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Disciplina: Tópicos de Epistemologia

§111 – princípio da percepção, momentos do perceber, determinação do essencial na relação do perceber.


§112-115 – constituição do objeto como coisa.
§ 116 – Experiência na consciência no apreender/perceber

Fenomenologia do espírito – A Percepção; ou a coisa e a ilusão (§ 111-121)

§ 111 – Apresenta o princípio que emerge da crítica da Certeza sensível. Se, por um lado, a certeza sensível é
incapaz de realizar o seu conceito (pois ela pretende ser uma relação imediata entre sujeito e objeto que acaba se
revelando como uma relação já mediatizada que opera através de universais) por outro, a Percepção parte deste
resultado: toma como universal o que para ela é o essente (Seiende) e, por isso, seus momentos (o Eu e o objeto)
são, também, universais.

O apreender da percepção será dito “necessário”, em contraposição com o apreender aparente da certeza
sensível,

“Para nós – ou em si – o universal como princípio é a essência da percepção, e frente a essa abstração os dois
momentos diferenciados – o percebente e o percebido – são o inessencial”.

Na relação, no entanto, o que será tomado como essencial “indiferente ou ser ou não percebido” será o objeto.
Mesmo que ‘sujeito’ e o ‘objeto’ sejam ambos essenciais, essa distinção precisa ser realizada porque, no
perceber, eles se “relacionam como opostos”.

§112 – Se o objeto é o essencial desta relação “é mister determinar mais de perto esse objeto”.

Deve existir uma espécie de simetria entre o universal como princípio do objeto e a sua própria compreensão de
partida. Neste caso, se o universal (como pudemos perceber no movimento do capítulo sobre a Certeza Sensível)
é, em sua simplicidade, um mediatizado, isso deve ser exprimido no objeto como sua natureza. O objeto se
mostra, portanto, como “a coisa de muitas propriedades”.

§113 – Hegel passa a explicitar a definição do § anterior.

No perceber, o isto aparece como suprassumido, e, ao contrário do que poderíamos supor (considerando que o
princípio e os momentos da percepção são universais), o sensível ainda está presente nesta relação, mas não
como um “singular visado” senão como um “nada determinado” ou um “nada de um conteúdo”: o universal será
determinado como propriedade.

“O suprassumir apresenta sua dupla significação verdadeira que vimos no negativo: é ao mesmo tempo um negar
e um conservar. O nada, como nada disto, conserva a imediatez e é, ele próprio, sensível; porém é uma imediatez
universal”.

O universal não será pensado como um operador lógico que simplesmente subsume uma classe inteira de
objetos. Ele é apresentado como um elemento constituído de um conjunto de propriedades determinadas que
“relacionam-se consigo mesmas” e são “indiferentes” umas às outras. Ainda assim, tais propriedades não podem
ser consideradas como efetivamente constitutivas do universal porque seu tipo de relação é especial (definida
como interpenetração ou participação em função um conceito preciso)

“a universalidade simples, igual a si mesma, é de novo distinta e livre dessas determinidades: é o puro relacionar-
se-consigo ou o meio, onde são todas essas determinidades”.
Talvez um exemplo torne essa dinâmica mais clara.

“Este sal é um aqui simples, e ao mesmo tempo múltiplo; é branco e também picante, também cubiforme,
também tem peso determinado etc.”.
Interpenetração: todas as propriedades deste sal estão em um mesmo aqui, Hegel dirá “cada uma está sempre
onde a outra está” e, ainda assim, Indiferença, ou seja, não há um afetar recíproco por estarem interpenetradas:
o branco não afeta nem altera o cúbico, os dois não afetam o sabor salgado etc.
O que Hegel chama de coisidade está expresso, no exemplo do sal, através do advérbio “também”: meio
(universal abstrato / pura essência) que engloba todas essas propriedades. (O também ultrapassa o objeto e,
definido como meio, exemplo da água?)

§ 114 – [A coisa, além de um também, é uma unidade excludente, um Uno]

As propriedades não poderiam ser definidas como determinadas caso elas fossem indiferentes e relacionassem-
se apenas consigo mesmas na unidade simples de seu meio. É neste sentido que Hegel dirá:

“A diferenciação dessa unidade – enquanto não é uma unidade indiferente, mas excludente, negadora do Outro –
recai assim fora desse meio simples. Por isso, esse meio não é apenas um também, unidade indiferente, mas é,
outrossim, o Uno, unidade excludente.”

§ 115 - A constituição da coisa depende tanto de sua determinação positiva como um conjunto de propriedades
expressas pela análise do também (ou seja, no âmbito da coisidade) quanto de sua caracterização como uma
unidade excludente.
“Nesses momentos conjuntamente, a coisa está completa como o verdadeiro da percepção”.
(Ler o trecho no início da página 96 “A coisa é 1) ...”)

§ 116 – [Experiência aparente da consciência no apreender/perceber]


Aqui neste ponto, há um movimento de alternação notável. Hegel passa a considerar, a partir do que foi
conquistado pela análise crítica do objeto, qual é o papel do sujeito na relação de perceber.
Conforme fora indicado anteriormente (§ 111), o essencial na relação de perceber orienta-se para o lado da
objeto. A este respeito Hegel diz o seguinte:

“Enquanto o objeto é o verdadeiro e o universal igual a si mesmo, ao passo que a consciência para si é o mutável
e o inessencial, é possível que lhe suceda perceber incorretamente o objeto e iludir-se”.

Aqui é possível supor que o tipo de relação que o sujeito estabelece com o objeto é, em certa medida, de
adequação. Se a consciência é definida, de partida, como o inessencial e o mutável, seu critério de verdade para a
apreensão será a igualdade-consigo-mesmo que, aparentemente, refere-se explicitamente à caracterização do
objeto. É por isso que “se nesse confronto surge uma desigualdade, não é então uma inverdade do objeto – pois
ele é igual a si mesmo -, mas [inverdade] do perceber”.

§ 117 – [Experiência efetiva da consciência no apreender/perceber – a circularidade perceber/certeza sensível]

Aqui há um jogo entre uma série de tensões na experiência da consciência ao pretender apreender o objeto.
O objeto que é apreendido representa uma tensão, pois apresenta-se como uno ao passo em que há nele a
propriedade que é universal e, justamente por isso, ultrapassa a singularidade. A consciência desliza da primeira
verdade da essência do objeto como uno para a consideração que trata-se, antes de uma “comunidade em geral”.
No entanto, a propriedade, por ser determinada (oposta a Outro), conduz a consciência a tomar o objeto, não
como uma comunidade, mas como uma unidade excludente [uno]. No uno separado, encontro propriedades que
são indiferentes umas as outras e, assim, a consciência passa a considerar o objeto como um meio comum
universal “onde muitas propriedades estão como universalidade sensível, cada uma para si, excluindo as outras
enquanto determinadas.”
Mas, então, novamente, o que percebo como simples e verdade é, na verdade, a propriedade singular para si.
- Ser sensível. Volta ao visar.

(talvez seja melhor ler o parágrafo todo)

§ 118 – O que resulta da experiência da consciência sobre o perceber é a sua definição “não como um simples
apreender, mas em ser o seu apreender ao mesmo tempo refletido em si a partir do verdadeiro”.
Aqui, ainda, o objeto está sendo considerado como o essencial da relação e a experiência da consciência no
apreender efetivo a revela que a inverdade recai sobre ela mesma.

“A consciência, porém, através desse reconhecimento é capaz, ao mesmo tempo, de suprassumir essa inverdade:
distingue seu apreender do verdadeiro, da inverdade de seu perceber, corrige-o”

§ 119 – A solução da tensão existente entre a determinação verdadeira da coisa como uno e a diversidade de
propriedades a ela atribuídas recai em nós, deve ser reconhecido como nossa reflexão que altera o verdadeiro.

“De fato, essa coisa é branca só para nossos olhos, e também tem gosto salgado para nossa língua, é também
cúbica para nosso tato”.

Resulta disso que “somos o meio universal onde esses momentos se separam e são para si”.

§ 120 – [retorno do desvio e da correção da inverdade]

§ 121 –

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