVIL II

 241º nº1 – define-a em dois pontos: a emissão de uma declaração contrária à


vontade real e o intuito de enganar o declaratário.
 241º nº2 – estatui a irrelevância da reserva mental, excepto se for conhecida
do declaratário. Por consequência, a declaração negocial emitida pelo
declarante, com a reserva, ocultada ao declaratário, de não querer o que
declara, não é, em princípio nula, o negocio é valido. Deixará, todavia de ser
assim, sendo o negócio nulo, como na simulação, se o declaratário teve
conhecimento da reserva.

 DECLARAÇÕES NÃO SÉRIAS – consagrada no art. 245º


 245º nº1 – resulta uma nota fundamental: a divergência entre a vontade e a
declaração, embora intencional, não visa enganar ninguém, pois procede-se na
expectativa de que a falta da serenidade não passe despercebida.
 245º nº2 – a declaração se for realizada em circunstâncias que induzam o
declaratário a aceitar justificadamente a sua seriedade, tem ele o direito de ser
indemnizado pelo prejuízo que sofreu.

 COACÇÃO FÍSICA OU COACÇÃO ABSOLUTA – consagrada no art. 246º


 246º – a hipótese de o declarante ser “coagido pela força física a emitir” uma
declaração (numa votação entre sentados e levantados, em que alguns são
forçados a permanecer sentados.). A coacção física ou absoluta importa a
ineficácia da declaração negocial.

 FALTA DE CONSCIÊNCIA DA DECLARAÇÃO – consagrada no art. 246º


 246º – estatui-se que o negócio não produz qualquer efeitos, mesmo que a
falta de consciência da declaração não seja conhecida ou cognoscível da
declaratário. Trata-se dum caso de nulidade. No caso de o declarante ser
culpado da falta de consciência da declaração, o declaratário tem o direito de ser
indemnizado (art. 247º).

 ERRO NA DECLARAÇÃO OU ERRO-OBSTÁCULO


 Art. 247º – no erro-obstáculo, havendo embora uma divergência inconsciente
entre a vontade e a declaração, há um comportamento declarativo do errante. O
princípio geral regulador consta neste artigo, que exige a anulação do negócio

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GERAL DO DIREITO CIVIL II

que “o declaratário conhecesse ou não devesse ignorar a essencialidade, para o


declarante, do elemento sobre que incidiu o erro”.
 Certas hipóteses merecem tratamento especial, assim:

 Se o declaratário se apercebeu do dissídio entre a vontade real e a


declarada e conheceu a vontade real (art. 236º nº2).
 Se o declaratário aceitar o negócio como o declarante queria, a
anulabilidade fundada em erro não procede (art. 248º).
 O erro de cálculo e o erro de escrita não dão lugar à anulabilidade do
negócio mas apenas à sua rectificação (art. 249º).

 ERRO TRANSMISSÃO DA DECLARAÇÃO


 Art. 250º – estabelece-se uma excepção a este regime geral e ao do artigo
247º, no art. 250º nº2, admitindo-se a anulação, sempre que o intermediário
emita intencionalmente (com dolo) uma declaração diversa da vontade do
“dominus negotti”.

VÍCIOS DA VONTADE

 VÍCIOS DA VONTADE – trata-se de perturbações do processo formativo da vontade,


operando de tal modo que esta, embora concorde com a declaração, é determinada
por motivos anómalos e valorados, pelo Direito, como ilegítimos.
 Erro-vício;
 Dolo;
 Coacção moral;
 Incapacidade acidental;
 Estado de necessidade.

 ERRO-VÍCIO – traduz-se numa representação inexacta ou na ignorância de uma


qualquer circunstância de facto ou de direito que foi determinante na decisão de
efectuar o negócio.

 MODALIDADES DO ERRO:

 Erro sobre a pessoa do declaratário – erro sobre a identidade e sobre


as qualidades.
 Erro sobre o objecto do negócio – pode incidir sobre o objecto
mediato (identidade e qualidades) ou sobre o objecto imediato (natureza
do negócio).

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GERAL DO DIREITO CIVIL II

 Erro sobre os motivos não referentes à pessoa do declaratário


nem ao objecto do negócio (art. 252º).
 CONDIÇÕES GERAIS DO ERRO-VÍCIO COMO MOTIVO DE ANULABILIDADE:

 Quanto à essencialidade, só é relevante o erro essencial, isto é, aquele


que levou o errante a concluir o negócio, em si mesmo e não apenas nos
termos em que foi concluído, e que logo produziu a anulabilidade do
negócio.
 Quanto à propriedade, trata-se de um requisito que circunscreve o campo
de aplicação autónoma do erro-vício, como motivo de invalidade. O erro só
é próprio quando incide sobre uma circunstância que não seja a verificação
de qualquer elemento legal da validade do negócio. O erro é impróprio,
quando por exemplo versar sobre requisitos legais de forma negocial.
Nestes casos não é correspondente o erro-vício (anulabilidade).
 Quanto à escusabilidade, não se formula, na subsecção relativa à falta e
aos vícios da vontade, qualquer exigência de escusabilidade do erro, pelo
que se deve reputar consagrada solução. Contudo deve entender-se, que
no erro culposo, os interesses da outra parte não obstante à anulação, não
são desprotegidos perante o art. 227º, pois o errante, admitido a invocar a
anulabilidade, incorrerá em responsabilidade pré-negocial devendo
indemnizar o chamado interesse contratual negativo.

 CONDIÇÕES ESPECIAIS DE RELEVÂNCIA DO ERRO-VÍCIO COMO MOTIVO DE ANULABILIDADE:

 Erro sobre o motivo – nestes casos inserem-se os casos em que o erro


não se refere à pessoa do declaratário nem ao objecto do negócio (art.
252º - 437º e 439º).
 Erro sobre o objecto do negócio – estão inseridos os casos do erro
sobre a identidade e sobre as qualidades (art. 251º - 247º).
 Erro sobre a pessoa do declaratário – abrange o erro sobre a
identidade e as qualidades (art. 251º).

 DOLO – tem uma dupla concepção completamente distinta, pode ser: uma sugestão
ou artifício usados com o fim de enganar o autor da declaração, bem como, a
dissimulação, pelo declaratário ou por terceiro, do erro do declarante (art. 253º).

 MODALIDADES DO DOLO:
 Dolo positivo e dolo negativo (art. 253º nº1).

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GERAL DO DIREITO CIVIL II

 Dolus bonus e dolus malus – só é relevante, como fundamento da


anulabilidade, o dolus malus (art. 253º nº2).
 Dolo inocente e dolo fraudulento – no primeiro há mero intuito
enganatório, no segundo há o intuito ou a consciência de prejudicar.
 Dolo proveniente do declaratário e dolo proveniente de terceiro –
para a relevância do dolo de terceiro, são exigidas certas condições
suplementares que devem acrescer às do dolo de declaratário e o seu
efeito é mais restrito (art. 254º nº2).
 Dolo essencial e dolo incidental – no dolo essencial o enganado
(deceptus) foi induzido pelo dolo a concluir o negócio em si mesmo e não
apenas nos termos em que foi concluído; no dolo incidental, deceptus
apenas foi influenciado, quanto aos termos do negócio, pois sempre,
contrataria, embora noutras condições.

 CONDIÇÕES DE RELEVÂNCIA DO DOLO COMO MOTIVO DE ANULAÇÃO

 O principal efeito do dolo é a anulabilidade do negócio (art. 254º nº1),


mas acresce a responsabilidade pré-negocial do autor do dolo, por ter dado
origem à invalidade, com o seu comportamento contrário às regras da boa
fé, durante os preliminares e a formação do negócio (art. 277º).
 Condições de relevância do dolo declaratório como motivo de anulação:
 Deve tratar-se de um dolus malus (art. 253º nº2);
 Deve ser essencial ou determinante;
 Existência no autor do dolo da intenção ou consciência de induzir ou
manter em erro;
 Não é necessário que o dolo seja unilateral, o bilateral ou recíproco
pode ser invocado como fundamento de anulação.

 COACÇÃO – consta do art. 255º nº1, e consiste no “receio de um mal de que o


declarante foi ilicitamente ameaçado com o fim de obter dele a declaração”.

 MODALIDADES DA COACÇÃO:
 Coacção Física (absoluta) – reduz o coagido à situação de mero
instrumento ou autómato, tem como consequência a inexistência do
negócio.
 Coacção Moral (relativa) – reduz a liberdade do coagido mas não a
elimina, sendo o coagido ameaçado de um mal se não emitir a declaração,
tem como consequência a anulabilidade.

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GERAL DO DIREITO CIVIL II

 Coacção Principal e Coacção Incidental


 Coacção dirigida à pessoa, honra ou fazenda do declarante ou de
terceiro (art. 255º nº2)
 Coacção exercida pelo declaratário e coacção exercida por
terceiro (art. 256º)

 A coacção moral origina a anulabilidade do negócio (art. 256º) e dá
lugar igualmente á responsabilidade pré-negocial do coactor (art.
227º).
 A coacção exercida pelo outro contraente só produzirá a
anulabilidade, quando se apresentem os seguintes requisitos: que se
trate de uma coacção essencial ou principal, a intenção de extorquir
a declaração e a ilicitude da ameaça.
 A coacção exercida por terceiros provoca a anulabilidade do
negócio e põe a cargo do coactor a obrigação de indemnizar o
declarante e o declaratário.
 A coacção moral e simples temor reverencial está consagrada
no art. 255º nº3.

 ESTADO DE NECESSIDADE – situação de receio ou temor gerada por um grave


perigo que determinará o necessitado a celebrar um negócio para superar o perigo
em que se encontra. A anulabilidade, prescrita no art. 282º, pode, a requerimento do
necessitado ou na parte contrária, ser substituída (art. 283º) pela modificação do
negócio, segundo juízos de equidade (redutibilidade).

 INCAPACIDADE ACIDENTAL – a hipótese está prevista no art. 257º, onde se


prescreve a anulabilidade, desde que se verifique o requisito (além da incapacidade
acidental) destinado à tutela da confiança do declaratário a notoriedade ou o
conhecimento da perturbação psíquica.

ELEMENTOS ACIDENTAIS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

 CONDIÇÃO – está consagrada no art. 270º


 CONDIÇÃO SUSPENSIVA – subordinação pelas partes a um acontecimento futuro e
incerto ou da produção dos efeitos do negócio jurídico.
 CONDIÇÃO RESOLUTIVA – resolução dos mesmos efeitos.

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GERAL DO DIREITO CIVIL II

 TERMO – está consagrado no art. 278º e consiste numa cláusula acessória típica
pela qual a existência ou a exercitibilidade dos efeitos de um negócio são postas na
dependência de um acontecimento futuro mas certo.
 TERMO SUSPENSIVO OU INICIAL – os efeitos só começam ou se tornam exercitáveis a
partir de certo momento.
 TERMO RESOLUTIVO OU FINAL – os efeitos começam desde logo, mas cessam a partir
de certo momento.

 MODO, ENCARGO OU CLÁUSULA MODAL – cláusula típica, pela qual, nas doações
e liberalidades testamentárias, o disponente impõe ao beneficiário da liberdade de
encargo, isto é, obrigação de adoptar um certo comportamento no interesse do
disponente, de terceiros ou do próprio beneficiário (art. 963º e 2244º).

 CLÁUSULA PENAL – estipulação em que as partes convencionais antecipadamente


uma determinada prestação, normalmente uma quantia em dinheiro, que o devedor
terá de satisfazer ao credor em caso de não cumprimento, ou de não cumprimento
perfeito da obrigação (art. 810º).

 CLÁSULAS LIMITADAS E DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL


 CLÁUSULAS LIMITATIVAS DE RESPONSABILIDADE – são estipulações através das quais os
contraentes, no momento da celebração do contrato, acordam em limitar, de
alguma forma, a responsabilidade do devedor pelo não cumprimento,
cumprimento defeituoso ou mora das obrigações assumidas.
 CLÁUSULA LIMITATIVA DO MONTANTE DA INDEMNIZAÇÃO – consiste num valor máximo
acordado pelos contraentes como limite que a indemnização não poderá
ultrapassar.

 PROBLEMA DA PRESSUPOSIÇÃO OU DA ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS


QUE FUNDARAM A DECISÃO DE CONTRATAR
 PRESSUPOSIÇÃO – convicção consciente ou subconsciente, da verificação no futuro
de uma dada circunstância ou estado de coisas, convicção determinante da
realização de um contrato, pois, de outro modo, não se teria celebrado o negócio
ou só teria tido lugar a sua realização noutros termos.
 O problema traduz-se em saber se a alteração das circunstâncias que fundaram
a decisão de contratar e que foram, consciente ou subconscientemente,

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GERAL DO DIREITO CIVIL II

consideradas como continuando ou vindo a verificar no futuro, deve importar


uma resolução ou modificação do negócio, ou não deve afectar os termos em
que foi realizado.
 Tendo como finalidade a estabilidade contratual, estão consagrados no art.
437º os requisitos necessários conducentes à justiça contratual. Verificados os
requisitos, a parte lesada tem o direito à resolução do contrato ou à sua
modificação segundo juízos de equidade.
 Ter em atenção a remissão do art. 252º nº2 para o 437º, havendo conflito
prevalece 796º.

INEFICÁCIA OU INVALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

 INEFICÁCIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

 INEFICÁCIA EM SENTIDO AMPLO – sempre que os negócios jurídicos desconformes com


a lei não produzam todos ou alguns efeitos jurídicos que, em condições normais,
produziriam.
 INVALIDADE JURÍDICA – verifica-se por falta ou irregularidade dos elementos
internos (essenciais ou formativos) do negócio.
 Nulidade (negócio é nulo – art. 286º) – verifica-se quando a violação
da norma ofende interesses jurídicos públicos. Não existe prazo para
ser invocada. Qualquer indivíduo pode invocar a nulidade de um
negócio, caso esteja interessado na não produção dos seus efeitos.
Pode ser denunciada até mesmo no tribunal, se no processo do
julgamento, o Juiz obter elementos que provem a sua existência.
 Anulabilidade (negócio é anulável – art. 287º) – verifica-se quando
a violação da norma ofende interesses jurídicos privados. Tem o
prazo de 1 ano para ser invocada, e passa a ser um negócio válido
para sempre. Só pode ser invocado, por as pessoas que foram
prejudicadas. O Juiz não pode intervir nem denunciar, apenas
declara-la em tribunal.

 INEFICÁCIA EM SENTIDO ESTRITO – depende de alguma circunstância extrínseca que,


conjuntamente com o negócio, integra a situação complexa produtiva de efeitos
jurídicos.

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GERAL DO DIREITO CIVIL II

 Ineficácia Absoluta – negócio que é celebrado sob uma condição


suspensiva, mas essa condição não se verifica, actua automaticamente,
podendo ser invocada por qualquer interessado (art. 274º).
 Ineficácia Relativa – quando os efeitos produzem-se relativamente a
uns e não a outros, podendo ser apenas invocado por essas pessoas (art.
286º nº1).

 INEXISTÊNCIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS – figura mais grave de todas, pois se


esta existir, para o Direito, o negócio não existe nem existiu, o Direito não o
reconhece, assim sendo não se verifica o corpus do negócio ou mesmo existindo
essa aparência, a realidade não corresponde a tal noção (casamento do mesmo sexo
– art.1630º).

 INVALIDADE E OUTRAS FORMAS DE CESSAÇÃO DOS EFEITOS NEGOCIAIS

 RESOLUÇÃO – forma de cessar um negócio, quando existir um fundamento legal.


Esta resolução pode ser motivada por o incumprimento do negócio (art. 801º) ou
por circunstâncias básicas do equilíbrio contratual (art. 437º), sendo assim
denominada por resolução com fundamento na lei.
 Podendo ser, por outro lado, denominada por resolução com fundamento
em convenção das partes.
 Em relação aos efeitos (art. 433º e seguintes) a resolução equipara-se à
nulidade e anulabilidade do negócio.
 Contudo, a resolução: pode fazer-se mediante declaração à outra parte;
tem efeito retroactivo entre as partes; nunca prejudica direitos adquiridos
por terceiros (art. 435º); opera extra-judicialmente; e, para operar tem de
ser declarada (art.436º).
 REVOGAÇÃO – em certos casos a lei autoriza um dos sujeitos do negócio a revogá-
lo. A revogação tem a consequência de extinguir os efeitos do negócio para o
futuro, portanto não actua retroactivamente.

 CADUCIDADE – transporta uma causa objectiva, actua automaticamente ou de


pleno direito ipso jure, sendo que não possui carácter retroactivo.

 DENÚNCIA – faculdade existente na titularidade de um contratante de, mediante


mera declaração, fazer cessar uma relação contratual ou obrigacional em sentido
amplo, a que está vinculado, emergente de um contrato bilateral ou plurilateral.

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GERAL DO DIREITO CIVIL II

 Se desta não se exigir como pressuposto ou requisito da denúncia uma


justa causa, um motivo particular, a denúncia diz-se ad nutum ou ad
libitum.
 Nos contratos de longa duração ou de tempo indeterminado, a existência
de uma denúncia sem necessária uma específica causa justificativa.
 A denúncia é uma forma de cessação discricionária, que carece de
comunicação.
 Traduz-se numa figura que não tem de estar fundamentada, sendo que
não transporta nenhum regime jurídico, pois é uma construção doutrinária.
 Esta surge, essencialmente, associada aos contratos que estabelecem
relações entre contratos duradouros.
 Princípio da Negação das Vinculações Perpétuas – a denúncia é um
mecanismo que a lei confere ao sujeito de pôr fim ao contrato, tendo que
ser realizada com um aviso prévio.

 O PROBLEMA DA REDUÇÃO DOS NÉGOCIOS JURÍDICOS


O problema da redução surge quanto à anulabilidade ou nulidade parciais. O art. 292º
determina a redução dos negócios parcialmente nulos ou anuláveis. Sendo que a
invalidade total só poderá ser provada se o negócio não tiver sido concluído com a
parte viciada. A redução deve ser efectuada mesmo que a vontade hipotética seja no
sentido da invalidade total.

 O PROBLEMA DA CONVERSÃO DOS NÉGOCIOS JURÍDICOS


O problema da conversão surge quando se pretende saber se um negócio que é
declarado nulo ou anulado, deixará de produzir quaisquer efeitos ou se, a partir de
determinados requisitos não poderá reconstituir-se, com base no negócio inválido, um
outro negócio que se aproxime do mesmo objectivo final, embora mais precário,
pretendido por ambas a parte na celebração do negócio totalmente inválido. Para esta
conversão ser possível, exige-se os seguintes requisitos: o negócio inválido tem de
conter os requisitos essenciais de forma e substância, necessários para a validade do
negócio sucedâneo; a vontade da conversão tem de partir da vontade hipotética de
ambas as partes; e, esta vontade hipotética deve deduzir-se da concordante
finalidade jurídico-económica de ambas as partes (art. 293º).

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